quinta-feira, 22 de novembro de 2012

31 - SALVAÇÃO: O QUE É E COMO CONSEGUI-LA? (Parte 1)




Graça e paz no Senhor Jesus Cristo.
Ao conversar com um grande amigo meu, vi a necessidade de fazer este estudo. Mesmo porque, infelizmente, há muito equívoco no que se refere a isto. Vejo as pessoas pregando uma salvação muito fácil. Contudo, você já analisou o currículo de Pedro, antes do Pentecostes?
  • 1.       Ele havia deixado tudo para seguir Jesus;
  • 2.       Ele seguia Jesus por onde quer que Ele fosse;
  • 3.       Ele obedecia tudo que Jesus falava;
  • 4.       Foi discipulado diretamente pelo próprio Jesus por quase 4 anos;
  • 5.       Participou de todos os momentos da vida ministerial de Jesus;
  • 6.       Foi usado pelo Espírito Santo para expulsar demônios e curar enfermos (Lc 10.17);
  • 7.       Sabia exatamente quem Jesus era por revelação direta do próprio Pai (Mt 16.15-17).

Se você estivesse (ou está, não sei) na condição de líder na igreja, com certeza chamaria uma pessoa como esta para participar de algum ministério. No entanto, mesmo com tudo isto a favor dele, ainda assim ele não era convertido:
*     "Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos." (Mt 22.31,32).

Jesus foi mais além: disse que nenhum dos apóstolos O amava (Jo 14.28).
Assim sendo, no intuito de tentar esclarecer sobre a salvação, aproveitei a oportunidade para abordar temas que muitos consideram complexo, como a eleição e predestinação. Espero facilitar a compreensão destes assuntos tão importantes, de modo que você perceba que não é a Palavra de Vida que é difícil de entender, mas nós é que somos tardios no entendimento em virtude de, muitas vezes, não recebermos de bom grado a Palavra de Deus como os crentes de Beréia (Mt 13.15; At 17.10,11). De tão complicado que somos, tudo à nossa volta acaba parecendo ou até ficando complicado.
Que Jesus lhe abençoe,
Leonardo.

SALVAÇÃO: O QUE É E COMO CONSEGUI-LA?

Sumário                                                                                                                                            




1 – O VERDADEIRO CONCEITO DE SALVAÇÃO

1.1 – O QUE VOCÊ IMAGINA QUE SEJA A SALVAÇÃO? EM QUÊ CONSISTE A SALVAÇÃO?

Salvar significa guardar, livrar, remir.
Salvação, contudo, não consiste, de forma alguma, em isentar a pessoa de responder pelo mal que fez, mas sim a abertura do Caminho em meio às consequências do pecado, de modo que pessoa seja capaz de passar pela tribulação, sem pecar (1Co. 10.13):

·         “Jeová é tardio em irar-se, e grande em poder, e de maneira alguma terá por inocente o culpado; Jeová tem o seu caminho no turbilhão e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.” (Nm 1.3);
·         “Não vos enganeis; de Deus não se zomba. Pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará: porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” (Gl 6.7,8).

Todo mundo irá comparecer perante o tribunal de Cristo para ser julgado segundo o bem ou o mal que tiver feito (Rm 14.10; 2Co 5.10).
A salvação de Deus consiste em tê-lO continuamente nas nossas vidas, nos dando todas as condições para vencermos as consequências dos nossos pecados através do Seu poder, sem jamais abrirmos mão dos preceitos das Escrituras.
Em outras palavras, só podemos dizer que estamos salvos quando temos prazer na vontade de Deus, bem como toda a capacitação necessária para levá-la a cabo (Ef 2.12,13).
Isto acontece à medida que mantemos contato contínuo com Jesus (ver Ez 19.5,6), sentindo dentro de nós tudo que Ele é. Trata-se de orar, não de modo mecânico (como um ritual para tentar agradar a Deus), consoante aquilo que queremos que Deus ouça e nos responda, mas sim conforme aquilo que Ele quer comunicar a nós.

1.2 – DO QUE JESUS NOS SALVOU?

Do pecado.
Infelizmente, o diabo conseguiu perpetuar nas igrejas o dito de que “se alguém chegar à perfeição, Deus o leva imediatamente ao céu”.
Mentira! Jesus nos ordenou sermos perfeitos (Mt 5.48) e santos (1Pe 1.16) como o Pai e morreu na cruz justamente para que a justiça da lei se cumprisse em nós (Rm 8.3,4). Basta vivermos e andarmos no Espírito Santo (Gl 5.16,25) e Ele dará a força necessária ao nosso espírito para vencer a carne (Gl 5.17).
Quem realmente nasceu de novo não é mais escravo dos desejos da carne (Rm 6.14,22). Quem ainda peca é porque ainda não é de Jesus (Rm 8.5-9) e, portanto, não tem o Espírito Santo habitando em si (não está em Cristo – 1Jo 3.5-9; 5.18). Está ainda condenado a se afastar da luz (Jo 3.19-21) e, portanto, a ficar fora do Reino do Céu (1Co 6.9,10; Gl 5.19-21; Ef 5.3-6; Ap 21.8; 22.14,15).
Se o pecado fosse algo natural, então continuaríamos condenados a fazer e sofrer o mal (Is 33.1; 2Tm 3.13; Tt 3.3) e o pior: a deixar um rastro de morte por onde passamos (Dt 28.16,19; Pv 14.12; 16.25; Is 59.7,8; Rm 3.15-17; 6.23).
            Para ilustrar como isto funciona, quando Deus nos criou, Ele nos fez como um carro de luxo todo completo, com boas peças e com tudo funcionando. Contudo, sem freio. A ideia é que Ele nos conduzisse e cuidasse de nós. Neste caso Ele, em pessoa, seria o nosso freio.
            Infelizmente, o ser humano decidiu virar as costas pro Criador. A partir de então, dirigir com este carro se tornou um verdadeiro horror, já que, ao menor desnível, ele se desgoverna, vagando por aí atropelando a todos pelo caminho até se esborrachar e ir para o inferno.
            Quando Deus instituiu Sua aliança com Moisés, Ele deu a lei que funcionaria como freio de mão. Embora a mesma seja de grande ajuda (para conter a transgressão – Gl 3.19), no final, acabamos usando a lei contra nós mesmos (Rm 7.9-13), para destruir aquilo que Deus criou para ser bênção na nossa vida.
            Felizmente, no que Jesus deu Sua vida por nós, voltamos a ter o privilégio de sermos conduzidos diretamente por Ele.

1.3 – O QUE É PRECISO PARA ALCANÇAR A SALVAÇÃO?

Entendendo que a salvação consiste em ser liberto desse inimigo que se alojou dentro de nós (Rm 7.17,20,21) e que tanto nos odeia, a ponto de nos colocar contra tudo e todos (incluindo contra nós mesmos), logo, qual é o antídoto para este mal?

·         “Isto, portanto, digo e testifico no Senhor, que não mais andeis como também andam os gentios na vaidade de sua mente, sendo obscurecidos no seu entendimento, alienados da vida de Deus, pela ignorância que há neles por causa do endurecimento do seu coração, os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à lascívia, para praticarem com avidez toda a imundícia.   (Ef 4.17-19).

Se foi a perda do sentimento que os levou a se entregarem ao pecado, obviamente, é a recuperação do mesmo que nos libertará. Isto condiz com os versículos abaixo:

·         “O ódio excita contendas, mas o amor cobre todos os pecados.” (Pv 10.12);
·         “Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” (Mt 22.36-40);
·         “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.” (Rm 13.8-10);
·         “Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gl 5.14);
·         “Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.” (Tg 5.20);
·         “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados.” (1Pe 4.8)

Mas como recuperar o sentimento? Como ser cheio deste amor?
Há um princípio pouco conhecido na bíblia que eu chamo de “o princípio do leãozinho”:

·         “E TU levanta uma lamentação sobre os príncipes de Israel, e dize: Quem foi tua mãe? Uma leoa entre os leões a qual, deitada no meio dos leõezinhos, criou os seus filhotes. E educou um dos seus filhotes, o qual veio a ser leãozinho e aprendeu a apanhar a presa, e devorou homens, e, ouvindo falar dele as nações, foi apanhado na cova delas, e o trouxeram com cadeias à terra do Egito. Vendo, pois, ela que havia esperado muito, e que a sua expectação era perdida, tomou outro dos seus filhotes, e fez dele um leãozinho. Este, pois, andando continuamente no meio dos leões, veio a ser leãozinho, e aprendeu a apanhar a presa, e devorou homens.” (Ez 19.1-6).

Não existe escola para leões. O leãozinho aprende a ser filhote através do convívio com os leões adulto. De igual modo, em toda a história da humanidade, nunca houve escola. Antes, o conhecimento era passado de pai para filho. Agora, com a modernidade é que, infelizmente, o amor tem se esfriado do coração dos pais (conforme disse Jesus em Mt 24.12), os quais não têm mais prazer em educar diretamente os filhos. A mídia conseguiu “emburrecer” os pais, fazendo-os acreditar que não estão devidamente capacitados para ministrar aos filhos, o que lhes agradou extremamente, já que agora tinham uma desculpa para jogar seus filhos nas mãos de estranhos e, com isto, poderem correr após suas ambições mesquinhas e ter a quem culpar caso seu filho venha a se tornar um bandido.
            Entretanto, a ideia é que o pai transmitisse, não só o conhecimento que o sistema religioso chama de “secular”. Infelizmente é difícil encontrar alguém que percebe que deve servir a Deus 24 horas, inclusive em sua casa e no trabalho. Basta pensar que o anjo, ao libertar os apóstolos, ordenou que eles falassem das coisas desta vida (associa Rm 1.20 com At 5.18-20). O pai deveria transmitir, junto com a verdadeira ciência (desmascarando a falsa – 1Tm 6.20,21), a parte sentimental, intelectual e espiritual. A ideia é que os filhos dessem continuação ao ministério de Deus na vida dos pais (Dt 25.5,6), os quais, como todos, eram impedidos de continuar por causa do pecado (ver Hb 7.23), já que, se as pessoas vivessem hoje o tanto que viviam antigamente (até 969 anos – Gn 5.27), o acúmulo de conhecimento já teria tornado este mundo insuportável, como se deu na época de Noé (contraste Gn 6.11-13; com Is 47.10 e Ez 28.4,5,17).
            Se este costume tivesse permanecido, principalmente na vida daqueles que dizem crer em Jesus, os filhos seriam muito mais gratos e apegados aos pais.
            Entretanto, há uma palavra chave em Ez 19.1-6: CONTINUAMENTE. Tal como se dá com o remédio. A pessoa deve manter a dose sem parar. Do contrário, a bactéria pode se acostumar ao remédio e se tornar resistente a ele.
            De igual modo, se uma pessoa mantiver contato contínuo com outra, deixando que os pensamentos e sentimentos desta façam parte dela, ela passará a sentir algo especial por tal pessoa.

1.4 – ENTENDENDO COMO SE DÁ O PROCESSO DA SALVAÇÃO

            Uma vez que a salvação consiste em não nos revoltarmos contra Deus, a ponto de fazer o mal contra o próximo, só porque não achamos justo uma situação, aparentemente adversa, que veio a nós, logo o ingrediente principal da salvação é o amor a Deus e ao próximo (os dois mandamentos de Jesus), visto que, quem ama, cumpre automaticamente a lei (Rm 13.8; 1Jo 5.3). Afinal, quem ama não rouba, não mata, não dá testemunho falso, não deseja a mulher ou algum bem do próximo, etc.
            Entretanto, urge ressaltar que os dois mandamentos devem estar presentes. Não adianta amar a Deus, sem disposição para amar ao próximo. Isto causaria um enorme acúmulo de bênçãos e sabedoria na tua vida que acabariam por te destruir, já que isto produziria soberba no teu coração (daí Deus condenar tudo que é elevado – Is 2.12-17; Hc 3.6; Lc 16.15), como se deu com Uzias (2Cr 26.16) e o diabo (Is 14.12-14). Afinal, a soberba precede a ruína (Pv 16.18).
            Seria como represar muita água: acabaria arrebentando as comportas da represa; ou como soprar muito ar num balão: a mesmo acabaria explodindo.
            Por outro lado, não adianta tentar amar o próximo como a si mesmo sem Jesus. É como abrir uma imensa torneira sem haver água na caixa d’água. Deus é amor (1João 4.8,16). Logo, é IMPOSSÍVEL amar o próximo sem Jesus (Jo 15.5).
            A primeira coisa que precisamos é ter Jesus no coração.

1.5 – MAS COMO TER JESUS NO CORAÇÃO?

            Mantendo contato CONTÍNUO com Jesus. Lembra do princípio do leãozinho?
            Mas como manter contato com Jesus?
            Considerando que nós somos a Casa do Pai (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16), como foi que Jesus disse que todos os que Nele cressem seriam reconhecidos? Como Casa de Oração (Is 56.7; Mt 21.13), não é mesmo?
            Entretanto, não é qualquer tipo de oração que é capaz de “deter o Criador” (ver Is 64.7). A oração não pode ser vista como um ritual para se obter coisas. Antes, o nosso objetivo deve ser obter a oração.
            Sei que isto parece esquisito, já que o sistema religioso nos levou a acreditar que a oração é algo que parte do coração do homem, o que é mentira (veja Rm 8.26). Além disto, oração não é apenas aquilo que falamos com o Pai, trata-se de um momento de intimidade, onde também o Pai se comunica conosco, não somente por palavras, mas por pensamentos, sentimentos, visões, etc. É um momento de intimidade profunda, que toda Noiva “apaixonada” anseia por ter com Seu Noivo. É triste como, em quase todos os casamentos, a intimidade deixa de ser o objetivo final para ser um mero meio de obtermos aquilo que desejamos (neste caso, o noivo não é mais o desejo supremo e único da noiva – Gn 3.16).
            A ideia é descansar e esperar em Deus (Sl 37.7), e não o contrário. Temos que nos lembrar de Deus nos caminhos Dele (Is 64.5), e não nos nossos. Quando dizemos que o Espírito Santo habita em nós (1Jo 2.27), a impressão que temos é que Ele sai lá do céu só para estar conosco. Entretanto, é o contrário: Ele habita em nós porque nos levou para os lugares celestiais (Ef 1.3; 2.6) a fim de recebermos Sua virtude e poder (2Pe 1.3) após sermos “sepultados” no corpo de Cristo (1Co 12.13).
            À medida que vivemos no Espírito Santo (Gl 5.16,25), pensando e buscando a boa dádiva e o dom perfeito que vem do alto (Cl 3.1,2; Tg 1.16,17) (ou seja, ajuntando tesouros no céu – Mt 6.19,20), tudo que Deus é vai ficando impregnado na nossa alma. Ainda mais se andarmos com Ele (Gn 5.22-24; 6.9; 17.1) e Nele, tal como se faz com um amigo verdadeiro (Is 41.8; Jo 15.15; Tg 2.23).
            Para ser mais exato: temos que permanecer vendo e ouvindo o Espírito Santo operar (vivemos no Espírito Santo a fim de aprender com Ele) e andando em conformidade com tudo isto (andar no Espírito Santo é permitir que Ele torne tudo isto parte de nós).
            É preciso que fique claro que não adianta querer andar no Espírito Santo em lugar diferente ao que Ele projetou para nós. Tal oração será como a da maioria dos religiosos deste mundo: tentando convencê-lO a sair de onde está para ir ao lugar onde eles querem ficar e ser bem sucedidos (daí se cantar nas igrejas: “vem, Espírito Santo”). Por outro lado, não adianta viver no Espírito Santo aprendendo sempre, sem jamais querer conhecer Esta Verdade dentro de si (2Tm 3.7).
            É preciso nos agradarmos do Senhor (Sl 37.4) a ponto de desejarmos conhecê-lO dentro de Si (assimilarmos Seus pensamentos, sentimentos e vontade) e sermos conhecidos por Ele dentro de nós (Gl 4.9 – experimentarmos Seu poder atuando em nossa mente e coração) (ver Jo 15.4-7; 17.21-23).
            Enfim, a partir do momento que nos relacionamos com Jesus através da oração, com base na Sua vontade (Palavra – Mt 7.21-27; 1Jo 5.14), pelo único interesse de sermos amigos Dele (pelo prazer que Sua companhia, caráter e sabedoria nos dá), se apegando a toda a Sua gentileza, atenção e apreço por nós, passamos a tê-lO dentro de nós.

1.6 – E QUANTO A TER O PRÓXIMO NO CORAÇÃO? COMO CONSEGUIR ISTO?

            Embora o princípio do leãozinho se aplique também ao próximo, é preciso mais uma coisa: a presença do Espírito Santo. Sem Ele, a presença contínua de alguém na nossa “casa” (nosso coração) acabará em inimizade (Pv 25.17). Daí a quase totalidade dos casamentos acabarem em divórcio ou em rotina, onde um teme perder o outro, não porque goste dele, mas porque se acostumou a ele e tem medo de que as coisas fiquem piores do que são (aliás, este é um grave mal da sociedade atual: não está satisfeita com que tem, mas se acostuma com sua miséria, pelo medo que tem de que fique pior do que já está. Não percebe que isto não é viver, mas morrer).
            Para que você possa entender isto: de nada adianta a pessoa querer se grudar na nossa alma se não existe O Amor (o Espírito Santo) para torná-la membro nosso (Rm 12.5). A pessoa ficará grudada em nós como piercing que, com o passar do tempo, vai lançando substância tóxica no nosso organismo e dando ocasião para a proliferação de bactéria.
            Por outro lado, quando o Espírito Santo nos une uns aos outros na Sua Palavra, não existe mais a ideia de um querendo agradar o outro, nem querendo ser agradado por ele. Antes, enxergam, um no outro, o recurso de que necessitam para poderem experimentar Deus agindo ao seu redor através daquilo que Ele fez e ordenou em nós. Ou seja, uma pessoa vai se apegando a outra, não porque ela, dela mesma, tem algo de bom para oferecer, mas sim porque, o melhor de Deus para Sua (incluindo Sua verdadeira sabedoria), só pode ser manifestado em companhia de outra pessoa (1Co 2.7-9); ou, se preferir, pelo imenso ardente que há no coração da Noiva apaixonada em, mais uma vez, ver Seu Noivo amado em ação. Um mantém contato contínuo com o outro pela expectativa de enxergar a semelhança de Deus na vida do outro e na sua.
            Em outras palavras cada um se apega na presença, nos dons e na Palavra de Cristo que o Espírito Santo colocou na vida do outro até que, por fim a identidade de Cristo seja marcada na vida de ambos (Ap 14.1) e, assim, todos possam ver a semelhança de Cristo na vida de ambos e, consequentemente, o quanto os dois são semelhantes (Jo 13.34,35).
            Creio que, agora, fica fácil respondermos à seguinte pergunta:

1.7 – QUANDO ALGUÉM SE CONVERTE, PARA ONDE VOCÊ PENSA EM LEVAR ESTA PESSOA? O QUE SIGNIFICA LEVAR UMA PESSOA AS CRISTO?

Se pensarmos que nós somos o templo de Deus (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16) e que o pecado implica em rompimento de ligações, logo, levar alguém a Cristo é trazê-la para junto de nós e ligá-las, através da Palavra de Deus, a cada uma das pessoas que estão no nosso coração.
Tanto é assim que o ministério que Jesus nos deu é o ministério da reconciliação (2Co 5.18-20). Sem contar que o Espírito Santo nos foi dado para que sejamos sepultados em um corpo (1Co 12.13) a fim de sermos perfeitos em unidade (Jo 17.11,21-23). Note como tudo no Reino de Deus gira em torno de repartir para sermos um (Lc 11.41). Esta é a ideia por trás da santa ceia. Note que a ordem é para repartir o corpo e o sangue de Cristo a fim de que, ao comer, possamos ser um em Cristo (Lc 22.17,19). Tal como Cristo, devemos dar a nossa vida pelos irmãos (1Jo 3.16) a fim de que, no que alguém se alimentar de nós, a pessoa seja uma conosco.
Para ser mais claro: temos que repartir toda nossa vida entre os irmãos, de modo que eles possam se alimentar de tudo que temos e somos (nosso tempo, força, energia, bens) e, deste modo, possamos fazer parte do coração de cada um deles e, com isto, eles venham a constituir o nosso corpo (Rm 12.5). Isto, sim, traz Jesus à memória de todos, já que, ao assim proceder, estamos seguindo o Seu exemplo (1Pe 2.21-24).

1.8 – NO ANTIGO TESTAMENTO, ALGUNS GENTIOS TAMBÉM FORAM SALVOS. ENTÃO, O QUE MUDOU COM JESUS?

O Antigo Testamento era uma aliança firmada na carne. Deus a instituiu a fim de nos ensinar (1Co 10.11; Rm 15.4) que é impossível o ser humano viver os padrões de Deus por sua própria força. Mesmo fundando uma instituição religiosa e se reunindo debaixo de um bloco de concreto regularmente, ninguém conseguiu viver a salvação de Deus, mesmo estando num país onde a lei era a Palavra de Deus e o povo, crentes no Deus verdadeiro.
Isto é para nos ensinar que a verdadeira Igreja de Cristo é espiritual e a comunhão, algo que tem acontecer DENTRO de cada ser humano. Na verdadeira comunhão, cada um que crê em Jesus se torna membro dos demais e permite que estes façam parte de si o tempo todo, em todo lugar (Rm 12.5).
Como ninguém mais tem vida própria (é Cristo que vive neles – Gl 2.20), agora cada um enxerga o outro como dom (Ef 4.8) necessário para experimentar Deus agindo dentro de si. Veja: Deus faz, de cada um, membro nosso, a fim de que Ele possa operar, não simplesmente externamente, mas principalmente no nosso interior. Na verdade, o amor ao próximo não é apenas um trabalho na vida deste, mas uma circuncisão no coração, operada por Deus (Cl 2.11), na vida de quem está a executá-lo.
Em síntese, antes de Jesus, a pessoas viviam pela lei fazendo coisas externas para com o próximo a fim de tentar agradar a Deus (Lv 18.5; Ez 20.11,13,21; 33.19; Rm 10.5). Hoje, o justo vive, aceitando fazer parte do corpo de Cristo e, ao mesmo tempo, ser o corpo de Cristo (Rm 12.5), se dispondo a trabalhar o interior da pessoa a fim de que o seu interior também seja trabalhado.

2 – SEM JESUS, LIVRE ARBÍTRIO NÃO EXISTE!!! NINGUÉM PODE SALVAR-SE!

2.1 – NINGUÉM TEM LIVRE-ARBÍTRIO PARA ESCOLHER JESUS E SEU AMOR.

É muito comum falar-se em “livre-arbítrio” e “aceitar a Cristo”. Todos temos um arbítrio. Porém, se este fosse livre para escolher o bem, então não haveria necessidade de Jesus nos salvar. Além disto, se somos livres, então por que sempre escolhemos o mal (Rm 3.9-18; 7.15-19; Pv 14.12; 16.25)? Por que demoramos tanto para “aceitar” Jesus? Porque nos desviamos desde o ventre da mãe (Sl 58.3) e nossa imaginação é má desde a meninice (Gn 8.21)? A verdade é todos estão debaixo do pecado (Rm 3.9), presos na desobediência (Rm 11.32).

2.2 – NÃO EXISTE ESTE NEGÓCIO DE ACEITAR A CRISTO.

Jesus foi claro para os apóstolos:

·         “Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é um diabo.” (Jo 6.70);
·         “Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar.” (Jo 13.18);
·         Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” (Jo 15.16);
·         “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.” (Jo 15.19);
·         “Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus;” (1Ts 1.4);

Jesus deixou claro que não foram os apóstolos que escolheram Ele, mas sim o contrário. Além disto, 1Ts 1.4 diz que é Deus quem elege. Note a ênfase de Paulo em dizer que não foi ele quem decidiu ser apóstolo. Antes, ele foi CHAMADO por Deus para este ministério (Rm 1.1; 1Co 1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1; 1Tm 1.1; 2Tm 1.1). Isto, inclusive, confirma que não somos nós que tivemos “boa vontade” em escolher ou aceitar Jesus.
Se a salvação dependesse de aceitarmos a Cristo, como ficaria a situação dos doidos, dos velhos esclerosados, dos deficientes mentais, pacientes em coma ou com vida vegetativa, etc.? Os mais sábios e nascidos em “berço de ouro” teriam muito mais oportunidades de conhecê-lO.
E quanto às crianças que foram abortadas e àquelas que morreram ainda bem pequeninas e, portanto, quando ainda eram incapazes de discernir o bem e o mal? Se, pelo fato de o reino de Deus pertencer aos pequeninos (Mt 18.3,4; Mc 10.14,15) significasse que todos eles iriam automaticamente para o céu:
1º-   Haveria possibilidade de a pessoa ser salva sem necessitar de ela reconhecer Jesus como único e suficiente, Senhor, Salvador e tesouro da sua vida. Ou seja, era possível chegar ao Pai sem passar por Jesus (Jo 14.6);
2º-   O aborto e o infanticídio deixaria de ser um crime hediondo para se tornar um ato heroico, já que a mãe, por amor ao seu filho, seria capaz de sacrificar todos os bons momentos que poderiam ter juntos, só para que ele fosse pro céu.

            Sem contar que, se a salvação dependesse da nossa capacidade de decisão para o bem, estaríamos todos condenados, já que, além de não haver ninguém justo e bom (Rm 3.9-18; 7.15-19), todos são incapazes de buscar a Deus e conhecê-lO (Rm 3.11; 1Co 2.14-16).

·         “Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos.” (Rm 11.7).
·         “porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria o entendimento dos entendidos. Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem.” (1Co 1.19-21).
·         “O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucura; não as pode conhecer, porque são julgadas espiritualmente.” (1Co 2.14).

Note como Israel, embora tivesse buscado a salvação, acabou não conseguindo porque estava buscando pela carne.

2.3 – QUER DIZER QUE NÃO EXISTE A POSSIBILIDADE DO HOMEM MUDAR?

Ninguém é capaz de mudar por si mesmo!
Entretanto, Deus está sempre convidando a pessoa a uma mudança. Aqueles que aceitam Seu chamado, vão sendo transformados a cada vez que o Espírito Santo se manifesta na vida delas (2Co 3.18), até suas veredas brilharem como se dá num dia perfeito (Pv 4.18).
A ideia é que as pessoas sintam falta de Cristo, não só por causa da paz e felicidade que são trazidas pela Sua presença, mas sim pela necessidade que têm de um sentido para suas vidas. Sem Cristo, tal pessoa não vê nada para pensar, fazer, etc.
Conforme pode ser visto em Rm 8.19-22, todos (incluindo plantas e animais) clamam esperando serem libertos do cativeiro da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Ou seja, todos nascem desejosos de receberem a glória de Deus em si mesmos (Rm 3.23). Infelizmente, a maioria ignora este gemido interior, tentando sufocá-lo com abundância material, prazeres da carne e diversas atividades.
Em contrapartida, o mundo sempre tenta seduzir os cristãos mais agradáveis e bem sucedidos a usarem os dons de Deus a favor deles, sob a promessa de ser esta uma “estratégia” para que muitos se entreguem a Cristo. Contudo, trata-se de uma forma sutil de manterem as pessoas enganando a si mesmas, como se estivessem agradando a Deus quando, na verdade, estão interessadas em obterem sucesso diante do mundo (e quem procura receber honra de outras pessoas, é incapaz de crer – Jo 5.44).
Lembre-se que é a glória do Senhor (Is 11.9; Hc 2.14), fazendo a justiça brotar da terra (Sl 85.11) e conservando o propósito de Deus (Rm 9.11), que verdadeiramente irá confirmar a Palavra Dele, pregando-a nos corações (Mc 16.15).

2.4 – MAS A BÍBLIA NÃO DIZ QUE EXISTE POSSIBILIDADE DE A PESSOA PERDER A SALVAÇÃO?

Veja o aviso de Deus nas Escrituras:

·         “Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito. Então disse o SENHOR a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro.” (Êx 32.32,33);

Sim! O perdão que Jesus concede pode ser revogado, como pode ser visto em Mt 18.31-35. O credor incompassivo, embora tivesse sido perdoado, foi condenado a pagar toda a dívida por não ter perdoado o seu conservo.

2.5 – VOCÊ PODE QUESTIONAR: MAS ISTO QUER DIZER QUE NOSSAS AÇÕES INFLUENCIAM A NOSSA SALVAÇÃO.

NÃO! Não são as nossas ações, mas sim a ação de Deus em nós (Fp 2.12,13), como se vê abaixo:

·         “Respondeu-lhe o Senhor: Eu farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o meu nome Jeová; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem me compadecer” (Êx 33.19);
·         “Pois a Moisés disse: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não é daquele que quer, nem daquele que corre, mas de Deus que usa de misericórdia.” (Rm 9.15,16).

Mas e quantos aos versículos:

·         “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 24.13);
·         “No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para derrubar, e para destruir, se a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. No momento em que falar de uma nação e de um reino, para edificar e para plantar, se fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que tinha falado que lhe faria.” (Jr 18.7-10).
·         “E eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel por sacerdote, para oferecer sobre o meu altar, para acender o incenso, e para trazer o éfode perante mim; e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos de Israel. Por que pisastes o meu sacrifício e a minha oferta de alimentos, que ordenei na minha morada, e honras a teus filhos mais do que a mim, para vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo de Israel? Portanto, diz o SENHOR Deus de Israel: Na verdade tinha falado eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém agora diz o SENHOR: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.” (1Sm 2.28-30);
·         “Naqueles dias Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; e veio a ele o profeta Isaías, filho de Amós, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás. Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e orou ao SENHOR. E disse: Ah! SENHOR, peço-te, lembra-te agora, de que andei diante de ti em verdade, e com coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo. Então veio a palavra do SENHOR a Isaías, dizendo: Vai, e dize a Ezequias: Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos.” (Is 38.1-5);
·         “Mas os homens e os animais sejam cobertos de sacos, e clamem fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos? E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez” (Jn 3.8-10).

A princípio, a impressão que dá é que nossas ações e orações podem mudar a decisão de Deus, ou, se preferir, que Ele está condicionado àquilo que pensamos, sentimos, etc. Se assim fosse, Ele não seria o soberano Senhor. Antes, poderia ser manipulado. Sem contar que, ao dizermos que vamos interceder por alguém, dá a impressão que Deus tem acessos de ódio e que, se nós intercedermos, Ele pode mudar de ideia. Em outras palavras, no fundo, estaríamos dizendo que há momentos em que Deus tem maus pensamentos. É esta a primeira impressão que se tem ao ler os trechos abaixo:

·         “Disse mais Jeová a Moisés: Tenho visto a este povo, e eis que é povo de cerviz dura. Agora deixa-me, para que a minha ira se acenda contra eles, e para que eu os consuma; e de ti farei uma grande nação. Porém Moisés suplicou a Jeová seu Deus, dizendo: Por que se acende a tua ira contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande fortaleza e com uma poderosa mão? Porque diriam os egípcios: Para mal os tirou, a fim de os matar nos montes, e a fim de os consumir da face da terra? Volve-te do furor da tua ira e arrepende-te deste mal contra o teu povo. Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, a quem por ti mesmo juraste e disseste: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas do céu, e toda esta terra de que tenho falado, a darei a vossa descendência, e a herdarão para sempre. Então Jeová se arrependeu do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo.” (Êx 32.9-14);
·         “Disse Jeová a Moisés: Até quando me desprezará este povo? Até quando não crerão em mim, apesar de todos os prodígios que tenho feito no meio deles? Eu os ferirei com uma epidemia e os deserdarei, e de ti farei uma nação maior e mais forte do que eles. Respondeu Moisés a Jeová: Assim os egípcios o ouvirão (pois pela tua força fizeste sair este povo do meio deles), e o dirão aos habitantes desta terra. Eles ouviram que tu, Jeová, estás no meio deste povo; pois tu Jeová, és visto face a face, e a tua nuvem está sobre eles, e tu vais diante deles de dia numa coluna de nuvem, e de noite numa coluna de fogo. Se matares este povo como um só homem, as nações que ouviram a tua fama, dirão: Porque Jeová não podia introduzir este povo na terra que lhe prometeu com juramento, por isso os matou no deserto. Agora, pois, engrandeça-se o poder do Senhor, segundo disseste: Jeová é tardio em irar-se, abundante em misericórdia, que perdoa iniqüidade e transgressão, e não terá por inocente o culpado; que visita a iniqüidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta geração. Perdoa a iniqüidade deste povo segundo a tua grande misericórdia, e como tens perdoado a este povo desde o Egito até aqui. Tornou-lhe Jeová: Conforme a tua palavra lhe perdoei;” (Nm 14.11-20);
·         “Narrou esta parábola: Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi buscar fruto nela, e não o achou. Então disse ao viticultor: Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a, para que está ela ainda ocupando a terra inutilmente? Respondeu-lhe: Senhor, deixa-a por mais este ano, até que eu cave em roda e lhe deite estrume; se der fruto no futuro, bem está; mas se não, cortá-la-ás” (Lc 13.6-9).

A princípio, parece que Deus é um tirano que ficou magoado com Israel e intentou destruí-lo, mas que, através da paciência e da compaixão de Moisés ou do viticultor, Ele se acalmou e decidiu voltar atrás (como se Deus fosse um velho ranzinza e o intercessor, uma pessoa mais paciente, compreensiva).
Entretanto, Deus sempre quis perdoar Nínive, Israel e a figueira. Como Ele é amor (1Jo 4.8,16) e bom (Lc 18.19), mesmo que Ele quisesse, Ele não poderia ter maus pensamentos, pois não pode negar-se a Si mesmo (2Tm 2.13) e jamais muda (Ml 3.6; Hb 13.8). Além disto, se Deus quisesse realmente que Ezequias morresse ou Nínive e Israel fossem destruídos, Ele o faria sem avisar previamente. O que Deus queria é que todos vissem o amor Dele na vida de Moisés e do viticultor, mesmo apesar das falhas deles.
Quanto a Ezequias, o que Deus queria era mais uma ocasião para mostrar Seu controle sobre a natureza (fazendo o sol retroceder), bem como dar oportunidade a Ezequias de buscar, Nele, uma restauração mais profunda do seu lar. Note que não era para fazer uma ligeira preparação para a morte, mas sim dar-lhe a chance de enxergar que, a razão da sua existência aqui, não era apenas de restaurar de Israel nos seus dias. Antes, a obra que ele começou deveria ter continuidade após seus dias serem cumpridos.
Mesmo que alguém pudesse ter um ódio extremo por Deus a ponto de estudá-lO, só para poder desagradá-lO nas mínimas coisas, ainda assim Ele continuaria a amá-lo com todo o Seu ser.
Em contrapartida, mesmo que você possa tentar agradá-lO em cada segundo, nos mínimos detalhes, ainda assim o amor de Deus por você não aumentará em nem um milímetro, pois Deus nunca dá Seu Espírito Santo por medida (Jo 3.34). Antes, ama a todos intensamente.
Mas, e como explicar versículos:
·         “Os leõezinhos necessitam, e sofrem fome, Mas os que buscam a Jeová, bem algum lhes faltará.” (Sl 34.10);
·         “É inútil que madrugueis, que tarde repouseis, que comais o pão de dores: Aos seus amados ele o dá enquanto dormem.” (Sl 127.2);
·         “Eu amo os que me amam; E os que me procuram diligentemente, me acharão.” (Pv 8.17);
·         “Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” (1Co 2.9).

Deus não faz acepção de pessoas, nem tem um jeito diferente de amar a cada um. O que acontece é que, quanto mais a pessoa se distancia Dele, menos condições ela tem de experimentar o amor de Deus dentro de si. É como acender uma lareira em dia de frio. Quanto mais distante a pessoa se coloca dela, menos percebe o seu calor.
Infelizmente, muitos vêm Deus como um mero chefe, que age baseado na situação que se apresenta diante dos Seus olhos, como se Deus fosse um mero tomador de decisões.
Entretanto, Deus é um projetista, de quem nada foge ao controle (Jó 42.2). E tudo que ele faz é no sentido de nos salvar. Sua ação é sempre a mesma. O que acontece é que, quando o ser humano decide se distanciar de Deus e do Seu amor, os benefícios que Ele prometeu não conseguem mais chegar à pessoa, visto que Ele não irá forçá-los. Em contrapartida, como Deus está sempre indo para resgatar a ovelha que se perdeu (seja de uma forma doce ou severa), se a pessoa se arrepender do mal, o bem a alcança porque Ele sempre esteve ali.
Em síntese: Deus sempre ama a todos com todo o Seu ser. Nossa atitude influencia apenas nas “ferramentas” e instrumentos que Ele irá usar para nos tratar (se através da vara ou do cajado). Entretanto, o propósito de Deus em salvar e abençoar é imutável.
Para ser mais exato: Deus escolhe o melhor meio para que possamos alcançar a verdadeira paz, felicidade e amor.

2.6 – OS MANDAMENTOS DE DEUS NÃO SÃO ATIVOS, MAS PASSIVOS

A prova disto está no trecho abaixo:

·         “Assim, pois, meus amados, do modo como sempre obedecestes, efetuai a vossa salvação com o temor e tremor, não tão somente como na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência; pois é Deus o que opera eficazmente em vós tanto o querer como o perfazer segundo a sua boa vontade.” (Fp 2.12,13).

Veja que Deus nos pede para operarmos nossa salvação, mas, ao mesmo tempo, diz que Ele deseja operar em nós. Logo, o que temos que fazer é cooperar com Ele, deixando-O operar Sua salvação em nós. Isto lembra:

·         “E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava.” (Ez 2.1,2).

Aqui, tão logo o Espírito Santo ordena a Ezequiel que fique de pé, Ele já o faz ficar de pé.
Além disto, veja:

·         “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” (1Jo 4.19);
·         “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” (1Jo 4.10).

Note como não há como amarmos a Deus de modo ativo (por nós mesmos), pois apenas Deus é amor (1Jo 4.8,16).
            Não somos nós que amamos a Deus ou que O aceitamos. Antes, é Ele quem nos concede Seu amor e aceitação. Nós tão somente nos deixamos amar por Ele (recebemos Seu amor – daí o modo passivo).
Pense em uma criança de colo. Ela não sabe o que é amar, nem como amar. Contudo, no que ela permanece no colo da mãe, recebendo toda sua provisão e carinho e sorri para ela, esta criança já a está amando. Tal mãe se sente querida em ver sua criança contente por estar juntinho dela.
É diferente de uma criança que tenta fazer um punhado de coisas para agradar a mãe. Ela, no fundo, está dizendo que não gosta da presença da mãe, já que passa a maior parte do tempo longe dela, ainda que pensando em fazer coisas por ela ou para ela. O correto, porém, é ela entrar em concordância com a mãe e, JUNTAS, fazerem o que Deus quer que elas façam.
Para ser mais exato: ao invés de tentarmos agradar a Deus, devemos nos esforçar para não desagradá-lO.

2.7 – COMPREENDE, AGORA, O QUE DEUS ENTENDE POR SER AMADO?

“Sorrindo” como uma criança em meio a tudo o que acontece, ou seja, nos regozijarmos (1Ts 5.16) e darmos graças (1Ts 5.18) na presença Dele (1Ts 5.17) em todos os momentos, mesmo que:
1.     A pessoa que Deus colocou na nossa vida não é exatamente a que queríamos (1Co 12.21,22);
2.     Os dons e ministérios que Deus nos concedeu não era exatamente o que esperávamos (ver 1Co 12.14-18);
3.     O talento e a mina que Deus nos outorgou pareça insignificante aos nossos olhos, em vista daquilo que gostaríamos de fazer “para Jesus” (na verdade, não é para Jesus que queremos fazer, mas para nós mesmos, a fim de convencermos os outros e a nós que somos bons (o que é uma mentira, já que só Deus é bom – Mt 19.17) – ver Mt 25.24,25; Lc 19.20,21).
4.     O que Deus revelou não era exatamente o que queríamos ouvir (Is 30.9-11; Jr 5.30,31; 2Tm 4.3,4).
5.     Na hora, a disciplina doa (Hb 12.11).

Orar implica em estarmos na presença de Deus, termos relacionamento com Ele. Uma vez que Deus é amor (1Jo 4.8,16) e bom (Mt 19.17; Mc 10.18; Lc 18.19), logo, cada momento da nossa vida, é uma revelação a mais de quem Deus é, bem como a melhor forma que Ele encontrou para nos levar para mais perto Dele.
Enfim, Deus se sente amado quando desejamos ser aceitos por Ele:
1)     Através dos laços de amor que Ele usa para nos atrair (Os 11.4);
2)     Através do Espírito Santo com Seus dons e ministérios que Ele nos concede (Rm 8.14);
3)     Através dos talentos e da mina que Ele entrega a nós para com elas negociarmos (Mt 25.14,15; Lc 19.12,13). Detalhe: ao invés de negociarmos com pessoas para obtermos bens, negociamos os bens para obtermos pessoas;
4)     Através da revelação da Sua Palavra (Tg 1.21; 1Jo 5.3).
5)     Através da Sua correção e disciplina (Pv 3.11,12; Hb 12.5-11).

2.8 – A SALVAÇÃO DE JESUS É COMPLETA. NÃO HÁ COMO SER MELHORADA.

Mesmo que não compreendamos Jesus e Seus métodos de agir, devemos confiar a Ele todo o processo. Afinal, Ele não é o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim (Ap 1.8,11; 21.6; 22.13)? Ele também não é o Caminho (Jo 14.6)? Dele, por Ele e para Ele não são todas as coisas (Rm 11.36)? Tudo não foi criado por Ele, Nele e para Ele (Cl 1.16)?
Logo, a salvação de Jesus é completa. É Ele, e não nós, quem decidiu nos salvar (1Co 1.21). É Ele que opera (desenvolve) toda a nossa salvação (Fp 2.12,13). E tudo para isto para nos levar para junto Dele (Ef 5.27; 1Ts 4.17). Tudo já está consumado (Jo 19.30) e, portanto, não há nada que possamos fazer para modificar ou melhorar isto (glória a Deus por isto!). Tudo que precisamos fazer é aceitar o que Jesus fez por nós.
Já pensou se a salvação dependesse de nós? Estaríamos perdidos, já que não há ninguém capaz de entender a Deus e às Suas coisas (1Co 2.14-16; Ef 3.19; Rm 3.11), tampouco de as praticar (At 16.21). Além disto:
1.     Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho O quiser revelar (Mt 11.27);
2.     Ninguém pode vir a Jesus se o Pai não o trouxer (Jo 6.44).

            Ou seja, é o Pai que vai falando, ensinando (Jo 6.45) e conduzindo a pessoa até Jesus a fim de que ela possa enxergá-lO através da face Dele (Jo 1.18; 2Co 4.3,4). Tanto é assim que Paulo, em Gl 1.15,16, deixa claro que ele foi convertido no momento que aprouve a Deus revelar Seu Filho a ele. Sem contar que:
1.     é Jesus, e não outro, que apresenta a Igreja a Si mesmo (Ef 5.25-27);
2.     é Deus que abre os ouvidos de alguém para atentar à palavra que está sendo pregada (At 16.14);
3.     é Deus quem dá arrependimento para conhecer a verdade a fim de que possam despertar, desprendendo-se dos laços do diabo (2Tm 2.25,26);
4.     é Deus quem acrescenta à Igreja, dia a dia, aqueles que hão de se salvar (At 2.47);
5.     é Jesus quem nos dá o ensino e verdadeira ocupação que nos permitirá achar o descanso para a nossa alma (Mt 11.29; Ef 4.20,21);
6.     não é do homem, o seu caminho, nem do homem que caminha, a capacidade de dirigir seus passos (Jr 10.23);
7.     é Deus quem nos justifica (Rm 8.33).

Além disso, Paulo é muito claro: quem nos elege é a graça de Deus:

·         “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça.” (Rm 11.5).

2.9 – TOMANDO O DIABO COMO EXEMPLO DE COMO DEUS TRABALHA OS SERES QUE ELE CRIA

 Veja o exemplo o caso do diabo:

·         “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” (Jo 8.44).

O que é ser homicida? Como o diabo pode ser homicida desde o princípio, se ele não assassinou nenhum anjo? Homicida é aquele que tenta encher alguém de coisas boas sem Jesus Cristo. No mundo se diz: “o que é achado não é roubado” e “o que não é ninguém, então pode ser meu”. Isto não é verdade! Se algo não está em poder de ninguém, então pertence a todos. No que eu pego para alguém ou para mim, estou privando os demais disto.
O diabo tentou dar a alguns anjos e a si, mais do que era para ser dado. Este excesso de benefícios (tirar de uns para dar a outros) é injustiça (Ez 28.18; Lc 16.15) e contribuiu para a 3ª parte dos anjos irem dependendo de Deus cada vez menos, até se afastarem completamente Dele, ou seja, fazerem tudo sem receberem qualquer coisa diretamente Dele, sem ouvirem Sua voz, dependendo apenas dos seus dons, talentos, recursos, habilidades, conhecimento e sabedoria. É isto que significa estar separado de Deus (ou, se preferir, morte espiritual – quando Deus se cala (Jó 34.29,30; Sl 50.21; Is 57.11)). Por isto Adão morreu no dia em que pecou: ele passou a ter que viver do próprio suor (Gn 3.19), e não mais da provisão de Deus (Sl 127.2; Mt 6.33; Fp 4.19).
E se não há interesse em ouvir o que Deus tem para dizer, então qualquer bem que a pessoa intente fazer, sempre terá como referência os seus interesses. Isto é morte!
Por isto o cavaleiro do cavalo amarelo (Ap 6.8) se chamava Morte: porque ele passou a ter, em si mesmo, o poder de manipular pessoas (guerra), fenômenos naturais (para causar fome), pragas (pestes) e animais da terra para causar a morte.
Entretanto, quando Deus criou o diabo, o fez para ser o aferidor (selo) de medidas (Ez 28.12), o ungiu para cobrir (proteger) a Sua glória (Ez 28.14,16). Entretanto, no que ele começou a se desviar do princípio contido na Escritura Sagrada:
a)     Ao invés de ser aquele que conferia rigorosamente para que nenhum anjo saísse um milésimo de milímetro sequer da reta justiça de Deus, agora ele aferia rigorosamente para que nenhum anjo permanecesse 100% dentro da justiça de Deus. Ou seja, ele era o ministro da justiça do reino de Deus;
b)    Ao invés de cobrir a glória de Deus a fim de que nada a contaminasse (profanasse), agora ele cobria a glória de Deus para que ninguém a visse (Mq 2.9; 2Co 4.3,4). Ele era o legítimo intérprete da lei (aferindo cada medida) a fim de que ninguém pudesse interpretar errado a vontade de Deus e, deste modo, passasse a enxergá-lO do modo errado.

            Infelizmente ele foi, aos poucos, achando que podia fazer isto sem o próprio Deus em pessoa.
Quanto à expressão “desde o princípio”, retrata que o diabo se corrompeu desde a Palavra de Deus pura (Jesus é a Palavra, que é desde e no princípio – Jo 1.1; 1Jo 1.1; compare Gn 1.1 com 2Pe 3.5, por onde podemos concluir que “no princípio” significa “na palavra”). Ou seja, ele foi criado perfeito (Ez 28.15) e para ser a referência da justa medida de Deus (Sua Palavra – Ez 28.12). Porém, foi a partir desta palavra que teve origem a corrupção dele (Ez 28.17).
Muitos, como o diabo, tentam se esforçar para agradar a Deus a fim de poderem, após entrarem no reino de Deus, se apoderarem Dele com violência (Mt 11.12; Lc 16.15). Mas como, se a pessoa não consegue suportar a luz de Cristo? Ela vai introduzindo dúvidas nos corações das pessoas, até que as mesmas passem a enxergar os ensinamentos de Jesus de modo interesseiro e, com isto, se afastem do próprio Jesus em pessoa, ainda que conservando Sua Palavra.
Para ilustrar isto, imagine um casal que se ama e está junto 24 horas um com o outro. Se, em um dado momento, o marido deseja algo diferente da mulher, neste momento ele não estará com ela. Já se separaram, ainda que por pouco tempo. Se nada for feito, todavia, o homem conseguirá achar mais momentos “agradáveis” longe da esposa e vice-versa, até estarem completamente isolados um do outro.
Entenda: enquanto Deus age em cima do amor, o diabo atua na prostituição. O objetivo do diabo é sempre no sentido de isolar (primeiro ele separa em grupos grandes, depois em menores, até estarem completamente isolados um a um). A questão é sempre reduzir para facilitar o controle.
É claro que ele age de modo sutil (2Co 11.13-15). Ao invés de tentar quebrar os relacionamentos sadios que Deus nos deu, ele nos induz a prostituir, ou seja, a estabelecermos inúmeras ligações que nada têm haver com o plano de Deus para nós (1Co 6.16). Observe que a pessoa que se prostituiu com outros deuses (Dt 6.14; 7.4) e com muitas nações (Ez 16,26,28; 27.33) é aquela que tentou fazer uma série de compromissos que só seriam canseira e opressão em suas vidas (Mt 11.28). Prostituição são relacionamentos impuros, onde um tenta conciliar seus interesses com os do outro sem, no entanto, haver humilhação e a perfeita unidade.
Para isto, ele vai induzindo as pessoas a enxergarem Deus de um modo diferente. No que se refere a salvação, a questão não é só reconhecer quem somos. Se isto não é fruto do nosso contato com Deus, então qual a referência que estamos adotando para descobrirmos quem somos?
Veja a diferença entre a oração do fariseu e a do publicano (Lc 18.9-14). O fariseu dava graças por aquilo que ele achava que era, enquanto que o publicano implorava o perdão de Deus em virtude daquilo que Deus é. Lendo aqui, a pessoa pensa que o publicano saiu justificado apenas porque reconheceu suas falhas e implorou o perdão de Deus. Todavia, se este gesto não for um ato de contrição (arrependimento motivo pelo amor de Deus), tal pessoa está, na verdade, induzindo em si mesma um falso arrependimento que nenhuma transformação irá operar no seu caráter, deixando a pessoa enganada com a falsa de ideia de que está salva da morte eterna.
Pode crer: nada há que você possa fazer para ser salvo.

3 – O PROCESSO USADO POR DEUS PARA SALVAR A PESSOA

3.1 – COMO SE DÁ A SALVAÇÃO?

·         “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Rm 8.1).

E que condenação é esta?

·         “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” (Jo 3.19,20).

Aquela pessoa que está em Cristo (vivendo no Espírito Santo – Gl 5.25), andando segundo o Espírito Santo (Gl 5.16), não tem mais prazer nos desejos da carne e, portanto, não está mais condenada a amar as trevas. O Espírito Santo se une ao espírito dela (1Co 6.17), de modo que passa a desejar exatamente aquilo que acabará com todo o prazer que tinha em ver a carne no controle.
A presença do Espírito Santo em nós (Tt 3.4-6), portanto, nos mantém a salvo da prática do pecado (incluindo aqueles “pecadinhos” que muitos consideram normal) que traz a morte a nós e a todos que nos rodeiam (Rm 6.23). Ou seja, a salvação é a contínua manifestação da bondade e misericórdia de Deus em nossas vidas (Sl 23.2), a qual mantém o nosso coração guardado no amor de Deus (Pv 4.23).

3.2 – POR QUE DEUS NOS CRIOU PARA DEPENDERMOS DELE?

Isto não parece tirania?
Não! É amor! Ele nos criou porque está disposto a trabalhar em nós e por nós. Tirania é quando queremos a pessoa atrelada a nós para sugá-la.
Além disto, sem Cristo, só haveria duas hipóteses:
1)     Ou não dependeríamos de nada. Para isto precisaríamos ser deuses. Mas como Deus poderia criar um deus? Se é um ser criado, então já não é Deus. Além disto, se não é para dependermos de nada ou de ninguém, vivendo sempre em plena satisfação, que sentido teria nossa vida neste mundo? Seríamos seres isolados, onde ninguém faz diferença na vida de ninguém. A vida só tem sentido quando conseguimos sentir a diferença que Jesus e Sua Palavra fazem na nossa vida através de cada pessoa que Ele colocou, as quais passam a ter um significado todo especial;
2)     Ou iríamos depender de outra coisa. Mas se é para depender de outra coisa ou alguém, o que seria melhor do que Deus para nossa esperança ou satisfação?

Para entender melhor este processo, façamos uso da seguinte ilustração:

3.3 – O EXEMPLO DA PESSOA QUE ACABOU SENDO ARRASTADA PELO RIO ENQUANTO TENTAVA SATISFAZER SUA COBIÇA

Pense em uma pessoa que, querendo se sobressair, ainda que às custas dos outros, caiu no rio do engano e está sendo arrastado pela correnteza, a qual termina em uma cachoeira. Ela não tem celular, nem nada do gênero e, portanto, está condenada. Felizmente alguém se importa com ela e decide enviar o helicóptero para salvá-la. Chegando ao lugar, as pessoas do helicóptero lançam para ela uma corda eletrônica (suponha que exista). Ela tem 3 opções:
1.     Ignorar a corda e seguir rumo à sua condenação. Muitos gostam de seguir o curso deste mundo (Ef 2.1,2) (pelo menos enquanto não estão sendo as vítimas). Apenas quando acontece alguma calamidade é que se dispõem a remar contra a correnteza. Porém, logo cansam de serem “bonzinhos” e, novamente, se sujeitam a seguir o curso estabelecido pelo diabo;
2.     Tentar subir pela corda. Como seu braço não tem força suficiente, ela acabará caindo de volta no rio. Mesmo que ela se disponha a tentar de novo, logo suas forças sucumbirão e cairá novamente. E assim ficará: subindo, caindo, subindo, caindo, até cair de vez na cachoeira. Trata-se da pessoa religiosa, que tenta obter a salvação através das obras (Ef 2.8,9);
3.     Deixar que esta corda se amarre na sua cintura para que o pessoal do helicóptero puxe. Como eles tem vários recursos disponíveis, conseguirão puxar a pessoa para cima e levá-la a um lugar seguro.

Espiritualmente é a mesma coisa. A maioria das pessoas, pelo prazer que têm nas suas más obras (Jo 3.19-21), prefere se deixar arrastar pela vida secular rumo à morte eterna. Muitos, ao invés de se chegarem a Deus para serem “curados” (2Cr 30.6; Is 45.22; 57.19; Os 14.1,4), preferem achar um novo motivo de ânimo para vencer o cansaço (Is 57.10) e se fortalecerem com a força dos ímpios e os recursos deste mundo (Is 30.1-3; 31.1-3) (como se a mentira pudesse servir de refúgio e a falsidade de esconderijo (Is 28.15; Sl 56.7; 62.10,11; Pv 12.3; Ec 8.8; Zc 7.13)) a fim de vencer a opressão (Mt 11.28).
Alguns tentam, inutilmente, mudarem suas vidas através da religião, buscando serem prósperas nesta vida e herdarem a vida eterna.
Entretanto, esta é uma guerra que não é para ser vencida (Lc 14.28-33). Antes, é para renunciarmos a tudo quanto temos a fim de que Deus possa fazer de nós uma nova criatura (Jo 3.3; 2Co 5.17) e nosso “sal” nunca venha a se degenerar (Lc 14.33,34).
Para entender isto, precisamos recordar o conceito de parente remidor.

3.4 – O PARENTE REMIDOR

·         “Quando teu irmão empobrecer e vender alguma parte da sua possessão, então virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que vendeu seu irmão.” (Lv 25.25).

Para que você possa assimilar melhor este conceito, tomemos Boaz como exemplo:

·         “Então [Boaz] disse ao remidor: Aquela parte da terra que foi de Elimeleque, nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, está vendendo. E eu resolvi informar-te disso e dizer-te: Compra-a diante dos habitantes, e diante dos anciãos do meu povo; se a hás de redimir, redime-a, e se não houver de redimir, declara-mo, para que o saiba, pois outro não há senão tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse ele: Eu a redimirei. Disse porém Boaz: No dia em que comprares a terra da mão de Noemi, também a comprarás da mão de Rute, a moabita, mulher do falecido, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança. Então disse o remidor: Para mim não a poderei redimir, para que não prejudique a minha herança; toma para ti o meu direito de remissão, porque eu não a poderei redimir. Havia, pois, já de muito tempo este costume em Israel, quanto a remissão e permuta, para confirmar todo o negócio; o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em Israel. Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato. Então Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois hoje testemunhas de que tomei tudo quanto foi de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom, da mão de Noemi, E de que também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança, para que o nome do falecido não seja desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar; disto sois hoje testemunhas” (Rt 4.3-10).

Noemi tinha perdido seu marido e os dois filhos (um dos quais era marido de Rute), vindo a empobrecer. Boaz, por amor ao Criador, compra tudo o que era do seu marido e se casa com Rute a fim de cumprir a lei do levirato (que se acha em Dt 25.5,6). A ideia é que, ao invés de se tornar escravo de pessoas estranhas, aquele que se empobreceu pudesse ser assistido pelo seu parente mais próximo.
Deus concedia a este as condições necessárias para poder remir seu irmão. Assim, ele comprava suas propriedades e, até mesmo, suas vidas (dependendo do caso). Era a oportunidade do parente remidor de trabalhar o amor de Deus, expresso em Sua Palavra, em cada uma daquelas vidas, de modo que eles tivessem condições de se arrependerem, se converterem e voltarem novamente para Cristo.
Tal como Daniel intercedeu por Israel, ao ver que eles ainda não estavam preparados para a liberdade que Deus estava para lhes dar (Dn 9.2-19), o parente remidor deveria se colocar na brecha que havia em cada coração (Ez 22.30) a fim de que, quando chegasse o ano do jubileu (quando, então, o parente remidor poderia devolver as propriedades e a liberdade para seu irmão e família – Lv 25.25-28), eles pudessem, agora, fazer bom uso da liberdade e dos bens que Deus lhes deu.
Era para ser alegria de ambos os lados:
1)     Do lado do parente remidor:
a)     Antes do jubileu: Alegria em poder ajudar seu irmão empobrecido a reencontrar o caminho da Verdade e da Paz com Deus;
b)    Depois do jubileu: Alegria em poder restituir a seu irmão tudo que o diabo lhe roubara e vê-lo livre para ser usado novamente nas mãos de Deus;
2)     Do lado do irmão empobrecido:
a)     Antes do jubileu: Alegria em experimentar o amor e o cuidado de Deus por ele através de bondade existente no coração do seu parente. Alegria em poder continuar sendo usado por Deus, para servir a alguém tão especial e querido, naquilo que Deus designou para ele, apesar dos pecados cometidos.
b)    Depois do jubileu: Alegria em ser novamente livre para ir por onde quer que Deus o quisesse, a fim de manifestar Sua glória em toda a terra (Is 11.9; Hc 2.14)

Hoje, Jesus é o nosso Parente Remidor. Ele comprou a nós e a tudo que temos com Seu sangue (1Co 6.20; 1Pe 1.18,19) a fim de que fôssemos Dele (2Tm 2.19) e, assim, pudéssemos viver para Ele (1Jo 4.9). Quando, finalmente, a morte for vencida, então Jesus nos deixará livres na presença do Pai (1Co 15.26-28).

3.5 – MAS POR QUE A NECESSIDADE DE SEREMOS COMPRADOS?

            Comprar significa adquirir algo com sacrifício. O que esta expressão quer dizer é que Jesus sacrificou (dedicou e dedica) Sua vida a fim de que aceitemos ser Dele. Em outras Palavras, Ele nos salva dedicando integralmente Sua vida a fim de confirmar Sua Palavra a cada momento. Para ser mais exato: ele compra cada momento nosso, de modo que Ele possa viver estes momentos, manifestando Sua pureza e santidade através de Sua glória.

·         “Não obstante, ele os salvou por amor do seu nome, para fazer conhecido o seu poder.” (Sl 106.8);
·         “Pois não conquistaram a terra pela sua espada, nem o seu braço os salvou, mas a tua destra e o teu braço, e a luz da tua face, porquanto te agradaste deles.” (Sl 44.3);
·         “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” (2Tm 1.9).

Note como Deus nos salva segundo Seu propósito e graça, a fim fazer conhecido Seu poder e a luz da Sua face. Logo, ao invés de acharmos nossa vida neste mundo (Mt 10.39), a destra, o braço e a luz de Cristo (ver 2Co 4.3,4) devem achar lugar em nós para poder se manifestar. Isto é que nos livra de pecar.

3.6 – NÃO SE FAZ FORÇA PARA OBEDECER, MAS SIM PARA PASSAR POR CIMA DOS PRECEITOS BÍBLICOS

O correto é confiar por completo em Jesus. A verdade sempre vem ao nosso encontro. Infelizmente, muitos a DETÉM (Rm 1.18). Daí o pecado ser chamado de REBELDIA, pois não se trata apenas da incapacidade do ser humano de fazer o bem, mas principalmente da sua REVOLTA contra tudo aquilo que é bom (Jo 3.19-21).
Muitos acham que a Palavra de Deus é contrária a nós e que, para não pecarmos, é necessário um esforço enorme. Pelo contrário: o pecado é que exige de nós um esforço descomunal. Se assim não fosse, o pecado seria uma fatalidade inevitável, e não um ato de rebeldia.
A verdade é natural (Rm 1.18) e só não chega até nós se fizermos força para detê-la. Por isto Deus nos ordena descansarmos e esperamos Nele (Sl 37.7; Is 30.15). Se nos limitarmos ao descanso, o amor de Deus, de uma forma ou de outra, acabará nos tomando (já que a terra está cheia da glória e da bondade do Senhor – Sl 33.5; 40.5; 119.64; Is 6.3). Só não enxergam isto porque, muitos, não aceitam o tratamento de Deus e tentam passam por cima dos preceitos bíblicos (ver Dt 8.2,3).
Esteja certo: sempre que alguém peca, está dizendo que Deus é injusto, insensível e, portanto, não se importa com aquilo que estamos sofrendo (Ml 3.13-15). Com base nisto, a pessoa decide agir por conta própria, mesmo que precise violentar a si própria (1Sm 13.12). Deus sempre tem seu caminho na tormenta e na tempestade (Na 1.3; 1Co 10,12,13), mas a pessoa acha muito melhor elaborar estratégias para roubar, matar e destruir (Jo 10.10), mesmo que isto signifique dar-Senhor em sacrifício ao diabo que detém o império da morte (Rm 6.23; Hb 2.15).
Quando a pessoa nasce, ela é introduzida no caminho da vitória, a saber, aceitando tudo que os pais lhe dão, sem se rebelarem. Se ela parasse de ficar julgando entre o bem e o mal e fosse apenas recebendo o que lhes vem à mão, sem jamais abrir mão da pureza de coração (a saber, mantendo os olhos fixos em Jesus – Hb 12.1,2), ela nunca precisaria se preocupar com sua manutenção. Deus continuaria usando pessoas para cuidarem dela (é este o verdadeiro sentido do trabalho). E o melhor: no que ela permanecesse no lugar que Deus fez para ela, fazendo aquilo para o que Deus a criou, do jeito Dele e pelo poder Dele, consequentemente, tudo o que realmente ela precisasse viria naturalmente.
Por isto é que Paulo disse:

·         “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.” (2Pe 1.10);

Como fazer nossa vocação e eleição cada vez mais firmes?

3.7 – É DEUS QUEM OPERA A SALVAÇÃO NO HOMEM (E NÃO O HOMEM QUE, RECEBENDO AQUILO QUE DEUS DÁ, TEM A OBRIGAÇÃO DE SALVAR A SI MESMO)

Para você entender a ideia, assim como o corpo físico precisa de exercício físico para se desenvolver, o espiritual também. A diferença é que, no corpo físico, somos nós quem nos esforçamos, enquanto que, no espiritual, o esforço é por conta do Espírito Santo. Como os “músculos” do corpo espiritual são constituídos da Palavra de Deus, é a manifestação contínua dela na nossa vida que mantém nosso corpo espiritual saudável e forte (ver 1Co 15.44).

3.8 – A SALVAÇÃO DE DEUS NOS ALCANÇA, QUANDO DESCANSAMOS E ESPERAMOS ELE OPERÁ-LA EM NÓS (Sl 37.7; Ef 2.12,13)

Quando isto acontece, nossa posição de descanso também muda. Antes, cumprir a palavra de Deus era um esforço enorme; agora, a pureza e a santidade de Deus é o que nos deixa descansado.
Quando falo em descanso, não confunda com o descanso carnal, o qual é traduzido por ficar sem fazer nada útil. O descanso espiritual nos que creem é um ânimo sobrenatural para fazer o que é bom e aceitável diante de Deus. A alegria no coração da pessoa é tão grande que ela não se cansa, nem se fatiga (Is 40.31), mesmo em meio a muita atividade.
Se ao invés de tentarmos nos afastar do desconforto material, deixarmos Jesus se aproximar de nós com a Sua Palavra e as pessoas que Ele quiser trazer até nós, Sua ceia será real na nossa vida (Ap 3.20) e Sua Palavra que salva, enxertada em nós (Rm 1.11; Tg 1.21).
Para que possa ficar mais clara a ideia da salvação, comparemo-la com o que se dá no casamento.

3.9 – ILUSTRANDO A FORMA DE DEUS NOS SALVAR ATRAVÉS DA FIGURA DO CASAMENTO

Já parou para pensar no motivo de os anjos tanto atentarem para a submissão da esposa (simbolizada pelo véu – 1Co 11.10)? É porque o casamento é o retrato perfeito da salvação de Deus (ajunte Ef 5.31-32 com 1Pe 1.9-12). Uma vez que o mistério de Deus é a Igreja (Cristo em nós, a esperança da glória de Deus em cada vida – Cl 1.26,27; 2.2,3), a qual é comparada com o casamento (1Co 11.3; Ef 5.25-27), logo a postura da mulher com relação ao marido é um retrato perfeito do que vem a ser a salvação.
Mas, em que consiste a submissão? Não se trata da mulher tentando fazer algo para agradar ou ajudar o homem, mas sim ela aceitando ser trabalhada por ele, se esforçando para não desagradá-lo.
Veja o caso de Israel, a “esposa” de Deus (Ez 16.2,3,8). O que fazia dela formosa era a glória de Deus na vida dela (Ez 16.14). Quando ela nasceu, estava toda ensanguentada, suja, abandonada, desprezada (Ez 16.4-6). Ela não se tratou. Deus não exigiu isto dela. Antes, Ele cuidou dela.
Foi exatamente isto que Jesus fez conosco (Ef 5.25-27). Ele se entregou a nós para nos apresentar a Si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível, através do lavar regenerador e renovador do Espírito Santo (Tt 3.4-6). É este o ministério que Deus quer fazer através de nós (Jo 13.14; 2Co 11.2).
Isto é que é autoridade: é o homem se dedicando à mulher para trabalhar a imagem e semelhança de Deus, que recebera de Cristo, na vida dela. A mulher se submete ao marido, deixando que ele coloque toda sua glória nele (1Co 11.7), se deixando possuir por ele.
Entenda: quando o homem pecou, ele ficou destituído da glória de Deus (Rm 3.23) e, portanto, deixou de ser Sua imagem (Gn 1.26,27), ficando impossibilitado de resplandecer Sua glória. No que Jesus morreu na cruz, o ser humano passou, através de Cristo, a possuir o privilégio de ter a glória do Senhor habitando em si (daí o nome de Jesus ser Emanuel – Mt 1.23; 1Co 3.16).
Logo, os que creem, voltam a ser a glória de Deus (o receptáculo para contê-la – daí Is 60.1-3; Mt 5.14-16; Ap 21.24), o que permite, assim, que todos possam enxergar a face Dele (Êx 34.29,30) (lembre-se que a glória de Deus é a própria face Dele (Sua presença e caráter – Êx 33.18-20)). Daí 2Co 3.18:
·         “Mas todos nós, com rosto sem véu, contemplando como em espelho a glória do Senhor, somos transformados na mesma imagem de glória em glória, como pelo Senhor o Espírito”.

É isto que significa ser revestido de Cristo (Rm 13.14).
Mas, e quanto a semelhança de Deus? Quando Deus repreende Arão e Miriã pela sedição contra Moisés, Ele afirma que falava face a face com Moisés porque ele enxergava a semelhança de Deus (Nm 12.8).
Vem a questão: o que Moisés via? Note que, por duas vezes, Deus anuncia a Moisés seu plano de destruir Israel e fazer dele um povo mais forte e numeroso (Êx 32.9-14; Nm 14.11-20; 16.21,22). Contudo, ao invés de se regozijar com isto, ele percebia que, se Deus fizesse isto, Seu nome seria difamado por toda a terra, pois Deus tinha escolhido Israel para fazer um nome para Si (Is 63.12; Jr 32.20). Então, mesmo diante da ameaça de morte e de uma promessa gloriosa, ele renuncia a tudo por amor ao nome do Senhor.
Hoje, a semelhança do Senhor é vista na Igreja. Infelizmente, muitos não discernem o Corpo do Senhor (1Co 11.29), achando que se trata daquele pedaço de pão que comem durante o que chamam de santa-ceia. Todavia, a Igreja é o verdadeiro corpo de Cristo que expressa a semelhança do Senhor (daí Jo 13.34,35) e a família, a primeira célula deste corpo.
Na verdade, a verdadeira Igreja de Cristo nada mais é do que esta célula que se frutificou, multiplicou e espalhou por toda a terra (Gn 1.28), fazendo discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20; Mc 16.15), através da manifestação da glória de Deus em toda a terra (Is 11.9; Hc 2.14).
A esta união entre as pessoas, promovidas pela Palavra Viva de Deus em ação, é que constitui a salvação.
Hoje o véu da lei não tem mais sentido (1Co 11.16; 2Co 3.14-16), já que o Corpo de Cristo promoveu um caminho até o Santuário através do véu (Hb 10.20). A esposa, agora, ama o marido, não porque existe um compromisso legal entre eles (Rm 7.1-3), mas porque o Espírito Santo, agora, conduz ambos a serem, não apenas uma só carne, mas um mesmo espírito Nele (1Co 6.17).
Além disto, já pensou no motivo de a Igreja ser a Noiva de Cristo? O fato de Jesus ter nos dado a Sua vida, aponta para o que Deus quer fazer por meio de nós: nos tornar doadores de vida, tal como se dá por meio da mulher. Embora ela não gere vida, seu organismo permite que a vida se desenvolva dentro de si. Como noiva de Cristo, nosso coração deve, não apenas ter espaço, mas todo o alimento necessário para a Vida se desenvolver no coração de todos aqueles que Deus trouxer para dentro de nós.
            Detalhe: o embrião é que desenvolve, passivamente (pois quem faz tudo é o Criador – Sl 139.13-16), no útero da mulher, tudo de que ele necessita para sobreviver. O útero é só um lugar de abrigo e alimento.

3.10 – MAS O QUE É NECESSÁRIO PARA O ESPÍRITO SANTO DESENVOLVER EM NÓS A VIDA QUE SALVA (O NOVO NASCIMENTO)?

Tudo começa fazendo veredas direitas para os pés (Pv 4.26,27; Hb 12.13). Como Deus pode mostrar Sua bondade a alguém, quando o que se está a fazer é algo mau? Se Ele ajudar tal pessoa nisto, Ele estará sendo cúmplice do mal e se tornando mau. Por isto a vigilância é tão importante: ela implica em deixarmos o amor de Deus alcançar a vida das pessoas através de nós (Mt 24.44-46; Mc 13.33-37).
Agora você entende por que ninguém pode ser salvo pelas obras (Ef 2.8,9)? Enquanto a pessoa está julgando entre o bem e o mal (ver Gn 2.17), ela começa a querer exigir das pessoas um comportamento exemplar, se fechando ao amor de Deus para com elas.
Ou nos dispomos a amar, ou nos dispomos a exigir os nossos direitos e, portanto, a cobrar das pessoas.
Você pode dizer: “mas todos nós precisamos de bens para viver!”.
Sim! Por isto é que Deus se comprometeu a suprir todas as nossas necessidades em glória (Fp 4.19; Sl 127.2) se buscássemos ser o reino de Deus: para que não precisássemos depender do mundo, nem das pessoas, para termos nossas necessidades supridas e, deste modo, fôssemos livres para amá-las e viver a justiça de Deus (Mt 6.33).
A ideia é que façamos uso apenas do necessário e deixemos Deus usar as demais coisas que vêm às nossas mãos para nos aproximarmos das pessoas. Enquanto o mundo negocia pessoas, caráter e a presença de Deus em troca de bens, o servo de Deus negocia os bens a fim de se encher da presença e do caráter de Deus através das pessoas.
Agora você percebe o motivo pelo qual é a salvação é pela graça (pela vida de Cristo permanente em nós – Gl 2.20)? Porque, sem Ele, é impossível nos dedicarmos integralmente ao amor ao próximo (Jo 15.5), já que estaremos presos às nossas necessidades e desejos, com a obrigação de supri-los.
Foi esta a maldição que caiu sobre Adão quando ele comeu do fruto proibido (Gn 1.17,19): ele teria que se preocupar com o seu sustento, por não ser mais capaz de viver da fé (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Agora ele teria que decidir entre bem e mal e lutar para que o bem prevalecesse, tanto na sua vida, como na das pessoas. Aliás, o sistema jurídico foi estabelecido como uma tentativa do ser humano de tentar consertar o seu semelhante através do uso de métodos carnais.

3.11 – AGORA VOCÊ CONSEGUE ENTENDER POR QUE TEMOS QUE MORRER PARA NÓS MESMOS A FIM DE SEGUIRMOS A CRISTO (Mt 16.24; Rm 6.1-4)?

Sei que pode parecer duro e até absurdo Deus exigir isto de nós. Afinal, se Deus quer que tudo na nossa vida seja em espírito e voltado para as coisas celestiais (ver, por exemplo, Jo 4.23,24; Cl 3.1,2), então por que ele nos fez apenas espírito?
Quando a bíblia diz que a carne milita contra o espírito (Gl 5.17) ou para fazer morrer a natureza terrena (Cl 3.5), não está se referindo ao nosso corpo, mas sim ao nosso ego corrompido.
Entenda: quando Deus nos criou, soprou em Adão o fôlego de vida (Gn 2.7). Após o pecado, o ser humano rompeu com as 4 ligações que Deus deu para ele (incluindo consigo mesmo). Agora a alma e o espírito, que compunham o fôlego de vida, ficaram divididos (Hb 4.12), pois o pecado, agindo como um vírus, lançou seu “material genético” nas células da nossa alma, de modo que estas passaram a produzir cópias e mais cópias do mesmo. Em outras palavras, como o salário do pecado é a morte (Rm 6.23), nossa alma passou a produzir a nossa própria destruição.
Isto pode ser visto abaixo:

·         “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” (Gn 4.7)
·         “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma(1Pe 2.11 – concupiscência = desejo)

Para ser mais claro: nossa alma ficou corrompida e passou a desejar exatamente o que é ruim para nós. Tornou-se nossa inimiga. Veja:

·         “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” (Pv 14.12);
·         Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9).
·         “Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz.” (Rm 3.15-17).

3.12 – MAS ENTÃO, POR QUE DEUS NÃO NOS CRIOU PERFEITOS E SEM NADA PARA NOS TENTAR?

Deus nos criou perfeitos e apenas com desejos e sentimentos bons (Ec 7.29). E tudo que foi criado, tinha por finalidade confirmar a Palavra de Deus no nosso coração:

·         “Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida.” (At 5.20).

A princípio, o mais lógico de se esperar, é que o anjo ordenasse aos apóstolos que dissessem ao povo as palavras do reino dos céus. Então, porque anunciar as palavras desta vida?

·         “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” (Rm 1.20)

Como você pode ver, existe uma conexão entre tudo o que existe e Jesus Cristo.
O problema é que, infelizmente, o ser humano decidiu, como Caim, fugir de Deus e ser vagabundo (errante, sem ocupação para o bem – Gn 4.14). A partir daí, ele passou a ter que suprir seus desejos (como Deus pode suprir alguém que foge de tudo que Ele é, que não consegue sequer chegar perto Dele? – ver Gn 3.8,10; Dn 10.7).
É preciso que fique claro que cada um é tentado pela própria cobiça (Tg 1.13-15), a qual os leva a brigar e discutir com tudo e com todos (Tg 4.1-2). O nível de insatisfação em cada ser humano é tão grande que a pessoa se rebela até contra si mesma (daí os vícios), não aceitando seus próprios limites.
Quando as pessoas passam a esperar em Cristo apenas nas coisas desta vida (1Co 15.19), tal como a samaritana (que viu, na água viva, uma mera possibilidade de nunca mais ter que ir ao poço pegar água – Jo 4.15) ou os saduceus (que achavam que a vida no céu seria uma continuação da vida terrena – Mt 22.29,30), se tornam miseráveis.
Tudo o que vivemos aqui, todos os relacionamentos que construímos, são meras sombras daquilo que iremos viver no céu. Pode ter certeza que, no céu, os relacionamentos serão bem diferentes de tudo que se vê aqui. Para você ter uma ideia do que quero dizer, faço a seguinte ilustração (embora não seja boa, é o melhor que consegui pensar).
Imagine as pessoas num imenso teatro da vida real. Quando a peça acaba, cada um volta para sua família e afazeres originais. Enquanto estamos neste mundo, estamos desempenhando um papel. Quando Jesus nos chamar, nosso papel aqui terá terminado e tudo que entendemos por família e amizade ganhará um significado completamente novo.
Por isto o Espírito Santo nos salva por meio da Sua misericórdia, através da lavagem da regeneração e da renovação (Tt 3.4-6). É preciso que nossa ideia de bondade, compaixão, amor, paz, felicidade, etc. seja, purificada de todos os conceitos e valores errados que nos foram transmitidos.
Agora você compreende o motivo pelo qual o conhecimento da Verdade traz libertação (Jo 8.32)?

Nenhum comentário:

Postar um comentário