Graça e paz no
Senhor Jesus Cristo.
Ao conversar com um
grande amigo meu, vi a necessidade de fazer este estudo. Mesmo porque,
infelizmente, há muito equívoco no que se refere a isto. Vejo as pessoas
pregando uma salvação muito fácil. Contudo, você já analisou o currículo de
Pedro, antes do Pentecostes?
- 1. Ele havia deixado tudo para seguir Jesus;
- 2. Ele seguia Jesus por onde quer que Ele fosse;
- 3. Ele obedecia tudo que Jesus falava;
- 4. Foi discipulado diretamente pelo próprio Jesus por quase 4 anos;
- 5. Participou de todos os momentos da vida ministerial de Jesus;
- 6. Foi usado pelo Espírito Santo para expulsar demônios e curar enfermos (Lc 10.17);
- 7. Sabia exatamente quem Jesus era por revelação direta do próprio Pai (Mt 16.15-17).
Se você estivesse
(ou está, não sei) na condição de líder na igreja, com certeza chamaria uma
pessoa como esta para participar de algum ministério. No entanto, mesmo com
tudo isto a favor dele, ainda assim ele não era convertido:
"Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos
pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não
desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos." (Mt
22.31,32).
Jesus foi mais
além: disse que nenhum dos apóstolos O amava (Jo 14.28).
Assim sendo, no
intuito de tentar esclarecer sobre a salvação, aproveitei a oportunidade para
abordar temas que muitos consideram complexo, como a eleição e predestinação.
Espero facilitar a compreensão destes assuntos tão importantes, de modo que
você perceba que não é a Palavra de Vida que é difícil de entender, mas nós é
que somos tardios no entendimento em virtude de, muitas vezes, não recebermos
de bom grado a Palavra de Deus como os crentes de Beréia (Mt 13.15; At
17.10,11). De tão complicado que somos, tudo à nossa volta acaba parecendo ou
até ficando complicado.
Que Jesus lhe
abençoe,
Leonardo.
SALVAÇÃO: O QUE É E COMO CONSEGUI-LA?
Sumário
3.3 – O EXEMPLO DA PESSOA
QUE ACABOU SENDO ARRASTADA PELO RIO ENQUANTO TENTAVA SATISFAZER SUA COBIÇA
4.4 – MESMO QUE O HOMEM
TIVESSE LIVRE ARBÍTRIO E ESCOLHESSE ACEITAR JESUS, TAL ESCOLHA SERIA MALIGNA
4.5 – COMO É POSSÍVEL
ALGUÉM PECAR, JÁ QUE TODOS SÃO CRIADOS POR DEUS? SERÁ QUE ELE CRIA ALGUÉM MAU?
1 – O VERDADEIRO CONCEITO DE SALVAÇÃO
1.1 – O QUE VOCÊ IMAGINA QUE SEJA A SALVAÇÃO? EM QUÊ CONSISTE A SALVAÇÃO?
Salvar significa guardar, livrar, remir.
Salvação, contudo, não consiste, de forma
alguma, em isentar a pessoa de responder pelo mal que fez, mas sim a abertura
do Caminho em meio às consequências do pecado, de modo que pessoa seja capaz de
passar pela tribulação, sem pecar (1Co. 10.13):
·
“Jeová é tardio em irar-se, e grande em poder, e de maneira
alguma terá por inocente o culpado; Jeová tem o seu caminho no turbilhão e
na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.” (Nm 1.3);
·
“Não vos enganeis; de Deus não se zomba. Pois aquilo que o homem
semear, isso também ceifará: porque o que semeia na sua carne, da carne
ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida
eterna.” (Gl
6.7,8).
Todo mundo irá comparecer perante o tribunal
de Cristo para ser julgado segundo o bem ou o mal que tiver feito (Rm 14.10; 2Co
5.10).
A salvação de Deus consiste em tê-lO
continuamente nas nossas vidas, nos dando todas as condições para vencermos as
consequências dos nossos pecados através do Seu poder, sem jamais abrirmos mão
dos preceitos das Escrituras.
Em outras palavras, só podemos dizer que
estamos salvos quando temos prazer na vontade de Deus, bem como toda a
capacitação necessária para levá-la a cabo (Ef 2.12,13).
Isto acontece à medida que mantemos contato
contínuo com Jesus (ver Ez 19.5,6), sentindo dentro de nós tudo que Ele é.
Trata-se de orar, não de modo mecânico (como um ritual para tentar agradar a Deus), consoante aquilo
que queremos que Deus ouça e nos responda, mas sim conforme aquilo que Ele quer
comunicar a nós.
1.2 – DO QUE JESUS NOS SALVOU?
Do pecado.
Infelizmente, o diabo conseguiu perpetuar nas
igrejas o dito de que “se alguém chegar à perfeição, Deus o leva imediatamente
ao céu”.
Mentira! Jesus nos ordenou sermos perfeitos (Mt 5.48) e santos (1Pe 1.16) como o Pai e morreu
na cruz justamente para que a justiça da lei se cumprisse em nós (Rm 8.3,4). Basta vivermos e
andarmos no Espírito Santo (Gl 5.16,25) e Ele dará a força necessária ao nosso
espírito para vencer a carne (Gl 5.17).
Quem realmente nasceu de novo não é mais
escravo dos desejos da carne (Rm 6.14,22). Quem ainda peca é porque ainda não é de
Jesus (Rm
8.5-9)
e, portanto, não tem o Espírito Santo habitando em si (não está em Cristo
– 1Jo 3.5-9; 5.18).
Está ainda condenado a se afastar da luz (Jo 3.19-21) e, portanto, a ficar fora do Reino do Céu (1Co 6.9,10; Gl
5.19-21; Ef 5.3-6; Ap 21.8; 22.14,15).
Se o pecado fosse algo natural, então
continuaríamos condenados a fazer e sofrer o mal (Is 33.1; 2Tm 3.13; Tt 3.3) e o pior: a deixar
um rastro de morte por onde passamos (Dt 28.16,19; Pv 14.12; 16.25; Is 59.7,8; Rm 3.15-17;
6.23).
Para ilustrar como isto funciona,
quando Deus nos criou, Ele nos fez como um carro de luxo todo completo, com
boas peças e com tudo funcionando. Contudo, sem freio. A ideia é que Ele nos
conduzisse e cuidasse de nós. Neste caso Ele, em pessoa, seria o nosso freio.
Infelizmente, o ser humano decidiu
virar as costas pro Criador. A partir de então, dirigir com este carro se
tornou um verdadeiro horror, já que, ao menor desnível, ele se desgoverna,
vagando por aí atropelando a todos pelo caminho até se esborrachar e ir para o
inferno.
Quando Deus instituiu Sua aliança
com Moisés, Ele deu a lei que funcionaria como freio de mão. Embora a mesma
seja de grande ajuda (para conter a transgressão – Gl 3.19), no final, acabamos
usando a lei contra nós mesmos (Rm 7.9-13), para destruir aquilo que Deus criou para
ser bênção na nossa vida.
Felizmente, no que Jesus deu Sua
vida por nós, voltamos a ter o privilégio de sermos conduzidos diretamente por
Ele.
1.3 – O QUE É PRECISO PARA ALCANÇAR A SALVAÇÃO?
Entendendo que a salvação consiste em ser
liberto desse inimigo que se alojou dentro de nós (Rm 7.17,20,21) e que tanto nos odeia, a ponto de nos
colocar contra tudo e todos (incluindo contra nós mesmos), logo, qual é o
antídoto para este mal?
·
“Isto, portanto, digo e testifico no Senhor, que não mais andeis
como também andam os gentios na vaidade de sua mente, sendo obscurecidos no seu
entendimento, alienados da vida de Deus, pela ignorância que há neles por causa
do endurecimento do seu coração, os quais, havendo perdido todo o sentimento,
se entregaram à lascívia, para praticarem com avidez toda a imundícia. “ (Ef 4.17-19).
Se foi a perda do sentimento que os levou a
se entregarem ao pecado, obviamente, é a recuperação do mesmo que nos
libertará. Isto condiz com os versículos abaixo:
·
“O ódio excita contendas, mas o amor cobre todos os pecados.”
(Pv
10.12);
·
“Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e
grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos
dependem toda a lei e os profetas.” (Mt 22.36-40);
·
“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos
ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não
adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não
cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás
ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o
cumprimento da lei é o amor.” (Rm 13.8-10);
·
“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta:
Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gl 5.14);
·
“Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um
pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.” (Tg 5.20);
·
“Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros;
porque o amor cobrirá a multidão de pecados.” (1Pe 4.8)
Mas como recuperar o sentimento? Como ser
cheio deste amor?
Há um princípio pouco conhecido na bíblia que
eu chamo de “o princípio do leãozinho”:
·
“E TU levanta uma lamentação sobre os príncipes de Israel, e
dize: Quem foi tua mãe? Uma leoa entre os leões a qual, deitada no meio dos
leõezinhos, criou os seus filhotes. E educou um dos seus filhotes, o qual veio
a ser leãozinho e aprendeu a apanhar a presa, e devorou homens, e, ouvindo
falar dele as nações, foi apanhado na cova delas, e o trouxeram com cadeias à
terra do Egito. Vendo, pois, ela que havia esperado muito, e que a sua
expectação era perdida, tomou outro dos seus filhotes, e fez dele um leãozinho.
Este, pois, andando continuamente no meio dos leões, veio a ser
leãozinho, e aprendeu a apanhar a presa, e devorou homens.” (Ez 19.1-6).
Não existe escola para leões. O leãozinho
aprende a ser filhote através do convívio com os leões adulto. De igual modo, em
toda a história da humanidade, nunca houve escola. Antes, o conhecimento era
passado de pai para filho. Agora, com a modernidade é que, infelizmente, o amor
tem se esfriado do coração dos pais (conforme disse Jesus em Mt 24.12), os quais não têm
mais prazer em educar diretamente os filhos. A mídia conseguiu “emburrecer” os
pais, fazendo-os acreditar que não estão devidamente capacitados para ministrar
aos filhos, o que lhes agradou extremamente, já que agora tinham uma desculpa
para jogar seus filhos nas mãos de estranhos e, com isto, poderem correr após
suas ambições mesquinhas e ter a quem culpar caso seu filho venha a se tornar
um bandido.
Entretanto, a ideia é que o pai
transmitisse, não só o conhecimento que o sistema religioso chama de “secular”.
Infelizmente é difícil encontrar alguém que percebe que deve servir a Deus 24
horas, inclusive em sua casa e no trabalho. Basta pensar que o anjo, ao
libertar os apóstolos, ordenou que eles falassem das coisas desta vida (associa Rm 1.20
com At 5.18-20).
O pai deveria transmitir, junto com a verdadeira ciência (desmascarando a
falsa – 1Tm 6.20,21),
a parte sentimental, intelectual e espiritual. A ideia é que os filhos dessem
continuação ao ministério de Deus na vida dos pais (Dt 25.5,6), os quais, como todos, eram impedidos de
continuar por causa do pecado (ver Hb 7.23), já que, se as pessoas vivessem hoje o tanto
que viviam antigamente (até 969 anos – Gn 5.27), o acúmulo de conhecimento já teria
tornado este mundo insuportável, como se deu na época de Noé (contraste Gn 6.11-13;
com Is 47.10 e Ez 28.4,5,17).
Se este costume tivesse permanecido,
principalmente na vida daqueles que dizem crer em Jesus, os filhos seriam muito
mais gratos e apegados aos pais.
Entretanto, há uma palavra chave em
Ez 19.1-6: CONTINUAMENTE. Tal como se dá com o remédio. A pessoa deve manter a
dose sem parar. Do contrário, a bactéria pode se acostumar ao remédio e se
tornar resistente a ele.
De igual modo, se uma pessoa
mantiver contato contínuo com outra, deixando que os pensamentos e sentimentos desta
façam parte dela, ela passará a sentir algo especial por tal pessoa.
1.4 – ENTENDENDO COMO SE DÁ O PROCESSO DA SALVAÇÃO
Uma vez que a salvação consiste em
não nos revoltarmos contra Deus, a ponto de fazer o mal contra o próximo, só
porque não achamos justo uma situação, aparentemente adversa, que veio a nós, logo
o ingrediente principal da salvação é o amor a Deus e ao próximo (os dois
mandamentos de Jesus),
visto que, quem ama, cumpre automaticamente a lei (Rm 13.8; 1Jo 5.3). Afinal, quem ama não rouba, não mata, não
dá testemunho falso, não deseja a mulher ou algum bem do próximo, etc.
Entretanto, urge ressaltar que os
dois mandamentos devem estar presentes. Não adianta amar a Deus, sem disposição
para amar ao próximo. Isto causaria um enorme acúmulo de bênçãos e sabedoria na
tua vida que acabariam por te destruir, já que isto produziria soberba no teu
coração (daí
Deus condenar tudo que é elevado – Is 2.12-17; Hc 3.6; Lc 16.15), como se deu com
Uzias (2Cr
26.16)
e o diabo (Is
14.12-14).
Afinal, a soberba precede a ruína (Pv 16.18).
Seria como represar muita água:
acabaria arrebentando as comportas da represa; ou como soprar muito ar num
balão: a mesmo acabaria explodindo.
Por outro lado, não adianta tentar
amar o próximo como a si mesmo sem Jesus. É como abrir uma imensa torneira sem
haver água na caixa d’água. Deus é amor (1João 4.8,16). Logo, é IMPOSSÍVEL amar o próximo sem Jesus
(Jo
15.5).
A primeira coisa que precisamos é
ter Jesus no coração.
1.5 – MAS COMO TER JESUS NO CORAÇÃO?
Mantendo contato CONTÍNUO com Jesus.
Lembra do princípio do leãozinho?
Mas como manter contato com Jesus?
Considerando que nós somos a Casa do
Pai (1Co
3.16; 6.19; 2Co 6.16),
como foi que Jesus disse que todos os que Nele cressem seriam reconhecidos? Como
Casa de Oração (Is 56.7; Mt 21.13), não é mesmo?
Entretanto, não é qualquer tipo de
oração que é capaz de “deter o Criador” (ver Is 64.7). A oração não pode ser vista como um ritual
para se obter coisas. Antes, o nosso objetivo deve ser obter a oração.
Sei que isto parece esquisito, já
que o sistema religioso nos levou a acreditar que a oração é algo que parte do
coração do homem, o que é mentira (veja Rm 8.26). Além disto, oração não é apenas aquilo que
falamos com o Pai, trata-se de um momento de intimidade, onde também o Pai se
comunica conosco, não somente por palavras, mas por pensamentos, sentimentos,
visões, etc. É um momento de intimidade profunda, que toda Noiva “apaixonada”
anseia por ter com Seu Noivo. É triste como, em quase todos os casamentos, a
intimidade deixa de ser o objetivo final para ser um mero meio de obtermos
aquilo que desejamos (neste caso, o noivo não é mais o desejo supremo e único
da noiva – Gn 3.16).
A ideia é descansar e esperar em
Deus (Sl
37.7),
e não o contrário. Temos que nos lembrar de Deus nos caminhos Dele (Is 64.5), e não nos nossos.
Quando dizemos que o Espírito Santo habita em nós (1Jo 2.27), a impressão que temos é que Ele sai lá do
céu só para estar conosco. Entretanto, é o contrário: Ele habita em nós porque
nos levou para os lugares celestiais (Ef 1.3; 2.6) a fim de recebermos Sua virtude e poder (2Pe 1.3) após sermos
“sepultados” no corpo de Cristo (1Co 12.13).
À medida que vivemos no Espírito
Santo (Gl
5.16,25),
pensando e buscando a boa dádiva e o dom perfeito que vem do alto (Cl 3.1,2; Tg
1.16,17)
(ou
seja, ajuntando tesouros no céu – Mt 6.19,20), tudo que Deus é vai ficando
impregnado na nossa alma. Ainda mais se andarmos com Ele (Gn 5.22-24; 6.9;
17.1)
e Nele, tal como se faz com um amigo verdadeiro (Is 41.8; Jo 15.15; Tg 2.23).
Para ser mais exato: temos que
permanecer vendo e ouvindo o Espírito Santo operar (vivemos no Espírito Santo a fim de aprender com Ele) e andando em
conformidade com tudo isto (andar no Espírito Santo é permitir que Ele torne tudo
isto parte de nós).
É preciso que fique claro que não
adianta querer andar no Espírito Santo em lugar diferente ao que Ele projetou
para nós. Tal oração será como a da maioria dos religiosos deste mundo:
tentando convencê-lO a sair de onde está para ir ao lugar onde eles querem
ficar e ser bem sucedidos (daí se cantar nas igrejas: “vem, Espírito Santo”). Por outro lado, não
adianta viver no Espírito Santo aprendendo sempre, sem jamais querer conhecer
Esta Verdade dentro de si (2Tm 3.7).
É preciso nos agradarmos do Senhor (Sl 37.4) a ponto de
desejarmos conhecê-lO dentro de Si (assimilarmos Seus pensamentos, sentimentos e vontade) e sermos conhecidos
por Ele dentro de nós (Gl 4.9 – experimentarmos Seu poder atuando em nossa mente
e coração)
(ver Jo
15.4-7; 17.21-23).
Enfim, a partir do momento que nos
relacionamos com Jesus através da oração, com base na Sua vontade (Palavra – Mt
7.21-27; 1Jo 5.14),
pelo único interesse de sermos amigos Dele (pelo prazer que Sua companhia, caráter e sabedoria nos dá), se apegando a toda
a Sua gentileza, atenção e apreço por nós, passamos a tê-lO dentro de nós.
1.6 – E QUANTO A TER O PRÓXIMO NO CORAÇÃO? COMO CONSEGUIR ISTO?
Embora o princípio do leãozinho se
aplique também ao próximo, é preciso mais uma coisa: a presença do Espírito
Santo. Sem Ele, a presença contínua de alguém na nossa “casa” (nosso coração) acabará em inimizade
(Pv
25.17).
Daí a quase totalidade dos casamentos acabarem em divórcio ou em rotina, onde
um teme perder o outro, não porque goste dele, mas porque se acostumou a ele e
tem medo de que as coisas fiquem piores do que são (aliás, este é um grave mal da sociedade atual: não está
satisfeita com que tem, mas se acostuma com sua miséria, pelo medo que tem de
que fique pior do que já está. Não percebe que isto não é viver, mas morrer).
Para que você possa entender isto: de
nada adianta a pessoa querer se grudar na nossa alma se não existe O Amor (o Espírito Santo) para torná-la membro
nosso (Rm
12.5).
A pessoa ficará grudada em nós como piercing que, com o passar do tempo, vai lançando
substância tóxica no nosso organismo e dando ocasião para a proliferação de
bactéria.
Por outro lado, quando o Espírito
Santo nos une uns aos outros na Sua Palavra, não existe mais a ideia de um
querendo agradar o outro, nem querendo ser agradado por ele. Antes, enxergam,
um no outro, o recurso de que necessitam para poderem experimentar Deus agindo
ao seu redor através daquilo que Ele fez e ordenou em nós. Ou seja, uma pessoa
vai se apegando a outra, não porque ela, dela mesma, tem algo de bom para
oferecer, mas sim porque, o melhor de Deus para Sua (incluindo Sua verdadeira sabedoria), só pode ser
manifestado em companhia de outra pessoa (1Co 2.7-9); ou, se preferir, pelo imenso ardente que há
no coração da Noiva apaixonada em, mais uma vez, ver Seu Noivo amado em ação.
Um mantém contato contínuo com o outro pela expectativa de enxergar a
semelhança de Deus na vida do outro e na sua.
Em outras palavras cada um se apega
na presença, nos dons e na Palavra de Cristo que o Espírito Santo colocou na
vida do outro até que, por fim a identidade de Cristo seja marcada na vida de
ambos (Ap
14.1)
e, assim, todos possam ver a semelhança de Cristo na vida de ambos e,
consequentemente, o quanto os dois são semelhantes (Jo 13.34,35).
Creio que, agora, fica fácil
respondermos à seguinte pergunta:
1.7 – QUANDO ALGUÉM SE CONVERTE, PARA ONDE VOCÊ PENSA EM LEVAR ESTA PESSOA? O QUE SIGNIFICA LEVAR UMA PESSOA AS CRISTO?
Se pensarmos que nós somos o templo de Deus (1Co 3.16; 6.19;
2Co 6.16)
e que o pecado implica em rompimento de ligações, logo, levar alguém a Cristo é
trazê-la para junto de nós e ligá-las, através da Palavra de Deus, a cada uma
das pessoas que estão no nosso coração.
Tanto é assim que o ministério que Jesus nos
deu é o ministério da reconciliação (2Co 5.18-20). Sem contar que o Espírito Santo nos foi
dado para que sejamos sepultados em um corpo (1Co 12.13) a fim de sermos perfeitos em unidade (Jo 17.11,21-23). Note como tudo no
Reino de Deus gira em torno de repartir para sermos um (Lc 11.41). Esta é a ideia por
trás da santa ceia. Note que a ordem é para repartir o corpo e o sangue de
Cristo a fim de que, ao comer, possamos ser um em Cristo (Lc 22.17,19). Tal como Cristo,
devemos dar a nossa vida pelos irmãos (1Jo 3.16) a fim de que, no que alguém se alimentar de
nós, a pessoa seja uma conosco.
Para ser mais claro: temos que repartir toda
nossa vida entre os irmãos, de modo que eles possam se alimentar de tudo que
temos e somos (nosso tempo, força, energia, bens) e, deste modo,
possamos fazer parte do coração de cada um deles e, com isto, eles venham a
constituir o nosso corpo (Rm 12.5). Isto, sim, traz Jesus à memória de todos,
já que, ao assim proceder, estamos seguindo o Seu exemplo (1Pe 2.21-24).
1.8 – NO ANTIGO TESTAMENTO, ALGUNS GENTIOS TAMBÉM FORAM SALVOS. ENTÃO, O QUE MUDOU COM JESUS?
O Antigo Testamento era uma aliança firmada
na carne. Deus a instituiu a fim de nos ensinar (1Co 10.11; Rm 15.4) que é
impossível o ser humano viver os padrões de Deus por sua própria força. Mesmo fundando
uma instituição religiosa e se reunindo debaixo de um bloco de concreto regularmente,
ninguém conseguiu viver a salvação de Deus, mesmo estando num país onde a lei
era a Palavra de Deus e o povo, crentes no Deus verdadeiro.
Isto é para nos ensinar que a verdadeira
Igreja de Cristo é espiritual e a comunhão, algo que tem acontecer DENTRO de
cada ser humano. Na verdadeira comunhão, cada um que crê em Jesus se torna
membro dos demais e permite que estes façam parte de si o tempo todo, em todo
lugar (Rm 12.5).
Como ninguém mais tem vida própria (é Cristo
que vive neles – Gl 2.20), agora cada um enxerga o outro como dom (Ef 4.8)
necessário para experimentar Deus agindo dentro de si. Veja: Deus faz, de cada
um, membro nosso, a fim de que Ele possa operar, não simplesmente externamente,
mas principalmente no nosso interior. Na verdade, o amor ao próximo não é
apenas um trabalho na vida deste, mas uma circuncisão no coração, operada por
Deus (Cl 2.11), na vida de quem está a executá-lo.
Em síntese, antes de Jesus, a pessoas viviam
pela lei fazendo coisas externas para com o próximo a fim de tentar agradar a
Deus (Lv 18.5; Ez 20.11,13,21; 33.19; Rm 10.5). Hoje, o justo vive, aceitando fazer
parte do corpo de Cristo e, ao mesmo tempo, ser o corpo de Cristo (Rm 12.5), se
dispondo a trabalhar o interior da pessoa a fim de que o seu interior também
seja trabalhado.
2 – SEM JESUS, LIVRE ARBÍTRIO NÃO EXISTE!!! NINGUÉM PODE SALVAR-SE!
2.1 – NINGUÉM TEM LIVRE-ARBÍTRIO PARA ESCOLHER JESUS E SEU AMOR.
É muito comum falar-se em “livre-arbítrio” e
“aceitar a Cristo”. Todos temos um arbítrio. Porém, se este fosse livre para
escolher o bem, então não haveria necessidade de Jesus nos salvar. Além disto,
se somos livres, então por que sempre escolhemos o mal (Rm 3.9-18;
7.15-19; Pv 14.12; 16.25)? Por que demoramos tanto para “aceitar” Jesus? Porque
nos desviamos desde o ventre da mãe (Sl 58.3) e nossa imaginação é má desde a meninice (Gn 8.21)? A verdade é todos
estão debaixo do pecado (Rm 3.9), presos na desobediência (Rm 11.32).
2.2 – NÃO EXISTE ESTE NEGÓCIO DE ACEITAR A CRISTO.
Jesus foi claro para os apóstolos:
·
“Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? e um
de vós é um diabo.” (Jo 6.70);
·
“Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido;
mas para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra
mim o seu calcanhar.” (Jo 13.18);
·
“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi
a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a
fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” (Jo 15.16);
·
“Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas
porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.” (Jo 15.19);
·
“Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus;” (1Ts 1.4);
Jesus deixou claro que não foram os apóstolos
que escolheram Ele, mas sim o contrário. Além disto, 1Ts 1.4 diz que é Deus
quem elege. Note a ênfase de Paulo em dizer que não foi ele quem decidiu ser
apóstolo. Antes, ele foi CHAMADO por Deus para este ministério (Rm 1.1; 1Co 1.1;
2Co 1.1; Gl 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1; 1Tm 1.1; 2Tm 1.1). Isto, inclusive,
confirma que não somos nós que tivemos “boa vontade” em escolher ou aceitar
Jesus.
Se a salvação dependesse de aceitarmos a
Cristo, como ficaria a situação dos doidos, dos velhos esclerosados, dos
deficientes mentais, pacientes em coma ou com vida vegetativa, etc.? Os mais
sábios e nascidos em “berço de ouro” teriam muito mais oportunidades de
conhecê-lO.
E quanto às crianças que foram abortadas e àquelas
que morreram ainda bem pequeninas e, portanto, quando ainda eram incapazes de
discernir o bem e o mal? Se, pelo fato de o reino de Deus pertencer aos
pequeninos (Mt 18.3,4; Mc 10.14,15) significasse que todos eles iriam
automaticamente para o céu:
1º-
Haveria
possibilidade de a pessoa ser salva sem necessitar de ela reconhecer Jesus como
único e suficiente, Senhor, Salvador e tesouro da sua vida. Ou seja, era
possível chegar ao Pai sem passar por Jesus (Jo 14.6);
2º-
O
aborto e o infanticídio deixaria de ser um crime hediondo para se tornar um ato
heroico, já que a mãe, por amor ao seu filho, seria capaz de sacrificar todos
os bons momentos que poderiam ter juntos, só para que ele fosse pro céu.
Sem contar que, se a salvação
dependesse da nossa capacidade de decisão para o bem, estaríamos todos
condenados, já que, além de não haver ninguém justo e bom (Rm 3.9-18;
7.15-19),
todos são incapazes de buscar a Deus e conhecê-lO (Rm 3.11; 1Co 2.14-16).
·
“Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os
eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos.” (Rm 11.7).
·
“porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e
aniquilarei a sabedoria o entendimento dos entendidos. Onde está o sábio? Onde
o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a
sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua
sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da
pregação os que crêem.” (1Co 1.19-21).
·
“O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois
para ele são loucura; não as pode conhecer, porque são julgadas
espiritualmente.” (1Co 2.14).
Note como Israel, embora tivesse buscado a
salvação, acabou não conseguindo porque estava buscando pela carne.
2.3 – QUER DIZER QUE NÃO EXISTE A POSSIBILIDADE DO HOMEM MUDAR?
Ninguém é capaz de mudar por si mesmo!
Entretanto, Deus está sempre convidando a
pessoa a uma mudança. Aqueles que aceitam Seu chamado, vão sendo transformados
a cada vez que o Espírito Santo se manifesta na vida delas (2Co 3.18), até suas veredas
brilharem como se dá num dia perfeito (Pv 4.18).
A ideia é que as pessoas sintam falta de
Cristo, não só por causa da paz e felicidade que são trazidas pela Sua
presença, mas sim pela necessidade que têm de um sentido para suas vidas. Sem
Cristo, tal pessoa não vê nada para pensar, fazer, etc.
Conforme pode ser visto em Rm 8.19-22, todos (incluindo plantas
e animais)
clamam esperando serem libertos do cativeiro da corrupção para a liberdade da
glória dos filhos de Deus. Ou seja, todos nascem desejosos de receberem a
glória de Deus em si mesmos (Rm 3.23). Infelizmente, a maioria ignora este gemido
interior, tentando sufocá-lo com abundância material, prazeres da carne e
diversas atividades.
Em contrapartida, o mundo sempre tenta
seduzir os cristãos mais agradáveis e bem sucedidos a usarem os dons de Deus a
favor deles, sob a promessa de ser esta uma “estratégia” para que muitos se
entreguem a Cristo. Contudo, trata-se de uma forma sutil de manterem as pessoas
enganando a si mesmas, como se estivessem agradando a Deus quando, na verdade,
estão interessadas em obterem sucesso diante do mundo (e quem procura
receber honra de outras pessoas, é incapaz de crer – Jo 5.44).
Lembre-se que é a glória do Senhor (Is 11.9; Hc 2.14), fazendo a justiça
brotar da terra (Sl 85.11) e conservando o propósito de Deus (Rm 9.11), que verdadeiramente
irá confirmar a Palavra Dele, pregando-a nos corações (Mc 16.15).
2.4 – MAS A BÍBLIA NÃO DIZ QUE EXISTE POSSIBILIDADE DE A PESSOA PERDER A SALVAÇÃO?
Veja o aviso de Deus nas Escrituras:
·
“Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do
teu livro, que tens escrito. Então disse o SENHOR a Moisés: Aquele que pecar
contra mim, a este riscarei do meu livro.” (Êx 32.32,33);
Sim! O perdão que Jesus concede pode ser
revogado, como pode ser visto em Mt 18.31-35. O credor incompassivo, embora
tivesse sido perdoado, foi condenado a pagar toda a dívida por não ter perdoado
o seu conservo.
2.5 – VOCÊ PODE QUESTIONAR: MAS ISTO QUER DIZER QUE NOSSAS AÇÕES INFLUENCIAM A NOSSA SALVAÇÃO.
NÃO! Não são as nossas ações, mas sim a ação
de Deus em nós (Fp 2.12,13), como se vê abaixo:
·
“Respondeu-lhe o Senhor: Eu farei passar toda a minha bondade
diante de ti, e te proclamarei o meu nome Jeová; e terei misericórdia de quem
eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem me compadecer” (Êx 33.19);
·
“Pois a Moisés disse: Terei misericórdia de quem me aprouver ter
misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois,
não é daquele que quer, nem daquele que corre, mas de Deus que usa de
misericórdia.” (Rm 9.15,16).
Mas e quantos aos versículos:
·
“Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 24.13);
·
“No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino
para arrancar, e para derrubar, e para destruir, se a tal nação, porém, contra
a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que
pensava fazer-lhe. No momento em que falar de uma nação e de um reino, para
edificar e para plantar, se fizer o mal diante dos meus olhos, não dando
ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que tinha falado que lhe
faria.” (Jr
18.7-10).
·
“E eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel por sacerdote,
para oferecer sobre o meu altar, para acender o incenso, e para trazer o éfode
perante mim; e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos de
Israel. Por que pisastes o meu sacrifício e a minha oferta de alimentos, que
ordenei na minha morada, e honras a teus filhos mais do que a mim, para vos
engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo de Israel? Portanto,
diz o SENHOR Deus de Israel: Na verdade tinha falado eu que a tua casa e a casa
de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém agora diz o SENHOR:
Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me
desprezam serão desprezados.” (1Sm 2.28-30);
·
“Naqueles dias Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; e
veio a ele o profeta Isaías, filho de Amós, e lhe disse: Assim diz o SENHOR:
Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás. Então virou Ezequias o
seu rosto para a parede, e orou ao SENHOR. E disse: Ah! SENHOR, peço-te,
lembra-te agora, de que andei diante de ti em verdade, e com coração perfeito,
e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo. Então veio a
palavra do SENHOR a Isaías, dizendo: Vai, e dize a Ezequias: Assim diz o
SENHOR, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis
que acrescentarei aos teus dias quinze anos.” (Is 38.1-5);
·
“Mas os homens e os animais sejam cobertos de sacos, e clamem
fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência
que há nas suas mãos. Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se
apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos? E Deus viu as obras
deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que
tinha anunciado lhes faria, e não o fez” (Jn 3.8-10).
A princípio, a impressão que dá é que nossas
ações e orações podem mudar a decisão de Deus, ou, se preferir, que Ele está
condicionado àquilo que pensamos, sentimos, etc. Se assim fosse, Ele não seria
o soberano Senhor. Antes, poderia ser manipulado. Sem contar que, ao dizermos
que vamos interceder por alguém, dá a impressão que Deus tem acessos de ódio e
que, se nós intercedermos, Ele pode mudar de ideia. Em outras palavras, no
fundo, estaríamos dizendo que há momentos em que Deus tem maus pensamentos. É
esta a primeira impressão que se tem ao ler os trechos abaixo:
·
“Disse mais Jeová a Moisés: Tenho visto a este povo, e eis que é
povo de cerviz dura. Agora deixa-me, para que a minha ira se acenda contra
eles, e para que eu os consuma; e de ti farei uma grande nação. Porém Moisés
suplicou a Jeová seu Deus, dizendo: Por que se acende a tua ira contra o teu
povo, que tiraste da terra do Egito com grande fortaleza e com uma poderosa
mão? Porque diriam os egípcios: Para mal os tirou, a fim de os matar nos
montes, e a fim de os consumir da face da terra? Volve-te do furor da tua ira e
arrepende-te deste mal contra o teu povo. Lembra-te de Abraão, de Isaque e de
Israel, teus servos, a quem por ti mesmo juraste e disseste: Multiplicarei a
vossa descendência como as estrelas do céu, e toda esta terra de que tenho
falado, a darei a vossa descendência, e a herdarão para sempre. Então Jeová se
arrependeu do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo.” (Êx 32.9-14);
·
“Disse Jeová a Moisés: Até quando me desprezará este povo? Até
quando não crerão em mim, apesar de todos os prodígios que tenho feito no meio
deles? Eu os ferirei com uma epidemia e os deserdarei, e de ti farei uma nação maior
e mais forte do que eles. Respondeu Moisés a Jeová: Assim os egípcios o ouvirão
(pois
pela tua força fizeste sair este povo do meio deles), e o
dirão aos habitantes desta terra. Eles ouviram que tu, Jeová, estás no meio
deste povo; pois tu Jeová, és visto face a face, e a tua nuvem está sobre eles,
e tu vais diante deles de dia numa coluna de nuvem, e de noite numa coluna de
fogo. Se matares este povo como um só homem, as nações que ouviram a tua fama,
dirão: Porque Jeová não podia introduzir este povo na terra que lhe prometeu
com juramento, por isso os matou no deserto. Agora, pois, engrandeça-se o poder
do Senhor, segundo disseste: Jeová é tardio em irar-se, abundante em misericórdia,
que perdoa iniqüidade e transgressão, e não terá por inocente o culpado; que
visita a iniqüidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta geração. Perdoa
a iniqüidade deste povo segundo a tua grande misericórdia, e como tens perdoado
a este povo desde o Egito até aqui. Tornou-lhe Jeová: Conforme a tua palavra
lhe perdoei;” (Nm 14.11-20);
·
“Narrou esta parábola: Um homem tinha uma figueira plantada na
sua vinha, e foi buscar fruto nela, e não o achou. Então disse ao viticultor:
Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a,
para que está ela ainda ocupando a terra inutilmente? Respondeu-lhe: Senhor,
deixa-a por mais este ano, até que eu cave em roda e lhe deite estrume; se der
fruto no futuro, bem está; mas se não, cortá-la-ás” (Lc 13.6-9).
A princípio, parece que Deus é um tirano que ficou
magoado com Israel e intentou destruí-lo, mas que, através da paciência e da
compaixão de Moisés ou do viticultor, Ele se acalmou e decidiu voltar atrás (como se Deus fosse
um velho ranzinza e o intercessor, uma pessoa mais paciente, compreensiva).
Entretanto, Deus sempre quis perdoar Nínive,
Israel e a figueira. Como Ele é amor (1Jo 4.8,16) e bom (Lc 18.19), mesmo que Ele quisesse, Ele não poderia ter
maus pensamentos, pois não pode negar-se a Si mesmo (2Tm 2.13) e jamais muda (Ml 3.6; Hb 13.8). Além disto, se Deus quisesse realmente que
Ezequias morresse ou Nínive e Israel fossem destruídos, Ele o faria sem avisar
previamente. O que Deus queria é que todos vissem o amor Dele na vida de Moisés
e do viticultor, mesmo apesar das falhas deles.
Quanto a Ezequias, o que Deus queria era mais
uma ocasião para mostrar Seu controle sobre a natureza (fazendo o sol retroceder), bem como dar
oportunidade a Ezequias de buscar, Nele, uma restauração mais profunda do seu
lar. Note que não era para fazer uma ligeira preparação para a morte, mas sim
dar-lhe a chance de enxergar que, a razão da sua existência aqui, não era apenas
de restaurar de Israel nos seus dias. Antes, a obra que ele começou deveria ter
continuidade após seus dias serem cumpridos.
Mesmo que alguém pudesse ter um ódio extremo
por Deus a ponto de estudá-lO, só para poder desagradá-lO nas mínimas coisas, ainda
assim Ele continuaria a amá-lo com todo o Seu ser.
Em contrapartida, mesmo que você possa tentar
agradá-lO em cada segundo, nos mínimos detalhes, ainda assim o amor de Deus por
você não aumentará em nem um milímetro, pois Deus nunca dá Seu Espírito Santo
por medida (Jo 3.34). Antes, ama a todos intensamente.
Mas, e como explicar versículos:
·
“Os leõezinhos necessitam, e sofrem fome, Mas os que buscam
a Jeová, bem algum lhes faltará.” (Sl 34.10);
·
“É inútil que madrugueis, que tarde repouseis, que comais o pão
de dores: Aos seus amados ele o dá enquanto dormem.” (Sl 127.2);
·
“Eu amo os que me amam; E os que me procuram
diligentemente, me acharão.” (Pv 8.17);
·
“Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem
ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou
para os que o amam.” (1Co 2.9).
Deus não faz acepção de pessoas, nem tem um
jeito diferente de amar a cada um. O que acontece é que, quanto mais a pessoa
se distancia Dele, menos condições ela tem de experimentar o amor de Deus
dentro de si. É como acender uma lareira em dia de frio. Quanto mais distante a
pessoa se coloca dela, menos percebe o seu calor.
Infelizmente, muitos vêm Deus como um mero
chefe, que age baseado na situação que se apresenta diante dos Seus olhos, como
se Deus fosse um mero tomador de decisões.
Entretanto, Deus é um projetista, de quem
nada foge ao controle (Jó 42.2). E tudo que ele faz é no sentido de nos
salvar. Sua ação é sempre a mesma. O que acontece é que, quando o ser humano
decide se distanciar de Deus e do Seu amor, os benefícios que Ele prometeu não
conseguem mais chegar à pessoa, visto que Ele não irá forçá-los. Em
contrapartida, como Deus está sempre indo para resgatar a ovelha que se perdeu (seja de uma forma
doce ou severa),
se a pessoa se arrepender do mal, o bem a alcança porque Ele sempre esteve ali.
Em síntese: Deus sempre ama a todos com todo
o Seu ser. Nossa atitude influencia apenas nas “ferramentas” e instrumentos que
Ele irá usar para nos tratar (se através da vara ou do cajado). Entretanto, o
propósito de Deus em salvar e abençoar é imutável.
Para ser mais exato: Deus escolhe o melhor
meio para que possamos alcançar a verdadeira paz, felicidade e amor.
2.6 – OS MANDAMENTOS DE DEUS NÃO SÃO ATIVOS, MAS PASSIVOS
A prova disto está no trecho abaixo:
·
“Assim, pois, meus amados, do modo como sempre obedecestes, efetuai
a vossa salvação com o temor e tremor, não tão somente como na minha
presença, mas muito mais agora na minha ausência; pois é Deus o que opera
eficazmente em vós tanto o querer como o perfazer segundo a sua boa vontade.” (Fp 2.12,13).
Veja que Deus nos pede para operarmos nossa
salvação, mas, ao mesmo tempo, diz que Ele deseja operar em nós. Logo, o que
temos que fazer é cooperar com Ele, deixando-O operar Sua salvação em nós. Isto
lembra:
·
“E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo.
Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pôs em pé, e
ouvi o que me falava.” (Ez 2.1,2).
Aqui, tão logo o Espírito Santo ordena a
Ezequiel que fique de pé, Ele já o faz ficar de pé.
Além disto, veja:
·
“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” (1Jo 4.19);
·
“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em
que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos
pecados.” (1Jo
4.10).
Note
como não há como amarmos a Deus de modo ativo (por nós mesmos),
pois apenas Deus é amor (1Jo 4.8,16).
Não somos nós que amamos a Deus ou
que O aceitamos. Antes, é Ele quem nos concede Seu amor e aceitação. Nós tão
somente nos deixamos amar por Ele (recebemos Seu amor – daí o modo passivo).
Pense em uma criança de colo. Ela não sabe o
que é amar, nem como amar. Contudo, no que ela permanece no colo da mãe,
recebendo toda sua provisão e carinho e sorri para ela, esta criança já a está
amando. Tal mãe se sente querida em ver sua criança contente por estar juntinho
dela.
É diferente de uma criança que tenta fazer um
punhado de coisas para agradar a mãe. Ela, no fundo, está dizendo que não gosta
da presença da mãe, já que passa a maior parte do tempo longe dela, ainda que
pensando em fazer coisas por ela ou para ela. O correto, porém, é ela entrar em
concordância com a mãe e, JUNTAS, fazerem o que Deus quer que elas façam.
Para ser mais exato: ao invés de tentarmos
agradar a Deus, devemos nos esforçar para não desagradá-lO.
2.7 – COMPREENDE, AGORA, O QUE DEUS ENTENDE POR SER AMADO?
“Sorrindo” como uma criança em meio a tudo o
que acontece, ou seja, nos regozijarmos (1Ts 5.16) e darmos graças (1Ts 5.18) na presença Dele (1Ts 5.17) em todos os momentos, mesmo que:
1.
A
pessoa que Deus colocou na nossa vida não é exatamente a que queríamos (1Co 12.21,22);
2.
Os
dons e ministérios que Deus nos concedeu não era exatamente o que esperávamos (ver 1Co 12.14-18);
3.
O
talento e a mina que Deus nos outorgou pareça insignificante aos nossos olhos,
em vista daquilo que gostaríamos de fazer “para Jesus” (na verdade, não é
para Jesus que queremos fazer, mas para nós mesmos, a fim de convencermos os
outros e a nós que somos bons (o que é uma mentira, já que só Deus é bom – Mt
19.17)
– ver Mt 25.24,25; Lc 19.20,21).
4.
O
que Deus revelou não era exatamente o que queríamos ouvir (Is 30.9-11; Jr
5.30,31; 2Tm 4.3,4).
5.
Na
hora, a disciplina doa (Hb 12.11).
Orar implica em estarmos na presença de Deus,
termos relacionamento com Ele. Uma vez que Deus é amor (1Jo 4.8,16) e bom (Mt 19.17; Mc
10.18; Lc 18.19),
logo, cada momento da nossa vida, é uma revelação a mais de quem Deus é, bem
como a melhor forma que Ele encontrou para nos levar para mais perto Dele.
Enfim, Deus se sente amado quando desejamos ser
aceitos por Ele:
1) Através
dos laços de amor que Ele usa para nos atrair (Os 11.4);
2)
Através do Espírito Santo com Seus dons e
ministérios que Ele nos concede (Rm 8.14);
3)
Através dos talentos e da mina que Ele
entrega a nós para com elas negociarmos (Mt 25.14,15; Lc 19.12,13).
Detalhe: ao invés de negociarmos com pessoas para obtermos bens, negociamos os
bens para obtermos pessoas;
4)
Através da revelação da Sua Palavra (Tg
1.21; 1Jo 5.3).
5) Através
da Sua correção e disciplina (Pv 3.11,12; Hb 12.5-11).
2.8 – A SALVAÇÃO DE JESUS É COMPLETA. NÃO HÁ COMO SER MELHORADA.
Mesmo que não compreendamos Jesus e Seus
métodos de agir, devemos confiar a Ele todo o processo. Afinal, Ele não é o
alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim (Ap 1.8,11; 21.6; 22.13)? Ele também não é o
Caminho (Jo
14.6)?
Dele, por Ele e para Ele não são todas as coisas (Rm 11.36)? Tudo não foi criado por Ele, Nele e para
Ele (Cl
1.16)?
Logo, a salvação de Jesus é completa. É Ele,
e não nós, quem decidiu nos salvar (1Co 1.21). É Ele que opera (desenvolve) toda a nossa salvação (Fp 2.12,13). E tudo para isto
para nos levar para junto Dele (Ef 5.27; 1Ts 4.17). Tudo já está consumado (Jo 19.30) e, portanto, não há
nada que possamos fazer para modificar ou melhorar isto (glória a Deus por
isto!).
Tudo que precisamos fazer é aceitar o que Jesus fez por nós.
Já pensou se a salvação dependesse de nós?
Estaríamos perdidos, já que não há ninguém capaz de entender a Deus e às Suas
coisas (1Co
2.14-16; Ef 3.19; Rm 3.11), tampouco de as praticar (At 16.21). Além disto:
1.
Ninguém
conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho O quiser revelar (Mt 11.27);
2.
Ninguém
pode vir a Jesus se o Pai não o trouxer (Jo 6.44).
Ou seja, é o Pai que vai falando,
ensinando (Jo
6.45)
e conduzindo a pessoa até Jesus a fim de que ela possa enxergá-lO através da
face Dele (Jo
1.18; 2Co 4.3,4).
Tanto é assim que Paulo, em Gl 1.15,16, deixa claro que ele foi convertido no
momento que aprouve a Deus revelar Seu Filho a ele. Sem contar que:
1.
é
Jesus, e não outro, que apresenta a Igreja a Si mesmo (Ef 5.25-27);
2.
é
Deus que abre os ouvidos de alguém para atentar à palavra que está sendo
pregada (At
16.14);
3.
é
Deus quem dá arrependimento para conhecer a verdade a fim de que possam
despertar, desprendendo-se dos laços do diabo (2Tm 2.25,26);
4.
é
Deus quem acrescenta à Igreja, dia a dia, aqueles que hão de se salvar (At 2.47);
5.
é
Jesus quem nos dá o ensino e verdadeira ocupação que nos permitirá achar o
descanso para a nossa alma (Mt 11.29; Ef 4.20,21);
6.
não
é do homem, o seu caminho, nem do homem que caminha, a capacidade de dirigir
seus passos (Jr 10.23);
7.
é
Deus quem nos justifica (Rm 8.33).
Além disso, Paulo é
muito claro: quem nos elege é a graça de Deus:
·
“Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo
a eleição da graça.” (Rm 11.5).
2.9 – TOMANDO O DIABO COMO EXEMPLO DE COMO DEUS TRABALHA OS SERES QUE ELE CRIA
Veja o
exemplo o caso do diabo:
·
“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de
vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade,
porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é
próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” (Jo 8.44).
O que é ser homicida? Como o diabo pode ser
homicida desde o princípio, se ele não assassinou nenhum anjo? Homicida é
aquele que tenta encher alguém de coisas boas sem Jesus Cristo. No mundo
se diz: “o que é achado não é roubado” e “o que não é ninguém, então pode ser
meu”. Isto não é verdade! Se algo não está em poder de ninguém, então pertence
a todos. No que eu pego para alguém ou para mim, estou privando os demais
disto.
O diabo tentou dar a alguns anjos e a si,
mais do que era para ser dado. Este excesso de benefícios (tirar de uns para
dar a outros)
é injustiça (Ez 28.18; Lc 16.15) e contribuiu para a 3ª parte dos
anjos irem dependendo de Deus cada vez menos, até se afastarem completamente
Dele, ou seja, fazerem tudo sem receberem qualquer coisa diretamente Dele, sem
ouvirem Sua voz, dependendo apenas dos seus dons, talentos, recursos,
habilidades, conhecimento e sabedoria. É isto que significa estar separado de
Deus (ou, se
preferir, morte espiritual – quando Deus se cala (Jó 34.29,30; Sl 50.21; Is
57.11)).
Por isto Adão morreu no dia em que pecou: ele passou a ter que viver do próprio
suor (Gn
3.19),
e não mais da provisão de Deus (Sl 127.2; Mt 6.33; Fp 4.19).
E se não há interesse em ouvir o que Deus tem
para dizer, então qualquer bem que a pessoa intente fazer, sempre terá como
referência os seus interesses. Isto é morte!
Por isto o cavaleiro do cavalo amarelo (Ap 6.8) se chamava Morte:
porque ele passou a ter, em si mesmo, o poder de manipular pessoas (guerra), fenômenos naturais (para causar fome), pragas (pestes) e animais da terra
para causar a morte.
Entretanto, quando Deus criou o diabo, o fez
para ser o aferidor (selo) de medidas (Ez 28.12), o ungiu para cobrir (proteger) a Sua glória (Ez 28.14,16). Entretanto, no que
ele começou a se desviar do princípio contido na Escritura Sagrada:
a)
Ao
invés de ser aquele que conferia rigorosamente para que nenhum anjo saísse um
milésimo de milímetro sequer da reta justiça de Deus, agora ele aferia
rigorosamente para que nenhum anjo permanecesse 100% dentro da justiça de Deus.
Ou seja, ele era o ministro da justiça do reino de Deus;
b)
Ao
invés de cobrir a glória de Deus a fim de que nada a contaminasse (profanasse), agora ele cobria a
glória de Deus para que ninguém a visse (Mq 2.9; 2Co 4.3,4). Ele era o legítimo intérprete da lei (aferindo cada
medida)
a fim de que ninguém pudesse interpretar errado a vontade de Deus e, deste
modo, passasse a enxergá-lO do modo errado.
Infelizmente ele foi, aos poucos,
achando que podia fazer isto sem o próprio Deus em pessoa.
Quanto à expressão “desde o princípio”,
retrata que o diabo se corrompeu desde a Palavra de Deus pura (Jesus é a Palavra,
que é desde e no princípio – Jo 1.1; 1Jo 1.1; compare Gn 1.1 com 2Pe 3.5, por
onde podemos concluir que “no princípio” significa “na palavra”). Ou seja, ele foi
criado perfeito (Ez 28.15) e para ser a referência da justa medida de
Deus (Sua
Palavra – Ez 28.12).
Porém, foi a partir desta palavra que teve origem a corrupção dele (Ez 28.17).
Muitos, como o diabo, tentam se esforçar para
agradar a Deus a fim de poderem, após entrarem no reino de Deus, se apoderarem
Dele com violência (Mt 11.12; Lc 16.15). Mas como, se a pessoa não consegue
suportar a luz de Cristo? Ela vai introduzindo dúvidas nos corações das pessoas,
até que as mesmas passem a enxergar os ensinamentos de Jesus de modo
interesseiro e, com isto, se afastem do próprio Jesus em pessoa, ainda que
conservando Sua Palavra.
Para ilustrar isto, imagine um casal que se
ama e está junto 24 horas um com o outro. Se, em um dado momento, o marido
deseja algo diferente da mulher, neste momento ele não estará com ela. Já se
separaram, ainda que por pouco tempo. Se nada for feito, todavia, o homem
conseguirá achar mais momentos “agradáveis” longe da esposa e vice-versa, até
estarem completamente isolados um do outro.
Entenda: enquanto Deus age em cima do amor, o
diabo atua na prostituição. O objetivo do diabo é sempre no sentido de isolar (primeiro ele
separa em grupos grandes, depois em menores, até estarem completamente isolados
um a um).
A questão é sempre reduzir para facilitar o controle.
É claro que ele age de modo sutil (2Co 11.13-15). Ao invés de tentar
quebrar os relacionamentos sadios que Deus nos deu, ele nos induz a prostituir,
ou seja, a estabelecermos inúmeras ligações que nada têm haver com o plano de
Deus para nós (1Co 6.16). Observe que a pessoa que se prostituiu com
outros deuses (Dt 6.14; 7.4) e com muitas nações (Ez 16,26,28;
27.33)
é aquela que tentou fazer uma série de compromissos que só seriam canseira e
opressão em suas vidas (Mt 11.28). Prostituição são relacionamentos impuros,
onde um tenta conciliar seus interesses com os do outro sem, no entanto, haver
humilhação e a perfeita unidade.
Para isto, ele vai induzindo as pessoas a
enxergarem Deus de um modo diferente. No que se refere a salvação, a questão
não é só reconhecer quem somos. Se isto não é fruto do nosso contato com Deus,
então qual a referência que estamos adotando para descobrirmos quem somos?
Veja a diferença entre a oração do fariseu e
a do publicano (Lc 18.9-14). O fariseu dava graças por aquilo que ele
achava que era, enquanto que o publicano implorava o perdão de Deus em virtude
daquilo que Deus é. Lendo aqui, a pessoa pensa que o publicano saiu justificado
apenas porque reconheceu suas falhas e implorou o perdão de Deus. Todavia, se
este gesto não for um ato de contrição (arrependimento motivo pelo amor de Deus), tal pessoa está, na
verdade, induzindo em si mesma um falso arrependimento que nenhuma
transformação irá operar no seu caráter, deixando a pessoa enganada com a falsa
de ideia de que está salva da morte eterna.
Pode crer: nada há que você possa fazer para
ser salvo.
3 – O PROCESSO USADO POR DEUS PARA SALVAR A PESSOA
3.1 – COMO SE DÁ A SALVAÇÃO?
·
“Portanto, agora nenhuma condenação
há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas
segundo o Espírito.” (Rm 8.1).
E que condenação é esta?
·
“E a condenação é esta: Que
a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as
suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem
para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” (Jo 3.19,20).
Aquela pessoa que está em Cristo (vivendo no
Espírito Santo – Gl 5.25), andando segundo o Espírito Santo (Gl 5.16), não tem mais prazer
nos desejos da carne e, portanto, não está mais condenada a amar as trevas. O
Espírito Santo se une ao espírito dela (1Co 6.17), de modo que passa a desejar exatamente
aquilo que acabará com todo o prazer que tinha em ver a carne no controle.
A presença do Espírito Santo em nós (Tt 3.4-6), portanto, nos
mantém a salvo da prática do pecado (incluindo aqueles “pecadinhos” que muitos consideram
normal)
que traz a morte a nós e a todos que nos rodeiam (Rm 6.23). Ou seja, a salvação é a contínua
manifestação da bondade e misericórdia de Deus em nossas vidas (Sl 23.2), a qual mantém o
nosso coração guardado no amor de Deus (Pv 4.23).
3.2 – POR QUE DEUS NOS CRIOU PARA DEPENDERMOS DELE?
Isto não parece tirania?
Não! É amor! Ele nos criou porque está
disposto a trabalhar em nós e por nós. Tirania é quando queremos a pessoa
atrelada a nós para sugá-la.
Além disto, sem Cristo, só haveria duas
hipóteses:
1)
Ou
não dependeríamos de nada. Para isto precisaríamos ser deuses. Mas como Deus
poderia criar um deus? Se é um ser criado, então já não é Deus. Além disto, se
não é para dependermos de nada ou de ninguém, vivendo sempre em plena
satisfação, que sentido teria nossa vida neste mundo? Seríamos seres isolados,
onde ninguém faz diferença na vida de ninguém. A vida só tem sentido quando conseguimos
sentir a diferença que Jesus e Sua Palavra fazem na nossa vida através de cada
pessoa que Ele colocou, as quais passam a ter um significado todo especial;
2)
Ou
iríamos depender de outra coisa. Mas se é para depender de outra coisa ou
alguém, o que seria melhor do que Deus para nossa esperança ou satisfação?
Para entender melhor este processo, façamos
uso da seguinte ilustração:
3.3 – O EXEMPLO DA PESSOA QUE ACABOU SENDO ARRASTADA PELO RIO ENQUANTO TENTAVA SATISFAZER SUA COBIÇA
Pense em uma pessoa que, querendo se
sobressair, ainda que às custas dos outros, caiu no rio do engano e está sendo
arrastado pela correnteza, a qual termina em uma cachoeira. Ela não tem
celular, nem nada do gênero e, portanto, está condenada. Felizmente alguém se
importa com ela e decide enviar o helicóptero para salvá-la. Chegando ao lugar,
as pessoas do helicóptero lançam para ela uma corda eletrônica (suponha que
exista).
Ela tem 3 opções:
1.
Ignorar
a corda e seguir rumo à sua condenação. Muitos gostam de seguir o curso deste
mundo (Ef
2.1,2)
(pelo
menos enquanto não estão sendo as vítimas). Apenas quando acontece alguma
calamidade é que se dispõem a remar contra a correnteza. Porém, logo cansam de
serem “bonzinhos” e, novamente, se sujeitam a seguir o curso estabelecido pelo
diabo;
2.
Tentar
subir pela corda. Como seu braço não tem força suficiente, ela acabará caindo
de volta no rio. Mesmo que ela se disponha a tentar de novo, logo suas forças
sucumbirão e cairá novamente. E assim ficará: subindo, caindo, subindo, caindo,
até cair de vez na cachoeira. Trata-se da pessoa religiosa, que tenta obter a
salvação através das obras (Ef 2.8,9);
3.
Deixar
que esta corda se amarre na sua cintura para que o pessoal do helicóptero puxe.
Como eles tem vários recursos disponíveis, conseguirão puxar a pessoa para cima
e levá-la a um lugar seguro.
Espiritualmente é a mesma coisa. A maioria
das pessoas, pelo prazer que têm nas suas más obras (Jo 3.19-21), prefere se deixar arrastar pela vida
secular rumo à morte eterna. Muitos, ao invés de se chegarem a Deus para serem
“curados” (2Cr
30.6; Is 45.22; 57.19; Os 14.1,4), preferem achar um novo motivo de ânimo para
vencer o cansaço (Is 57.10) e se fortalecerem com a força dos ímpios e
os recursos deste mundo (Is 30.1-3; 31.1-3) (como se a mentira pudesse servir de refúgio e a falsidade
de esconderijo (Is 28.15; Sl 56.7; 62.10,11; Pv 12.3; Ec 8.8; Zc 7.13)) a fim de vencer a
opressão (Mt
11.28).
Alguns tentam, inutilmente, mudarem suas
vidas através da religião, buscando serem prósperas nesta vida e herdarem a
vida eterna.
Entretanto, esta é uma guerra que não é para
ser vencida (Lc 14.28-33). Antes, é para renunciarmos a tudo quanto
temos a fim de que Deus possa fazer de nós uma nova criatura (Jo 3.3; 2Co 5.17) e nosso “sal” nunca
venha a se degenerar (Lc 14.33,34).
Para entender isto, precisamos recordar o
conceito de parente remidor.
3.4 – O PARENTE REMIDOR
·
“Quando teu irmão empobrecer e vender alguma parte da sua
possessão, então virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que vendeu
seu irmão.” (Lv 25.25).
Para que você possa assimilar melhor este
conceito, tomemos Boaz como exemplo:
·
“Então [Boaz] disse ao remidor: Aquela parte da terra que foi de
Elimeleque, nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, está
vendendo. E eu resolvi informar-te disso e dizer-te: Compra-a diante dos
habitantes, e diante dos anciãos do meu povo; se a hás de redimir, redime-a, e
se não houver de redimir, declara-mo, para que o saiba, pois outro não há senão
tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse ele: Eu a redimirei. Disse
porém Boaz: No dia em que comprares a terra da mão de Noemi, também a comprarás
da mão de Rute, a moabita, mulher do falecido, para suscitar o nome do falecido
sobre a sua herança. Então disse o remidor: Para mim não a poderei redimir,
para que não prejudique a minha herança; toma para ti o meu direito de
remissão, porque eu não a poderei redimir. Havia, pois, já de muito tempo este
costume em Israel, quanto a remissão e permuta, para confirmar todo o negócio;
o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho
em Israel. Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato.
Então Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois hoje testemunhas de que
tomei tudo quanto foi de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom, da mão de Noemi,
E de que também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom,
para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança, para que o nome do
falecido não seja desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar;
disto sois hoje testemunhas” (Rt 4.3-10).
Noemi tinha perdido seu marido e os dois
filhos (um
dos quais era marido de Rute), vindo a empobrecer. Boaz, por amor ao
Criador, compra tudo o que era do seu marido e se casa com Rute a fim de
cumprir a lei do levirato (que se acha em Dt 25.5,6). A ideia é que, ao
invés de se tornar escravo de pessoas estranhas, aquele que se empobreceu
pudesse ser assistido pelo seu parente mais próximo.
Deus concedia a este as condições necessárias
para poder remir seu irmão. Assim, ele comprava suas propriedades e, até mesmo,
suas vidas (dependendo do caso). Era a oportunidade do parente
remidor de trabalhar o amor de Deus, expresso em Sua Palavra, em cada uma
daquelas vidas, de modo que eles tivessem condições de se arrependerem, se
converterem e voltarem novamente para Cristo.
Tal como Daniel intercedeu por Israel, ao ver
que eles ainda não estavam preparados para a liberdade que Deus estava para
lhes dar (Dn
9.2-19),
o parente remidor deveria se colocar na brecha que havia em cada coração (Ez 22.30) a fim de que, quando
chegasse o ano do jubileu (quando, então, o parente remidor poderia devolver as
propriedades e a liberdade para seu irmão e família – Lv 25.25-28), eles pudessem,
agora, fazer bom uso da liberdade e dos bens que Deus lhes deu.
Era para ser alegria de ambos os lados:
1)
Do
lado do parente remidor:
a)
Antes
do jubileu: Alegria em poder ajudar seu irmão empobrecido a reencontrar o
caminho da Verdade e da Paz com Deus;
b)
Depois
do jubileu: Alegria em poder restituir a seu irmão tudo que o diabo lhe roubara
e vê-lo livre para ser usado novamente nas mãos de Deus;
2)
Do
lado do irmão empobrecido:
a)
Antes
do jubileu: Alegria em experimentar o amor e o cuidado de Deus por ele através
de bondade existente no coração do seu parente. Alegria em poder continuar
sendo usado por Deus, para servir a alguém tão especial e querido, naquilo que
Deus designou para ele, apesar dos pecados cometidos.
b)
Depois
do jubileu: Alegria em ser novamente livre para ir por onde quer que Deus o
quisesse, a fim de manifestar Sua glória em toda a terra (Is 11.9; Hc 2.14)
Hoje, Jesus é o nosso Parente Remidor. Ele
comprou a nós e a tudo que temos com Seu sangue (1Co 6.20; 1Pe 1.18,19) a fim de que fôssemos Dele (2Tm 2.19) e, assim, pudéssemos
viver para Ele (1Jo 4.9). Quando, finalmente, a morte for vencida,
então Jesus nos deixará livres na presença do Pai (1Co 15.26-28).
3.5 – MAS POR QUE A NECESSIDADE DE SEREMOS COMPRADOS?
Comprar significa adquirir algo com
sacrifício. O que esta expressão quer dizer é que Jesus sacrificou (dedicou e dedica) Sua vida a fim de
que aceitemos ser Dele. Em outras Palavras, Ele nos salva dedicando
integralmente Sua vida a fim de confirmar Sua Palavra a cada momento. Para ser
mais exato: ele compra cada momento nosso, de modo que Ele possa viver estes
momentos, manifestando Sua pureza e santidade através de Sua glória.
·
“Não obstante, ele os salvou por amor do seu nome, para fazer
conhecido o seu poder.” (Sl 106.8);
·
“Pois não conquistaram a terra pela sua espada, nem o seu braço
os salvou, mas a tua destra e o teu braço, e a luz da tua face,
porquanto te agradaste deles.” (Sl 44.3);
·
“Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as
nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi
dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” (2Tm 1.9).
Note como Deus nos salva segundo Seu
propósito e graça, a fim fazer conhecido Seu poder e a luz da Sua face. Logo,
ao invés de acharmos nossa vida neste mundo (Mt 10.39), a destra, o braço e a luz de Cristo (ver 2Co 4.3,4) devem achar lugar em
nós para poder se manifestar. Isto é que nos livra de pecar.
3.6 – NÃO SE FAZ FORÇA PARA OBEDECER, MAS SIM PARA PASSAR POR CIMA DOS PRECEITOS BÍBLICOS
O correto é confiar por completo em Jesus. A
verdade sempre vem ao nosso encontro. Infelizmente, muitos a DETÉM (Rm 1.18). Daí o pecado ser
chamado de REBELDIA, pois não se trata apenas da incapacidade do ser humano de
fazer o bem, mas principalmente da sua REVOLTA contra tudo aquilo que é bom (Jo 3.19-21).
Muitos acham que a Palavra de Deus é
contrária a nós e que, para não pecarmos, é necessário um esforço enorme. Pelo
contrário: o pecado é que exige de nós um esforço descomunal. Se assim não fosse,
o pecado seria uma fatalidade inevitável, e não um ato de rebeldia.
A verdade é natural (Rm 1.18) e só não chega até
nós se fizermos força para detê-la. Por isto Deus nos ordena descansarmos e
esperamos Nele (Sl 37.7; Is 30.15). Se nos limitarmos ao descanso, o amor de
Deus, de uma forma ou de outra, acabará nos tomando (já que a terra está cheia da glória e da bondade do
Senhor – Sl 33.5; 40.5; 119.64; Is 6.3). Só não enxergam isto porque, muitos, não
aceitam o tratamento de Deus e tentam passam por cima dos preceitos bíblicos (ver Dt 8.2,3).
Esteja certo: sempre que alguém peca, está
dizendo que Deus é injusto, insensível e, portanto, não se importa com aquilo
que estamos sofrendo (Ml 3.13-15). Com base nisto, a pessoa decide agir por
conta própria, mesmo que precise violentar a si própria (1Sm 13.12). Deus sempre tem seu
caminho na tormenta e na tempestade (Na 1.3; 1Co 10,12,13), mas a pessoa acha muito melhor
elaborar estratégias para roubar, matar e destruir (Jo 10.10), mesmo que isto signifique dar-Senhor em
sacrifício ao diabo que detém o império da morte (Rm 6.23; Hb 2.15).
Quando a pessoa nasce, ela é introduzida no
caminho da vitória, a saber, aceitando tudo que os pais lhe dão, sem se
rebelarem. Se ela parasse de ficar julgando entre o bem e o mal e fosse apenas
recebendo o que lhes vem à mão, sem jamais abrir mão da pureza de coração (a saber, mantendo
os olhos fixos em Jesus – Hb 12.1,2), ela nunca precisaria se preocupar com sua
manutenção. Deus continuaria usando pessoas para cuidarem dela (é este o verdadeiro
sentido do trabalho).
E o melhor: no que ela permanecesse no lugar que Deus fez para ela, fazendo
aquilo para o que Deus a criou, do jeito Dele e pelo poder Dele,
consequentemente, tudo o que realmente ela precisasse viria naturalmente.
Por isto é que Paulo disse:
·
“Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa
vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.” (2Pe 1.10);
Como fazer nossa vocação e eleição cada vez
mais firmes?
3.7 – É DEUS QUEM OPERA A SALVAÇÃO NO HOMEM (E NÃO O HOMEM QUE, RECEBENDO AQUILO QUE DEUS DÁ, TEM A OBRIGAÇÃO DE SALVAR A SI MESMO)
Para você entender a ideia, assim como o
corpo físico precisa de exercício físico para se desenvolver, o espiritual
também. A diferença é que, no corpo físico, somos nós quem nos esforçamos,
enquanto que, no espiritual, o esforço é por conta do Espírito Santo. Como os
“músculos” do corpo espiritual são constituídos da Palavra de Deus, é a
manifestação contínua dela na nossa vida que mantém nosso corpo espiritual
saudável e forte (ver 1Co 15.44).
3.8 – A SALVAÇÃO DE DEUS NOS ALCANÇA, QUANDO DESCANSAMOS E ESPERAMOS ELE OPERÁ-LA EM NÓS (Sl 37.7; Ef 2.12,13)
Quando isto acontece, nossa posição de
descanso também muda. Antes, cumprir a palavra de Deus era um esforço enorme;
agora, a pureza e a santidade de Deus é o que nos deixa descansado.
Quando falo em descanso, não confunda com o
descanso carnal, o qual é traduzido por ficar sem fazer nada útil. O descanso
espiritual nos que creem é um ânimo sobrenatural para fazer o que é bom e
aceitável diante de Deus. A alegria no coração da pessoa é tão grande que ela
não se cansa, nem se fatiga (Is 40.31), mesmo em meio a muita atividade.
Se ao invés de tentarmos nos afastar do
desconforto material, deixarmos Jesus se aproximar de nós com a Sua Palavra e
as pessoas que Ele quiser trazer até nós, Sua ceia será real na nossa vida (Ap 3.20) e Sua Palavra que
salva, enxertada em nós (Rm 1.11; Tg 1.21).
Para que possa ficar mais clara a ideia da
salvação, comparemo-la com o que se dá no casamento.
3.9 – ILUSTRANDO A FORMA DE DEUS NOS SALVAR ATRAVÉS DA FIGURA DO CASAMENTO
Já parou para pensar no motivo de os anjos
tanto atentarem para a submissão da esposa (simbolizada pelo véu – 1Co 11.10)? É porque o casamento
é o retrato perfeito da salvação de Deus (ajunte Ef 5.31-32 com 1Pe 1.9-12). Uma vez que o
mistério de Deus é a Igreja (Cristo em nós, a esperança da glória de Deus em cada vida
– Cl 1.26,27; 2.2,3),
a qual é comparada com o casamento (1Co 11.3; Ef 5.25-27), logo a postura da mulher com relação
ao marido é um retrato perfeito do que vem a ser a salvação.
Mas, em que consiste a submissão? Não se
trata da mulher tentando fazer algo para agradar ou ajudar o homem, mas sim ela
aceitando ser trabalhada por ele, se esforçando para não desagradá-lo.
Veja o caso de Israel, a “esposa” de Deus (Ez 16.2,3,8). O que fazia dela
formosa era a glória de Deus na vida dela (Ez 16.14). Quando ela nasceu, estava toda
ensanguentada, suja, abandonada, desprezada (Ez 16.4-6). Ela não se tratou. Deus não exigiu isto
dela. Antes, Ele cuidou dela.
Foi exatamente isto que Jesus fez conosco (Ef 5.25-27). Ele se entregou a
nós para nos apresentar a Si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível, através do lavar regenerador e
renovador do Espírito Santo (Tt 3.4-6). É este o ministério que Deus quer fazer
através de nós (Jo 13.14; 2Co 11.2).
Isto é que é autoridade: é o homem se dedicando
à mulher para trabalhar a imagem e semelhança de Deus, que recebera de Cristo,
na vida dela. A mulher se submete ao marido, deixando que ele coloque toda sua
glória nele (1Co 11.7), se deixando possuir por ele.
Entenda: quando o homem pecou, ele ficou
destituído da glória de Deus (Rm 3.23) e, portanto, deixou de ser Sua imagem (Gn 1.26,27), ficando
impossibilitado de resplandecer Sua glória. No que Jesus morreu na cruz, o ser
humano passou, através de Cristo, a possuir o privilégio de ter a glória do
Senhor habitando em si (daí o nome de Jesus ser Emanuel – Mt 1.23; 1Co 3.16).
Logo, os que creem, voltam a ser a glória de
Deus (o
receptáculo para contê-la – daí Is 60.1-3; Mt 5.14-16; Ap 21.24), o que permite,
assim, que todos possam enxergar a face Dele (Êx 34.29,30) (lembre-se que a glória de Deus é a própria face Dele (Sua
presença e caráter – Êx 33.18-20)). Daí 2Co 3.18:
·
“Mas todos nós, com rosto sem véu, contemplando como em espelho
a glória do Senhor, somos transformados na mesma imagem de glória em glória,
como pelo Senhor o Espírito”.
É isto que significa ser revestido de Cristo (Rm 13.14).
Mas, e quanto a semelhança de Deus? Quando
Deus repreende Arão e Miriã pela sedição contra Moisés, Ele afirma que falava
face a face com Moisés porque ele enxergava a semelhança de Deus (Nm 12.8).
Vem a questão: o que Moisés via? Note que,
por duas vezes, Deus anuncia a Moisés seu plano de destruir Israel e fazer dele
um povo mais forte e numeroso (Êx 32.9-14; Nm 14.11-20; 16.21,22). Contudo, ao invés
de se regozijar com isto, ele percebia que, se Deus fizesse isto, Seu nome
seria difamado por toda a terra, pois Deus tinha escolhido Israel para fazer um
nome para Si (Is 63.12; Jr 32.20). Então, mesmo diante da ameaça de
morte e de uma promessa gloriosa, ele renuncia a tudo por amor ao nome do
Senhor.
Hoje, a semelhança do Senhor é vista na
Igreja. Infelizmente, muitos não discernem o Corpo do Senhor (1Co 11.29), achando que se
trata daquele pedaço de pão que comem durante o que chamam de santa-ceia.
Todavia, a Igreja é o verdadeiro corpo de Cristo que expressa a semelhança do
Senhor (daí
Jo 13.34,35)
e a família, a primeira célula deste corpo.
Na verdade, a verdadeira Igreja de Cristo
nada mais é do que esta célula que se frutificou, multiplicou e espalhou por
toda a terra (Gn 1.28), fazendo discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20; Mc
16.15),
através da manifestação da glória de Deus em toda a terra (Is 11.9; Hc 2.14).
A esta união entre as pessoas, promovidas
pela Palavra Viva de Deus em ação, é que constitui a salvação.
Hoje o véu da lei não tem mais sentido (1Co 11.16; 2Co
3.14-16),
já que o Corpo de Cristo promoveu um caminho até o Santuário através do véu (Hb 10.20). A esposa, agora,
ama o marido, não porque existe um compromisso legal entre eles (Rm 7.1-3), mas porque o
Espírito Santo, agora, conduz ambos a serem, não apenas uma só carne, mas um
mesmo espírito Nele (1Co 6.17).
Além disto, já pensou no motivo de a Igreja
ser a Noiva de Cristo? O fato de Jesus ter nos dado a Sua vida, aponta para o
que Deus quer fazer por meio de nós: nos tornar doadores de vida, tal como se
dá por meio da mulher. Embora ela não gere vida, seu organismo permite que a
vida se desenvolva dentro de si. Como noiva de Cristo, nosso coração deve, não
apenas ter espaço, mas todo o alimento necessário para a Vida se desenvolver no
coração de todos aqueles que Deus trouxer para dentro de nós.
Detalhe: o embrião é que desenvolve,
passivamente (pois quem faz tudo é o Criador – Sl 139.13-16), no útero da mulher,
tudo de que ele necessita para sobreviver. O útero é só um lugar de abrigo e
alimento.
3.10 – MAS O QUE É NECESSÁRIO PARA O ESPÍRITO SANTO DESENVOLVER EM NÓS A VIDA QUE SALVA (O NOVO NASCIMENTO)?
Tudo começa fazendo veredas direitas para os
pés (Pv
4.26,27; Hb 12.13).
Como Deus pode mostrar Sua bondade a alguém, quando o que se está a fazer é
algo mau? Se Ele ajudar tal pessoa nisto, Ele estará sendo cúmplice do mal e se
tornando mau. Por isto a vigilância é tão importante: ela implica em deixarmos
o amor de Deus alcançar a vida das pessoas através de nós (Mt 24.44-46; Mc 13.33-37).
Agora você entende por que ninguém pode ser
salvo pelas obras (Ef 2.8,9)? Enquanto a pessoa está julgando entre o bem
e o mal (ver
Gn 2.17),
ela começa a querer exigir das pessoas um comportamento exemplar, se fechando
ao amor de Deus para com elas.
Ou nos dispomos a amar, ou nos dispomos a
exigir os nossos direitos e, portanto, a cobrar das pessoas.
Você pode dizer: “mas todos nós precisamos de
bens para viver!”.
Sim! Por isto é que Deus se comprometeu a
suprir todas as nossas necessidades em glória (Fp 4.19; Sl 127.2) se buscássemos ser o reino de Deus: para que
não precisássemos depender do mundo, nem das pessoas, para termos nossas
necessidades supridas e, deste modo, fôssemos livres para amá-las e viver a
justiça de Deus (Mt 6.33).
A ideia é que façamos uso apenas do
necessário e deixemos Deus usar as demais coisas que vêm às nossas mãos para
nos aproximarmos das pessoas. Enquanto o mundo negocia pessoas, caráter e a
presença de Deus em troca de bens, o servo de Deus negocia os bens a fim de se
encher da presença e do caráter de Deus através das pessoas.
Agora você percebe o motivo pelo qual é a
salvação é pela graça (pela vida de Cristo permanente em nós – Gl 2.20)? Porque, sem Ele, é
impossível nos dedicarmos integralmente ao amor ao próximo (Jo 15.5), já que estaremos
presos às nossas necessidades e desejos, com a obrigação de supri-los.
Foi esta a maldição que caiu sobre Adão
quando ele comeu do fruto proibido (Gn 1.17,19): ele teria que se preocupar com o seu
sustento, por não ser mais capaz de viver da fé (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Agora ele teria que
decidir entre bem e mal e lutar para que o bem prevalecesse, tanto na sua vida,
como na das pessoas. Aliás, o sistema jurídico foi estabelecido como uma
tentativa do ser humano de tentar consertar o seu semelhante através do uso de
métodos carnais.
3.11 – AGORA VOCÊ CONSEGUE ENTENDER POR QUE TEMOS QUE MORRER PARA NÓS MESMOS A FIM DE SEGUIRMOS A CRISTO (Mt 16.24; Rm 6.1-4)?
Sei que pode parecer duro e até absurdo Deus
exigir isto de nós. Afinal, se Deus quer que tudo na nossa vida seja em
espírito e voltado para as coisas celestiais (ver, por exemplo, Jo 4.23,24; Cl 3.1,2), então por que ele
nos fez apenas espírito?
Quando a bíblia diz que a carne milita contra
o espírito (Gl 5.17) ou para fazer morrer a natureza terrena (Cl 3.5), não está se
referindo ao nosso corpo, mas sim ao nosso ego corrompido.
Entenda: quando Deus nos criou, soprou em
Adão o fôlego de vida (Gn 2.7). Após o pecado, o
ser humano rompeu com as 4 ligações que Deus deu para ele (incluindo consigo
mesmo).
Agora a alma e o espírito, que compunham o fôlego de vida, ficaram divididos (Hb 4.12), pois o pecado,
agindo como um vírus, lançou seu “material genético” nas células da nossa alma,
de modo que estas passaram a produzir cópias e mais cópias do mesmo. Em outras
palavras, como o salário do pecado é a morte (Rm 6.23), nossa alma passou a produzir a nossa
própria destruição.
Isto pode ser visto abaixo:
·
“Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia,
procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti,
mas a ti cumpre dominá-lo.” (Gn 4.7)
·
“Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos
abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma” (1Pe 2.11 –
concupiscência = desejo)
Para ser mais claro: nossa alma ficou
corrompida e passou a desejar exatamente o que é ruim para nós. Tornou-se nossa
inimiga. Veja:
·
“Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são
os caminhos da morte.” (Pv 14.12);
·
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9).
·
“Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos
há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz.” (Rm 3.15-17).
3.12 – MAS ENTÃO, POR QUE DEUS NÃO NOS CRIOU PERFEITOS E SEM NADA PARA NOS TENTAR?
Deus nos criou perfeitos e apenas com desejos
e sentimentos bons (Ec 7.29). E tudo que foi criado, tinha por finalidade
confirmar a Palavra de Deus no nosso coração:
·
“Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras
desta vida.” (At 5.20).
A princípio, o mais lógico de se esperar, é
que o anjo ordenasse aos apóstolos que dissessem ao povo as palavras do reino
dos céus. Então, porque anunciar as palavras desta vida?
·
“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo,
tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem
pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” (Rm 1.20)
Como você pode ver, existe uma conexão entre
tudo o que existe e Jesus Cristo.
O problema é que, infelizmente, o ser humano
decidiu, como Caim, fugir de Deus e ser vagabundo (errante, sem ocupação para o bem – Gn 4.14). A partir daí, ele
passou a ter que suprir seus desejos (como Deus pode suprir alguém que foge de tudo que Ele é,
que não consegue sequer chegar perto Dele? – ver Gn 3.8,10; Dn 10.7).
É preciso que fique claro que cada um é
tentado pela própria cobiça (Tg 1.13-15), a qual os leva a brigar e discutir com tudo
e com todos (Tg 4.1-2). O nível de insatisfação em cada ser humano
é tão grande que a pessoa se rebela até contra si mesma (daí os vícios), não aceitando seus
próprios limites.
Quando as pessoas passam a esperar em Cristo
apenas nas coisas desta vida (1Co 15.19), tal como a samaritana (que viu, na água
viva, uma mera possibilidade de nunca mais ter que ir ao poço pegar água – Jo
4.15)
ou os saduceus (que achavam que a vida no céu seria uma continuação da
vida terrena – Mt 22.29,30), se tornam miseráveis.
Tudo o que vivemos aqui, todos os
relacionamentos que construímos, são meras sombras daquilo que iremos viver no
céu. Pode ter certeza que, no céu, os relacionamentos serão bem diferentes de
tudo que se vê aqui. Para você ter uma ideia do que quero dizer, faço a
seguinte ilustração (embora não seja boa, é o melhor que consegui pensar).
Imagine as pessoas num imenso teatro da vida
real. Quando a peça acaba, cada um volta para sua família e afazeres originais.
Enquanto estamos neste mundo, estamos desempenhando um papel. Quando Jesus nos
chamar, nosso papel aqui terá terminado e tudo que entendemos por família e
amizade ganhará um significado completamente novo.
Por isto o Espírito Santo nos salva por meio
da Sua misericórdia, através da lavagem da regeneração e da renovação (Tt 3.4-6). É preciso que nossa
ideia de bondade, compaixão, amor, paz, felicidade, etc. seja, purificada de
todos os conceitos e valores errados que nos foram transmitidos.
Agora você compreende o motivo pelo qual o
conhecimento da Verdade traz libertação (Jo 8.32)?
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