domingo, 23 de agosto de 2015

109 - Porque a oferta de Caim não foi aceita? Quão terrível é julgar entre bem e mal

Porque a oferta de Caim não foi aceita? Quão terrível é julgar entre bem e mal

1 - INTRODUÇÃO

Muitos indivíduos acham que a maior preocupação no Reino do Eterno é se aquilo que estamos fazendo é certo ou errado. No entanto, muitas vezes as coisas certas nos afastam mais do Eterno do que as erradas. Sei que isto parece esquisito. No entanto, se a questão de bem e mal, certo e errado fosse tão importante, o Eterno não teria proibido Adão e Eva de provarem do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

Além disto, note como é muito mais difícil alguém que é 99% de Jesus converter integralmente a Ele do que alguém que está atolado no pecado, já que tal indivíduo se considera mais justo do que as demais pessoas. A prova disto é o caminho adotado por Caim para se ver livre do desconforto que tomou conta do seu coração. Considerando-se melhor do que Abel, ele achava que todos tinham que aceitar sua forma de expressar amor e gratidão. Como o Eterno não aceitou sua oferta, ele se revolta e inventa o assassinato como forma de resolver conflitos.

Hoje, como muitas vezes o Eterno não atenta para aquilo que conquistamos, mas permite que outros logrem êxito contra nós, ficamos revoltados. Quer gostemos ou não, toda nossa vida é uma oferta ao Eterno (independente da forma como cremos Nele). A grande questão é: o que temos ofertado ao Eterno? Quando alguma catástrofe nos atinge, nada mais é do que a natureza clamando contra nós por não estarmos usando os dons do Eterno para libertá-la do cativeiro da corrupção para a liberdade da glória dos filhos do Eterno (medite em Hc 2.11; Rm 8.19-22; Tg 5.3,4).

No final, todos os males da sociedade se resumem na oferta de Caim, em querer ofertar ao Eterno aqui que Ele não pediu, nem passou pela mente ou coração Dele (ver Jr 7.31; 19.5).

Na expectativa de que os indivíduos percebam que o mais importante é ser guiado por Jesus DIRETAMENTE e usado por Ele, escrevo este artigo. Para adiantar, basta pensar que não existe obra mais perfeita, poderosa e eficaz do que a que Ele faz. Haja visto que Ele é o único que convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8).

2 – SEM JESUS, BEM E MAL SÃO DUAS FACES DA MESMA MOEDA

A questão não é se o que estamos fazendo é bem ou mal, certo ou errado. Se não estivermos com Cristo, ouvindo Sua voz e seguindo-O por amor a Ele, à Sua Palavra e ao próximo, já estamos contra Ele (Mt 12.30).

Em primeiro lugar: seja bem ou mal, ambos são projetados pelo Eterno

[  “O SENHOR fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal.” (Pv 16.4);

[  “Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus repreende; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso. Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam. Em seis angústias te livrará; e na sétima o mal não te tocará.” (Jó 5.17-19).

[  “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.” (Is 45.7);

[  “Eis que eu criei o ferreiro, que assopra as brasas no fogo, e que produz a ferramenta para a sua obra; também criei o assolador, para destruir.” (Is 54.16);

[  “Tocar-se-á a trombeta na cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o SENHOR o tenha feito?” (Am 3.6);

 

Isto pode ser visto quando o Eterno projetou o mal contra Acabe:

 

 

 

 

[  “Então ele disse: Ouve, pois, a palavra do SENHOR: Vi ao SENHOR assentado sobre o seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda. E disse o SENHOR: Quem induzirá Acabe, para que suba, e caia em Ramote de Gileade? E um dizia desta maneira e outro de outra. Então saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o induzirei. E o SENHOR lhe disse: Com quê? E disse ele: Eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas. E ele disse: Tu o induzirás, e ainda prevalecerás; sai e faze assim. Agora, pois, eis que o SENHOR pôs o espírito de mentira na boca de todos estes teus profetas, e o SENHOR falou o mal contra ti.” (1Rs 22.19-23).

 

Sem contar que é o Eterno quem elege os governantes para executar Seus propósitos:

 

[  “Porque agora tenho estendido minha mão, para te ferir a ti e ao teu povo com pestilência, e para que sejas destruído da terra; mas, deveras, para isto te mantive, para mostrar meu poder em ti, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra.” (Êx 9.15,16).

[  “Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece. Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra. Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.” (Rm 9.15-18).

[  “E os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo. Porque Deus tem posto em seus corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma idéia, e que dêem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus.” (Ap 17.16,17).

[  “Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.” (Rm 13.1-6).

 

Nabucodonosor, rei da Babilônia, por exemplo, foi chamado pelo Eterno de servo Dele pelo menos três vezes:

 

[  “Eis que eu enviarei, e tomarei a todas as famílias do norte, diz o SENHOR, como também a Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e farei que sejam objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuas desolações.” (Jeremias 25.9).

[  “E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo; e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam.” (Jeremias 27.6);

[  “E dize-lhes: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu enviarei, e tomarei a Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e porei o seu trono sobre estas pedras que escondi; e ele estenderá a sua tenda real sobre elas.” (Jeremias 43.10).

 

Sei que isto soa esquisito, mas o mal, muitas vezes, é o próprio Eterno quem prova a nossa obra a fim de eliminar tudo que não é Dele das nossas vidas:

 

[  “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus; A voz do qual moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não só a terra, senão também o céu. E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas móveis, como coisas feitas, para que as imóveis permaneçam.” (Hb 12.25-27).

[  “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.” (1Co 3.12-15).

[  “E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo. E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo. Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.” (Mt 3.10-12).

 

Ou seja, o mal é uma ferramenta para que o espírito seja salvo do dia do Senhor Jesus (1Co 5.3-5). Quando, todavia, o indivíduo não quer ser salvo do erro, mas nele tem prazer, Ele próprio faz questão de enganar o profeta e quem o consulta, bem como envia a operação do erro para enganar os que têm prazer na maldade:

 

[  “Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos nos seus corações, e o tropeço da sua maldade puseram diante da sua face; devo eu de alguma maneira ser interrogado por eles? Portanto fala com eles, e dize-lhes: Assim diz o Senhor DEUS: Qualquer homem da casa de Israel, que levantar os seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço da sua maldade diante da sua face, e vier ao profeta, eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei conforme a multidão dos seus ídolos; para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos. Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor DEUS: Convertei-vos, e tornai-vos dos vossos ídolos; e desviai os vossos rostos de todas as vossas abominações; porque qualquer homem da casa de Israel, e dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que se alienar de mim, e levantar os seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço da sua maldade diante do seu rosto, e vier ao profeta, para me consultar por meio dele, eu, o SENHOR, lhe responderei por mim mesmo. E porei o meu rosto contra o tal homem, e o assolarei para que sirva de sinal e provérbio, e arrancá-lo-ei do meio do meu povo; e sabereis que eu sou o SENHOR. E se o profeta for enganado, e falar alguma coisa, eu, o SENHOR, terei enganado esse profeta; e estenderei a minha mão contra ele, e destruí-lo-ei do meio do meu povo Israel. E levarão sobre si o castigo da sua iniqüidade; o castigo do profeta será como o castigo de quem o consultar. Para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se contamine com todas as suas transgressões; então eles serão o meu povo, e eu lhes serei o seu Deus, diz o Senhor DEUS.” (Ez 14.3-11)

[   “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade.” (2Ts 2.7-12).

 

Deste modo, podemos concluir que nem sempre o erro ou o mal é pecado, e nem sempre ajudar é virtude. Quer um exemplo disto?

Veja alguém que foi punido por querer ajudar ou por se recusar a fazer o mal:

 

[  “E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e pegou nela; porque os bois a deixavam pender. Então a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta imprudência; e morreu ali junto à arca de Deus.” (2Sm 6.6,7);

[  “Então um dos homens dos filhos dos profetas disse ao seu companheiro, pela palavra do SENHOR: Ora fere-me. E o homem recusou feri-lo. E ele lhe disse: Porque não obedeceste à voz do SENHOR, eis que, em te apartando de mim, um leão te ferirá. E como dele se apartou, um leão o encontrou e o feriu. Depois encontrou outro homem, e disse-lhe: Ora fere-me. E aquele homem deu-lhe um golpe, ferindo-o.” (1Rs 20.35-37);

[  “E Jeú, filho de Hanani, o vidente, saiu ao encontro do rei Jeosafá e lhe disse: Devias tu ajudar ao ímpio, e amar aqueles que odeiam ao SENHOR? Por isso virá sobre ti grande ira da parte do SENHOR.” (2Cr 19.2).

 

Por outro lado, veja alguém que fez algo mau e foi congratulado pelo Eterno:

 

[  “Vendo isso Finéias, filho de Eleazar, o filho de Arão, sacerdote, se levantou do meio da congregação, e tomou uma lança na sua mão; e foi após o homem israelita até à tenda, e os atravessou a ambos, ao homem israelita e à mulher, pelo ventre; então a praga cessou de sobre os filhos de Israel. E os que morreram daquela praga foram vinte e quatro mil. Então o SENHOR falou a Moisés, dizendo: Finéias, filho de Eleazar, o filho de Arão, sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois foi zeloso com o meu zelo no meio deles; de modo que, no meu zelo, não consumi os filhos de Israel. Portanto dize: Eis que lhe dou a minha aliança de paz; E ele, e a sua descendência depois dele, terá a aliança do sacerdócio perpétuo, porquanto teve zelo pelo seu Deus, e fez expiação pelos filhos de Israel.” (Nm 25.7-13);

 

Tem também o caso de Jeú que foi abençoado pelo Eterno por ter matado todos os servos de baal e extirpado de Israel esta idolatria (2Rs 10.18-30). Não é em vão que o Eterno, por meio de Jeremias, diz que aquele que retém sua espada do sangue é maldito:

 

[  “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente! Maldito aquele que retém a sua espada do sangue!” (Jr 48.10 – ARA2).

 

Enfim, só ouvindo do Eterno para sabermos o que realmente deve ser feito. Do contrário, podemos ser acusados de fazer a obra do Eterno relaxadamente.

Além disto, pior do que errar é fazer a coisa certa esperando recompensa

Já parou para pensar no motivo pelo qual Jesus disse:

 

·         “Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros.” (Mateus 19.30).

·         “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lc 15.7);

 

O motivo é simples: é muito mais difícil para um indivíduo que é justo usar de misericórdia do que um pecador. Já observaste que a raiz de amargura brota justamente no coração daquele que acha que está com a razão? Você pode questionar: mas, e se indivíduo estiver certo? Isto não muda o fato de que ele agiu esperando algo em troca. E no que suas expectativas não são correspondidas, brota a revolta (tal como se deu com Caim). O que tal indivíduo não entendeu é que, se ele teve capacidade de fazer algo bom, é que esta é sua real vocação (ver Lc 9.55). Ele foi vocacionado para fazer o bem, mas não enxergou o privilégio de viver isto. Tal indivíduo ainda não percebeu a verdadeira beleza, virtude e recompensa que há no trabalho em si (ainda mais quando o mesmo é feito por amor ao Eterno).

Além disto, já reparaste como, em toda separação, é a parte justa que pede o divórcio ou que rompe com o relacionamento?

Isto não é tudo! Quem foi que colocou Jesus na cruz? Não foram justamente os que eram considerados mais certinhos (os líderes judeus)? Jesus mesmo chegou a dizer que publicanos e meretrizes os precediam no Reino do Eterno (Mt 21.31).

Repare como, em momento algum se vê Jesus debatendo contra bandidos, adoradores de templos pagãos ou contra o império romano. Não se vê nenhum deles perseguindo Jesus. Quem assim fazia eram justamente os que, supostamente, melhor conheciam a Escritura Sagrada.

E não podia ser diferente! Quem não é com Jesus já está contra Ele (Mt 12.30). Logo, a pior coisa que existe é fazer a coisa certa sem Jesus. Não há nada mais diabólico do que seguir um mandamento de Jesus pela metade, de modo distorcido ou com a motivação errada. Isto porque tais indivíduos acham que estão servindo ao Eterno e, portanto, possuem condições de decidir quem vai para o céu, quem merece ou não ser abençoado, etc.

Resumindo: a única razão para alguém não aceitar a reconciliação é por se considerar bom demais para ter sido desprezado ou traído. E o pior é que este tipo de indivíduo é o que mais há em nossos dias (2Tm 3.3)

E para ilustrar isto, vejamos alguns exemplos:

 

1.    Veja o caso de Esaú. Embora Jacó tivesse errado em roubar a bênção do irmão, ainda assim Esaú não achou lugar para o arrependimento (e para a verdadeira bênção) dentro de si. E Esaú não tinha do que queixar, já que ele profanou a bênção. Aqui aprendemos que não adianta reclamar das injustiças dos outros, quando nós mesmos fomos os primeiros a errar;

2.    E quanto Abel e Caim? Se pensarmos isoladamente na oferta de Caim, ele não fez nada errado. E foi isto que deixou Caim indignado. Apesar do esforço dele em tentar agradar ao Eterno, ele não foi recompensado. Isto o deixou revoltado com o Eterno. Perceba que o problema de Caim não era com Abel, mas com o Eterno, por não considerar justa a atitude Dele (tal como o povo de Israel, num dado momento, chegou a não considerar Ele justo – Ez 18.25,29). Daqui aprendemos que, quem tem problema com algum ser humano é porque, antes de tudo, está com problemas com o Eterno;

3.    Outro que esteve magoado com o Eterno quando esteve aqui em carne foram os discípulos de Emaús. A revolta deles foi pelo fato de eles terem agido certo seguindo Jesus e aquilo que eles esperavam não aconteceu do jeito que eles queriam (Lc 24.21). Daqui aprendemos que devemos descobrir qual a esperança da nossa vocação (Ef 4.4);

4.    E não para aí! Marta também chegou a ficar magoada com Jesus pelo fato de Ele deixá-la trabalhar só, enquanto sua irmã ficava parada simplesmente ouvindo Sua palavra sentada aos Seus pés (Lc 10.38-42). Lição: é muito melhor primeiro ouvir o Eterno do que oferecer sacrifício de tolos, pois os mesmos não sabem que fazem mal (Ec 5.1).

5.    Outro a ficar indignado com o pai (que simbolicamente representa o Eterno) foi o irmão mais velho do filho pródigo. Enquanto ele fez tudo certinho, o filho pródigo tão somente desperdiçou os bens do seu pai. No entanto, o pai preferiu comemorar a volta do filho pródigo do que a permanência do filho mais velho.  Lição a ser aprendida: não basta ter fé em Jesus e não desviar da presença Dele. A questão é: que tipo de fé agrada Ele? Milhões acham que estão agradando a Ele (como os obreiros da iniquidade – Mt 7.21-23; Lc 13.23-28), mas ainda não conseguiram enxergá-Lo como galardoador dos que o buscam (Hb 11.6). Daí Jesus dizer profeticamente: Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (Lc 18.8)?

6.    E com relação à parábola do publicano e do fariseu (Lc 18.9-14)? Note que o fariseu certinho não foi justificado. Isto nos ensina que a questão fundamental não é se o que fazemos é certo ou errado, mas sim ouvir a voz do Eterno. Quem confia em si mesmo, se julgando justo, fatalmente irá desprezar o próximo e acabará orando de si para si mesmo (mas achando que está se dirigindo ao Eterno – Lc 18.11);

7.    E quanto aos trabalhadores da vinha?

 

·         “Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, ajustando com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça, e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo. E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos, e perguntou-lhes: Por que estais ociosos todo o dia? Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for justo. E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros, até aos primeiros. E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um. Vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um dinheiro cada um. E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e a calma do dia. Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço agravo; não ajustaste tu comigo um dinheiro? Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como a ti. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? Assim os derradeiros serão primeiros, e os primeiros derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” (Mt 20.8-16).

 

Observe que os primeiros trabalhadores se sentiram injustiçados por receberem a mesma quantia que os que foram contratados no final do dia. Ficaram revoltados contra o pai de família em virtude de terem trabalhado duro e certinho. Eles não consideravam a possibilidade de poderem agradar ao Eterno por meio de algo como um privilégio. É triste quando alguém não enxerga a possibilidade de ser livre do pecado (fazer algo movido pelo poder, glória e virtude do Eterno) como uma dádiva em si mesma. Daqui aprendemos que o importante, para o Eterno, não é a quantidade de trabalho feito ou o resultado obtido, mas sim o ato de nos submetermos ao Seu processo de tratamento (Tt 3.4-6).

Considerando que os últimos receberam o que era justo e que esta quantia foi a mesma paga aos demais trabalhadores, podemos também aprender que a justiça do Eterno não tem haver com o nosso esforço em fazer o que é certo, mas sim em ouvir e aceitar o chamado Dele. Ou seja, a ênfase não está naquilo que nós fazemos, mas na bondade que o Eterno é capaz de manifestar através de nosso trabalho, seja diretamente ou indiretamente. Ou seja, os primeiros trabalhadores deveriam ficar felizes de que a bondade do Eterno ficou evidente justamente no fato de que, os que não tiveram o privilégio de serem chamados primeiro, no final, receberam a mesma recompensa. Também não perceberam a bênção que é ter mais indivíduos por meio de quem podem desfrutar do amor do Eterno.

Aqueles que trabalharam mais tiveram mais tempo de desfrutar da bondade e sabedoria do Eterno, mas não enxergaram nisto um privilégio (como enxergava a rainha de Sabá – 1Rs 10.8). Não entenderam que a verdadeira bênção está em servir em prol de algo digno, nobre e excelso.

Para ilustrar tudo isto, vejamos a lição de Caim.

3 – A OFERTA, AMOR E CAMINHO DE CAIM

[  “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” (Gn 4.3-7).

A oferta de Caim era boa

O sistema religioso, visando arrancar dinheiro das pessoas, afirma inescrupulosamente que a oferta de Caim era de má qualidade e a de Abel era boa porque ele ofereceu o melhor.

Não é verdade! Em primeiro lugar, as primícias oferecidas por Abel não são os melhores do rebanho, mas sim os primogênitos, como está nesta versão da Escritura Sagrada.

Além disto, é bom lembrar que Caim se sentiu injustiçado pelo Eterno. Se Adão tivesse ofertado porcaria, ele não teria presumido que o Eterno certamente ficaria feliz com sua oferta.

Não tenho dúvida de que os frutos eram de boa qualidade (não havia estragado, envenenado, podre, etc.). Provavelmente eram os melhores frutos. Afinal, como Caim pôde ser tomado de tamanho ódio de uma hora para outra, a ponto de desejar matar o próprio irmão? Afinal, nada é mencionado acerca de algum conflito entre Caim e Abel.

Aliás, visto que este foi o primeiro assassinato, ele teve que aprender a matar. Não pense que Caim queria apenas agredir o irmão. Ou seja, Abel não morreu como consequência de tantas agressões. A Escritura Sagrada é clara: sua intenção era matar.

Além disto, você já parou para pensar em todo o esforço de Caim para conseguir aqueles frutos? Basta pensar que, por causa de Adão, a terra seria obrigada a oferecer resistência ao trabalho do homem (Gn 3.17-19).

Repare que a revolta principal de Caim era com o Eterno, e não com Caim.

O que Caim esperava obter do Eterno por sua oferta?

Vem a questão: exatamente o quê Caim estava buscando do Eterno? Com certeza não era a presença Dele, já que, quando o Eterno lhe deu a sentença de maldição, ele não pensou sequer na hipótese de experimentar uma mudança de vida. Aliás, por conta própria ele decidiu se afastar do Eterno (Gn 4.13,14).

Eu só consigo pensar em uma hipótese: Caim achava que o Eterno tinha obrigação de reconhecer o esforço dele e, deste modo, dar-lhe o que desejava (por exemplo uma promoção), tal como fazem os religiosos.

O detalhe é que, quando algo não brota do amor, então é originado pelo medo, cuja obra resulta em duas coisas:

 

[  Distanciamento do verdadeiro amor (1Jo 4.18);

[  Incredulidade, ou seja, fé na coisa errada, da qual brota o duplo ânimo (ou ânimo dobre), que nada mais é do que a pessoa crendo em duas coisas antagônicas ao mesmo tempo, mas tentando de todos os modos conciliar ambas.

Qual o problema com a oferta de Caim?

1º: O próprio Caim era um problema

Repare como é dito que o Eterno não atentou para Caim e para a sua oferta. Ou seja, o problema não estava apenas na oferta de Caim, mas nele em pessoa.

Vem a questão: o que será que Caim vinha fazendo que tanto desagradara ao Eterno?

 

[  “Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.” (1Jo 3.11,12);

 

O problema não era exatamente o que ele fazia, mas sim que ele era do maligno. Quando alguém não está bem com o Eterno, nada que ele faz lhe agrada. Veja alguns exemplos disto:

 

[  “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos, e em tomar a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças as minhas palavras para detrás de ti.” (Sl 50.16,17) – Quem não aceita a correção nem a disiciplina não deve pregar nem meditar na Escritura Sagrada.

[  “Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me exalarão bom cheiro. E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso.” (Am 5.21-24) - sem justiça nenhuma oferta é válida. Até o louvor soa como barulho diante do Eterno.

[  “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.” (Mt 5.23,24) – se o indivíduo não está bem com o próximo, o Eterno não recebe a oferta dele;

[  “E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.” (Marcos 11.25);

[  “Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.” (1Pe 3.7) – se marido e mulher não têm relação sexual com entendimento, até as orações são bloqueadas;

[  “Ouvi a palavra do SENHOR, vós poderosos de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra. De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o SENHOR? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.” (Is 1.10-15) – Se o individuo está na prática do mal, até as orações são uma abominação ao Eterno;

[  “Ainda fazeis isto outra vez, cobrindo o altar do SENHOR de lágrimas, com choro e com gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Porque o SENHOR, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele que encobre a violência com a sua roupa, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais.” (Ml 2.13-16) – se o indivíduo não está bem com o cônjuge, até seu ministério (que é um oferta ao Eterno) é anulado;

[  “Porque qualquer homem da casa de Israel, e dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que se alienar de mim, e levantar os seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço da sua maldade diante do seu rosto, e vier ao profeta, para me consultar por meio dele, eu, o SENHOR, lhe responderei por mim mesmo. E porei o meu rosto contra o tal homem, e o assolarei para que sirva de sinal e provérbio, e arrancá-lo-ei do meio do meu povo; e sabereis que eu sou o SENHOR. E se o profeta for enganado, e falar alguma coisa, eu, o SENHOR, terei enganado esse profeta; e estenderei a minha mão contra ele, e destruí-lo-ei do meio do meu povo Israel. E levarão sobre si o castigo da sua iniqüidade; o castigo do profeta será como o castigo de quem o consultar. Para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se contamine com todas as suas transgressões; então eles serão o meu povo, e eu lhes serei o seu Deus, diz o Senhor DEUS.” (Ez 14.7-11) – se alguém fosse consultar ao Eterno pensando nos seus interesses, seriam punidos o profeta e quem o consultou;

 

Enfim, primeiro o indivíduo tem que se acertar com o Eterno e com o próximo. Só então suas orações, louvor, etc. serão agradáveis a Ele.

2º: Ele deu algo que não era dele

Repare que, enquanto Abel deu dos primogênitos das suas ovelhas, Caim deu do fruto da terra. Abel deu algo que tinha tudo haver com ele. Como a ovelha é muito apegada ao pastor, isto cria um vínculo sentimental muito grande entre pastor e ovelha. Por mais que possamos gostar das plantas, jamais conseguimos desenvolver um vínculo afetivo tão grande quanto com um animal.

E para piorar as coisas, Caim não deu algo em que ele investira sua vida (ver 2Sm 24.24). Por mais que ele pudesse ser trabalhador e por mais que se esforçara para dar frutos excelentes ao Eterno, ele Lhe deu algo que não carregava sua identidade (ver Lv 1.4). Com certeza, das duas uma:

·         ou ele ofertou algum fruto que encontrara na terra naturalmente (que não fazia parte da sua lavoura)

·         ou senão Caim, por ter dado sequência ao trabalho do pai, ofertou tais frutos, mas nunca cuidou da plantação como se fosse sua.

 

Inclusive, o fato de a Escritura Sagrada dizer que a oferta de Caim foi trazida “ao cabo de dias” (Gn 4.3), é mais um indício de que Caim não trabalhou a semente desde o início. É bom lembrar que Adão foi lançado fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado (Gn 3.23).

Abel, por outro lado, não ofertou “ao cabo de dias”, mas após nascer os primogênitos. Ele ofertou algo que tinha sido gerado dentro dele (ver Gl 4.19).

3º: Ele deu algo que o Eterno nunca pedira (o caminho de Caim)

[  “Ai deles! porque foram pelo caminho de Caim, e por amor do lucro se atiraram ao erro de Balaão, e pereceram na rebelião de Coré.” (Jd 11).

 

Vem a questão: qual é o caminho de Caim? Considerando que o verdadeiro caminho que conduz ao Pai é Jesus (Jo 14.6), logo o caminho de Caim é aquele adotado pelos que não suportam a verdade (2Tm 4.3,4), bem como a cruz de Cristo (Fp 3.18), mas querem a todo custo o paraíso.

A vontade do Eterno é muito simples:

 

[  “E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” (Lc 10.27).

 

No entanto, a grande maioria acha isto muito difícil. Como ninguém quer ir para o inferno, tais indivíduos preferem inventar um conjunto de regras que os faça sentir bem consigo mesmos e, ao mesmo tempo, os convença de que são justos e merecedores de bênçãos e de ir para o céu. A este conjunto de regras damos o nome de religião.

Foi exatamente o que aconteceu com Caim. Pense: de onde Caim tirou a ideia de que, se ele oferecesse frutos, agradaria ao Eterno? Considerando que o Eterno nunca mencionou nada parecido, logo a oferta de Caim teve origem na imaginação da cabeça dele (tal como fez Jeroboão (1Rs 12.33) e imaginam os povos (Sl 2.1)).

Ele não quis seguir o Eterno, reconhecendo Sua perfeição e superioridade (como manda Mt 16.24). Antes, preferiu tentar justificar a si mesmo, exatamente como prefere a maioria dos indivíduos.

O esforço de Caim consistia em tentar melhorar o que o Eterno criou, seja por sua capacidade física e moral, seja tentando agradar ao Eterno com seu suor. Era o ser humano lutando para conseguir de volta o paraíso perdido.

E desde que Adão pecou, todo esforço do ser humano tem sido desenvolver mais e mais tecnologia para tentar ocupar o lugar do Eterno e não precisar mais Dele. O auge desta arrogância se dará com o anticristo, quando todos vão achar que finalmente a paz e a segurança foram alcançados (1Ts 5.3).

Agora você entende o que Caim queria do Eterno?

A princípio parece ser algo digno o indivíduo trabalhar duro para conseguir o melhor deste mundo a fim de ofertar, para o Eterno, o melhor possível. No entanto, quem foi que disse que o Eterno quer algo físico? O que agradou ao Eterno em Abel não foi o trabalho dele em si, mas seu relacionamento com Ele e com suas ovelhas.

Veja o que Eterno disse para o sistema religioso?

 

[  “... Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” (Mt 22.21).

 

O que fez o sacrifício de Abel agradável foi o fato de ele ter oferecido ao Eterno aquilo que era Dele (dar a Deus o que é de Deus - Mt 22.21; Mc 12.17; Lc 20.25). E o que era do Eterno que deveria lhe ser dado? A vida, visto que Jesus é a vida (Jo 11.25). Enquanto Caim deu algo morto (do fruto da terra), Abel deu do fruto do ventre, algo em que havia vida.

O que era de César (o dinheiro, o qual foi invenção do homem para tentar fazer a sociedade funcionar sem precisar do amor do Eterno) deveria ser dado a César, e não a Deus (Mt 22.21; Mc 12.17; Lc 20.25). Ou seja, o que é produzido com o nosso suor pode até ser útil para um ser humano (Jó 35.6-8), mas em nada glorifica ao Eterno (Jo 5.34,41; At 19.24,25).

A prova disto pode ser visto no que se deu com o fariseu hipócrita? A oração dele era firmada em tudo que ele supunha que era, e isto em virtude daquilo que ele fazia. No entanto, embora tudo fosse verdade, ele não saiu justificado diante do Eterno.

 Talvez você diga: “mas não é bom o indivíduo se esforçar para ofertar coisas boas ao Eterno?”.

O problema com as obras da carne e que elas conseguem atingir o espírito (Jo 3.6).

 

[  “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” (Jo 3.6).

 

O espírito do ser humano só pode ser alcançado pelo próprio Eterno. Aliás, foi para isto que o espírito foi feito (Pv 20.27). Como nenhuma obra da carne consegue levar o indivíduo a se aproximar mais do Eterno, logo não há proveito nenhum nelas (Jo 6.63): não conseguem agradar ao Eterno (Rm 8.8). Tanto é assim que todos que tentaram fazer aquilo que o Eterno não lhes ordenara foram duramente punidos.

Veja, por exemplo, o caso de Nadabe e Abiú:

 

[  “E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o que não lhes ordenara. Então saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR.” (Lv 10.1,2).

 

Isto porque as obras da carne, no fundo, são resultado da maldade que há dentro de nós:

 

[  “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gl 5.19-21).

 

A prova disto pode ser vista no comportamento adotado pelo sistema religioso em várias passagens:

 

[  Difamando os discípulos por colherem espigas no dia de sábado (Mt 12.1), sendo que eles exaltavam Davi que cometer maior sacrilégio (Mt 12.3,4);

[  Condenando Jesus por curar no dia de sábado (Mt 12.10-13; Lc 13.14,16; 14.1-5; Jo 5.8,9; 9.14) e as multidões por buscarem a Jesus no sábado para serem curados (Lc 13.14), sendo que eles, em dia de sábado, desprendiam da manjedoura cada um o seu boi, ou jumento, e o levava a beber (Lc 13.15), bem como tinham a capacidade tirar do poço seu jumento ou boi caso nele caísse em dia de sábado (Lc 14.5);

[  Mataram Jesus, os profetas e perseguiam Seus seguidores, impedindo-os de pregar aos gentios as palavras da salvação (1Ts 2.15,16).

 

Note como o que é da carne sempre persegue o que é do espírito (Gl 4.29; 1Ts 2.16).    

Ou seja, a oferta de Caim pode até ser bela (um arranjo de frutas é perfumado, colorido) e ter boa aparência diante dos indivíduos, a ponto de os que fazem uso de tais sacrifícios se considerarem ricos e abastados (Ap 3.16), com nome de quem vive (Ap 3.1). Este véu da lei até parece ser uma boa cobertura para os pecados (ver 2Co 3.13-16) (tal como pensou Adão com as folhas de figueira – Gn 3.7). Jesus, porém, está de fora disto (Ap 3.20). Tais pessoas estão carregando a si e aos outros de um jugo pesado nas costas (Mt 11.28) e o pior: sem se darem contas de que estão, na verdade, se separando cada vez mais de Cristo (Gl 5.4).

Para agravar ainda mais o mal, até hoje as pessoas não enxergaram que, se desde Moisés até a época do Testamento do Favor do Eterno, ninguém conseguiu suportar o jugo (At 15.10) do sistema religioso, então é muita burrice insistir em fazer isto dar certo.

Por aqui podemos ver que, nem sempre o que é agradável aos olhos é o que agrada a Deus. Caim, infelizmente, não tinha aprendido a lição. Mesmo sabendo de tudo que aconteceu com seus pais e o mundo pelo fato de eles terem cobiçado um fruto agradável à vista (Gn 3.6), ainda assim ele insistiu no assunto. E, como é bem sabido por todos, o sistema religioso se apoia naquilo que o homem considera melhor, como se isto fosse agradar ao Eterno, como se Ele pensasse como o ser humano (tentam fazer do Eterno a imagem e semelhança do ser humano).

A verdadeira oferta não vem de trabalho, mas do relacionamento e de ouvir à voz do Eterno. Tanto é assim que quando o Eterno quis salvar a humanidade (Jo 3.15,16), Ele enviou alguém que pudesse se relacionar perfeitamente com ela.

Pense: como Jesus veio para salvar do pecado (de querer ser justo através de leis, fazendo uso do arbítrio)? Não foi constituindo para nós um corpo onde pudéssemos servir uns aos outros sem precisar de lei (pecado e lei são amigos íntimos - Rm 5.20; 7.9-11; Hb 10.3)? Tanto que onde Espírito Santo habita não há necessidade do véu da lei para cobrir a cabeça, pois o Favor do Eterno livra da lei (2Co 3.17) e nos cobre com a justiça de Jesus.

É exatamente isto que representa o sacrifício de Abel: só se veste com “sangue” (note como o Eterno vestiu Adão com peles de animais – Gn 3.21). É bem verdade que a oferta de Abel era suja e até um ato cruel (matar um animalzinho dócil, amoroso e inocente), mas era o que imitava exatamente o que o Eterno fez (e isto para mostrar que só a morte pode conter o avanço do pecado). Abel, ao invés de ofertar do fruto da terra, ofertou do fruto do ventre das suas ovelhas.

Enquanto a oferta de Caim vem da terra, a de Abel cai na terra. Afinal, no que diz que Ele ofertou da gordura significa que ele sacrificou o animal e seu sangue foi derramado (imitando o que Deus fez outrora – Gn 3.21; 4.4).

O detalhe é que apenas a terra foi amaldiçoada por causa de Adão. Nenhuma maldição foi lançada no ventre dos animais.

Mas afinal, qual o caminho de Caim? O mesmo que aprendeu de Adão: inventar algo que possa eliminar o problema:

·         Adão inventou roupas de folhas de figueira para tentar encobrir sua nudez (Gn 3.7);

·         Caim inventou uma religião na expectativa de tentar controlar o Eterno ou pelo menos convencê-lo a ficar afastado de si (ele temia a ira do Eterno);

·         Caim inventou um modo de remover Abel da face da terra.

 

Não cabe a nós inventar, mas tão somente fazer aquilo que nos faz lembrar o Eterno (Lc 22.19; 1Co 11.24,25).

Se você ainda não está convencido disto, pense: qual foi o motivo principal de Abel ter agradado ao Eterno?

 

[  Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.” (Hb 11.4);

 

Ora, se Abel agradou ao Eterno porque ele tinha fé, a conclusão que se chega é que Caim não tinha fé (pelo menos não uma fé que agradasse ao Eterno). Considerando que fé é uma confiança firmada no conhecimento (intimidade) que temos no Eterno (ver Gl 4.9), logo Caim não tinha intimidade com o Eterno, e muito menos confiança.

Agora você entende por que sem fé é impossível agradar ao Eterno (Hb 11.6)?

Caim se aproximava do Eterno porque tinha medo, não confiava Nele. Não cria que ele tinha presença viva para o bem, mas apenas para punir pecados. Não era capaz de enxergar o bem no Eterno e, assim, tudo que fazia era na expectativa de mantê-Lo afastado de si, a não ser quando precisava dos favores Dele.

Exatamente como acontece no mundo. Quando se precisa dos favores de alguém, vai-se em encontro deste com presentes ou dinheiro para suborná-lo; quando não, coloca-se uma série de empecilhos para impedi-lo de chegar (casa, sistema de alarmes, etc.).

4º: O amor de Caim

A palavra “amor” tem conotação positiva na mente de todos. Contudo, nem toda expressão de amor ou misericórdia é boa:

 

[  “O justo tem consideração pela vida dos seus animais, mas as afeições dos ímpios são cruéis.” (Pv 12.10).

 

Mas como isto pode ser possível?

Veja o caso de Caim. Muitos acham que ele não tinha amor. Ora, João, implicitamente disse que tinha (1Jo 3.11,12). Claro que não era amor verdadeiro (pois só o Eterno é amor - 1Jo 4.8,16), como também não o é o amor que os rapazes expressam para as moças através do namoro.

Infelizmente, dentro do sistema religioso, é dito existir muitas fontes de amor fora de Deus (1Jo 4.8,16): “amor entre irmãos”, “amor erótico”, “amor de mãe”, “amor ágape”, etc. Embora é dito que este último se refere ao amor do Eterno, não é verdade, pois o Eterno não tem amor para dar. Antes, Ele próprio é O amor. Logo, este amor ágape é o amor do deus que os religiosos inventaram.

Mas e o “amor” de Caim? Como era?

Exatamente como se vê no sistema religioso que, tomando emprestado as ideias divulgadas pelo paganismo, insiste em continuar comendo do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.17).

Como assim? Exatamente como na época de Miquéias:

 

[  “Assim diz o SENHOR acerca dos profetas que fazem errar o meu povo, que mordem com os seus dentes, e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra.” (Mq 3.5).

 

Contudo, tal como Deus orientou a Labão, a ideia não é falarmos bem ou mal (Gn 31.24). Afinal, não cabe a nós fazer nenhum julgamento contra alguém (Mt 7.1; Lc 6.37), nem tentar convencer os indivíduos a se interessarem por nós, muito menos sair por aí imputando pecado às pessoas (2Co 5.18-20). Mesmo porque, como podemos achar que temos competência para tais assuntos (Mt 7.1-4), se conhecemos o amor e a verdade apenas em parte (1Co 13.9)?

Não se esqueça da verdadeira natureza do pecado:

 

[  “Qualquer que comete pecado, também comete iniqüidade; porque o pecado é iniquidade” (1Jo 3.4).

 

“Iniquidade” é “não equidade” ou, se preferir desequilíbrio, tombar uma balança de dois pratos para um dos lados. Afinal, sem Cristo, é impossível abençoarmos alguém sem prejudicarmos a outrem. Para um ganhar, outro tem que perder. Por isto a misericórdia do ímpio é cruel.

Sem contar que, no final, o que o ímpio quer é que a balança na vida de cada um tombe para o seu lado.

Você pode constatar isto na fala de Caim:

 

[  “E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9).

 

No que Abel não estava contribuindo para que Caim conseguisse aquilo que era do seu agrado, ele logo tratou de eliminá-lo. No entanto, a verdadeira oferta que o Eterno queria de Caim não era frutos ou animais, mas zelar do seu irmão (veja Ap 3.19). Prepará-lo para ser apresentado ao Eterno (2Co 11.2).

Ainda sobre o amor de Caim, veja o que é dito acerca de Abel e Caim: Abel deu das suas ovelhas (Gn 4.4) e Caim, do fruto da terra (Gn 4.3). Isto quer dizer que Caim não tinha intimidade com as plantas que ele cultivava. Apenas fazia um serviço pensando em recompensa (dívida (Rm 4.4), já que ele fez por merecer ser restituído (Is 40.13,14; Rm 4.2; 11.35)).

Já o relacionamento de Abel era bom:

 

?  considerava as ovelhas como parte de si (Pv 27.23);

?  com certeza tinha bom relacionamento com seus pais. Afinal, apenas através de seus pais é que ele poderia ficar sabendo como as folhas de figueira que eles fizeram não foram suficientes para vesti-los. Daí ele sacrificar uma ovelha: por saber que foi através do sacrifício de um animal que o homem pode verdadeiramente ter sua nudez coberta. A partir daí, ficou manifesto que nada que qualquer ser humano possa fazer é capaz de cobrir suas falhas. Apenas Deus é capaz de providenciar a verdadeira cobertura para nossa alma (Gn 3.21);

?  considerava o Eterno maravilhoso, a ponto de não ter dúvida de que nada que ele inventasse poderia ser tão belo aos olhos Dele do que Ele próprio. Logo, a melhor forma de agradá-Lo é imitando-O.

 

Ou seja, a oferta de Abel reflete uma fé que busca relacionamento e vida, cuja soma produz como resultado o amor.

4 - Conclusão

Enfim, a questão não é se algo é certo ou errado. Cada coisa tem o seu propósito determinado. Cabe a você decidir de que lado você quer ficar: tentando arbitrar entre certo e errado de acordo com tua limitada sabedoria e conhecimento ou procurando ouvir do Eterno o que fazer em cada situação e o que podemos aprender dele em meio a esta. Queres ser vaso de honra ou desonra, para ira ou para a glória do Eterno (Rm 9.21-24)?

Se você sabe que algo está fora da direção do Eterno, saia disto (Ap 18.4)! Como Babilônia não tem cura (Jr 51.9), não perca tempo lutando contra ela (seja criticando, difamando, etc.), nem tentando burlar seu esquema ou consertá-la. Mesmo porque, como você já viu, estará lutando contra o próprio Eterno (Rm 13.1,2). Simplesmente saia do caminho de Caim (o sistema religioso) e prepare-se para a volta de Cristo que vem sem demora (Mt 15.14; Ap 22.20).