domingo, 24 de fevereiro de 2019

181 - Apocalipse 16

APOCALIPSE 16 (ARA2)

INTRODUÇÃO

·        o primeiro anjo derramou sua taça sobre a terra;

·        o segundo anjo derramou sua taça sobre o mar;

·        o terceiro anjo derramou sua taça sobre rios e fontes de águas;

·        o quarto anjo derramou sua taça sobre o sol;

·        o quinto anjo derramou sua taça sobre o trono da besta;

·        o sexto anjo derramou sua taça sobre o grande Rio Eufrates;

·        o sétimo anjo derramou sua taça sobre o ar.

Relação entre as pragas do Apocalipse e as do Egito:

 

PRAGAS

APOCALIPSE

EGITO

Chaga má e maligna

1ª praga (Ap 16.2)

6ª praga (Êx 9.8-11)

Águas se tornando em sangue

2ª e 3ª pragas (Ap 16.3,4)

1ª praga (Êx 7.17-21)

O sol é atingido

4ª praga (Ap 16.8)

x

As trevas

5ª praga (Ap 16.10 – o reino da besta é mergulhado em trevas)

9ª Praga (Êx 10.21-23 – trevas cobriram a terra)

As rãs

6ª praga (Ap 16.13 – três espíritos imundos semelhantes a rãs saem mundo afora)

2ª Praga (Êx 8.6 – houve rãs por toda a terra do Egito)

Granizo

7ª praga (Ap 16.21)

7ª Praga (Êx 9.23,24)

 

Assim como as pragas foram enviadas com o intuito de endurecer o coração de faraó (Êx 9.16; Rm 9.17), aqui em Apocalipse as pragas também contribuem para o endurecimento dos adoradores da besta (Ap 16.11,21).

Apocalipse 16 é um “grande” capítulo:

 

·        Descreve um grande mal: a Grande Babilônia (Ap 16.19).

·        Descreve grandes métodos de julgamento: grande calor (Ap 16.9), o secar de um grande rio (Ap 16.12), um grande terremoto (Ap 16.18), grande saraivada e grandes pragas (Ap 16.21).

·        Descreve um grande Deus: Sua grande voz (Ap 16.1,17) e Seu grande dia de vitória (Ap 16.14).

·        Descreve um grande dia: o grande dia do Deus Todo-Poderoso. Não é o grande dia do homem, do anticristo ou do dragão, mas do Eterno.

 

Veja onde as taças são derramadas:

 

·        1ª taça: na terra;

·        2ª taça: no mar;

·        3ª taça: nos rios e nas fontes das águas;

·        4ª taça: no sol;

·        5ª taça: sobre o trono da besta;

·        6ª taça: sobre o grande Rio Eufrates;

·        7ª taça: no ar.

 

Anteriormente o anjo atirou fogo à terra antes das sete trombetas serem tocadas. (Ap 8.5).

Quando os anjos do julgamento derramarem as taças, a natureza ficará cheia de espinhos e abrolhos. Ela, que deveria ser amiga do homem, passa a agredi-lo. Além de não dar-lhe o necessário (como se dava quando Israel estava sendo tratado), a natureza passará a pelejar contra o homem.

Afinal, todas as outras criaturas serão feridas gravemente pela mão do Eterno antes do ser humano.

 

·        “Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus.” (Ap 16.1).

 

Tão logo a ordem foi dada, ela foi imediatamente obedecida sem demora e objeção (diferente do que aconteceu quando Sodoma e Gomorra estava para ser destruída (Gn 18.23-32), bem como o povo de Israel (Êx 32.31,32)).

Uma vez que ninguém podia entrar no templo (Ap 15.8), logo a voz vinda do santuário era do próprio Eterno. Do santuário celestial sai uma grande voz. Não é uma voz gritada, mas sim uma voz com autoridade, a qual mostra que estas pragas não eram fenômenos naturais causados pelos homens.

Quando o pecado atinge sua maturidade, o Eterno permite o mal que dele advém se manifestar a fim de que todos vejam o quão terrível ele é. O Eterno é capaz de ver tendências; nós, apenas fatos.

 

·        “De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais; prova clara do justo juízo de Deus, para que sejais havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis; se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam, e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,” (2Ts 1.4-7).

·        “Exalta-te, tu, que és juiz da terra; dá a paga aos soberbos. Até quando os ímpios, SENHOR, até quando os ímpios saltarão de prazer? Até quando proferirão, e falarão coisas duras, e se gloriarão todos os que praticam a iniqüidade?” (Sl 94.2-4).

 

Considerando que o Eterno tem Seus vasos de honra e de ira (Rm 9.22,23), logo tais flagelos foram lançados na terra por anjos maus. Afinal, de um mesmo manancial não pode jorrar água amarga e doce (Tg 3.10-12). Jamais devemos fazer males para que venham bens (Rm 3.8).

Você pode questionar: mas os anjos maus não foram expulsos por Miguel e seus anjos no meio da 70ª semana (Ap 12.7-12)? Provavelmente sete deles ainda terão acesso ao céu neste momento.

Sei que é difícil aceitar a ideia de anjos maus saindo do santuário celestial, lugar tão puro e santo, e ainda por cima vestidos de linho puro e resplandecente com cinto de ouro. Mas isto tudo era para confirmar que eles estarem agindo conforme a justiça do Eterno, ainda que com propósitos malignos.

E não é a primeira vez que o anjo mau tem acesso à presença do Eterno:

 

·        “Então ele disse: Ouve, pois, a palavra do SENHOR: Vi ao SENHOR assentado sobre o seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda.” (1Rs 22.19).

 

Mas como um Deus tão bom pode projetar o mal (Jó 5.17,18; Is 45.7; 54.16,17)? Em primeiro lugar, Ele não prazer no sofrimento de ninguém (Lm 3.32,33; Ez 33.11; Mq 7.18). No Eterno não existe sombra alguma de variação ou mudança (Tg 1.16,17). Nele só há luz (1Jo 1.5).

O Eterno projeta o bem, mas há alguns que não conseguem receber este bem em si (ver Is 57.19-21) e outros que acabam sendo afetados de modo contrário pelo mesmo.

E que estes anjos são maus, basta pensar que eles têm as sete pragas, antes mesmo de entrarem no santuário (algo incabível a um vaso de honra) (Ap 15.1). O que eles receberão de um dos quatro seres viventes são as taças contendo a ira do Eterno, ou seja, uma testificação para os adoradores da besta acerca do quanto a adoração deles estará Lhe irritando. Será uma forma de eles não terem dúvida de que os flagelos fazem parte da justiça do Eterno, acabando com qualquer dúvida que poderá haver de que Ele não tem nada a ver com o anticristo.

Note como a ordem dado aos anjos maus não era para executarem os flagelos (eles não precisavam de receber tal ordem, já que eles tinham prazer nisto, diferente daqueles que são do Eterno, cujo prazer é na salvação Dele – Sl 9.14; 13.5; 20.5; 21.1; 40.16; 70.4; Lc 2.30; 1Pe 1.10-12). Só se dá uma ordem que, a princípio, o indivíduo não tem disposição para cumprir. O que estes anjos recebem é uma permissão para executar aquilo que há tanto eles desejam fazer.

 

·        “Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra, e, aos homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem, sobrevieram úlceras malignas e perniciosas.” (Ap 16.2).

 

Isto lembra a sexta Praga egípcia (Êx 9.8,9)

Aqui está a prova de que haverá seguidores de Jesus nesta época. Afinal, não são todos os que vão ser atingidos, mas só os adoradores da besta.

Eis alguns lugares onde se vê falando de úlceras (ou chagas) malignas:

 

·        “E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas” (Lc 16.21);

·        “E foi o primeiro, e derramou a sua taça sobre a terra, e fez-se uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem.” (Ap 16.2);

·        “E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras.” (Ap 16.11).

·        “Então disse o SENHOR a Moisés e a Arão: Tomai vossas mãos cheias de cinza do forno, e Moisés a espalhe para o céu diante dos olhos de Faraó; e tornar-se-á em pó miúdo sobre toda a terra do Egito, e se tornará em sarna, que arrebente em úlceras, nos homens e no gado, por toda a terra do Egito. E eles tomaram a cinza do forno, e puseram-se diante de Faraó, e Moisés a espalhou para o céu; e tornou-se em sarna, que arrebentava em úlceras nos homens e no gado; de maneira que os magos não podiam parar diante de Moisés, por causa da sarna; porque havia sarna nos magos, e em todos os egípcios.” (Êx 9.8-11);

·        “O SENHOR te ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, e com sarna, e com coceira, de que não possas curar-te;” (Dt 28.27).

·        “O SENHOR te ferirá com úlceras malignas nos joelhos e nas pernas, de que não possas sarar, desde a planta do teu pé até ao alto da cabeça.” (Dt 28.35).

·        “Se também a carne, em cuja pele houver alguma úlcera, sarar, e, em lugar da pústula, vier inchação branca ou mancha lustrosa, tirando a vermelho, mostrar-se-á então ao sacerdote. E o sacerdote examinará, e eis que, se ela parece mais funda do que a pele, e o seu pêlo se tornou branco, o sacerdote o declarará por imundo; é praga da lepra que brotou da pústula.” (Lv 13.18-20)

·        “Mas se a mancha parar no seu lugar, não se estendendo, inflamação da pústula é; o sacerdote, pois, o declarará por limpo.” (Lv 13.23).

Esta praga lembra um pouco a primeira trombeta (pelo fato de ter sido lançada na terra - Ap 8.7) e lembra a sexta praga derramada sobre o Egito (Êx 9.8-11), conforme prometido aos que não ouvem a voz do Eterno (Dt 28.27,35).

Quando o anjo derrama sua taça pela terra, os adeptos da besta recebam úlceras repugnantes e bastante doloridas (“noisome” e “grievous” na versão KJV). Nada de estranhar, visto que os adoradores da besta e da sua imagem iriam beber do vinho da ira do Eterno (Ap 14.10,11).

A expressão “malignas e perniciosas” acompanhando “úlceras” serve para aumentar a intensidade da expressão.

 

·        “Derramou o segundo a sua taça no mar, e este se tornou em sangue como de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar.” (Ap 16.3).

 

Esta praga se assemelha à segunda trombeta (Ap 8.8,9) e à primeira praga do Egito (Êx 7.17,20). A diferença aqui é que se tornou em sangue como de morto, ou seja, um sangue apodrecido, de modo que todo ser vivente que havia no mar morreu (e não apenas a terça parte deles).

 

·        “Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue.” (Ap 16.4).

 

Note também que, ao contrário das trombetas que são consequências das atividades do homem, as taças são ações diretas destes anjos maus.

Esta praga se assemelha à terceira trombeta (Ap 8.10) e novamente à primeira praga do Egito (ver Êx 7.17,20; Sl 78.44).

 

·        “Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas;” (Ap 16.5).

·

No tempo da paciência, o Eterno é louvado por Seu poder; no tempo da vingança, por Sua misericórdia.

O Eterno é exaltado:

 

·        porque Ele é justo;

·        porque Ele é;

·        porque Ele era;

·        porque Ele é Santo;

·        porque Ele julgou todas as coisas.

 

Note que, ao contrário de Ap 1.4; 4.8, onde Jesus é Aquele “que é, que era e que há de vir”, agora (e também em Ap 11.17 - ARA2, AR1967, TB1917), Jesus é apenas “Aquele “que é, que era”. Isto comprova que, tanto em Ap 11.17 quanto em Ap 16.5, Jesus já veio para arrebatar Sua Igreja:

 

·        “dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, porque tens tomado o teu grande poder, e começaste a reinar.” (Ap 11.17).

Aqui tem-se um anjo que tem poder sobre as águas, tal como em Apocalipse 7.1 há anjos com poder sobre o vento e em Apocalipse14.18, anjo com poder sobre o fogo. Este anjo que tem autoridade sobre as águas é responsável de cuidar delas. Ele declara a justiça do Eterno através do que Ele permite que seja feito com as águas. No entanto, isto não significa que este anjo tenha ficado feliz com isto, mas sim que ele enxerga isto com algo justo. Afinal, quem é do Eterno jamais fica feliz com o sofrimento de alguém. Antes, lamenta a perda de uma alma (Lv 10.6; 2Sm 1.17).

O Eterno é reconhecido como o justo e o Santo por ter trazido toda a maldade da besta a julgamento, ou seja, por ter levado todos a avaliarem a perfeição da Sua Palavra. Que fique claro: o Eterno não é justo só por causa das pragas, mas principalmente pelo fato de ter dado tempo suficiente para todos enxergarem com clareza o resultado das atividades do ser humano na terra, bem como oportunidade para que todos pudessem se arrepender e converter e, finalmente, por dar a cada um a recompensa daquilo que buscou (daí Ap 13.10 – retribuição em espécie), confirmando que não é o sofrimento que é capaz de trazer salvação.

 

·        “porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso.” (Ap 16.6).

 

O Eterno reserva a vingança para Ele mesmo. Assim, ao invés de tomarmos a lei em nossas mãos, vamos dar lugar à ira do Eterno.

Como os adoradores da besta e da sua imagem, junto com a Grande Babilônia (Jerusalém), mataram bastante santos e profetas (Mt 23.34-35; Ap 13.15; 18.24), eles serão recompensados com aquilo que eles tanto gostam (Ap 11.18; Gn 9.6; Is 49.26). Ou seja, já que eles gostam tanto de ver indivíduos mortos, agora eles poderão ver milhões morrendo. Poderão ver sangue por toda parte, a ponto de poderem fazer disto a sua bebida.

Imagine ter que beber sangue podre.

 

·        “Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos.” (Ap 16.7).

·

Note aqui uma voz vinda do altar de bronze, que era o lugar onde os mártires foram vistos clamando (Ap 6.9-11) (quando se trata do altar do incenso, é mencionado que ele é de ouro (como em Ap 8.3; 9.13)). Esta voz mostra que tudo que estava a acontecer atendia perfeitamente ao clamor dos justos.

Assim como o Eterno abriu a boca da jumenta para falar com Balaão, Ele abrirá a “boca” do altar para ele confirmar o clamor de todos os santos.

Note como a questão da justiça do Eterno é bem ressaltada no Apocalipse:

 

·        Pelo anjo das águas ao transformar todas as águas em sangue (Ap 16.3,4);

·        Pelo altar, representando os santos que morreram em Cristo (Ap 16.7)

·        Por uma multidão quando Ele julga a Grande Babilônia (Ap 19.2)

·        Pelos israelitas que serão martirizados na Grande Tribulação quando é anunciado o julgamento das pragas (Ap 15.3).

 

Considere como a justiça do Eterno é questionada em vários lugares na Escritura Sagrada (Sl 73; Jr 15.15-18; Hc 1.2.4, 12-17; Ml 3.13-15). Contudo, sempre ela é exaltada (Hb 1.9; Sl 119.137).

Esta voz vinda do altar chama o Eterno de Todo-Poderoso, ou seja, Aquele que tem todo o poder nas mãos, não havendo nada que Lhe seja impossível. Isto é importante porque, muitas vezes, temos tendência de pedir ao Eterno coisas pequenas (como se Ele fosse fraco ou miserável). No entanto, veja o que o Eterno diz a Jesus:

 

·        “Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão.” (Sl 2.8).

 

E considerando que a Igreja é o corpo de Cristo, então isto se aplica aos que creem. Ou seja, ao reconhecer o Eterno como Todo-Poderoso, esta voz, representando os fiéis, mostra que finalmente eles percebem toda a grandeza que há no Eterno, bem como a veracidade de tudo que Ele prometeu.

Porque a nossa fé tem que ser plena apenas quando toda a destruição que foi prometida sobre os ímpios tiver se cumprido? É preciso alguém sofrer as consequências do seu mal para crermos na justiça e verdade do Eterno? Não podemos ser bons simplesmente pelo fato de ser esta a nossa realidade? Até quando vamos ficar dependendo das circunstâncias ou do favor dos indivíduos para fazermos o bem? Ou só faremos o bem sob pressão?

Temos que esquecer as coisas que para trás ficam (os traumas e maldades feitas contra nós) e nos ocuparmos em simplesmente avançarmos para o que está diante de nós (Fp 3.13,14), ou seja, em buscarmos mais bondade para o nosso coração. Ao invés de deixar Ha-Satan com os seus azedarem nossa fonte (ver Tg 3.10-12), devemos buscar que nossa fonte seja cada vez mais doce.

O que deve nos mover é o prazer de ser quem de fato somos (ver 1Co 13.12), e não o prazer sinistro de ver os outros receberem o que achamos ser justiça. Não! Enxerguemos a justiça do Eterno nos dando aquilo que há de mais precioso e que não existe no mundo: o privilégio de ser bom (e livre da tortura interna do mal contra o próximo) independente da circunstância (daí 1Co 2.9-12).

 

·        “O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo. Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos, e nem se arrependeram para lhe darem glória.” (Ap 16.8,9).

 

Isto mostra que arrependimento não está no poder do homem, mas na graça do Eterno. Embora Ele possa dar espaço, contudo se Ele não der graça para arrepender, nenhum homem arrependerá. Tampouco qualquer coisa que o homem faça em prol do arrependimento produzirá isto (2Tm 2.25,26).

O efeito das taças não era produzir arrependimento, mas sim mostrar ao ser humano que, sem Jesus, ninguém pode se arrepender, mesmo estando certo dos piores sofrimentos. É bem verdade que os ímpios tinham que receber a recompensa daquilo que estavam buscando. Todavia, se o objetivo fosse apenas castigar os ímpios, não precisaria das taças. Poder-se-ia ir direto à batalha do Armagedom. Ou melhor ainda: poder-se-ia lançá-los imediatamente no lago de fogo e enxofre.

A verdade é que havia muitos eleitos negligentes que não se preparam devidamente para o arrebatamento (daí terem sido deixados para trás) e que, por isto, precisavam das taças como estímulo para se apegarem com mais veemência a Cristo.

Podemos assim resumir a questão do sofrimento: todo julgamento tende para o bem. Quem é de Cristo é tocado mais profundamente por Ele em meio ao sofrimento e acaba se aproximando mais Dele. quando o temor ao Eterno não está presente, a única coisa que o sofrimento trará é mais ressentimento com relação ao Eterno.

 

·        “Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco.” (Is 1.5).

 

Tristeza e doença, por si mesmos, não são de proveito algum para a salvação. Dor e pobreza não são evangelistas; enfermidade e desespero não são apóstolos. E a prova está em Ap 16.9: mesmo com tamanho sofrimento, não houve arrependimento. Pelo contrário: eles blasfemaram ainda mais Seu nome.

Diz o ditado que “gato escaldado tem medo de água fria”. Contudo, os adoradores da besta, mesmo após sofrerem alguns flagelos, continuam sem temer a possibilidade de serem alvos novamente da ira do Eterno. Algo semelhante se deu com Israel no deserto:

 

·        “Não endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto. Onde vossos pais me tentaram, me provaram, E viram por quarenta anos as minhas obras.” (Hb 3.8,9);

·        “E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz,” (Nm 14.22).

 

Eles tinham todos os motivos para temerem ao Eterno, mas ainda assim preferiram provocá-Lo. Um notável sinal de perdição é quando o homem se endurece ainda mais contra o Eterno, mesmo diante dos seus justos julgamentos. Se o que é projetado para nos levar ao arrependimento nos leva ainda para mais perto do pecado, que esperança há?

Note o contraste entre os que são do Eterno e os que não são. Enquanto estes flagelos servirão para amolecer o coração dos que são de Cristo na Grande Tribulação, os que não são se tornam ainda mais endurecidos.

Observe que, por três vezes neste capítulo, é dito que eles blasfemaram do Eterno (Ap 16.9,11,21). Aqui, em particular, eles blasfemarão do nome do Eterno, ou seja, difamarão o caráter Dele. Mas isto é para mostrar a todos que não é sofrimento que conserta alguém e, assim, todos percebam que o Eterno é justo ao mandar os indivíduos para o lago de fogo e enxofre. Afinal, quando alguém tem prazer na maldade (Jo 3.19-21), o tal não aceita que o Eterno reine, nem em meio às ameaças mais severas (Lc 19.14) (Belsazar, por exemplo, mesmo sabendo de tudo que aconteceu com seu pai, ainda assim não se humilhou perante o Eterno - Dn 5.22-23). Como o Eterno poderia permitir alguém vivendo junto com os Seus eternamente, sendo que o indivíduo só considera bom aquilo que é mal para os outros?

Os adoradores da besta, mesmo sabendo que o Eterno tem autoridade sobre as taças, se recusam a sentir tristeza pelos seus pecados a fim de darem a glória a Ele, ou seja, deixar que Ele seja tudo em todos (1Co 15.28; Cl 3.11).

Esta taça lembra a quarta trombeta (Ap 8.12), já que este também teve influência sobre o sol.

Contudo, quando a quarta trombeta foi tocada, houve uma redução no brilho do sol, lua e estrelas. Agora, acontece o contrário: o sol irá arder com mais calor.

 

·        “E em todo o monte alto, e em todo o outeiro levantado, haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança, quando caírem as torres. E a luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o SENHOR ligar a quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida.” (Is 30.25,26)

 

Nesta época, que será o dia da grande matança, será extremamente difícil sair de casa de dia. Por isto é que, aos que venceram a besta, a sua imagem e sua marca, lhes é prometido não terem sede, nem serem molestados por sol ou alguma espécie de calor (Ap 7.16).

Vale notar que o sol, o qual tem sido alvo da quarta trombeta e da quarta taça, foi criado no quarto dia.

 

·        “Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta, cujo reino se tornou em trevas, e os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam” (Ap 16.10).

·

Escuridão é símbolo de apostasia. Veja os versículos abaixo:

 

·        “Por isso o juízo está longe de nós, e a justiça não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão. Apalpamos as paredes como cegos, e como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como nas trevas, e nos lugares escuros como mortos.” (Is 59.9,10);

·        Dai glória ao SENHOR vosso Deus, antes que venha a escuridão e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando vós luz, ele a mude em sombra de morte, e a reduza à escuridão.” (Jr 13.16);

·        “E em Tafnes se escurecerá o dia, quando eu quebrar ali os jugos do Egito, e nela cessar a soberba do seu poder; uma nuvem a cobrirá, e suas filhas irão em cativeiro.” (Ez 30.18);

·        “E, apagando-te eu, cobrirei os céus, e enegrecerei as suas estrelas; ao sol encobrirei com uma nuvem, e a lua não fará resplandecer a sua luz. Todas as brilhantes luzes do céu enegrecerei sobre ti, e trarei trevas sobre a tua terra, diz o Senhor DEUS.” (Ez 32.7,8);

·        “Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares por onde andam espalhadas, no dia nublado e de escuridão.” (Ez 34.12);

·        “Tocai a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já está perto; dia de trevas e de escuridão; dia de nuvens e densas trevas, como a alva espalhada sobre os montes; povo grande e poderoso, qual nunca houve desde o tempo antigo, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração.” (Jl 2.1,2).

 

A quinta trombeta (Ap 9.1,2), assim como a nona praga do Egito (Êx 10.21-23), também trará trevas.

A quinta taça cai sobre o trono da besta, ou seja, sobre a autoridade da besta. Quem é o trono da besta do mar? Mar representa multidões, povos, nações e línguas (Ap 17.15).

Isto fez que seu reino se tornasse em trevas, ou seja, num mar de engano e ódio (ver 1Jo 1.7; 2.9-11). O anticristo, que havia sido o promotor da paz (1Ts 5.3), agora é obrigado a mostrar sua verdadeira face. Lamentavelmente, ao invés de se voltarem contra a besta do mar, eles serão tomados de um ódio tão grande por Jesus e Seus seguidores que eles chegam a morder a língua por causa tamanha raiva. No entanto, é esta obsessão que irá levá-los a desafiar o próprio Jesus em pessoa no Vale do Armagedom.

Uma vez que escuridão não causa dor, que espécie de escuridão é esta que fará os indivíduos morderem a língua? Além da agonia causada pelo escuro, ainda há o tormento de querer se vingar do Eterno, mas não ser capaz de efetuar isto. A maldade e a cobiça no coração dos indivíduos aumentará tanto que qualquer resquício de amor no coração deles se apagará (1Jo 2.9-11) e tudo que eles conseguirão sentir era uma raiva terrível por serem privados daquilo que desejavam.

Três coisas podem ser vistas aqui:

 

·        É dito que eles mordiam suas línguas por causa da dor, donde vemos que o Eterno faz a consciência culpada do perverso ser seu próprio acusador, condenador, atormentador e peso;

·        A língua que eles usaram para blasfemar do Eterno, agora eles estavam tendo que mordê-la;

·        A glória e brilho que fascinavam os olhos de todos que olhavam o reino da besta (isto por causa da ignorância, engano e idolatria que tomou conta deles), agora todo este resplendor se tornou o que realmente é: trevas. Isto nos ensina que todo bem, proveito, prazer e avanço, o qual é obtido pelo pecado, termina, no mínimo, no contrário.

 

·        “e blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam; e não se arrependeram de suas obras.” (Ap 16.11).

 

A expressão “Deus do céu” tem por finalidade enfatizar a exaltação do Eterno e colocar mais terrível contraste ao pecado dos que resolveram blasfemar. Os adoradores da besta blasfemam do Deus do céu (em contraste com o deus deles que era da terra e só falava das coisas deste mundo – Mt 16.23; 1Jo 4.4,5).

Eles preferiam cultuar estes tormentos a se arrependerem das suas obras (como disse Jesus em Jo 3.19-21), pois amavam o prêmio da injustiça (como Balaão – 2Pe 2.15).

Aqui a chaga má e maligna e a dor são mencionados juntos e no plural, a fim de mostrar que elas foram grandemente aumentadas e multiplicadas.

Inclusive, aqui mostra que as pragas aqui eram acumulativas, diferentemente das trombetas que, com exceção da quarta, eram somente sucessivas (ou seja, acabava uma e começava a outra. O efeito não era permanente). Como se já não bastassem as dores das úlceras, agora ainda tem as “úlceras” do coração.

 

·        “Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol.” (Ap 16.12).

 

O Rio Eufrates era a linha divisória entre Israel e Assíria, entre Israel e Babilônia. Simbolicamente, é a linha divisória entre o Israel do Eterno e os inimigos Dele, entre a Igreja e o mundo, entre os discípulos de Jesus e os poderes do mal.

A destruição do império Babilônico é expressa pelo secar do seu mar:

 

·        “A violência que se fez a mim e à minha carne venha sobre Babilônia, dirá a moradora de Sião; e o meu sangue caia sobre os moradores da Caldéia, dirá Jerusalém. Portanto, assim diz o SENHOR: Eis que pleitearei a tua causa, e tomarei vingança por ti; e secarei o seu mar, e farei que se esgote o seu manancial. E Babilônia se tornará em montões, morada de chacais, espanto e assobio, sem que haja quem nela habite.” (Jr 51.35-37).

 

O Rio Eufrates é o rio da Babilônia, o assento do poder anticristão, do qual procede as investidas contra o povo do Eterno.

Como Babilônia é simbólica, existe a possibilidade de o Rio Eufrates também o ser:

 

·        “Portanto eis que o Senhor fará subir sobre eles as águas do rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras. E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até ao pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel.” (Is 8.7,8).

 

Relação entre secar das águas e a oposição ao reino do Eterno:

 

·        “Porque o SENHOR dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como na matança de Midiã junto à rocha de Orebe; e a sua vara estará sobre o mar, e ele a levantará como sucedeu aos egípcios.” (Is 10.26). - A secagem do Eufrates fora profetizada com relação à restauração de Israel (Is 10.26; Zc 10.9-11).

·        “E o SENHOR destruirá totalmente a língua do mar do Egito, e moverá a sua mão contra o rio com a força do seu vento e, ferindo-o, dividi-lo-á em sete correntes e fará que por ele passem com sapatos secos.” (Is 11.15).

·        “Ainda que os espalhei por entre os povos, eles se lembrarão de mim em lugares remotos; e viverão com seus filhos, e voltarão. Porque eu os farei voltar da terra do Egito, e os congregarei da Assíria; e trá-los-ei à terra de Gileade e do Líbano, e não se achará lugar bastante para eles. E ele passará pelo mar da angústia, e ferirá as ondas no mar, e todas as profundezas do Nilo se secarão; então será derrubada a soberba da Assíria, e o cetro do Egito se retirará.” (Zc 10.9-11).

 

A figura do secar das águas é frequente entre os profetas quando querem expressar os passos pelos quais o Eterno prepara o caminho para o livramento do Seu povo:

 

·        “Não és tu aquele que secou o mar, as águas do grande abismo? O que fez o caminho no fundo do mar, para que passassem os remidos?” (Is 51.10)

 

A expressão “para que se preparasse o caminho” nos faz lembrar Isaías, cuja profecia foi cumprida por João Batista que preparou o caminho de Jesus:

 

·        “Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.” (Is 40.3).

 

Aqui vê-se a tomada de Babilônia por Ciro por meio do secar das águas:

 

·        “Que digo à profundeza: Seca-te, e eu secarei os teus rios. Que digo de Ciro: é meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado.” (Is 44.27,28).

·        “Um correio correrá ao encontro de outro correio, e um mensageiro ao encontro de outro mensageiro, para anunciar ao rei de Babilônia que a sua cidade está tomada de todos os lados. E os vaus estão ocupados, e os canaviais queimados a fogo; e os homens de guerra ficaram assombrados.” (Jr 51.31,32).

 

Obs: o secar das águas do Eufrates não quer dizer que o Eterno aprovava o caminho dos reis do oriente. Quer dizer apenas que tudo era necessário para que a Escritura Sagrada se cumprisse.

A sexta trombeta também trouxe uma invasão que vinha do outro lado do Rio Eufrates (Ap 9.13-19). E já não é de hoje que é profetizado a secagem das águas do Eufrates (ver Jr 50.38; 51.36).

Assim como o caminho foi preparado para a primeira vinda de Jesus (Is 40.3; Mt 3.3; Lc 1.76), algo semelhante se dará na segunda vinda (Ap 11.3): o caminho para vinda dos exércitos do anticristo pelo oriente também será preparado.

Na tentativa de destruir os seguidores de Jesus e os israelitas, as forças do anticristo vindas dos quatro cantos do planeta (o que lembra Dn 8.8) irão cercá-los no Vale do Armagedom. Para facilitar o caminho para reis que vêm do leste, o Eufrates é secado.

 

·        “Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs;” (Ap 16.13).

·

Enquanto Cristo expeliu espíritos imundos, os três inimigos do Eterno os envia ao encontro dos reis do mundo.

A praga das rãs foi a segunda a ser lançada contra o Egito. Quando a praga terminou, as rãs morreram nas casas, nos pátios e nos campos (Êx 8.13). Os egípcios, então, as ajuntaram em montões (Êx 8.14) e a terra toda cheirou mal. Aqui os adoradores da besta serão ajuntados no Vale do Armagedom como um imenso cadáver, onde haverá de ajuntar as aves de rapina, que virão de longe, tal como águias que, de longe, avistam sua presa (Lc 17.37). O chamado do Eterno as fará perceber, à longa distância, o seu alimento (Ez 39.17-20; Ap 19.17,18).

Na praga das rãs, os magos egípcios imitaram a praga de Moisés, de modo a manter o coração de faraó endurecido. Aqui o falso profeta é representado como conduzindo os homens em mau caminho por seus milagres (Ap 13.13,14). E os espíritos imundos irão ajuntar os reis do mundo inteiro para batalhar contra o Cordeiro em favor das suas ideias distorcidas acerca do verdadeiro Deus e Sua Palavra. Considerando que a Escritura Sagrada é o bom perfume do Eterno (2Co 2.14-16), sua distorção é um mal cheiro.

 

·        O dragão se opõe ao Eterno, tentando obscurecer a obra da criação e levar os indivíduos a amarem o mal;

·        A besta do mar se opõe a Cristo, tentando obscurecer a obra da redenção e levar os indivíduos a amarem o mundo e seus poderes;

·        O falso profeta se opõe ao Espírito Santo tentando obscurecer a obra da santificação e levar os indivíduos a se apegarem ao engano dos seus corações (à sua carne), bem como à visão religiosa enganosa acerca do Eterno e Sua Palavra.

 

Quanto a esta trindade maligna, trata-se de uma corrupção grotesca das três formas usadas pelo Eterno para lidar com a humanidade. O Pai deu todo Seu poder e autoridade ao Filho (Mt 28.18) e o Espírito Santo confirma isto com sinais e maravilhas (Mc 16.20), nunca falando de Si mesmo (Jo 16.14,15). O dragão deu a besta do mar seu poder e autoridade (Ap 13.2) e o falso profeta confirma isto fazendo sinais na presença da besta do mar (2Ts 2.10-12; Ap 13.13,14), não falando de si mesmo, mas incitando todos a fazerem uma imagem à besta (Ap 16.15).

No entanto, enquanto no caso de Ha-Satan tem-se três pessoas distintas, no caso do Eterno, é apenas Ele quem está agindo, só que desempenhando três papéis diferentes.

 

·        “porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso.” (Ap 16.14).

 

O povo de Cristo será reunido neste momento como um exército e não precisará lutar, já que este é o grande dia do Deus Todo-Poderoso.

Assim como, quando Jesus nasceu, César Augusto obrigou todos os judeus a se alistarem em sua cidade natal (Lc 2.1), Ha-Satan com seus demônios irão possuir os reis do mundo inteiro, os quais, com os poderes miraculosos adquiridos (ver 2Ts 2.9; 1Tm 4.1; Ap 13.13), arrogantemente se acharão capazes de derrotar Jesus e Sua Igreja (Ap 17.14; 19.19).

 

·        “(Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha.)” (Ap 16.15).

 

A narração é interrompida, neste ponto, por uma declaração de Jesus. Daí perceba o quanto é séria esta questão da enganação religiosa. O fato de ser citado, neste momento, que Jesus vem como um ladrão, indica a importância de estarmos firmes em Cristo e não nos deixarmos seduzir por nenhum dos três espíritos citados acima:

 

1 – Vigiar enquanto os outros dormem;

2 – Orar enquanto os outros divertem a si mesmos;

3 – Trabalhar para Jesus enquanto os outros estão ociosos.

 

·        “E salvai alguns com temor, arrebatando-os do fogo, odiando até a túnica manchada da carne.” (Jd 23).

 

A vinda do Cordeiro é como:

 

·        Relâmpago (Lc 17.24) para o mundo, mas como o sol da justiça para a Igreja (Ml 4.2);

·        Ladrão para o mundo, mas como o Noivo para a Igreja;

·        Um laço sobre todos os que habitam na terra (Lc 21.35), mas como a nuvem da Sua própria glória para a Igreja (At .1.11).

 

Não devemos estar nus, mas também não devemos tentar providenciar nossa própria cobertura como Adão (Gn 3.7) ou o indivíduo que tentou entrar nas bodas do Filho do Rei (Mt 22.11), as quais são trapos de imundície aos olhos do Eterno (Is 64.6).

Note quantas advertências há acerca da importância de vigiarmos (Mt 24.42-44; Lc 12.39,40; 2Pe 3.10; Ap 3.3,18; 1Ts 5.2,3).

Mas afinal, o que é vigiar? Zelar por aqueles que o Eterno nos deu (Ap 3.16,19):

 

·        Comprando o ouro refinado da verdade (Pv 2.3-5; 3.13-15; 23.23) a fim de poder guiá-los àquilo que o Eterno tem para eles (Sl 23.2; 2Co 11.2);

·        Comprando as vestes brancas da justiça dos santos a fim de servir de modelo de fé diante das circunstâncias adversas;

·        Ungindo os olhos com o colírio do caráter do Eterno a fim de que possamos enxergá-los exatamente como o Eterno os vê e, deste modo, ao invés de deixar que alguma raiz de amargura ou ódio brote (Hb 12.15; 1Jo 1.7; 2.9-11), possamos enxergar as falhas deles como oportunidade para crescermos. Afinal, é para isto que fomos chamados (1Pe 3.8,9).

 

Tão importante quanto vigiar para que possamos estar prontos ao chamado de Cristo quando Ele vier para os que Ele nos deu (Lc 12.36,37) é guardar as vestes (Ap 3.3; 2Co 5.2,3). Considerando que, após Adão pecar, o Eterno sacrificou um animal para vesti-lo (Gn 3.21), logo temos que estar sempre revestidos de Cristo (Rm 13.14) e de Seu amor (Cl 3.14), de modo a viver tal como Ele viveu em favor dos Seus.

Entenda: a única forma de não sucumbir ante a enganação espiritual é permanecer amando ao próximo, pronto para servi-lo naquilo que o Eterno quer fazer na vida dele. Afinal, para quem quiser buscar em Cristo os seus interesses, o anticristo com suas operações parecerá ser algo divino. Mesmo porque, sem o amor ao próximo, à verdade sagrada e ao caráter de Cristo, a questão de bem e mal parecerá relativo. O bem será visto como tudo aquilo que não agride aquilo que nos convém. Eliminar o mal significará eliminar tudo e todos que nos trazem males e perturbações.

Não é em vão que a justiça do Eterno é tão exaltada no Apocalipse. Afinal, o padrão de justiça do anticristo sempre implica em prejudicar uns para favorecer outros, gerando inimizade, inveja e, por fim, o caos que lhe facilitará reinar sobre tudo e todos.

Enquanto a imagem da besta (a comunidade satânica) tem poder para matar os que não a adoram, aqui estes espíritos imundos fazem dos reis semi-deuses. E quem realmente não estiver firmado em Cristo, conhecendo-O muito bem, certamente vai ser enganado (Mt 24.4).

 

·        “Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom.” (Ap 16.16).

 

Vale do Armagedom é também chamado de Vale de Megido (Zc 12.11), Vale de Jezreel (ver Os 1.5-7,11), Vale da Decisão (Jl 3.14), Vale de Jeosafá (Jl 3.12). Este acontecimento foi profetizado pelos profetas (Dt 32.43; Jr 25.31-33; Jl 3.2,9-17; Sf 3.8; Ez 38,39) em que o anticristo e seus exércitos (Ap 19.19-21), bem como todos os ímpios (Sl 110.5; Is 66.15,16; 2 Ts 1.7-10) serão destruídos.

Megido foi inicialmente uma das cidades reais dos Cananitas (Js 12.21) e foi uma das quais os israelitas foram incapazes de tomar posse por um bom tempo. Ela foi reconstruída e fortificada por Salomão (1Rs 9.15).

Megido era uma cidade que pertencia a Manassés, embora dentro dos limites de Issacar (Js 17.11). Monte Megido possivelmente se refere ao Monte Carmelo, ao pé do qual jaz o vale de Megido, o qual era bem conhecido por cada israelita como um lugar de ajuntamento para hostes malignas e como a cena para várias batalhas:

 

·        Débora e Baraque sobre Sísera (Jz 5:19);

·        Gideão sobre os Midianitas (Juízes 7);

·        Faraó sobre Josias (2Reis 23:29,30; 2Crônicas 35:20-25).

·        Para aí Acazias, rei de Judá, fugiu quando ferido por Jeú e morreu lá (2Rs 9.27).

 

A partir do momento que os israelitas prantearam bastante a morte de Josias, este lugar se tornou uma referência para graves lamentações:

 

o   “Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megido.” (Zc 12:11).

 

·        “E o sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu grande voz do templo do céu, do trono, dizendo: Está feito!” (Ap 16.17 – ARC1995).

·

Quanta maldade os anjos terão que testemunhar!

A voz que vem do trono com certeza é do Eterno, visto que ninguém podia entrar no trono até os sete anjos terem derramado suas taças (Ap 15.8). Ainda mais considerando que a voz saiu do trono.

A fala “está feito” implica em que a série de julgamentos estava prestes a ser completada. O domínio da besta estava para terminar. E a vitória de Jesus é tão certa que o Eterno aqui fala como se tudo já estivesse efetivamente concluído.

Esta frase lembra o que Jesus disse na cruz (“está consumado” – Jo 19.30), bem como a frase que Jesus diz após concluído o juízo final, quando então Ele promete dar de graça da Água da Vida a quem tiver sede (Ap 21.6).

Este anjo derramou a taça sobre o ar (isto lembra os rastros químicos). Isto é pior do que ferir a terra, já que todos respiram o ar constantemente e não conseguem ficar mais do que cinco minutos sem respirar.

Por que lançada no ar? Talvez porque é ali que o príncipe da potestade do ar opera nos filhos da desobediência (Ef 2.1,2). O ar é a residência dos anjos caídos.

Nada no mundo da mente termina nela própria (ver Ec 10.20). Um pensamento conduz a outro, uma impressão produz outra, etc. Ninguém vive para si. Cada passo que damos toca cordas que vibrarão através do ar e alcançarão lugares que nem imaginamos.

Detalhe: enquanto as taças são julgamento direto do Eterno, as trombetas são consequências das atividades do homem. No que este deseja ter o controle sobre toda a natureza, o Eterno simplesmente tira sua mão e atende ao desejo do homem. Considerando que existe o anjo das águas, o anjo do fogo, etc., eu creio que existe um anjo para cada lei da natureza. Quando o Eterno ordena, o anjo deixa de manter firme uma dada lei. Neste momento, aquilo que é regido por esta lei simplesmente se descontrola.

 

·        “E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande.” (Ap 16.18).

 

As vozes, trovões e relâmpagos, terremoto e saraivada acompanharão a voz que será ouvida do trono (Ap 16.21). Também acompanharão a sétima trombeta (Ap 11.19) e, tirando a saraiva, também o sétimo selo (Ap 8.5).

Já que houve vozes, isto significa que uma mensagem final foi dita antes da Batalha do Armagedom. Na sexta taça, os exércitos do antimessias partirão para o Vale do Armagedom. Na sétima a ira do Eterno é concluída e, deste modo, considerando que o povo ainda se mantém impenitente, Jesus sinaliza Sua vinda com relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e saraiva (Mt 28.30 – veja que Jesus vem com poder e grande glória). No entanto, apesar de todas as tribos da terra lamentarem o terremoto que dividiu o que restou de Jerusalém (Grande Babilônia, a grande cidade) em três partes e caírem as cidades das nações, a única coisa que eles fazem é lamentar e blasfemar do Eterno (Ap 16.21).

 

·        “E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira.” (Ap 16.19).

·

A ira do Eterno é algumas vezes referida no Testamento da Lei como “um copo”, “um copo de vinho”, “um copo de vinho de fúria:

 

·        Porque na mão do SENHOR há um cálice cujo vinho é tinto; está cheio de mistura; e dá a beber dele; mas as escórias dele todos os ímpios da terra as sorverão e beberão.” (Sl 75.8).

 

Mesmo diante do maior juízo do Eterno sobre a humanidade caindo, não há hipótese de arrependimento sem a graça Dele. E quando os indivíduos se endurecem ante o juízo justo do Eterno, nada resta senão completa destruição.

Falsidade, sensualidade, orgulho, ambição, impiedade, fraude e tirania são incorporados nesta cidade e todos os não redimidos são cidadãos nela.

Um décimo de Jerusalém caiu no concluir da sexta trombeta (Ap 11.17) e agora as outras nove partes serão divididas em três partes. Esta divisão é uma referência à sua destruição (Zc 13.9; 14.1,2).

Embora a descrição da punição da Grande Babilônia seja descrita após a sétima taça, a mesma começa após o arrebatamento da Igreja (três dias e meio após a metade da 70ª semana). Note como existe uma ira especial para a Grande Babilônia e seus seguidores (Ap 14.8,10). E que a mulher é Jerusalém, basta ver as profecias:

 

·        “Desperta, desperta, levanta-te, ó Jerusalém, que bebeste da mão do SENHOR o cálice do seu furor, bebeste e sorveste as fezes do cálice da vacilação.” (Isaías 51.17).

 

Jerusalém começa a beber e depois o mesmo cálice é passado para todas as nações:

 

·        “Porque assim me disse o SENHOR, o Deus de Israel: Toma da minha mão este copo de vinho do furor e darás a beber dele a todas as nações às quais eu te enviar. Para que bebam, e tremam, e enlouqueçam, por causa da espada que eu enviarei entre eles.” (Jeremias 25.15,16).

·        “E será que, se não quiserem tomar o copo da tua mão para beber, então lhes dirás: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Certamente bebereis. Porque, eis que na cidade que se chama pelo meu nome começo a castigar; e ficareis vós totalmente impunes? Não ficareis impunes, porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Jr 25.28,29).

 

Ou seja, primeiro Jerusalém é punida (ver 1Pe 4.17) para, então, as sete pragas serem enviadas. A destruição da Grande Babilônia, que é mencionada após as sete pragas, na verdade começará antes das mesmas.

A grande destruição da Grande Babilônia começa no início da segunda metade da 70ª semana, quando muitos se alegram por ver os israelitas e seu sistema de adoração varridos dali para darem lugar apenas ao império tenebroso político de adoração à besta.

É bom lembrar que após a destruição da Grande Babilônia pelo anticristo (Ap 17.16), ela se tornará morada de demônios, covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável (Ap 18.2). A única razão para espírito imundo estar habitando ali é porque ali havia indivíduos:

 

·        “Eis que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da cidade.” (Zc 14.1,2).

 

Em outras palavras, o anticristo, embora tenha exterminado muitos israelitas e até queimado suas casas, ainda assim ele não sairá de lá, mas fará do templo de Jerusalém a sua casa (ver Mt 24.15; 2Ts 2.4), de modo que, de centro do império religioso, Jerusalém passará também a ser sede do poder político, tendo como rei e deus a besta do mar.

Jerusalém passa a ser um centro puramente comercial e altamente lucrativo para muitos.

 

·        “Mas em seu lugar honrará a um deus das forças; e a um deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas, e com coisas agradáveis. Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas; aos que o reconhecerem multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e repartirá a terra por preço.” (Dn 11.38,39).

 

Depois que o Eterno enviar as sete taças acontecerá o seguinte:

 

·        “Assim diz o teu Senhor, JEOVÁ, e teu Deus, que pleiteará a causa do seu povo: eis que eu tomo da tua mão o cálice da vacilação, as fezes do cálice do meu furor; nunca mais dele beberás.” (Is 51.22).

 

Entenda: ao derramar a sétima taça, Jesus descerá nas nuvens sobre o Monte Sião, o qual nesta ocasião ficará sendo o monte mais alto do mundo (note que os montes não foram achados). Nesta hora Jesus, pela última vez, ordenará a todos os Seus seguidores que ainda insistiram em permanecer ali a saírem:

 

·        “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniqüidades dela.” (Ap 18.4,5).

 

O antimessias, irritado, parte contra Jesus. Mas Jesus age:

 

·        “Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga.” (Ap 18.8).

·        “Tornai-lhe a dar como ela vos tem dado, e retribuí-lhe em dobro conforme as suas obras; no cálice em que vos deu de beber, dai-lhe a ela em dobro. Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto.” (Ap 18.6,7).

 

A fim de estimular o anticristo e todos que foram permitidos morar naquela metrópole a se engajarem pessoalmente na guerra, o que restou da Grande Babilônia cairá por terra. É quando, então, os mercadores e reis lamentarão o prejuízo que terão (Ap 18.9-11).

Após destruir a Grande Babilônia (Jerusalém), Jesus seguirá para o vale do Armagedom. O antimessias, de forma arrogante, parte para o vale do Armagedom a fim de encontrar lá com o restante das suas forças para pelejar contra o Cordeiro.

Para facilitar as nações de chegarem ao Vale do Armagedom, o Rio Eufrates será secado e:

 

·        “Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados;” (Ap 16.20).

 

Em Ap 6.14 as ilhas e montes são movidas do seu lugar. Aqui, elas fogem.

 

·        “Porque o dia do SENHOR dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido; e contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã; e contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros elevados;” (Is 2.12-14).

 

A terra volta a ser um único continente (ilhas fogem) e os montes e vales são nivelados para facilitar ainda mais as coisas (é bem provável que o próprio Vale do Armagedom também não seja mais um vale). Quando o mundo inteiro estiver se reunido em volta daqueles que proferem o nome de Cristo para pelejar contra eles e o Cordeiro, Jesus então aniquila com todo o exército do mal.

 

·        “Também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo da chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande.” (Ap 16.21).

 

Esta saraiva lembra a sétima praga que caiu sobre o Egito (Êx 9.23-25). Também lembra Josué 10.11:

 

·        “E sucedeu que fugindo eles de diante de Israel, à descida de Bete-Horom, o SENHOR lançou sobre eles, do céu, grandes pedras, até Azeca, e morreram; e foram muitos mais os que morreram das pedras da saraiva do que os que os filhos de Israel mataram à espada.” (Js 10.11).

 

No entanto, esta chuva de pedra pesará cerca de um talento (que, segundo dizem, pesa cerca de 12.600 gramas de ouro). Com mais esta praga, os homens blasfemaram ainda mais do Eterno, visto que seu flagelo era enorme. Note que não há castigo grande o suficiente para quem tem prazer na maldade. Não importa quão duro o castigo, a única coisa que acontece é o endurecimento ainda maior daqueles que não querem compromisso como Eterno. Nada é capaz de fazê-los desejar o bem em si.

Resumindo: se a repreensão do Eterno não amolece o coração, acaba por endurecê-lo ainda mais.