domingo, 2 de setembro de 2012

29 - ESTUDO DO LIVRO DE 1 TIMÓTEO - Parte 2



1 TIMÓTEO 4



Subtema: A IMPORTÂNCIA DO INTIMIDADE DO SERVO DO SENHOR COM JESUS E SUA PALAVRA


Versículos 1 – 5 – A rebeldia contra a fé pessoal em Cristo, uma grande arma de satanás para desviar pessoas após líderes outrora consagrados, mas que negaram a fé


Uma das coisas que tem caracterizado os últimos tempos é a terrível luta de igrejas que se dizem evangélicas no sentido de afastar o maior número de pessoas da devoção individual a Cristo, negando Mt 6.6. Usando como pretexto trechos como Sl 133 e Hb 10.24,25, as pessoas são induzidas a crer que, se não pertencerem a uma instituição religiosa e se reunir 2 ou 3 vezes por semana, debaixo de um bloco de concreto, sob a direção de alguém que se intitula pastor, ela não é crente.
Isto deixa os membros acomodados e descuidados, como se tudo que o pastor diz e faz fosse correto. É esta confiança no homem que fará de muitos irmãos uma maldição (Jr 17.5). Muitos líderes, que antes eram altamente consagrados e usados por Deus, ganharão o respeito e credibilidade de muitos e, paulatinamente, irão se apostatar da fé e convencer a todos quantos não suportam mais a verdade (2Tm 4.3,4; 2Ts 2.10,11).
Por darem ouvidos a espíritos enganadores e a ensinos de demônios (vs 1), muitos desviarão a fé para si mesmos, como se eles, em pessoa, tivessem poder por si mesmos, como se o centro do evangelho fosse o homem.
Tais pessoas, todavia, estão com a consciência insensível a Deus por terem sido esta queimada pela Palavra da Verdade (Jr 5.14; 23.29). A Palavra de Deus, quando não é acolhida pela consciência da pessoa dando-lhe entendimento, ela vai, aos poucos, destruindo a consciência da pessoa. O contato permanente com algo que nada tem haver conosco (ver Jo 8.44) vai só aumentando a nossa antipatia.
Ou seja, aquela pessoa que não recebe a Palavra de Deus com mansidão (Jo 1.12; Tg 1.21), deixando que a mesma venha a fazer parte de si, acaba sendo destruída por ela (vs 2). A pessoa acaba se tornando hipócrita, ou seja, um intérprete da Palavra de Deus (tal como se dá com um ator de teatro que tenta ilustrar uma mentira, ou seja, algo que nada tem haver com ele).
Por que temos que viver momentos do passado? Por que precisamos de vídeos para reprisar acontecimentos, como se apenas determinados eventos fossem importantes? Acaso estamos vivendo futilidades e, por causa disto, perdendo o que realmente tem valor? Ou não estamos enxergando o valor do momento que estamos vivendo?
Por que insistimos em tirar um tempo para nós mesmos? Por que nos conformamos em ficar a sós, ainda que por um curto espaço de tempo? Através do Espírito Santo devemos estar sempre envolvidos com a vida.
Entenda: qualquer coisa que não faça parte da nossa vida, não deixa de ser, para nós, uma mentira. Para ser mais exato, mentira é a tentativa de viver uma realidade diferente da de Cristo e Sua Palavra, a qual está sob o nosso controle. Em outras palavras, quando estamos vivendo a nossa vida (ver Gl 2.20), não importa o quanto nos esforcemos para que a mesma se encaixe nos moldes de Deus. Trata-se de uma pseudo-fé, uma fé em Cristo firmada no bem que estamos fazendo ou no mal que estamos deixando de fazer (que, na verdade, é uma forma mascarada de não fazem o bem).
Mas a ação de Cristo não depende da nossa. A do diabo, sim, já que são as nossas obras que irão determinar a forma de ele agir para conosco, a saber, a estratégia que ele irá adotar para nos afastar para mais longe de tudo que Jesus é.
Daí virmos tais líderes proibindo o casamento e ordenando a abstinência dos manjares que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças (vs 3). O julgamento é pelas obras, mas a salvação é pela fé.
Ou seja, não somos nós que devemos encaixar Deus na nossa vida. Antes, é Deus quem deve nos encaixar na Sua vida (1Co 12.13) e nós, simplesmente, cooperando com Ele (2Co 6.1). Nossa ação é que deve depender da de Deus.
A questão não é o fazer uma seleção do que comer ou beber, mas sim nos alimentarmos daquilo que sai da parte de Deus (Dt 8.3; Lc 4.4) a fim de ações de graças sejam dadas a Ele (vs 4). Tudo que Deus nos dá como alimento através da intercessão do Espírito Santo em nós (Rm 8.26) e da Palavra que sai da boca de Deus, com certeza é algo separado para uso exclusivo Dele (vs 5). Não cabe a nós decidir o que é comum ou imundo (At 10.13-15). Receba o que Deus te dá e sê grato por isto.

Versículos 6 – 10 – O que Deus quer não é o esforço da carne para fazer o maior número de pessoas crer Nele, mas sim o exercício da piedade (compaixão) após ouvir a voz de Deus


Se quisermos ser alimentados com as palavras da fé e da boa doutrina que temos seguido (vs 6), precisamos deixar claro aos irmãos que a salvação não se dá pela nossa tentativa de agradar a Deus (Ef 2.8,9), mas por ouvir pessoalmente Sua voz nos dizendo o que fazer com cada coisa que Deus traz até nós.
Veja que a questão não é nos afastarmos daquilo que é imundo, mas sim buscarmos em Deus o que fazer com toda a imundície. Veja o caso de Jesus:
1.    Ele tocou em um leproso (Mt 8.3; Mc 1.41);
2.    Se aproximou de uma sepultura (Jo 11.34-40);
3.    Tocou em um caixão (Lc 7.14).

Todas estas coisas eram proibidas a um sacerdote da lei (Lv 21.1-4,11). Contudo, Jesus não se preocupou em tornar-se imundo por causa disto. E o motivo é simples: apenas quem age pela carne é contaminado quando entra com a carne morta pelo pecado (ver Rm 6.23). Como Jesus era movido pelo Espírito Santo, não só Ele não era contaminado, como Ele purificava e curava. As leis do antigo testamento consistiam somente em comidas, bebidas e várias ABLUÇÕES e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção. (Hb 9.10)
Mas agora, para quem está realmente em Cristo, não há necessidade de rigor ascético para manter-se puro e santo (Cl 2.20-23). Uma vez movidos pela Palavra de Deus e pela oração, tudo vai se tornando santo, como se vê em (Ez 47.8-10).
            Propondo estas coisas aos irmãos, com certeza seremos bons ministros de Jesus Cristo (vs 6) e poderemos ser alimentados com o verdadeiro alimento espiritual, a saber, o corpo e sangue de Cristo (Jo 6.51-57), os quais saem da boca de Deus (Mt 4.4).
            Veja bem: o pão e o sangue de uva, a princípio, não passam de um pouquinho de comida carnal. A Palavra de Jesus é que fez dos mesmos Seu corpo e sangue. De igual modo, a Igreja só será nosso corpo e o Espírito Santo o nosso sangue (vida) se ouvirmos a voz de Jesus (Jo 5.24,25).
            É preciso rejeitar as fábulas profanas (narrações breves, de caráter alegórico, para ilustrar um preceito) e tradição dos antepassados (ver Mt 15.2,3) (vs 7). Ainda que os mesmos sejam corretos, jamais devem ocupar o lugar de Deus na nossa vida.
            É preciso exercitar a piedade (vs 7). O exercício físico para pouco é proveitoso (vs 8), mesmo que todo o esforço seja no sentido de tentar glorificar a Deus. Em outras palavras, por melhor que possa ser as nossas obras, ainda assim pouco proveito trará aos que a observarem, por mais aprendizado que possam adquirir, pois o principal não é a aquisição de conhecimento, mas sim a confiança no mesmo, a ponto de estarmos dispostos a segui-los.
            A piedade (compaixão), todavia, traz proveito em todas dimensões do ser humano (vs 8 – corpo, mente, sentimento e espírito). Ou seja, o importante não é aquilo que fazemos, mas sim a forma com que nos ligamos às pessoas que Deus coloca na nossa vida.
            Daí tanta preocupação de Paulo em enfatizar que a Palavra de Deus é fiel (1Tm 1.15; 4.9; 2Tm 2.11) e digna de toda a aceitação (vs 9). Afinal, o objetivo não é simplesmente produzir a unidade no culto. Toda religião sempre tenta se firmar em preceitos e doutrinas para manter uma unidade congregacional. Porém, não interessa o quanto a igreja possa parecer viva e operosa (ver Ap 2.2-4; 3.1). Temos que aceitar toda a Palavra de Deus. Jamais devemos achar que algum preceito dela é utopia ou valeu apenas para a época dos apóstolos. Do contrário, tudo pelo que lutamos se torna sem sentido.
            Afinal, de que adianta transmitir o conhecimento de apenas parte do evangelho, e isto para um grupo de pessoas (vs 10). Se apenas parte da bíblia fosse verdadeira, Deus seria mentiroso e incapaz de preservar toda a verdade (Sl 117). Não teria motivo para esperarmos em um Deus (vs 10) que não é capaz de salvar nem mesmo a Sua Palavra. Como podemos afirmar que Deus é vivo se Ele não valoriza nem mesmo o que fala? Se a Palavra empenhada por Deus não tem valor a ponto de ser preservada por Ele, então o que tem valor?
            Já parou para pensar no motivo pelo qual a palavra de uma pessoa tem tanto valor na bíblia (ver Ec 5.1,2; 1Tm 3.8; Mt 12.34-37; Lc 19.22)? Porque a pessoa é definida por aquilo que ela acredita, o qual pode ser visto através daquilo que ela fala e faz. Uma pessoa que não é íntegra, ou seja, não mantém sua fé (ver 1Tm 3.15), não serve de base para nada sério e realmente importante.
            Mesmo porque Deus não é salvador apenas dos fiéis, mas de todos os homens (vs 10). A prova disso é que, quantos bandidos, apesar de suas maldades, não são pegos, nem mortos. Ele assim procede a fim de dar oportunidade para que todos possam se arrepender e serem salvos (Ez 33.11; Is 55.6,7; Mt 5.44,45; Lc 18.7,8).
           
           


Versículos 11 – 16 – A importância de nos mantermos ocupados na Palavra de Deus a fim de que toda nossa vida seja um ensino aos demais membros


O importante não é apenas ordenar o que é certo, mas as ensinarmos a todos entregando a nossa própria vida a fim de que todos vejam que a Palavra de Deus realmente funciona (vs 11). E não pense que isto é só para os líderes da Igreja. Mesmo aquele que é neófito (novo na fé), não tem motivo para se portar de modo inconveniente (vs 12). Infelizmente a cultura pagã entrou nas igrejas, induzindo as pessoas a acharem que, já que a pessoa acabou de sair do mundo, é natural que ela ainda esteja muito apegada a ele.
Mentira! Não podemos desprezar a mocidade (vs 12)! A pessoa deve passar a ser o exemplo dos fiéis na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza (vs 12) tão logo abraçou a fé em Cristo. Conforme Sl 1.1,2, devem abandonar o conselho dos ímpios, o caminho dos pecadores e a companhia dos escarnecedores, passando a ter o seu prazer unicamente no Senhor (Sl 37.4) e na Sua Palavra, a ponto de persistir em ler, exortar e ensiná-la (vs 13).
Muitos, no lugar de Timóteo, pensariam: “enquanto Paulo não vem, eu vou “aproveitar” a vida. É lamentável que precisemos de algo externo para nos estimular ao amor e às boas obras (Hb 10.24). A verdade, todavia, é que, a menos que tais características façam parte do nosso caráter, jamais haverá espontaneidade em fazê-las (Jo 8.44). É impossível permanecermos firmes em algo que não é o motivo da nossa alegria.
Por isto é tão importante não desprezarmos o dom que há em nós (vs 14). Muitas vezes estamos como o pessoal da igreja de Corinto: querendo os dons uns dos outros, ao invés de valorizarmos os nossos dons (1Co 12.14-19). Entretanto a felicidade está em aceitarmos aquilo que somos, ser usado exatamente naquilo que Deus nos quer.
Não podemos supor que nosso dom é pouco, só porque a sociedade assim o considera. Timóteo, de certo, estava cometendo este erro: recebeu, por profecia, um determinado dom, com imposição das mãos do presbitério a fim de dedicá-lo ao Senhor. Contudo, ele não estava conseguindo enxergar o valor do mesmo na sua vida e na de todos.
É claro que jamais veremos a importância daquilo que estamos fazendo, enquanto não nos dedicarmos integralmente a elas (vs 15). Nosso aproveitamento só será manifesto a todos quando fizermos dos nossos ensinamentos a nossa ocupação mental e física (vs 15). Tanto é assim que Paulo ordena que Timóteo tenha cuidado dele mesmo e da doutrina (vs 16).
Inclusive, é o zelo por nós mesmos e pela doutrina que permitirá que nós e aqueles que nos ouvem sejamos salvos (1Tm 4.16). Ou seja, evangelismo não é a preocupação de querer forçar uma mudança de comportamento nas pessoas. Não se trata de usar as “boas obras” como desculpa para dominar sobre as pessoas. Antes, é irmos por todo o mundo confirmando a Palavra de Deus com a nossa vida a toda criatura com que tivermos contato (Mc 16.15).


1 TIMÓTEO 5


Subtema: A IMPORTÂNCIA DE SE ENXERGAR O QUE EXISTE NO CORAÇÃO DE CADA UM ANTES DE TOMARMOS QUALQUER ATITUDE


Versículos 1 – 2 – A forma correta de se admoestar alguém


Sempre que alguém for visto cometendo um erro, o mesmo deve ser admoestado (avisado, advertido com brandura, aconselhado). Entretanto, precisamos nos identificar com a pessoa que comete a falha (vs 1 e 2):
1.    aos anciãos, como a pais -> devemos exortá-los, considerando que, como pais e avôs que são, o comportamento deles pode influenciar toda uma geração;
2.    aos jovens, como a irmãos -> não podemos esquecer que eles devem servir de exemplo aos demais irmãos (ver 1Co 11.1; 1Pe 5.1-3);
3.    às mulheres idosas, como a mães -> são elas os principais instrumentos de Deus para ensinar as mais jovens a serem prudentes, a amarem seus maridos, seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos (Tt 2.3-5);
4.    às moças, como a irmãs, em toda a pureza -> já que a mulher é o esteio da casa (Sl 144.12; Pv 14.1), elas devem se prepararem para serem santas, tanto no corpo como no espírito (1Co 7.34).

Ao disciplinarmos alguém, nunca devemos esquecer de que Espírito nós somos (Lc 9.55). Jamais devemos corrigir alguém alegremente.
Pelo contrário! É algo que todos devemos lamentar (pois Deus lamenta – Lm 3.33)! E, caso tenhamos que ser nós os instrumentos para disciplinar o transgressor, guarde o teu coração a fim de que a maldade e a amargura brotem e tragam perturbação à tua vida e tuas mãos e vestes venham a se sujar (Gl 6.1; Tg 4.8,9).
Como vasos de honra, nosso papel é fazer uso das armas espirituais para corrigir o pecador (oração, evangelismo, amor, etc – 2Co 10.3-6). Caso haja necessidade de uma correção mais severa, faça como Paulo: “entregue-o a satanás” (1Co 5.3-5), ou seja, aos perversos que, como vasos de ira (Rm 9.22,23), foram feitos justamente para trazer a calamidade à vida daqueles que se afastam de Deus (Pv 16.7).
Entretanto, jamais te esqueças de que somos o corpo de Cristo, onde cada membro faz uma falta enorme (1Co 12.14-25). Enxergue a semelhança do Senhor (ver Dt 12.8) e lamente a perda de um membro, pois a singularidade de Cristo na vida dele não poderá ser vista em outra pessoa.

Versículos 3 – 8 – Cuidar dos da própria casa: a receita para dar fim às falsas viúvas e, deste modo, ajudar a quem realmente precisa


Apenas as mulheres que eram verdadeiramente viúvas deveriam ser honradas (vs 3), a saber, aquelas que eram desamparadas e, portanto, esperavam somente e Deus, perseverando noite e dia em orações e súplicas (pedidos com instância e humildade – vs 5).
Já reparou em toda a bíblia o carinho especial que Deus tem para com aqueles que são desamparados? (veja 2Sm 22.28; Jó 36.15; Sl 18.27; 22.24; 72.12; 74.21; 82.3; 117.17; 1Sm 2.8; Jó 5.15; Sl 9.18; 35.10; 72.4,12; 74.21; 82.3,4; 107.41; 109.16; 113.7; 140.12; Is 25.4; Jr 20.13; 1Jo 3.17). Isto porque, tais pessoas, nada têm neste mundo. Deste modo, dependem exclusivamente de Deus e podem se colocar a serviço Dele o tempo todo.
A quem estamos nos ligando e em que estamos nos especializando? Quanto mais recursos deste mundo adquirimos, mais somos requisitados pelo mundo (ver 1Jo 4.5,6).
Já parou para pensar no motivo de virmos a este mundo sem nada (incluindo conhecimento), de Deus proibir Adão de comer do fruto do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.17) e de Jesus dizer que, para entrarmos no reino do céu, precisamos nos converter e nos tornarmos como meninos (Mc 10.14,15)? Para nos ensinar que nunca foi plano de Deus que nos tornássemos úteis para o mundo, mas sim para Deus (ver Gl 6.14).
Jesus deixou isto claro:
·         “E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido? Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.” (Jo 7.15,16).
·         “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (Jo 18.36).

Jesus crescia apenas em estatura e graça (Lc 2.52). E era assim que todos devíamos crescer: conhecendo e se deixando conhecer por Deus (Gl 4.9). E tal conhecimento deveria começar em casa. Daí a ordem:

·         “Mas, se alguma viúva tiver filhos ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família e a recompensar seus pais; porque isto é bom e agradável diante de Deus.” (vs 4).

Deus sempre prezou a pureza. Daí ter dado a família a fim de que os pais pudessem trabalhar, nos filhos, tudo aquilo que Deus é na vida deles e, deste modo, pudessem dar continuidade à sua linhagem (Dt 25.5,6). Pense em um corpo em crescimento, onde as células do braço, por exemplo, vão se multiplicando aos poucos até atingir a fase adulta.
De igual modo, se Deus levantou alguém, por exemplo, para ser o braço do corpo de Cristo, a ideia é que seu filhos, netos, etc., cada um carregassem esta semente dentro de si até o braço de Cristo está na estatura do varão perfeito (Ef 4.13).
Por isto é que, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel (vs 8).
É tão séria esta questão que, o cumprimento disto, contribui para que a pessoa seja irrepreensível (vs 7).
Quem, ao invés de dedicar a Jesus e à família, vive em deleites, na verdade, está morto na fé (vs 6) e não tem amor pela família. A fidelidade nos relacionamentos (principalmente os familiares) é o instrumento que Deus usa para manter as pessoas firmes na Sua Palavra.
Sem contar que, quando algum irmão em Cristo possui viúvas (e, até mesmo, pessoas necessitadas) na sua família, ele deve se comportar como o parente remidor de Lv 25.25. Deste modo, além de facilitar o trabalho da Igreja em socorrer os que, realmente, estão em necessidade (vs 16), conserva tal pessoa dentro da visão que Deus tem para toda aquela linhagem. Sem contar que isto aperfeiçoa o trabalho de cada uma das células deste membro específico do corpo de Cristo que, agora, poderá cumprir com mais eficácia o trabalho de Cristo.
Infelizmente, a visão de família, hoje, está muito degradada, pois só se pensa em prazer. Entretanto, o trabalho de cada membro da Igreja deveria ser o de resgatar o papel de Deus para toda a sua parentela (ver At 16.31). É lamentável como as pessoas preferem os estranhos àqueles que são da sua carne e sangue, ou seja, que têm tudo haver com o ministério que Deus lhe outorgou.

Versículos 9 – 16 – As características da viúva inscrita no benefício divino


1.    ter pelo menos de sessenta anos (vs 9). Viúvas mais novas não deveriam ser admitidas porque, quando se tornam levianas contra Cristo, querem casar-se (vs 11).
Mas, que mal há em a viúva casar de novo? Embora isto seja permitido (tanto que Paulo deseja que tais viúvas se casem, gerem filhos, governem a casa (vs 14; 1Co 7.39)), entretanto o benefício de viver das ofertas consagradas ao Senhor, deveria ser apenas para as que tivessem
2.    sido mulher de um só marido (vs 9). Deus só permitiu as viúvas casarem a fim de que elas não vivessem abrasadas (1Co 7.9), entregue aos prazeres (vs 6), andando ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convém (vs 13).
Ou seja, a ideia é que as viúvas estivessem presas nos laços de amor providos por Deus (Os 11.4) e, deste modo, não dessem ocasião ao adversário de maldizer (vs 14), tendo já a sua condenação por haverem aniquilado a primeira fé (vs 12). Infelizmente muitas se deviam, indo após Satanás.
Entretanto, o plano de Deus é que o casamento seja único a fim de que a mulher fosse usada para dar continuidade à linhagem do marido.
Se, todavia, a mulher, ao morrer o marido, casasse com outro, em seu interior haveria uma mistura de linhagem (ministérios, dons) e o resultado seria uma linhagem mista.
3.    ter testemunho de boas obras (vs 10) – note que, no reino de Deus, primeiro vem a disposição de ser bênção, para depois vir o favor de Deus. Ao contrário do mundo que alega: “depois que melhorarem nosso salário, aí nós iremos trabalhar”.
Todos devemos, primeiro, ser fiéis ao que Deus já deu para, então, recebermos mais de Deus (Lc 16.10). Quem não é capaz de administrar pequenos recursos, a única coisa que fará com as grandes bênçãos é desperdiçá-las. Por isto o julgamento sobre o indivíduo que enterrou o talento foi tão severo. Uma vez que ele não usou o talento que Deus lhe deu, então:
a)    o que ele ficou fazendo?
b)    o que ele utilizou e de quem o obteve? E qual o preço que ele teve que pagar para adquirir tal coisa? Como tudo pertence a Deus (Sl 24.1), ninguém tem nada que possa dar. Logo, para se obter algo do mundo, é preciso abrir mão de alguma das bênçãos que Deus nos deu a fim de que alguém possa nos entregar aquilo que ele nunca teve e, deste modo, ele possa adquirir aquilo que o outro não possui.
Aliás, já parou para pensar no motivo que leva alguém a vender alguma coisa? É porque tal produto não tem valor para ele. Do contrário, ele não o venderia, mas ficaria com ele.
Apenas aquilo que é único tem valor. Logo, só consegue enxergar o valor de alguma coisa quem tem Jesus no coração, pois apenas quem tem visão espiritual consegue enxergar a singularidade de cada momento, coisa ou pessoa.
4.    criou os filhos (vs 10). Se ela não é capaz de zelar nem por aquilo que saiu de dentro dela, então o que ela fará com os bens que receber da igreja? Mesmo que seja só o básico para a manutenção, tem sentido mantê-la viva, simplesmente por viver?
5.    se exercitou hospitalidade (vs 10). Quem não tem prazer em cooperar com a Verdade, acolhendo aqueles que vêm em nome do Senhor Jesus (3Jo 5-8), vai hospedar quem? Os perversos? Aqueles que não saíram de nós e, portanto, nada têm de nós em seu interior, não poderão nos dar nada sem, antes, tirar isto dos seus devidos donos.
Lembre-se que nada temos neste mundo e, portanto, a única forma de ninguém perder o que nunca teve é através do corpo de Cristo. Em Jesus, o que é bom para um membro, o é para os demais (1Co 12.26).
6.    se lavou os pés aos santos (vs 10 – Jo 13.14). Nenhum relacionamento que não tem em vista eliminar o pó proveniente dos rebeldes que se apegou aos pés dos irmãos (Lc 10.10,11) tem proveito;
7.    se socorreu os aflitos (vs 10). Quem dá esmola daquilo que tem acaba se tornando puro (ajunte Lc 11.41; 12.33; com Tt 1.15);
8.    se praticou toda boa obra (vs 10). Tudo que o homem toca se torna imundo e amaldiçoado (ver Gn 3.17; Ag 2.13,14; Is 64.6). Logo, a verdadeira boa obra implica em ser usado por Deus continuamente.


Versículos 17 – 20 – Concedendo aos presbíteros o que eles necessitam para que os outros venham a temer a Deus


Conforme se pode verificar nos vs 19 e 20, os presbíteros estavam sendo acusados de usarem a Igreja para se enriquecerem. E alguns realmente estavam (ver 1Tm 6.3-5). Para resolver esta questão, Paulo orienta:
1.    os que realmente pecaram repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor (vs 20);
2.    sejam estimados de dupla honra (vs 17):
a.    os que governam bem;
b.    se afadigam no aprendizado, no ensino da Palavra e na prática de tudo que ela determina;
c.    estão sendo desonrados.

Uma vez que estes estavam sendo envergonhados, a honra deles estava abaixo da daqueles que eram ímpios. Uma porção de honra apenas os igualaria aos ímpios. Daí a segunda porção de honra: a fim de que eles estivessem em pé de igualdade com os demais irmãos (note como se dá mais honra àquele que dela tem falta – 1Co 12.23,24).
Todavia, apenas aqueles que amavam a palavra de Deus (2Ts 2.10) e que sabiam manejá-la bem para guiar a Igreja é que deveriam receber a dupla honra, a saber, a porção dobrada do alimento sólido (ver Hb 5.12-15) e do Espírito Santo (2Rs 2.9).
Era preciso diferenciar aqueles ministros que recebiam algum presente, por parte daqueles que foram tocados por Deus durante a ministração (em obediência a Gl 6.6), daqueles que admiravam as pessoas por causa do interesse delas (Jd 16) nas coisas deste mundo (1Jo 4.5,6), para atraírem os discípulos após si (At 20.30).
Daí não aceitar-se acusação contra presbítero, senão quando Jesus se mostrar presente (Mt 18.20) revelando os segredos dos corações (1Co 4.5; 14.24,25) através do testemunho de duas ou três testemunhas (vs 19).

Versículos 21 – 25 – A importância da manifestação da verdade a fim de não nos tornarmos cúmplices dos pecados alheios


Os versículos 21 a 23 formam um parênteses, visto que o vs 24 dá seguimento perfeito ao versículo 20.
Neste parênteses, Paulo explica que estes conselhos valiam também para ele e que, não importa o quanto a situação ficasse difícil, ele não deveria ceder.
Mesmo que não consigamos entender o que Deus está tentando fazer, ainda assim nossa obrigação é obedecer. Afinal, estamos diante de:
1.    Deus, ou seja, quando professamos nossa fé, passamos a servir na presença Dele e, deste modo, qualquer gesto nosso implica em glória e desonra ao nome de Deus diante dos ímpios (Rm 2.23,24);
2.    Jesus Cristo, ou seja, do Seu corpo, ao qual Deus colocou todas as coisas debaixo dos Seus pés (Ef 1.22,23). Logo, uma atitude nossa pode possibilitar que a Igreja tropece na fé e sirva de escândalo (Mt 18.6,7; Rm 16.17; 1Co 8.9; 10.32; 2Co 6.3).
3.    Anjos eleitos. Como Deus elegeu a Igreja para que Sua multiforme graça (1Pe 4.10) e sabedoria (Ef 3.10) fosse conhecida dos principados e potestades nos céus, o mau testemunho nosso dificulta os anjos de atentarem bem para o mistério de Deus (1Pe 1.12).

Assim sendo, fica alguns alertas:
1º Alerta: Prevenção (vs 21)

Todos os conselhos desta carta deveriam ser guardados sem preparação, sem tentar prever o que vai acontecer se tais princípios forem praticados. Mesmo que pareçam absurdos ou impossíveis de serem colocados em prática, temos que confiar que Deus irá prover, de modo sobrenatural, o necessário para que Sua Palavra se cumpra na nossa vida.
Deus nunca quis ficar apenas nos bastidores (2Cr 16.9). Tampouco projetou para a Igreja algo que ela pudesse fazer sozinha, só com base nos recursos deste mundo (Jo 15.5).
Pelo contrário, Ele estabelece metas impossíveis de serem alcançadas pela carne (ver Rm 8.5-9) a fim de que Ele possa mostrar a todos de que Ele é Deus (ver Jz 7.2).

2º Alerta: Parcialidade (vs 21)

Não devemos obedecer apenas os princípios da palavra de Deus que nos convém, e isto quando nos é favorável. Sendo Jesus, Deus de equidade (Is 30.18), devemos buscar de Deus aquilo que é proveitoso para todos, e não apenas para alguns. Muitas vezes a solução de um problema ficar pior, para alguns, do que o problema em si. Uma pessoa com bons olhos (Mt 6.22,23) não age como bruto irracional (2Pe 2.12; Jd 10), como o 4º reino de Dn 2.40 que, por onde passava, quebrava tudo e fazia em pedaços. Deus irá destruir os que destroem o corpo (1Co 3.17) e a terra (Ap 11.18).

3º Alerta: Precipitação (vs 22)
                                            
A acusação contra os presbíteros serve de alerta para não impor as mãos, elegendo líderes precipitadamente. Colocar alguém à frente da igreja implica em sujeitar todos os membros a aceitarem o que tal líder estabelece.
4º Alerta: Não participar dos pecados alheios (vs 22)

Nenhuma atitude nossa deve contribuir para que a pessoa prospere no erro (ver Lv 19.17; 2Cr 19.1,2; Jr 48.10; Ef 5.11).

5º Alerta: Pureza (vs 22)

Devemos nos conservar livres de qualquer desejo. Quando nos envolvemos com os pecados de alguém, acabamos assimilando a ambição do mesmo, o que nos deixa inquietos. Não conseguimos mais desfrutar da companhia de ninguém porque achamos que estamos perdendo tempo.
A finalidade do sentimento é trazer pessoas para dentro de nós. Sem Jesus, ficamos sem sentimento, e, portanto, separado das demais pessoas. Podemos até ter contato com as pessoas. Todavia, jamais saberemos o que é ser parte de alguém e vice-versa.
As obras que fazemos deveriam servir de confirmação, a fim de que não houvesse dúvida de que realmente precisamos das pessoas para conhecermos melhor a Deus.

6º Alerta: Bom Testemunho (vs 23 a 25)

É claro que é horrível padecer de uma enfermidade (vs 23). Com certeza já tinha passado pela cabeça de Timóteo a ideia de tomar um pouco de vinho para ficar curado (2Tm 2.22). Embora Paulo tivesse lhe dado permissão para beber um pouco de vinho, ele jamais deveria se esquecer de que:
1.    Tinha que fugir das paixões da mocidade (2Tm 2.22);
2.    Ninguém deveria desprezar a mocidade dele (1Tm 4.12). Antes, ele deveria servir de exemplo;
3.    Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convém, edificam (1Co 10.23) e nos deixam livres (1Co 6.12);
4.    Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo (vs 24). Em particular, os líderes que pecassem, deveriam ser repreendidos na presença de todos (vs 20);
5.    Ele até que podia andar pelos caminhos do coração dele e pela vista dos seus olhos. Porém, por todas estas coisas, Deus o traria a juízo. (Ec 11.9).

Ou seja, ele não podia supor que seria capaz de manter domínio próprio, apesar de tomar um pouquinho de vinho. Os pecados de alguns homens só vão se manifestar depois (vs 24), quando o mal já atingiu proporções astronômicas, sem que a pessoa se desse conta.
Sejam as boas ou as más obras, a tendência natural é elas se manifestarem tão logo são praticadas. Contudo, ainda que isto não aconteça, nada há oculto que não venha a ser revelado (Mt 10.26; Mc 4.22; Lc 12.2; 1Co 4.5; vs 25). Uma vez que a verdade do Senhor subsiste para sempre (Sl 117.2), temos que invocar a Deus até que Ele nos anuncie as coisas grandes e ocultas que não sabemos (Jr 33.3).
Muitas vezes trabalhamos em meio a grande erro (Mc 12.24,27) por não termos conhecimento daquilo que Deus tem para nós. Nos cansamos em proceder iniquamente (Is 57.9,10; Jr 9.5), só para conseguirmos os recursos deste mundo que consideramos importantes para solucionarmos os problemas. Porém, Deus ter reservado para aqueles que O ama, coisas que vão muito além da nossa imaginação (1Co 2.9; Ef 3.20). E o Espírito Santo foi dado, entre outras coisas, justamente para nos revelar isto (1Co 2.12). Se nos conformarmos com a cegueira do diabo (2Co 4.3,4), nunca experimentaremos o melhor de Deus para nós e acabaremos tomando muitas decisões que, embora aliviem o sintoma, só agravarão a doença.

1 TIMÓTEO 6


Subtema:


Versículos 1 – 2 – Deus coloca alguém como servo para que este conceda honra ao seu superior


Deus só coloca alguém a nosso serviço quando estamos carecendo da honra que vem de Deus (Jo 5.44). Afinal, é esta que nos capacita para crer. Do contrário, ao invés de ter servos, seremos servos por estarmos em condições de servir (ver Mt 20.25-28). Lembre-se que mais bem-aventurada coisa é dar do que receber (At 20.35).
Diante de Deus, o maior é aquele que serve. Ou seja, aquele que Deus separa para conduzir Seu povo é aquele que tem tanta capacidade de servir, que pode ser colocado a serviço de uma multidão.
Por isto é que Deus ordena que os servos estimem seus senhores por dignos de toda a honra (vs 1). Por não terem Cristo no coração, o papel do servo fiel era mostrar, através de Sua vida, que Deus é real e que a Palavra de Deus nunca falha (vs 1).
Sempre precisamos ter em mente que estamos aqui para confirmar a Palavra de Deus diante dos anjos e do mundo (1Co 4.9; Ef 3.10). Logo, temos que estar imbuídos do sentimento que Jesus ordenou em Mt 5.39-44:
·         “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.39-44).

Em outras palavras, devemos estar dispostos a:
1.    Apanhar mais do que a pessoa está disposta a nos bater;
2.    Dar mais do que as pessoas esperam receber de nós;
3.    Ir mais longe do que a pessoa espera nos levar;
4.    Amar quem não está disposto a receber este amor;
5.    Bendizer aqueles que nunca têm palavras boas para nos dizer;
6.    Fazer o bem àqueles que têm uma visão distorcida acerca do que deve acontecer conosco;
7.    Orar pelos que só estão dispostos a tratarem mal e a seguirem após nós (ao invés de seguirem a Cristo).

A ideia é a de um atleta que prepara mais do que a competição exige (1Co 9.24-27) ou de um soldado que se prepara mais do que é necessário para vencer o inimigo (2Tm 2.4-6) a fim de que jamais fiquem esgotados e deixem de tirar todos os benefícios (ver 1Sm 14.28-30).
A pessoa deve, no final, considerar toda luta como algo leve e momentâneo (Rm 8.18; 2Co 4.17), independente da duração e intensidade da mesma.
Enfim, não podemos deixar escapar nenhuma oportunidade (Ef 5.16; Cl 4.5). Temos que estar preparados, não apenas para vencer a luta, mas para sermos mais que vencedores (Rm 8.37), a saber, lançando pelo menos uma gotinha de azeite em cada vasilha que Deus coloca na nossa vida (Mt 25.3,4) e colhendo de Deus, através delas, pelo menos um grãozinho do ouro da verdade (Pv 2.3,4; 3.13-15; 23.23).
E não podemos pensar que, porque o senhor é crente, que é hipócrita e, deste modo desprezá-lo. Não é porque ele é crente que não possua falhas e, se você foi colocado na vida de tal pessoa, é porque ele já colocou na tua vida as qualidades necessárias para que ele obtenha de Deus tudo que é necessário (Sl 68.28).
Precisamos ter em mente que Deus dá a cada um o dom necessário. Não podemos achar que é injusto alguém ter mais que nós. Deus dá os talentos conforme a capacidade de cada um (Mt 25.15) em ouvir Sua Palavra (Mt 13.9) e obedecer (Lc 12.48).
Além disto, no final, o que importa é a ação de Deus. A diferença entre o pobre em Cristo e o rico é que este é servido pelo dinheiro (algo morto), enquanto que aquele, por pessoas. Jesus Cristo é o fim do conceito de desigualdade social, pois cada um acaba recebe tudo que necessita e em abundância (Lc 6.38).
A questão não é ter o mesmo ou mais do que os outros, mas sim estar plenamente suprido. Como Cristo é a nossa satisfação e tudo que há neste mundo é simplesmente o meio que Ele proveu para nos tornar parte da vida uns dos outros através da Sua Palavra, que diferença faz “quem é o líder” ou “quem é o dono”, já que, no final, o que recebeu abundância compartilha com o que tem falta (2Co 8.12-15) e o que lidera deve usar este dom para capacitar o servo a servir. A ovelha recebe alimento e águas tranquilas do pastor (Sl 23.1,2) a fim de que possa produzir a lã que irá aquecer corações e o lei para alimento (Pv 27.23-27).

Versículos 3 – 5 – TEMOS QUE NOS APARTAR DE TODOS QUE TENTAM LUCRAR COM A PALAVRA DE DEUS


            O evangelismo consiste em duas coisas:
1.    as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo -> As palavras de Jesus dão saúde (Pv 4.19-21; Lm 2.13,14; Is 53.5; Tg 5.13-16; 1Pe 2.24). Logo, se isto não está acontecendo, é sinal de que há erro na pregação. Deus sempre trabalha com cura, ou seja, com Seu Espírito Santo nos preparando, tornando-nos melhor para o uso em toda boa obra (2Tm 2.19). O pecado deixou o coração doente, a saber, desejando e funcionando de modo irregular. Nosso papel não é atender aos desejos deste coração corrompido (a fim de mantê-lo vivo), mas sim buscar a cura para o mesmo e, portanto, a morte da corrupção;
2.    a doutrina que é segundo a piedade -> Compaixão, a saber, uma pessoa se identificando com a outra a fim de revelar Cristo dentro da realidade dela.

Se alguém ensina um evangelho que tenta incentivar a pessoa a crescer em sua natureza pecaminosa, com o pretexto de que isto irá atrair outras pessoas a Cristo (com a sedutora ideia de que poderão viver suas vidinhas medíocres, se isolando no cantinho que conquistou para si), tal pessoa é enfatuada e nada sabe. Antes, está enganando os mansos com palavras falsas (Is 32.7).
Seu delírio (entusiasmo extremo que causa distúrbio no julgamento) é por questões e contendas de palavras (vs 4; Fp 1.15-17). Ou seja, o que tal pessoa quer é ser alvo de discussões e debates, o centro das atenções, despertando toda sorte de maus sentimentos:
1.    Invejas (vs 4) -> desejo de violento de possuir o que é do outro, ao invés de tomar posse do que realmente é seu (ver 1Co 2.9; Ef 3.20);
2.    porfias (vs 4) -> discussões ou contendas de palavras. Ao invés de brigar por Jesus, deixe que Ele confirme Sua Palavra perante todos através de cada momento da tua vida;
3.    blasfêmias (vs 4) -> palavras ou atos que ultrajam Jesus. É oportuno esclarecer que não há nada que ultraja mais a Jesus do que tentar fazer o bem separado Dele. É como dizer que somos bons por nós mesmos e que, portanto, não precisamos Dele. Honrar ao Pai não é fazer alguma coisa por Ele, mas sim deixar que Ele faça tudo por nós, inclusive, dirija nossa vida;
4.    ruins suspeitas (vs 4) -> opiniões ruins acerca uns dos outros, ao invés de uma opinião correta a respeito de si próprio. A pessoa condena os outros por não a terem ajudado, quando, o correto, era buscar de Deus o que Ele realmente quer de si, já que, quando o nosso caminho é agradável ao Senhor, até os inimigos são obrigados a fazerem paz conosco;
5.    contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade (vs 5) -> contendas de homens que, por estarem privados da verdade, estão com o entendimento corrompido. Que sentido há em ficar brigando com alguém acerca de alguns princípios da Palavra de Deus? Assim fazemos, ou porque queremos nos exaltar sobre ela, ou porque queremos obrigá-la a acreditar e fazer aquilo que achamos ser justiça. Note, todavia, que o objetivo não é glorificar a Deus, mas a si próprio.

É preciso esclarecer que o importante não é combater as heresias, mas sim mostrar a Verdade a todos. Quem se detém a combater heresias está, na verdade, lutando contra quem as criou. Que razão existe para contendermos com alguém?
Para ser mais exato: quando defendemos uma ideia ou causa, estamos, antes de tudo, defendendo aquele que a criou. O objetivo não é simplesmente defender as ideias da bíblia, mas sim Aquele que reflete tais ideias. A diferença é que, de nada adiantaria comprovarmos cada vírgula ou til da Palavra de Deus, se, antes de tudo, não houver um interesse das pessoas em estarem com Cristo o tempo todo, pelo prazer em servi-lO.
            A Palavra de Deus reflete quem Cristo é. Todavia, muitos querem apenas o reflexo de Cristo. Por que poderíamos desejar ter o caráter de Cristo em nós, separado Dele? Por que fazemos tanta questão de sermos bons por nós mesmos, ou seja, temos sempre em nós o desejo de ser bom? Em outras palavras, por que queremos ser a fonte da bondade?
            Sem Cristo, toda expressão de bondade da nossa parte estaria apoiada em nós mesmos (no nosso bem-estar, nos benefícios que a mesma pode trazer para nós). Sem contar que a nossa confiança e dependência estaria em nós mesmos.
O verdadeiro evangelho não consiste no que Deus pode fazer em prol dos desejos do homem. Antes, em quem Jesus verdadeiramente é. Ou seja, temos que adorá-lO simplesmente porque Ele é Deus, ou seja, perfeito, bom, puro, justo, etc. O que as pessoas precisam ver é como o amor de Deus excede todo o entendimento (Ef 3.19). Ou seja, o que precisa ser visto é a capacidade de Deus amar e se compadecer de pessoas, mesmo através de pessoas tão más.
A única razão para a pessoa não querer adorar Aquele que é o Amor e a Justiça em pessoa, é porque não aceita Deus ser bom na vida de alguém (Mt 12.23-25; 20.15).
Ninguém consegue manter comportamento de bondade porque não existe nada de bom dentro de si. Cada pessoa está justamente em busca da bondade. O preguiçoso é aquele que se envolve em atividades (trabalhos) iníquas, a saber, que, de alguma forma, sirva para colocá-lo no topo, acima dos outros. Ninguém quer se envolver em atividade que não lhe traga algum retorno, que lhe permita ser exaltado acima das outras pessoas.
Todavia, o retorno de Deus tem sempre haver com Seu caráter de esvaziamento de nós mesmos.
Já pensou no motivo pelo qual a humildade é tão exaltada por Cristo? Simplesmente porque, a única forma de vencer a morte que há no nosso coração é com a Vida de Cristo, presente naqueles que a Ele se entregaram. Como, porém, a Vida poderá entrar se estamos cheios de nós mesmos, a saber, de coisas que não têm vida própria, mas precisam da nossa imaginação para ganhar vida? Note como não é com a nossa vida que damos vida àquilo que está morto dentro de nós (pois só Jesus tem vida em Si mesmo – Jo 5.26; 6.53; 20.31).
O amor consiste em preencher espaços de tempo vazios com pessoas.
A sabedoria só pode ser encontrada na vida daqueles que se dispõem a escavar as profundezas da sua alma. As pessoas se dispõem a investir tempo lendo livros que só sirvam para reforçarem sua tese. Isto porque não têm amor pelas pessoas e, portanto, não se preocupam em saber se realmente aquilo em que acreditam é verdade. E, mesmo que seja, pouco interesse tem em buscar argumentos que sirvam para convencer os outros, pois ele quer ser o único dono da verdade ou o único a saber como fazer a mesma funcionar. Só é capaz de buscar conforme aquilo que sua mente medíocre é capaz de conceber. Contudo, desistir de buscar a verdade, de fazer o máximo, é o que faz da pessoa alguém fracassado, morto e, portanto, digno de ser vomitado por Jesus.

Versículos 6 – 10 –  A verdadeira fonte de lucro

                                            
A piedade é fonte de lucro quando há contentamento (vs 6). Logo, a verdadeira fonte de lucro é a felicidade. Mesmo porque, uma vez que nada podemos levar deste mundo quando morrermos (vs 7), então por que investir nele? A impressão que há é que Deus nos enviou a este mundo para investirmos aquilo que era nosso.
Entretanto, que tínhamos antes de nascermos? Nada trouxemos para este mundo (vs 7). Inclusive, não é à toa que viemos a este mundo sem qualquer conhecimento, como um vaso vazio: para que ficasse manifesto que tudo, na nossa vida, nos foi dado e que, qualquer conhecimento que adquirimos separado de Deus irá desaparecer quando morrermos.
Quem quer ser rico cai em (vs 9):
1.    tentação -> Disposição de ânimo para a prática de coisas diferentes daquilo que Deus projetou para si;
2.    laço -> ficam presas em seus medos e desejos;
3.    muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína -> desejos fora do juízo e justiça de Deus, que só servem para arruinar e deixar as pessoas perdidas com uma enorme quantidade de coisas pesando sobre si (Mt 11.28).

Quando a pessoa se liga ao dinheiro, vindo a dar a sua vida para ele e a colocá-lo como intermediário entre si e as demais pessoas, ela acaba (vs 10):
1.    se desviando da fé -> ao invés de se unir com base naquilo que Deus lhe diz, tendo como intermediário a Palavra de Deus, ela se relaciona pensando no que pode tirar da pessoa.
Veja: qualquer relacionamento (incluindo com Deus) deve ter como objetivo fixar a Palavra de Deus, de modo vivo, na nossa vida e na da pessoa com quem estamos a tratar.
2.    transpassando a si mesma com muitas dores -> vai ferindo a si e à outra pessoa, como se fosse possível que alguma bondade pudesse surgir dela. Temos que buscar a fonte da bondade (Jesus) e não o vaso, no qual está contido uma porção desta.

Versículos 11 – 12 – Lutando por aquilo que realmente é importante


Devemos fugir do controle carnal que podemos ter sobre as pessoas (vs 11) e buscar apenas (vs 11):
1.    a justiça -> aquilo que nos permitirá compartilhar o que temos a mais e receber aquilo que nos está faltando (2Co 8.12-15);
2.    a piedade -> a compaixão, ou seja, a capacidade de entregarmos nossa carne, de modo que possamos nos identificar com as pessoas que Deus colocou na nossa vida e, deste modo, possamos ajudá-las a serem livres do poder do pecado;
3.    a fé -> a confiança perfeita em Deus e em tudo que Ele ordena;
4.    o amor -> a ligação com as pessoas, a saber, com quem elas realmente são e naquilo que Deus realmente quer delas. Não se trata de ajudarmos as pessoas a se verem livre das necessidades que elas criaram, mas sim de entregarmos nossa vida a fim de que sejamos o suprimento de tudo aquilo que seu espírito realmente necessita. Não é fazer coisas para que a pessoa edifique-se a si mesma, mas sim deixarmos que Deus use nossa vida para pregar no coração dela, não apenas as palavras, mas toda a essência do evangelho de Cristo;
5.    a paciência (constância) -> perseverança tranquila naquilo que é de Deus, pelo simples desejo de permanecer em Sua companhia para vê-lO operar;
6.    a mansidão -> a dependência de Deus. Já que só podemos receber aquilo que nos é dado por Deus (Jo 3.27; Jo 19.11; Tg 1.16,17), devemos esperar que Ele nos dê o que é nosso. Ao invés de vivermos do passado (das bênçãos outrora recebidas), devemos viver do que Ele vai fazer e nos dar agora.
Temos tanta maldade no coração que achamos que Deus é mau por não nos ajudar na nossa maldade. Tal conceito a respeito de Deus produz em nós rebeldia e vingança, de modo que decidimos nos apegar a qualquer coisa que, aparentemente, nos torne independentes de Deus e nos livre de precisarmos nos submeter a Ele.

Temos que lutar (vs 12):
1.    A boa milícia -> Lutar por aquilo que realmente é importante, a saber, aquilo que nos fará tomar posse da vida que Deus nos deu (vs 12). Fomos chamados para conquistar a vida, não a que este mundo oferece, mas aquela para a qual Deus nos chamou. Não é para termos a vida que quisermos, mas sim a vida que Deus quer para nós;
2.    A milícia da fé -> Temos que lutar segundo as normas (2Tm 2.5) se quisermos receber a coroa da vida. Nossa luta é para confirmarmos a fé, e não para nos afastarmos dela. O objetivo não é provarmos a todos o quão dedicados somos a Deus, mas sim o quanto Ele se dedica a nós a fim de que Seu nome possa estar em todos os momentos da nossa vida.

Tal como Timóteo, muitas pessoas já fizeram boa confissão diante de muitas testemunhas (vs 12) quando foram chamados por Deus. Contudo, ao invés de prosseguirem na luta pela manifestação da presença de Deus na sua vida (vida eterna – Jo 17.3), muitos se perdem em esforços vãos que deles exigem muitos recursos, tempo e energia. Isto faz com que se percam e fiquem distraídos em muitos afazeres (Lc 10.40), sem poderem ouvir e ver o que realmente Deus quer fazer na vida deles. Estão tão ocupados com o que eles mesmos se propuseram a fazer que não conseguem mais discernir esta época (Lc 12.56), ver Deus operando, nem mesmo enxergar o quanto se distanciaram do amor (Ap 2.4) e da graça de Deus (Gl 5.4).
E o pior é que não conseguem mais ficarem livres de si mesmas. Enquanto não fazem tudo que seu ego corrompido disse para fazer, elas não param. Resultado: cansaço e sobrecarga (Mt 11.28).

Versículos 13 – 16 –  Ver Jesus Cristo: o objetivo de se buscar a Deus


Deus é representado como Aquele que dá vida a todas as coisas e Jesus, como Aquele que deu o testemunho de boa declaração da própria fé (vs 13). Temos que declarar a nossa fé. Contudo, tal declaração deve ser boa. Muitos escondem sua fé. Outros, a declaram de um modo completamente ilícito (ver 2Tm 2.4,5), o que acaba testemunhando a ineficácia da Palavra de Deus.
Que fique claro: o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna, a qual está em Seu Filho (1Jo 5.11). Logo, o testemunho da boa confissão é a morte e ressurreição de Cristo. Ou seja:
1.    Temos que confessar Jesus;
2.    A confissão deve ser de um modo que levem as pessoas a confiarem do poder de Deus e na eficácia da Sua Palavra;
3.    O testemunho é a entrega total de nossa vida a Deus, de modo que Cristo possa nos usar para operar aquilo que Ele deseja em Seu corpo (Gl 2.20).

Tal como, diante de Pôncio Pilatos, Jesus, em momento algum, reivindicou Sua autoridade e poder (Fp 2.6) para se livrar (Jo 19.10,11), nós também jamais devemos, à força, lutar por aquilo que acreditamos ser nosso:
1º-  Porque podemos não ter tal direito;
2º-  Esse direito foi conquistado de modo errado e, portanto, não é direito legítimo;
3º-  Mesmo que realmente tenhamos tal direito, temos que crer que Jesus fará nossa justiça sobressair como a luz (Sl 37.5,6).

O que as pessoas precisam é ver Jesus, e não apenas ouvir falar Dele e daquilo que, supostamente, Ele deseja de nós. Digo supostamente, porque, veja o que diz o (vs 14):
·         “que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo”;

O mandamento deve ser guardado SEM MÁCULA e REPREENSÃO. Ninguém, por sua própria boa vontade ou capacidade é capaz disto. Logo, os mandamentos são aquilo que Deus quer para nós (ou seja, o que Ele quer fazer através de nós).
Não podemos continuar com a ideia absurda de que, enquanto estivermos neste mundo, estamos condenados a viver em pecado. Ora, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. (Rm 8.1).
A bíblia ORDENA que sejamos santos (1Pe 1.16) e perfeitos (Mt 5.48) como o Pai. Jesus não é ministro do pecado (Gl 2.17). Obviamente, o mandamento tem que ser guardado, e isto SEM MÁCULA e REPREENSÃO MESMO! Chega deste ditado absurdo que diz que, se conseguirmos atingir a perfeição, Deus nos recolhe.
Jesus nos deu o Espírito Santo a fim de sermos o testemunho de que Jesus é vivo e reina em nosso meio (At 1.8). Se não fosse possível ser livre do pecado, então o que iríamos testemunhar acerca do amor de Cristo? Se o pecado é tão atrativo, assim a ponto de desprezarmos a bondade e a benignidade de Deus que nos seguem (Sl 23.6), então este amor não vale nada.
Se cremos que o amor de Deus excede todo o entendimento (Ef 3.19), logo este amor tem que ser maior do que toda a maldade que alguém possa fazer conosco, bem como maior do que toda a concepção que podemos ter a respeito do mal.
Mas, por que guardar a Palavra de Deus até a vinda de Cristo, já que a maioria de nós não estará viva até lá? A vinda de Cristo não é, necessariamente, Seu retorno a este mundo para inaugurar o milênio. Pode se referir ao dia da nossa morte, quando Jesus virá para nós, bem como ao momento que Deus irá nos usar para manifestar Deus como (vs 15 e 16):
1)    bem-aventurado -> aquele que é a felicidade em pessoa;
2)    único poderoso Senhor -> único que tem poder e é dono de todas as coisas. A ideia de Deus como Senhor parece assustadora, por causa do mau exemplo dado pelas autoridades. Entretanto, tal como o cachorro tem prazer em encontrar um dono que dele cuide (alimente, proteja, trate, etc.), todos também buscamos isto. Infelizmente, a maioria escolhe mamom como deus (Lc Mt 6.24).
3)    Rei dos reis -> aqueles que inclina o coração de todos os governantes segundo o seu querer (Pv 21.1; Rm 13.1,2);
4)    Senhor dos senhores -> dono de todos aqueles que Deus constituiu para ser dono de outros. Hoje circula o ditado maldito de que ninguém é de ninguém. Entretanto, já pensou na perspectiva miserável por trás desta frase? Você gostaria de saber que a tua presença não faz diferença na vida de ninguém e que ninguém faz diferença na tua vida? Não achas triste a ideia de que, se você morrer aqui, agora, ninguém irá se importar com isto e que, para você, não há diferença se quem morreu foi um animal ou um ser humano? Não é muito mais gratificante saber que você faz parte de alguém e vice-versa?
5)    aquele que tem, ele só, a imortalidade -> Jesus é a renovação da vida. Apenas Ele garante que, independente da situação, jamais teremos prejuízo. Isto porque, daquilo que está morto, Deus é capaz de transformar (Ez 37.1-11; 47.8-10). Por isto Jesus se compara com uma videira (Jo 15.1). Uma planta é capaz de transformar estrume em folhas frondosas e renovadoras do ar, flores perfumadas e frutos saborosos. De igual modo, o pecado abunda, a Graça é capaz de superabundar (Lc 7.47; Rm 5.20).
6)    quem habita na luz inacessível -> Sem Ele, praticamente todos os dias parecem iguais. Tarefas como cozinhar, escovar dente, lavar roupa, etc., parece uma mesmice que nenhum prazer traz e nada acrescenta à nossa alma.
Aliás, já pensou em descobrir o que realmente te dá prazer? O conforto e, principalmente, a sensação de estar acima de tudo e de todos.
7)    a quem nenhum dos homens viu nem pode ver -> sabemos que é Jesus quem revela o Pai (Mt 11.27; 2Co 4.6,7). Obviamente, é esta a missão do corpo Dele. Ninguém pode ver pessoalmente a Deus. Porém, no que deixamos Deus nos usar para glorificar o nome Dele, a pessoa pode enxergar Deus através de tudo aquilo que Sua presença fez de nós.
Entenda: estamos num mundo que já foi condenado (Jo 12.31), governado por um príncipe que já recebeu a sentença de morte (Hb 2.14,15; Jo 16.11), cujos cidadãos já estão perdidos (Jo 3.18). A obra de Deus consiste em dar à pessoa a boa notícia de que existe um reino que não é deste mundo, no qual habita justiça e cujas virtudes (poderes) são bem diferentes de tudo que existe aqui e que, para participar deste reino, basta aceitar a obra que Jesus fez na cruz por nós, a saber, a Sua permanência constante em nossa vida conduzindo cada momento nosso.
Infelizmente, muitas vezes pensamos na mensagem da cruz numa perspectiva mundana, o que nos dificulta de enxergarmos o real sentido de tudo que Jesus fez. Ele ofereceu Seu corpo, de modo que tivéssemos condições de passar por ele sem nos sucumbirmos com a morte que cada vez mais nos abraça, até sermos forçados a ceder aos caprichos da carne e à vontade do seu príncipe. Só a vida de Jesus pode vencer todas as limitações que este mundo nos impõe, de modo que possamos nos comportar como estrangeiros e peregrinos (1Pe 2.11).
8)    ao qual seja honra e poder sempiterno -> honra e poder que não têm início, nem fim. Deus não nos dá o Espírito Santo por medida (Jo 3.34), ou seja, não é algo mensurável como a atividade humana. Tampouco algo que pode ter início em nós, como que em virtude da nossa “boa vontade”. A honra e poder a Deus não parte de uma iniciativa nossa, mas Dele próprio. É a presença Dele na nossa vida fazendo de nós o que bem Lhe apraz, que O glorifica perante todos.
9)    amém -> Jesus é a confirmação de tudo que é bom para a nossa vida, a saber, de tudo que está escrito na Palavra de Deus. Nosso papel é servir para confirmar tudo o que se acha escrito na bíblia (2Co 1.20; Ap 3.14).

O que está sendo dito é devemos guardar toda a Palavra de Deus até Ele vir, manifestar Sua glória e nos livrar do mal que nos assedia, de modo que todos possam vê-lO vencendo em nós.

Versículos 17 – 19 – Como ajuntar riquezas para a vida eterna


Os ricos não devem almejar coisas elevadas, já que estas lhes farão distanciar das pessoas (vs 17). Uma das coisas que mais dificulta o rico entrar no reino dos céus (Mt 19.23,24) é a enorme quantidade de possibilidades na hora de resolver os problemas, bem como de oportunidades para se distrair em muitos prazeres e atividades.
Daí Paulo dizer aos ricos para serem comunicáveis (vs 18). Muitos ricos evangélicos se envolvem tanto em atividades supostamente em prol do reino de Deus, que acabam se isolando das pessoas, incluindo daqueles que fazem parte do seu ministério.
Como assim? Embora façam a “obra de Deus” (na verdade quem deve fazer a obra de Deus é Ele em pessoa, daí obra de Deus), não se dedicam a ouvir o próximo e participar da vida dele. Muito menos têm tempo de se de abrirem a fim de serem ajudados pelo próximo.
Você pode questionar: mas Paulo não diz para fazerem o bem, se enriquecerem em boas obras e repartirem de boa mente (vs 18)? Sim, mas não é para repartir apenas a parte material, mas compartilhar também o conhecimento, a sabedoria, a parte sentimental, espiritual, etc.
Na verdade, a boa obra nada é do que Deus usando todo nosso ser para pregar a Palavra Dele nas tábuas dos corações, através do Seu poder operando em nós (Ef 3.20,21), em meio à situação na qual cada um deles está vivendo.
É importante que fique claro que o objetivo é “entesourarmos para NÓS MESMOS sólido fundamento para o futuro(vs 19). Isto pode soar estranho, egoísta. Entretanto, quando fazemos o bem, na verdade, não é a pessoa em si que é abençoada, mas nós mesmos.
Tudo o que de fora entra no homem não pode penetrar no seu espírito (Mc 7.18,19). Aquilo que sai do homem é que irá penetrar no seu espírito. Logo, quando deixamos de ajudar alguém, permitimos que os maus pensamentos e sentimentos penetrem em nosso espírito e nos contaminem. É essa a bagagem que iremos levar para apresentar no tribunal de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10).
Você pode argumentar: “mas nossas ações contribuem na hora da pessoa decidir o que irá prevalecer no coração dela”. Na verdade, não! No coração da pessoa sem Cristo, ela pensa apenas em si mesma. A única coisa que podemos influenciar é na forma como a pessoa nos vê ou, se preferir, em que lugar da sua vida ela irá nos colocar e em que face da “moeda” (amor ou ódio).
Porém, toda a vida desta pessoa irá girar em torno dela mesma. Até mesmo nossas tentativas de evangelizar a pessoa irão apenas incentivar a pessoa a tentar colocar Jesus a seu serviço, a fim de ajudá-lo em todo trabalho sujo e egoísta.
O verdadeiro evangelismo tem por finalidade darmos espaço em nós para sermos alcançados por Cristo (Jo 19.17) para toda boa obra (2Tm 2.19) a fim de sermos frutíferos (2Pe 1.5-8). A cada manifestação viva do Espírito Santo (2Co 3.18), uma transformação acontece dentro de nós, a qual nos deixa mais parecidos com Cristo e nos faz refletir a glória de Deus. Quando isto acontece, aquelas pessoas que optam por permanecerem na nossa vida, contemplam a Cristo (Jo 3.14,15) e, se crerem, serão separadas para uso exclusivo de Deus (1Co 7.12-14).
Veja, contudo, que não é a nossa ação direta que toca o coração da pessoa, mas sim a operação do Espírito Santo, no coração daquele que crer, através daquilo que ela vê de Jesus em nós.
Em outras palavras, buscamos, em Cristo, evangelizar a nós mesmos (Rm 2.21), de modo a criarmos raiz em nós (vs 19; Mt 13.21). E quando as pessoas contemplam em nós o real significado do que vem a ser pertencer ao reino de Cristo, ela se torna mais propícia a ouvir Jesus lhe chamando. Se ela ouvir e aceitar Seu chamado (Ap 3.20), será transformada em nova criatura (2Co 5.17) após crer.
Vem a questão: porque o sólido fundamento a ser adquirido é para o futuro, e não para o presente (vs 19)? Porque já estamos crucificados com Cristo (Gl 2.20), de modo que não é mais para acharmos nosso jardim do Éden aqui (Mt 10.39).
Tanto é assim que Deus nos dá abundantemente todas as coisas para delas gozarmos (vs 18), e não para as entesourarmos aqui. Isto parece um contrassenso, mas a ideia é que, ao invés de nos privarmos da alegria para tentarmos acumular riquezas, as usemos em algo que realmente irá nos trazer satisfação. Como a única coisa que preenche o nosso coração é o amor, logo a única forma de sermos felizes com todas as coisas que Deus nos dá é superabundando em toda boa obra (2Co 9.8-11) a fim de granjearmos amigos (Lc 16.9).
Nossa esperança, entretanto, não pode estar na incerteza das riquezas (vs 18). Ou seja, não podemos aproveitar do infortúnio dos outros e depositar nossa esperança no fato de que tais riquezas são incertas. Ou seja, nossa esperança não deve estar na expectativa de que as pessoas serão obrigadas a virem até nós por não terem como adquirir os recursos deste mundo.
Nosso presente deve ser Cristo (Fp 1.21). O ganho deve estar no futuro, quando, finalmente, alcançaremos Jesus, a Vida eterna (Jo 17.3). Ou seja, trabalhamos aqui no sentido de entesourarmos mais a mais a Verdade (Pv 2.3-5; 3.13-15; 23.23; Mt 6.19,20), não para servirmos a Deus, mas sim para sermos usados por Ele.
Em outras palavras, nos enchemos de Jesus e Sua Palavra na esperança de que Ele, amanhã, irá nos usar e se manifestar a nós. Tudo que fazemos ou buscamos hoje, tem em vista conhecer mais um pouco Dele amanhã. Até quando Ele nos usa hoje, ao invés de pararmos para comemorar, colocamos isto na nossa bagagem a fim de Ele poder nos usar com mais eficácia amanhã (ver Fp 3.13,14). Nossa expectativa não está naquilo que fez ou está fazendo (como que buscando conforto), mas naquilo que Ele fará.
Enfim, como soldados (2Tm 2.3-5) a guardar o “jardim do Éden” (Gn 2.15), nunca devemos achar que haverá paz e segurança (1Ts 5.3) enquanto peregrinarmos por este mundo estranho (1Pe 2.15). Num mundo caído em cima do maligno (1Jo 5.19), dominado por Ele (Jo 14.30; Ef 2.1,2), não há possibilidade de descanso físico. É só aquietar e a morte tomará conta. Até a ciência comprova isto através da 2ª lei da termodinâmica: a lei da entropia.
Resumindo: fisicamente, o que importa é o dia de hoje (1Tm 6.7,8; Hb 3.12), já que não sabemos o que há no futuro (Tg 4.13-15). Espiritualmente, vivemos no futuro, sempre na expectativa de algo maior e bem melhor que Deus fará em nós e através de nós.

Versículos 20 – 21 – Devemos buscar Jesus apenas na luz que Ele proveu


Tal como Timóteo, devemos guardar o bom depósito que Deus nos confiou (vs 20). Não é para corrermos atrás de coisas que Deus não deu, mas sim preservarmos aquilo que Deus nos deu e permanecermos nisto, crescendo através da Sua Graça (Jr 6.16; 18.15; 2Tm 3.14).
Veja a parábola das 10 virgens. Quando elas saíram já era noite, visto que as lâmpadas de todas estavam se apagando (Mt 25.8), o que significa que estavam acesas. Mas afinal, se todas se esforçaram tanto para conservarem sua virgindade (nenhuma delas havia se prostituído), então porque tão pouco esforço no sentido de levar um pouco de azeite nas vasilhas? Este pouco peso não iria tornar a jornada mais difícil.
Considerando que a palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (Sl 119.105), logo, a finalidade das lâmpadas era iluminar o caminho para que elas pudessem enxergar perfeitamente e chegar ao lugar certo (lembre-se que não havia luz elétrica na época).
Já pensou no motivo do Noivo ter rejeitado as 5 virgens néscias? Pense: onde é que aquelas virgens foram comprar azeite em plena meia-noite (Mt 25.8), visto que, não é igual hoje que existe supermercados, empórios, etc., abertos 24 horas (não havia eletricidade!). Sem contar que a cultura da época, além de ser agrária (que exige a pessoa dormir cedo), era muito mais rígida nos padrões morais (uma mulher não podia ser vista em público conversando com um homem ou andando sozinha à noite. Era considerada prostituta – ver Ct 5.6,7; 8.1; Jo 4.9).
A única coisa que se achava aberta numa hora destas era bares ou casas de prostituição. Elas acharam que não teria problema entrar em um lugar destes, se fosse por uma causa justa.
Além disto, como as lâmpadas já estavam se apagando, elas mal sabiam para onde estavam indo, como se O Caminho não fosse algo tão importante. E como elas conseguiram chegar de novo ao lugar certo, logo elas conseguiram comprar o azeite (sabe-se lá o que usaram para comprar).
Também é digno de nota que, como as lâmpadas estavam se apagando (Mt 25.8) e a bíblia diz que elas chegaram mais tarde (Mt 25.11 - ARA), obviamente o fogo chegou a se apagar, o que as fez acender fogo estranho (ver Lv 10.1,2), ao invés de manter o fogo de Deus aceso (Lv 6.12,13). Tal como os sacerdotes tinham que encher o seu incensário com as brasas do fogo de Deus que havia no altar do incenso (Lv 16.12,13), ninguém tem autorização para chegar até Jesus sem ser conduzido por Deus (Jo 6.44,45), ou seja, aprender direto Dele (Mt 11.27-29; Ef 4.20,21; Hb 8.10-12; 1Jo 2.27).                        
Entretanto, elas acharam que não tinha problema chegar à presença de Deus à hora que quisessem, por meio dos seus próprios méritos e recursos. Contudo, isto significa que elas chegaram, não porque amavam a Deus, mas porque isto lhes convinha.
Não havia o conhecimento de Deus ardendo no coração delas (Mt 25.12; Lc 24.32). A verdadeira Luz (Jo 8.12) já não brilhava no interior delas (ver Is 8.20). Portanto, não estavam andando em conformidade com a sã doutrina (1Tm 1.10; 2Tm 4.3; Tt 1.9; 2.1).
Foi isto que Adão e Eva não conseguiram enxergar. Eles estavam tentando adquirir conhecimento que não vinha de Deus (Gn 3.6,11). Mesmo que o interesse fosse glorificar a Deus (o que nunca é verdade, pois, sempre que fazemos algo que planejamos, nosso ego entra em ação pensando em algo exclusivamente para si), seria algo fora Dele.
A questão não é apenas se aproximar de Deus ou permanecer nO Caminho (como se o objetivo fosse fazer coisas), mas sim permanecer no Seu corpo sendo usado por Ele.
Agora fica claro o que significa ser aversão às oposições da falsamente chamada ciência (vs 20). Quem professa um conhecimento de Deus fora de Jesus Cristo, acaba se desviando da fé (Mt 12.30; Jo 15.5). Note como o objetivo não é combater as heresias, mas sim ter horror a elas, a ponto de nos afastarmos de qualquer um que venha até nós com objetivos contrários à Palavra de Deus (Rm 16.17; 1Co 5.11; 1Tm 6.3-5; 2Tm 3.1,5; 2Jo 10,11).
Enquanto estamos tentando combater as heresias, nos contaminamos com ódio, maledicência, etc. Podemos nos desculpar que estamos combatendo a maldade. Entretanto, todas as guerras surgem a partir de pessoas que querem acabar de vez com o mal a fim de tentar estabelecer a paz definitiva, como se a paz pudesse ser conquistada com a destruição de todos aqueles que pensam e sentem diferente de nós.
A verdade, porém, é que apenas Cristo é a nossa paz (Ef 2.14), ou seja, apenas Ele com Seu amor e poder é capaz de conservar a real unidade (Jo 17.11,21-23). Sem Ele, cada um tentará manter os outros unidos, ou em torno de uma causa ou de si. Seja como for, não permanecerá a unidade. Os prazeres da carne ou a soberba da vida (ver 1Jo 2.16) levará as pessoas a questionar a liderança, como se deu com Moisés (Nm 12.1,2; 16.1-3).
Enfim, ao invés de perder tempo lutando contra o mal, aproveite o tempo se aproximando do bem e se deixando possuir por Ele, de modo que a luz de Cristo seja de tal magnitude na tua vida, que as pessoas, ao olharem para você, enxerguem apenas a Luz da Vida (Jo 8.12; Rm 13.14; Cl 3.14).
Creio que, agora, fica claro o motivo pelo qual devemos ter horror aos clamores vãos e profanos (vs 20):
1º-  Clamor é grito de queixa, súplica ou protesto, como que querendo insistir que Deus lhe dê o que ele deseja. Isto é errado! Quem somos nós para achar que podemos convencer Deus a mudar de ideia.
2º-  Vão significa inútil. Não podemos orar por coisas banais, que só trarão alívio interno momentâneo;
3º-  Profano: voltado para as coisas deste mundo. Jesus disse para ajuntar tesouros no céu (Mt 6.19,20) e buscar Seu reino e justiça (Mt 6.33). Logo, nossa oração deve ser direcionada no sentido de conscientizar as pessoas acerca de um novo reino, celestial. Ou seja, o ministério de Cristo não consiste em fazer a pessoa ter uma vida próspera neste mundo que jaz no maligno (1Jo 5.19), mas sim em anunciar Seu reino, a saber, uma nova razão de ser e viver.
Enfim, o grande erro das pessoas é buscarem a Deus a fim de obterem coisas que irão fazê-los se desviar da fé pura e espiritual e, consequentemente, da Graça (vs 21). Não importa quais sejam nossas intenções: mesmo que nosso desejo seja chegar ao céu, agradar a Deus, ajudar o próximo, etc., a menos que tudo isto tenha como alvo conhecermos Jesus mais e mais a fim de nos tornarmos cada vez mais dependentes Dele (e, deste modo, podermos descansar dos nossos desejos e cuidados da vida), tudo acabará como se deu com a torre de Babel. Lembre-se que, o que eles queriam era justamente chegar ao céu para manter a perfeita unidade (Gn 11.4).
O amém indica que tudo isto deve ser confirmado em nossa vida, não apenas em momentos esporádicos, mas a todo instante.