ESTUDO DO LIVRO DE 1 TIMÓTEO
INTRODUÇÃO
Tema: COMO CADA PESSOA, COM BASE NAQUILO QUE A IGREJA É (MISTÉRIO DA PIEDADE), DEVE ANDAR NA CASA DE DEUS, A SABER, NA PRESENÇA DE CADA IRMÃO
Propósito da Carta: Timóteo foi
uma das pessoas que foi alcançada diretamente pelo ministério de Paulo (vs
2). Paulo tinha pressa em ver Timóteo (1Tm
3.14) e, para que ele pudesse estar preparado,
resolveu escrever a fim de que ele soubesse a forma correta de andar na Igreja (1Tm
3.15), bem como a finalidade desta, a saber:
1. Ser o lugar onde as pessoas podem ter contato íntimo com
Deus, podendo ouvir Sua voz;
2. Ser a sustentação e confirmação da verdade.
Éfeso
era uma cidade que pouco conhecia a respeito do Espírito Santo (At
19.1,2), com pessoas tentando usar o nome de Jesus
para sua própria glória (At 19.13-16) e que eram adoradores da deusa Diana (At
19.34,35).
Éfeso
(lugar do ministério de Timóteo) era conhecida como a igreja que, por ter se envolvido em
muitas obras, acabou deixando o seu primeiro amor e o pior: nem se deu conta
disto (Ap 2.1-4). Paulo
havia profetizado que, depois da sua partida, entrariam no meio deles lobos
cruéis, que não poupariam ao rebanho (At 20.17).
Diante deste quadro, Timóteo é deixado
por Paulo em Éfeso (1Tm 1.3) a fim de eleger líderes (1Tm 3.1,2) que não ensinassem outra doutrina, nem se dessem a
fábulas e genealogias intermináveis. Antes, se restringissem a ministrar a
palavra de Deus através dos relacionamentos entre os irmãos.
1 TIMÓTEO 1
Subtema: A Manutenção da Fé, da Boa Consciência, Coração Puro, etc. Diante de Cada Pessoa é a Luta a Que Todos Seremos Submetidos e à Qual Devemos nos Entregar se Quisermos ser Felizes
Versículos 1 – 2 -> A forma de lidarmos com as pessoas depende daquilo que recebemos de Deus
É bem
provável que Timóteo, diante de tantas heresias que havia em Éfeso, estava
começando a duvidar da eleição de Paulo. Daí ele fazer questão de destacar que
seu apostolado era um mandado de Deus, e não algo que meramente decidiu
consoante a vontade da sua carne.
Vale
destacar a distinção:
1. Deus nosso salvador -> normalmente apenas Jesus é
visto como salvador. Entretanto, não podemos esquecer que, quem projetou tudo
foi o Pai (Jo 3.16);
2. Senhor Jesus Cristo, esperança nossa -> O fato de
Cristo ser Deus conosco (Mt 1.23) através da Igreja (Ap 21.3) é nossa esperança.
Tal
como hoje, muitas pessoas consideravam o Pai como alguém intransigente, severo,
difícil de convencer. Paulo, então, mostra que a salvação só aconteceu porque o
Pai assim projetou e que a salvação de Cristo é firmada na esperança que Seu
estilo de vida traz a nós, o qual é constituído de:
·
Graça ->
entrega da nossa vida a fim de que os outros venham também a ter vida;
·
Misericórdia
-> dádiva que Jesus concedeu à Igreja de poder ser usada em prol da
reconciliação das pessoas com Deus (Jo 20.22,23; 2Co 5.18-20), a saber, o perdão dos pecados.
·
Paz -> a
capacidade de permanecer unido à Palavra de Deus na vida das mais diversas
pessoas, independente das circunstâncias.
O
fato de Paulo separar o Pai de Jesus, também mostra que, não basta apenas
servir a Deus em espírito. É preciso servir ao corpo de Jesus, aceitando viver
Sua vida, certo da transformação que a presença de Deus irá efetuar no caráter
de cada um.
Versículos 3 – 7 – A finalidade da pregação do evangelho. O relacionamento com as pessoas é para que elas tenham certeza de que, sem Cristo, não há solução para suas vidas.
Paulo estava em Éfeso e, por alguma razão, teve que sair
antes dos membros da igreja estarem cientes do papel de cada um no corpo de
Cristo. Para que esta igreja não ficasse sem uma base bíblica sólida, Paulo
deixa Timóteo ali (vs 3). O objetivo era advertir a alguns que não ensinassem
nada além das escrituras (vs 3), visto que, muitos deles, estavam fazendo uso de:
·
Fábulas, que
eram narrações breves, de caráter alegórico, destinada a ilustrar um preceito
bíblico. Aparentemente, parecia uma boa ideia, já que servia para atrair
pessoas ímpias. Entretanto, isto acaba gerando conflitos, pois cada pessoa poderia
muito bem usar as ilustrações que mais lhes convinha para ilustrar aquilo que
eles queriam que fosse verdade. Entretanto, um preceito bíblico só pode ser
defendido com base exclusivamente na bíblia (1Co 2.13), já que, o que importa é a opinião do Senhor. Mesmo
porque, não somos nós que temos que edificar a pessoa. Antes, a base da
edificação espiritual consiste em aprender direto do próprio Jesus Cristo (Mt
11.27,29; Jo 6.44,45; Ef 4.20,21).
·
Genealogias.
O que importa não é a pessoa que nos gerou, mas sim o ser discípulo do próprio
Jesus. Não são as pessoas que determinam o valor que temos, mas sim a presença
do próprio Cristo na nossa vida.
Afinal, não somos nós que somos responsáveis pela
edificação de alguém, mas sim o próprio Jesus. A edificação espiritual só é
consistente se houver confiança em Cristo. Logo, o nosso papel não é ensinar as
pessoas acerca de Cristo (mesmo porque a bíblia é clara ao
dizer que é o Espírito Santo quem faz isto – Hb 8.10-12; 1Jo 2.27), mas sim alimentar a confiança delas em Deus.
A finalidade do mandamento é o amor (relacionamento
de vida), ou seja, seu objetivo é nos levar a
aproximar das pessoas a fim de estabelecermos uma perfeita unidade com a Sua
palavra. Para isto, 3 coisas são necessárias:
·
Coração puro
-> o mandamento serve para despertar nas pessoas o desejo de serem puras a
fim de poderem experimentar relacionamentos saudáveis, perfeitos, estáveis e
duradouros em suas vidas. Coração puro é aquele que não tem prazer em nada
contaminado (ver 1Jo 1.5), por mais belo e cheio de bondade que possa parecer. Ele
não se contenta com menos do que a perfeição e santidade exigida por Deus.
·
Boa
consciência -> o mandamento serve para deixar as pessoas conscientes daquilo
que realmente é bom para todos. Só assim as pessoas poderão se unir com o fim
de produzirem coisas boas;
·
Fé não
fingida -> o mandamento serve para que possamos conhecer o que realmente
agrada a Deus e, deste modo, não confiemos Nele de modo errado. Antes, ao invés
de fingirmos confiar em Deus, devemos conhecê-lO constantemente, de modo que a
confiança se torne algo natural na nossa vida. Ou seja, não é para forçarmos
uma confiança em Deus, pois certamente falharemos e as pessoas irão nos
considerar como fingidas.
A partir do momento que estas 3 coisas não estão
presentes na nossa vida, qualquer diálogo acerca da Palavra de Deus acabará em
contenda, sem trazer nenhum proveito aos ouvintes (vs 6). Mesmo porque, sem isto, jamais conseguiremos saber
dentro de nós aquilo que estamos dizendo ou defendendo (vs
7). De que adianta ser mestre de uma lei que,
aparentemente, só traz perturbação ou fastio à alma?
Estas pessoas queriam apenas atrair os discípulos após
si. Contudo, elas não estavam dispostas a seguir tudo que ensinavam. Antes,
faziam uso da sabedoria humana para se destacarem diante das pessoas e serem
bem vistas por eles. Entretanto, Paulo, quando pregou o evangelho aos
Coríntios, nunca fez uso da sabedoria humana, a fim de que a fé dos ouvintes
estivesse firmada, não em filosofias bem elaboradas, mas no poder de Deus (1Co
2.1-5).
O objetivo não é incentivar as pessoas a serem boas, mas
sim em receberem em seus corações Aquele que é a bondade em pessoa. Ainda que
eles quisessem o bem da sociedade, contudo desejavam a glória para si, a saber,
como aquele que encontrou a solução para todos os problemas.
Todavia, o objetivo do evangelho não é buscarmos na
bíblia métodos para que as pessoas resolvam seus problemas, mas sim que elas
enxerguem o quão impotentes são para resolverem seus problemas e, deste modo,
decidam confiar em Cristo.
Versículos 8 – 11 – A lei é o testemunho contra nós, daquilo que realmente nos afasta da felicidade e de tudo que é bom
A lei termina quando o amor começa e permanece crescendo
na nossa vida. Jamais deve ser usada para achar falta na vida das pessoas a fim
de nos acharmos justos (ver Dt 29.19,20)
A lei não tinha por finalidade tornar a caminhada do
justo difícil (vs 8). Infelizmente muitos estavam usando a lei de modo
ilegítimo a fim de colocar tropeço na vida daqueles que realmente estavam interessados
em glorificar a Deus (tal como se deu com os presbíteros
do capítulo 5 – 1Tm 5.17). Isto
aconteceu com Jesus que foi condenado à cruz justamente por dizer a verdade que
Dele estava registrado na bíblia (Mt 26.63-65).
A ideia destes falsos ministros era desacreditar os
verdadeiros ministros, tentando enfatizar todas as falhas que pudessem
encontrar, de modo a torná-los iguais a eles e, deste modo, pudessem mais
facilmente dominar sobre o rebanho de Deus. Eles tentavam estar em paz consigo
mesmos se desculpando nas falhas dos outros.
Algo semelhante foi tentado com relação a Daniel (Dn
6.4,5) e Jesus (Mc 14.55). Na época de Isaías, as pessoas jejuavam justamente
porque supunham que, assim, ficaria mais fácil contender e debater com as
pessoas e vencê-las (Is 58.4), o que é um absurdo, já que esta Palavra é:
1.
Evangelho -> boa notícia do que Deus fez
por nós;
2.
da glória -> da permanência contínua de Cristo
na nossa vida, de modo tão visível que possa ser visto por todos;
3.
do Deus bem-aventurado -> do Deus que é a
fonte de toda a bem-aventurança (felicidade).
A lei serve para nos mostrar o quanto estamos nos
afastando da glória de Deus e, portanto, da verdadeira felicidade, que é a de
ver Deus no exercício do Seu amor.
Versículos 12 – 17 – O consolo de Deus: sendo colocado em contato direto, 24 horas, com tudo aquilo que Deus é
Deus confortou Paulo colocando-o no ministério (algo
semelhante se deu com Elias – 1Rs 19.15,16). Ou
seja:
·
Ele alcançou
misericórdia a fim de ser fiel (1Co 7.25);
·
Jesus
concedeu a Paulo a dispensação de Deus a fim de que ele pudesse ser ministro
cumpridor da Palavra de Deus (Cl 1.25).
Logo,
Paulo foi feito ministro a fim de que fosse capaz de cumprir a Palavra de Deus (ver
Rm 8.3,4). O fato de ele ter sido, outrora, blasfemo,
perseguidor e opressor (vs 13) vem a nos mostrar que jamais devemos achar que é
impossível haver alguém que não possa ser transformado pela presença de Deus na
sua vida. Por isto Paulo se considera o principal dos pecadores (vs
15): a fim de que, ao ser alvo da misericórdia
de Deus (vs 16), todos
pudessem enxergar como Jesus usa de longanimidade para com os que hão de crer
Nele para a vida eterna (vs 16).
Em
outras palavras, Deus escolheu Paulo, apesar de tudo o que ele fez e falou
contra Jesus a fim de ficar evidente a todos que ninguém é tão mal o suficiente
que não possa ser alcançado pela graça e misericórdia de Deus. Ou, se preferir,
a graça de Deus cresce abundantemente com a fé o amor que há em Cristo.
Logo,
é a fé e o amor de Cristo (e não nossos) que fazem a graça de Deus crescer em nós. Diferentemente
do mundo, o qual exige que a pessoa se prepare para atender às suas exigências,
Deus escolhe a pessoa quando ela ainda está perdida (Ef 2.1-6) e, então, concede tudo que compete a um bom ministro a
fim de que ela vá, aos poucos, sendo moldada consoante a vontade de Deus (2Tm
2.19).
Ou
seja, a forma de Deus fazer da pessoa um ministro do evangelho é colocando-o em
contínuo contato com o mesmo (Ez 19.5,6), antes mesmo da sua conversão. Isto pode ser visto na
vida dos apóstolos que, embora ainda não fossem convertidos (Lc
22.31,32) nem amassem a Jesus (Jo
14.28), ainda assim foram usados por Deus para
curar e expulsar demônios (Lc 10.17). Por isto é que Jesus disse que eles estavam limpos pela
palavra que lhes foi falada (Jo 15.3).
E isto assim era para que as pessoas evidenciassem o
quanto a graça de Deus é maior do que a maldade que há no coração do ser humano
(vs 14). Isto pode
ser constatado na vida da maioria dos pais que, embora tenham coração ruim,
ainda assim são capazes de dar coisas boas aos filhos (Lc
11.13).
Isto, contudo, em
momento algum deve ser motivo para a pessoa menosprezar o pecado. Por isto é
enfatizado, nesta carta, o quão digna de aceitação é a Palavra de Deus (ver
1Tm 1.16; 3.1; 4.9; 2Tm 2.11; Tt 3.8).
Mesmo porque Paulo só alcançou o favor de Deus porque pecou na ignorância (vs
13) e é bem sabido que Deus perdoa tais tempos (At
17.30).
Enfim, o consolo de Deus para Paulo foi o exercício dos
dons em sua vida, já que era isto que iria fazer dele uma pessoa livre do
tormento causado pela sua própria pessoa.
Por isto a honra e a glória devem ser dadas a Deus,
sempre. Contudo, da forma correta, a saber:
1. Rei dos séculos -> Devemos considerá-lO soberano, não
importa o quanto os tempos mudem. Ou seja, independente se hoje a tecnologia e
a maldade são maiores, Jesus não deixa de ser Deus por isto, nem a bíblia, a
Palavra de Deus.
2.
Imortal
-> Aquele que sempre vive e, portanto, não necessita ser aperfeiçoado;
3.
Invisível
-> Aquele que não pode ser visto pela carne;
4.
Único Deus
-> o único que é a solução dos nossos problemas e dá sentido à nossa vida.
Entretanto, que fique claro: a glória a ser dada a Deus
não deve ser apenas momentânea, mas sim algo que perdure por toda a eternidade.
A obra de Deus permanece para sempre (Ec 3.14; ver
Hb 11.4).
Versículos 18 – 20 – A fé na Palavra de Deus deve ser a nossa única luta
Por isto Timóteo foi encarregado de corrigir todas as
distorções doutrinárias da Palavra de Deus (vs 18). Afinal, toda a Palavra de Deus é fidelíssima e digna de
total aceitação (vs 15) por ser a receita da verdadeira felicidade (vs
11). Porém, a fé nas escrituras não é algo que
simplesmente devemos pregar. Antes, é aquilo pelo qual devemos lutar, ou seja,
nos dedicarmos inteiramente, sem distrações.
Contudo, tal luta não pode ser travada de qualquer jeito.
O combate a ser travado deve ser (vs 18 e 19):
1. Bom -> buscando na virtude e na Palavra de Deus a
solução de todas as demandas;
2. Conforme aquilo que Deus falou conosco -> não é para
servirmos a Deus do nosso jeito, mas do jeito Dele e conforme aquilo que Ele
designou para nós;
3. Conservante da fé -> a nossa confiança em Deus deve
ser mantida, a ponto de jamais querermos usar de violência (usarmos
nossa força e capacidade) para
resolvermos as pendências. Antes, como crianças recém-nascidas (Mc
10.14,15; 1Pe 2.2), devemos desejar a
manifestação sobrenatural do Pai;
4. Conservador da boa consciência -> ou seja, o
importante não é apenas o que fazemos, mas aquilo que está sendo implantado no
coração de cada pessoa, incluindo o nosso. De que adianta ajudar muitas
pessoas, se isto trouxer dano e dor a outros (ver Mt 18.6-9;
Rm 14.22; 1Co 10.29-32).
Quem rejeita tais coisas acaba naufragando (perdendo-se) na fé (vs 19). Ou seja, a pessoa continua tendo fé em Jesus. Todavia, de
modo completamente pervertido, confuso, desproposital, tal como se deu com:
1.
Himeneu
-> este se dedicou aos falatórios inúteis e profanos que produzem maior
impiedade (2Tm 2.16-18), que
corrói a alma como gangrena. Ele estava afirmando que a ressurreição já tinha
acontecido, o qual fez com que a fé de alguns ficasse pervertida.
2.
Alexandre
-> É difícil saber se este Alexandre é o latoeiro (2Tm
4.14), filho de Simão, o cireneu (Mc
15.21), que quis falar ao povo de Éfeso em (At
19.33), mas que, por ter naufragado na fé, causou
muitos males a Paulo (2Tm 4.14). Admitindo que todos estes Alexandres são a mesma
pessoa, podemos comprovar o que Jesus disse em (Mt 12.44,45).
Paulo
os excluiu da comunhão da Igreja, o que deixou eles entregues a satanás (ver
1Co 5.3-5). Afinal, apenas esta detém as revelações
espirituais. Fora da Igreja a pessoa fica na escuridão, alheias aos oráculos de
Deus (1Jo 1.5; Rm 3.2; Hb 5.12; 1Pe 4.11). O objetivo era a destruição da carne a fim de que o
espírito pudesse ser salvo no dia do Senhor Jesus (1Co 5.3-5) e eles parassem de blasfemar (vs 20).
1 TIMÓTEO 2
Subtema: NUNCA DEVEMOS DESPREZAR AS AUTORIDADES, NEM QUEREMOS PASSAR POR CIMA DELAS, MAS BUSCAR EM DEUS QUE A VONTADE DELE SE CUMPRA ATRAVÉS DELAS.
Versículos 1 – 8 – Quando houver desavença, ao invés de discutirmos, devemos buscar que Jesus faça mediação entre nós, a pessoa que está a nos prejudicar e a Palavra de Deus
Há 4 formas de se
dirigir a Deus:
·
Deprecações -> Pedir com instância e
submissão. Parece contraditório. Contudo, se a pessoa está insistindo em pedir
a Deus é porque ela está se submetendo a Ele, esperando o livramento que vem
Dele. A pessoa pede, disposta a receber a vontade Dele (1Jo
5.14);
·
Orações -> súplicas (pedir
com instância e humildade) – A pessoa pede a Deus porque quer se
esvaziar de todos os recursos carnais que possui. Ela quer ser limpa de todo
pensamento e sentimento que a induz a pensar que ela pode ajudar alguém por si
mesma;
·
Intercessões -> A pessoa se coloca nas
mãos de Deus para servir como instrumento Dele na vida daquele por quem está a
interceder. É a pessoa buscando de Deus os recursos para ajudar a quem
necessita. A pessoa se dispõe a ser a resposta da sua oração;.17
·
Ações de graças -> Agradecimento a Deus
pela vida de cada pessoa que Ele colocou no seu caminha, pelo certeza de que Ele
está lhe dando uma oportunidade de ser usado pelo Espírito Santo.
Antes
de nos relacionarmos com quem quer que seja, devemos conversar com Deus acerca
de tal pessoa a fim de sermos esvaziados de nós mesmos, recebermos a vontade de
Deus, bem como os recursos Dele e adquirirmos toda a compreensão da importância
dela na nossa vida, bem como daquilo que Deus quer operar na vida dela.
A
razão de se orar em particular pelos homens é porque, a princípio, cada criança
ou mulher deveriam estar debaixo da autoridade de algum homem e, se o mesmo
estivesse cheio da sabedoria e do amor de Deus, com certeza ele, pelo poder do
Espírito Santo, seria capaz de direcionar o lar conforme a vontade de Deus.
Inclusive,
isto condiz com o vs 2, onde Paulo exorta as pessoas a estarem orando por
aqueles que estavam investidos de autoridade (vs 2). O
objetivo é que todos tenhamos uma vida mansa e tranquila. Isto não significa
que o objetivo da oração é acalmar os lobos, mas sim nos capacitar a aceitar as
ordens da autoridade como sendo um indicativo do modo que Deus espera que todos
procedamos (Rm 13.1,2).
Aliás,
até mesmo quando as ordens da autoridade não são justas, ainda assim devemos
enxergar nelas coisas que devemos renunciar a fim de podermos servir a Deus sem
perturbações (tranquilidade) e
sem ter que fazer uso dos poderes deste mundo para assegurarmos o que nos
parece ser de direito. Como disse Jesus: não devemos resistir ao perverso (Mt
5.39). Como a correção começa pela casa de Deus (1Pe
4.17), logo todos devemos encarar as leis e autoridades
injustas como disciplina de Deus na nossa vida para aprendermos a abrir mão dos
nossos direitos a fim de que possamos receber o que verdadeiramente é de
direito nosso (Is 49.4) e
que está nas mãos de Deus e que terá poder para transformar a autoridade
injusta.
Lembrando
que jamais devemos abrir mão da piedade (compaixão) e da
honestidade. Ou seja, considerando que cada pessoa, de certo modo, exerce
alguma autoridade na nossa vida, devemos nos relacionar com cada autoridade
sofrendo a mesma coisa que ela. Afinal, quando a autoridade exige de nós alguma
coisa é porque ela está insatisfeita com algo e nosso papel é nos
identificarmos com esta insatisfação e buscarmos de Deus a cura para este mal
mais profundo que se acha alojado na vida dela. Caso a ordem dela seja má,
devemos dar ocasião para que o Espírito Santo possa mostrar-lhe que tal ordem
não será solução na vida dela.
Quanto
a honestidade, eis o significado:
·
Dignidade
-> é o esforço da pessoa em ser diligente, ou seja, buscar crescer em
qualidades, de modo que ela se torne digna ser buscada por qualquer autoridade (Pv
10.4; 13.4; 21.5; 22.29). Ou seja,
devemos desenvolver os dons (1Tm 4.14; 2Tm 1.6) e talentos (Mt 25.20-29; Lc 19.12-27) que Deus nos dá de modo que possamos ser proveitosos a
todos quantos Deus trouxer até nós (Mt 21.33,34)
·
Decência
-> correção moral, limpeza, de modo que sempre a convivência com a pessoa
seja boa, perfeita e agradável em todos os sentidos (Rm 12.2);
·
Pureza ->
pessoa em quem não existe mistura de interesses. Seu único alvo é agradar a
Deus em tudo;
·
Virtude
-> disposição firme e constante para o bem, vivendo de modo austero, ou
seja, mantendo rígido o caráter e o costume de Deus na própria vida.
Enfim, devemos buscar em Deus manter a piedade e
honestidade, independente da circunstância que está sendo trazida pela pessoa, porque
isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador (vs
3). Afinal, é através do nosso relacionamento
com Deus que as pessoas irão ser salvas por Jesus e conhecerem a verdade (vs
4).
Além
disto, não importa o mal que a pessoa intente contra nós. Uma vez que existe
apenas um só Deus, logo não devemos buscar salvação em nenhuma outra fonte. Daí
a insistência da bíblia em que façamos uso da oração. Sem contar que só existe
um mediador, ou seja, ninguém mais pode nos favorecer diante das pessoas.
Em
outras palavras, se alguém está nos importunando, apenas Jesus pode agir na
vida dela, de modo que ela seja convencida a usar de bondade para conosco (2Cr
30.8,9; Pv 16.4). Logo, se alguém está nos causando
empecilho, é Deus quem está a se colocar como adversário no nosso caminho (Nm
22.22,34; At 16.6; Is 5.5,6).
Além
disto, urge salientar que é Jesus, em Sua humanidade, que é o nosso mediador,
onde mediador é aquela pessoa que é usada para conciliar duas outras consigo
mesma e, obviamente, uma com a outra. O fato de Jesus ser mediador entre a
pessoa que nos ofendeu e Deus significa que o modo que Deus vai nos usar para
que esta pessoa venha a experimentar uma mudança interior é buscando inseri-la
no corpo de Cristo e, consequentemente, em nós (Rm 12.5).
Afinal, enquanto isto não acontecer, sempre haverá divergências, já que a
pessoa estará buscando os seus interesses.
Jesus
deu a si mesmo em preço da redenção, ou seja, Jesus deu o Seu corpo a fim de
que tivéssemos um lugar onde não há preço a ser pago para servir a Deus. Em
outras palavras, sem Cristo, cada um tinha que trabalhar para se manter vivo e
ativo naquilo que Deus queria para Ele. Cristo é o lugar onde não há
necessidade de se preocupar com manutenção, pois Ele é a fonte de tudo e é
eterno (inesgotável), não há necessidade de se preocupar em recuperar
o que foi dado. Uma vez dentro do corpo de Cristo, não tem sentido em se falar
de lucros e prejuízos, pois Nele estamos completos (Cl 2.10).
Jesus
se deu em preço de redenção com o objetivo de servir de testemunho no tempo
Dele (vs 6). Logo, o preço a ser pago pela redenção da
nossa alma, ou seja, para que os nossos desejos não continuem dominando sobre
nós e, deste modo, tenhamos condições de nos afastarmos do mal (Gn
4.7), é algo contínuo. Ou seja, a cada dia precisamos nos
apropriar do corpo e do sangue de Cristo (Jo 6.51-57) a
fim de que possamos permanecer livres.
Quando
a bíblia fala que devemos comprar sem dinheiro e sem preço (Is
55.1), isto significa que:
1.
a redenção da nossa alma é algo que não tem
preço, ou seja, não há nada a ser feito que possa nos libertar do pecado;
2.
o valor do sangue de Cristo é imensurável (1Co
6.19,20).
A
única forma de sermos livres do pecado é através da presença contínua de Cristo
na nossa vida. Isto lembra o episódio da serpente de bronze (Nm
21.4-9), com o qual Jesus se identificou (Jo
3.14,15). Assim como não bastava olhar para a serpente de bronze
apenas uma vez, mas olhar para ela cada vez que fosse picado, assim também
devemos olhar para Cristo cada vez que o pecado ameaçar tomar a direção da
nossa vida. Ou seja, não existe redenção definitiva, mas sim diária e contínua.
O que Jesus conquistou na cruz não foi um método para conseguirmos nos manter
afastados do mal sem Ele, mas sim disponibilizou um corpo onde Ele pudesse
estar presente em nosso espírito 24 horas, nos livrando da possibilidade de
fazer o mal e sofrer as consequências deste.
Paulo
deixa claro que Deus elegeu ele, de 3 formas, justamente para que isto fosse
divulgado, a saber:
1.
Pregador -> aquele que fixa, como prego
num lugar firme (a saber, no coração da pessoa), o
evangelho do corpo de Cristo;
2.
Apóstolo -> sai pelo mundo afora fundando
igrejas com base no evangelho do corpo de Cristo;
3.
Doutor -> leva as pessoas a compreenderem
todas as doutrinas da bíblia focadas no evangelho do corpo de Cristo.
Porém,
ele ministrava tudo isto aos gentios, dentro da fé e da verdade (vs
8), ou seja, ele trabalhava a visão do corpo de Cristo com
os gentios, contudo, sempre tendo em vista a confiança em Deus e a verdade daquilo
que realmente Deus queria através da Sua Palavra.
Hoje,
infelizmente, as pessoas têm pregado um evangelho antropocêntrico, ou seja,
tendo em vista o bem-estar do homem. Não adianta pregar a verdade, mas focada
no homem, pois o grande problema do ser humano é justamente os seus desejos. Afinal,
que razão temos para desejar para nós algo diferente daquilo que Deus tem pra
nós? Acaso nossos planos para nós são melhores do que os de Deus? Aliás, é isto
que caracteriza o episódio no Éden: é a mulher buscando para si algo diferente
daquilo que Deus tinha para ela.
Entendendo
que a vontade de Deus é a melhor para nós, logo devemos orar em todo lugar, ou
seja, por cada pessoa que se envolve conosco (vs 8). E
isto com mãos santas, ou seja, sempre tendo em vista atitudes que deixem as
pessoas separadas para uso exclusivo de Deus. Ao invés de ira e animosidade (aversão
persistente), temos que buscar em Deus a forma de
resolvermos nossas diferenças com as pessoas e, deste modo, elas possam ser
usadas por Deus a fim de concordarem conosco (Mt 18.18-20;
Pv 16.7).
Em
outras palavras, o importante é que sempre estejamos em concordância com Deus.
Esta é a essência da Igreja: o prazer na vontade Dele. Quando isto acontecer,
as pessoas acabarão sendo usadas para que o plano de Deus na nossa vida se
cumpra. Se a pessoa fizer isto de boa vontade, terá galardão (1Co
9.17), ou seja, ela poderá até se arrepender, converter e vir
a fazer parte do corpo de Cristo através de nós, onde seremos membros uns dos
outros.
Enfim,
a questão não é apenas ganharmos a causa e termos os nossos direitos garantidos,
mas sim que tanto nós quanto a pessoa com quem estamos a tratar sejamos
conduzidos de boa mente àquilo que Deus deseja para cada um de nós. Afinal, o
objetivo não é apenas a nossa salvação, mas a de todas as pessoas (vs
4). Daí o importante não é apenas nos portarmos de acordo
com a Palavra de Deus, mas concedermos à pessoa a opção de ser desperta para as
coisas celestiais.
Versículos 9 – 15 – Como a mulher deve proceder diante da Igreja e do marido a fim de que ela possa ser alcançada e usada pela salvação de Deus
Primeiro
requisito: os trajes.
As
vestes devem ser (vs 9):
1.
Honestas -> virtuoso, ou seja, que coloca
em evidência as virtudes de Cristo;
2.
Com pudor -> movido por sentimento de
mal-estar pela possibilidade de ferir a honestidade, tanto para com o seu
marido, quanto para com o marido dos outros;
3.
Modestas -> simples, que não despertem
ambições e pretensões em ninguém;
4.
Não com tranças -> usadas pelas mulheres
para “prender” homens (Ct 7.5);
5.
Não com ouro, pérolas ou vestidos preciosos
-> por querer ser melhor tratada pelas demais pessoas que só valorizam a
aparência (Tg 2.1-3).
Segundo
requisito: as boas obras.
Toda
mulher que professa servir a Deus deve ser enfeitada com boas obras. Daí Pv
31.31 dizer: “deixe seu próprio trabalho louvá-la nas portas”, que era onde os
juízes compareciam para fazer a justiça (Pv 31.23) e,
por sinal, onde o marido deveria ser estimado. Em outras palavras, as boas
obras que iriam louvar a mulher são tudo aquilo que ela iria fazer a fim de dar
condições para seu marido ser usado por Deus.
Terceiro
requisito: O aprendizado.
A
mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição (vs
11). De nada adiantaria a mulher adquirir um enorme
conhecimento, mas que nenhum proveito fosse lhe trazer. Uma vez que ela foi
criada para ser auxiliadora idônea do marido (Gn 2.18), ela
deveria aprender direto dele (1Co 14.34).
Afinal, Deus não fez aliança com a mulher, nem lhe deu algum ministério. Antes,
Ele chamou o marido para servir diante Dele (daí o homem
ser a glória de Deus – 1Co 11.7, pois é Ele quem Deus chamou para junto de si) e a
mulher, para ajudá-lO nesta missão.
Além
disto, se a mulher começasse a fazer perguntas dentro da Igreja, ficaria
manifesto que o marido era preguiçoso, relaxado nas coisas de Deus ou que havia
algum problema conjugal. Mesmo que o marido fosse inexperiente ou pouco
esforçado, ela não deveria tentar crescer separada Dele, mas buscar em Cristo
estimulá-lo, de modo que crescessem juntos.
Veja,
por exemplo, o caso do jardim do Éden. Que mal havia adquirir conhecimento? O
problema é que eles tentaram adquirir conhecimento sem compromisso, ou seja, um
conhecimento meramente vaidoso, tão somente para se ostentar diante de todos.
A
sede de conhecimento que eles tinham não foi saciada porque Adão foi negligente
em obedecer ao mandamento de Gn 1.28, vindo a se relacionar com Eva e ter
filhos depois do pecado (Gn 4.1).
Deus vai dando o conhecimento à medida que a pessoa dele necessita para trabalhar
o coração das pessoas. No que eles não geraram filhos, para quê Deus iria dar
conhecimento? Podemos ver este princípio na multiplicação do azeite da viúva,
onde o azeite só permaneceu jorrando enquanto havia vasilhas vazias para serem
cheias (2Rs 4.1-7). Deus dá os talentos conforme a capacidade
de cada um em ouvir Sua Palavra (Mt 13.9,13-15) e
amar as pessoas que Deus colocou em sua vida (Mt 25.15).
Quarto
requisito: O ensino.
A
mulher não deve ensinar (vs 12). Isto
porque, se ela fosse gastar tempo ensinando na Igreja, os filhos ficariam sem
receber o conhecimento devido, já que a sua missão inclui ser usada por Deus
para trabalhar o coração dos filhos, de modo que eles possam ser usados para
continuarem a obra que Deus começara a fazer através da vida do seu marido (Dt
25.5,6).
É bem
verdade que em Tt 2.3-5 instrui as mulheres mais velhas a ensinarem as mais
jovens. Porém, tal ensino não era como se dá numa faculdade, mas sim através do
seu testemunho junto a seu marido e filhos. A ideia é que tais mulheres servissem
de exemplo de dedicação e amor ao lar para que as mais jovens pudessem ser boas
mães e esposas.
Inclusive,
em Ap 2.20, vemos a igreja de Tiatira sendo repreendida por permitir que
mulheres se comportassem como Jezabel que, embora, de um modo geral, não fosse
vista à frente do governo, mas estava por trás manipulando o rei Acabe. Ou
seja, o homem não deve se deixar influenciar pelo desejo das mulheres na hora
de tomar decisões, mas sim naquilo que agrada a Deus.
O
problema não está na capacidade da mulher, mas sim no fato de Deus ter
estabelecido Sua vontade através do homem. Mesmo que a mulher possa, em alguns
casos, ter melhores ideias que o homem, ainda assim o que glorifica a Deus é
seguir aquilo que Ele estabeleceu. A melhor forma da mulher glorificar a Deus é
confiar que Deus irá operar no seu lar através do seu marido (1Pe
3.1-6).
Quinto
requisito: Submissão.
A
mulher não deve exercer autoridade de homem (vs 12).
Independente do que o marido seja, é a soberania de Deus que deve prevalecer, e
não as nossas supostas “boas” ideias. A ordem é para sermos submissos a toda
autoridade (Rm 13.1,2),
mesmo às más (1Pe 2.13-19).
A
verdadeira bondade consiste em saber a hora de não usar a força. Se tentarmos,
através da nossa ira, acabar com todo o mal existente no mundo (Tg
1.20), acabaríamos nos tornando tão maus quanto a pessoa que
está a praticá-lo no momento, pois o mal não está num ser humano em específico,
mas em toda ação independente de Deus. Todas as vezes que tentamos destruir as
pessoas que fazem mal, já estamos fazendo o mal e, portanto, apenas mudando a
forma e o endereço da maldade. Na verdade, estamos chamando o mal para nós mesmos.
Muito
se fala na luta entre bem e mal. Porém, a mesma não existe. Pense: como
poderíamos destruir a escuridão? Mesmo que fosse possível, isto não significaria
a presença da luz, pois a única coisa que fizemos foi destruir as trevas. O
lugar escuro não seria escuro, mas também não seria iluminado. Seria algo
indefinido.
Além
disso, uma vez que o ladrão veio para roubar, matar e destruir (Jo
10.10), todas as vezes que fazemos uso destas coisas para obter
algum resultado positivo, na verdade, estamos fazendo uso das armas do diabo e,
obviamente, consolidando-as no nosso coração e no das pessoas a quem estamos
tentando defender. Neste caso, estamos ensinando aos injustiçados que, a única
forma de se manter o mal distante, é usando de maldade contra ele. Ora, mas
para isto é necessário um agente para o mesmo. Em outras palavras, estamos
estimulando as pessoas a desenvolverem a maldade dentro de si para,
supostamente, manter o mal distante. Mas como, se a maldade já está dentro
deles?
Note
como Deus nunca se preocupou com o mal fora da Igreja (Jo
17.9). Tanto que Jesus nunca discutiu com autoridades
corruptas ou mestres de outras religiões. Porém, direto Ele estava confrontando
os fariseus, e isto quando eles iam até Ele.
Deus
não se preocupa com o diabo, o mal e o pecado porque eles não são nada. O mal
nada mais é do que a ausência do bem, do amor. Lutar contra eles seria dar
murros no ar (1Co 9.27). Do
contrário Ele teria alertado Adão da possibilidade de ser vítima da ação do
diabo.
Pelo
contrário, a ordem dada é:
·
deixai-os, pois são cegos guias de cegos (Mt
15.14).
·
não lho proibais, pois quem não é contra nós
é por nós (Mc 9.39).
Paulo
disse também que não se importava com a motivação que estava por trás daqueles
que pregavam a Cristo, mas que o importante era que Cristo fosse anunciado, independente
da maneira (Fp 1.15-19). Se
ele fosse brigar com esses religiosos, acabaria tão insensato quanto eles.
Sem
contar que João disse para que o injusto e o sujo continuassem progredindo no
mau caminho (Ap 22.11).
Isto
pode parecer absurdo. Porém, o importante não é forçar as pessoas a uma mudança
de comportamento, mesmo porque estaríamos induzindo a pessoa a usar de
falsidade, sendo que Jesus condenou tal comportamento (Mt
12.33,34). Não podemos obrigar as pessoas a usarem de bondade, mas
estimularmos elas a serem boas através da bênção de Deus na nossa vida, a
saber, Sua presença contínua conosco, nos dando paz e felicidade, independente
das circunstâncias (Jo 14.27)
Além
disto, quem tem que defender o nome de Deus é Ele próprio, como se vê em Jz 6.30-32.
E Deus se preocupa apenas quando “Seu nome é profanado”. Isto não acontece
quando os ímpios distorcem o caráter de Jesus, já que os mesmos não têm
autorização para falar no nome Dele. Por outro lado, quando a Igreja, coluna e
baluarte da verdade (1Tm 3.15),
selada na fronte (Ap 14.1) com
o selo do Deus vivo (Seu nome),
apontada por Ele como propriedade para uso exclusivo Seu (2Tm
2.19-21), diz ou faz coisas que não foram ordenadas por Deus, aí
sim o nome de Deus é envergonhado. Trata-se de alguém que recebeu Dele
autoridade (Mt 28.18; Lc 10.19; 2Co 5.18-20) para
anunciar o evangelho, fazendo mau uso da mesma.
Para
ilustrar isto, pense: qualquer pessoa pode falar do Brasil lá no exterior.
Porém, tudo será visto como a opinião de uma pessoa à parte. Contudo, se tal
pessoa tiver sido comissionada pelo presidente da república, sua palavra
representará a opinião de todo o Brasil, podendo até dar início a uma guerra.
Por
isto Deus “desce” para ver torre que o pessoal de Ninrode estava executando (Gn
11.4,5). Eles estavam cultuando a Deus, mas da forma exatamente
contrária ao que Ele estabeleceu (ver Gn 1.28).
Logo,
o mal em si é nada e não devemos lutar contra o nada. Antes, temos que
preencher o nada com Aquele que é, que era e que há de vir (Ap
1.4,8). Ao invés de lutar contra o mal, ministramos o bem,
pois, onde O Amor atua, não há espaço para o medo, o pecado, etc., já que a
maldade é a ausência da bondade.
Além disso,
como alguém espera acabar com o mal, sendo que ninguém conhece o bem?
Infelizmente, o que as pessoas entendem por bem, é conforto e prazer material,
quando, na verdade, o bem é ser capaz de amar, ou seja, de se tornar um com as
pessoas em Cristo Jesus.
Assim
sendo, ao invés da mulher tentar mudar o homem, ela deve buscar que o plano de
Deus se cumpra na vida dele. Mesmo porque, o motivo pelo qual o homem está
procedendo mal para com ela é porque ele tem se recusado a se submeter ao plano
de Deus para ele e, deste modo, ela não está conseguindo encontrar lugar na
vida do marido.
O
fato de Adão ter sido criado primeiro (vs 13),
mais uma vez comprova que a mulher não tem ministério, nem aliança direta com
Deus, mas seu papel é, tão somente, ser fiel ao marido.
Quando a mulher decidiu tomar a liderança de
tudo, ela estava, como que buscando, uma mudança de planos para a vida do
marido (vs 14). O resultado, todavia, foi o engano e a
transgressão (vs 14), já
que a vontade de Deus para cada pessoa é única e ela foi criada justamente para
que a vontade de Deus na vida do marido se cumprisse. Se o lar não está dando
certo, não é porque o marido precisa mudar de atitude ou de planos, mas
retornar ao projeto inicial traçado por Deus. Do contrário, mesmo que o marido
faça tudo por ela, ainda assim ela não conseguirá se encontrar. Antes, se
sentirá como que uma estranha dentro do paraíso.
Lembre-se do caso de Adão: quando eles
pecaram, já não se sentiam mais em casa, mesmo estando no lugar que Deus fez
especialmente para eles. O lugar não mudou. Continuou sendo o Éden. Contudo,
agora, eles haviam mudado interiormente e já não conseguiam encontrar o lugar
deles. Parecia que, agora, nada mais fazia sentido e precisava de uma série de
reformas.
Daí a tecnologia.
Por outro lado, repare a forma que Deus
estabeleceu para salvar a mulher: dando a luz filhos (vs
15), o que mais uma vez comprova que a sabedoria e os
recursos de Deus só vem lá do alto (Tg 1.16,17)
quando nos dispomos a zelar das pessoas que Deus colocou e quer colocar na
nossa vida.
O pecado é tão terrível que tem a capacidade
de fazer com que os filhos sejam considerados estranhos aos olhos da mãe, bem
como o marido à mulher, etc. Tanto é assim que, na maioria das vezes, as
pessoas conseguem se dar melhor com os estranhos do que com aqueles que é da
sua própria carne, ficando, assim, impossibilitados de servirem nas mãos de
Deus, já que um dos requisitos do episcopado é a perfeita unidade familiar, bem
como a perfeita participação de cada membro no lugar que Deus estabeleceu para
ele (ver Mc 7.10-13; 1Co 12.15-23).
1 TIMÓTEO 3
Subtema: O QUE É PRECISO PARA TRABALHARMOS O CORAÇÃO DE ALGUÉM
Versículos 1 – 7 – Requisitos do episcopado – quanto maior é o ministério almejado, maior é o desejo de ser trabalhado por Deus
Quem almeja o episcopado está, na verdade, decidindo
servir de modelo para as demais pessoas. Por isto é que este ministério é
excelente e é também por isto que há tantas exigências. Porém, quem se dispõe a
submeter a tais exigências, verdadeiramente se torna alguém extremamente
valioso por ser revestido das qualidades que Deus quer lhe dar. Em outras
palavras, almejar um ministério é almejar ser tudo aquilo que lhe diz respeito,
ou seja, aceitar que Deus faça se si tudo aquilo que representa tal ministério
e, em particular, o episcopado muito exigia da pessoa.
Eis os requisitos:
1.
irrepreensível
(vs 2) – trata-se
daquela pessoa que é perfeita como perfeito é o Pai celestial (Mt
5.48). Detalhe: o que Deus entende por perfeição é
a capacidade de:
a.
Não resistir
ao mal (Mt 5.39), ou seja:
i. não se vingar (Mt 5.39);
ii. não tentar defender os seus direitos (Mt
5.40);
iii. não se cansar de fazer o bem (Gl 6.9), nem de fazer todas as coisas sem murmurar, nem
contender (Ec 9.10; Fp 2.14,15).
b.
Estar sempre
pronto a dar aquilo que a pessoa realmente precisa (Pv 3.27);
c.
Amar os
inimigos e orar pelos que nos maltratam e perseguem (Mt 5.44), entendendo que, tal como o Pai que abençoa justos e
injustos (Mt 5.45,46),
temos que mostrar que não são as pessoas que determinam o nosso comportamento,
mas aquilo que Deus deseja operar através de nós na vida delas.
2.
marido de
uma mulher (vs 2) – tal homem não pode se contaminar com mulher (Ap
14.4). Ou seja, ele tem que assumir a sua posição
de homem no lar, caso seja casado. E, se não for, deve se manter puro para
quando Deus quiser trazer a pessoa certa para a vida dele. Ou seja, ele deve
depositar tudo que ele é na vida de uma única pessoa a fim de que a perfeita
imagem de Deus na vida dele não se perca, nem saia distorcida. Afinal, quando
Deus foi para criar a mulher, Ele tirou apenas uma costela do homem e fez
apenas uma mulher, o que nos ensina que a semelhança de Deus só pode ser
preservada em sua plenitude quando o casamento é único.
3.
vigilante (vs
2) – a pessoa deve estar sempre atenta ao mover
do Espírito Santo (Lc 12.35-38). Sabemos que Deus quer usar a vida de cada pessoa que Ele
coloca na nossa vida e o papel do bispo é preparar a pessoa para ser usada por
Deus.
4.
sóbrio (vs
2)
a.
simples
-> puro, não misturado, natural, espontâneo, sem sofisticação, sem enfeites;
b.
parco ->
econômico, não abundante, minguado;
c.
frugal ->
que se sustenta de frutos, que se contenta com pouco para a sua alimentação.
O bispo deve ser uma pessoa que, como árvore,
sabe fazer daquilo que não tem nenhuma utilidade para as pessoas, algo
extremamente nutritivo para si e para seus filhos. Quando a bíblia diz que
digno é o trabalhador do seu salário (alimento, se
preferir -> Mt 10.10. Lc 10.7; 1Tm 5.18),
está dizendo que o bispo deve ter como seu alimento a vontade do Pai (Jo
4.34), ou seja, a abundância do fruto do Espírito
Santo (Jo 15.8; Gl 5.22) na
vida das pessoas.
5.
honesto (vs
2) – virtuoso, ou seja, alguém que demonstra as
virtudes de Cristo para as pessoas, despertando-as na vida das pessoas.
6.
hospitaleiro
(vs 2) – que
acolhe com satisfação, que dá agasalho. O bispo deve cooperar com aquelas
pessoas que Deus levanta para pregar o evangelho em outras cidades (Hb
13.2; 3Jo 1.5-8). O bispo deve
transformar sua casa num verdadeiro refúgio, para conceder à tais pessoas todo
o mantimento material necessário, para que a missão que Deus lhes deu se
cumpria em sua cidade. Ou seja, ele deve sempre estar disposto a acolher em seu
coração novas pessoas (2Co 6.11-13).
7.
apto para
ensinar (vs 2) – ou seja,
ele deve estar sempre preparado para:
a.
mostrar a
todos a razão da esperança que há nele (1Pe 3.15);
b.
admoestar
com a sã doutrina e convencer os contradizentes. (Tt 1.9);
c.
saber como
convém responder a cada um (Cl 4.6);
d.
se
apresentar a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15);
e.
não
contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;
Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará
arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar,
desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos. (2Tm
2.24-26).
8.
não dado ao
vinho (vs 3) – ao
contrário do rei (que devia deixar a bebida para os
pobres e amargurados de espírito – Pv 31.6,7), o
bispo jamais deve se conformar em ver as pessoas se destruindo física e
moralmente (Hc 2.15). Muitos, embora não se embriagam, mas fazem questão de
buscar ocasiões para ridicularizarem algum membro da Igreja a fim de expor suas
fraquezas. Ou seja, o bispo não deve ser daquele tipo de pessoa que tenta se
alegrar do nada (Am 6.13), a saber, sem que algum dos membros do corpo de Cristo
tenha sido honrado por Deus (1Co 12.26; Tg 5.13).
9. não espancador (vs 3) – que não tenta afastar ou afugentar as pessoas da sua
vida. Afinal, Jesus não disse para resistir ao mal (Mt 5.39; ver
Hc 2.9), mas para deixá-lo vir até nós (2Rs
5.8) a fim de que Ele possa nos usar para vencer
o mesmo com o Seu bem (Rm 12.21). Em outras palavras, o bispo deve ser intrépido como o
leão, ou seja, ao invés de temer o mal, encará-lo como um desafio a ser vencido
pelo poder de Deus a fim de crescer em maturidade e experiência com Cristo.
10.
não cobiçoso
de torpe ganância, mas moderado (vs 3) – torpe ganância significa ganância vil. Ou seja, o
bispo não deve ser ganancioso naquilo que é inútil. Isto quer dizer que ele
pode ser ganancioso naquilo que é bom? Na verdade isto não acontece, porque,
quando algo realmente é bom, ele satisfaz a pessoa (Jo 4.13,14), de modo que ela é capaz de ser feliz no pouco (Rm
12.16), tal como Lázaro (Lc 16.21) ou a mulher sírio-fenícia (Mt 15.27), que conseguiam enxergar, nas migalhas de Deus, um
grande banquete. Sem contar que a bênção do Senhor enriquece sem trazer dores (Pv
10.22). Além disto, quando algo realmente é bom,
tal pessoa tem prazer em semeá-lo na vida das pessoas, já que isto, quando der
fruto, lhe trará benefícios, tanto diretos como indiretos (através
da transformação que Deus fará na vida de outras pessoas e que, amanhã, poderão
ser bênção na nossa vida).
11.
não
contencioso (vs 3) – que não é incerto, duvidoso, nem fica a brigar por
achar que tem mais competência que os outros. A verdade é que, quando alguém
briga, é porque está duvidando de que a situação continue no seu controle. O
bispo não deve ser uma pessoa que muda de opinião fácil, nem que tenta
conciliar seus interesses com os de Deus. Tampouco deve achar que tem
competência para fazer todos pensarem da forma que mais lhe parece correta.
Antes, deve, em cada confronto, buscar que o próprio Deus manifeste a Verdade
e, deste modo, a fé dos corretos se fortaleça e a dos demais seja corrigida;
12.
não avarento
(vs 3) – ou seja,
não idólatra (Cl 3.5). O bispo não deve ser uma pessoa que zela dos bens
materiais. Isto não quer dizer que ele seja negligente ou desperdiçador, mas
que sempre usa os bens que Deus colocou na sua dispensa (Lc
16.1; 1Co 4.1,2; 1Pe 4.10) com vistas
ao aproveitamento espiritual de cada membro da Igreja. Ao contrário do que
muitos pensam, o bispo não é aquele que sai dando os bens para qualquer um (ver
Mt 7.6). Ele até pensa em lucrar com cada centavo
que Deus lhe dá, não se conformando, jamais em perder (o
que Deus condena – Lc 16.1; Mt 25.14-30).
Entretanto o seu objetivo e ganhar amigos com as riquezas da injustiça a fim de
ser recebido por eles nos tabernáculos eternos (Lc 16.9). Ou seja, é um lutador de tempo integral (2Tm
2.4,5).
13.
que governe
bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque,
se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de
Deus?) (vs 4 e 5) – quem não sabe governar a própria casa é porque, no
fundo, não quer aprender. Afinal, é lógico que ninguém sabe, mesmo porque Deus
é a cabeça. O problema, contudo, é que a pessoa se conformou em ver a sua casa
desgovernada, sem freio.
Inclusive, se pensarmos que um freio atua com
base nos atritos com objeto o qual ele deseja reduzir a velocidade ou até mesmo
parar, logo são os atritos com as pessoas que Deus coloca na nossa vida que
impede nós e elas de irmos mais rápido para a morte (Pv 14.12;
16.25).
É claro que o freio está em constante
desgaste. Entretanto, é justamente para isto que Deus nos coloca em confronto
com as pessoas, a fim de que nossas falhas impeçam as pessoas de irem atrás dos
seus desejos e vice-versa. Neste processo, o maus pensamentos e sentimos nossos
vão de consumindo à medida que as pessoas são freadas nos seus impulsos e
vice-versa, até que todos estejam completamente aptos para receber a herança
que Jesus conquistou para nós (Gl 4.1-3).
Os filhos precisam estar em constante
sujeição, mas com modéstia, ou seja, com despretensão e ausência de vaidade.
Logo, a sujeição não é uma mera obediência a regras, mas a eliminação de tudo
aquilo que não nos aproxima e firma na vida das pessoas. Para isto é necessário
acabar com toda pretensão, ou seja, com toda expectativa vinda de nós mesmos. O
único desejo da nossa alma deve ser a companhia do próprio Deus.
Os filhos não foram dados aos pais para terem
desejos, mas para receberem a operação de Deus na vida do pai dentro de si, até
terem condições de constituir família, a saber, quando:
a.
o homem for
desprendido o suficiente para dar tudo que seu pai lhe deu à sua mulher;
b.
a mulher
seja submissa o suficiente para usar tudo que recebeu de seu pai como
combustível para o fogo de Deus na vida do marido, ou seja, a mulher vai
renunciando, dia a dia, tudo que ela é a fim de que o Espírito Santo frutifique
e multiplique tudo que o marido lhe deu da parte de Deus. Nem tudo que se
recebe é para permanecer conosco, mas para ser usado para manter viva a ação do
poder de Deus na nossa vida.
Isso não quer dizer que o que a mulher
recebeu de seu pai foi perdido. Afinal, assim como a luz só pode brilhar ou um
carro andar se houver combustível para ser queimado, a vontade de Deus na vida
do marido só pode ser consumada pelo Espírito Santo se houver o combustível do
amor que seu pai lhe concedeu até à ocasião do casamento.
Inclusive, é isto que permitirá os filhos
estarem em perfeita sujeição, de modo que o marido tenha condições de exercer o
episcopado. A família não pode ser um estorvo na vida ministerial do homem, mas
as flechas de Cristo nas mãos de um homem cheio do poder de Deus (Sl
127.4), de modo que seja capaz de vencer os
inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18) e, deste modo, conduzir a Igreja à verdadeira justiça de
Deus (Sl 127.5).
Quem não sabe governar a própria casa, jamais
estará livre para zelar da Igreja de Deus, pois, além de não contar com toda a
provisão de Deus necessária para esta tarefa (já que os
filhos ou esposa estão inaptos para isto),
ainda por cima terá que investir tempo lutando pela sua própria casa, o que
colocará em risco todo o rebanho de Deus. Afinal, a pessoa não pode estar em
dois lugares ao mesmo tempo (quer física ou espiritualmente). Ela não pode servir, uma hora à casa dela e outra à
Igreja. Antes, sua casa deve ser a Igreja de Cristo e esta, a sua casa.
14.
não neófito,
para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo (vs
6) – entendendo que a soberba acontece quando
alguém deseja crescer sozinho (ver Lc 16.15). Ou seja, o crescimento, seja em termos de fé, dons,
ministério, etc., tem que encontrar respaldo na disposição da pessoa em amar o
próximo, de modo que o crescimento dela seja o resultado do crescimento dos
outros, bem como da interação destes com ela na Palavra de Deus. Na verdade, o
cargo deve ser apenas uma confirmação daquilo que já ocorreu na congregação, ou
seja, do respeito, confiança e amizade que o bispo já alcançou diante de cada
membro do corpo de Cristo que vê, nele, sabedoria e amor. Em outras palavras,
os membros percebem que tudo que ele faz e fala é correto e sempre pensando no
melhor de cada um deles.
15.
Convém,
também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em
afronta e no laço do diabo (vs 7). O bispo deve ser uma pessoa que, não apenas abandonou o
pecado, mas constantemente deixa Cristo testemunhar através de sua vida, de
modo que todos os que estão de fora, mesmo que não queiram, são obrigados a
declarar que realmente ele esteve com Jesus (At 4.13). Ou seja, a vida de Cristo deve ser a vida dele (Gl
2.20), ele deve sempre viver e andar no Espírito
Santo (Gl 5.16,25).
Para ser mais exato, a obra de Deus deve ser uma constante na vida dele, de
modo que suas faculdades estejam exercitadas para discernir, não somente o bem,
mas também o mal (Hb 5.12-14).
Versículos 8 – 13 – Requisitos do diaconato
Da mesma sorte os diáconos devem ser:
1.
honestos (vs
8) – o diácono deve ser digno de honra, ou
seja, alguém que possa servir como modelo de Cristo na vida das pessoas (1Co
11.1);
2.
não de
língua dobre (vs 8) – o diácono não pode ser alguém que tenta tornar o culto
a Deus agradável à carne, já que esta não pode estar sujeita à lei de Deus (Rm
8.5-9). Infelizmente muitos líderes de igreja
tentam conciliar pessoas sem a cruz de Cristo, ou seja, sem buscar que os mesmos
se sujeitem à direção direta Dele e de Sua Palavra. Querem uma harmonia
separada de Cristo e da Sua vontade para Seu corpo e, deste modo, tentam
encaixar as pessoas umas nas outras, embora elas tenham pretensões diferentes.
3.
não dado a
muito vinho (vs 8) – esta aparente liberação para o diácono servia de
teste. Afinal, se ele, mesmo tendo permissão para beber, ainda assim ele não
bebesse, era sinal de que ele não gostava de tal coisa e, portanto, não havia
brecha na vida dele para ele vir a se embebedar. Isto era importante, já que
seu papel era servir à mesa, onde o suco de uva era constantemente servido (já
que era uma bebida comum naquela cultura). E
não deveria haver hipótese de o culto a Deus induzir o diácono à promiscuidade.
4.
não de torpe
ganância (vs 8) – A
ganância não pode ser desonesta, ou seja, o diácono deve desejar adquirir
apenas aquilo que coloca em evidência as virtudes de Cristo e que sirvam de
estímulo às pessoas a se tornarem modelos de Cristo a serem seguidos.
5.
guardião do
mistério da fé em uma pura consciência (vs 9) – o diácono deve zelar para que a unidade do corpo de
Cristo seja mantida, mas:
a.
não com
vistas a fazer obras, mas em mostrar a vida que Cristo viveu quando estava
neste mundo;
b.
não buscando
interesses particulares, mas visando o cumprimento da vontade de Deus;
c.
firmados,
não em si mesmos (naquilo que, supostamente, podem
fazer), mas na confiança em Deus (em
Sua bondade, perfeição, etc.).
6.
irrepreensível
(vs 10) – o diácono
deve fazer o que é bom, não por medo da punição, mas pelo prazer em amar e usar
de misericórdia para com as pessoas.
7.
marido de
mulher virtuosa (vs 11):
a.
honesta – íntegra,
ou seja, inteira, completa, que não muda suas características. Permanece
imutável, sem temer perturbação alguma (1Pe 3.5,6). Sempre em silêncio, ganhando o marido pelo seu bom
procedimento (1Pe 3.1,2);
b.
não
maldizente – não fala mal dos outros, pois sabe que as falhas deles não são um
estorvo para a sua vida, mas a oportunidade que Deus lhe deu para desenvolver
os dons Dele em sua vida (Tg 4.11,12);
c.
sóbria – moderada
na comida e na bebida, ou seja, ela sabe abrir a sua mão ao pobre e estender
sua mão aos necessitados (Pv 31.20). Ela utiliza para si apenas aquilo que ela realmente
necessita, usando o resto para granjear amigos (Lc 16.9).
d.
fiel em tudo
– em todo o plano de Deus para o marido e em todas as circunstâncias, ela se
mantém constante. Não muda seu parecer, mas está sempre pronta para fazer o que
precisa ser feito, mesmo que isto não seja fácil ou possa lhe trazer algum
transtorno.
8.
marido de
uma mulher (vs 12) – o diácono deve ser capaz de conduzir sua mulher e os
frutos do seu ventre dentro daquilo que Deus estabeleceu para a sua vida. Ou
seja, ele deve se manter firme na missão que Deus lhe deu e, deste modo, garantir
que sua mulher e filhos sejam capazes de receber o que Deus tem para cada um
deles, embora, muitas vezes, sejam impedidos pelo pecado que tenta enganá-los.
9.
bom governante
de seus filhos e sua própria casa (vs 12) – o diácono deve ter firme convicção da vontade de Deus
para sua vida, de modo a estar sempre conduzindo, tanto as pessoas que Deus lhe
deu, como os bens, no sentido de mantê-los no lugar que Deus lhes quer. A ideia
de governar, muitas vezes, induz a pessoa a achar que trata-se de ir para algum
lugar (ainda mais que Jesus se apresenta como O caminho – Jo
14.6) ou fazer alguma coisa. Entretanto, o
governar do diácono significa tão somente conservar o freio de Deus na vida de
cada membro da família, de modo que nenhum fique como um carro sem freio, sempre
desviando para a direita ou para a esquerda.
Daí se vê o quão difícil é governar, já que a
alma sem Cristo não aceita limites e a função do governante é justamente impor
limites.
Uma vez
que o candidato a diácono preenchesse todos estes requisitos, ele deveria ser,
primeiro, provado e, apenas após comprovar que realmente ele tinha prazer na
lei de Deus, que é a lei da liberdade (Tg 1.25), é que ele deveria, então, servir.
O
detalhe é que, enquanto o episcopado era uma confirmação daquilo que Deus já
tinha feito na vida do bispo, o diaconato era, para a pessoa, algo a ser
trabalhado. Suas qualidades, ainda que pudessem ser vistas, não era suficiente
para garantir que era este o cargo que Deus tinha reservado para ele. Ou seja, não
era um ministério propriamente dito, mas uma preparação para algo maior que
Deus tinha para eles.
Afinal,
aqueles que servissem bem como diáconos, adquiririam boa posição e muita
confiança na fé que existe dentro de Cristo (vs 13). Ou seja, embora o diaconato tenha sido instituído para ajudar
os apóstolos no trabalho de servir às mesas (At 6.2), o principal beneficiário deste ministério eram os
próprios diáconos, já que era uma forma de aproximá-los mais de cada membro da
Igreja e suas necessidades, bem como de dar-lhes oportunidade para aprenderem
mais de Deus, pessoalmente através da vida de cada membro.
Com
isto, além de eles conhecerem melhor a Deus, passavam a ter mais intimidade com
cada membro, o que lhes garantiria respeito diante de toda a Igreja até que,
por fim, tivessem condições de serem bispos. Ou seja, o diaconato era uma forma
de aumentar o contato destes membros com os demais e com a Palavra de Deus em
ação na vida de cada um deles.
Versículos 14 – 15 – A importância de nos prepararmos para nos encontrarmos com alguém
Paulo escreveu esta carta como que preparando Timóteo a
fim de que, ao ir ao seu encontro, ele estivesse conforme o desejado, tal como
se deu em Corinto (2Co 2.3; 12.20):
·
“Porque receio
que, quando chegar, não vos ache como eu quereria, e eu seja achado de vós como
não quereríeis; que de alguma maneira haja pendências, invejas, iras, porfias,
detrações, mexericos, orgulhos, tumultos;”
Como Paulo desejava encontrar Timóteo bem depressa, ele
decidiu escrever a carta a fim de dar tempo para que, ao invés de ir pensando
em corrigir, ele pudesse usar de brandura (2Co 10.1,2) e comunicar algum dom espiritual (Rm
1.11) a fim de ser consolado pela fé mútua (Rm
1.12) dele, de Timóteo e dos de Éfeso.
A carta também servia para que Timóteo soubesse a forma
correta de se andar na casa de Deus, a fim de que todos enxergassem ela como a
Igreja do Deus vivo, a coluna e baluarte da verdade (vs 15). Ou seja, caso ele demorasse, Timóteo deveria saber o
que era necessário para que Deus continuasse se manifestando na Igreja e a
Palavra de Deus continuasse sendo confirmada perante todos (ver
Mc 16.20; Hb 2.4) e servindo de apoio a
todos os irmãos em cada decisão deles.
Versículos 16 – A verdadeira característica da Igreja
Jamais devemos perder de vista do que realmente
caracteriza a Igreja:
1º-
Mistério, ou
seja, algo que, por exigir um conhecimento aprofundado das coisas espirituais (ver
Mt 13.21), é impenetrável à razão humana (1Co
2.14-16). Trata-se de uma manifestação espiritual visível,
a atuação direta do próprio Deus na vida dos Seus diante deste mundo;
2º-
Piedade, ou
seja, a capacidade de se identificar com aqueles que estão no sofrimento.
Afinal, foi isto que Jesus fez quando decidiu vir em
carne a este mundo. Ele participou das mesmas coisas que nós a fim de que Ele
pudesse ser misericordioso sumo-sacerdote (Hb 2.14,17). Isto vem a nos ensinar que não existe forma de
exercitarmos a compaixão à distância, ou seja, sem nos envolvermos com a pessoa
e com aquilo que ela está vivendo. Note como os requisitos do episcopado e
diaconato têm relação com o envolvimento direto entre pessoas:
1.
irrepreensível
(vs 2) – só não
precisa ser repreendido quem faz parte do corpo, já que tal pessoa jamais
deixar de fazer o que for melhor para este;
2.
marido de
uma mulher (vs 2) – mantém consigo aquela que lhe permitirá exercer seu
papel no corpo de Cristo;
3.
vigilante (vs
2) – não existe forma melhor de guardar um
membro do corpo do que sendo parte do mesmo (ver Rm 12.5)
4. sóbrio (vs 2) – só não se preocupa em buscar as coisas deste mundo
aquele que, do corpo, retira o seu alimento. Apenas quem é membro do corpo enxerga
a incapacidade de se absorver coisas grandes e, por isto, se contenta com o
pouco para a sua alimentação;
5.
honesto (vs
2) – só pertencendo ao corpo para não privá-lo
de algo com a nossa ausência;
6.
hospitaleiro
(vs 2) – é preciso
pertencer ao corpo para saber do que ele realmente necessita e se deixar usar
para tratar o mesmo;
7.
apto para
ensinar (vs 2) – só é
capaz de ensinar algo proveitoso a alguém aquela pessoa que realmente faz parte
da vida dele, já que a pessoa só absorve aquilo com que ela está familiarizada.
Daí Deus, ao fazer a mulher, tê-la tirado da costela de Adão, pois só assim ele
poderia ser um com ela (Gn 1.23,24);
8.
não dado ao
vinho (vs 3) – apenas a
pessoa que faz parte do corpo consegue fazer, dos outros e da sua vitória, a
sua verdadeira alegria.
9. não espancador (vs 3) – só não fugimos daquelas pessoas que, realmente, fazem
parte de nós;
10.
não cobiçoso
de torpe ganância, mas moderado (vs 3) – apenas cobiça quem não está satisfeito. Como quem faz
parte do corpo tem, nele, tudo de que necessita, ele é sempre moderado;
11.
não
contencioso (vs 3) – os membros do corpo não têm como serem contenciosos ou
não moderados, pois cada um sabe que, se agir em excesso, pode sobrecarregar
outros órgãos e prejudicar o corpo todo (incluindo a
si); se agir em falta, pode debilitar outros
órgãos e causar até a morte do corpo.
12.
não avarento
(vs 3) – quem é do
corpo não pode deixar de compartilhar o que possui, pois os outros órgãos
contam com isto, sem contar que tal sobrecarga de bênção (como,
por exemplo, de vitaminas) pode até
destruí-lo.
13.
que governe
bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque,
se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de
Deus?) (vs 4 e 5) – apenas sendo parte do corpo a pessoa terá condições de
conduzir a si e àqueles que lhe são mais chegados, pois já não está mais a
correr ou lutar por algo incerto (1Co 9.27);
14.
não neófito,
para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo (vs
6) – quem é do corpo nunca correrá o risco de
permanecer fazendo algo para o qual não está preparado, pois a dor o fará
lembrar daquilo que causa dor aos demais membros;
15.
Convém, também,
que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e
no laço do diabo (vs 7) – só os membros do corpo estarão revestidos de Cristo e
do Seu amor (Rm 13.14; Cl 3.14), nunca ficando seu coração em contato direto com os
servos do diabo e, deste modo, correndo o risco de serem dilacerados.
16.
não de
língua dobre (vs 8) – só anuncia o reino de Deus quem está longe. Do
contrário, tal pessoa é que será anunciada junto com o corpo (quando
Ele se manifestar – Cl 3.4). Quem é do
corpo não tem porque conciliar o mundo com o corpo, já que a necessidade do
membro é apenas interna (por exemplo, não necessita de
telefone, internet, máquinas, etc). Só
o corpo como um todo (Jesus) é que tem necessidade de ser grande, não para si mesmo,
mas por amor aos outros.
17.
guardião do
mistério da fé em uma pura consciência (vs 9) – só sendo do corpo para, naturalmente, rejeitarmos tudo
que é voltado para si próprio. Inclusive, o fato de necessitarmos todos do
mesmo tipo de alimento serve para facilitar nossa possibilidade de ajudar,
visto que, se cada um necessitasse de algo diferente, o que eu buscasse para
mim não serviria para outro. Inclusive, simplicidade é, justamente, necessitar
apenas daquilo que é possível obter de qualquer um ou com eles compartilhar.
18.
marido de
mulher virtuosa (vs 11) – só quem foi inserido no corpo de Cristo é capaz de valorizar
a virtude, a ponto de lutar por ela e não aceitar menos do que isto.
Ou seja, o mistério da piedade é a Palavra de Deus vindo
em carne e habitando em nós (Jo 1.14; Cl 1.26,27). Como bem sabemos, Jesus:
1.
Se
manifestou em carne -> se identificou com o ser humano;
2.
Foi
justificado no Espírito Santo -> se identificou com Deus, recebendo Dele a
Sua justiça (ao invés de buscá-la pelos seus
méritos);
3.
Foi visto
dos anjos -> Jesus se fez o cumprimento de toda a escritura. Foi o corpo que
Deus proveu para mostrar a todos Sua multiforme graça (Ef
3.10) e sabedoria (1Pe 4.10). Logo, quem é Dele deve também ser digno da atenção dos
anjos (1Co 4.9; 1Pe 1.12);
4.
Pregado
entre os gentios -> anunciado àqueles que outrora estavam completamente à
margem do reino de Deus, que só provoca à ira com sua loucura e insensatez (Rm
10.19);
5.
Crido no
mundo -> Ele, após ressuscitar, atraiu todos a Ele (Jo
12.32). Tanto é assim que todas as religiões, de
forma positiva ou negativa, giram em torno de Cristo. Até a história do mundo
foi dividida entre antes e depois Dele;
6.
Recebido na
glória -> Toda autoridade lhe foi dada no céu e na terra (Mt
28.18), o que nos capacitou para irmos a todo o
mundo a fim de fazermos discípulos (Mt 28.19).
Enfim, o mistério da piedade consiste em Deus se fazendo
menor que os anjos (e até mesmo que os homens, já que
veio como para servir a todos – Mc 10.45) (item
1) a fim de receber o título de justo (que
já era Dele – item 2), ser digno
de louvor e adoração (item 3), conhecido (item 4) e crido por toas as pessoas que existem no mundo (item
5) para, só então, ter o direito de ser
recebido no céu (item 6).
Em outras palavras, o mistério da piedade é Deus, ao
invés de exigir a adoração a que tinha direito, conquistou-a vivendo a nossa
vida, mas sem pecado (Hb 4.15). É Deus pagando por aquilo que já era Seu (Os
3.1-3), conquistando uma coisa que já havia
conquistado, vencendo uma vitória que já havia vencido (compare
Is 14.12-14 com Ap 22.7-9).
Ou seja, o mistério da
piedade é Deus mostrando a todos que não se cansa de vencer. Ele não resiste ao
perverso, defendendo os seus direitos (Mt
5.39-44) porque, mesmo que
tenha que conquistar a mesma coisa várias vezes, esta coleção de vitórias só
vem a confirmar Sua supremacia, dignidade, etc. Inclusive, é isto que significa
perseverança: vencer várias vezes o mesmo assunto (por
exemplo, perdoar até 70 vezes 7 se preciso for para conservar um relacionamento
– Mt 18.22).
Excelente...
ResponderExcluirMuito bom tem me ajudado muito....A paz do Senhor Jesus.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPaz de Cristo uma rápida passada no início e achei ótimo conteúdo
ResponderExcluirGraça e Paz, estudo impactante.
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