domingo, 2 de setembro de 2012

29 - ESTUDO DO LIVRO DE 1 TIMÓTEO - Parte 1



ESTUDO DO LIVRO DE 1 TIMÓTEO

                                                    INTRODUÇÃO


Tema: COMO CADA PESSOA, COM BASE NAQUILO QUE A IGREJA É (MISTÉRIO DA PIEDADE), DEVE ANDAR NA CASA DE DEUS, A SABER, NA PRESENÇA DE CADA IRMÃO


Propósito da Carta: Timóteo foi uma das pessoas que foi alcançada diretamente pelo ministério de Paulo (vs 2). Paulo tinha pressa em ver Timóteo (1Tm 3.14) e, para que ele pudesse estar preparado, resolveu escrever a fim de que ele soubesse a forma correta de andar na Igreja (1Tm 3.15), bem como a finalidade desta, a saber:
1.    Ser o lugar onde as pessoas podem ter contato íntimo com Deus, podendo ouvir Sua voz;
2.    Ser a sustentação e confirmação da verdade.
           
Éfeso era uma cidade que pouco conhecia a respeito do Espírito Santo (At 19.1,2), com pessoas tentando usar o nome de Jesus para sua própria glória (At 19.13-16) e que eram adoradores da deusa Diana (At 19.34,35).
Éfeso (lugar do ministério de Timóteo) era conhecida como a igreja que, por ter se envolvido em muitas obras, acabou deixando o seu primeiro amor e o pior: nem se deu conta disto (Ap 2.1-4). Paulo havia profetizado que, depois da sua partida, entrariam no meio deles lobos cruéis, que não poupariam ao rebanho (At 20.17).
            Diante deste quadro, Timóteo é deixado por Paulo em Éfeso (1Tm 1.3) a fim de eleger líderes (1Tm 3.1,2) que não ensinassem outra doutrina, nem se dessem a fábulas e genealogias intermináveis. Antes, se restringissem a ministrar a palavra de Deus através dos relacionamentos entre os irmãos.

1 TIMÓTEO 1


Subtema: A Manutenção da Fé, da Boa Consciência, Coração Puro, etc. Diante de Cada Pessoa é a Luta a Que Todos Seremos Submetidos e à Qual Devemos nos Entregar se Quisermos ser Felizes


Versículos 1 – 2 -> A forma de lidarmos com as pessoas depende daquilo que recebemos de Deus


É bem provável que Timóteo, diante de tantas heresias que havia em Éfeso, estava começando a duvidar da eleição de Paulo. Daí ele fazer questão de destacar que seu apostolado era um mandado de Deus, e não algo que meramente decidiu consoante a vontade da sua carne.
Vale destacar a distinção:
1.    Deus nosso salvador -> normalmente apenas Jesus é visto como salvador. Entretanto, não podemos esquecer que, quem projetou tudo foi o Pai (Jo 3.16);
2.    Senhor Jesus Cristo, esperança nossa -> O fato de Cristo ser Deus conosco (Mt 1.23) através da Igreja (Ap 21.3) é nossa esperança.

Tal como hoje, muitas pessoas consideravam o Pai como alguém intransigente, severo, difícil de convencer. Paulo, então, mostra que a salvação só aconteceu porque o Pai assim projetou e que a salvação de Cristo é firmada na esperança que Seu estilo de vida traz a nós, o qual é constituído de:
·         Graça -> entrega da nossa vida a fim de que os outros venham também a ter vida;
·         Misericórdia -> dádiva que Jesus concedeu à Igreja de poder ser usada em prol da reconciliação das pessoas com Deus (Jo 20.22,23; 2Co 5.18-20), a saber, o perdão dos pecados.
·         Paz -> a capacidade de permanecer unido à Palavra de Deus na vida das mais diversas pessoas, independente das circunstâncias.

O fato de Paulo separar o Pai de Jesus, também mostra que, não basta apenas servir a Deus em espírito. É preciso servir ao corpo de Jesus, aceitando viver Sua vida, certo da transformação que a presença de Deus irá efetuar no caráter de cada um.

Versículos 3 – 7 – A finalidade da pregação do evangelho. O relacionamento com as pessoas é para que elas tenham certeza de que, sem Cristo, não há solução para suas vidas.


Paulo estava em Éfeso e, por alguma razão, teve que sair antes dos membros da igreja estarem cientes do papel de cada um no corpo de Cristo. Para que esta igreja não ficasse sem uma base bíblica sólida, Paulo deixa Timóteo ali (vs 3). O objetivo era advertir a alguns que não ensinassem nada além das escrituras (vs 3), visto que, muitos deles, estavam fazendo uso de:
·         Fábulas, que eram narrações breves, de caráter alegórico, destinada a ilustrar um preceito bíblico. Aparentemente, parecia uma boa ideia, já que servia para atrair pessoas ímpias. Entretanto, isto acaba gerando conflitos, pois cada pessoa poderia muito bem usar as ilustrações que mais lhes convinha para ilustrar aquilo que eles queriam que fosse verdade. Entretanto, um preceito bíblico só pode ser defendido com base exclusivamente na bíblia (1Co 2.13), já que, o que importa é a opinião do Senhor. Mesmo porque, não somos nós que temos que edificar a pessoa. Antes, a base da edificação espiritual consiste em aprender direto do próprio Jesus Cristo (Mt 11.27,29; Jo 6.44,45; Ef 4.20,21).
·         Genealogias. O que importa não é a pessoa que nos gerou, mas sim o ser discípulo do próprio Jesus. Não são as pessoas que determinam o valor que temos, mas sim a presença do próprio Cristo na nossa vida.

Afinal, não somos nós que somos responsáveis pela edificação de alguém, mas sim o próprio Jesus. A edificação espiritual só é consistente se houver confiança em Cristo. Logo, o nosso papel não é ensinar as pessoas acerca de Cristo (mesmo porque a bíblia é clara ao dizer que é o Espírito Santo quem faz isto – Hb 8.10-12; 1Jo 2.27), mas sim alimentar a confiança delas em Deus.
A finalidade do mandamento é o amor (relacionamento de vida), ou seja, seu objetivo é nos levar a aproximar das pessoas a fim de estabelecermos uma perfeita unidade com a Sua palavra. Para isto, 3 coisas são necessárias:
·         Coração puro -> o mandamento serve para despertar nas pessoas o desejo de serem puras a fim de poderem experimentar relacionamentos saudáveis, perfeitos, estáveis e duradouros em suas vidas. Coração puro é aquele que não tem prazer em nada contaminado (ver 1Jo 1.5), por mais belo e cheio de bondade que possa parecer. Ele não se contenta com menos do que a perfeição e santidade exigida por Deus.
·         Boa consciência -> o mandamento serve para deixar as pessoas conscientes daquilo que realmente é bom para todos. Só assim as pessoas poderão se unir com o fim de produzirem coisas boas;
·         Fé não fingida -> o mandamento serve para que possamos conhecer o que realmente agrada a Deus e, deste modo, não confiemos Nele de modo errado. Antes, ao invés de fingirmos confiar em Deus, devemos conhecê-lO constantemente, de modo que a confiança se torne algo natural na nossa vida. Ou seja, não é para forçarmos uma confiança em Deus, pois certamente falharemos e as pessoas irão nos considerar como fingidas.

A partir do momento que estas 3 coisas não estão presentes na nossa vida, qualquer diálogo acerca da Palavra de Deus acabará em contenda, sem trazer nenhum proveito aos ouvintes (vs 6). Mesmo porque, sem isto, jamais conseguiremos saber dentro de nós aquilo que estamos dizendo ou defendendo (vs 7). De que adianta ser mestre de uma lei que, aparentemente, só traz perturbação ou fastio à alma?
Estas pessoas queriam apenas atrair os discípulos após si. Contudo, elas não estavam dispostas a seguir tudo que ensinavam. Antes, faziam uso da sabedoria humana para se destacarem diante das pessoas e serem bem vistas por eles. Entretanto, Paulo, quando pregou o evangelho aos Coríntios, nunca fez uso da sabedoria humana, a fim de que a fé dos ouvintes estivesse firmada, não em filosofias bem elaboradas, mas no poder de Deus (1Co 2.1-5).
O objetivo não é incentivar as pessoas a serem boas, mas sim em receberem em seus corações Aquele que é a bondade em pessoa. Ainda que eles quisessem o bem da sociedade, contudo desejavam a glória para si, a saber, como aquele que encontrou a solução para todos os problemas.
Todavia, o objetivo do evangelho não é buscarmos na bíblia métodos para que as pessoas resolvam seus problemas, mas sim que elas enxerguem o quão impotentes são para resolverem seus problemas e, deste modo, decidam confiar em Cristo.

Versículos 8 – 11 – A lei é o testemunho contra nós, daquilo que realmente nos afasta da felicidade e de tudo que é bom


A lei termina quando o amor começa e permanece crescendo na nossa vida. Jamais deve ser usada para achar falta na vida das pessoas a fim de nos acharmos justos (ver Dt 29.19,20)
A lei não tinha por finalidade tornar a caminhada do justo difícil (vs 8). Infelizmente muitos estavam usando a lei de modo ilegítimo a fim de colocar tropeço na vida daqueles que realmente estavam interessados em glorificar a Deus (tal como se deu com os presbíteros do capítulo 5 – 1Tm 5.17). Isto aconteceu com Jesus que foi condenado à cruz justamente por dizer a verdade que Dele estava registrado na bíblia (Mt 26.63-65).
A ideia destes falsos ministros era desacreditar os verdadeiros ministros, tentando enfatizar todas as falhas que pudessem encontrar, de modo a torná-los iguais a eles e, deste modo, pudessem mais facilmente dominar sobre o rebanho de Deus. Eles tentavam estar em paz consigo mesmos se desculpando nas falhas dos outros.
Algo semelhante foi tentado com relação a Daniel (Dn 6.4,5) e Jesus (Mc 14.55). Na época de Isaías, as pessoas jejuavam justamente porque supunham que, assim, ficaria mais fácil contender e debater com as pessoas e vencê-las (Is 58.4), o que é um absurdo, já que esta Palavra é:
1.    Evangelho -> boa notícia do que Deus fez por nós;
2.    da glória -> da permanência contínua de Cristo na nossa vida, de modo tão visível que possa ser visto por todos;
3.    do Deus bem-aventurado -> do Deus que é a fonte de toda a bem-aventurança (felicidade).

A lei serve para nos mostrar o quanto estamos nos afastando da glória de Deus e, portanto, da verdadeira felicidade, que é a de ver Deus no exercício do Seu amor.

Versículos 12 – 17 – O consolo de Deus: sendo colocado em contato direto, 24 horas, com tudo aquilo que Deus é


Deus confortou Paulo colocando-o no ministério (algo semelhante se deu com Elias – 1Rs 19.15,16). Ou seja:
·         Ele alcançou misericórdia a fim de ser fiel (1Co 7.25);
·         Jesus concedeu a Paulo a dispensação de Deus a fim de que ele pudesse ser ministro cumpridor da Palavra de Deus (Cl 1.25).

Logo, Paulo foi feito ministro a fim de que fosse capaz de cumprir a Palavra de Deus (ver Rm 8.3,4). O fato de ele ter sido, outrora, blasfemo, perseguidor e opressor (vs 13) vem a nos mostrar que jamais devemos achar que é impossível haver alguém que não possa ser transformado pela presença de Deus na sua vida. Por isto Paulo se considera o principal dos pecadores (vs 15): a fim de que, ao ser alvo da misericórdia de Deus (vs 16), todos pudessem enxergar como Jesus usa de longanimidade para com os que hão de crer Nele para a vida eterna (vs 16).
Em outras palavras, Deus escolheu Paulo, apesar de tudo o que ele fez e falou contra Jesus a fim de ficar evidente a todos que ninguém é tão mal o suficiente que não possa ser alcançado pela graça e misericórdia de Deus. Ou, se preferir, a graça de Deus cresce abundantemente com a fé o amor que há em Cristo.
Logo, é a fé e o amor de Cristo (e não nossos) que fazem a graça de Deus crescer em nós. Diferentemente do mundo, o qual exige que a pessoa se prepare para atender às suas exigências, Deus escolhe a pessoa quando ela ainda está perdida (Ef 2.1-6) e, então, concede tudo que compete a um bom ministro a fim de que ela vá, aos poucos, sendo moldada consoante a vontade de Deus (2Tm 2.19).
Ou seja, a forma de Deus fazer da pessoa um ministro do evangelho é colocando-o em contínuo contato com o mesmo (Ez 19.5,6), antes mesmo da sua conversão. Isto pode ser visto na vida dos apóstolos que, embora ainda não fossem convertidos (Lc 22.31,32) nem amassem a Jesus (Jo 14.28), ainda assim foram usados por Deus para curar e expulsar demônios (Lc 10.17). Por isto é que Jesus disse que eles estavam limpos pela palavra que lhes foi falada (Jo 15.3).
E isto assim era para que as pessoas evidenciassem o quanto a graça de Deus é maior do que a maldade que há no coração do ser humano (vs 14). Isto pode ser constatado na vida da maioria dos pais que, embora tenham coração ruim, ainda assim são capazes de dar coisas boas aos filhos (Lc 11.13).
Isto, contudo, em momento algum deve ser motivo para a pessoa menosprezar o pecado. Por isto é enfatizado, nesta carta, o quão digna de aceitação é a Palavra de Deus (ver 1Tm 1.16; 3.1; 4.9; 2Tm 2.11; Tt 3.8). Mesmo porque Paulo só alcançou o favor de Deus porque pecou na ignorância (vs 13) e é bem sabido que Deus perdoa tais tempos (At 17.30).
Enfim, o consolo de Deus para Paulo foi o exercício dos dons em sua vida, já que era isto que iria fazer dele uma pessoa livre do tormento causado pela sua própria pessoa.
Por isto a honra e a glória devem ser dadas a Deus, sempre. Contudo, da forma correta, a saber:
1.    Rei dos séculos -> Devemos considerá-lO soberano, não importa o quanto os tempos mudem. Ou seja, independente se hoje a tecnologia e a maldade são maiores, Jesus não deixa de ser Deus por isto, nem a bíblia, a Palavra de Deus.
2.    Imortal -> Aquele que sempre vive e, portanto, não necessita ser aperfeiçoado;
3.    Invisível -> Aquele que não pode ser visto pela carne;
4.    Único Deus -> o único que é a solução dos nossos problemas e dá sentido à nossa vida.

            Entretanto, que fique claro: a glória a ser dada a Deus não deve ser apenas momentânea, mas sim algo que perdure por toda a eternidade. A obra de Deus permanece para sempre (Ec 3.14; ver Hb 11.4).

Versículos 18 – 20 – A fé na Palavra de Deus deve ser a nossa única luta


Por isto Timóteo foi encarregado de corrigir todas as distorções doutrinárias da Palavra de Deus (vs 18). Afinal, toda a Palavra de Deus é fidelíssima e digna de total aceitação (vs 15) por ser a receita da verdadeira felicidade (vs 11). Porém, a fé nas escrituras não é algo que simplesmente devemos pregar. Antes, é aquilo pelo qual devemos lutar, ou seja, nos dedicarmos inteiramente, sem distrações.
Contudo, tal luta não pode ser travada de qualquer jeito. O combate a ser travado deve ser (vs 18 e 19):
1.    Bom -> buscando na virtude e na Palavra de Deus a solução de todas as demandas;
2.    Conforme aquilo que Deus falou conosco -> não é para servirmos a Deus do nosso jeito, mas do jeito Dele e conforme aquilo que Ele designou para nós;
3.    Conservante da fé -> a nossa confiança em Deus deve ser mantida, a ponto de jamais querermos usar de violência (usarmos nossa força e capacidade) para resolvermos as pendências. Antes, como crianças recém-nascidas (Mc 10.14,15; 1Pe 2.2), devemos desejar a manifestação sobrenatural do Pai;
4.    Conservador da boa consciência -> ou seja, o importante não é apenas o que fazemos, mas aquilo que está sendo implantado no coração de cada pessoa, incluindo o nosso. De que adianta ajudar muitas pessoas, se isto trouxer dano e dor a outros (ver Mt 18.6-9; Rm 14.22; 1Co 10.29-32).

Quem rejeita tais coisas acaba naufragando (perdendo-se) na fé (vs 19). Ou seja, a pessoa continua tendo fé em Jesus. Todavia, de modo completamente pervertido, confuso, desproposital, tal como se deu com:
1.    Himeneu -> este se dedicou aos falatórios inúteis e profanos que produzem maior impiedade (2Tm 2.16-18), que corrói a alma como gangrena. Ele estava afirmando que a ressurreição já tinha acontecido, o qual fez com que a fé de alguns ficasse pervertida.
2.    Alexandre -> É difícil saber se este Alexandre é o latoeiro (2Tm 4.14),  filho de Simão, o cireneu (Mc 15.21), que quis falar ao povo de Éfeso em (At 19.33), mas que, por ter naufragado na fé, causou muitos males a Paulo (2Tm 4.14). Admitindo que todos estes Alexandres são a mesma pessoa, podemos comprovar o que Jesus disse em (Mt 12.44,45).
                                                       
Paulo os excluiu da comunhão da Igreja, o que deixou eles entregues a satanás (ver 1Co 5.3-5). Afinal, apenas esta detém as revelações espirituais. Fora da Igreja a pessoa fica na escuridão, alheias aos oráculos de Deus (1Jo 1.5; Rm 3.2; Hb 5.12; 1Pe 4.11). O objetivo era a destruição da carne a fim de que o espírito pudesse ser salvo no dia do Senhor Jesus (1Co 5.3-5) e eles parassem de blasfemar (vs 20).

 

1 TIMÓTEO 2

 

Subtema: NUNCA DEVEMOS DESPREZAR AS AUTORIDADES, NEM QUEREMOS PASSAR POR CIMA DELAS, MAS BUSCAR EM DEUS QUE A VONTADE DELE SE CUMPRA ATRAVÉS DELAS.


Versículos 1 – 8 – Quando houver desavença, ao invés de discutirmos, devemos buscar que Jesus faça mediação entre nós, a pessoa que está a nos prejudicar e a Palavra de Deus


            Há 4 formas de se dirigir a Deus:
·         Deprecações -> Pedir com instância e submissão. Parece contraditório. Contudo, se a pessoa está insistindo em pedir a Deus é porque ela está se submetendo a Ele, esperando o livramento que vem Dele. A pessoa pede, disposta a receber a vontade Dele (1Jo 5.14);
·         Orações -> súplicas (pedir com instância e humildade) – A pessoa pede a Deus porque quer se esvaziar de todos os recursos carnais que possui. Ela quer ser limpa de todo pensamento e sentimento que a induz a pensar que ela pode ajudar alguém por si mesma;
·         Intercessões -> A pessoa se coloca nas mãos de Deus para servir como instrumento Dele na vida daquele por quem está a interceder. É a pessoa buscando de Deus os recursos para ajudar a quem necessita. A pessoa se dispõe a ser a resposta da sua oração;.17
·         Ações de graças -> Agradecimento a Deus pela vida de cada pessoa que Ele colocou no seu caminha, pelo certeza de que Ele está lhe dando uma oportunidade de ser usado pelo Espírito Santo.

Antes de nos relacionarmos com quem quer que seja, devemos conversar com Deus acerca de tal pessoa a fim de sermos esvaziados de nós mesmos, recebermos a vontade de Deus, bem como os recursos Dele e adquirirmos toda a compreensão da importância dela na nossa vida, bem como daquilo que Deus quer operar na vida dela.
A razão de se orar em particular pelos homens é porque, a princípio, cada criança ou mulher deveriam estar debaixo da autoridade de algum homem e, se o mesmo estivesse cheio da sabedoria e do amor de Deus, com certeza ele, pelo poder do Espírito Santo, seria capaz de direcionar o lar conforme a vontade de Deus.
Inclusive, isto condiz com o vs 2, onde Paulo exorta as pessoas a estarem orando por aqueles que estavam investidos de autoridade (vs 2). O objetivo é que todos tenhamos uma vida mansa e tranquila. Isto não significa que o objetivo da oração é acalmar os lobos, mas sim nos capacitar a aceitar as ordens da autoridade como sendo um indicativo do modo que Deus espera que todos procedamos (Rm 13.1,2).
Aliás, até mesmo quando as ordens da autoridade não são justas, ainda assim devemos enxergar nelas coisas que devemos renunciar a fim de podermos servir a Deus sem perturbações (tranquilidade) e sem ter que fazer uso dos poderes deste mundo para assegurarmos o que nos parece ser de direito. Como disse Jesus: não devemos resistir ao perverso (Mt 5.39). Como a correção começa pela casa de Deus (1Pe 4.17), logo todos devemos encarar as leis e autoridades injustas como disciplina de Deus na nossa vida para aprendermos a abrir mão dos nossos direitos a fim de que possamos receber o que verdadeiramente é de direito nosso (Is 49.4) e que está nas mãos de Deus e que terá poder para transformar a autoridade injusta.
Lembrando que jamais devemos abrir mão da piedade (compaixão) e da honestidade. Ou seja, considerando que cada pessoa, de certo modo, exerce alguma autoridade na nossa vida, devemos nos relacionar com cada autoridade sofrendo a mesma coisa que ela. Afinal, quando a autoridade exige de nós alguma coisa é porque ela está insatisfeita com algo e nosso papel é nos identificarmos com esta insatisfação e buscarmos de Deus a cura para este mal mais profundo que se acha alojado na vida dela. Caso a ordem dela seja má, devemos dar ocasião para que o Espírito Santo possa mostrar-lhe que tal ordem não será solução na vida dela.
Quanto a honestidade, eis o significado:
·         Dignidade -> é o esforço da pessoa em ser diligente, ou seja, buscar crescer em qualidades, de modo que ela se torne digna ser buscada por qualquer autoridade (Pv 10.4; 13.4; 21.5; 22.29). Ou seja, devemos desenvolver os dons (1Tm 4.14; 2Tm 1.6) e talentos (Mt 25.20-29; Lc 19.12-27) que Deus nos dá de modo que possamos ser proveitosos a todos quantos Deus trouxer até nós (Mt 21.33,34)
·         Decência -> correção moral, limpeza, de modo que sempre a convivência com a pessoa seja boa, perfeita e agradável em todos os sentidos (Rm 12.2);
·         Pureza -> pessoa em quem não existe mistura de interesses. Seu único alvo é agradar a Deus em tudo;
·         Virtude -> disposição firme e constante para o bem, vivendo de modo austero, ou seja, mantendo rígido o caráter e o costume de Deus na própria vida.

Enfim, devemos buscar em Deus manter a piedade e honestidade, independente da circunstância que está sendo trazida pela pessoa, porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador (vs 3). Afinal, é através do nosso relacionamento com Deus que as pessoas irão ser salvas por Jesus e conhecerem a verdade (vs 4).
Além disto, não importa o mal que a pessoa intente contra nós. Uma vez que existe apenas um só Deus, logo não devemos buscar salvação em nenhuma outra fonte. Daí a insistência da bíblia em que façamos uso da oração. Sem contar que só existe um mediador, ou seja, ninguém mais pode nos favorecer diante das pessoas.
Em outras palavras, se alguém está nos importunando, apenas Jesus pode agir na vida dela, de modo que ela seja convencida a usar de bondade para conosco (2Cr 30.8,9; Pv 16.4). Logo, se alguém está nos causando empecilho, é Deus quem está a se colocar como adversário no nosso caminho (Nm 22.22,34; At 16.6; Is 5.5,6).
Além disto, urge salientar que é Jesus, em Sua humanidade, que é o nosso mediador, onde mediador é aquela pessoa que é usada para conciliar duas outras consigo mesma e, obviamente, uma com a outra. O fato de Jesus ser mediador entre a pessoa que nos ofendeu e Deus significa que o modo que Deus vai nos usar para que esta pessoa venha a experimentar uma mudança interior é buscando inseri-la no corpo de Cristo e, consequentemente, em nós (Rm 12.5). Afinal, enquanto isto não acontecer, sempre haverá divergências, já que a pessoa estará buscando os seus interesses.
Jesus deu a si mesmo em preço da redenção, ou seja, Jesus deu o Seu corpo a fim de que tivéssemos um lugar onde não há preço a ser pago para servir a Deus. Em outras palavras, sem Cristo, cada um tinha que trabalhar para se manter vivo e ativo naquilo que Deus queria para Ele. Cristo é o lugar onde não há necessidade de se preocupar com manutenção, pois Ele é a fonte de tudo e é eterno (inesgotável), não há necessidade de se preocupar em recuperar o que foi dado. Uma vez dentro do corpo de Cristo, não tem sentido em se falar de lucros e prejuízos, pois Nele estamos completos (Cl 2.10).
Jesus se deu em preço de redenção com o objetivo de servir de testemunho no tempo Dele (vs 6). Logo, o preço a ser pago pela redenção da nossa alma, ou seja, para que os nossos desejos não continuem dominando sobre nós e, deste modo, tenhamos condições de nos afastarmos do mal (Gn 4.7), é algo contínuo. Ou seja, a cada dia precisamos nos apropriar do corpo e do sangue de Cristo (Jo 6.51-57) a fim de que possamos permanecer livres.
Quando a bíblia fala que devemos comprar sem dinheiro e sem preço (Is 55.1), isto significa que:
1.    a redenção da nossa alma é algo que não tem preço, ou seja, não há nada a ser feito que possa nos libertar do pecado;
2.    o valor do sangue de Cristo é imensurável (1Co 6.19,20).

            A única forma de sermos livres do pecado é através da presença contínua de Cristo na nossa vida. Isto lembra o episódio da serpente de bronze (Nm 21.4-9), com o qual Jesus se identificou (Jo 3.14,15). Assim como não bastava olhar para a serpente de bronze apenas uma vez, mas olhar para ela cada vez que fosse picado, assim também devemos olhar para Cristo cada vez que o pecado ameaçar tomar a direção da nossa vida. Ou seja, não existe redenção definitiva, mas sim diária e contínua. O que Jesus conquistou na cruz não foi um método para conseguirmos nos manter afastados do mal sem Ele, mas sim disponibilizou um corpo onde Ele pudesse estar presente em nosso espírito 24 horas, nos livrando da possibilidade de fazer o mal e sofrer as consequências deste.
            Paulo deixa claro que Deus elegeu ele, de 3 formas, justamente para que isto fosse divulgado, a saber:
1.    Pregador -> aquele que fixa, como prego num lugar firme (a saber, no coração da pessoa), o evangelho do corpo de Cristo;
2.    Apóstolo -> sai pelo mundo afora fundando igrejas com base no evangelho do corpo de Cristo;
3.    Doutor -> leva as pessoas a compreenderem todas as doutrinas da bíblia focadas no evangelho do corpo de Cristo.
                                                                                                                                                 
Porém, ele ministrava tudo isto aos gentios, dentro da fé e da verdade (vs 8), ou seja, ele trabalhava a visão do corpo de Cristo com os gentios, contudo, sempre tendo em vista a confiança em Deus e a verdade daquilo que realmente Deus queria através da Sua Palavra.
Hoje, infelizmente, as pessoas têm pregado um evangelho antropocêntrico, ou seja, tendo em vista o bem-estar do homem. Não adianta pregar a verdade, mas focada no homem, pois o grande problema do ser humano é justamente os seus desejos. Afinal, que razão temos para desejar para nós algo diferente daquilo que Deus tem pra nós? Acaso nossos planos para nós são melhores do que os de Deus? Aliás, é isto que caracteriza o episódio no Éden: é a mulher buscando para si algo diferente daquilo que Deus tinha para ela.
Entendendo que a vontade de Deus é a melhor para nós, logo devemos orar em todo lugar, ou seja, por cada pessoa que se envolve conosco (vs 8). E isto com mãos santas, ou seja, sempre tendo em vista atitudes que deixem as pessoas separadas para uso exclusivo de Deus. Ao invés de ira e animosidade (aversão persistente), temos que buscar em Deus a forma de resolvermos nossas diferenças com as pessoas e, deste modo, elas possam ser usadas por Deus a fim de concordarem conosco (Mt 18.18-20; Pv 16.7).
Em outras palavras, o importante é que sempre estejamos em concordância com Deus. Esta é a essência da Igreja: o prazer na vontade Dele. Quando isto acontecer, as pessoas acabarão sendo usadas para que o plano de Deus na nossa vida se cumpra. Se a pessoa fizer isto de boa vontade, terá galardão (1Co 9.17), ou seja, ela poderá até se arrepender, converter e vir a fazer parte do corpo de Cristo através de nós, onde seremos membros uns dos outros.
Enfim, a questão não é apenas ganharmos a causa e termos os nossos direitos garantidos, mas sim que tanto nós quanto a pessoa com quem estamos a tratar sejamos conduzidos de boa mente àquilo que Deus deseja para cada um de nós. Afinal, o objetivo não é apenas a nossa salvação, mas a de todas as pessoas (vs 4). Daí o importante não é apenas nos portarmos de acordo com a Palavra de Deus, mas concedermos à pessoa a opção de ser desperta para as coisas celestiais.

Versículos 9 – 15 – Como a mulher deve proceder diante da Igreja e do marido a fim de que ela possa ser alcançada e usada pela salvação de Deus


Primeiro requisito: os trajes.
As vestes devem ser (vs 9):
1.    Honestas -> virtuoso, ou seja, que coloca em evidência as virtudes de Cristo;
2.    Com pudor -> movido por sentimento de mal-estar pela possibilidade de ferir a honestidade, tanto para com o seu marido, quanto para com o marido dos outros;
3.    Modestas -> simples, que não despertem ambições e pretensões em ninguém;
4.    Não com tranças -> usadas pelas mulheres para “prender” homens (Ct 7.5);
5.    Não com ouro, pérolas ou vestidos preciosos -> por querer ser melhor tratada pelas demais pessoas que só valorizam a aparência (Tg 2.1-3).

Segundo requisito: as boas obras.
Toda mulher que professa servir a Deus deve ser enfeitada com boas obras. Daí Pv 31.31 dizer: “deixe seu próprio trabalho louvá-la nas portas”, que era onde os juízes compareciam para fazer a justiça (Pv 31.23) e, por sinal, onde o marido deveria ser estimado. Em outras palavras, as boas obras que iriam louvar a mulher são tudo aquilo que ela iria fazer a fim de dar condições para seu marido ser usado por Deus.

Terceiro requisito: O aprendizado.
A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição (vs 11). De nada adiantaria a mulher adquirir um enorme conhecimento, mas que nenhum proveito fosse lhe trazer. Uma vez que ela foi criada para ser auxiliadora idônea do marido (Gn 2.18), ela deveria aprender direto dele (1Co 14.34). Afinal, Deus não fez aliança com a mulher, nem lhe deu algum ministério. Antes, Ele chamou o marido para servir diante Dele (daí o homem ser a glória de Deus – 1Co 11.7, pois é Ele quem Deus chamou para junto de si) e a mulher, para ajudá-lO nesta missão.
Além disto, se a mulher começasse a fazer perguntas dentro da Igreja, ficaria manifesto que o marido era preguiçoso, relaxado nas coisas de Deus ou que havia algum problema conjugal. Mesmo que o marido fosse inexperiente ou pouco esforçado, ela não deveria tentar crescer separada Dele, mas buscar em Cristo estimulá-lo, de modo que crescessem juntos.
Veja, por exemplo, o caso do jardim do Éden. Que mal havia adquirir conhecimento? O problema é que eles tentaram adquirir conhecimento sem compromisso, ou seja, um conhecimento meramente vaidoso, tão somente para se ostentar diante de todos.
A sede de conhecimento que eles tinham não foi saciada porque Adão foi negligente em obedecer ao mandamento de Gn 1.28, vindo a se relacionar com Eva e ter filhos depois do pecado (Gn 4.1). Deus vai dando o conhecimento à medida que a pessoa dele necessita para trabalhar o coração das pessoas. No que eles não geraram filhos, para quê Deus iria dar conhecimento? Podemos ver este princípio na multiplicação do azeite da viúva, onde o azeite só permaneceu jorrando enquanto havia vasilhas vazias para serem cheias (2Rs 4.1-7). Deus dá os talentos conforme a capacidade de cada um em ouvir Sua Palavra (Mt 13.9,13-15) e amar as pessoas que Deus colocou em sua vida (Mt 25.15).

Quarto requisito: O ensino.
A mulher não deve ensinar (vs 12). Isto porque, se ela fosse gastar tempo ensinando na Igreja, os filhos ficariam sem receber o conhecimento devido, já que a sua missão inclui ser usada por Deus para trabalhar o coração dos filhos, de modo que eles possam ser usados para continuarem a obra que Deus começara a fazer através da vida do seu marido (Dt 25.5,6).
É bem verdade que em Tt 2.3-5 instrui as mulheres mais velhas a ensinarem as mais jovens. Porém, tal ensino não era como se dá numa faculdade, mas sim através do seu testemunho junto a seu marido e filhos. A ideia é que tais mulheres servissem de exemplo de dedicação e amor ao lar para que as mais jovens pudessem ser boas mães e esposas.
Inclusive, em Ap 2.20, vemos a igreja de Tiatira sendo repreendida por permitir que mulheres se comportassem como Jezabel que, embora, de um modo geral, não fosse vista à frente do governo, mas estava por trás manipulando o rei Acabe. Ou seja, o homem não deve se deixar influenciar pelo desejo das mulheres na hora de tomar decisões, mas sim naquilo que agrada a Deus.
O problema não está na capacidade da mulher, mas sim no fato de Deus ter estabelecido Sua vontade através do homem. Mesmo que a mulher possa, em alguns casos, ter melhores ideias que o homem, ainda assim o que glorifica a Deus é seguir aquilo que Ele estabeleceu. A melhor forma da mulher glorificar a Deus é confiar que Deus irá operar no seu lar através do seu marido (1Pe 3.1-6).

Quinto requisito: Submissão.
A mulher não deve exercer autoridade de homem (vs 12). Independente do que o marido seja, é a soberania de Deus que deve prevalecer, e não as nossas supostas “boas” ideias. A ordem é para sermos submissos a toda autoridade (Rm 13.1,2), mesmo às más (1Pe 2.13-19).

A verdadeira bondade consiste em saber a hora de não usar a força. Se tentarmos, através da nossa ira, acabar com todo o mal existente no mundo (Tg 1.20), acabaríamos nos tornando tão maus quanto a pessoa que está a praticá-lo no momento, pois o mal não está num ser humano em específico, mas em toda ação independente de Deus. Todas as vezes que tentamos destruir as pessoas que fazem mal, já estamos fazendo o mal e, portanto, apenas mudando a forma e o endereço da maldade. Na verdade, estamos chamando o mal para nós mesmos.
Muito se fala na luta entre bem e mal. Porém, a mesma não existe. Pense: como poderíamos destruir a escuridão? Mesmo que fosse possível, isto não significaria a presença da luz, pois a única coisa que fizemos foi destruir as trevas. O lugar escuro não seria escuro, mas também não seria iluminado. Seria algo indefinido.
Além disso, uma vez que o ladrão veio para roubar, matar e destruir (Jo 10.10), todas as vezes que fazemos uso destas coisas para obter algum resultado positivo, na verdade, estamos fazendo uso das armas do diabo e, obviamente, consolidando-as no nosso coração e no das pessoas a quem estamos tentando defender. Neste caso, estamos ensinando aos injustiçados que, a única forma de se manter o mal distante, é usando de maldade contra ele. Ora, mas para isto é necessário um agente para o mesmo. Em outras palavras, estamos estimulando as pessoas a desenvolverem a maldade dentro de si para, supostamente, manter o mal distante. Mas como, se a maldade já está dentro deles?
Note como Deus nunca se preocupou com o mal fora da Igreja (Jo 17.9). Tanto que Jesus nunca discutiu com autoridades corruptas ou mestres de outras religiões. Porém, direto Ele estava confrontando os fariseus, e isto quando eles iam até Ele.
Deus não se preocupa com o diabo, o mal e o pecado porque eles não são nada. O mal nada mais é do que a ausência do bem, do amor. Lutar contra eles seria dar murros no ar (1Co 9.27). Do contrário Ele teria alertado Adão da possibilidade de ser vítima da ação do diabo.
Pelo contrário, a ordem dada é:
·         deixai-os, pois são cegos guias de cegos (Mt 15.14).
·         não lho proibais, pois quem não é contra nós é por nós (Mc 9.39).

Paulo disse também que não se importava com a motivação que estava por trás daqueles que pregavam a Cristo, mas que o importante era que Cristo fosse anunciado, independente da maneira (Fp 1.15-19). Se ele fosse brigar com esses religiosos, acabaria tão insensato quanto eles.
Sem contar que João disse para que o injusto e o sujo continuassem progredindo no mau caminho (Ap 22.11).
Isto pode parecer absurdo. Porém, o importante não é forçar as pessoas a uma mudança de comportamento, mesmo porque estaríamos induzindo a pessoa a usar de falsidade, sendo que Jesus condenou tal comportamento (Mt 12.33,34). Não podemos obrigar as pessoas a usarem de bondade, mas estimularmos elas a serem boas através da bênção de Deus na nossa vida, a saber, Sua presença contínua conosco, nos dando paz e felicidade, independente das circunstâncias (Jo 14.27)
Além disto, quem tem que defender o nome de Deus é Ele próprio, como se vê em Jz 6.30-32. E Deus se preocupa apenas quando “Seu nome é profanado”. Isto não acontece quando os ímpios distorcem o caráter de Jesus, já que os mesmos não têm autorização para falar no nome Dele. Por outro lado, quando a Igreja, coluna e baluarte da verdade (1Tm 3.15), selada na fronte (Ap 14.1) com o selo do Deus vivo (Seu nome), apontada por Ele como propriedade para uso exclusivo Seu (2Tm 2.19-21), diz ou faz coisas que não foram ordenadas por Deus, aí sim o nome de Deus é envergonhado. Trata-se de alguém que recebeu Dele autoridade (Mt 28.18; Lc 10.19; 2Co 5.18-20) para anunciar o evangelho, fazendo mau uso da mesma.
Para ilustrar isto, pense: qualquer pessoa pode falar do Brasil lá no exterior. Porém, tudo será visto como a opinião de uma pessoa à parte. Contudo, se tal pessoa tiver sido comissionada pelo presidente da república, sua palavra representará a opinião de todo o Brasil, podendo até dar início a uma guerra.
Por isto Deus “desce” para ver torre que o pessoal de Ninrode estava executando (Gn 11.4,5). Eles estavam cultuando a Deus, mas da forma exatamente contrária ao que Ele estabeleceu (ver Gn 1.28).
Logo, o mal em si é nada e não devemos lutar contra o nada. Antes, temos que preencher o nada com Aquele que é, que era e que há de vir (Ap 1.4,8). Ao invés de lutar contra o mal, ministramos o bem, pois, onde O Amor atua, não há espaço para o medo, o pecado, etc., já que a maldade é a ausência da bondade.
Além disso, como alguém espera acabar com o mal, sendo que ninguém conhece o bem? Infelizmente, o que as pessoas entendem por bem, é conforto e prazer material, quando, na verdade, o bem é ser capaz de amar, ou seja, de se tornar um com as pessoas em Cristo Jesus.
Assim sendo, ao invés da mulher tentar mudar o homem, ela deve buscar que o plano de Deus se cumpra na vida dele. Mesmo porque, o motivo pelo qual o homem está procedendo mal para com ela é porque ele tem se recusado a se submeter ao plano de Deus para ele e, deste modo, ela não está conseguindo encontrar lugar na vida do marido.
O fato de Adão ter sido criado primeiro (vs 13), mais uma vez comprova que a mulher não tem ministério, nem aliança direta com Deus, mas seu papel é, tão somente, ser fiel ao marido.
Quando a mulher decidiu tomar a liderança de tudo, ela estava, como que buscando, uma mudança de planos para a vida do marido (vs 14). O resultado, todavia, foi o engano e a transgressão (vs 14), já que a vontade de Deus para cada pessoa é única e ela foi criada justamente para que a vontade de Deus na vida do marido se cumprisse. Se o lar não está dando certo, não é porque o marido precisa mudar de atitude ou de planos, mas retornar ao projeto inicial traçado por Deus. Do contrário, mesmo que o marido faça tudo por ela, ainda assim ela não conseguirá se encontrar. Antes, se sentirá como que uma estranha dentro do paraíso.
Lembre-se do caso de Adão: quando eles pecaram, já não se sentiam mais em casa, mesmo estando no lugar que Deus fez especialmente para eles. O lugar não mudou. Continuou sendo o Éden. Contudo, agora, eles haviam mudado interiormente e já não conseguiam encontrar o lugar deles. Parecia que, agora, nada mais fazia sentido e precisava de uma série de reformas.
Daí a tecnologia.
Por outro lado, repare a forma que Deus estabeleceu para salvar a mulher: dando a luz filhos (vs 15), o que mais uma vez comprova que a sabedoria e os recursos de Deus só vem lá do alto (Tg 1.16,17) quando nos dispomos a zelar das pessoas que Deus colocou e quer colocar na nossa vida.
O pecado é tão terrível que tem a capacidade de fazer com que os filhos sejam considerados estranhos aos olhos da mãe, bem como o marido à mulher, etc. Tanto é assim que, na maioria das vezes, as pessoas conseguem se dar melhor com os estranhos do que com aqueles que é da sua própria carne, ficando, assim, impossibilitados de servirem nas mãos de Deus, já que um dos requisitos do episcopado é a perfeita unidade familiar, bem como a perfeita participação de cada membro no lugar que Deus estabeleceu para ele (ver Mc 7.10-13; 1Co 12.15-23).

1 TIMÓTEO 3



Subtema: O QUE É PRECISO PARA TRABALHARMOS O CORAÇÃO DE ALGUÉM


Versículos 1 – 7 – Requisitos do episcopado – quanto maior é o ministério almejado, maior é o desejo de ser trabalhado por Deus



Quem almeja o episcopado está, na verdade, decidindo servir de modelo para as demais pessoas. Por isto é que este ministério é excelente e é também por isto que há tantas exigências. Porém, quem se dispõe a submeter a tais exigências, verdadeiramente se torna alguém extremamente valioso por ser revestido das qualidades que Deus quer lhe dar. Em outras palavras, almejar um ministério é almejar ser tudo aquilo que lhe diz respeito, ou seja, aceitar que Deus faça se si tudo aquilo que representa tal ministério e, em particular, o episcopado muito exigia da pessoa.
Eis os requisitos:
1.    irrepreensível (vs 2) – trata-se daquela pessoa que é perfeita como perfeito é o Pai celestial (Mt 5.48). Detalhe: o que Deus entende por perfeição é a capacidade de:
a.    Não resistir ao mal (Mt 5.39), ou seja:
                                                  i.    não se vingar (Mt 5.39);
                                                 ii.    não tentar defender os seus direitos (Mt 5.40);
                                                iii.    não se cansar de fazer o bem (Gl 6.9), nem de fazer todas as coisas sem murmurar, nem contender (Ec 9.10; Fp 2.14,15).
b.    Estar sempre pronto a dar aquilo que a pessoa realmente precisa (Pv 3.27);
c.    Amar os inimigos e orar pelos que nos maltratam e perseguem (Mt 5.44), entendendo que, tal como o Pai que abençoa justos e injustos (Mt 5.45,46), temos que mostrar que não são as pessoas que determinam o nosso comportamento, mas aquilo que Deus deseja operar através de nós na vida delas.
2.    marido de uma mulher (vs 2) – tal homem não pode se contaminar com mulher (Ap 14.4). Ou seja, ele tem que assumir a sua posição de homem no lar, caso seja casado. E, se não for, deve se manter puro para quando Deus quiser trazer a pessoa certa para a vida dele. Ou seja, ele deve depositar tudo que ele é na vida de uma única pessoa a fim de que a perfeita imagem de Deus na vida dele não se perca, nem saia distorcida. Afinal, quando Deus foi para criar a mulher, Ele tirou apenas uma costela do homem e fez apenas uma mulher, o que nos ensina que a semelhança de Deus só pode ser preservada em sua plenitude quando o casamento é único.
3.    vigilante (vs 2) – a pessoa deve estar sempre atenta ao mover do Espírito Santo (Lc 12.35-38). Sabemos que Deus quer usar a vida de cada pessoa que Ele coloca na nossa vida e o papel do bispo é preparar a pessoa para ser usada por Deus.
4.    sóbrio (vs 2)
a.    simples -> puro, não misturado, natural, espontâneo, sem sofisticação, sem enfeites;
b.    parco -> econômico, não abundante, minguado;
c.    frugal -> que se sustenta de frutos, que se contenta com pouco para a sua alimentação.
O bispo deve ser uma pessoa que, como árvore, sabe fazer daquilo que não tem nenhuma utilidade para as pessoas, algo extremamente nutritivo para si e para seus filhos. Quando a bíblia diz que digno é o trabalhador do seu salário (alimento, se preferir -> Mt 10.10. Lc 10.7; 1Tm 5.18), está dizendo que o bispo deve ter como seu alimento a vontade do Pai (Jo 4.34), ou seja, a abundância do fruto do Espírito Santo (Jo 15.8; Gl 5.22) na vida das pessoas.
5.    honesto (vs 2) – virtuoso, ou seja, alguém que demonstra as virtudes de Cristo para as pessoas, despertando-as na vida das pessoas.
6.    hospitaleiro (vs 2) – que acolhe com satisfação, que dá agasalho. O bispo deve cooperar com aquelas pessoas que Deus levanta para pregar o evangelho em outras cidades (Hb 13.2; 3Jo 1.5-8). O bispo deve transformar sua casa num verdadeiro refúgio, para conceder à tais pessoas todo o mantimento material necessário, para que a missão que Deus lhes deu se cumpria em sua cidade. Ou seja, ele deve sempre estar disposto a acolher em seu coração novas pessoas (2Co 6.11-13).
7.    apto para ensinar (vs 2) – ou seja, ele deve estar sempre preparado para:
a.    mostrar a todos a razão da esperança que há nele (1Pe 3.15);
b.    admoestar com a sã doutrina e convencer os contradizentes. (Tt 1.9);
c.    saber como convém responder a cada um (Cl 4.6);
d.    se apresentar a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15);
e.    não contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos. (2Tm 2.24-26).
8.    não dado ao vinho (vs 3) – ao contrário do rei (que devia deixar a bebida para os pobres e amargurados de espírito – Pv 31.6,7), o bispo jamais deve se conformar em ver as pessoas se destruindo física e moralmente (Hc 2.15). Muitos, embora não se embriagam, mas fazem questão de buscar ocasiões para ridicularizarem algum membro da Igreja a fim de expor suas fraquezas. Ou seja, o bispo não deve ser daquele tipo de pessoa que tenta se alegrar do nada (Am 6.13), a saber, sem que algum dos membros do corpo de Cristo tenha sido honrado por Deus (1Co 12.26; Tg 5.13).
9.    não espancador (vs 3) – que não tenta afastar ou afugentar as pessoas da sua vida. Afinal, Jesus não disse para resistir ao mal (Mt 5.39; ver Hc 2.9), mas para deixá-lo vir até nós (2Rs 5.8) a fim de que Ele possa nos usar para vencer o mesmo com o Seu bem (Rm 12.21). Em outras palavras, o bispo deve ser intrépido como o leão, ou seja, ao invés de temer o mal, encará-lo como um desafio a ser vencido pelo poder de Deus a fim de crescer em maturidade e experiência com Cristo.
10.  não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado (vs 3) – torpe ganância significa ganância vil. Ou seja, o bispo não deve ser ganancioso naquilo que é inútil. Isto quer dizer que ele pode ser ganancioso naquilo que é bom? Na verdade isto não acontece, porque, quando algo realmente é bom, ele satisfaz a pessoa (Jo 4.13,14), de modo que ela é capaz de ser feliz no pouco (Rm 12.16), tal como Lázaro (Lc 16.21) ou a mulher sírio-fenícia (Mt 15.27), que conseguiam enxergar, nas migalhas de Deus, um grande banquete. Sem contar que a bênção do Senhor enriquece sem trazer dores (Pv 10.22). Além disto, quando algo realmente é bom, tal pessoa tem prazer em semeá-lo na vida das pessoas, já que isto, quando der fruto, lhe trará benefícios, tanto diretos como indiretos (através da transformação que Deus fará na vida de outras pessoas e que, amanhã, poderão ser bênção na nossa vida).
11.  não contencioso (vs 3) – que não é incerto, duvidoso, nem fica a brigar por achar que tem mais competência que os outros. A verdade é que, quando alguém briga, é porque está duvidando de que a situação continue no seu controle. O bispo não deve ser uma pessoa que muda de opinião fácil, nem que tenta conciliar seus interesses com os de Deus. Tampouco deve achar que tem competência para fazer todos pensarem da forma que mais lhe parece correta. Antes, deve, em cada confronto, buscar que o próprio Deus manifeste a Verdade e, deste modo, a fé dos corretos se fortaleça e a dos demais seja corrigida;
12.  não avarento (vs 3) – ou seja, não idólatra (Cl 3.5). O bispo não deve ser uma pessoa que zela dos bens materiais. Isto não quer dizer que ele seja negligente ou desperdiçador, mas que sempre usa os bens que Deus colocou na sua dispensa (Lc 16.1; 1Co 4.1,2; 1Pe 4.10) com vistas ao aproveitamento espiritual de cada membro da Igreja. Ao contrário do que muitos pensam, o bispo não é aquele que sai dando os bens para qualquer um (ver Mt 7.6). Ele até pensa em lucrar com cada centavo que Deus lhe dá, não se conformando, jamais em perder (o que Deus condena – Lc 16.1; Mt 25.14-30). Entretanto o seu objetivo e ganhar amigos com as riquezas da injustiça a fim de ser recebido por eles nos tabernáculos eternos (Lc 16.9). Ou seja, é um lutador de tempo integral (2Tm 2.4,5).
13.  que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?) (vs 4 e 5) – quem não sabe governar a própria casa é porque, no fundo, não quer aprender. Afinal, é lógico que ninguém sabe, mesmo porque Deus é a cabeça. O problema, contudo, é que a pessoa se conformou em ver a sua casa desgovernada, sem freio.
Inclusive, se pensarmos que um freio atua com base nos atritos com objeto o qual ele deseja reduzir a velocidade ou até mesmo parar, logo são os atritos com as pessoas que Deus coloca na nossa vida que impede nós e elas de irmos mais rápido para a morte (Pv 14.12; 16.25).
É claro que o freio está em constante desgaste. Entretanto, é justamente para isto que Deus nos coloca em confronto com as pessoas, a fim de que nossas falhas impeçam as pessoas de irem atrás dos seus desejos e vice-versa. Neste processo, o maus pensamentos e sentimos nossos vão de consumindo à medida que as pessoas são freadas nos seus impulsos e vice-versa, até que todos estejam completamente aptos para receber a herança que Jesus conquistou para nós (Gl 4.1-3).
Os filhos precisam estar em constante sujeição, mas com modéstia, ou seja, com despretensão e ausência de vaidade. Logo, a sujeição não é uma mera obediência a regras, mas a eliminação de tudo aquilo que não nos aproxima e firma na vida das pessoas. Para isto é necessário acabar com toda pretensão, ou seja, com toda expectativa vinda de nós mesmos. O único desejo da nossa alma deve ser a companhia do próprio Deus.
Os filhos não foram dados aos pais para terem desejos, mas para receberem a operação de Deus na vida do pai dentro de si, até terem condições de constituir família, a saber, quando:
a.    o homem for desprendido o suficiente para dar tudo que seu pai lhe deu à sua mulher;
b.    a mulher seja submissa o suficiente para usar tudo que recebeu de seu pai como combustível para o fogo de Deus na vida do marido, ou seja, a mulher vai renunciando, dia a dia, tudo que ela é a fim de que o Espírito Santo frutifique e multiplique tudo que o marido lhe deu da parte de Deus. Nem tudo que se recebe é para permanecer conosco, mas para ser usado para manter viva a ação do poder de Deus na nossa vida.
Isso não quer dizer que o que a mulher recebeu de seu pai foi perdido. Afinal, assim como a luz só pode brilhar ou um carro andar se houver combustível para ser queimado, a vontade de Deus na vida do marido só pode ser consumada pelo Espírito Santo se houver o combustível do amor que seu pai lhe concedeu até à ocasião do casamento.
Inclusive, é isto que permitirá os filhos estarem em perfeita sujeição, de modo que o marido tenha condições de exercer o episcopado. A família não pode ser um estorvo na vida ministerial do homem, mas as flechas de Cristo nas mãos de um homem cheio do poder de Deus (Sl 127.4), de modo que seja capaz de vencer os inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18) e, deste modo, conduzir a Igreja à verdadeira justiça de Deus (Sl 127.5).
Quem não sabe governar a própria casa, jamais estará livre para zelar da Igreja de Deus, pois, além de não contar com toda a provisão de Deus necessária para esta tarefa (já que os filhos ou esposa estão inaptos para isto), ainda por cima terá que investir tempo lutando pela sua própria casa, o que colocará em risco todo o rebanho de Deus. Afinal, a pessoa não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo (quer física ou espiritualmente). Ela não pode servir, uma hora à casa dela e outra à Igreja. Antes, sua casa deve ser a Igreja de Cristo e esta, a sua casa.
14.  não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo (vs 6) – entendendo que a soberba acontece quando alguém deseja crescer sozinho (ver Lc 16.15). Ou seja, o crescimento, seja em termos de fé, dons, ministério, etc., tem que encontrar respaldo na disposição da pessoa em amar o próximo, de modo que o crescimento dela seja o resultado do crescimento dos outros, bem como da interação destes com ela na Palavra de Deus. Na verdade, o cargo deve ser apenas uma confirmação daquilo que já ocorreu na congregação, ou seja, do respeito, confiança e amizade que o bispo já alcançou diante de cada membro do corpo de Cristo que vê, nele, sabedoria e amor. Em outras palavras, os membros percebem que tudo que ele faz e fala é correto e sempre pensando no melhor de cada um deles.
15.  Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo (vs 7). O bispo deve ser uma pessoa que, não apenas abandonou o pecado, mas constantemente deixa Cristo testemunhar através de sua vida, de modo que todos os que estão de fora, mesmo que não queiram, são obrigados a declarar que realmente ele esteve com Jesus (At 4.13). Ou seja, a vida de Cristo deve ser a vida dele (Gl 2.20), ele deve sempre viver e andar no Espírito Santo (Gl 5.16,25). Para ser mais exato, a obra de Deus deve ser uma constante na vida dele, de modo que suas faculdades estejam exercitadas para discernir, não somente o bem, mas também o mal (Hb 5.12-14).

Versículos 8 – 13 – Requisitos do diaconato


Da mesma sorte os diáconos devem ser:
1.    honestos (vs 8) – o diácono deve ser digno de honra, ou seja, alguém que possa servir como modelo de Cristo na vida das pessoas (1Co 11.1);
2.    não de língua dobre (vs 8) – o diácono não pode ser alguém que tenta tornar o culto a Deus agradável à carne, já que esta não pode estar sujeita à lei de Deus (Rm 8.5-9). Infelizmente muitos líderes de igreja tentam conciliar pessoas sem a cruz de Cristo, ou seja, sem buscar que os mesmos se sujeitem à direção direta Dele e de Sua Palavra. Querem uma harmonia separada de Cristo e da Sua vontade para Seu corpo e, deste modo, tentam encaixar as pessoas umas nas outras, embora elas tenham pretensões diferentes.
3.    não dado a muito vinho (vs 8) – esta aparente liberação para o diácono servia de teste. Afinal, se ele, mesmo tendo permissão para beber, ainda assim ele não bebesse, era sinal de que ele não gostava de tal coisa e, portanto, não havia brecha na vida dele para ele vir a se embebedar. Isto era importante, já que seu papel era servir à mesa, onde o suco de uva era constantemente servido (já que era uma bebida comum naquela cultura). E não deveria haver hipótese de o culto a Deus induzir o diácono à promiscuidade.
4.    não de torpe ganância (vs 8) – A ganância não pode ser desonesta, ou seja, o diácono deve desejar adquirir apenas aquilo que coloca em evidência as virtudes de Cristo e que sirvam de estímulo às pessoas a se tornarem modelos de Cristo a serem seguidos.
5.    guardião do mistério da fé em uma pura consciência (vs 9) – o diácono deve zelar para que a unidade do corpo de Cristo seja mantida, mas:
a.    não com vistas a fazer obras, mas em mostrar a vida que Cristo viveu quando estava neste mundo;
b.    não buscando interesses particulares, mas visando o cumprimento da vontade de Deus;
c.    firmados, não em si mesmos (naquilo que, supostamente, podem fazer), mas na confiança em Deus (em Sua bondade, perfeição, etc.).
6.    irrepreensível (vs 10) – o diácono deve fazer o que é bom, não por medo da punição, mas pelo prazer em amar e usar de misericórdia para com as pessoas.
7.    marido de mulher virtuosa (vs 11):
a.    honesta – íntegra, ou seja, inteira, completa, que não muda suas características. Permanece imutável, sem temer perturbação alguma (1Pe 3.5,6). Sempre em silêncio, ganhando o marido pelo seu bom procedimento (1Pe 3.1,2);
b.    não maldizente – não fala mal dos outros, pois sabe que as falhas deles não são um estorvo para a sua vida, mas a oportunidade que Deus lhe deu para desenvolver os dons Dele em sua vida (Tg 4.11,12);
c.    sóbria – moderada na comida e na bebida, ou seja, ela sabe abrir a sua mão ao pobre e estender sua mão aos necessitados (Pv 31.20). Ela utiliza para si apenas aquilo que ela realmente necessita, usando o resto para granjear amigos (Lc 16.9).
d.    fiel em tudo – em todo o plano de Deus para o marido e em todas as circunstâncias, ela se mantém constante. Não muda seu parecer, mas está sempre pronta para fazer o que precisa ser feito, mesmo que isto não seja fácil ou possa lhe trazer algum transtorno.
8.    marido de uma mulher (vs 12) – o diácono deve ser capaz de conduzir sua mulher e os frutos do seu ventre dentro daquilo que Deus estabeleceu para a sua vida. Ou seja, ele deve se manter firme na missão que Deus lhe deu e, deste modo, garantir que sua mulher e filhos sejam capazes de receber o que Deus tem para cada um deles, embora, muitas vezes, sejam impedidos pelo pecado que tenta enganá-los.
9.    bom governante de seus filhos e sua própria casa (vs 12) – o diácono deve ter firme convicção da vontade de Deus para sua vida, de modo a estar sempre conduzindo, tanto as pessoas que Deus lhe deu, como os bens, no sentido de mantê-los no lugar que Deus lhes quer. A ideia de governar, muitas vezes, induz a pessoa a achar que trata-se de ir para algum lugar (ainda mais que Jesus se apresenta como O caminho – Jo 14.6) ou fazer alguma coisa. Entretanto, o governar do diácono significa tão somente conservar o freio de Deus na vida de cada membro da família, de modo que nenhum fique como um carro sem freio, sempre desviando para a direita ou para a esquerda.
Daí se vê o quão difícil é governar, já que a alma sem Cristo não aceita limites e a função do governante é justamente impor limites.

            Uma vez que o candidato a diácono preenchesse todos estes requisitos, ele deveria ser, primeiro, provado e, apenas após comprovar que realmente ele tinha prazer na lei de Deus, que é a lei da liberdade (Tg 1.25), é que ele deveria, então, servir.
            O detalhe é que, enquanto o episcopado era uma confirmação daquilo que Deus já tinha feito na vida do bispo, o diaconato era, para a pessoa, algo a ser trabalhado. Suas qualidades, ainda que pudessem ser vistas, não era suficiente para garantir que era este o cargo que Deus tinha reservado para ele. Ou seja, não era um ministério propriamente dito, mas uma preparação para algo maior que Deus tinha para eles.
            Afinal, aqueles que servissem bem como diáconos, adquiririam boa posição e muita confiança na fé que existe dentro de Cristo (vs 13). Ou seja, embora o diaconato tenha sido instituído para ajudar os apóstolos no trabalho de servir às mesas (At 6.2), o principal beneficiário deste ministério eram os próprios diáconos, já que era uma forma de aproximá-los mais de cada membro da Igreja e suas necessidades, bem como de dar-lhes oportunidade para aprenderem mais de Deus, pessoalmente através da vida de cada membro.
            Com isto, além de eles conhecerem melhor a Deus, passavam a ter mais intimidade com cada membro, o que lhes garantiria respeito diante de toda a Igreja até que, por fim, tivessem condições de serem bispos. Ou seja, o diaconato era uma forma de aumentar o contato destes membros com os demais e com a Palavra de Deus em ação na vida de cada um deles.

Versículos 14 – 15 – A importância de nos prepararmos para nos encontrarmos com alguém


Paulo escreveu esta carta como que preparando Timóteo a fim de que, ao ir ao seu encontro, ele estivesse conforme o desejado, tal como se deu em Corinto (2Co 2.3; 12.20):

·         “Porque receio que, quando chegar, não vos ache como eu quereria, e eu seja achado de vós como não quereríeis; que de alguma maneira haja pendências, invejas, iras, porfias, detrações, mexericos, orgulhos, tumultos;”

Como Paulo desejava encontrar Timóteo bem depressa, ele decidiu escrever a carta a fim de dar tempo para que, ao invés de ir pensando em corrigir, ele pudesse usar de brandura (2Co 10.1,2) e comunicar algum dom espiritual (Rm 1.11) a fim de ser consolado pela fé mútua (Rm 1.12) dele, de Timóteo e dos de Éfeso.
A carta também servia para que Timóteo soubesse a forma correta de se andar na casa de Deus, a fim de que todos enxergassem ela como a Igreja do Deus vivo, a coluna e baluarte da verdade (vs 15). Ou seja, caso ele demorasse, Timóteo deveria saber o que era necessário para que Deus continuasse se manifestando na Igreja e a Palavra de Deus continuasse sendo confirmada perante todos (ver Mc 16.20; Hb 2.4) e servindo de apoio a todos os irmãos em cada decisão deles.

Versículos 16 – A verdadeira característica da Igreja


Jamais devemos perder de vista do que realmente caracteriza a Igreja:
1º-  Mistério, ou seja, algo que, por exigir um conhecimento aprofundado das coisas espirituais (ver Mt 13.21), é impenetrável à razão humana (1Co 2.14-16). Trata-se de uma manifestação espiritual visível, a atuação direta do próprio Deus na vida dos Seus diante deste mundo;
2º-  Piedade, ou seja, a capacidade de se identificar com aqueles que estão no sofrimento.

Afinal, foi isto que Jesus fez quando decidiu vir em carne a este mundo. Ele participou das mesmas coisas que nós a fim de que Ele pudesse ser misericordioso sumo-sacerdote (Hb 2.14,17). Isto vem a nos ensinar que não existe forma de exercitarmos a compaixão à distância, ou seja, sem nos envolvermos com a pessoa e com aquilo que ela está vivendo. Note como os requisitos do episcopado e diaconato têm relação com o envolvimento direto entre pessoas:
1.    irrepreensível (vs 2) – só não precisa ser repreendido quem faz parte do corpo, já que tal pessoa jamais deixar de fazer o que for melhor para este;
2.    marido de uma mulher (vs 2) – mantém consigo aquela que lhe permitirá exercer seu papel no corpo de Cristo;
3.    vigilante (vs 2) – não existe forma melhor de guardar um membro do corpo do que sendo parte do mesmo (ver Rm 12.5)
4.    sóbrio (vs 2) – só não se preocupa em buscar as coisas deste mundo aquele que, do corpo, retira o seu alimento. Apenas quem é membro do corpo enxerga a incapacidade de se absorver coisas grandes e, por isto, se contenta com o pouco para a sua alimentação;
5.    honesto (vs 2) – só pertencendo ao corpo para não privá-lo de algo com a nossa ausência;
6.    hospitaleiro (vs 2) – é preciso pertencer ao corpo para saber do que ele realmente necessita e se deixar usar para tratar o mesmo;
7.    apto para ensinar (vs 2) – só é capaz de ensinar algo proveitoso a alguém aquela pessoa que realmente faz parte da vida dele, já que a pessoa só absorve aquilo com que ela está familiarizada. Daí Deus, ao fazer a mulher, tê-la tirado da costela de Adão, pois só assim ele poderia ser um com ela (Gn 1.23,24);
8.    não dado ao vinho (vs 3) – apenas a pessoa que faz parte do corpo consegue fazer, dos outros e da sua vitória, a sua verdadeira alegria.
9.    não espancador (vs 3) – só não fugimos daquelas pessoas que, realmente, fazem parte de nós;
10.  não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado (vs 3) – apenas cobiça quem não está satisfeito. Como quem faz parte do corpo tem, nele, tudo de que necessita, ele é sempre moderado;
11.  não contencioso (vs 3) – os membros do corpo não têm como serem contenciosos ou não moderados, pois cada um sabe que, se agir em excesso, pode sobrecarregar outros órgãos e prejudicar o corpo todo (incluindo a si); se agir em falta, pode debilitar outros órgãos e causar até a morte do corpo.
12.  não avarento (vs 3) – quem é do corpo não pode deixar de compartilhar o que possui, pois os outros órgãos contam com isto, sem contar que tal sobrecarga de bênção (como, por exemplo, de vitaminas) pode até destruí-lo.
13.  que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?) (vs 4 e 5) – apenas sendo parte do corpo a pessoa terá condições de conduzir a si e àqueles que lhe são mais chegados, pois já não está mais a correr ou lutar por algo incerto (1Co 9.27);
14.  não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo (vs 6) – quem é do corpo nunca correrá o risco de permanecer fazendo algo para o qual não está preparado, pois a dor o fará lembrar daquilo que causa dor aos demais membros;
15.  Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo (vs 7) – só os membros do corpo estarão revestidos de Cristo e do Seu amor (Rm 13.14; Cl 3.14), nunca ficando seu coração em contato direto com os servos do diabo e, deste modo, correndo o risco de serem dilacerados.
16.  não de língua dobre (vs 8) – só anuncia o reino de Deus quem está longe. Do contrário, tal pessoa é que será anunciada junto com o corpo (quando Ele se manifestar – Cl 3.4). Quem é do corpo não tem porque conciliar o mundo com o corpo, já que a necessidade do membro é apenas interna (por exemplo, não necessita de telefone, internet, máquinas, etc). Só o corpo como um todo (Jesus) é que tem necessidade de ser grande, não para si mesmo, mas por amor aos outros.
17.  guardião do mistério da fé em uma pura consciência (vs 9) – só sendo do corpo para, naturalmente, rejeitarmos tudo que é voltado para si próprio. Inclusive, o fato de necessitarmos todos do mesmo tipo de alimento serve para facilitar nossa possibilidade de ajudar, visto que, se cada um necessitasse de algo diferente, o que eu buscasse para mim não serviria para outro. Inclusive, simplicidade é, justamente, necessitar apenas daquilo que é possível obter de qualquer um ou com eles compartilhar.
18.  marido de mulher virtuosa (vs 11) – só quem foi inserido no corpo de Cristo é capaz de valorizar a virtude, a ponto de lutar por ela e não aceitar menos do que isto.

Ou seja, o mistério da piedade é a Palavra de Deus vindo em carne e habitando em nós (Jo 1.14; Cl 1.26,27). Como bem sabemos, Jesus:
1.    Se manifestou em carne -> se identificou com o ser humano;
2.    Foi justificado no Espírito Santo -> se identificou com Deus, recebendo Dele a Sua justiça (ao invés de buscá-la pelos seus méritos);
3.    Foi visto dos anjos -> Jesus se fez o cumprimento de toda a escritura. Foi o corpo que Deus proveu para mostrar a todos Sua multiforme graça (Ef 3.10) e sabedoria (1Pe 4.10). Logo, quem é Dele deve também ser digno da atenção dos anjos (1Co 4.9; 1Pe 1.12);
4.    Pregado entre os gentios -> anunciado àqueles que outrora estavam completamente à margem do reino de Deus, que só provoca à ira com sua loucura e insensatez (Rm 10.19);
5.    Crido no mundo -> Ele, após ressuscitar, atraiu todos a Ele (Jo 12.32). Tanto é assim que todas as religiões, de forma positiva ou negativa, giram em torno de Cristo. Até a história do mundo foi dividida entre antes e depois Dele;
6.    Recebido na glória -> Toda autoridade lhe foi dada no céu e na terra (Mt 28.18), o que nos capacitou para irmos a todo o mundo a fim de fazermos discípulos (Mt 28.19).

Enfim, o mistério da piedade consiste em Deus se fazendo menor que os anjos (e até mesmo que os homens, já que veio como para servir a todos – Mc 10.45) (item 1) a fim de receber o título de justo (que já era Dele – item 2), ser digno de louvor e adoração (item 3), conhecido (item 4) e crido por toas as pessoas que existem no mundo (item 5) para, só então, ter o direito de ser recebido no céu (item 6).
Em outras palavras, o mistério da piedade é Deus, ao invés de exigir a adoração a que tinha direito, conquistou-a vivendo a nossa vida, mas sem pecado (Hb 4.15). É Deus pagando por aquilo que já era Seu (Os 3.1-3), conquistando uma coisa que já havia conquistado, vencendo uma vitória que já havia vencido (compare Is 14.12-14 com Ap 22.7-9).
Ou seja, o mistério da piedade é Deus mostrando a todos que não se cansa de vencer. Ele não resiste ao perverso, defendendo os seus direitos (Mt 5.39-44) porque, mesmo que tenha que conquistar a mesma coisa várias vezes, esta coleção de vitórias só vem a confirmar Sua supremacia, dignidade, etc. Inclusive, é isto que significa perseverança: vencer várias vezes o mesmo assunto (por exemplo, perdoar até 70 vezes 7 se preciso for para conservar um relacionamento – Mt 18.22).

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