UMA VEZ QUE MATAR, ROUBAR,
PROSTITUIR, MENTIR É PECADO, PORQUE O ETERNO PERMITIU E ATÉ ORDENOU OS MESMOS
EM CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS?
·
“Porque tudo o que
dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e
consolação das Escrituras tenhamos esperança.” (Ro 15.4).
Por
causa da dureza dos corações, o Eterno permitiu certas situações no Antigo
Testamento a fim de nos ensinar que, ninguém conseguirá fortalecer sua vida com
a sua iniquidade (Jr 7.13; Sl 56.7; 62.10,11; Pv 10.2; 12.3; Ec 8.8).
Por
exemplo: se mentir é pecado, por que o Eterno, aparentemente, aprovou a mentira
de Raabe (Js 2.4-6)? Afinal, mesmo tendo pecado,
ela ainda entrou para a genealogia de Jesus (Mt 1.5) e foi citada como um
exemplo de fé (Hb 11.31; Tg
2.25).
Isto quer dizer que, se for por um motivo justo, é permitido mentir?
É
lógico que não! O Eterno não aprovou a mentira de Raabe.
Se ela entrou para a galeria dos heróis da fé é porque ela, pela fé que tinha
no Deus verdadeiro, se dispôs a fazer de tudo para salvar os espias, mesmo que
isto implicasse em consequências físicas, emocionais e espirituais.
Tal
como Jesus se fez maldição (Gl 3.13) e pecado (2Co 5.21) para nos salvar, tal como
Paulo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de seus irmãos, que são
seus parentes segundo a carne (Rm 9.3), ao pecar ela estava
aceitando (ainda
que talvez não tivesse consciência disto) ser separada do Eterno temporariamente (ver Sl
22.1; Is 59.1,2) na esperança de que isto pudesse salvar os
espias e, ao mesmo tempo, trazer posteriormente salvação para si e sua casa.
Sem
contar que ela estava arriscando ser descoberta e severamente punida.
O
fato de não estar registrado na Escritura Sagrada nenhuma punição, dá aos
incautos a impressão de que o Eterno fez “vista grossa” para o pecado de Raabe. Contudo, considerando que o Eterno não tem o culpado
por inocente (Na 1.3),
pode estar certo de que ela sofreu as consequências da sua mentira. No entanto,
no que ela permaneceu firme ao Eterno até o fim, mesmo sofrendo as
consequências do seu pecado (ver Lv 26.41,43), ela herdou a glória
citada acima.
Você
pode questionar: mas o que ela deveria ter feito, então? Na verdade,
considerando que ela era uma prostituta que só conhecia o Eterno de ouvir
falar, ela agiu corretamente. Ela não tinha outra escolha. Mas isto não muda o
fato de que o Eterno não se agradou da atitude dela, muito menos a livrou da
condenação do pecado.
Sei
que isto parece pesado, mas veja o que diz a lei acerca do voto de Nazireu:
·
“E se alguém vier a
morrer junto a ele por acaso, subitamente, que contamine a cabeça do seu
nazireado, então no dia da sua purificação rapará a
sua cabeça, ao sétimo dia a rapará.” (Nm 6.9).
O
nazireu não podia ter contato com morto. No entanto,
mesmo se alguém morresse perto dele inesperadamente, ainda assim era
considerado pecado, exigindo purificação.
Para
você entender a questão do pecado, pense fisicamente. Imagine uma criança
dentro de uma casa pegando fogo. Parece justo, nestas condições, você poder
entrar na casa para resgatar a criança sem ser queimado. No entanto, por melhor
que possa ser teus motivos, você estará sujeito a se queimar, até a morrer.
Você poderá entrar na casa e sair com a criança todo queimado. Se você concluir
que tal sacrifício vale a pena, vá em frente. Você será considerado um herói
caso consiga.
De
igual modo, quando alguém peca, é como se o indivíduo pegasse uma espada e a
enfiasse no Eterno e no indivíduo contra quem está a pecar. No caso de Raabe, pode ter certeza que esta atitude feriu o coração do
Eterno, o que resultou na queima de alguma coisa na vida de Raabe
(ver Pv 6.27).
Todavia, ela fez por amor à vida dela e toda a sua casa e dispôs a sofrer todas
as consequências físicas e espirituais para ver sua casa salva. Foi este
espírito de sacrifício que agradou ao Eterno, não a atitude dela.
Mas
afinal, o que Raabe, na condição dela, podia fazer
então para agradar ao Eterno?
A
resposta é simples: NADA! Como disse o apóstolo Paulo:
·
“Porquanto a
inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus,
nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar
a Deus.” (Rm 8.7,8).
Como
ela não era convertida ao Eterno, ela estava na carne (Rm
8.9) e,
deste modo, impossibilitada de algo bom. Tanto é assim que Jesus disse:
·
“Jesus respondeu, e
disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo,
não pode ver o reino de Deus.” (Jo 3.3).
·
“O espírito é o que
vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são
espírito e vida.” (Jo 6.63).
Vem
a questão: mas e se fosse um homem do Eterno, que postura ele deveria assumir
na hora?
Simples:
ele deveria dizer a verdade e abrir a porta. Você pode questionar: “mas assim
os espias seriam mortos”. Depende: se fosse da vontade do Eterno salvá-los, Ele
poderia fazer a mesma coisa que fez por Ló através dos anjos: Ele feriu os
homens de cegueira, de modo que ninguém tocou nele e nas suas filhas (Gn
19.5-11).
Por
outro lado, se fosse da vontade do Eterno que eles perecessem, isto serviria
para disciplinar Josué. Aliás, ele precisava ser disciplinado. Afinal, ele
sabia que enviar indivíduos para espiar Jericó era uma atitude de risco (ele tinha visto o que
aconteceu a toda a geração que fora antes dele por causa dos dez espias que
subiram para espiar Canaã – Nm 14.30). Ainda que ele tenha
enviado os espias secretamente (Js 2.1), alguém poderia descobrir,
espalhar e novamente trazer maldição sobre Israel.
Além
disto, se Josué tivesse sido repreendido nesta atitude de se deixar guiar pelo
que vê (ao
invés de confiar na bondade e poder do Eterno que ele bem conhecia), talvez ele não tivesse
feito aquela aliança com os Gibeonitas (Js
9.14,15)
que resultou numa fome terrível na época de Davi (2Sm 21.1) e na morte de indivíduos inocentes que nada
tinham haver com isto (2Sm 21.8,9).
É
bem verdade que isto revelou a virtude de Rispa (2Sm 21.10). Também é verdade que isto
resultou numa das batalhas mais miraculosas da Escritura Sagrada (Js
10). Isto,
entretanto, serve apenas para confirmar que a vontade do Eterno prevalece para
sempre, apesar das burradas dos homens e de todos os estratagemas de Ha-Satan.
Você
pode questionar: e quanto a Raabe? Se ela não tivesse
acolhido os espias, não teria sido salva. Se de fato ela cresse no Eterno de
modo correto, ela poderia ter saído da cidade por cima do muro com sua casa (do mesmo jeito que fez
os espias descer),
clamando ao Eterno por misericórdia e buscando fazer parte de Israel.
Talvez
você diga: “mas Josué os mataria!”. Duvido! Se ela se entregasse de verdade ao
Eterno, crendo nele de todo o coração, com certeza Ele interveria, já que Ele
não rejeita ninguém que vem a Ele (Jo 6.37).
Outro
exemplo: se matar é pecado, porque o Eterno ordenou ou até abençoou tantas
guerras no Antigo Testamento? A ideia é que os fiéis percebessem que, pela
carne, quanto mais os indivíduos tentam agradar ao Eterno, mais pecam e se
distanciam Dele.
Mais
ainda: isto deveria servir de lição para nós, a saber, que mesmo com a bênção
do Eterno, ninguém pode alcançar a verdadeira paz ferindo os outros e tomando o
que pertence a eles. Mesmo se tratando de pessoas cruéis e idólatras, ainda
assim não justifica matá-los e tomar o que é deles. No final, note que tanto
Israel quanto Judá foram para o cativeiro e até hoje Israel sofre perseguições
por parte dos muçulmanos.
Por
outro lado, se quando os israelitas saíram do Egito eles tivessem aceitado
serem um reino sacerdotal (Êx 19.6), quem sabe ao invés de
tomar a terra de Canaã por meio de guerras, eles tivessem herdado ela de modo
sobrenatural com a conversão de milhares e o afastamento dos demais por não
suportarem tamanha luz (ver Jo 3.19-21)?
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