domingo, 16 de agosto de 2015

103 - UMA VEZ QUE MATAR, ROUBAR, PROSTITUIR, MENTIR É PECADO, PORQUE O ETERNO PERMITIU E ATÉ ORDENOU OS MESMOS EM CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS?

UMA VEZ QUE MATAR, ROUBAR, PROSTITUIR, MENTIR É PECADO, PORQUE O ETERNO PERMITIU E ATÉ ORDENOU OS MESMOS EM CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS?

 

·         “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.” (Ro 15.4).

 

Por causa da dureza dos corações, o Eterno permitiu certas situações no Antigo Testamento a fim de nos ensinar que, ninguém conseguirá fortalecer sua vida com a sua iniquidade (Jr 7.13; Sl 56.7; 62.10,11; Pv 10.2; 12.3; Ec 8.8).

Por exemplo: se mentir é pecado, por que o Eterno, aparentemente, aprovou a mentira de Raabe (Js 2.4-6)? Afinal, mesmo tendo pecado, ela ainda entrou para a genealogia de Jesus (Mt 1.5) e foi citada como um exemplo de fé (Hb 11.31; Tg 2.25). Isto quer dizer que, se for por um motivo justo, é permitido mentir?

É lógico que não! O Eterno não aprovou a mentira de Raabe. Se ela entrou para a galeria dos heróis da fé é porque ela, pela fé que tinha no Deus verdadeiro, se dispôs a fazer de tudo para salvar os espias, mesmo que isto implicasse em consequências físicas, emocionais e espirituais.

Tal como Jesus se fez maldição (Gl 3.13) e pecado (2Co 5.21) para nos salvar, tal como Paulo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de seus irmãos, que são seus parentes segundo a carne (Rm 9.3), ao pecar ela estava aceitando (ainda que talvez não tivesse consciência disto) ser separada do Eterno temporariamente (ver Sl 22.1; Is 59.1,2) na esperança de que isto pudesse salvar os espias e, ao mesmo tempo, trazer posteriormente salvação para si e sua casa.

Sem contar que ela estava arriscando ser descoberta e severamente punida.

O fato de não estar registrado na Escritura Sagrada nenhuma punição, dá aos incautos a impressão de que o Eterno fez “vista grossa” para o pecado de Raabe. Contudo, considerando que o Eterno não tem o culpado por inocente (Na 1.3), pode estar certo de que ela sofreu as consequências da sua mentira. No entanto, no que ela permaneceu firme ao Eterno até o fim, mesmo sofrendo as consequências do seu pecado (ver Lv 26.41,43), ela herdou a glória citada acima.

Você pode questionar: mas o que ela deveria ter feito, então? Na verdade, considerando que ela era uma prostituta que só conhecia o Eterno de ouvir falar, ela agiu corretamente. Ela não tinha outra escolha. Mas isto não muda o fato de que o Eterno não se agradou da atitude dela, muito menos a livrou da condenação do pecado.

Sei que isto parece pesado, mas veja o que diz a lei acerca do voto de Nazireu:

 

·         “E se alguém vier a morrer junto a ele por acaso, subitamente, que contamine a cabeça do seu nazireado, então no dia da sua purificação rapará a sua cabeça, ao sétimo dia a rapará.” (Nm 6.9).

 

O nazireu não podia ter contato com morto. No entanto, mesmo se alguém morresse perto dele inesperadamente, ainda assim era considerado pecado, exigindo purificação.

Para você entender a questão do pecado, pense fisicamente. Imagine uma criança dentro de uma casa pegando fogo. Parece justo, nestas condições, você poder entrar na casa para resgatar a criança sem ser queimado. No entanto, por melhor que possa ser teus motivos, você estará sujeito a se queimar, até a morrer. Você poderá entrar na casa e sair com a criança todo queimado. Se você concluir que tal sacrifício vale a pena, vá em frente. Você será considerado um herói caso consiga.

De igual modo, quando alguém peca, é como se o indivíduo pegasse uma espada e a enfiasse no Eterno e no indivíduo contra quem está a pecar. No caso de Raabe, pode ter certeza que esta atitude feriu o coração do Eterno, o que resultou na queima de alguma coisa na vida de Raabe (ver Pv 6.27). Todavia, ela fez por amor à vida dela e toda a sua casa e dispôs a sofrer todas as consequências físicas e espirituais para ver sua casa salva. Foi este espírito de sacrifício que agradou ao Eterno, não a atitude dela.

Mas afinal, o que Raabe, na condição dela, podia fazer então para agradar ao Eterno?

A resposta é simples: NADA! Como disse o apóstolo Paulo:

 

·         “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Rm 8.7,8).

 

Como ela não era convertida ao Eterno, ela estava na carne (Rm 8.9) e, deste modo, impossibilitada de algo bom. Tanto é assim que Jesus disse:

 

·         “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (Jo 3.3).

·         “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.” (Jo 6.63).

 

Vem a questão: mas e se fosse um homem do Eterno, que postura ele deveria assumir na hora?

Simples: ele deveria dizer a verdade e abrir a porta. Você pode questionar: “mas assim os espias seriam mortos”. Depende: se fosse da vontade do Eterno salvá-los, Ele poderia fazer a mesma coisa que fez por Ló através dos anjos: Ele feriu os homens de cegueira, de modo que ninguém tocou nele e nas suas filhas (Gn 19.5-11).

Por outro lado, se fosse da vontade do Eterno que eles perecessem, isto serviria para disciplinar Josué. Aliás, ele precisava ser disciplinado. Afinal, ele sabia que enviar indivíduos para espiar Jericó era uma atitude de risco (ele tinha visto o que aconteceu a toda a geração que fora antes dele por causa dos dez espias que subiram para espiar Canaã – Nm 14.30). Ainda que ele tenha enviado os espias secretamente (Js 2.1), alguém poderia descobrir, espalhar e novamente trazer maldição sobre Israel.

Além disto, se Josué tivesse sido repreendido nesta atitude de se deixar guiar pelo que vê (ao invés de confiar na bondade e poder do Eterno que ele bem conhecia), talvez ele não tivesse feito aquela aliança com os Gibeonitas (Js 9.14,15) que resultou numa fome terrível na época de Davi (2Sm 21.1) e na morte de indivíduos inocentes que nada tinham haver com isto (2Sm 21.8,9).

É bem verdade que isto revelou a virtude de Rispa (2Sm 21.10). Também é verdade que isto resultou numa das batalhas mais miraculosas da Escritura Sagrada (Js 10). Isto, entretanto, serve apenas para confirmar que a vontade do Eterno prevalece para sempre, apesar das burradas dos homens e de todos os estratagemas de Ha-Satan.

Você pode questionar: e quanto a Raabe? Se ela não tivesse acolhido os espias, não teria sido salva. Se de fato ela cresse no Eterno de modo correto, ela poderia ter saído da cidade por cima do muro com sua casa (do mesmo jeito que fez os espias descer), clamando ao Eterno por misericórdia e buscando fazer parte de Israel.

Talvez você diga: “mas Josué os mataria!”. Duvido! Se ela se entregasse de verdade ao Eterno, crendo nele de todo o coração, com certeza Ele interveria, já que Ele não rejeita ninguém que vem a Ele (Jo 6.37).

Outro exemplo: se matar é pecado, porque o Eterno ordenou ou até abençoou tantas guerras no Antigo Testamento? A ideia é que os fiéis percebessem que, pela carne, quanto mais os indivíduos tentam agradar ao Eterno, mais pecam e se distanciam Dele.

Mais ainda: isto deveria servir de lição para nós, a saber, que mesmo com a bênção do Eterno, ninguém pode alcançar a verdadeira paz ferindo os outros e tomando o que pertence a eles. Mesmo se tratando de pessoas cruéis e idólatras, ainda assim não justifica matá-los e tomar o que é deles. No final, note que tanto Israel quanto Judá foram para o cativeiro e até hoje Israel sofre perseguições por parte dos muçulmanos.

Por outro lado, se quando os israelitas saíram do Egito eles tivessem aceitado serem um reino sacerdotal (Êx 19.6), quem sabe ao invés de tomar a terra de Canaã por meio de guerras, eles tivessem herdado ela de modo sobrenatural com a conversão de milhares e o afastamento dos demais por não suportarem tamanha luz (ver Jo 3.19-21)? 

 

 

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