Casamento não é para te fazer
feliz!
Sei que
isto soa esquisito, o contrário do que todo mundo acredita. Até a Escritura
Sagrada parece dizer o contrário:
·
“Saí, ó filhas de Sião, e contemplai ao rei Salomão com a coroa com
que o coroou sua mãe no dia do seu desposório e no
dia do júbilo do seu coração.” (Ct 3.11).
Considerando
que a Escritura Sagrada nunca erra, vem então a questão: qual é o tipo de
alegria trazida com o casamento? A mesma alegria que houve em Cristo:
·
“O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é
um cetro de eqüidade. Tu amas a justiça e odeias a
impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que
a teus companheiros.”
·
“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos
séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino.
Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso
Deus, o teu Deus, te ungiu Com óleo de alegria mais do que a teus
companheiros.” (Hb 1.9)
E qual foi
a alegria de Cristo? Fazer a vontade do Eterno, não é?
·
“Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me
enviou, e realizar a sua obra.” (Jo 4.34).
E qual foi
a vontade do Eterno? Não foi que Jesus se oferecesse em sacrifício?
·
“Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não
quiseste, Mas corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo pecado não te
agradaram. Então disse: Eis aqui venho (
No princípio do livro está escrito de mim ), Para fazer, ó Deus, a tua vontade.” (Hb 10.5-7)
Um dos
maiores erros que os indivíduos cometem é o de casar pensando em ser feliz. Ora, quanto mais nos envolvemos com o ser
humano, mais nos envolvemos em problemas e mais nos expomos à tristeza. Não é à
toa que os namorados dizem que estão apaixonados um pelo outro.
Ora,
apaixonado vem de paixão. O que eles, no fundo, estão dizendo é que eles estão
sofrendo de amor um pelo outro (como se deu com a Sulamita – Ct 5.8).
Para que você tenha certeza da relação entre amor e sofrimento, veja os
versículos abaixo:
·
“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor
não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não
busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a
injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta.” (1Co 13.4-7).
O amor tudo
sofre, crê, espera e suporta. Todos estes elementos são quatro tipos diferentes
de sofrimento. Quer coisa mais angustiosa do que a espera? De igual modo, a
verdadeira fé implica em crer contra a esperança, tal como fez Abraão (Rm
4.18). E suportar implica em servir de
suporte para que nosso próximo não caia, levar as cargas uns dos outros (Gl 6.2).
Só isto já
é motivo suficiente para se crer que o amor implica em sofrimento. Mas não para
aí!
·
“Porém tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, sofredor,
e grande em benignidade e em verdade.” (Sl 86.15);
·
“Piedoso e benigno é o SENHOR, sofredor e de grande
misericórdia.” (Sl 145.8).
Entendendo
que o Eterno é amor (1Jo 4.8,16) e é sofredor, logo o amor é
sofredor.
Sei que
tudo isto soa estranho. Contudo, pense: quando você ama alguém, você não sofre
por ver algo mau assolando a vida deste (tal como se dava com Paulo)?
·
“Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas
as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza,
que eu me não abrase?” (2Co 11.28,29);
·
“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que
Cristo seja formado em vós;” (Gl 4.19);
·
“Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles
alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.” (2Tm 2.10).
Não só
isto! Já analisaste as várias passagens da Escritura Sagrada com respeito à
pregação do evangelho?
·
“Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro
o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja;” (Cl 1.24).
·
“Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente
crer nele, como também padecer por ele, tendo o mesmo combate que já em
mim tendes visto e agora ouvis estar em mim.” (Fp 1.29,30).
·
“Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos SENHORes,
não somente aos bons e humanos, mas também aos maus. Porque é coisa agradável,
que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo
injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e
sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a
Deus. Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós,
deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu
pecado, nem na sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não
injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga
justamente; levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro,
para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas
feridas fostes sarados.” (1Pe 2.18-24).
·
“E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos,
amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e
afáveis. Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes,
pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para
que por herança alcanceis a bênção.” (1Pe
3.8,9).
·
“Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos
tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de
serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da
sua glória vos regozijeis e alegreis. Se pelo nome de Cristo sois vituperados,
bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus;
quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto a vós, é glorificado. Que nenhum de vós padeça como homicida, ou
ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; mas, se
padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte.
Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro
começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de
Deus? E, se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador?
Portanto também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe as suas
almas, como ao fiel Criador, fazendo o bem.” (1Pe
4.12-19).
Não é em
vão que Paulo diz:
·
“Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por
Cristo Jesus nosso Senhor.” (1Co 15.31).
Diante
disto, não era para nós nos espantarmos com os sofrimentos que nos sobrevém.
·
“Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o
dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro.” (Rm 8.36).
Pense: como
as ovelhas eram usadas no Testamento da Lei? Elas não deveriam ser sacrificadas
para que os pecados dos outros pudessem ser cobertos? Embora seja o sangue de
Cristo que cobre os pecados dos outros, para que os indivíduos possam receber o
benefício disto dentro de si, é necessário que as ovelhas deem suas vidas para
que a glória do Eterno se manifeste.
Mas será
que não existe uma forma de amarmos sem precisarmos sofrer? Infelizmente não.
Se fosse possível, o Pai teria atendido a oração de Jesus no Getsêmani:
·
“E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim
este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14.36).
Não é à toa
que a Escritura Sagrada afirma que o Eterno é Deus de compaixão:
·
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional.” (Rm 12.1).
·
“Porém tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso,
sofredor, e grande em benignidade e em verdade.” (Sl 86.15).
Compaixão
significa “sofrimento comum”. Considerando que no mundo teremos aflições (Jo
16.33), que junto com cada dia vem o seu
próprio mal (Mt 6.37),
que com certeza virão a tempestade (Mt 7.24-27)
e o fogo para nos provar (1Co 3.12-15), logo se
quisermos ser felizes, precisamos aceitar a verdade que estamos aqui para
ajudar o próximo a vencer as dificuldades que surgem com base na Sua Palavra.
O que se pode
esperar de um mundo onde Ha-Satan é o príncipe (Jo
14.30; Ef 2.1,2; 1Jo 5.19)
e os indivíduos à nossa volta, lobos (Mt 10.16)?
Não precisamos esperar algo bom aqui. Ainda mais considerando que aqui não é
nosso lar (Fp 3.20; Hb 11.13-16).
É óbvio que somos peregrinos e estrangeiros neste mundo (1Pe 2.11),
mas muitos insistem em achar, a todo custo, sua vida aqui (para sua perdição – Mt 10.39).
Mas afinal,
por que o amor tinha que ser vinculado ao sofrimento?
·
“Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se
faz melhor o coração.” (Ec 7.3).
·
“Eis que foi para a minha paz que tive grande amargura, mas a ti
agradou livrar a minha alma da cova da corrupção; porque lançaste para trás das
tuas costas todos os meus pecados.” (Isaías 38.17).
·
“Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam
como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes
da sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser
de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos
exercitados por ela.” (Hb 12.10,11).
O objetivo
do sofrimento é trazer melhoras para o nosso coração a fim de que possamos nos
tornar participantes da santidade do Eterno. Por isto que Tiago nos convida a
transformar nossas alegrias em tristeza:
·
“Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos,
pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas
misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso
gozo em tristeza.” (Tg 4.8,9).
Afinal, não
podemos continuar encontrando alegria naquilo que traz algum prejuízo ao
próximo e entristece o coração do Eterno.
Pode
acreditar: o sofrimento é algo inerente a este mundo. Desde que o homem se
alimentou do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.17; 3.5,6),
isto passou a fazer parte dele e de toda a criação. O que Cristo fez não foi
retirar o sofrimento da vida do ser humano, mas sim dar um motivo bom para que
o mesmo encontrasse a felicidade e a plena satisfação em meio ao sofrimento:
·
“Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes
contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de
maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza
segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se
arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” (2Co
7.9,10).
Quando
aceitamos Jesus e Seu amor em nosso coração, passamos a considerar um
privilégio ter alguém e algo pelo quê sofrer. O problema onde todo sofrimento parece
ser sem sentido é porque os indivíduos se acostumaram à ideia de que tudo,
incluindo os indivíduos, foi criado para lhe dar prazer.
Contudo,
quando entendemos que temos que ser inimigos do pecado (arbítrio)
que habita na vida dos indivíduos (Mt 5.44),
que temos que sacrificar nossa vida (Rm 12.1; Ef
5.1,2; 1Pe 2.21) para que eles não consigam
fazer o que seu ego corrompido quer (Gl 5.16,17),
as injúrias e males que receberemos deles (1Pe 3.8,9) por lhes
dizer a verdade (2Tm 4.3,4; Gl 4.16)
nos permitirão alcançar a bênção (a saber, a vida deles) por meio
da qual o Eterno irá operar Sua salvação em nós (Fp 2.12,13).
Em outras
palavras, os sofrimentos e lutas só tem sentido quando vemos nos mesmos uma
oportunidade para Jesus se manifestar (2Co 4.10,11) e unir os
indivíduos um ao outro e à Sua Palavra através da alma de cada um.
Entende,
agora, porque amor implica em sofrimento? No que indivíduos são ligados a nós,
quanto mais deles recebemos em nosso interior, mais oportunidades de sofrer
temos. Afinal, pense: quanto mais coisa possuímos, maiores não são a
possibilidades de perda e maior não é o esforço para conservar tudo? Assim
também é com os indivíduos que o Eterno nos dá.
A diferença,
contudo, é que
sofrer pela perda de coisas que não têm vida em si é dor sem recompensa. No
entanto, sofrer pelas aflições de alguém significa nos ocuparmos com algo vivo,
em mantermos nossa mente e sentimento fixos no Eterno, na expectativa de vê-Lo
operar Seu caráter no indivíduo, de modo a podemos contemplar riquezas maiores
do que as que são possíveis de serem vistas no mundo.
Além do
mais, se você pensa em casar para ser feliz é sinal que você, então, não é
feliz. Neste caso, você vai se casar para sugar a suposta felicidade que o
outro parece ter. Eu digo suposta porque, na verdade, ele quer se casar com
você justamente porque não é feliz e espera que você o satisfaça.
Resultado:
fica um cabo de guerra. Um tentando usar o outro para ser feliz.
Ora, pense:
você já viu alguém semear jiló e colher caqui? Como você espera colher
felicidade sem semear isto? E como você vai semear algo que não possui dentro
de ti? Ou você acha que todos os teus esforços de proporcionar prazer ao teu
cônjuge serão suficientes para satisfazer todos os anseios dele, a ponto de
isso poder transbordar em algo que lhe seja favorável?
Você
acredita mesmo que você é tudo que o seu cônjuge precisa e que, por isto, ele
tem obrigação de lhe retribuir lhe dando toda a satisfação e prazer que tua
alma deseja?
Acorda! Ou
você recebe Cristo no teu coração e deixa Ele te usar para ser fonte de
felicidade para todos os que te rodeiam (Jo 4.13,14; 7.37,39; Ne
8.10) (a começar pelo teu cônjuge e filhos)
ou você será a pessoa mais frustrada do mundo com o teu casamento.
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