quinta-feira, 2 de maio de 2013

41 - Estudo do Livro de Malaquias - Parte 2



MALAQUIAS 2.17 a 4.6 → ACHA QUE DEUS NÃO EXISTE OU SENÃO, É MUITO INJUSTO, JÁ QUE VÊ AS INJUSTIÇAS ACONTECEREM E, APARENTEMENTE, NÃO FAZ NADA. Tal pessoa...

Vs 2.17 a 3.6 ... SE RECUSA A ACEITAR QUE O VERDADEIRO SIGNIFICADO DA VINDA DO SENHOR É PURIFICAR OS PECADORES, A FIM DE QUE A VIDA DELES, COMO UM TODO, SEJA UMA OFERTA DE CHEIRO SUAVE, AGRADÁVEL AO CRIADOR
Aqui temos várias provas da distinção entre Pai e Filho: o Pai (“eis que eu envio”) envia o Filho (“eis que vem”, ao invés de “venho”), sendo que este também é Senhor e o Dono do templo (e não apenas servo  - ver Hb 3.2,5,6) (vs 1).
Muitos israelitas achavam que Deus estava lhes dando mandamentos só para cansá-los (Ml 1.13). Mais uma vez Deus enfatiza que eram eles que estavam Lhe cansando (vs 17; ver Is 43.24) com suas acusações infundadas (também em Ml 3.13). Era bem verdade que, aparentemente, os gentios em volta deles estavam prosperando, enquanto eles passavam por lutas como as mostradas em Ag 1.9-11; 2.16-18. Esqueciam que, o fato de eles estarem sendo zelosos em alguns princípios elementares da lei mosaica, não os isentava de serem fiéis nas coisas mais importantes da lei (o mesmo erro se repetia na época de Jesus – Mt 23.23,24).
Como eles poderiam achar que estavam fazendo o bem, estando a desprezar a mesa do Senhor (Ml 2.3), a deturpar a lei Dele(Ml 2.8,9) a casar com mulheres estrangeiras (Ml 2.10-12) e a divorciar de suas esposas (Ml 2.13-16)?
E ainda tinham coragem de perguntar “onde está o Deus do juízo?” (vs 17).
Deus responde que iria enviar o Messias, o Anjo da Nova Aliança e, adiante Dele, Seu precursor (João Batista – Mt 11.10; Mc 1.2; Lc 7.27) (vs 1), mas para isto era preciso que eles se esforçassem para contemplá-lO. Infelizmente, eles não fizeram isto. Pelo contrário: desprezaram tudo o que a Palavra de Deus dizia sobre o Messias, firmando-se apenas nos poucos tópicos que lhes convinha (por exemplo, aqueles em que mostravam um Messias eterno, descendente de Davi, que conquistaria todos os inimigos de Israel e faria de Jerusalém a sede do Seu reino mundial – como Is 60).
Daí a expressão “de repente”. Não é que Jesus viria ao templo a qualquer momento. Houve vários sinais confirmando a 1ª vinda do Messias:

*      O cântico de Zacarias (Lc 1.76);
*      O anúncio da vinda do Messias dado aos pastores, diretamente do céu (Lc 2.8-14);
*      A profecia de Simeão (Lc 2.25-30);
*      A profecia de Ana (Lc 2.36-38);
*      A fuga de Jesus para o Egito (Mt 2.14,15);
*      A ida de José, Maria e Jesus para Nazaré (Mt 2.22,23);
*      A perseguição de Herodes (Mt 2.17,18);
*      Sem contar a pregação de João Batista (Mt 3.11).
*      Principalmente a testificação do Pai com relação a Seu Filho amado (Mt 3.17; 17.5).

Entretanto, como eles queriam o Messias do jeito que sua carne pecaminosa podia conceber, eles acabaram rejeitando o presente de Deus para eles. Toda esta revolta justamente porque os israelitas convenceram a si mesmos de que Deus não os amava. A expressão “contemple” (versão KJV) mostra a importância de nos esforçarmos para termos bons olhos (ver Mt 6.22,23; Ap 3.18), a fim de enxergar com exatidão o que Deus deu para nós.
Deus tinha prometido para Israel enviar o Anjo da Sua presença (Is 63.8,9). Todavia, a proposta é que eles não mentissem (falhassem no propósito para o qual foram criados), mas estivessem sempre prontos para a compaixão de Deus os tomar e conduzir ao lugar certo. Ou seja, a remissão não consistia em livrá-los das pessoas más, mas sim livrá-las de serem más, de modo que elas largassem seus desejos e não se fechassem para o próximo, com medo das traições que certamente viriam.
Primeiro, Ele queria purificar Israel, começando pelos filhos de Levi (vs 2; ver Am 2.13; 5.18-20; Mt 3.10-12; 1Pe 4.17), de modo que os perversos tivessem oportunidade de conhecer a compaixão de Deus e optar por uma mudança de vida. Infelizmente, eles não aceitavam que o Deus do juízo não viesse apenas punir os gentios.
Ao perguntar: “onde está o Deus do juízo”, eles estavam acusando Deus de injusto, como que dizendo “Onde está Deus que não vê tudo de ruim que estas pessoas estão fazendo? Cadê o dia do Senhor que nunca chega? Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação (2Pe 3.4)? Avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos (Is 5.19)”. Trata-se de pessoas escarnecedoras que andam segundo os seus próprios desejos (2Pe 3.3), que puxam a iniquidade com cordas de vaidade (Is 5.18) e que desejavam o dia do Senhor para se verem livres dos seus problemas e ver a sua sede de vingança cumprida na vida daqueles que julgavam perversos (Am 5.18).
Em outras palavras, buscavam o Messias não por amá-lO, mas sim pela expectativa de ver Israel voltar a ser uma potência mundial, como na época de Davi e Salomão. Só os piedosos O esperavam pelo motivo correto (Lc 2.38).
Todavia, como quase todos estavam tão afundados no pecado, quem suportaria o dia da vinda Dele (vs 2)?
Também haverá vários sinais confirmando a 2ª vinda de Jesus (por exemplo, Mt 24.4-7,15; 2Ts 2.1-4; Ap 8.2). Mas as pessoas estarão (incluindo o povo do Criador) tão envolvidas consigo mesmas (ver Lc 8.14) e com estes mundo, que não prestarão atenção aos sinais, de modo que, quando Ele vier, será considerado como o principal dos marginais (daí Ele dizer que virá como ladrão da noite, já que eles acham que Jesus veio para lhes roubar. Note a fúria de quase toda a humanidade contra Jesus (Ap 19.19)). As pessoas serão pegas de surpresa (1Ts 5.2; 2Pe 3.10; Ap 16.15) porque estarão esperando o Jesus errado (2Co 11.4), da forma errada e pelo motivo errado.
Mesmo Deus enviando o mensageiro Dele (como também enviará 2 testemunhas por ocasião da 2ª vinda de Jesus para preparar o povo para Sua vinda – Ap 11.3-7), ainda assim muitos nem perceberam, até hoje, que o Messias veio.
Na verdade, eles fingiam estar esperando a 1ª vinda de Jesus quando, na verdade, estavam a negá-la. Veja Is 5.19; Jr 17.15: embora, aparentemente, estivessem pedindo que Deus viesse e fizesse Sua obra, eles estavam querendo motivos para não acreditar na Palavra de Deus, já que queriam que Deus viesse, mas do jeito que eles queriam. Se recusavam a pensar em Deus, mas nos caminhos Dele (Is 64.5).
Por isto é que Deus não tinha vindo para julgar a terra (vs 2.17). O povo estava tão repleto de maldade por dentro, que a única coisa capaz de alegrá-los era a destruição dos inimigos. Como Deus poderia, em tais circunstâncias, revelar-lhes Sua reta justiça? Por isto Ele se mantinha distante, a ponto de Israel achar que Deus se agradava dos perversos (2.17).
Não conseguiam perceber que, se Ele viesse como o Deus do juízo, eles seriam os primeiros a serem destruídos, já que a maldade que estavam sofrendo era consequência do mal alojado no coração deles (vs 5). Deus não tinha vindo julgar justamente porque os amava e não os queria destruir (ver Ml 4.1; Ap 6.16,17). Estava dando tempo para eles se arrependerem.
A verdade é que, quando as pessoas rejeitam Sua Palavra, nada mais agrada a Deus. Ele estava pronto para destruir Jerusalém e todo o seu governo “teocrático” e todo o culto oferecido a Ele, já que nada mais Lhe permitia manifestar Sua Glória. Inclusive, a ira de Deus, manifestada no dia do Senhor, era um teste de coração, destinado a “recolher o trigo no celeiro, queimar a palha e cortar toda árvore que não dá bom fruto” (Mt 3.10-12). Em outras palavras, tratava-se de levar cada um a enxergar com clareza os conceitos e valores que existiam nos seus corações, de modo que permanecessem com Cristo só quem realmente o amava (ver Sl 1.5).
Eles queriam que Deus mudasse a favor deles. Ele então mostra que, a causa de eles não serem consumidos, era justamente porque Ele não mudava (vs 6; Nm 23.19; Rm 11.29; Tg 1.17; Hb 1.12; 13.8). Apesar de tudo que eles eram, suas misericórdias constantemente eram renovadas a cada dia (Lm 3.22).
Embora Deus tivesse todos os motivos para destruir Israel, Ele viria para derreter e purificar Israel, tal como se purifica prata e ouro (vs 3; Jó 23.10; Sl 66.10; Pv 17.3; Is 1.25; Zc 13.9; Mt 3.10-12; Hb 12.10; 1Pe 1.7), ou seja, não para destruir, mas sim para remover toda a impureza (Os 11.8,9; Jr 31.20), pois ainda o tinha como filho das Suas entranhas. Tal processo de purificação consiste em remover toda impureza, até que o fundidor possa ver O reflexo do Seu rosto no metal precioso derretido (Rm 8.29; 2Co 3.18).
É isto que Deus deseja fazer. Ele só não faz quando a pessoa não suporta o fogo da Sua verdade (Jo 16.12). Neste caso, a purificação é mais leve e, é claro, bem aquém do que deveria (Is 48.10). Se a pessoa se rebela contra o tratamento de Deus, Ele não vai forçar, já que o espírito de tal pessoa acabaria desfalecendo e ela se rebelando ainda mais (ver Gn 6.3; Is 1.5; 57.16).
Para que você veja a diferença entre aquele que ama a Deus e o que não o ama, pense naquele momento em que faraó foi contra Israel no Mar Vermelho. Toda aquela situação deixava os incrédulos revoltados contra Deus (Êx 14.11,12). Mas para os piedosos, cada detalhe (a coluna de nuvem e de fogo, o mar se abrindo, etc.) tem que ser motivo de alegria por ver Deus presente, juntinho. Temos que procurar reconhecer Deus em todos os nossos caminhos (Pv 3.5,6).
Nesta questão de purificar os filhos de Levi, há um detalhe ainda a ser considerado. A ideia era fazer com que eles tornassem ao primeiro amor (como em Ap 2.4) e voltassem ao que outrora foram (Ml 2.6; 3.4; Jr 2.2). Lembre-se que não se acrescenta limpeza a algo que estava sujo; antes, retira-se as impurezas disto.
É bom que fique claro que a oferta não tinha por finalidade expiar pecados (ver Hb 10.3). Antes, o objetivo era ter intimidade com Deus, ser grato para com Ele, pelo privilégio de ter a quem se dedicar sem reservas. Logo, quando buscamos tudo isto, estamos ofertando a Deus o que realmente Ele deseja (ver Rm 12.1; Hb 13.15; 1Pe 2.5).
De igual modo, todo aquele que nasceu espiritualmente em Cristo (2Co 5.17), precisa constantemente passar pelo fogo das provações (Tg 1.2-4) para se ver livre de toda contaminação adquirida com o contato com o mundo (Jo 13.14), a fim de que possa oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo (1Pe 2.5).
Mas que fique claro: isto só vale para quem já nasceu de novo. Do contrário, ainda não passa de palha a ser queimada (Sl 1.4; Ml 4.1).
Note que Judá, incluindo a principal das suas cidades, só seriam capazes de ofertar algo suave a Deus (vs 4) quando os descendentes da tribo de Levi fossem purificados (vs 3). E não é para menos, já que eram eles o “selo da medida” (tal como o diabo, outrora, foi – Ez 28.12). Sendo eles eleitos por Deus para exercer as funções do tabernáculo, logo eram eles a referência para aquilo que é bom ou ruim. A partir do momento que eles voltassem ao padrão de Deus para suas vidas, todos poderiam ser, novamente, o tipo de oferta agradável a Deus. Além disto, não adianta um órgão do corpo estar saudável, enquanto a cabeça está ruim. Tudo que há de bom neste órgão só será usado para o mal.
Entenda: para que alguém possa ser uma oferta suave a Deus na nossa vida, precisamos estar no conselho de Deus vendo e ouvindo Sua Palavra (Jr 23.18,22). Do contrário, qualquer coisa que alguém venha a nos favorecer, estará a serviço do diabo, incluindo tal pessoa.
Para Judá conceder algo bom a Levi, primeiro Levi tem que saber o que é bom e ter prazer nisto. Do contrário, todos ofertarão algo que acham que é bom quando, na verdade, estarão contribuindo para que as pessoas se afastem de Deus. Para ilustrar isto, basta pensar que, dependendo do tipo de água que a pessoa ingere, ela acaba se desidratando (por exemplo, água do mar).
A partir do momento que Levi fosse purificado, Judá seria obrigado a oferecer o que é bom (já que este não aceitaria mais nenhuma dádiva que não viesse do alto (Tg 1.16,17)) e, aí sim, Deus poderia chegar até eles para juízo (vs 5). Pense: como Deus poderia punir os ímpios, se até os que se intitulam justo estão procedendo pior (ver Jr 2.33; Mq 7.4; 2Co 10.6; 1Pe 4.17)? Ele teria que destruir a todos. Daí, em Is 48.10, Ele não purificar Israel totalmente (ver também – Êx 33.3).
Contudo, no que Israel estivesse nos eixos, Deus viria, e não apenas como um juiz (que necessita de testemunhas). Ele viria também como testemunha (em resposta à pergunta “onde está o Deus do juízo”, que revela que eles estavam achando que Deus nada vê – Sl 10.11; 73.11; 94.7), muito mais rápido do que eles podiam imaginar (ver Rm 9.28; Is 48.3,4).
Eis os tipos de pessoas que Deus, que é Senhor de todos os exércitos (incluindo o composto pelas pessoas abaixo citadas) iria (e irá) julgar (vs 5):

*      Feiticeiros -> Uma vez que os sacerdotes estavam casando com filhas de deuses estranhos (Ml 2.10-12), o mais razoável é que elas o conduzissem à feitiçaria. A partir do momento que eles não estavam casando com o propósito de conduzir sua esposa e filhos à glória de Deus, de modo que esta pudesse ser vista por todos na vida deles, então eles estariam condenados a tentar agradar suas esposas em troca de migalhas de carinhos. Isto era tão arraigado neles que continuou até à época dos apóstolos (At 8.9; 13.6) e irá predominar no reinado do antimessias (Mt 24.24; 2Ts 2.9; Ap 9.21; 13.13,14; 16.13,14; 18.23).
*      Adúlteros -> No que adulteraram Palavra de Deus e, obviamente, com outros deuses (já que, agora, a visão que eles têm de Deus é bem diferente de tudo que Ele realmente é), o destino é adulterarem a si mesmos (Ml 2.13-16), indo após outra carne (Jd 7);
*      Os que juram falsamente -> tentam convencer seus clientes de uma coisa que não é verdade (Zc 5.4);
*      Os que defraudam o salário do jornaleiro -> exploravam e enganavam os que lhes faziam bem (pagavam o bem com o mal – Pv 17.13; Tg 5.4);
*      Os que oprimem a viúva e o órfão -> se aproveitam dos mais fracos e indefesos;
*      Os que torcem o direito do estrangeiro -> se aproveitam da ignorância das pessoas para passar-lhes para trás;
*      Os que não O temem -> esta é a raiz de todos os pecados.
        
Todas estas pessoas eram instrumentos que Deus elegeu para julgar o povo de Israel pela maldade que havia em seus corações (veja como Deus permite uma pessoa errar para que as pessoas à volta dela sejam punidas -  1Cr 21.1). Mas, em breve, cada um deles seria julgado. Afinal, Ele não muda! Eles continuavam sendo os filhos de Jacó, em referência à aliança que Deus estabeleceu com este patriarca (Gn 28.13; 35.12; Êx 6.3) e Ele continuava sendo o Deus da aliança feita no Monte Gerizim (monte da bênção – Dt 27.12) e no Monte Ebal (monte da maldição – Dt 27.13). Em outras palavras, Ele continuava sendo o Deus do juízo (como se vê em Sl 50.1,3,4,21; Ec 8.11,12; Is 57.11; Rm 2.4-10).
Há um detalhe também curioso: como pôde Marcos ter dito que esta profecia (vs 1) foi dita por Isaías (Mc 1.2)? Assim como havia a genealogia terrena, que procurava preservar a memória dos antepassados, a fim de que cada um soubesse qual era a sua missão (por exemplo, Judá era a tribo da realeza e Levi, do sacerdócio (ver Ed 2.62)), com certeza existe a genealogia celestial (já que as coisas naturais são sombra das espirituais – Hb 10.1).
Daí Deus dizer que enviaria o profeta Elias antes da 1ª e da 2ª vinda de Cristo. João veio no espírito e poder de Elias (Lc 1.17; Mc 9.12,13) e, quando Jesus estiver para vir de novo, surgirá outro profeta semelhante (ver Mt 17.11,12; Ap 11.6).
Agora, também, é possível entender o motivo de Jesus ter dito que João era o maior dos profetas que surgiu (Mt 11.9-11). João Batista reuniu em si as características de todos os demais profetas:

v  Suas vestes eram grosseiras, semelhante às dos demais profetas (Mt 3.4), sendo uma visível exortação para que o povo saísse do mundo e se convertesse a Jesus.
v  Ele vivia nos desertos se alimentando de gafanhotos e mel silvestre, simbolizado a falta de vida e o estado árido no qual se encontravam o coração dos israelitas, bem como de todos os povos;
v  Toda a sua pregação era voltada para o arrependimento, conversão do pecado e salvação, condensando a mensagem de todos os profetas anteriores.
Vs 3.7 a 3.12 ... ESTÁ TÃO LONGE DE DEUS E DE SEU AMOR (Tg 2.15,16; 1Jo 3.17), QUE NÃO PERCEBE QUE ESTÁ ROUBANDO-O AO SE APROPRIAR DAQUILO QUE LHE PERTENCE, SÓ PARA SER O ÚNICO A USUFRUIR DA BÊNÇÃO.
Pelo fato de Israel ter se acostumado a ficar distante de Deus, eles, assim como os que se dizem cristãos nos dias de hoje, começaram a achar normal o fato de ficarem sem ouvir a voz de Deus, sem ter contato com Ele. Tanto que a maioria, como Sansão (Jz 16.20) e a igreja de Laodicéia (Ap 3.17), achavam que estavam bem perto de Deus, a ponto de não precisarem se voltar para Ele (vs 7; Zc 1.3).
Nem conseguiam mais enxergar que, na verdade, tudo que estava nas mãos deles pertencia ao Criador (Jó 41.11; Sl 24.1; 50.10; Ag 2.8) e que, tentar usar alguma coisa sem a direção Dele (tendo em vista o amor ao próximo), na verdade, era roubá-lo (vs 8).
Uma vez que Deus deu a terra aos filhos dos homens (Sl 115.16), logo a terra é para proveito de todos. Qualquer que busque algo que não beneficie aos demais, está roubando-os. Quem não trabalha buscando ter o que repartir com o que tem necessidade (Ef 4.28), ajuntar tesouros no céu (Mt 6.19,20) e granjear amigos (Lc 16.9), está roubando a Deus. Ainda mais considerando que mais bem-aventurada coisa é dar do que receber (At 20.35). Tudo que Deus nos dá é para compartilharmos com o próximo (na época, principalmente o órfão, a viúva, o levita, o estrangeiro, o pobre).
Eles, infelizmente, continuavam seguindo o caminho dos antepassados deles (vs 7). Mesmo após serem disciplinados por Deus, teimavam em não ouvir a voz Dele, nem receber Sua Palavra no coração (At 7.51). Achavam que era normal servir a Deus, mesmo longe Dele e de tudo que Ele é (Ml 1.6). Por isto eles não se importavam de que houvesse pessoas sempre prontas para interceder por eles diante de Deus e comunicar-lhes Sua vontade.
É bom lembrar que, no Antigo Testamento, apenas os levitas podiam servir no tabernáculo (Nm 8.6-19; 18.1-9). E como o fogo de Deus que caiu do céu (Lv 9.24) tinha que ser mantido aceso no altar do holocausto (Lv 6.12,13), no altar do incenso (Êx 30.8) e no castiçal de ouro (Êx 27.20; Lv 24.2), então alguém tinha que ficar por conta disto. É importante que fique claro que o importante não eram os holocaustos, incenso e azeite, mas sim a manutenção do fogo de Deus aceso nos corações.
Não podemos esquecer, também, que era tarefa dos sacerdotes, procurar conhecer bem a lei do Senhor a fim de conduzir os juízes na aplicação correta da vontade de Deus (Ml 2.7) (daí lhes ser dado ofertas – Dt 18.4). Por isto é que o dízimo foi instituído: para que a tribo de Levi pudesse ser sustentada e não precisasse se preocupar com assuntos terrenos (Nm 18.24; Ne 13.10).
Sem contar que o dízimo também servia para promover a união do dizimista com o levita, estrangeiro, órfão, viúva (Dt 14.28,29), bem como com seus filhos e servos (Dt 12.17-19) e até mesmo dos levitas com os pobres, já que esta ocasião reunia ambos, ainda que a cada três anos (Dt 14.28,29).
Enfim, o dízimo servia para que todos enxergassem que não precisavam se preocupar com o sustento, mas eram livres para receber de Deus tudo que era necessário para eles amarem o próximo.
Para complicar ainda mais as coisas, os sacerdotes também estavam roubando a Deus retendo todos os dízimos. Como já visto, os dízimos eram para os levitas. Apenas um décimo dos mesmos era destinado aos sacerdotes (Nm 18.26). Com isto, os sacerdotes estavam roubando de Deus a possibilidade de usar os levitas para lhes ajudar.
A ideia do salário é liberar o empregado de toda preocupação material, de modo que este possa se dedicar a cumprir a vontade de Deus na vida do patrão. No caso dos levitas, a ideia é que eles fossem livres para trazer aos sacerdotes tudo que eles necessitassem, de modo que eles pudessem se concentrar nos serviços sagrados. Assim:

v  Deus usava os israelitas para deixar os levitas livres para serem usados por Deus em favor dos sacerdotes;
v  Deus usava os levitas para deixar livres os sacerdotes, de modo que Deus pudesse usá-los para explicar Sua vontade ao povo e interceder por eles;
v  Deus usava os sacerdotes para abençoar os levitas, de modo que eles fossem livres de toda motivação carnal e buscassem os materiais necessários para a manutenção do culto a Deus e proteger os israelitas deles mesmos (Lv 18.22; Nm 1.50-53; 3.38; 8.19);
v  Deus usava os levitas para abençoar o povo de Israel, a fim de que, livres de toda má motivação, trabalhassem os recursos deste mundo por amor a Deus e ao próximo.

Agora você entende como a negligência quanto aos dízimos e ofertas era um roubo a Deus? E na verdade, quando roubamos, de Deus, a possibilidade de Ele vir a usar alguém, estamos roubando a nós mesmos de experimentarmos ele operar, na nossa vida, tudo aquilo que Ele reservou para os que O amam (1Co 2.9).
E, como já visto, quando Deus não manifesta Sua presença e não faz ouvir Sua voz, as bênçãos que Ele nos deu ficam amaldiçoadas (Ml 2.2), de modo que, quanto mais fazemos uso delas, mas ficamos amaldiçoados (ver Dt 7.26; Sl 115.8; 135.8).
Logo, eles deveriam (vs 10):

? Trazer todos os dízimos -> note que não era para “levar” (como se o problema fosse o fato de deixar de entregar o dízimo aos levitas). Muitos, provavelmente, levavam os dízimos. Só que, depois, às escondidas, entravam na casa do tesouro e roubavam algo para si. Sem contar os sacerdotes que estavam ficando com os dízimos tudo para si, quando este pertencia aos levitas.
Daí a ordem para “trazer” aquilo que furtaram da casa do tesouro;
? Trazer todos os dízimos -> de nada adiantava trazer apenas parte, como fizeram Ananias e Safira (At 5.1-11). Embora, nesta época, a oferta não era obrigatória, eles buscaram ser aceitos por Deus e pelos irmãos dando parte do seu coração. No entanto, assim como ninguém perde dando todo seu coração a Deus (Jr 29.13,14), não ganha por servi-lO apenas com parte do coração (pelo contrário: só perde (Tg 1.5-8; 4.8,9)). Daí as parábolas do custo do discipulado (Lc 14.26-33): se não estás disposto a te entregares por completo à bondade e verdade, é melhor nunca conhecer o Santo Mandamento (2Pe 2.21,22).
? Trazer todos os dízimos -> estes eram dados em forma de ALIMENTO (e não de dinheiro – Lv 27.30-33; Nm 18.21-30; Dt 12.17; 14.22-27; 26.12) e deveriam ser comidos no lugar escolhido por Deus junto com o levita, o estrangeiro, o órfão, a viúva e em companhia de seus servos e filhos. Era um momento de confraternização, união e provisão para quem nada tinha. Antes de tudo, era ocasião de amor ao próximo. Apenas depois disto é que era entregue, aos levitas, o restante dos dízimos;
? Casa do tesouro -> Dentro do templo, havia uma câmara reservada para guardar os alimentos e especiarias usadas no culto a Deus, o quais eram chamados de tesouro (ver 1Cr 26.20; 2Cr 31.10,11; Ne 10.38,39; 13.5,12). Hoje, o tesouro é o Espírito Santo e Sua verdade e nós, a casa deste tesouro (1Co 3.16; 6.19; 2Co 4.7; 6.16).
? Para que haja mantimento -> Como os levitas tinham por dever manter a guarda do tabernáculo e dos serviços sagrados, eles deveriam ficar por conta disto. Daí a necessidade de mantê-los. Hoje, porém, como todos que cremos em Jesus somos sacerdotes (1Pe 2.5; Ap 1.6; 5.10) e o Espírito Santo permanece em nós (1Jo 2.27) e nos ensina tudo (Hb 8.10-12), logo jamais devemos nos conformar em não ouvir a voz de Deus, muito menos em nos sujeitar que os outros nos digam o que fazer (Cl 2.18-23).
? Abrir as janelas do céu -> enviar chuva (ver Gn 7.11; 8.2). Considerando que os dízimos eram vegetais e carne, não existe benção melhor para eles do que a chuva;
? Fazei prova de mim -> Se Deus não fizesse chover, eles deveriam prová-lO (“saboreá-lO”). Ou seja, eles deveriam buscar a intimidade com Ele, até que Ele fosse a única fonte de prazer (Sl 37.4; Hc 3.19). É bem provável que eles, por terem uma visão errada do Reino de Deus, não estivessem sendo abençoados. Contudo, na hora que eles provassem dentro deles o resultado que a presença de Deus produz no coração de quem crê, eles enxergariam que a verdadeira bênção não são as circunstâncias favoráveis, mas sim a Sua companhia;
? Derramar bênção tal (sem igual) -> embora todos sejam abençoados por Deus (Sl 145.9; Mt 5.44,45), apenas aqueles que O amam têm acesso à verdadeira bênção de Deus, a saber, aquela que ninguém viu, ouviu, nem imaginava existir (1Co 2.9). Infelizmente, a maioria dos que creem não estão desfrutando do melhor de Deus para suas vidas, por estarem presos às riquezas deste mundo (ver Cl 3.1-3). Vivem como criaturas miseráveis (1Co 15.19) por não conseguirem enxergar os tesouros da Graça (ver Hb 4.16; Ap 3.18). Este derramar lembra uma pessoa derramando todo o conteúdo de um vaso cheio, até nada sobrar;
? Que dela vos advenha a maior abastança -> Note que a bênção tinha por finalidade nos prover com maior abastança (Pv 3.9,10). Vem a pergunta: com que finalidade? Para que tanto alimento (assim como o dízimo era em forma de alimento, que necessitava do abrir da janela dos céus para se desenvolver, logo a colheita também era alimento), se não houver com quem compartilhar? Para dar bicho, estragar e feder? A bênção era recalcada, sacudida e transbordante (Lc 6.38) a fim de que pudessem superabundar em toda boa obra (2Co 9.8-11; Cl 1.10; Ef 4.28).

Ou seja, se eles decidissem amar o próximo sem reter-lhes qualquer benefício, Deus derramaria a bênção, sem qualquer retenção. Em outras palavras: Deus retém de nós aquilo que retemos do próximo; Deus nos dá a bênção quando nos dispomos a compartilhá-la com aquele que Ele trouxe até nós.
Hoje, todos somos sacerdotes de Deus que, não só estavam acima dos levitas, mas hoje, com o véu rasgado, temos livre acesso à presença de Deus, como nem mesmo o sumo-sacerdote tinha, já que, mesmo quando ele entrava no Santo dos Santos no dia da expiação, ele era obrigado a cobrir o propiciatório com uma nuvem de incenso (Lv 16.13).
 Sem contar que, ao mesmo tempo, somos a casa do tesouro, logo a lei do dízimo é cumprida quando nos dispomos a dar, a cada um que se aproxima de nós, todas as condições de ele ser usado por Deus. Deste modo, Deus sempre terá mais uma “casa” (coração) onde repousar. Devemos dar a cada um liberalmente (2Co 9.11-15), tal como Deus colocou na nossa despensa (Mt 24.45; 1Co 4.1,2; 1Pe 4.10).
 Enfim, o corpo de Cristo é o cumprimento mais profundo do princípio do dízimo, onde um membro ministra dons na vida do outro (1Co 12.8-11; Ef 4.11) e é ministrado pelos demais.
Quanto ao devorador que Deus iria repreender, trata-se de pragas (Am 4.19), principalmente o gafanhoto (ver na versão ARA - Jl. 1.4; 2.25; Êx 10.19). Afinal, eram eles que consumiam o fruto da terra (não o dinheiro, mas as colheitas). Sem contar que, agora, a vide não seria mais estéril (geraria frutos e sementes que germinam).
A terra que realmente tem Deus como Senhor é uma nação feliz (Sl 13.12) e uma terra deleitosa (vs 12; Dn 8.9), pois tem o próprio Deus para defendê-la (Dt 33.29; Zc 8.13). Por outro lado, o emprego ou nação onde, para sobreviver, é preciso ser mau, é terrível (como se via em Israel (Is 59.15) e se dará cada vez mais nos dias atuais (2Tm 3.12)).
E o pior é que as pessoas consideram normal este sistema bestial (ajunte Lc 17.28-30 com Ap 13.16,17), onde o esforço de cada um é usar as outras pessoas para conseguir algo só para si. As pessoas são “obrigadas” (pelo seu coração insaciável, pelo sistema e pelas pessoas que dele fazem parte) a trabalhar em algo que nada tem haver com elas e da qual elas nunca farão ou terão parte.
Vs 3.13 a 4.3 ... PERDE A CAPACIDADE DE ENXERGAR A BRISA SUAVE DE DEUS, AGINDO PODEROSA E EFICAZMENTE NAS PEQUENAS COISAS (1Rs 19.12)
Em virtude das lutas que estavam passando, começaram a achar que Deus não os amava e que era inútil guardar Seus preceitos e jejuarem diante Dele (vs 14). Tal como em Ml 2.17, mais uma vez é reforçado a inveja que eles tinham do sucesso dos pecadores (vs 15; ver Sl 37.1,2). E o pior é que eles nem conseguiam perceber o quanto estavam entristecendo o coração de Deus com os conceitos absurdos que criaram a respeito Dele.
E o pior é que até os piedosos não estavam conseguindo perceber o que Deus estava fazendo através da vida dos que O temem e na vida deles (tal como se deu com Elias – 1Rs 19.10,14,18; vs 16,17).
Infelizmente, os pecadores impiedosos só conseguem ser felizes quando veem aqueles que acham que não merecem, sofrer. Como brutos irracionais, falam do que não entendem (2Pe 2.12) e difamam toda autoridade (Jd 8-10), incluindo o próprio Deus (Ez 33.20; Jd 15).
O termo “temos falado” indica que era algo que vinha acontecendo há muito (vs 13) e o pior é que achavam que estava tudo certo. Todavia, eles estavam falando justamente como os ímpios falam (compare vs 14 com Jó 21.14,15; 22.17,18). A pessoa sem Jesus não tem prazer na piedade e, por isto, acham injusto as inúmeras oportunidades que Ele dá para o ímpio se arrepender e converter. De vez em quando, tal sentimento passa até mesmo no coração dos santos (ver Sl 73.1-14; Jn 3.10; 4.1-3; Is 49.4), sendo que nossa recompensa não está neste mundo.
Não é à toa que a Escritura Sagrada nos alerta afirmando que a prosperidade do ímpio não o deixa dormir (Ec 5.12), não lhe traz paz (Is 48.22; 57.19-21), nem o satisfaz (Pv 27.20; Ec 5.10; 6.7). O objetivo é nos mostrar que as riquezas que Deus dá aos ímpios não são boas para eles. Antes, é para lhes dar trabalho (Ec 2.26), deixá-los preocupados consigo (seus desejos) e com os outros (medo de ser passado para trás).
A verdadeira riqueza é:

*      a verdade, o caráter de Cristo e Seu Espírito Santo agindo em nós e nas pessoas que Ele traz até nós, no sentido de fazer-nos um em Sua Palavra;
*      é ser bom, ter prazer em ver Jesus salvar alguém (Sl 13.5; 20.5; 35.9; 70.4);
*      ter o próprio Deus nos dando, no momento certo, o que realmente necessitamos.

Como podemos dizer que é inútil servir a Deus? Acaso é inútil ser bom e cheio de compaixão? Se a vida não for para ajudar as pessoas a conhecerem a verdadeira Luz que ilumina o mundo (Jo 8.12) e enxergarem um sentido para suas vidas, então é para quê?
Infelizmente eles tinham transformado o relacionamento com Deus em uma triste barganha comercial sem sentido. Guardar os preceitos jamais deveria ser visto como uma obrigação digna de recompensa, mas como a recompensa em si. Ser capaz de viver a Palavra de Deus pode ser uma tortura para o ímpio, mas para o justo é um dos privilégios que Jesus conquistou para ele (Rm 8.3,4).
É claro que a mera observância exterior dos mandamentos do Senhor não têm proveito algum. E Deus já tinha ensinado isto para Israel em (Is 58). O verdadeiro jejum consiste em amar o próximo como a si mesmo. Só tem valor quando se trata da tristeza do pecador que, por ser incapaz da bondade e da compaixão, está condenado a viver ferido alguém (Mt 9.14,15; Tg 4.8,9). Quando não existe amor, realmente se encontra mais alegria na maldade do que na misericórdia. Ser bom é algo que exige muito dos incrédulos, sendo para eles deveras cansativo. A contínua e implacável insatisfação no coração deles faz todo gesto de piedade ser sem proveito. Nada que não lhe traga benefício material direto parece ter significado. E como nenhum bem material, por melhor que seja, consegue satisfazer, conseguir enxergar em Cristo apenas isto, faz da pessoa alguém miserável e rodeado de miséria (1Co 15.19).
Sem contar que tal pessoa tenta avaliar sua prosperidade com base no aparente sucesso dos outros. Não percebem que estes podem até adquirir fama, riqueza, poder, mas nunca conseguem alcançar o verdadeiro amor que preenche corações. Se eles parecem tentar ao Senhor e escaparem (vs 15), é porque, na verdade, eles sempre foram deixados soltos na maldade, livres para permanecerem a vagar errantes no caminho largo das vaidades deste mundo (Os 4.16; 9.17; Mt 7.13,14). Todavia, os israelitas estavam interpretando errado tudo isto, passando a desafiar a Deus, desobedecendo Seus preceitos (Sl 95.9).
Por outro lado, os que temiam ao Senhor e se lembravam de quem Ele realmente é, estavam sempre conversando uns com os outros sobre as coisas de Deus a fim de se exortarem mutuamente (vs 16; Hb 3.13). E todas as vezes que eles faziam isto, um memorial era escrito diante de Deus a favor deles (vs 16; ver Êx 32.32; Sl 56.8; 69.28; Is 43.3; Dn 12.1; Ap 3.5; 13.8; 17.8). Embora a tendência do amor seja esfriar de quase todos (principalmente nestes últimos dias – Mt 24.12), Deus tem sempre Seu remanescente fiel (1Rs 19.18; Rm 11.4) que permanecerá unido em espírito, de modo que nunca venham a esfriar na fé em meio a um mundo incrédulo e mau.
Detalhe: este memorial lembra os livros de crônicas dos reis da antiguidade, onde cada ato notório ficava registrado, inclusive aqueles que prestavam algum serviço ao rei, a fim de que estes fossem devidamente recompensados (ver Et 2.23; 6.1,2; Ed 4.15; Sl 56.8; Is 65.6; Dn 7.10; Ap 20.12).
Infelizmente as pessoas más querem diferenciar justo e ímpio com base na quantidade de bênçãos materiais que recebem de Deus, sendo que a grande dádiva é não precisar delas. A diferença entre justo e ímpio é vista naquilo que Ele é capaz de fazer através da vida do justo. Quando Deus fala em fazer deles tesouro particular, está falando de usá-los como uma arca (baú), na qual Ele deseja guardar Seus tesouros (Ap 3.18):

? Ouro provado no fogo: Pessoas cuja fé foi provada no fogo (1Pe 1.6,7) e que, por isto, se tornaram valiosas (Zc 13.9);
? Vestes brancas: O atos de justiça dos nascidos de novo (Ap 19.8), os quais evidenciam o testemunho de Cristo (1Jo 5.9-11);
? Colírio: o caráter de Cristo e os princípios da Palavra de Deus (ver Sl 119.105).

A pessoa passa a ser um tesouro por causa do Tesouro de Deus nela guardado (2Co 4.7). Entretanto, a ideia não é a pessoa ser tesouro para si mesma. Antes, Deus faz dela um tesouro porque pretende usá-la no Dia do Senhor que, de tão terrível que será (Is 13.6-9; Jr 46.10; Ez 13.5; 30.3; Jl 1.15; 2.1,2; Am 5.18-20; Sf 1.7,14; Zc 14.1; Ml 4.5,6), haverá a necessidade de pessoas que resplandeça a luz da Sua sabedoria e verdade (Dn 11.32,33; 12.3; Mt 5.14-16).
Pense: você guardaria algo valioso num lugar inseguro? Muito menos Deus irá guardar a verdadeira riqueza naqueles que não são Dele (Êx 19.5; Dt 7.6; 14.2; 26.18; Sl 135.4; Is 62.3; Lc 16.9-11; 1Co 6.20; 7.23; Tt 2.14; 1Pe 2.9; 2Tm 2.19-21; 1Pe 2.9), que esconderão Seu talento daqueles em quem Ele deseja se fazer conhecer (Mt 25.24,25). Repare como Deus poupa a Seu filho que O está servindo (vs 17; Sl 103.13,17,18).
Ainda que os dias sejam maus (Mt 6.34; Ef 5.16) e as pessoas, piores ainda, não podemos esconder o que é bom dos outros (embora também não devemos dar as coisas santas aos cães, nem as pérolas aos porcos – Mt 7.6). A ordem é amar até os inimigos (Mt 5.44).
Mas então, como resolver este impasse? Lançando sementes (ao invés de querer plantar a árvore toda). Só quando alguém nascer de novo é que iremos discipulá-la (Mt 28.19) (e só Deus pode mostrar tal pessoa).
Detalhe: jamais devemos considerar a Escritura Sagrada como um manual que nos permitirá ser bem sucedidos, sem precisar DIRETAMENTE de Jesus.
Enfim, quando a bíblia fala do povo de Israel ver a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve (vs 18), está mostrando que, quando vier o dia do Senhor, é que será possível ver a verdadeira extensão do mal alojado na vida de um ímpio (se alegrando de ver Deus punindo os outros), bem como o verdadeiro sentimento que caracteriza a servo de Deus, a saber: tristeza por ver a destruição dos pecadores impenitentes (ver Êx 32.9-14; Nm 14.11-19; 1Sm 16.1). O justo não se alegra com a destruição dos ímpios (Pv 24.17).
O início do capítulo 4 é continuação da pergunta feita pelos israelitas no bloco anterior (Ml 3.15,16). Eis que o dia do Senhor viria (e vem) para fazer distinção entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve (Ml 3.18). Mas, primeiro, o coração dos pais precisavam se converter ao dos filhos e vice-versa (vs 6).
O dia do Senhor viria ardendo como fornalha que a tudo consome. Note como a ação purificadora de Deus, depois do dilúvio, sempre tem haver com fogo (Jl 2.31; Ml 3.2; Mt 3.12; 2Pe 3.7-10). Vale lembrar que a língua tem poder de fogo (Tg 3.6) e que a Palavra de Deus é como fogo (Jr 23.29; Ap 12.5).
Sem contar que Deus prometeu fazer da casa de Jacó e de José uma chama (Ob 18) que iria abrasar todos os descendentes de Esaú.  O detalhe é que, enquanto nesta passagem Esaú é considerado palha, aqui Deus diz que, mesmo que os soberbos e perversos fossem uma árvore (com raiz e ramo – vs 1), seria consumidos de alto a baixo (como em Am 2.9). Logo, ainda que diante dos homens eles pareçam viçosos e vigorosos, eles não passam de restolho. Perceba como Deus faz questão de citar os mesmos grupos de pessoas que os judeus afirmaram ser mais bem-aventurados (Ml 3.15).
Em outras palavras, o dia do Senhor (quando Jesus virá) será terrível porque a compaixão de Deus para com aqueles que são Dele finalmente será vista por todos. A bondade e a misericórdia de Deus serão tão intensas nos Seus que, quem não tem prazer nelas, começará sendo queimado de inveja no seu interior (Ez 28.18) até tal fogo queimar por fora.
Por outro lado, para aqueles que temem o nome do Senhor (os mesmos citados em Ml 3.16), nasce o sol da justiça dando início ao dia do Senhor (vs 2). Em Rm 13.12 (versão ARA) Paulo diz que vai alta a noite e vem chegando o dia (este dia!) e que, por isto, devemos deixar as obras das trevas e nos vestirmos das armas da luz.
Na presente dispensação, as trevas cobrem o mundo (Is 60.2) e, quando estas trevas estiverem no auge (meia-noite – Mt 25.6; ver 2Ts 2.1-3), Jesus virá. Nesta época, a ordem é confiar no nome do Senhor e não nos esquecermos do nosso Deus (Is 50.10).  Inclusive, outra razão de Deus usar o fogo, é porque este aquece os corações desanimados e ilumina. Não se esqueça de que devemos ser como as estrelas no firmamento, hoje (Dn 12.3; Mt 5.14-16) e sempre (Mt 13.43). Tanto é assim que a Escritura Sagrada mostra Deus nos fazendo participar do Seu juízo sobre as nações (vs 3; 2Sm 22.43; Sl 47.3; 49.14; Mq 7.10; Zc 10.5; 1Co 6.2; Ap 2.26,27; 19.14,15).
Para quem teme a Deus, a vinda do Senhor implica em ser vestido do Sol da Justiça (Lc 1.78; Rm 13.14; Ap 12.1), o qual traz a salvação (retidão (1Co 1.30) e cura (Sl 103.3; Is 57.19)) nas suas asas, ou seja, velozmente (em resposta a acusação de que Deus demora em fazer justiça – como em Ez 12.22-25; Lc 18.7,8; 2Pe 3.3,4). Diferentemente daquelas duas mulheres de Zc 5.9 que traziam vento nas suas asas, a justiça traz, nas asas, a salvação (cura - vs 2; Jr 23.6).
Não podemos nos esquecer das asas da alva mencionada por Davi (Sl 139.9), a qual ele pensou em tomar a fim de ir para longe de Deus (Sl 139.7). É provável que, quando escreveu este salmo, ele estivesse como Jeremias (Jr 20.7-9) ou, quem sabe como Jonas (Jn 1.3). Neste caso, as asas da alva lembram um lugar bem extremo, no horizonte, onde ele pudesse ver a luz 24 horas (já que ele pretendia tomar as asas da alva, logo ele queria não sair mais dela).
É curioso como muitos buscam conhecer bem a sabedoria e o conhecimento de Deus a fim de se afastar Dele. Foi o que aconteceu com o diabo (sendo chamado filho da alva pelos reis pagãos – (Is 14.12-14) e se perdendo por causa do conhecimento Dele (Ez 28.5,7,12,17)). O diabo nunca foi a estrela da manhã. Mas de tanto os anjos maus o chamarem desta forma, ele achou que poderia ostentar o mesmo título e atributo de Jesus (2Sm 23.3,4; Sl 84.11; Jo 1.9; 8.12; Ef 5.14; 2Pe 1.19; Ap 2.28; 22.16). Ele achou que, por ter mais sabedoria do que a maioria dos anjos, já era tão sábio quanto Jesus e, agora, podia fazer tudo sozinho. Mas quem se isola, se levanta contra a verdadeira sabedoria (Pv 18.1). Somente quando há unidade de pensamento e sentimento (1Co 1.10; Fp 4.2) é que Jesus está presente (Mt 18.18-20).
E Sua presença é acompanhada de muita felicidade (At 5.40,41; 8.8; 13.52; 20.24; Rm 14.17; Gl 5.22; Fp 1.4; 1Pe 1.8), lembrando a alegria que bezerro sente quando sai estrebaria (vs 2).
O termo “saireis” em “saireis e saltareis” (vs 2), lembra o que se deu com Noé. Que felicidade ele deve ter sentido quando, depois de um ano “preso” na arca da salvação, ele pode sair e encontrar um mundo livre de toda maldade. E na verdade, todo refúgio ou fortaleza, ao mesmo tempo que protege do inimigo, deixa a pessoa presa. O fato de Deus ser nosso refúgio e fortaleza (Sl 46.1), embora seja motivo de consolo, a felicidade plena não é quando se está na arca da salvação (que é Jesus). Embora, como já visto, haja muita alegria Nele, a verdade é que todos, aguardamos a redenção do nosso corpo. Até a criação espera ser livre do cativeiro da corrupção (Is 61.10; Rm 8.19-23).
Vs 4.4 a 4.6 ... NÃO CONSEGUE ESPERAR JESUS VIR MANIFESTAR SUA JUSTIÇA, JÁ QUE NÃO ACEITA QUALQUER ESPÉCIE DE RECONCILIAÇÃO (VER Rm 1.31; 2Tm 3.3)
Para que Jesus viesse (na sua 1ª vinda) era necessário observar a lei (os estatutos (a parte moral e espiritual da lei) e juízos (a parte judicial da lei)) que Deus dera em Horebe (vs 4; Dt 4.10), bem como as palavras ditas pelos profetas (vs 5), já que Jesus nunca vem para nos ajudar em nossos pecados. Pelo contrário: Ele vem para desfazer as obras do diabo (1Jo 3.8) na nossa vida. Daí Ele, muitas vezes não vir (conforme mostrado no vs 6 e Lc 18.8).
Esta ênfase (leis e profetas) é várias vezes observada:

1º -       Aqui: lei de Moisés (embora Moisés tenha sido o profeta que mais intimidade com Deus teve e que mais foi usado por Deus em sinais e milagres (Dt 34.10-12), vindo a libertar uma nação inteira das mãos de um líder cruel, egoísta e poderoso, o destaque dele é para as leis estabelecidas por Deus (vs 4)) e o profeta Elias (profeta que não passou pela morte – (vs 5));
2º -       João Batista foi enviado no espírito e poder de Elias, mas com o propósito de fazer o povo retornar à lei que eles, há muito, tinham esquecido (Lc 1.17). Não é à toa que João Batista foi considerado o maior dos profetas: ele falou da parte do Espírito Santo (Lc 1.15), tendo em vistas preparar o caminho do Messias, através da restauração da lei no coração deles.
3º -       No monte da transfiguração (Mt 17.3) Moisés e Elias aparecem conversando com Jesus sobre a morte Dele (Lc 9.30,31), o que nos ensina que através da morte de Jesus, toda a Escritura Sagrada (lei e profetas) se cumpriu;
4º -       No Apocalipse temos duas testemunhas fazendo o mesmo milagre realizado por Moisés (transformar água em sangue – Êx 7.20) e por Elias (fechar os céus para que não chovesse – 1Rs 17.1; Tg 5.17) (Ap 11.6).

Daqui podemos aprender que a lei e os profetas serviram para preparar o povo para a vinda do Messias (ver Gl 3.24) e também o caminho do Messias em direção ao coração do povo.
É claro que os vs 5 e 6 ainda não se cumpriram em sua plenitude. Basta pensar que João Batista (o Elias que veio) veio para “converter o coração dos pais aos filhos”, enquanto o Elias que há de vir (Mt 11.14; 17.11) não só converterá o coração dos pais aos filhos, mas também o dos filhos aos pais (vs 6). Sem contar que o grande e terrível Dia do Senhor se cumpriu apenas em parte com a destruição de Jerusalém e a diáspora, já que a Grande Tribulação ainda está por vir (Jl 2.11; Dn 12.1).
Além disto, já reparou que João Batista nunca afirmou ser o Elias profetizado aqui (Jo 1.21)? Considerando que Jesus disse que ele era (Mt 17.12), que o Espírito Santo ministrava na vida dele (Jo 1.33) e que, com certeza, ele deve ter ouvido seu pai Zacarias dizer que ele seria usado pelo Espírito Santo no espírito e poder de Elias (Lc 1.15-17) (já que ele se vestia e se comportava como ele – Mt 3.4), por que, então, João Batista desmentiu? Porque, embora fosse verdade que nele se cumpria os vs 5 e 6, todavia, ele não preenchia todos os requisitos citados, sendo apenas o início do cumprimento destas escrituras.
Inclusive, a razão de Jesus ser o início e o fim (Ap 1.11; 21.6; 22.13; Is 41.4; 44.6; 48.12) é justamente porque Ele começa no início da Sua Palavra e termina no final da mesma.
Quanto ao vs 6, ele é a resposta para a pergunta feita pelos judeus em Ml 2.17: “onde está o Deus do juízo?”. Deus mostra que, se Ele viesse antes da dupla conversão, a terra de Judá seria ferida com maldição. E foi o que aconteceu: a 1ª vinda de Jesus resultou na destruição de Jerusalém (ver Jo 15.22), embora muitos foram libertos por meio da pregação de João (ver Rm 9.29; 11.5).
O resultado da vinda de Jesus para quem não quer a reconciliação dele com os demais pecadores na Palavra de Deus é a maldição, ou seja, o afastamento para longe do lugar que Ele proveu para nós.
Mas, e quanto à 2ª vinda? Teremos que guardar a lei de Moisés? É preciso que fique claro que a lei é para os pecadores (1Tm 1.9,10). Quem está debaixo da Graça, não pensa em fazer nada que prejudique o próximo; antes, deseja ver o mesmo recuperado por Jesus, a fim de ser ele parte de si no cumprimento da Palavra de Deus. Apenas aqueles que ainda não tiveram um encontro com Jesus é que estarão preso em leis (Gl 3.19,23,24). Como os judeus só irão reconhecer Jesus quando Ele vier (Zc 12.10), daí a Escritura Sagrada dizer que eles deverão guardar a lei de Moisés (também é por isto que Hb 8.13 diz que a velha aliança até hoje não desapareceu: porque, para os judeus, é a única coisa que restou para  exercício da fé).
Por fim, com tantas coisas para serem consertadas no mundo, tantas catástrofes, etc., porque a preocupação das 2 testemunhas será a restauração familiar? Isto é para nos ensinar que a destruição familiar é que é a causa das demais calamidades que assolam o mundo. O afastamento de Deus na vida daquele que crê, começa no que a pessoa começa a negligenciar seu lar (Ml 2.16; 1Co 7.12-14; 1Pe 3.7) e a estender suas raízes para os estranhos (ver Ez 17.7-10).