ESTUDO DO LIVRO DE MALAQUIAS
INTRODUÇÃO:
Tema: O
que acontece com aquele que não percebe o quanto é amado por Deus?
(Cada subtema é uma resposta a esta pergunta).
Versículo
Chave: “Eu vos tenho amado, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens
amado?...” (Ml 1.2).
Objetivo: Com as pregações de
Ageu e Zacarias, o povo de Israel se sentiu estimulado a sair da Babilônia e
reconstruir a Casa do Senhor. Entretanto, com o passar do tempo, começaram a esfriar
na fé pelo fato de não virem todas as profecias se cumprirem (por exemplo Ag 2.8,9,21-23; Zc 12 a 14). Começaram a
acusar Deus de ser infiel em cumprir o que prometeu quando, na verdade, eles é
que haviam se distanciado do verdadeiro sentido da lei de Deus. Embora fizessem
os sacrifícios que a lei determinava, não havia zelo. Faziam só o que queriam,
e ainda assim quem qualquer preocupação que os mesmos expressassem o caráter do
Criador.
E o pior que ainda tinha coragem de
pensar que Deus não os amava (Ml 1.2) e que era
canseira (Ml 1.7,8,12,13) e perda de tempo
servir ao Senhor (Ml 3.14,15). Ora, como eles podiam
esperar resposta favorável cultuando a Deus sem fé (Hb
11.6; Tg 1;5-7), de qualquer jeito, como se a Palavra de Deus se
resumisse a rituais vazios (Ml 1.12,13)?
Ninguém se importava em ver o
sofrimento dos outros (Ml 1.2-5).
Preferia se aprofundar na amargura (Hb 12.15) e na
promiscuidade sexual, vindo a se divorciarem de suas esposas (Ml 2.13-16) e casarem com mulheres pagãs (Ml 2.10-13).
Além de não se alimentarem da Palavra
de Deus (ver Dt 8.3; Mt 4.4), estavam ensinando
errado às pessoas (compare Ml 2.8 com Mt 5.19;
Lc 11.52) e fechando a chave da ciência ao reter os recursos
necessários para a realização do culto a Deus (Ml
3.7-10). Ao invés de se manterem unidos ao povo do Criador,
preferiam fazer alianças profanas, só para tentarem achar suas vidas neste
mundo (Mt 10.39).
Enfim, Deus responde às acusações do
povo de Israel.
MALAQUIAS 1 → NÃO TEM DISPOSIÇÃO NENHUMA PARA O BEM; ANTES, TENTA JUSTIFICAR SUA PREGUIÇA ALEGANDO QUE DEUS NÃO O AJUDA E QUE O AMOR ESFRIOU NOS CORAÇÕES (Mt 24.12). Tal pessoa...)
Vs 1 → QUEM
ESCREVEU O LIVRO, QUANDO E PARA QUEM ELE FOI ESCRITO?
Malaquias significa “meu mensageiro”.
Foi o penúltimo dos profetas do Antigo Testamento (o
último foi João Batista, já que a Nova Aliança só entra em vigor com a morte de
Jesus (ajunte todos estes versículos e você verá isto - Ef 2.14-16; Cl 2.14; Hb
7.12; 9.16,17)).
Entre Malaquias e João Batista houve
silencio de cerca de 400 anos. É bem provável que ele tenha sido contemporâneo
de Neemias e ministrado sua palavra na época que Neemias tinha voltado à Pérsia
para ter com o rei Artaxerxes (Ne 13.6). Nesta época
os israelitas se apostataram da fé (Ne 13.1-12). Note
como algumas das queixas de Malaquias tinha haver com os erros do povo na época
de Neemias:
Casamento
misto (Ne 13.1-3,23-28; Ml 2.10-16);
Desobediência
ao preceito do dízimo (Ne 13.10-13; Ml 3.7-12);
Um detalhe importante é dizer “Peso da
palavra do Senhor contra Israel”. Ora, mas quem voltou da Babilônia não
foi Judá? Entretanto, em vários lugares das escrituras, vemos Judá sendo
considerado como todo o Israel (Ed 7.10; 2Cr 12.6; 21.2;
28.19).
E não é para menos: como o cetro nunca
se apartaria de Judá (Gn 49.10) (e é bem sabido que o líder é o representante dos seus
subordinados), logo Judá é o verdadeiro representante de todo o
Israel.
Vs 2 a 5 →
... NÃO DESEJA VER QUANTAS PESSOAS ESTÃO COM A VIDA ARRUINADA E SEM ESPERANÇA
DE MELHORA (Pv 29.7), MAS SÓ FICA SE
CONSUMINDO NA SUA AUTOPIEDADE (Pv 11.17)
Em resposta ao sentimento de abandono
que tinha tomado conta dos israelitas, Deus diz: “eu vou tenho amado”. Note que
Deus não fala apenas que “os ama”, mas sim “os tenho amado”, mostrando que seu
amor não era algo que estava começando a partir daquele momento, nem mesmo algo
pontual no tempo. Antes, sempre esteve presente e vinha se manifestando desde a
época de Jacó e Esaú (vs 2 e 3).
Eles, porém, não entendiam o amor de
Deus e, então, perguntaram: “em quê nos tens amado?”.
Deus mostra que Seu amor não é algo
circunstancial, que depende do que somos ou fazemos (ver Dt
7.7,8; Os 11.1). Antes, é algo que faz parte Dele e da Sua escolha
soberana (ver Rm 9.10-13) e se manifesta naquilo
que Ele deseja fazer por nós e através de nós.
A raiz do pecado de Israel era a
insensibilidade deles para o amor de Deus e para a maldade que havia no coração
deles. Daí Deus ordenar:
“Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração
e não mais endureçais a vossa cerviz.” (Dt 10.16);
Ao invés de ser grato a Deus por tudo
que deixara em suas mãos, eles lamentavam o que lhes foi tirado ou privado. Por
mais absurdo que pareça, quanto mais o amor de Deus é manifestado, menos Ele é
reconhecido (isto quando a pessoa acaba se voltando contra Ele
– ver 2Cr 26.15,16; Ez 28.17). Isto porque, quanto mais bênçãos a
pessoa adquire, mais coisas ela tem para se apegar (além do
próprio Deus) e, obviamente, mais oportunidades para perder e, com
isto, culpar Deus por causa das aflições que vêm (ver Pv
11.24-28), já que mais lhe será requerido (Ec
5.11,12; Lc 12.47,48). Ora, mas Deus não nos deu a bênção para nos
cercar de deleites, mas para que dispuséssemos de mais meios para chegarmos até
às pessoas. Logo, temos que nos queixar pelos próprios pecados (Lm 3.39), ao invés de acusar impiamente a Deus de
indiferença para com nosso bem-estar.
No que Deus deixa de dar atenção a
alguém (ou, se preferir, o deixa à sua própria vontade),
este passa a sofrer uma série de aborrecimentos. Daí Deus dizer amei a Jacó e
aborreci a Esaú (Rm 9.13). Entretanto, ao invés de
repararem no quanto sofre aqueles que não são favorecidos pelo amor,
misericórdia e compaixão de Deus pelo próximo, ficavam lamentando a disciplina
de Deus. Chegavam ao ponto de considerarem os ímpios como bem-aventurados (Ml 2.17; 3.14,15). Em outras palavras, só enxergam
coisa ruim (Tt 1.15), mesmo quando o bem e a paz
estão ao seu redor (Jr 17.6; Is 48.22; 57.19-21).
Daí Deus lhes mostrar o quanto Esaú
estava sendo aborrecido pelo fato de lhes ter deixado à vontade com sua falsa
prosperidade material. Chegaria a hora em que seriam destruídos (Jr 49.18; Ez 35.3,4,7,9,14,15; Ob 10) e, quando isto
acontecesse, mesmo que eles se esforçassem para recuperar o prejuízo, seria em
vão (vs 3 e 4).
A princípio, à questão de Deus
aborrecer Esaú deveria se resumir ao fato de Deus escolher Jacó para ser o
instrumento usado por Ele para constituir um povo para si, Ele deu ocasião para
Esaú sentir ciúmes, já que ele era o primogênito.
Porém, no que ele se recusou a aceitar
o plano de Deus (o maior servirá ao menor -
Gn 25.23), ele ficou condenado a
tornar-se um termo de impiedade (só fazendo e sofrendo o mal
(Is 33.1; 2Tm 3.13; Tt 3.3), com a mão de todos sendo contra ele e a dele
contra todos (Gn 16.12)), ou seja, alguém que só será usado como
vaso de ira (Rm 9.21.22): viver para ser a vara de
Deus contra os desobedientes. Ser capaz de saber que Jesus é o Senhor, só
quando sofre perdas e destruição (Ez 35.15). Logo,
quando a escritura diz que o Senhor aborreceu (ou
odiou, dependendo da versão) a Jacó, lembra o que está escrito nos
seguintes trechos (Lc 14:26; Mt 10:37; Gn
29:30,31; Dt 21:15, 16).
Contudo, você já pensou no motivo pelo
qual Deus favorece a uns e a outros deixa à vontade dos seus desejos?
Justamente para que possamos dar-lhes oportunidade de enxergarem o quão bom é
estar debaixo da disciplina de Deus. Daí Deus fazer com que os olhos do Seu
povo enxerguem isto: a fim de que eles possam se compadecer dos desfavorecidos
e, deste modo, sentirem prazer em serem usados por Ele para poderem contemplar
Sua grandeza também fora dos limites de Israel (vs 5).
Vs 6 a 14 →
... NÃO CONSEGUE (E NÃO QUER) ENXERGAR
O VALOR DO QUE LHE ESTÁ SENDO OFERECIDO NA MESA DO SENHOR, VINDO A DESONRAR A
DEUS EM TODO TRABALHO DAS SUAS MÃOS, FAZENDO AS COISAS DE QUALQUER JEITO
Você já reparou quantas leis são feitas
para dificultarem as pessoas de exercitarem a bondade de Deus na vida delas?
Você pode ser processado por conduta indevida caso, por exemplo:
Tente socorrer um acidentado. O correto, segundo
dizem, é chamar e esperar pelos bombeiros, que são capacitados para isto;
Dando um remédio para alguém. A desculpa é que,
por não ser médico, você pode agravar o mal na vida da pessoa.
Como o ser humano já é, naturalmente,
mau e indolente, é a desculpa perfeita para deixar o amor ao próximo para os
outros e, com isto, poder se dedicar mais a si próprio (aliás,
este é o slogan desta sociedade hedonista).
Muitos, para justificarem seu desejo em
ser mau e egoísta, alegam que não trabalham de graça porque nunca receberam
nada de graça, de ninguém. A estas pessoas eu pergunto:
1.
Quando você estava sendo concebido no ventre da
mãe, o que você fez para obter todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento
das tuas células? Aliás, como se deu a formação de cada órgão teu e o que você
fez para merecer a formação adequada de cada um deles (Sl
139.13-16)? Aos tais Deus pergunta:
“Quem primeiro me deu, para que eu haja de
retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu.” (Jó 41.11).
Isto não é tudo! Como que cada um dos teus órgãos tem
conseguido funcionar adequadamente até hoje, se nem você conhece teus órgãos,
tampouco sabe como eles realmente funcionam? Como teu cérebro pode funcionar
com tanta exatidão, até dormindo?
2.
E quanto às tuas habilidades? Você acha que você
as tem porque é bonzão e esforçado? Quem te deu fôlego de vida, força, energia,
saúde e fez com os teus órgãos funcionarem? O problema é que certas coisas vão
se tornando tão naturais na nossa vida, que achamos que elas sempre farão parte
de nós. Mas até para você se levantar, andar, sentar, etc., você depende de
Deus (Sl 139.1-4).
3.
Com relação à tua sabedoria, se Deus não
“soprá-la” em teu espírito, até um deficiente mental terá mais êxito do que
você (Jó 32.8). Basta você pensar que a
humanidade caiu tanto que até as formigas (Pv 6.6), as aves (Mt 6.26) e os lírios do campo (Mt
6.28) estão sabendo mais que a maioria.
4.
E quando você era bebezinho e criancinha, o que
você fez para receber o leite materno, bem como todo cuidado, tratamento e
proteção dos teus pais?
5.
E quanto à salvação e vida eterna, o que você
fez para merecê-la (ver Sl 49.7,8; Ef 2.8,9).
6.
Mesmo com relação às outras pessoas, você realmente
nunca recebeu nada de graça, mesmo? Nunca recebeu um “favorzinho” que seja? Na
hora que você foi agraciada, seja com a obtenção de uma informação ou com o
lugar que alguém lhe cedeu (na fila ou no assento)
por ver você necessitado, você não gostou disto? Como, agora, você pode dizer
que isto não é nada? O problema é que a falta de Jesus enche alguém de tanta
insatisfação que, mesmo que alguém lhe desse o mundo, se comportaria como
porco, a saber: pisando com os pés as pérolas que lhe são dadas e se voltando
contra quem as deu. Como já dito, o amor de Deus é mais negligenciando
justamente na vida de quem mais é favorecido.
Em última instância, eu insisto: você nunca recebeu nada,
mesmo de ninguém? Nadinha? Quer dizer que todo o mundo se voltou contra ti e
você é mera vítima? Se assim for, eu te pergunto: será que a culpa é de todos?
Ninguém presta? Todos estão errados e só você certo?
7.
E quanto ao teu cônjuge e filhos? Eles nunca
realmente te deram nada? Nem um abraço, sorriso ou “beijinho”? Ou será que isto
não é nada para você?
E se você não recebe mais, é porque não
há lugar na tua vida para Deus preencher com Seu amor e compaixão. Você já se
cercou de tantos cuidados e provisões que, mesmo que Deus queira lhe dar o que
Ele reservou especialmente para os que O amam (1Co
2.9), não há possibilidade: não há lugar para isto na tua vida.
Além disto, quem é Jesus para você? O
maior doido, o maior mentiroso ou o Deus vivo e Todo-Poderoso, vindo em carne
para nos salvar de nós mesmos? Se você crê que Jesus é tudo que Ele diz ser,
então por que duvida do que Ele disse em Mt 6.33 e é confirmado por Paulo em Fp
4.19?
Resumindo: não há desculpa para recusar
o amor de Deus pelo próximo, já que Ele prometeu nos dar o que realmente precisamos (Mt
6.11). Inclusive, já parou para pensar no motivo de ser necessária a
hierarquia de cargos no mundo? Justamente para nos ensinar que é impossível uma
pessoa ser responsável por tantas. Entretanto, se cada uma enxergasse que tem (e terá) que responder diante de Deus por aqueles que
Deus coloca na sua porta, não precisaria de um super-líder (Rm
14.10; 2Co 5.10).
A verdade é que, cada um é líder quando
se aproxima de outro, já que irá, de uma forma ou de outra, conduzí-lo para uma
ou outra parte, dependendo apenas de como irá reagir às circunstâncias.
Muitos achavam (e
acham) que as ofertas eram para Deus. Ora, Ele não precisa de nada (Jó 35.6-8)! As ofertas representam aquilo que Deus
proveu para nós mesmos. Tais momentos foram dados para aproximarem as pessoas
umas das e dos seus líderes, além de proverem as necessidades das viúvas,
pobres, órfãos, estrangeiros e levitas (ver Dt 14.29; 16.11,14; 26.12,13).
Logo, quando estiver no seu emprego,
não trabalhe de qualquer jeito, como se aquele emprego não tivesse proveito
algum. Se realmente o teu serviço não serve para nada (ou é
algo mau), então, procure outro serviço! Todavia, jamais faça teu
serviço de modo porco, mal feito, pois farás teus clientes infelizes e, no
final, acabarás colhendo isto (Gl 6.7-9), além
de envergonhares o nome de Deus, o que trará Seu juízo para tua vida (como será visto em Ml 2.2) como, por exemplo, ser
condenado a ficar só diante de pessoas de baixa posição (Pv
22.29).
Tenha em mente que o emprego, antes de
tudo, é a oportunidade que Deus está te dando para trabalhar a salvação Dele em
você (ver Fp 2.12,13; Cl 3.22-24; 1Pe 2.18-21).
Muitos acham que é para proverem seu próprio sustento, o que não é verdade (ver Ef 4.28). Este vem de Deus (Sl
127.1,2; Fp 4.19).
Usam erradamente Gn 3.19 para dizerem:
“já que cada um tem que viver do seu sustento, então não posso ficar preocupado
com os outros. Tenho muito o que fazer
por mim e por minha família”. É muita hipocrisia!
Israel já tinha se acostumado tanto a
cultuar a Deus de modo errado que nem conseguiam mais enxergar que estavam
desonrando o nome do Senhor. Achavam normal, e muitas vezes até certo, o modo
de se aproximarem Dele.
Hoje, igualmente, muitos acham que, por
estarem debaixo da graça, podem cultuar a Deus de qualquer jeito, se chegarem a
presença Dele por qualquer motivo, como se Ele fosse um qualquer.
Israel já estava com a mente tão cauterizada
(1Tm 4.2) que tinham coragem de perguntar: “Em que
desprezamos nós o teu nome? Em que te havemos profanado?”. Muitos ofertavam
como se Ele não fosse ouvir (o que já contraria Hb 11.6).
Não havia amor e temor reverente a
Deus, a saber, aquele desejo de que Ele pudesse ser visto por todos (ver Êx 20.12; Lc 6.46). O casamento, melhor meio
para que todos pudessem ver zelo de Deus para com Seu povo, através do cuidado
amoroso do marido em conduzir Sua esposa ao lugar onde ela poderia enxergar
Deus, estava sendo negligenciado (Ml 2.14).
Quanto às ofertas, ofereciam algo
imundo, ou seja, sacrifícios manchados pelo pecado (a
saber, com defeito e que, por isto, não apaga, mas reforça o pecado, já que os
mesmos são consequência do pecado, servindo para comemorar o mesmo (mostrar a
todos o quanto ele é atrativo – Dt 15.21) – Hb 10.3).
O que, todavia, se poderia esperar, uma
vez que ninguém se preocupava em zelar por aqueles que se consagravam a Deus?
Note como era dever do povo de Deus zelar pela santidade dos seus (Lv 21.8; 22.22,24). No entanto, continuavam a fazer
tal como antes do cativeiro: desencaminhando os tais (Am
2.11,12). Como?
[ Desprezavam
o nome do Senhor oferecendo pão imundo.
[ Profanavam
o nome do Senhor dizendo que, aquilo que se oferecia em Sua mesa, era
desprezível.
Entendendo que a mesa do Senhor é o Seu
altar e o pão, as ofertas que o povo consagrava a Deus (Ez
41.22), logo não podemos desprezar o que as pessoas ofertam a Deus,
ainda que tais coisas pareçam sem valor aos nossos olhos (ver 1Sm
2.17).
Aliás, quando não sabemos dar valor
àquilo que realmente é digno, com certeza iremos exaltar o que não é.
Resultado: aquilo que Deus dá em abundância e de graça (seu
jugo leve - Mt 11.30) passa a
ser considerado sem valor, enquanto que as coisas vãs, más e escassas do mundo,
supervalorizadas. Contudo, note como Jesus valoriza a pequena oferta da viúva,
mas despreza as grandes quantias dos miseráveis (Mc
12.41-44).
Vem então a pergunta: quanto ou o quê
as pessoas têm que te dar para que recebam favor de ti? Por isto é que muitos
não se consideravam (nem consideram)
amados por Deus: estabeleceram algo muito elevado sobre si, que nem mesmo elas
sabem o que é, mas sem o qual, a ninguém possível receber sua atenção.
Enfim, a verdadeira ceia do Senhor
consiste de oferecermos nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus (Rm 12.1). Isto implica em oferecer o
que há de melhor em nós e estarmos prontos em receber o que as pessoas estão
nos oferecendo, mesmo que seja pouco aos nossos olhos ou até ruim. Ora, se o
que a pessoa está ofertando é para Jesus, dentro dos padrões estabelecidos por
Ele, quem somos nós para recusarmos a pessoa com sua oferta?
No entanto, é preciso saber diferenciar
as coisas. Na época de Malaquias, os sacerdotes não podiam aceitar o povo
ofertar algo que não glorifica a Deus (Ml 3.7). Eles
deveriam fazer tal como fizeram os sacerdotes na época de Uzias: resistirem
fortemente (2Cr 26.16-19), mesmo que isto
implicasse em receber ódio, desprezo, etc., das pessoas (vs 7,8).
Se quisermos ser aceitos por Deus, teremos que aborrecer o mundo e aos que são
dele (Mt 10.37-39; Jo 5.41; 15.19; Gl 1.10; Tg 4.4 –
ver Jó 42.8).
Quantas vezes as pessoas estão roubando
a Deus (Ml 3.8), negando-lhe a oportunidade
para glorificar a Si mesmo através daquilo que Ele colocou na sua dispensa para
o próximo (ver Mt 12.45; 1Co 4.1,2; 1Pe 4.10,11).
Contudo, no que ela modifica ou troca isto por algo inferior (Ml 1.14), por achar que este próximo não tem nada de
bom para oferecer na mesa do Senhor, está se rebelando contra o seu ajudador (Os 13.9), o que só lhe traz perda. Neste caso, sim,
temos que repreendê-la.
É bem verdade que, a princípio, quando
suplicamos o favor de Deus, Ele tem piedade de nós (vs 9).
Mas, o que é a piedade Dele? É justamente a capacidade de usarmos de
misericórdia com os outros. Logo, como podemos esperar que Ele nos aceite e nos
dê algo, se levianamente iremos nos apropriar do bem que Deus colocou em nossas
mãos para nos unir ao próximo, dando-lhe bênção falsificada? Afinal, quem é
capaz de defraudar até a Deus, que tudo vê, o que não fará com o próximo?
De que adianta ofertarmos coisas a
Deus, se não temos disposição alguma em estarmos ligados às pessoas por meio de
Sua Palavra? De que adianta Jesus perdoar as pessoas, se é para cada um ficar
vivendo a solidão dos seus problemas? Para Deus, é melhor não ofertar nada (Is 1.11-15; Jr 6.20; 14.12; Am 5.21-24), nem mesmo
conhecer Sua Palavra (Sl 50.16-21; 2Pe 2.21,22).
Daí Ele preferir que alguém fechasse as portas do templo para que nada
oferecessem (vs 10). Antes de pensar em ofertar
algo a Deus, se preocupe em ser agradável a Ele. A tua oferta só será prazerosa
a alguém (incluindo a Deus), quando, antes de
tudo, você for uma pessoa agradável a Ele. Não se trata simplesmente de fazer
coisas agradáveis, mas de ser agradável (em caráter, pensamentos e
sentimentos). Deus ama ao que dá com alegria (2Co
9.7). Mesmo porque, se não for amor a Cristo e ao próximo, que
sentido há (2Co 9.13).
E àqueles que se achavam superiores por
serem descendentes de Abraão (nos dias de hoje, por
pertencerem a uma denominação ou por, supostamente, acharem que acreditam no
Criador), Deus estava dizendo que, se eles não se dispusessem a dar
glória ao nome Dele, seriam rejeitados e substituídos pelos gentios que eles
tanto desprezavam (Is 60.3,5; 66.19,20; Mt 3.9;
8.11,12; Lc 3.8; Jo 10.16; Rm 10.19; 11.11,14; Ap 21.24-27).
O que os israelitas não entendiam é a
universalidade do Reino de Deus. Não pense que isto é só agora, após o
sacrifício de Jesus. Já pensou, por exemplo, no que significa o título Rei dos
Reis (vs 14; Sl 48.2; 1Tm 6.15). Significa
que Ele também usa reis a fim de que eles possam conhecê-lO (ver Is 44.28; 45.1; Ez 29.18-20).
Note como a ordem para encher a terra
com a glória de Deus já era conhecida desde o Éden, antes mesmo de entrar o
pecado no mundo, sendo parte da primeira ordem dada ao ser humano (Gn 1.28; Is 11.9; Hc 2.14; Jo 4.21,23; 1Tm 2.8).
Inclusive, note como, mesmo no Antigo
Testamento, havia gentios que:
queimavam incenso, ou seja, oravam a Deus (Sl 141.2; Ap 8.3). Basta pensar que Urias, que era
de Hete, Raabe, a meretriz de Jericó, e
Rute, a moabita (povo do qual Deus tinha até mesmo proibido que
fizesse parte da Sua congregação – Dt 23.3; Ne 13.1), entraram até
mesmo para a genealogia de Jesus (Mt 1.5,6);
traziam ofertas puras ao Senhor. Mas como, se
sacrifícios podiam ser oferecidos apenas no altar de Jerusalém? Com certeza
isto era metafórico (veja Sl 51.17; Hb
13.10,15,16; 1Pe 2.5)
Eles consideravam os gentios como
imundos, mas eles é que eram os imundos. E, se a mesa do Senhor estava imunda,
é porque eles a estavam deixando neste estado (vs 7 e
12). Como poderia ser diferente? Se eles tinham a petulância de
dizer que Deus estava os cansando com tantas atividades (quando,
na verdade, eram eles que estavam cansando a Deus com seus pecados – Mq 6.3; Is
43.22-24; Ml 2.17,18; 3.13), o que mais se podia esperar? É
importante ressaltar também que, ao dizer que Ele é temido entre os gentios,
estava exortando os israelitas, já que, nem isto, eles faziam.
Os próprios sacerdotes incentivavam o
povo a ofertarem o pior (por exemplo, no que faziam
concessões para agradar seus amigos), o que, agora, eles esperavam
que viesse à mesa? Com certeza só haveria de vir ofertas com defeito (Lv 22.20; Ml 1.8), dilacerada por animais (Êx 22.31). Enfim, só coisas nojentas. Isto, quando
não ofereciam o que roubavam (ou incentivavam os outros a roubarem
dos outros). Como, depois, eles podiam esperar ser aceitos por
Jesus? Aliás, nestas circunstâncias, o que significa ser aceito por Ele?
Se não é para usarmos os dons que Deus
nos dá para ajudarmos o próximo e conseguirmos, com isto, a testificação da
Palavra no coração de todos pelo Seu Espírito Santo, a fim de sermos unidos com
eles, então o que esperamos obter com os recursos deste mundo?
Portanto, se
você tem um “animal macho (ver Lv 1.3,10) e
sadio no rebanho”, não prometa e ofereça ao Senhor o defeituoso (vs 14). Ou seja, entregue a Deus aquilo que Ele já
proveu na tua vida para Ele mesmo (Gn 22.8).
Uma vez que Jesus morreu para desfazer
as obras do diabo na vida de todos (Jo 3.16; 1Jo 3.5,8),
logo, pode semear sobre as muitas águas (Ec 11.1) que Deus
permitir que passem por você (Is 43.1); com
certeza você irá colher tudo que fizeres por amor do nome Dele (Hb 6.10). Uma vez que Jesus levou sobre Si os
pecados de todos e Seu nome é terrível entre as nações (o que
implica na presença Dele em tais vidas – ver Gn 28.15-17; Ef 4.6), é
possível que elas venham a ser mudadas.
MALAQUIAS 2.1-16 → SE ISOLA DE QUALQUER EXPRESSÃO DE AMOR E, POR ISTO, ACABA SOZINHO NA SUA MESQUINHEZ E INCAPAZ DE SE ADAPTAR AOS PRECEITOS DE JESUS (At 16.20,21). Tal pessoa...
Vs 1 a 4 →
... NÃO DESEJA HONRAR A DEUS, PREFERINDO SER DESTRUÍDO POR AQUILO QUE DEVERIA
LHE SALVAR (VER Rm 7.8-10) E
AMALDIÇOADO POR AQUILO QUE FOI FEITO ESPECIALMENTE PARA SI
Quem insiste em dizer que não é amado
por Deus, não conseguirá ver nada de bom naquilo que Deus lhe concede, não se
proporá a honrá-lO através daquilo que Ele lhe deu e, com certeza, acabará indo
parar na congregação dos mortos (Pv 21.16), vivendo
dos próprios excrementos e do excremento que se lhes atiram na cara (vs 3).
Os sacerdotes são os primeiros a serem
repreendidos (ver 1Pe 4.17) porque, do contrário,
eles irão arrastar, consigo, muitos para o erro. Deus tinha um mandamento
especial para os sacerdotes (vs 1), o qual
eles deveriam ouvir e colocar no coração (vs 2), com a
disposição de darem honra ao nome do Senhor. De nada adianta guardar os
mandamentos só por obrigação, como se eles não tivessem utilidade alguma.
Quando a pessoa não serve a Jesus com
Sua abundância, por amor, acabará servindo seus inimigos em troca de ingratidão
e uma série de coisas vãs e más (Dt 28.47,48). E o
pior: com suas bênçãos amaldiçoadas, não conseguirá ser feliz com aquilo que
foi tirado de dentro de si (ver Gn 2.24),
feito especial e exclusivamente para ele (vs 2).
E a situação era tão dramática que eles
se tornaram incapazes, até mesmo, de enxergar a miserável situação na qual eles
estavam (como se deu com Sansão (Jz 16.20) e Laodicéia (Ap
3.17)). Note que, embora Deus já viesse amaldiçoando suas bênçãos (como disse que faria aos que não ouvissem Sua voz – Lv 26.14;
Dt 27.15-26; 28.15-68), eles achavam que esta profecia era para o
futuro (vs 2). Daí dizer: “...amaldiçoarei as
vossas bênçãos [futuro]; já as tenho amaldiçoado [passado]...”.
Um exemplo desta maldição estava na
comida. Como eles não se importaram em limpar os alimentos antes de oferecê-los
ao Senhor (Lv 1.9,13), agora seriam obrigados a
comer o bucho do animal (uma das recompensas deles –
Dt 18.3) sujo de excremento (o qual, muitas vezes, iria
espirrar na cara deles enquanto estivessem comendo – vs 3). E como
esta sentença já vinha sendo executada, eles já tinham se acostumado tanto com
o gosto que nem estavam notando a diferença, achando tudo normal (tal como hoje, as pessoas ingerem carne e nem conseguem
perceber o gosto de fezes proveniente da ração contaminada que estes animais
comem).
Muitos acabam se acostumando tanto à
maldição, que até passam a gostar dela. Daí Deus reprovar a descendência de
Levi, caso eles não propusessem, de coração, a ouvi-lO (vs 2 e
3). Quem se alimentava de excremento, acabava fazendo do mesmo,
elemento constituinte do seu ser, sendo condenado a partilhar do destino deste,
a saber, ser lançado para fora do arraial e servir de nutriente para a terra e
animais imundos (ver 1Rs 14.10; Jr 16.4).
É assim que você quer terminar? Vendo
todo o fruto do teu trabalho indo parar nas mãos de pessoas más (que só querem prejudicar este mundo), ou nas mãos de
feras e animais peçonhentos? Se você não souber dispor teus bens com juízo (Sl 112.5), o diabo o usará para a injustiça. Este é
o destino de quem é reprovado por Deus.
Agora eu te pergunto: é preciso chegar
neste ponto para sabermos que foi Jesus quem nos enviou Sua Palavra (vs 4)? Por que temos que sofrer, para depois fazermos
aquilo que sabíamos que devia ter sido feito desde o princípio?
Os mandamentos do Senhor como um todo (Ml 4.4), em particular este de dar honra ao nome
Dele (vs 2), eram justamente o requisito
para que Sua aliança continuasse com Levi (vs 4). Para nós,
que motivo é suficientemente grande para abandonarmos qualquer relacionamento?
Quem assim faz é porque não enxergou o valor do mesmo na sua vida.
Vs 5 a 9 → ...
NUNCA ENCHERÁ SUAS ENTRANHAS DA VERDADEIRA LEI DE JESUS (AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO), SENDO CONSIDERADA INDIGNA E DESPREZÍVEL
DIANTE DE TODOS (E SUJEITO A Is
33.1; 2Tm 3.13; Tt 3.3)
A lei deve estar na boca, já que, quem
controla a língua, é capaz de refrear o corpo (Tg 3.2).
Considerando que nenhum ser humano é capaz de controlar a própria língua (Tg 3.8), mas que a boca fala do que a pessoa
entesourou no coração (Lc 6.45), logo a
Palavra da Vida e da Paz só poderá estar na nossa boca se nosso coração estiver
cheio dela (Mt 12.34). Daí a Escritura Sagrada
dizer que a salvação depende de confessarmos Jesus como Senhor com nossa boca (Rm 10.8-10).
Quando Deus levanta alguém como profeta
ou servo Dele, não adianta a pessoa buscar conseguir honrarias, tentando
agradar os filhos da perversidade (vs 9). A única
coisa que ela conseguirá é se tornar abominável (Pv
17.15).
A lei de Deus não é para nos dar
privilégios materiais (concedendo-nos benefícios
que, muitas vezes, deveria ser dos outros), mas sim para
descobrirmos a forma correta de sermos favoráveis aos outros. Quando Malaquias
disse que a aliança de Deus com Levi foi de vida e de paz (vs 5),
não quer dizer que vida e paz são meras consequências que vêm com a obediência.
Antes, a própria aliança é a vida e a paz.
Tal paz não significa estar livre de
pessoas desagradáveis. Antes, significa ter Jesus como nossa aliança. E a vida
que não se acaba (que é o que está sendo prometido aqui – Nm 25.13)
consiste em andar em Sua presença (ver Jo 17.3; Gn 5.22-24;
6.9; 17.1). É Sua presença que nos faz descansar (Êx 33.14; Jó 22.21; Is 27.5; At 4.19; Tg 3.18), ou
seja, nos liberta daquela sensação insaciável de querer sempre mais e mais (isto é paz, a saber, ser contente com aquilo que se tem – 1Tm
6.7,8).
A lei de Deus é uma expressão de amor (1Jo 5.3), sendo ela uma das dádivas que Deus nos dá (Sl 19.11; Nm 25.12). A outra é a própria presença
Dele (Ez 37.26). Inclusive, note como, mesmo
no Antigo Testamento, Deus não prometia habitar em lugares luxuosos. O concerto
de paz lhes permitiria habitar em segurança no deserto, dormir nos
bosques (e não em mansões caríssimas). Deus
sacia nossa sede; contudo, fazendo brotar o rio de Vida no nosso interior (Jo 4.14; 7.37-39), e isto quando estamos no deserto (veja Is 41.17,18; 43.19,20). Deus faz resplandecer
luz na nossa vida quando estamos nas trevas salvando os que se acham presos ali
(Is 9.1,2; Mt 4.15,16; 2Co 4.6). Daí o vs 6, onde
mostra Levi, no passado, apartando a muitos da iniquidade (Dt
33.10).
Inclusive, é justamente nestes momentos
obscuros, a saber, nos quais parece impossível obedecer à lei de Deus, que Ele
manifesta Sua luz e sacia nossa sede de paz, justiça, etc. Em outras palavras, é
quando somos perseguidos (Mt 5.10-12) por
querermos manter Sua justiça, verdade, honestidade e bondade, que Deus nos
revela a luz da Sua Palavra (Sl 119.105) que
nos faz enxergar Seu caminho (Na 1.3; 1Co 10.13).
Precisamos
parar de respeitar as pessoas quando elas estão no erro (Pv
24.23; 28.21). Porque os descendentes de Levi estavam se mostrando
parciais na hora de interpretar e praticar a lei (vs 9),
eles perderam o valor deles e se tornaram dignos de desprezo (vs 9).
Precisamos temer e tremer ante o nome
do Senhor (vs 5), buscando sempre estar no
conselho Dele (Jr 23.22) a fim de que todo o povo
ouça Suas palavras e se converta do Seu mau caminho (Dn
12.3; Tg 5.20). Infelizmente, as pessoas não estão conseguindo
enxergar a vida e a paz contidas na aliança de Deus (vs 5).
Com isto, não conseguem temê-lO (vs 5).
Uma coisa é certa: apenas quando
enxergamos o amor de Deus por nós é que somos constrangidos a uma mudança (2Co 5.14). Muitos creem, erroneamente, que é a
severidade do mal que muda a pessoa. Ninguém pode ser perfeito no amor enquanto
estiver preso no medo (1Jo 4.18), já que
este mantém o olhar da pessoa fixo em si mesmo e na maldade que ameaça lhe
sobrevir (veja o que acontece – Jó 3.25,26).
É preciso viver com Deus, andando o
tempo todo com Ele (Gl 5.16,25).
Enquanto Levi assim procedeu (ainda que, no caso dele,
este andar foi por fé e obediência (e não por uma intimidade profunda com o
próprio Deus), retendo a verdadeira justiça na sua boca e em seus lábios),
ele permaneceu na paz e retidão, apartando a muitos da iniquidade (vs 6). A função judicial era cumprida (como deveria ser – Lv 10.10,11; Dt 17.8-10; 19.17),
o que mantinha, no coração de todos, a disposição de fazer o que é bom (Ec 8.11).
Afinal, era função dos sacerdotes
guardar o conhecimento, de modo que todos os demais homens tivessem a quem se
dirigir quando precisassem buscar alguma instrução (Dt
24.8; Ed 7.10; Jr 18.18; Ag 2.11). E ai daquele que não se
dispusesse a conhecer a Deus e a manter em Sua mente, constantemente, a lei do
Senhor: seria rejeitado e esquecido por Ele (Os 4.6),
junto com sua família.
Junto com os profetas, eles eram
considerados anjos (mensageiros) do
Senhor na vida de todo o grupo de pessoas que se ajuntam para lutar por algo ou
alguma coisa (Ag 1.13).
A diferença é que, enquanto que pessoas
mortas em seus delitos e pecados iam até o sacerdote para ouvir uma palavra
“morta” (ou seja, que foi proferida no passado),
de modo a tomarem conhecimento da conduta devida a ser tomada numa dada disputa
ou demanda, o profeta era conduzido por Deus em direção a alguém para revelar-lhe
algo novo, especialmente para ele.
Hoje, nós, como sacerdotes que têm
livre acesso à presença do Pai (1Pe 2.5; Ap 1.6; 5.10),
somos o anjo (mensageiro) da Igreja (Gl 4.14). Logo, temos sempre que estar em comunhão
com o Pai (Jr 23.18,22) a fim de que, em nossa
boca, esta sempre o maná (Dt 8.3; Mt 4.4; Lc 4.4)
que edifica (Ef 4.29).
Quem, contudo, não quer ficar ligado a
ninguém (preso com os laços do amor – Os 11.4),
se torna incapaz de receber, dentro de si, a Palavra que pode salvar a alma sua
e a dos outros (Tg 1.21). Obviamente, tal pessoa irá
de se desviar do caminho, ou seja, da aliança que Deus fez com todos nós (vs 8) e, obviamente, irá ensinar isto aos outros,
levando-os a tropeçar na fé.
E quando falo em ensino, não estou me
referindo apenas ao aspecto teórico. Como cada um é aquilo que crê, todas as
atitudes da pessoa servirão de estímulo à maldade (1Sm
2.17; Mt 18.6; Lc 17.1). E o pior de tudo é que muitos estarão
vivendo estes princípios, como se estivessem servindo a Deus (Jr 18.15). É por esta causa que muitos acabam
desviando da fé: uma vez que Deus não se compromete com as interpretações
erradas da Sua Palavra, mas apenas com Sua Palavra pura, logo é logico que nada
irá funcionar.
Em outras palavras: quando a pessoa
corrompe a aliança ou o ministério (Ne 13.29), estes
perdem toda a eficácia (Zc 11.10). A
partir de então, não adianta a pessoa tentar colar a aliança quebrada. No que a
criança pequena entra em contato com coisas que agradam sua carne, ela vai se
distanciando dos pais e de tudo de bom que Deus deu para ela. A única
alternativa é nascer de novo: só assim a inocência pode ser restaurada.
Isto significa romper com tudo que
tinha adquirido antes (conceitos, valores, bens,
amizades, etc.). Sei que isto parece esquisito. Contudo, após a
aliança com Jesus, todos os relacionamentos anteriores perdem o significado.
Ninguém pode continuar vendo Deus e as pessoas segundo a carne (2Co 5.16). Somente aqueles que se submeterem ao
tratamento de Jesus poderão ter paz conosco.
Do contrário, tentar-se-á conciliar
Jesus e o mundo (Mt 6.24; Tg 4.4), o que fará de nós
sacerdotes desprezíveis e indignos diante de TODO o povo (como se
deu com Eli (1Sm 2.30) e os sacerdotes na época de Malaquias (vs 9)),
visto que não seremos capazes de nos mostrarmos integrais na manifestação da
lei do amor a Deus e ao próximo (vs 9, a qual implica em
viver a verdade na vida de todos). Usurparemos a posição de juiz,
que cabe unicamente a Deus, tentando favorecer uns em detrimento a outros (algo que Deus abominava – Lv 19.15).
Fique claro que o papel de julgar o
povo, no Antigo Testamento, não era do sacerdote, mas do juiz. O sacerdote
deveria fazer com que a mesma fosse conhecida corretamente por todos, inclusive
pelos juízes, de modo que estes pudessem, movidos pelo Espírito de Deus, julgar
corretamente. Daí os dois serem vistos juntos em algumas passagens (Lv 10.10,11; Dt 17.8-10; 19.17).
Enfim, se tentarmos, através da lei,
determinar quem merece o quê, acabaremos rejeitados por Deus e nos tornando vis.
Vs 10 a 12 →
... ACABARÁ ROMPENDO A ALIANÇA COM O POVO DO CRIADOR PARA CRESCER NA SOLIDÃO DA
FAMA E DOS RECURSOS MATERIAIS QUE LHES FOI PROMETIDO PELOS ADORADORES FALSOS?
Você já parou para pensar no verdadeiro
sentido da aliança de Deus conosco? Levar-nos a sermos leais uns com os outros (vs 10), principalmente com os domésticos na fé (Gl 6.10). Afinal, além de ter sido o mesmo Deus que
nos criou, Ele também é o nosso Pai (Jó 31.15; 1Co 8.6; Ef 4.6),
mostrando que nossa criação não foi meramente física. Antes, Deus nos criou
para sermos separados dos demais povos (Êx 19.5; Lv 20.24; Dt 7.3),
de modo que fôssemos Sua propriedade particular (Dt 32.9,10;
Ml 3.17; Sl 102.18; Is 43.1; 60.21; Ef 2.10).
Logo, quando profanamos a aliança que
Deus fez com Sua Igreja, não estamos prejudicando apenas a nós. Estamos traindo
a Igreja. Sempre que não temos responsabilidade com os compromissos assumidos
em Cristo Jesus, estamos prejudicando Sua amada Igreja.
Mas quando se faz aliança com alguém
que não adora o Deus verdadeiro (ou O adora, mas do modo
errado), tudo que tal pessoa faz é uma expressão exata desse falso
deus que a pessoa criou para si. Como já visto, cada pessoa é uma expressão
exata daquilo que crê ou, se preferir, cada um é aquilo em quê acredita.
Quem faz este tipo de aliança está
profanando a santidade do Senhor, que nada mais é do que a Igreja Dele (veja Sl 47.4), a qual é a guardiã da Sua Palavra (1Tm 3.15). Tanto é assim que a permanência do marido
ou da mulher crente em Jesus, no lar, santifica tanto o cônjuge, quanto os
filhos (1Co 7.14). É bom lembrar que a família
é a primeira célula da Igreja, e esta é uma família.
Os homens de Judá, em particular, tinham
se casado com adoradoras de deuses estranhos (vs 11;
Ed 9.1,2; 10.2; Ne 13.23). Tais mulheres eram consideradas filhas
desses deuses (Jr 2.27), já que se tornavam iguais a
eles (ver Sl 115.8; 135.18).
O destino de tal pessoa é ser desleal e
praticante de toda sorte de abominações, o que resultará na exclusão dela da
comunhão com todos aqueles que poderiam lhe capacitar para a bondade (vs 12). Isto vale para qualquer tipo de pessoa, seja
para o que:
vela, ou seja, para os estão sendo usados como pastores,
já que é este o papel deles;
o que responde, ou seja, os que estão sob os
cuidados da autoridade;
oferta.
Com isto Deus quer mostrar que, não
importa o quê ou quanto eles ofertem. Nada poderia aplacar a ira de Deus na
vida deles, a menos que eles se arrependessem e convertessem. Em outras
palavras, a oferta não servia para perdoar pecados (o que
condiz com Hb 10.3), mas sim para que houvesse possibilidade da
pessoa enxergar Deus exercendo Sua justiça a fim de restaurá-la ao lugar onde
ela poderá ouvi-lO e sentir Sua presença. Ou seja, não é o que ofertamos a Deus
que nos salva, mas sim aquilo que Ele fez e faz por nós.
Daqui também podemos concluir que esta
ideia de que Deus irá punir apenas o mestre, pastor ou profeta que ensina
errado, é completamente estranha aos ensinamentos contidos na Escritura
Sagrada:
Tanto
o que vela, quanto o que responde, serão excluídos (vs 12);
Tanto
o cego que está guiando, como o que está sendo guiado, cairão no barranco (Mt 15.14);
Tanto
o auxiliador quando o ajudado cairão (Is 31.3);
Tanto
aquele que profetizou, quanto aquele que foi atrás do profeta, serão enganados
e destruídos (Ez 14.9,10);
Enfim, quem se envolve com a mulher
estranha (ao Reino de Deus e seus princípios),
não atinará com as veredas da vida, estando condenada a ser excluída de Israel (Pv 2.18,19).
Vs 13 a 16 →
... FATALMENTE IRÁ DESFAZER O LUGAR QUE DEUS PROVEU PARA SUA SALVAÇÃO, A SABER,
SEU LAR, VINDO A ADULTERAR O PROJETO DE DEUS EM SUA VIDA COM OUTRO PARCEIRO
A insensibilidade no coração deles era
tal, que não conseguiam mais enxergar a verdadeira razão de ser de Israel, de
modo que ficavam indignados por Deus não estar aceitando as ofertas deles (vs 13; ver Is 58.2,3), a ponto de perguntarem a
Deus: “por que?”.
Um ponto importante: o que levou os
israelitas a deduzirem que Deus não estava aceitando as ofertas? As
adversidades na vida deles. Entretanto, ao invés de tentarem descobrir em quê
eles estavam errando (como quem tem prazer na
presença de Deus), a fim de restaurem o relacionamento deles com
Deus, eles preferiram ir atrás de novos relacionamentos com outros deuses que
nada tinham haver com eles.
Ora, se não damos certos com o Deus
verdadeiro e com aqueles que Ele criou especialmente para nós (família, principalmente), o que nos faz pensar que
daremos certo com estranhos que nada tem haver conosco? Tal como numa árvore,
os relacionamentos nos são acrescentados à medida que cultivamos os
relacionamentos que Deus já colocou na nossa vida (tal
como novos ramos surgem a partir do crescimento de um já existente).
Não podemos, de modo egoísta, querer nossas amizades apenas para nós. Quem quer
ter muitas amizades, nunca desenvolve uma amizade que tenha tudo haver com
aquilo que há dentro de si. Resultado: acaba repleto de galhos pequenos,
frágeis, estranhos e sem qualquer proveito.
Entretanto, já reparou o quão rápido
eles reincidiam no erro. Note como eles aderiram ao casamento misto em (Ed 9.1,2), depois em (Ne
13.23,24) e, por fim, agora (vs 10-12), como
se fosse pouco corromper a mesa e o sacerdócio do Senhor.
Considerando
que a finalidade do casamento é produzir uma descendência de piedosos para Deus
(vs 15), logo não há desculpa para o divórcio. Inclusive,
foi também por isto que Deus criou apenas uma Eva: para demonstrar esta verdade
e ensinar para Adão (e todos nós) que
não existe substituta. Se aquela viesse a faltar por qualquer motivo, ficaria
só pro resto da vida. Isto o estimularia a dar sua vida a ela, já que, caso ela
viesse a faltar, jamais acharia outra igual (Ef
5.25-27).
No Antigo Testamento isto acontecia
porque, no caso de imoralidade sexual de um dos cônjuges, este e seu amante
eram mortos (Lv 20.10; Dt 22.22). Daí Jesus dizer:
E “Eu vos
digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de
fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada
também comete adultério.” (Mt 19.9).
Quando Jesus disse isto, o Antigo
Testamento estava em vigor, de modo que, quando um dos cônjuges fornicava,
morria e, uma vez viúvo, estava livre para casar com quem quisesse (Rm 7.1-3), desde que no Senhor (1Co
7.39).
Entretanto, do contrário, a ordem é não
separar, já que a utilidade do casamento não é satisfazer nossos desejos
carnais, mas sim proporcionar um ambiente favorável onde a semente da piedade
possa se desenvolver em nós. Os filhos, por exemplo, são o mecanismo de Deus
para que a pessoa possa experimentar Seu amor dentro de si e, com isto, deixar
de pensar em si mesmo isoladamente, ou seja, cercado apenas de riquezas.
Muitos israelitas, para defender sua
conduta indevida (casamento misto), tomavam Abraão como
base, já que ele teve relações com Hagar, a egípcia. No entanto, o que Abraão
buscava não era prazer da carne, mas sim o cumprimento da promessa de Deus, a
saber, a descendência de piedosos prometida (Gn
15.5).
Já outros procuravam justificar o
adultério, alegando o mesmo que os israelitas da época de Jesus: que Moisés
tinha permitido (Dt 24.1-3). Contudo, Jesus mesmo disse
que este nunca foi o plano original de Deus, sendo permitido apenas por causa
da dureza do coração deles, a fim de que eles vissem o quão nocivo é buscar a
presença de Deus fora da vontade Dele.
Eles não queriam admitir que a aliança
com o cônjuge era, antes de tudo, uma aliança com Deus (ver Pv
2.27; Gn 2.24; Mt 19.6). Deus é testemunha entre o homem e a mulher
da sua mocidade, a saber, a primeira mulher com quem ele teve contato sexual.
Labão era um que não enxergava isto, preferindo fazer do montão que Jacó e seus
descendentes ergueram (Gn 31.45,46 - mas que Labão disse
que foi ele quem eregiu (Gn 31.51), pois ainda achava que tudo que era de Jacó
ainda era dele (Gn 31.43)), a testemunha diante de Deus entre ele e
Jacó, da aliança firmada entre eles (que, por sinal, era uma
aliança de condenação, para servir de testemunho contra o transgressor – Gn
31.44), onde um dos termos desta aliança era a fidelidade de Jacó
para com suas filhas. Ora, não precisava deste montão chamado Galeede para
testemunhar isto. Em se tratando de casamento, o próprio Deus já é a testemunha
(vs 14).
Já reparou na ênfase que a Palavra de
Deus dá à mulher da mocidade? Veja (Pv 5.18; Is 54.6).
Note, inclusive, a ligação entre ser fiel a esta e a ordem para cuidarmos de
nós mesmos (vs 15; Mc 13.9; Lc 17.3; Lc 21.34; 2Jo 8).
Logo o modo para vigiarmos é amando o próximo como a nós mesmos (Mt 24.45), repreendendo-o quando necessário (Lv 19.17; Ez 3.17-21; 33.7-9; Lc 17.3). E quem mais
próximo do que o cônjuge? Por isto Deus ordena que a mulher não se separe do
homem (1Co 7.10-14) e vice-versa.
Quer uma prova da relação íntima entre
igreja e família? Repare que, assim como a família nada mais é do que Deus
separando um rapaz e uma moça do mundo para viverem Cristo na vida um do outro,
Deus criou somente Adão e, posteriormente, fez aliança apenas com Abraão (embora, na época dele existissem milhares de pessoas na terra),
justamente para nos ensinar que o culto a Deus não consiste em falar bem Dele
para as pessoas (como se Ele precisasse de advogado ou assessor de
imprensa) ou cantar para Ele, mas sim em exercitar Sua piedade na
vida do próximo.
Contudo, esta só é possível quando
todos constituem uma só carne. Não há como se falar em piedade em seres com
necessidades e interesses diferentes. Lembre-se que compaixão é “sofrimento
comum”. Daí Deus fazer marido e mulher de uma só carne (Gn
2.21-24). Percebe que Deus não transforma rapaz e moça numa só
carne; antes, Ele une aqueles que, antes mesmo de existirem na vida um do
outro, já eram uma só carne (analise com calma Mt 19.4,5).
Logo, quando duas pessoas pensam em casar, devem se perguntar: “o que existe na
minha vida que poderia tanto interessar à outra pessoa? O que existe dentro de
mim que poderia lhe ser útil no Reino de Deus?”.
Deus está em busca de alguém em quem
Seu Espírito de adoração (Jo 5.22-24),
intercessão (Ez 22.30), justiça (Is 64.5), força (2Cr 16.9) e
glória (1Sm 13.14) possa repousar. E o
casamento é a semente de Deus na terra (vs 15). Em outras
palavras: quem lança na terra semente de laranja, colhe laranja; quem lança a
semente do casamento, colhe Jesus (analise, por exemplo, 1Tm
2.14,15).
Por isto Deus odeia tanto o divórcio (vs 16). Tais pessoas cobrem a violência com suas
vestes (vs 16), sendo que o correto é o homem
estar cobrindo sua esposa (ver Dt 22.30; Rt 3.9; Ez
16.8). Se pensarmos que veste é símbolo de justiça, logo eles
estavam tentando cobrir a violência que estavam fazendo com as esposas, através
da lei mosaica (por exemplo, Dt 24.1-3).
E o pior é que, com isto, eles acabavam
manchando a justiça de Deus em suas vidas, seja com a prática do pecado, ou com
as consequências dele (neste caso, em particular, o
aborto. Quantos, por causa de uma gravidez indesejável, tentam matar o bebê
ainda no ventre). Um exemplo disto é Davi que, para esconder seu
adultério, tentou induzir Urias a se deitar com sua mulher, a fim de que todos
pensassem que o menino era filho dele (2Sm 11.8-13). E,
como ele não fez isto, para tentar continuar sendo justo aos olhos do povo,
matou Urias com a espada dos filhos de Amon (2Sm
11.15; 12.9).
Por fim, eles acabavam fazendo da
violência as suas vestes (Sl 73.6; Is 30.1-3,9-12;
31.1-3). Daí Deus dizer, por duas vezes seguidas, para eles cuidarem
deles mesmos e não serem infiéis (vs 15 e 16).
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