segunda-feira, 4 de novembro de 2013

47 - Estudo do Livro de Jonas - Parte 1



ESTUDO DO LIVRO DE JONAS

I - INTRODUÇÃO

                Tema Principal: A importância de enxergarmos as coisas corretamente, do ponto de vista de Deus.

                Tema Secundário: A salvação de Deus é soberana. Só aceitando Seu concerto em nós seremos livre das tribulações.

                Palavra Chave: Grande. Observe o uso da palavra “grande”:

a)      Grande cidade de Nínive (Jl 1.2; 3.2,3; 4.11);
b)      Grande vento (Jn 1.4);
c)      Grande temor (Jn 1.10,16);
d)      Grande tempestade (Jn 1.12);
e)      Grande peixe (Jn 1.17);
f)       Nínive era liderado pelo rei e os seus grandes (Jn 3.7);
g)      Deus é grande em benignidade (Jn 4.2);

O detalhe é que toda grandeza deve estar associada unicamente a Deus. Tanto que tudo que é elevado entre os homens é abominação diante de Deus (Lc 16.15).
Além disto, toda esta grandeza era para mostrar que nada do que aconteceu passaria desapercebido pelas pessoas.

Versículos Chaves:

*      “... do SENHOR vem a salvação.” (Jn 2.9).
*      “e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens, que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?” (Jn 4.11).
Objetivo:

A ideia é que as pessoas percebam que salvação vem do Senhor, e não da eficácia dos nossos esforços (Jn 2.9).
Quando alguém está fora da direção de Deus, não adianta querer afastar o mal com atitudes. Mesmo após os marinheiros terem lançado a carga ao mar para o aliviarem do seu peso (Jn 1.5) ou tentarem fazer o navio voltarem à terra (Jn 1.13), o mar ia se embravecendo cada vez mais.
Nesta hora, nem mesmo a compaixão resolvia (eles faziam de tudo para não jogar Jonas para fora do barco – Jn 1.12,14). Só o acerto com Deus pode resolver. Sem conhecer o plano de Deus, trabalharemos no erro (Mc 12.24,27) e, no final, será grande a ruína (Mt 7.24-27; 1Co 3.12-15), já que é impossível ultrapassar o limite estabelecido por Deus (ver Jr 5.22; Lc 12.15,25; At 17.26).
O tema gira em torno da resposta à seguinte pergunta: “O que levou os ninivitas a crerem na mensagem do profeta?”. Com certeza não foi a mensagem de Jonas, já que sua pregação foi seca. O que acontece é que, o modo usado por Deus para acalmar uma tempestade fora do comum, bem como a sobrevivência de Jonas após permanecer 3 dias e 3 noites nas entranhas do peixe, fez dele um sinal vivo, servindo para nos ensinar que a obra de Deus não depende de quem quer, nem de quem corre, mas da compaixão de Deus (Rm 9.16).

Considerações Gerais:

                Jonas, a personagem central do livro, era de Gate-Hefer, uma cidade que ficava a 4km ao norte de Nazaré na Galiléia (2Rs 14.25), a qual fazia parte do território de Zebulon. Por aqui, pode-se ver que os fariseus estavam errados ao afirmar que Galiléia nunca se levantou profeta (Jo 7.52). Além disto, é bem provável que Naum tenha nascido na Galiléia (Na 1.1).
Naum (Na 1.14-3.19) e Sofonias (Sf 2.13-15) profetizaram o que Jonas gostaria de ter profetizado: a queda de Nínive.               
Muitos contestam a veracidade dos relatos escritos em Jonas. Contudo, o próprio Jesus usou Jonas como um símbolo da Sua morte e ressurreição (Mt 12.39-41). Logo, dizer que tudo que ocorreu com Jonas foi figurado implica em dizer que a ressurreição de Jesus também o é.
Jonas significa “pombo” e Amitai, “verdade” ou “dizendo a verdade”, algo bem adequado a um profeta. Jonas fugindo de Deus lembra quando a pomba fugiu de Noé e da arca, mas não conseguiu encontrar repouso (Gn 8.8,9).
O fato de a mensagem de Jonas ser direcionada a Nínive e não a Israel, como de costume, foi um modo usado por Deus para reprovar Israel. Afinal, Israel, que se gabava de ser o povo eleito do Senhor, se recusou continuamente, vez após vez, a ouvir seus próprios profetas (2Rs 17.13,14), enquanto que um nação estrangeira deu crédito repentinamente (ver Is 1.2-3; Jr 36.20-26; Ez 3.4-7). Inclusive, o fato de Deus perdoar Nínive (Jn 3.10) e da fuga de Jonas em virtude desta provável possibilidade (Jn 4.2) é a prova de que não há dificuldade em Deus para perdoar. A dificuldade estava em Israel que se recusava a receber Seu perdão (Jr 6.16).
Isto lembra a parábola de Mt 21.28.29: Jonas representa o filho que, inicialmente, se recusou a atender ao chamado, mas depois foi; Israel é o filho que, inicialmente, disse que ia, mas depois não foi. Inclusive, o próprio Jesus disse que nenhum profeta é bem recebido em sua própria pátria (Lc 4.23,24) e que, se cidades pagãs como Tiro, Sidom e Sodoma tivessem visto o que Deus fez, eles teriam se arrependido (Mt 11.21-24). É curioso como são justamente os maiores conhecedores da Escritura Sagrada que se voltam contra Deus e Seus emissários (os profetas, bem como o próprio Jesus). Isaías confirma isto (Is 65.1,2).
O motivo disto é exposto por Paulo. Aquele que conhece a Jesus e aos irmãos segundo a carne (2Co 5.15,16) acaba perseguindo aqueles que conhecem segundo o Espírito Santo (Gl 4.29,30). A verdade é que, quem não está com Cristo, já está contra Ele (Mt 12.30). Não importa o quão bem a pessoa fale de Jesus: se não é o próprio Jesus quem está a falar (Jo 10.3-5), não existe possibilidade de as ovelhas ouvirem. Neste caso, a pessoa está se colocando como intermediário entre o ouvinte e Jesus.
As ovelhas não querem apenas saber a respeito do seu Pastor, mas tê-Lo consigo. Além disso, nossa pregação não deve ser no sentido de aconselhar as pessoas a irem a Jesus fisicamente a fim de convencê-Lo a entrar em suas vidas, mas sim de despertar a pessoa acerca da importância de receber o caráter, a Palavra e a vida de Jesus dentro de si a fim de serem livres para segui-Lo por onde quer que Ele vá (Jr 2.2).
Quando não estamos dispostos a receber a vida de Jesus em nós (Gl 2.20), então estamos buscando algo para a nossa vida. Ou recebemos o que Ele fez por nós, ou já O rejeitamos.
Jonas era o símbolo perfeito de como Israel procedeu para com Deus: se afastando deliberadamente Dele (Is 30.9-11; Jr 2.25; 5.3-5; 6.10,16; 17.13; 19.15) e o pior: expondo todo o mundo à maldição (ver Is 24.1,3,5; Os 4.1-3,6).
Detalhe: Sl 107.21-29 lembra muito a experiência de Jonas.
O livro de Jonas se divide em duas partes:


1ª parte: Jonas 1 e 2
2ª parte: Jonas 3 e 4
Chamado de Deus e a resposta de Jonas
Jn 1.1-3
Jn 3.1-3
Pagãos cogitam a influência do Deus de Israel
Jn 1.5-16
Jn 3.4-9
Jonas enfrenta Deus por causa de suas atitudes
Jn 1.12-17
Jn 4
Deus mostra e aplica sua misericórdia a Jonas
Jn 2.2,6,7,10
Jn 4.10-11
Pagãos são alvo da misericórdia de Deus
Jn 1.15,16
Jn 3.10
Jonas ora a Deus
Jn 2
Jn 4

                Enquanto o capítulo três mostra a conversão de Nínive afastando o juízo de Deus, no capítulo um a oração dos marinheiros e sua obediência em lançar Jonas ao mar dá fim à tempestade que os castigava.
Vários milagres podem ser vistos no livro de Jonas:

1º-     Deus manda uma grande tempestade (Jn 1.4);
2º-    Deus fez a sorte recair sobre Jonas (Jn 1.7);
3º-    Deus acalma o mar (Jn 1.14);
4º-    Deus prepara um grande peixe para engolir o profeta (Jn 1.17);
5º-    Deus conserva o corpo de Jonas intacto no ventre do peixe durante 3 dias e 3 noites (Jn 1.17);
6º-    Deus traz Jonas de volta a vida do ventre do inferno (Jn 2.2), fazendo-o subir da cova (Jn 2.6);
7º-    Deus conduz o peixe até à praia (Jn 2.10);
8º-    Deus faz o peixe vomitar Jonas na terra seca (Jn 2.10);
9º-    Uma nação inteirinha converte com a pregação de Jonas (Jn 3.5-9);
10º- Deus faz uma aboboreira crescer, da noite para o dia, a fim de fazer sombra sobre a cabeça de Jonas (Jn 4.6);
11º-   Deus manda um verme para ferir a aboboreira (Jn 4.7);
12º-  Deus faz a aboboreira se secar da noite para o dia (Jn 4.7);
13º-  Deus manda um vento calmoso oriental (Jn 4.8).

Toda a mensagem profética deste livro se resume na afirmação: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.” (Jn 3.4), enquanto que, nos demais livros proféticos, são registrados advertências, acusações, exortações e juízos.
Também é importante destacar que Jonas, após a tempestade e ser vomitado pelo peixe, ainda conservava um coração duro e impenitente. Tanto que ele não obedeceu à ordem de Deus. Além de ter pregado a mensagem apenas em parte da cidade (Jn 3.3,4), ele pregou apenas a maldição, quando Deus sempre coloca a vida e a morte à disposição dos ouvintes (Dt 30.19). Sem contar que, quando o povo converteu, ele ficou foi irado (Jn 3.9; 4.1).
O detalhe é que Jonas não pediu aos ninivitas para mudarem de religião, nem abandonarem seus falsos deuses. E a Escritura Sagrada não registra que eles fizeram isto, mas apenas que eles se converteram do seu mau caminho e da violência que se achava na mão deles (Jn 3.8). Aliás, foi isto que Deus observou (Jn 3.10). O jejum, pano de saco, cinza, etc., Deus nem prestou atenção.
O foco do livro de Jonas não é a reação dos ninivitas, já que, além de estarem acostumados à prática de rituais para apaziguar deus, o arrependimento de Nínive foi superficial. Tanto que, ainda no final do século VIII A.C. eles foram o instrumento de Deus para punir Israel (Is 10.5).
A razão pela qual Deus abominava os falsos deuses é porque eles, por serem mortos, exigia que seus devotos fizessem algo, o que lhes roubava tempo e recursos que poderiam estar sendo usados em prol de próximo, enquanto que o Deus vivo lhes deixa livre justamente para amar o próximo (tanto que Jesus estava convidando as pessoas para serem livres da religião que nada mais fazia senão tornar o jugo da vida mais pesado do que já era, acrescentando mais obrigações – Mt 11.28-30).
Detalhe: embora a maioria dos teólogos considere o livro de Jonas como um incentivo à obra apostólica (que muitos chamam de missionária), quando se analisa o livro com critério, percebe-se que isto não tem fundamento, já que o evangelho representam as boas novas da salvação, enquanto que a pregação de Jonas foi apenas de juízo condenatório.

Lições do livro de JONAS para nós:

PRIMEIRA: Muitas vezes pensamos que a raiz do pecado é algo “mal”. No entanto, muitas vezes a raiz é algo, aparentemente, “bom”. Por exemplo:

E  Quando um país entra em guerra contra outro, o objetivo é acabar de vez com as guerras através da aniquilação do suposto causador de todos os males e inquietações em seu interior;
E  Quando alguém processa outro, aparentemente o objetivo é corrigir a injustiça, intimidar os perversos e, principalmente recuperar o perdido, de modo que todos procedam corretamente.

Todavia, a condenação paira sobre os que fazem o mal, ainda que a desculpa seja promover o bem (Rm 3.8). Neste caso, o que ficou em evidência foi o poder do mal, e não o de Deus. O Criador instituiu a Antiga Aliança para que todos percebessem que jamais o pecado poderia ser eliminado do mundo através da “boa vontade” das pessoas em obedecer os mandamentos de Deus (Rm 5.20). Cerca de 6.000 anos se passaram para que todos vissem que, não importa o esforço sincero em criar uma sociedade perfeita: sempre houve conflitos e sempre haverá até Jesus dar um basta definitivo com Sua vinda.
É bom lembrar que Deus ordenou que não comesse da árvore do conhecimento do “bem” e do “mal”, e não apenas do “mal”. Mas por quê?
A questão não é se o que fazemos é certo ou errado, mas sim se fazemos com ou sem a presença viva de Jesus. Quem não é com Ele já está contra Ele (Mt 12.30). Veja o caso do diabo: não pense que ele, no início, estava mal intencionado quando decidiu subir aos céus (Is 14.12-14). Mesmo porque não havia maldade nele, nem ninguém para tentá-lo (Ez 28.15). Mas, ao tentar fazer o bem separado de Deus, se tornou adversário (concorrente) Dele, querendo ocupar o lugar Dele na vida das pessoas. Hoje, quase todos os líderes religiosos acabam fazendo o mesmo.
Contudo, veja a orientação dada por Salomão:

*     “Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?” (Ec 7.16).

Por que isto? Simples! Há pessoas que tentam ser melhores (mais boas, justas e sábias) do que Deus. Cheias de “boas intenções”, saem fazendo uma série de coisas com vistas a tentar melhorar este mundo ou amenizar o sofrimento das pessoas. Ora, se é assim, então por que Deus já não acaba de vez com o sofrimento? Por que condenou o mundo todo ao fogo (2Pe 3.10-12)?
Porque o objetivo nunca foi salvar o planeta, mas manifestar a principados e potestades Sua multiforme graça (1Pe 4.10) e sabedoria (Ef 3.10). Mesmo porque, a verdadeira forma de lutar contra principados e potestades (Ef 6.12) não é tentando destruí-los, mas manifestando a todos a verdade e a justiça de Deus, bem como os demais atributos contidos na armadura do espírito (Ef 6.14-17). Além disto, está mais que provado que, enquanto cada pessoa não experimenta dentro de Si o caráter e o poder de Deus, jamais um dado grupo de pessoas será perfeito em unidade e correto. Força externa só conserva pessoas no caminho enquanto esta é mantida.
Em particular, veja o caso de Jonas: apesar de ter desobedecido a Deus, ele se achava justo o suficiente para se achar superior aos habitantes de Nínive (Jn 4.1-3), a ponto de considerar a morte melhor do que contemplar a compaixão de Deus por Nínive. Mas ele era tão carente da misericórdia de Deus quanto Nínive.

SEGUNDA: Deus tem controle sobre toda a natureza. Tanto que, para disciplinar Jonas Ele usou:

*      O vento e o mar (Jn 1.4; Na 1.4);
*      um grande peixe para tragar Jonas (Jn 1.17) e, no momento certo, ordenou que ele o vomitasse (Jn 2.10);
*      uma aboboreira, que numa noite nasceu e na outra pereceu (Jn 4.10);
*      um verme para ferir a aboboreira (Jn 4.7);
*      um vento calmoso oriental para que o sol pudesse ferir a cabeça de Jonas (Jn 4.8).             

Deus usa a natureza para expressar a Sua vontade (veja também as pragas do Egito; Js 10.11-13; Jó 5.23; Sl 147.4; 148.8; Os 2.18; Am 5.8; 9.6).

TERCEIRA: Deus conduz todos os acontecimentos, de modo que tudo contribua para o bem daqueles que O amam (Rm 8.28) e Sua Palavra seja cumprida do modo que Lhe apraz, segundo o Seu propósito (Is 55.10,11) de sujeitar a Si todas as coisas (Ef 1.10; Fp 3.21). Em outras palavras, Ele é soberano e nenhum dos seus planos pode ser frustrado.

QUARTA: Nosso pecado faz de nós uma maldição ambulante, colocando em risco todas as pessoas à nossa volta. E o pior é que o pecado nos deixa adormecidos na desobediência, sem perspectivas e sem qualquer disposição de enxergar a luz.

QUINTA: Não adianta dar oportunidade a alguém que insiste em ficar preso ao sistema que rege este mundo. Ainda na terra retidão ele pratica a iniquidade e não atenta para a majestade do Senhor (Is 26.10). Por isto Deus não deu oportunidade a Tiro, Sidom e Sodoma: porque, mesmo que eles se arrependessem (Mt 11.21-23), tal arrependimento seria superficial e, tal como Nínive. Após alguns anos, ela voltou a toda crueldade (como se vê em Is 36,37) e seria inevitavelmente destruída.

SEXTA: Quando estamos fora da direção de Deus, nada há que possamos fazer para mudar a situação à nossa volta. A desobediência sempre resulta em prejuízo para nós. Não é que a tempestade, a água e o fogo não venham quando estamos em Cristo. Todavia, apenas o que é transitório é abalado; só a sujeira é removida e o entulho, queimado. Por outro lado, quando nos agradamos do Senhor, Ele em pessoa se torna a satisfação dos desejos do nosso coração (Sl 37.4), de modo que até os nossos inimigos fazem paz conosco (Pv 16.7).

SÉTIMA: É impossível fugir de Deus. Davi constatou isto (Sl 139.7-12). Jacó achou que podia passar a perna no irmão e as coisas continuarem do mesmo jeito (Gn 28.14-17).

OITAVA: A raiz de amargura nos priva de desfrutarmos da graça de Deus, a ponto de considerarmos a conversão das pessoas algo ruim (tal como se deu com os líderes religiosos – ver Mt 12.22-24; Jo 12.9-11,18,19; At 4.14-21).

NONA: Quando nossos olhos estão postos em coisas secundárias, aquilo que realmente é importante vai ficando de lado e nos tornamos incompassivos e tristes (Jn 2.8).

DÉCIMA: Deus ama os pecadores e projetou tudo para impedir que os mesmos sejam consumidos em seus pecados (Jo 8.24).

DÉCIMA PRIMEIRA: Deus não rejeita um coração contrito e quebrantado (Sl 51.17).

DÉCIMA SEGUNDA: Tempestades e lutas são momentos destinados a trabalhar nosso caráter e nos apontar a direção correta.

DÉCIMA TERCEIRA: Toda criação obedece ao chamado de Deus. O ser humano é o único que diz “não” ou “espera”. Exemplos disto pode ser visto em (Sl 147.4; 148.2-8). Aqui, em particular, temos:

*      O vento indo em direção ao mar para causar turbulência (Jn 1.4);
*      O peixe atendendo ao chamado de Deus para engolir Jonas (Jn 1.17);
*      O peixe vomitando Jonas na praia ao ouvir a voz do Senhor (Jn 2.10);
*      O verme indo até a aboboreira e ferindo-a (Jn 4.7);
*      O vento calmoso oriental dando ocasião para que o sol ferisse a cabeça de Jonas (Jn 4.8);
*      A aboboreira crescendo rapidamente por cima de Jonas para fazer sombra sobre sua cabeça (Jn 4.6). Ela não pensou em crescer em outra direção, como que dizendo: “eu não! Jonas merece ficar com a cabeça quente!”. Inclusive, note que, apesar de ter obedecido, ela foi ferida. Isto parecia não ser justo, já que ela obedecera com fidelidade à ordem de Deus. No entanto, ela sofreu por causa de Jonas, para que ele pudesse aprender a lição. Daí a Escritura Sagrada dizer que a criação geme esperando pela manifestação dos filhos de Deus (Rm 8.19-22) e que a criação fica fez quando Deus agracia Seus eleitos (Is 43.20).

DÉCIMA QUARTA: Mesmo que você ache que não é capaz de pregar o evangelho com eficácia, jamais desista:

*     Primeiro, porque, se você deixar, Deus será com tua boca (Êx 4.11,12; Mt 10.19,20);
*     Segundo, porque é o Espírito Santo quem convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8);
*     Terceiro, porque o importante é que você se torne, para Deus, um sinal, tal como Jonas (Lc 11.29,30). Note como, mesmo a pregação de Jonas sendo parcial e relaxada (ver Jr 48.10; Jn 3.3,4), ainda assim surtiu efeito, pois não foi a pregação de Jonas que teve efeito, mas sim o que Deus fez por meio dele, transformando-o num sinal vivo.

Hoje em dia há todo um esforço no sentido de se pregar um evangelho atraente, racional, calculista, cujo único propósito é agradar a carne. Em virtude disto, prega-se um evangelho antropocêntrico ao invés de cristocêntrico.

Característica peculiar:

E  É o único livro profético que é uma narração.
E  Seu foco é Deus dando a Nínive oportunidade de arrependimento.
E  É o único caso de um profeta ser enviado a profetizar em uma nação pagã, não apenas para o seu bem, mas para vergonha de Israel.
E  Foi o único profeta comissionado por Deus que decidiu esconder a mensagem.
E  Foi o profeta que mais relaxadamente cumpriu seu chamado, mas que melhor êxito teve (100% do povo se converteu);
E  Foi o único mensageiro de Deus que ficou insatisfeito com o seu sucesso.

Quando:

Jonas viveu durante o reinado de Jeroboão, filho de Jeoás. (2Rs 14.25).
Eis a ordem cronológica dos profetas: Amós veio primeiro. Depois, veio Jonas, depois vieram Oséias (Os 1.1) e Isaías. Depois Miquéias. Mais tarde veio Sofonias e, em seguida, Naum, depois Sofonias e Jeremias (que foram contemporâneos), seguido por Habacuque, Joel (que iniciaram seu ministério no meio do ministério de Jeremias).

II – JONAS 1.2-2.10-> 1º CHAMADO – DEUS FAZ DE JONAS UM SINAL PARA OS NINIVITAS

Jn 1.2 a 1.17-> A visão errada acerca do que deveria ser feito na tempestade. Deus impede Jonas e os marinheiros de irem e virem para longe do sinal que Deus queria manifestar

Nínive, a leste do rio Tigre, significa residência de Ninrode, seu fundador (Gn 10.11). Tanto Nínive quanto Babilônia foram construídas no território que fora dado por Deus a Sem. Na época,  uma cidade do tamanho de Nínive (cerca de 120.000 criancinhas do sexo masculino – Jn 4.11) era algo tão impensável que, por três vezes, ela é chamada de grande cidade (Jn 1.2; 3.2-3; 4.11).
O detalhe é que o termo “grande cidade” é usado para retratar a Grande Babilônia (Ap 17.5). Mas o que fazia uma cidade ser considerada grande aos olhos de Deus? É oportuno lembrar que tudo que é elevado entre os homens é abominação diante de Deus (Lc 16.15).
Se pensarmos que o objetivo de Deus foi sempre reinar sobre todos (1Sm 8.7), logo toda tentativa de unir pessoas sem Jesus é estar contra Ele (Mt 12.30). Por isto Deus confundiu a linguagem na torre de Babel (Gn 11.7). Note, também, que Grande Babilônia é a cidade que domina sobre os reis da terra (Ap 17.18) e onde Jesus foi crucificado (Ap 11.8).
Logo, Nínive era grande porque muitas eram as pessoas sujeitas ao governo de um rei humano. Entretanto, Deus aqui mostra que, mesmo não aprovando aquele sistema de governo, ainda assim estava disposto a perdoar-lhes se eles se convertessem.
Jonas é intimado a clamar contra a cidade (pregar em alta voz) e não a falar de modo tímido, baixinho, discreto. O detalhe é que este comportamento tão comum entre os profetas (ver Is 40.6; 58.1), é o oposto do comportamento adotado pelo Messias (Is 42.1-3). Isto vem a nos ensinar que, quanto maior a autoridade da pessoa, menor a necessidade que ela tem de fazer uso de artifícios carnais para mexer com as emoções das pessoas.
Além disto, pelo fato de, no Antigo Testamento, serem poucos os que eram diretamente usados por Deus para ministrar algo Dele na vida das pessoas, o Espírito Santo não era derramado sobre a maioria. Obviamente, não eram santificados, mas tentavam servir a Deus pela carne, o que é impossível (Rm 8.9).
Diante deste quadro, é necessário atitudes drásticas para quebrantar corações, como clamar e contratar carpideiras, para estimular choro e tristeza de coração (Jr 9.17). Agora, todavia, todos que creem são sacerdotes (1Pe 2.5; Ap 1.6; 5.10) e, por estarem à serviço direto do Rei (2Tm 2.19-21), receberam o selo do Espírito Santo (Ef 1.13; 4.30), ou seja, se tornaram impossíveis de serem contaminados e discernidos externamente (1Co 2.15,16). O Espírito Santo é dado para nos unir perfeitamente uns aos outros (Jo 17.11,21-23), de modo que possamos estar a serviço de Sua Igreja. Sem isto, somos inúteis (Rm 3.11).
E o motivo pelo qual Nínive foi alvo da ira, compaixão e profecia de Deus é porque eles adoravam também a Deus (daí seu clamor chegar até o Deus de Israel). Todas as vezes que um grupo de pessoas passou a cultuar a Deus de modo errado, foram alvo do juízo de Deus. Por exemplo:

1.        Quando Caim, para ser agradável a Deus, deduziu que se Abel não existisse, ele seria objeto da atenção de Deus. Por isto é dito que o sangue de Abel fala (Gn 4.10), pois ele foi resultado do amor corrompido de Caim por Deus (1Jo 3.11,12). É justamente este tipo de amor corrompido que move as pessoas a favorecerem umas em detrimento a outras (iniquidade), a fazer males para que venham bens (Rm 3.8).
2.       Pelo fato de a maldade ter se multiplicado nos tempos de Noé (Gn 6.5,11,12), as pessoas estavam invocando a Deus em prol da destruição umas das outras (Gn 6.13). Isto era uma ameaça à fé de Noé que andavam com Deus (Gn 6.9)
3.       No episódio da torre de Babel, considerando que Deus “desceu” para ver a torre que os “filhos dos homens” (que buscavam a Deus sem nascerem de novo, ou seja, não eram filhos de Deus), logo esta torre tinha por objetivo unir as pessoas para buscarem ao Deus verdadeiro, só que do modo errado (Gn 11.4);
4.      Pessoas novamente estavam clamando a Deus por motivos malignos (Gn 18.21). As práticas deles eram tão más que chegavam a clamar (gritar) a Deus, como que tentando obrigá-Lo a agir rapidamente. Isto trazia aflição à alma de Ló (2Pe 2.7,8).
5.       Esdras e Isaías declaram que o pecado de Israel era tão grande que chegavam a cultuar a Deus de modo perverso, corrompido (Ed 9.6; Is 59.12,13). Daí Isaías dizer “me irrita diante da minha face(Is 65.3).
6.      Os pecados da Babilônia se acumularam até a ponto de contaminar a ideia que as pessoas tinham de céu e dificultar os anjos de ter a ideia certa das coisas de Deus (Ap 18.5; ver Hb 9.23) (ver também Ef 3.8-10; 1Pe 1.12).

Isto acontece porque Deus zela pelo nome Dele (Is 48.9; Ez 20.9,14,22,44; 36.21-23). Afinal, Deus jamais permitirá que pessoas sinceras e tementes a Ele venham a ser enganadas quanto a quem Ele é e qual a Sua vontade para nós (Rm 10.11). Qualquer tentativa de perverter a fé de pessoas que têm ligação direta com Deus e estão sendo guiadas por Ele (Rm 8.14) é punida severamente (ver At 5.4,5,9,10).
Infelizmente, hoje, não existem pessoas ligadas a Deus, mas apenas buscando um agente para o mal que abrigaram dentro de si, que lhes permita ter o que desejam, sem serem censuradas por isto.
Jonas, em seu ódio pelos Ninivitas, decidiu fugir para Társis, considerado um dos lugares mais distantes de Nínive, que hoje fica na atual Espanha. Para não ser tomado pela compaixão de Deus, Ele saiu da terra de Israel, onde Deus se mostrava presente em virtude da aliança feita com Abraão, Isaque e Jacó (Êx 3.14,15), fazendo exatamente como Caim que, obstinadamente, fugiu do lugar onde Deus o queria e onde Ele mantinha comunhão com a humanidade.
Detalhe: presença do Senhor é o lugar onde Ele fala com as pessoas (Jó 1.12; 2.7).
É bem provável que Jonas soubesse que era impossível fugir do Senhor (ver Gn 3.8-10; Sl 139.7-10; Jr 23.24). Contudo, ele preferiu ignorar isto, o que levou ele a uma queda progressiva:

1º -    Ele desceu a Jope (Jn 1.3);
2º -   Ele desceu para dentro do navio (Jn 1.3);
3º -   Ele desceu para o porão do navio (Jn 1.5);
4º -  E foi lançado ao mar (Jn 1.15);
5º -   No ventre do peixe, ele navegou até os fundamentos dos montes (Jn 2.6);
6º -  Ele desceu até o ventre do inferno (Jn 2.2).

Na Escritura Sagrada, quando alguém ia para longe da presença de Deus, o resultado é ela descer (Sl 42.7). Por exemplo:

Ø  Abrão desceu ao Egito para peregrinar (Gn 12.10) porque levou Ló consigo, quando a ordem dada era “sai da tua terra e da tua parentela” (Gn 12.1);
Ø  Sansão desceu a Timinate, onde conheceu uma mulher pagã (Jz 14.1,5).
Ø  “Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro” (Is 31.1).

Jope era uma cidade que pertencia à tribo de Dã, conhecido desde os tempos de Salomão (ver 2Cr 2.16) até de Atos dos Apóstolos (At 9.36). Jonas não parou para pensar que, ao descer rumo ao mar (que, no apocalipse é usado para simbolizar multidão agitada e sem direção – Ap 17.15), ele se tornaria sem valor, já que, sem Jesus, nada temos de bom para oferecer (Rm 3.12) e quem busca glória de homens não está apto para servir a Deus (Jo 5.44; Gl 1.10).
Jonas não se deu conta é que, separado de Deus, ele não era mais profeta. Mais ainda: ao pregar a mensagem de Deus pela metade (ele só pregou a parte referente à destruição, sem cogitar a hipótese de Deus suspender a sentença caso eles se arrependessem e convertessem), ele poderia facilmente ser considerado como um falso profeta, já que o que ele disse não se cumpriu.
Um detalhe importante a ser destacado é a diferença de comportamento entre Jonas e os marinheiros:

*      Enquanto Jonas, um profeta do Senhor, se afastava de Deus e não o invocara na hora da angústia, os marinheiros pagãos reconheciam que aquilo era uma repreensão divina e, por isto, invocavam cada um ao seu deus (Jn 1.5) e ainda convidavam Jonas a tomar parte em suas orações. Os filhos do mundo são mais prudentes em sua geração que os filhos da luz (Lc 16.8).
*      Enquanto os marinheiros “inocentes” estavam alarmados, Jonas se mantinha indiferente, alheio a tudo que estava acontecendo à sua volta, tal como, hoje, as pessoas bem financeiramente dormem na segurança dos seus palácios, indiferente a milhares que morrem de fome, frio, em drogas, etc. Quem adota esta postura opta por descer às profundezas ou a subir a lugares muito altos (Hc 2.9) a fim de que ninguém o encontre e seja capaz de chegar até ele para incomodá-lo.

O motivo para cada um invocar o seu próprio deus é simples: embora eles pudessem identificar quando uma atividade era de origem divina, eles nunca sabiam qual dos deuses fora responsável por isto. Assim cada um clamava ao seu deus na esperança que este pudesse exercer uma influência maior do que a divindade que estava a trazer o problema. Eles não queriam perdão, muito menos se arrepender ou converter, mas apenas ter o problema resolvido.
Hoje, a história se repete! As pessoas nunca pensam que, antes de tudo, a culpa é delas. Ninguém vai a Jesus pensando em se entristecer e converter dos seus maus caminhos, de modo a serem capazes do bem, mas apenas querem que Jesus faça o mundo ficar a favor deles.
Note como Jonas dormia um profundo sono (Jn 1.5), o que lembra a ocasião em que:

*     Deus fez cair um sono pesado sobre Adão (Gn 2.21);
*     Deus derramou um espírito de profundo sono sobre o povo de Israel (Is 29.10);
*     Uma pessoa dormia quando o amigo importuno chegou de viagem (Lc 11.5-8);
*     As 10 virgens que dormiram enquanto esperavam pelo noivo (Mt 25.5,6).

O detalhe é que a ordem é para não dormirmos espiritualmente (1Ts 5.6,7). No entanto, assim como Deus usou o mestre do navio para acordar Jonas (Jn 1.5), o amigo importuno para acordar o dorminhoco e alguém para gritar e despertar as virgens (Mt 25.6), Deus permite certos incômodos para nos despertar a fim de naufragarmos. Se o mestre do navio não acordasse Jonas, é bem provável que ele e toda a tribulação perecessem.
Inclusive, este episódio ilustra bem Ef 5.14, onde nos ordena a despertarmos e nos levantarmos de entre os mortos.
Também é importante observarmos a situação semelhante que ocorreu no Novo Testamento. Os discípulos também enfrentaram uma tempestade e Jesus dormia na popa do barco sobre uma almofada (Mc 4.37-39; Lc 8.14). No entanto, enquanto Jesus dormia em Sua inocência e pureza, Jonas dormia em virtude da sua aparente segurança carnal e consciência cauterizada.
Note como, apesar de todo o esforço para não naufragarem, nada funcionava. Mesmo tendo lançado fora a carga que estava no navio (Jn 1.5) (tal como fizeram os marinheiros em At 27.18,19,38, chegando ao ponto de lançar ao mar até a armação do navio), ainda assim nada melhorava. Pelo contrário: só piorava, já que o mar ia se tornando cada vez mais tempestuoso (Jn 1.11). Quando Deus está irado, até nossos atos de misericórdia irritam a Deus (ver Jn 1.13; 2Cr 19.2; 1Rs 20.36; 2Sm 6.6-8), pois tal misericórdia é cruel (Pv 12.10).
Inclusive, por aqui podemos ver como os marinheiros valorizavam mais a vida do que a carga. É bom lembrar que, num navio cargueiro, o motivo da viagem era justamente a carga. Por outro lado, Jonas dormia profundamente, sem se importar com tudo e todos, fazendo como Pilatos: “fique o caso convosco” (Mt 27.24), como que dizendo “eu não tenho nada com isto. Vocês é que se virem”.
E para se ter uma ideia da gravidade do problema, basta pensar que, embora os marinheiros estivessem acostumados a enfrentar tempestades, com certeza eles nunca viram uma tão terrível quanto esta. Daí perceberem que havia algo sobrenatural agindo (Jn 1.5).
 É por isto que o mestre do navio chega a Jonas e questiona algo que, parafraseado, fica assim: “enquanto você está dormindo, o que é que você está fazendo? O que você tem?”. Em outras palavras, “o que você está ganhando com isto?”. “Levanta-te e use todos os recursos que você tem disponível. Clama, tenta dar vida àquilo que você acredita”. Mas como, se não existe vida em nós mesmos, mas apenas em Jesus (Jo 5.26; 11.25)? Por que teimamos em querer fazer com que nossos ídolos resolvam os problemas da humanidade?
O único a quem devemos fazer lembrar é ao Senhor (Is 62.6,7), pois só Ele tem pensamentos bons a nosso respeito (Gn 8.1; Êx 2.25; 3.7,9; Sl 40.17; Is 57.19-21). Todavia, o que significa isto? Será que Deus é um velho desmemoriado que precisa de algo que lhe refresque a memória (ver Gn 9.14,15; Ml 3.16)? Será que também necessita de algum ritual ou objeto que nos faça lembrar Dele (como, por exemplo, Lc 22.19; 1Co 11.24,25)? Com certeza não, pois nada do que fazemos pode se comparar a Ele; muito menos Ele precisa ser lembrado de alguma coisa.
Logo, peguemos o exemplo da Santa Ceia: Deus não quer memória de acontecimentos passados, mas sim algo real no presente que confirme o que foi feito no passado. Neste caso, isto acontece quando deixamos Jesus viver Sua vida em nós a fim de compartilharmos Sua Palavra e dons com o próximo (Lc 22.17-19). Ao assim procedermos, estamos vivendo novamente a Santa Ceia, bem como tudo aquilo que o sacrifício de Cristo significa.
Já a ideia de que precisamos fazer algo para lembrar a Deus que existimos e merecemos Seu favor, é algo totalmente pagão (como se vê em Jn 1.6; ver também Mt 6.7). O que acontece é que, quando pessoas se levantam para clamar a Deus por algo, elas estão se lembrando da Palavra de Deus. Se elas permitirem que o Espírito Santo trabalhe toda a pureza e santidade da Sua Palavra no coração delas, aí sim teremos algum proveito. Ou seja, o objetivo é manter a mente das pessoas se lembrando daquilo que Deus deseja.
Antigamente, era comum o ato de lançar sortes a fim de buscar conhecer a vontade de Deus e fazer cessar os pleitos (Pv 16.33; Nm 26.55,56; 1Sm 14.36-42; At 1.26). Neste caso em particular, o objetivo era descobrir o culpado. Acreditava-se que a culpa de um afetava todos. De uma certa forma, isto é verdade, já que:

?  Por causa de Acã, todo o Israel foi derrotado (Js 7);
?  Nossas ações influenciam as pessoas, seja diretamente ou indiretamente.

Contudo, é bom lembrar que Deus não pune os filhos por causa do pecado dos pais (Dt 24.16; 2Cr 25.4; Jr 31.29,30; Ez 18.2-4). Ou seja, as ações das pessoas só nos afetam quando estamos fora da direção de Deus (Pv 26.2). Do contrário, Deus nos livra com Sua presença (ver Sl 91.5-7; Is 43.1-2), de modo que tudo passa a estar debaixo dos nossos pés servindo de apoio (Ef 1.21-23), já que tudo e todos está sob o controle do Senhor (Jó 42.2; Sl 24.1; Jo 17.1,2).
Todavia, urge ressaltar que o objetivo não é vencer “no” mundo, mas vencer “o” mundo (1Jo 5.4), tal como Jesus que se fez pobre neste mundo para que a verdadeira riqueza nos fosse concedida (2Co 8.9).
Voltando ao caso de Acã, assim como, após descoberto tudo, Josué conduziu ele a confessar tudo com sua própria boca (Js 7.19), o mesmo fizeram com Jônatas (1Sm 14.43) e Jonas (Jn 1.8). Isso lembra o fato de que, por nossas palavras, havemos de ser justificado ou condenado (Mt 12.37; Lc 19.22).
Se por um lado vemos Acã levando todo o Israel a perder a guerra e Jonas colocando em risco a vida de todos os marinheiros, por outro vemos Moisés deixando de entrar na terra prometida (Dt 4.21) e Satanás encontrando lugar para tentar Davi por causa dos pecados de todo Israel (2Sm 24.1; 1Cr 21.1).
Em outras palavras, a ideia de corpo já está sendo ilustrada, onde:

*      Se um membro sofre, todos sofrem com ele (1Co 12.26; Tg 5.13);
*      Se o corpo todo é afetado, um membro em particular também o é por cumplicidade (daí 2Co 6.14-18; Ef 5.11);

E não só isto! Aqui pode-se perceber a verdadeira Santa Ceia: seguir o exemplo deixado por Cristo (1Pe 2.21-24), ou seja, “levar os pecados” dos outros. Repare como foi isto que os aconteceu nos 4 casos citados e também no de Judá, Jesus e dos sacercotes:

a)      Judá se dispôs a ficar escravo no lugar de Benjamim. Embora não soubesse da verdade, estava levando os pecados de José (já que foi tudo armação dele – Gn 44.1,2) como se fossem os de Benjamim (Gn 44.17-34);
b)      Veja o ministério dos sacerdotes: “Por que não comestes a expiação do pecado no lugar santo, pois é coisa santíssima e Deus a deu a vós, para que levásseis a iniqüidade da congregação, para fazer expiação por eles diante do SENHOR?” (Lv 10.17);
c)      Acã, embora tenha cobiçado e não confessado espontaneamente sua culpa, pelo menos não mentiu. Ele poderia ter negado tudo, mas acabou aceitando a punição de Deus necessária para salvar todo o Israel (note como a Escritura Sagrada não diz que ele tentou fugir);
d)      Jonas, embora não tenha confessado tudo livremente, não escondeu nada e até teve compaixão suficiente para pronunciar contra si a punição necessária a fim de que todos fossem salvos. Jonas, em Jn 1.12, se torna uma amostra do que vem a ser remorso: ter mais nojo do seu pecado do que no sofrimento que haveria de vir com ele (Lv 26.41,43; Tg 4.8,9). No entanto, o “arrependimento” de Jonas é em virtude do que sua atitude, aparentemente, teria causado aos marinheiros, e não na raiz de todo o mal que era o seu ódio mortal pelos ninivitas, a ponto de recusar que qualquer manifestação de misericórdia da parte de Deus os alcançasse.
e)      Moisés, embora involuntariamente, acabou levando os pecados de Israel ao se deixar levar pelas murmurações deles no episódio das águas de Meribá. Acabou morrendo para que o nome do Senhor fosse conservado santo perante o povo de Israel (Nm 20.12).
f)       Davi, embora tivesse pecado, ao enxergar seu pecado e as consequências para todo o Israel, aceitou que só ele e sua família fosse punido em lugar de todo o Israel.
g)      Jesus, conforme profetizado por Caifás, iria morrer a fim de que toda a nação não perecesse (Jo 11.50). É bem verdade que, quando Caifás disse isto, ele queria dizer que era melhor Jesus ser morto do que toda a nação vir a perecer pelas mãos dos romanos (Jo 11.47,48). Isto, contudo, mostra que, até os maus propósitos dos filhos dos homens Deus é capaz de usar para o bem.

Estes são exemplos de que devemos levar os pecados das pessoas (Lv 10.17). Mas Jesus já não levou os pecados de todos? Certo! Jesus fez o sacrifício pelos pecados. Enquanto que as pessoas acima (letras “a)” a “f)”) deram suas vidas pecadoras (algumas vezes involuntariamente), Jesus deu Sua vida perfeita e voluntariamente. Por isto é que a vida de todos os animais deveria ser derramada em terra (Lv 17.13,14) enquanto que a vida de Cristo é para ser bebida (Jo 6.53-57).
Contudo, assim como Jesus deu Sua vida para que toda a humanidade não sofresse a morte trazida do pecado (Rm 6.23), devemos entregar nossa vida para que as outras pessoas possam permanecer vivas e venham a conhecer o Deus verdadeiro (daí dizer  que nós temos que morrer para nós mesmos – Mt 16.24; Rm 6.1-4; Cl 3.3) e, assim, não pereçam nos seus pecados (Jo 8.24), mas recebam todos os benefícios que Jesus conquistou por elas na cruz, vindo a serem salvas no Dia do Senhor Jesus (1Co 5.5). Em outras palavras, ao invés de condenarmos as pessoas por suas falhas, devemos entregar nossas vidas para que as pessoas não venham a perecer nestas (Ez 3.18; 33.6,8).
Basta pensar no princípio da nossa salvação, a saber, do mover do Espírito Santo na nossa vida: “Quem crê em mim como diz a escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” (Jo 7.38). Não é para crer em Jesus conforme proclama o sistema religioso, mas sim como a Escritura Sagrada descreve, ou seja, como aquele que nos enche a fim de que, ao invés de termos sede, possamos transbordar para sermos bênção na vida dos outros (ver Gn 12.1-3). Ou seja, a bênção do Espírito Santo é para aquele que quer desfrutar do privilégio de dar (2Co 9.8), de ser guiado por Ele para granjear amigos nos tabernáculos eternos (Lc 16.9), de ser livre para ajuntar tesouros no céu (Mt 6.19,20).
Pense: qual é o evangelho eterno que estava na mão do 1º anjo mensageiro (Ap 14.6,7)? O evangelho do reino (Mt 24.13), ou seja, que Deus nos chamou para sermos súditos de um “lugar” onde Ele é o rei sobre todos os que ali habitam. Lembre-se que somos o corpo de Cristo e, individualmente, membros uns dos outros (Rm 12.5). Uma vez que somos o reino Dele (Lc 17.21), devemos investir em nós mesmos, recebendo de Jesus tudo que Ele tem para nós, a fim de que possamos estar preparados para que, quando alguém vier a necessitar de nós, a saber, dos dons (1Co 4.1-4; 1Pe 4.10) e frutos (Mt 21.33,34; Jo 15.8) que Jesus colocou na nossa despensa (Mt 24.45), estejamos prontos para assistir.
O que não podemos é nos desligar do corpo de Cristo (de cada pessoa que crê) e querermos crescer sozinhos, sem qualquer interferência no caráter e desejos da pessoa.
Todavia, é preciso saber “quem somos” e “para quê” Deus nos criou. Por exemplo, como instrumentos de Deus, imagine que fossemos um “piano” destinado ao “treino de alunos iniciantes”. Logo, temos que nos preparar para que os pianistas principiantes tenham condições de vir até nós para desenvolverem seus dons. Não devemos perder tempo tentando agradar violonista ou pianistas famosos, pois isto só irá nos desgastar emocionalmente e acabar com toda utilidade que poderíamos ter àqueles a quem fomos destinados.
Se ignorarmos isto, poderemos ser repreendidos com a mesma pergunta que os marinheiros fizeram a Jonas “Que é isto que fizeste?”. Quando não sabemos de que Espírito somos (Lc 9.55) ou não conhecemos a Escritura Sagrada, o poder (Mc 12.24) e o dom de Deus (Jo 4.10), a tendência é trabalharmos no erro (Mc 12.27) e, com isto, nos cansarmos (Is 47.13; 57.10), até ser grande a ruína (Mt 7.27) ou sermos decepcionados quando Jesus vier (Mt 7.21-23; Lc 13.23-28).
Seja por hipocrisia ou ignorância, o fato é que seremos repreendidos. Já pensou quão triste é fazermos com Jesus o que os judeus fizeram, sem nos darmos conta do que realmente estamos fazendo (Lc 23.34; At 3.17)?
Agora tente imaginar como os marinheiros ficaram atemorizados ao saber que o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca (Jn 1.9) estava irado com Jonas por Ele ter fugido de Sua presença (Jn 1.10). Ainda mais considerando que o mar ia ficando cada vez mais tempestuoso (Jn 1.11). Entretanto, note a fé superficial de Jonas e a ignorância dos marinheiros idólatras que achavam que suas atitudes poderiam influenciar Deus, como se Deus estivesse preso ou condicionado às nossas ações. Daí a pergunta e resposta dos vs 11 e 12:

*      Ainda lhe perguntaram: Que te faremos nós, para que o mar se nos acalme? Pois o mar se ia tornando cada vez mais tempestuoso.” (Jn 1.11);
*      Respondeu-lhes ele: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade.” (Jn 1.12).

Fica até parecendo que o foco do livro é Jonas, quando, na verdade, é o próprio Deus. Pense: Deus poderia ter impedido Jonas de embarcar neste navio, assim como Ele impediu o navio de ir adiante. Ele poderia ter permitido os marinheiros voltarem para Jope ao invés de fazer que o mar fosse se embravecendo cada vez mais contra eles quando tentaram fazer o navio voltar para terra (Jn 1.13). Sem contar que Deus poderia muito bem ter levantado outro profeta  que lhe obedecesse, mas a desobediência de Jonas era providencial para que Ele pudesse fazer tais sinais.
Na verdade, tudo aquilo que aconteceu não foi por causa simplesmente da teimosia de Jonas. Deus queria fazer de Jonas um sinal para os ninivitas (Lc 11.30) e para a geração má e adúltera dos tempos de Jesus (Mt 12.39-41). Você já se perguntou como o sermão tão seco e breve de Jonas (apenas um dia de pregação – Jn 3.3) conseguiu tocar o coração de Nínive (Jn 3.4-9)? Logo, foi a teimosia de Jonas que deu lugar para Deus fazer todos aqueles sinais (tal como usou a dureza de coração de faraó para mandar as pragas do Egito que, posteriormente, conseguiram tocar o coração de Raabe – Êx 9.15,16; Js 2.9-11; Rm 9.17), de modo que a simples presença de Jonas fosse um sinal de que a mensagem era autenticamente divina. Se Jonas não tivesse agido mal, não haveria necessidade de todos aqueles prodígios e, provavelmente, Nínive não se converteria.
Com certeza a notícia de tudo que aconteceu chegou até Nínive (daí a ênfase na palavra “grande”, usada para indicar que, naturalmente, os acontecimentos iriam espalhar rapidamente, já que as pessoas gostam de notícias como esta). Embora os marinheiros estivessem indo de Jope na Judéia até Társis, existe a probabilidade de que algum dos marinheiros fosse ninivita. E, mesmo que não fosse, sempre há inúmeras pessoas desocupadas que ficam por conta de saber as novidades (como era em Atenas – At 17.21) ou espalhá-las. Agora imagine entrando dentro de Nínive aquele que, em meio a uma terrível tempestade, foi engolido por um peixe. Mesmo sem falar nada, só a presença Dele já era um sinal vivo do poder e da presença de Deus.
Sem contar que isto foi o testemunho da ressurreição de Cristo para Israel no Antigo Testamento. Note como a Escritura Sagrada diz que o Senhor preparou um grande peixe (Jn 1.17). Ou seja, não foi um peixe qualquer, mas um especialmente projetado por Deus para a ocasião, mais uma vez comprovando que tudo fazia parte do plano de Deus.
A condição de Jonas fechado 3 dias e 3 noites no ventre do peixe e, por isto, separado do mundo exterior, também lembra a situação de Israel, Nínive e nossa, que devemos ser sepultado no corpo de Cristo (1Co 12.13) a fim de morrermos para nós mesmos e ressuscitados pelo poder do Espírito Santo. O que parecia ser o emblema da morte foi, na verdade, o modo de isolar Jonas do mundo e livrá-lo da verdadeira morte. Em outras palavras, aquele que deveria ser o devorador passou a ser o preservador da vida. Logo, o peixe não foi uma maldição, mas sim o “navio” que Deus proveu para trazer Jonas de volta. Já pensou se ele tivesse que nadar tudo de volta?
Ou seja, a questão central não era a ação de lançar Jonas ao mar, mas sim o cumprimento do propósito de Deus por trás desta atitude. Não foi a atitude deles que influenciou Deus, mas sim o propósito de Deus que conduziu eles à decisão correta (ver Is 63.17; Lm 5.21; Jr 32.39; Jo 8.36; Rm 9.15-18). No que todos eles pararam de resistir ao propósito de Deus, as coisas começaram a se encaixar perfeitamente.
Enfim, não é Jonas e os marinheiros que estavam no controle da situação, determinando como Deus iria agir e o que haveria de acontecer no mundo. Antes, Deus, em Sua soberania, conduziu as circunstâncias (a tempestade, o culpado sendo detectado ao lançar sortes e a sentença sobre Jonas) a fim de que Jonas, os marinheiros e os habitantes de Nínive pudessem ter, igualmente, uma oportunidade para se arrependerem e converterem.
A prova disto é que tudo, a princípio, estava dando certo. Note como, ao descer a Jope, Jonas encontrou um navio que ia justamente para onde ele deliberou ir e ninguém do navio fez objeção (tipo: está cheio, não há provisão bastante, etc.). Isto vem a provar que nem sempre o fato de as coisas nos parecer favoráveis é prova de que Deus está se agradando de nós (é sinal de que Deus está permitindo, mas não significa que era este o plano original de Deus).
Veja por exemplo o caso de Davi: embora Araúna (Ornã) tivesse ofertado tudo a Davi a fim de que ele pudesse construir um altar ao Senhor, ele sabia que havia algo errado (2Sm 24.20-24). Toda aquela presteza com certeza não era por admirar ao rei ou ser temente a Deus. É bem provável que seja por ter visto o anjo do Senhor punindo a cerca de 70.000 (1Cr 21.14,15,20). Enfim, jamais devemos considerar o sucesso daquilo que fazemos como sinal de que estamos a fazer a coisa certa (devemos consultar a Deus e Sua Palavra (ver Sl 119.105)).
E os próprios marinheiros reconhecem que Deus fez como lhe aprouve (Jn 1.14). Tanto que, embora o vento fosse grande (Jn 1.4), ainda assim o navio não se quebrou. O objetivo era apenas chacoalhar a todos, chamar-lhes a atenção.
Todavia, tal reconhecimento não é porque eles fossem altamente espirituais, mas porque queriam, como Adão, jogar a culpa em Deus a fim de justificarem um ato que, a princípio, eles sabiam ser errado.
Não pense que havia bondade nos marinheiros. Como pagãos poderiam usar de bondade com alguém que estava a lhes trazer tantos problemas? O que eles não queriam eram mais problemas do que eles já vinham tendo. Tinham medo de que alguma maldição lhes sobreviesse da parte do Deus de Jonas. Ainda mais considerando que eles tinham plena convicção de que aquela tempestade era a ira de Deus. Veja o pedido deles:

*      Nós te rogamos, ó Senhor, que não pereçamos por causa da vida deste homem;
*      Não ponhas sobre nós o sangue inocente.

De certo, eles deveriam conhecer um pouco, já que presumiram acertadamente que Deus abomina derramamento de sangue inocente (Dt 21.8,9; Jr 26.15,16). É por isto que os marinheiros se esforçavam para não precisarem lançar Jonas ao mar. É claro que tudo foi inútil, já que:

*      “Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o SENHOR.” (Pv 21.30).

Por mais bem intencionados que possamos estar, nada funciona quando nos posicionamos contra o Senhor. Pelo contrário: só encontra resistência por onde vai (Jn 1.13; Os 2.6). Por isto é que, antes de agir, devemos buscar conhecer a vontade de Deus. Ao fazer isto, além de não prejudicarmos a nós mesmos (Jn 1.5), evitamos muita perda de tempo, energia e bens (Mt 7.24-27; Lc 12.15,25), trabalhando no erro (Mc 12.24,27). Inclusive, quando Jesus disse esta frase para os saduceus, Ele estava se referindo à ressurreição dos mortos. Quem não crê nisto, acaba buscando em Cristo apenas nas coisas desta vida, o que faz dela uma pessoa miserável (1Co 15.19).
Quem trabalha sem pensar que terá que comparecer no tribunal de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10), não pensa em ser rico para com Deus (Lc 12.21) e acaba adquirindo um monte de coisas de que não irá precisar, além de dificultar outros de conseguir o que precisam e o pior: privando a si mesmo de receber o milagre de Deus em sua vida.
                Enfim, a questão não era simplesmente o que fazer com Jonas, mas sim entender qual era a vontade do Senhor (Ef 5.14-17). Infelizmente, mesmo após ser alvo da misericórdia de Deus, Jonas ainda se mantinha endurecido, se recusando a aceitar a verdadeira vontade de Deus.
Ele queria apenas cumprir a obrigação (1Co 9.17) que votou (Jn 2.9) a fim de ficar livre do problema. Tanto que ele pregou a mensagem pela metade. Todavia, após ser lançado ao mar, engolido pelo peixe e permanecido em seu ventre, o próprio Jonas já era um sinal vivo de Deus. Não importava mais o que ele fizesse ou falasse, só de vê-lo vivo já era um milagre que comprovava a presença de Deus, tal como Lázaro, após ressuscitar, se tornou um sinal vivo da veracidade de tudo que Jesus fazia (Jo 12.9-11).
Quanto ao temor que esta experiência fez brotar nos marinheiros pagãos (Jn 1.16), é bem provável que tudo tenha sido circunstancial (tal como o temor que surgiu no coração dos apóstolos após Jesus acalmar a tempestade (Mc 4.41). Contudo, seus corações continuavam endurecidos (Mc 6.52; 8.17)). O sacrifício bem pode ter sido um mero agradecimento pelo fim do problema. Quanto aos votos, apenas promessas que alguém faz, mas que logo cai no esquecimento, tal como se deu com faraó (Êx 7.13,22; 8.15,19,22; 9.12,34,35; 10.20,27). Não estou afirmando isto categoricamente. Contudo, mesmo que houvesse intenção verdadeira em servir a Deus, bem sabemos que não é isto que verdadeiramente agrada a Deus (Sl 50.8-13; 51.16,17). Do contrário, Deus, em Is 19.21,22, não iria ferir ao Egito quando eles decidiram adorá-Lo com sacrifícios, ofertas e votos.
É importante também salientar a forma de Jonas se referir ao seu povo: “eu sou hebreu”, ao invés de “eu sou israelita”. Israelita era um termo usado entre eles. Eram os estrangeiros que se referiam ao povo de Israel como hebreus, principalmente os egípcios (Gn 40.15; 41.12; Êx 1.16) e os filisteus (1Sm 4.6,9; 13.3).
Ao confessar que o Senhor é o Deus dos céus, Jonas estava agravando ainda mais sua culpa e mostrando a todos o quão contraditória era a sua fé, já que tentou fugir do Deus soberano e onisciente. (Veja outros trechos onde aparece a expressão “Deus do céu” – 2Cr 36.23; Ed 1.2; 5.11; 7.12,23; Ne 1.4-5; 2.4; Dn 2.18-19,37,44; Ap 11.13; 16.11).
O fato de citar Deus do “céu”, que fez o “mar” e a “terra seca”, entre outras coisas, deve-se ao fato de que os pagãos têm um deus para cada um destes itens. Sem contar que isto ia de encontro à circunstância presente, o que mostra que Deus é Aquele que se encaixa perfeitamente dentro daquilo que estamos vivendo, sendo a nossa necessidade de cada momento.
Por fim, vem a questão: onde o peixe deixou Jonas? Segundo dizem os teólogos, Nínive não tinha mar e o porto marítimo mais próximo era Jope, que ficava a cerca de 880 Km. Como as caravanas viajavam cerca de 30 a 40 Km por dia, logo deve-se ter gastado em torno de um mês para Jonas chegar lá (dando tempo para a notícia espalhar).

2 comentários:

  1. Uau, essa matéria é incrível. Obrigada.

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    1. Fico feliz que você tenha sido edificada. Que Jesus continue te abençoando e te fazendo crescer na fé

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