ESTUDO DO LIVRO DE HABACUQUE
I - INTRODUÇÃO
Tema: Fé: sendo
livre para se alegrar no Senhor pela certeza de que Ele sairá, no momento
certo, para salvar Seus ungidos.
Versículos
Chaves:
“... mas o justo viverá pela sua fé.”
(Hc 2.4);
“Tu saíste para salvamento do teu
povo, para salvamento do teu ungido...” (Hc
3.13);
“todavia, eu me alegrarei no SENHOR,
exultarei no Deus da minha salvação.” (Hc
3.18);
Objetivo:
Embora
Habacuque fosse um homem de fé, esta se achava abraçada na coisa errada, a
saber, nas coisas materiais. Por isto ele
não podia conceber a ideia de que um Deus justo pudesse permitir o sucesso dos
ímpios.
No
entanto, após Deus falar com Habacuque, ele percebe que alegria dele deveria
estar na companhia do Senhor, e não nas circunstâncias.
Ou
seja, o objetivo deste livro é mostrar às pessoas que ficam perplexas com a
proliferação das injustiças no mundo que Deus não está alheio a tudo, mas assim
permite para que todos vejam a consequência e gravidade do pecado e, com isto,
entendam a importância de fazer do Senhor o motivo da sua alegria.
Considerações
Gerais:
Habacuque significa abraço. Algumas semelhanças são
encontradas em outros livros da bíblia:
Hc 2.6 com Is 14.4;
Hc 2.14 com Is 11.9;
Hc 3.19 com Sl 18.33.
Lições
do livro de Habacuque para nós:
1ª -
É
inútil querer ser feliz:
Tentando
conquistar o maior número de pessoas, só para garantir livre acesso aos dons e
talentos que lhes foi dado (Hc 2.6-8);
Defraudando
e explorando o mundo inteiro só para garantir que não será atingido pelo mal
(Hc 2.9-11);
Fundamentando
sua vida em si mesmo e construindo-a com a vida dos outros (Hc 2.12-14) no
regime de fissão ao invés de fusão;
Através
da orgia, onde o objetivo é obter riso fácil através da nudez das pessoas (Hc
2.15-17; contrariando Sl 15.3);
Tentando
edificar ou agradar ídolos. O correto é edificar e santificar a si próprio (Hc
2.18-20; Jo 17.19).
2ª -
Deus
sempre salva o Seu ungido, ou seja, aqueles que Ele constituiu sobre alguém (e,
consequentemente, sobre alguma coisa). Ele tem que ser nossa força (Hc 3.19).
3ª -
Para
nós os acontecimentos em si não devem importar, já que nossa alegria deve ser a
companhia do Senhor (Hc 3.18) e aquilo que Ele tem para fazer através de nós.
Característica
peculiar: é o
único livro profético onde o profeta não se dirige diretamente a Judá ou Israel,
mas trata-se de um diálogo entre o profeta e Deus, contendo um hino de louvor
em gratidão pela resposta obtida.
Além
disto, é o único dos profetas menores que emprega, em hebraico, a palavra
singular para Deus (Eloá), ao invés do plural (Eloim).
Eloá é encontrado também em Isaías, Daniel, Jó e Deuteronômio.
Quando: Durante o reinado de
Jeoiaquim.
II – Habacuque 1.2 a 1.11 -> 1º QUESTIONAMENTO E 1ª RESPOSTA: A FALTA DE FÉ FAZ COM QUE A PRESENÇA DO PRÓXIMO SEJA UM CASTIGO PARA NÓS
Hc 1.2 a 1.4-> Sem fé os ímpios distorcem a justiça a fim de poderem fazer uso de toda ferramenta de extorsão para se apropriar do alheio
“Até
quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! e
não salvarás? Por que razão me mostras a iniquidade, e me fazes ver a opressão?
Pois que a destruição e a violência estão diante de mim, havendo também quem
suscite a contenda e o litígio. Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça
nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, e a justiça se manifesta
distorcida.” (Hc 1.2-4).
Considerando
que a queda da Assíria se deu no 4º ano de Jeoiaquim e que a Babilônia ainda
não tinha invadido Jerusalém, logo é bem provável que Habacuque tivesse
profetizado durante o reinado de Jeoiaquim. Mesmo porque a situação de Israel nesta
época correspondia em muito ao clamor do profeta que, continuamente, era
expectador das diversas formas usadas pelos perversos para se apropriarem do
que era dos outros:
Violência
(compare Hc 1.2 com Jr 22.3);
Iniquidade
(compare Hc 1.3 com Jr 22.13);
Opressão
(compare Hc 1.3 com Jr 22.17);
Destruição
(compare Hc 1.3 com Jr 20.8);
Contenda
(compare Hc 1.3 com Jr 22.3);
Litígio
(compare Hc 1.3 com Jr 22.3);
Afrouxamento
da lei, de modo que a justiça nunca se manifestava (compare
Hc 1.4 com Jr 22.15-17).
Em virtude das ameaças de destruição e violência, muitas pessoas tinham medo de
denunciar as falcatruas e muitos juízes ou policiais, de fazer valer a lei.
Quem era justo arriscava-se a ser despojado (Is
59.15);
Ímpio
cerca o justo, de modo que a justiça se manifesta distorcida (compare Hc 1.4 com Jr 5.26). Hoje, com a elite global cercando os governantes de cada
país, os líderes acabam explorando aqueles que os elegeram para lhes
representar, com o intuito de torná-los seus escravos. Para tanto,
implementavam leis injustas (Is 10.1; tal como o anticristo fará, mudando os
tempos e as leis – Dn 7.25).
Tal
como outros servos de Deus, ele queixava de ser obrigado a conviver com tanta
maldade. Deus parecia não se importar (ver
Jó 19.7,8; Sl 13.1,2; 73.1-14; Jr 12.1; 14.9; 20.8; Zc 1.12; Ap 6.10). Jeremias também experimentou
este aparente distanciamento de Deus (Lm
3.8) e até diz:
“Justo
serias, ó SENHOR, ainda que eu entrasse contigo num pleito; contudo, falarei
contigo dos teus juízos. Por que prospera o caminho dos ímpios, e vivem em paz
todos os que cometem o mal aleivosamente? (Jr
12.1).
E não foram apenas eles que
questionaram isto. Asafe (Sl 73.2-17) e Jó também questionaram:
“Por
que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se esforçam em poder?” (Jó 21.7).
Afinal,
cada habitante era um poço de maldade (Jr
6.7). Só se
ouvia falar de violência e estrago. Eram especialistas em promover falsas
demonstrações de amizade. Sua língua servia apenas para disparar mentiras (ver
Jr 5.30,31; Am 2.4). Todo esforço era para tornar a mentira cada vez mais
firme. Tanto que ensinavam a língua a falar mentira (Jr
9.5) só para
poderem avançar na mentira que criaram para si (Jr
9.3) até que
esta pudesse ser sua habitação (Jr 9.6). Vale lembrar que o anticristo é
conhecido por fazer prosperar o engano (Dn
8.25; 2Ts 2.3,9-12).
Diante
deste quadro, o resultado foi o mesmo que se deu com as 10 tribos do norte
(como se vê, por exemplo, em Is 30.9-11; Am 2.6-12):
o
direito se tornou atrás e a justiça se pôs de longe (Is
59.14);
“Já
pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja justo;
todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com a rede, as suas
mãos fazem diligentemente o mal; assim demanda o príncipe, e o juiz julga pela
recompensa, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles tecem
o mal.” (Mq 7.2,3).
Hc 1.5 a 1.11 -> Sem fé todo o esforço da pessoa é no sentido de se armar para o mal. Babilônia era o símbolo do que acontece com alguém que vive para si mesmo, tal como Judá
Diante
do questionamento de Habacuque, Deus responde que, para disciplinar Judá, iria
enviar uma nação que praticava os mesmos atos que eles (tal como prometido em Pv 1.31). Note como os caldeus possuíam
características semelhantes às de Judá (compare
Jr 22.3,13-17 com Hc 1.6,10,11,17). Eis as características dos caldeus:
1.
Nação
amarga e impetuosa (Hc 1.6). Pode-se ver isto em
Nabucodonosor que, de tão irado que ficou contra Ananias, Misael e Azarias, não
se preocupou nem um pouco com a segurança dos seus servos (Dn 3.19-22).
Era uma nação que se privava da graça de Deus (Hb 12.15). No lugar de ser uma nação
repleta de compaixão (Jr 50.42) era uma nação que se movia
rapidamente e com violência. O amor não é uma atitude impensada e momentânea,
mas uma escolha consciente e contínua, a conquista da liberdade pela decisão de
fazer parte da vida daqueles que Deus lhe deu. Todos consideravam os caldeus
como símbolo de dor e destruição (Jr 6.22-23; 10.22).
2.
Marcha
sobre a largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas (Hc 1.6);
3.
Horrível
e terrível é (Hc 1.7);
4.
Dela
mesma sairá o seu juízo e a sua dignidade (Hc
1.7). Ela não
busca ser reconhecida por outros, muito menos se inspiram nas leis de outros
países para estabelecer sua constituição federal. Pelo contrário, é a Babilônia
(através do conhecido código de Hamurabi) que deu origem ao atual sistema
de governo e direito civil. Ela própria construiu um nome para si (Gn 11.4)
que serviu de inspiração para as demais nações (Ap
17.5).
Assíria
e Babilônia tiveram a mesma origem. Porém, depois de Hamurabi, a Babilônia
entrou em decadência até deixar de existir. Infelizmente, a Assíria resolveu
fundá-la novamente para os que moravam no deserto (Is
23.13). E para
sua ruína, quando os caldeus tomam posse da Babilônia, acabam conquistando a
Assíria.
5.
Os
seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, e mais espertos do que os
lobos à tarde (Hc 1.8). A força e ferocidade do leão, a
rapidez do leopardo e o apetite voraz dos lobos do deserto após um dia inteiro
sem comer são figuras comuns usadas nas profecias (Jr
5.6). Inclusive,
os juízes de Israel eram comparados com estes lobos (Sf
3.3).
6.
Os
seus cavaleiros espalham-se por toda parte (Hc
1.8)
orgulhosamente, com toda força e vigor (como
bezerros do cevadouro – Jr 50.11; Ml 4.2).
7.
Os
seus cavaleiros virão de longe; voarão como águias (que
se move rapidamente de uma extremidade para outra – ver Dt 28.49,50; Jr 4.13) que se apressam a devorar. (Hc 1.8).
Os cavaleiros, mesmo vindo de longe, não se cansariam da longa viagem (como em Is 40.31), mas estariam com todo vigor para devorar (tal como os cães
gulosos de Is 56.10,11). Eles avançam ansiosos para conquistar.
8.
Eles
todos virão para fazer violência (tal como Israel também
fazia violência para com seu próximo – Mq 2.2; Sf 1.9; Ml 2.16; Am 3.10; Ez
12.19; 22.29; 45.9)(Hc 1.9).
Não se preocupam em saber quem está certo ou errado. Não aceitam negociar (são irreconciliáveis como Paulo profetizou que seria nos dias
de hoje – 2Tm 3.3).
9.
Os
seus rostos buscarão o vento oriental (Hc
1.9). Tal como
faz um redemoinho de vento oriental que carrega, consigo, todos os grãos de
areia possível (note que o vento oriental
é forte – Is 27.8),
eles são caracterizados por agregarem a si tudo que é possível (tal como fazia Israel – Is 5.8) com sua poderosa força a fim de
levarem, consigo, para a Babilônia.
Para
ser mais exato: como o redemoinho vai sugando todos os grãos de areia isolados
pelo caminho, como se tivesse tragando a terra, eles, com sua força, iriam
reunir os cativos como areia. (Hc 1.9). Hoje se vê a elite global
reunindo todos os cativos do pecado em torno da torre confusa de seu império
financeiro.
10.
Escarnecerão
dos reis e dos príncipes farão zombaria; eles se rirão de todas as fortalezas,
porque amontoarão terra, e as tomarão. (Hc
1.10). Jamais
devemos nos alegrar quando nosso sucesso implica na derrota do outro. Muito
menos devemos zombar deste, só pelo prazer de vê-lo se encher de maus
sentimentos. No entanto, quem está preparado considera cada dificuldade como um
momento de alegria, uma oportunidade dada por Deus para fazê-lo andar sobre as
suas alturas (Hc 3.19). Tal pessoa não leva a sério os
problemas, mas encara-os como diversão, de modo prazeroso.
Detalhe:
amontoar terra lembra o modo usado por Joabe para pelejar contra Abel de
Bete-Maaca (2Sm 20.15).
11.
Então irá impetuosamente como o vento, e passará
(Hc 1.11).
O sucesso iria deixar a mente dos babilônicos, principalmente do rei,
completamente alienada e envaidecida (como
se eles fossem animais, tal como se deu com Nabucodonosor Dn 4.16,30-34; ver Pv
16.18). Isto
faria com que eles passassem ainda mais impetuosamente como o vento, tamanha a
sede de mais poder e riqueza. Isto os levaria a sugar tudo que pudessem para
dentro do redemoinho da sua mente;
12.
Será culpado esse, cujo poder é o seu deus. (Hc
1.11). Os babilônicos,
assim como a maioria das pessoas, consideram como Deus (aquele em quem depositar sua confiança) o seu poder sobre as coisas. Em
outras palavras, não conseguiam confiar em nada que não estivesse sob seu total
domínio. Não admitiam confiar no poder do amor e da piedade (2Tm 3.5) (isto lembra o anticristo que não terá respeito ao
amor das mulheres – Dn 11.37).
Tudo que faziam era para exaltar as riquezas (Dn
5.4). Hoje, ao
lutar para adquirir dinheiro, a pessoa está declarando, na verdade, que ele é a
salvação da sua alma.
Como
quem não está com Jesus já está contra ele (Mt
12.30), tal
pessoa será culpada, mesmo quando se esforça para fazer o bem. Afinal, os pensamentos
de tais pessoas são sempre de iniquidade (Is
59.7,8; Rm 7.15-19).
Em outras palavras, eles ofendem a Deus com o poder que recebem Dele (ver Jó 12.6; Mq 2.1), já que, ao pecarem, estão demonstrando, não só ingratidão a
Deus, mas afirmando que sua força e capacidade vem deles mesmos e que, por
isto, não precisam prestar contas a ninguém (ver
Hc 1.16).
Deus
promete fazer uma obra tão grande que nem mesmo os gentios, que toda vida
dedicaram a se especializarem na arte da maldade (crendo que, quanto mais conhecessem as profundezas de satanás, mais
estariam vacinados contra a maldade dos inimigos (Ap 2.24)), acreditariam que fosse possível
tanta maldade junta (Hc 1.5; ver Is 29.14).
Por
terem desprezado o aviso de Deus por meio dos profetas anteriores (ver At 13.41, onde os desprezadores são os judeus), agora eles seriam sitiados
pelos gentios caldeus e obrigados a virem o mal entre eles (isto é, como um
deles). Em outras palavras, o coração deles estava tão duro (como o dos gentios)
que precisariam de ser expostos a uma dose terrível de crueldade para, quem
sabe, enxergar, o quão mal e amargo é deixar o Senhor (Jr 2.19).
É
triste quando as pessoas, para enxergarem a bondade do Senhor, precisam
aprender com os gentios, cujo coração é como pedra (Lc
19.40; ver 2Cr 12.8).
E o pior é que muitos não irão experimentar a redenção. Antes, serão esmagados
pela obra maravilhosa de Deus (At 13.41), já que, nestas circunstâncias,
a sabedoria dos sábios perece (1Co 2.14-16), bem como o entendimento dos
prudentes (Is 29.14).
Quão
terrível é quando as pessoas, mesmo vendo ou ouvindo Deus agir, ainda assim não
conseguem acreditar (Jo 6.52) ou entendem mal a mensagem do
salvador (Mc 8.15-21). E tal como, na época de Habacuque, muitos não acreditavam
que Jerusalém seria destruída (Jr 7.4) e depois restaurada, na época de
Jesus, ninguém cria também no julgamento de Deus pelos romanos, nem na salvação
provida por Jesus.
Outra
coisa que levava as pessoas a duvidarem do julgamento de Deus era a ideia
errada que eles tinham acerca do julgamento de Deus. Muitos acham que o fato de
Deus ser amor implica que Ele não irá permitir o mal na vida de ninguém (Jr 26.6,9; 38.2-4; Am 7.10). Mas e quando nosso bem depende do mal na vida das pessoas?
Aí nada mais resta senão o juízo.
IV – Habacuque 1.12 a 2.20 -> 2º QUESTIONAMENTO E 2ª RESPOSTA: OS ÍMPIOS SERÃO PUNIDOS NOS PRÓPRIOS MALES POR ELES PRATICADOS
Hc 1.12 a 2.1 -> Sem fé a pessoa passa a prestar culto (consultando e investindo) a tudo que pode, supostamente, afastar a correção divina da vida dele
Em
contraste com a tendência dos judeus de endeusarem os inimigos mais fortes do
que eles (ver Is 8.12-14; 51.12,13), o profeta aqui enfatiza a
divindade do Senhor (Hc 1.12), bem como o fato de que, para
ele, apenas o Senhor é Deus (meu Deus, meu Santo). Mesmo que os babilônicos
tentassem se engrandecer, a ponto de determinarem quem ia reinar sobre os
judeus, ainda assim, para ele (Habacuque), apenas o Senhor é Deus. Ele não
se conformava em perecer na fé, mesmo com tanta injustiça a lhe cercar.
Não
importa quanta força uma pessoa ou grupo de pessoas possa ter: todo poder (1Pe 5.11; Ap 4.11; 5.12) e autoridade (Mt 28.18) pertencem a Jesus. Tudo foi
feito por Jesus, para Jesus e em Jesus (Rm
11.36; Cl 1.16).
Tudo pertence a Ele (Sl 24.1; Jo 17.2; Ef
1.21-23). Logo:
Ninguém
pode ter nada se do céu não lhe for dado (Jo
3.27; At 17.25-28);
Ninguém
pode ter poder se Deus não lhe der (Jo 19.11);
Toda
autoridade é constituída por Deus (Rm 13.1,2).
Ao
invés de tentarmos lutar contra as pessoas, nosso papel é permitir que Deus nos
use para que ela enxergue o motivo pelo qual Deus lhe deu este poder e o que
Ele quer de nós em meio a esta situação.
Consequentemente,
a Babilônia só teria este poder porque Deus queria usá-la para disciplinar as
nações (Ez 30.25) e, em particular, o povo de Deus (tal
como usou a Assíria – 2Rs 19.25; Is 10.5). É preciso entender que Deus estabelece os ímpios para o dia
da calamidade (Pv 16.4): para destruir (Is 54.16)
e, com isto, executar juízo e disciplinar o povo (Is
10.5; Hc 1.12).
Contudo,
tão logo ela fosse usada para isto, passaria. Apenas Deus é Rocha eterna (Dt 32.4; Sl 18.2; Is 26.4), ou seja, permanece inabalável para sempre. Tudo mais irá
mudar.
Para
evitar de promover palavras ofensivas contra Deus (como
fez Jeremias (Jr 15.18) e Jó (40.8) ou as pessoas na época de Malaquias (Ml
3.13)),
Habacuque se dirige a Deus lembrando-O dos Seus atributos sublimes (Hc 1.13)
e tentando entender os mesmos em meio a toda perfídia (como se dava também nas 10 tribos do norte – Is 21.2; 24.6;
33.1) e opressão
(com o perverso devorando aquele que,
aparentemente, era mais justo do que ele – Hc 1.13). Afinal, uma vez que Deus era
tão puro de olhos a ponto de não ter nenhum prazer na iniquidade (Sl 5.4-6),
como Ele poderia continuar sem fazer nada em meio a tanta injustiça (Jr 12.1)?
Note
como Habacuque estava equivocado quanto a Babilônia ser mais perversa que Judá (Ez 16.51,52).
Tanto que até as malignas estavam vindo a Judá para aperfeiçoar suas maldades (Jr 2.33).
Sem contar que foi dos profetas de Jerusalém saiu a contaminação de toda a
terra (Jr 23.15).
É
justamente porque Deus é puro de olhos que Ele estava enviando a Babilônia para
disciplinar Judá (Hc 1.12,13). Como, para Ele, é doloroso ver o mal e
contemplar a opressão, Ele assim estava agindo para que as pessoas tivessem
oportunidade para se arrependerem, converterem e, assim, Ele pudesse permanecer
no meio de Judá vivificando Seu caráter e Palavra na vida deles.
Habacuque,
contudo, compara o mundo com o mar, os homens com peixes e a Babilônia, com
pescador (Hc 1.14-17). Assim como não havia leis proibindo a pesca (a fim de protegê-los), não havia leis que proibissem o rei da Babilônia de fazer o
que quisesse com aqueles que conseguia dominar. Logo, a existência de leis é a
prova de existe alguém que nos ama e está pronto para nos defender. Quem não
tem sobre si o domínio de Deus (quem não se submeteu a
Ele), está
“livre” da cerca (Is 5.5) que a salva de fazer o mal (Os 2.7; Rm 6.20) e depois colhê-lo (Gl
6.7-9).
Em
outras palavras, onde não há leis e autoridades, não há também ninguém para
defender nossa causa.
No
que Israel se recusou a seguir a ordem do Senhor (Is
30.9-11), Deus
permitiu que a Babilônia tivesse total liberdade para fazer o que quisesse.
Eles, então, decidem escravizar todos que apareciam no seu caminho (Hc 1.15).
Note que, embora eles pescassem os povos de arrastão, tal como se faz quando se
usa a rede ou a draga, o rei da Babilônia faria questão de “levantar um a um com
o anzol” (ver também Jr 16.16; Am 4.2), ou seja, intimidar pessoalmente
a cada um mostrando seu poder.
Por
causa do sucesso obtido, eles se alegravam e vangloriavam em seus crimes (Hc 1.15).
Gabavam-se de sua perversidade, como se esta fosse uma virtude, chegando ao
ponto de idolatrarem sua rede e draga (Hc
1.11,16), ou
seja, os recursos bélicos e riquezas que lhes permitiu aumentar as riquezas (Hc 1.16)
e obter comida mais farta, gostosa e variada. Eles idolatravam a si mesmos por
sua astúcia e poder (ver Dt 8.17; Is 10.13;
37.24,25), como
se fosse vantagem acumular riquezas neste mundo.
Contudo,
apenas a bênção que vem como resultado da companhia do Senhor na nossa vida é
que enriquece sem trazer dores (Pv 10.22). Quanto mais elevada é a bênção
neste mundo, maior é a abominação (Pv 11.17; Lc 16.15) e o peso (Lc 12.47,48)
sobre nossas vidas. Note como o livro começa “o peso que viu o profeta
Habacuque” (Hc 1.1). Ou seja, era um peso toda aquela prosperidade material,
bem como os pecados advindos com ela e, principalmente, o juízo que pairava por
causa dos mesmos. Afinal, Deus não tem prazer no sofrimento (Mq 7.18) e na
morte do ímpio (Ez 33.11).
Uma
vez que não era pela glória de Deus que eles estavam prosperando, até quando
Deus iria permitir que eles continuassem esvaziando sua rede só para pegar mais
peixes (Hc 1.17)? Isto lembra o rico louco que, por não querer trabalhar, mas
viver ociosamente, decide derrubar os celeiros antigos a fim de construir
outros bem maiores (Lc 12.16-21). Note como as pessoas ficam
ansiosas para terem sempre à disposição os meios necessários para aumentar
ainda mais seus bens e prazer.
Em
meio a tanta maldade e confuso com a resposta de Deus (Hc 1.5-11),
Habacuque se dispõe a ser atalaia das revelações divinas. A diferença é que,
enquanto o atalaia humano fica em busca de sinais que mostrem a aproximação do
inimigo (Is 21.8,11), o atalaia de Deus busca, com zelosa paciência, enxergar com
bons olhos (Mt 6.22,23) tudo que Deus está a revelar
através daquilo que lhe vem à vista (Is 21.8; Jr 6.17; Ez
3.17; 33.2,3; Sl 5.3; 85.8),
de modo a captar todos os sinais que confirmam a aproximação de Jesus.
Veja
o esforço feito por Habacuque para ouvir a voz de Deus:
Pôr-me-ei
na minha torre de vigia -> Ele não se dispôs a vigiar no lugar dos
outros, como que para isentá-los da responsabilidade de vigiar e orar para não entrarem
em tentação (Mt 26.41). Antes, ele buscou de Deus a
resposta para a vida dele, de modo que ele soubesse Seu lugar dentro do plano
de Deus;
Colocar-me-ei
sobre a fortaleza e vigiarei -> Embora devamos ir para o seu lugar secreto
de oração (Is 26.20,21; Mt 6.6), isto não quer dizer que precisa
ser literal. Ele podia muito bem se posicionar na fortaleza de Jerusalém, mas
sem sair para fora de si. Mesmo diante de tanta resistência à presença de Deus,
ele não se deixou abater. Antes, se colocou acima de toda tentativa, por parte
de Israel, de resistir ao Espírito Santo (At
7.51) para
vigiar melhor, ou seja, entender melhor quem é Deus e qual é a Sua vontade para
ele e seu povo (ver Ef 5.16,17);
Para
ver o que Deus me dirá -> Não devemos apenas ouvir o que Deus tem para nós,
mas ver Ele e Sua Palavra (Jr 23.18,22).
Que
eu responderei quando eu for arguido (reprovado) -> Muitas vezes Deus usa de perguntas
para nos reprovar. Habacuque cometeu dois erros: achou que Deus iria
confrontá-lo e pensou que seria capaz de se preparar para responder a Deus (veja Jó 9.3).
Jó também pensou o mesmo (Jó 23.3-5), mas quando Deus se manifestou,
ele percebe o quão indigno era de pronunciar algo diante de Deus (Jó 40.3,4; 42.3).
Todavia,
uma coisa devemos admirar: Habacuque permaneceu vigiando até Deus falar com
ele. Quantas vezes oramos 15 ou 20 minutos e achamos que fizemos um favor para
Deus, enquanto Habacuque não se conformou em sair sem ouvir a voz de Deus.
Permaneceu firme até receber a resposta, pois sabia que só Ele podia revelar a
verdade.
Hc 2.2 a 2.4 -> Sem fé a pessoa se enche de desejos e corre desenfreadamente após eles ao invés de esperar Deus usar sua vida para manifestar a todos a Sua mensagem
Devemos
ser a carta de Deus (2Co 3.1-3) a perfumar a vida de todos (2Co 2.14-16)
a quem Sua Palavra é destinada.
Aqui,
Deus dá uma revelação tão certa e duradoura (Hc
1.3) que a
palavra deveria ser escrita bem legível (Dt
27.8) e em
tábuas próprias para escrita (ver Lc 1.63), de modo que não se desgastassem
facilmente com o tempo e pudessem de servir para outras gerações (ver Is 8.1; 30.8).
Além
disto, estas palavras vistas por Habacuque deveriam ser vistas até mesmo pelos
mais apressados (Hc 2.2). Ou seja, a revelação de Deus na
nossa vida deve ser tão evidente que a mesma não deve passar desapercebida, nem
mesmo por aquelas pessoas que não têm interesse em conhecer Jesus.
Mais
ainda: a revelação de Deus na nossa vida deve estimular as pessoas que estão à
nossa volta a pararem tudo o que estão fazendo e saírem correndo para
anunciarem a salvação em Cristo, tal como fez a samaritana (Jo 4.28,29).
Note como os apóstolos imediatamente largam tudo para seguirem Jesus (Mt 4.22;
9.9).
Em
outras palavras: num mundo agitado como o nosso, nada mais indicado que a
Palavra de Deus seja escrita no nosso coração de um modo tão claro (2Co 3.1-3)
em nossas palavras e atitudes que, até os mais agitados parem para contemplar a
luz de Cristo em nós (Mt 5.14-16; Jo 8.12).
Não
importa o tempo que irá gastar até que a Palavra de Deus se cumpra. Sabe-se que
a Palavra de Deus se cumpre no tempo que foi determinado por Deus (ver Dn 8.19,26; 10.14; 11.27,35), do modo que lhe apraz (Is 55.10,11)
e de acordo com o propósito Dele (Rm 8.28). Assim, devemos esperar pelo
cumprimento de tal palavra a fim de possamos ceifar aquilo que semeamos (Gl 6.7),
tal como Jesus espera pelo dia em que todos os Seus inimigos sejam postos por
estrado dos Seus pés (Hb 10.13).
Além
do mais, o que vamos fazer se o bem demorar para chegar? O mal (ver 2Pe 3.3,4,8,9)? Andar nos nossos próprios desejos? É preciso entender que
até o cumprimento da profecia, existe o Caminho a ser trilhado (Jo 14.6).
O importante não é chegarmos ao destino (Hb
11.39) (mesmo porque é impossível, já que Deus é eterno), mas permanecermos neste caminho
que conduz à salvação de todos e ao cumprimento glorioso de toda a Palavra. O
importante é que participemos deste processo que começou na eternidade e irá se
desenvolver por toda a eternidade, já que as palavras de Jesus jamais passarão (Mc 13.31).
Não devemos ser egoístas a ponto de só aceitarmos aquilo que irá beneficiar
nossa vida. Devemos buscar aquilo que irá se cumprir na vida dos outros (ver Jo 4.37,38).
Bom
é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR. (Lm 3.26).
A
salvação do Senhor vem (Gn 49.18). Quando, porém, vier o Filho do
Homem, porventura achará fé na terra (Ml
3.1-3; Lc 18.7,8)?
Nós somos salvos pela vida de Jesus em nós favorecendo o próximo (Ef 2.8,9).
Contudo, para isto, é preciso crer que é através da bondade Dele (Rm 2.4) que o
ímpio será justificado (Rm 4.5).
Se
tudo parece estar demorando (ver Hb 10.37) é porque estamos esperando em
Cristo apenas nas coisas desta vida (1Co 15.19). Infelizmente nos recusamos a
receber o que Deus tem para nós (seja circunstâncias ou o
poder Dele (1Co 4.18,19) se aperfeiçoando na nossa fraqueza (2Co 4.10,11;
12.9,10)). Contudo,
quem espera, como soldado (2Tm 2.3-5; Fp 1.29), na recompensa vindoura,
certamente terá prazer nos milagres de Jesus necessários para atravessarmos
este imenso deserto sem pecar (veja como se dá a
verdadeira liberdade – Jo 8.36).
Além
disto, repare como a visão “se apressa para o fim” (Hc
2.3). Ou seja,
Deus deseja que Sua Palavra se cumpra o mais rápido possível (ver Lc 12.50; Rm 9.28). No entanto, enquanto
não chega o dia em que finalmente toda a Palavra se cumprirá cabalmente (em
virtude da longanimidade de Deus que espera que todos se convertam – 2Pe 3.9),
esta visão irá falar aos corações.
Todavia,
a alma do soberbo não é reta nele:
Se
vem a luta e Jesus não vem nos “tempos aprazados” (ver
1Sm 13.11), ele
retrocede para a perdição (Hb 10.37,38);
Se
está a crescer (prosperar), atribui todo o sucesso a si,
torna-se um apóstata. Não percebe que seu sucesso não é por causa do bom êxito
da sua maldade, mas sim por fazer parte da obra de Deus que está a usá-lo para
disciplinar o pecador.
A
verdade é que o justo vive unicamente pela sua fé (Hc
2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Ele jamais anda atrás de mamom para obter o que deseja. Ele
não acha que precisa buscar meios para manter todos sob seu controle, como se a
culpa de chegar algo aparentemente mau ou imperfeito na sua vida fosse de tudo
e de todos (incluindo do acaso). Antes, busca ouvir a voz de
Deus e espera o Espírito Santo revelar tudo que está oculto (Mt 10.26; Mc 4.22;
Lc 12.2; 1Co 4.5) e cumprir a vontade revelada Dele em sua vida (ver Ez 2.1,2; Fp 2.12,13). Isto é viver pela fé. Não existe fé sem ouvir a voz de
Deus, muito menos sem a manifestação sobrenatural do Espírito Santo (1Co
4.19,20).
Hc 2.5 -> Sem fé nada, nem ninguém, é suficiente
“Tanto
mais que, por ser dado ao vinho, é desleal; um homem soberbo, que não se
contém, que alarga como o sepulcro o seu desejo e, como a morte, que não se
farta, ajunta a si todas as nações e congrega a si todos os povos.” (Hc 2.5).
Este
versículo é uma síntese dos “cinco ais”.
Quem
é dado ao vinho, jamais conseguirá ser leal. (Hc
2.5). O vinho é
enganoso, pois além de não satisfazer, deixa a pessoa dependente dele, de modo
que a pessoa não consegue mais conter seu desejo (Hc
2.5; ver Sl 78.30).
Pelo contrário: o alarga como o sepulcro e a morte que nunca se fartam (Hc 2.5; Pv 27.20; 30.16; Is 5.14), ou seja, nunca estão
completamente cheios (tal como os caldeus nunca
conseguiam se satisfazer, apesar de tantas conquistas).
A
verdade é que, quem não busca se satisfazer em Deus, nunca estará satisfeito,
visto não possuir o amor em sua vida (Ef
4.17-19). Veja o
caso dos caldeus: mesmo ajuntando a si todas as nações e congregando a si todos
os povos, nunca se fartava (Hc 2.5). Hoje se vê isto na vida dos
artistas de tv e música, bem como na vida dos grandes empresários e políticos (a começar pela elite global), mas principalmente no sistema religioso. Tal como se deu na
época da torre de Babel (Gn 11.4), cada instituição religiosa quer
que todos pertençam ao seu clero religioso, chegando ao ponto de brigarem entre
si.
Eis
os malefícios da bebida.
O
vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles
errar nunca será sábio. (Pv 20.1) -> deixa a pessoa alvoraçada
e faz dela um escarnecedor;
Para
que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos. (Pv 31.5)
-> leva a pessoa a menosprezar a Palavra de Deus e a trocar o doce pelo
amargo (Is 5.20), o puro pelo impuro (Lv
10.10; Ez 22.26),
o santo pelo profano (Ez 44.23).
A
atitude de Belsazar comprova isto. Note o quanto ele zomba do verdadeiro Deus,
a ponto de profanar os utensílios no templo, fazendo uso deles em sua farra
blasfema (Dn 5.2-4).
Infelizmente,
a tendência de quem está farto é negar o Senhor (Pv
30.9). Daí Deus
abominar tudo que é elevado (Lc 16.15). Agora veja que problema:
se
a pessoa não está satisfeita, ela alarga seu desejo como sepulcro;
se,
por alguns instantes, consegue achar a satisfação, nega a Deus.
Isto
só vem a comprovar o que Jesus disse: sem o novo nascimento, é impossível até
mesmo ver o Reino de Deus (Jo 3.3).
Hc 2.6 a 2.8 -> 1º AI: Rapina & Ganho da Opressão (Is 33.14,15) -> Sem fé a pessoa não consegue se satisfazer com o que Deus deu e, por isto, quer de todas as formas conquistar as pessoas e o que lhes pertence, sem se dar conta de que perdeu o que era realmente seu (Mt 25.29; Lc 19.26)
Pecado: Ai daquele que acumula o que
não é seu (até quando?), e daquele que a si mesmo se carrega de penhores! (Hc 2.6).
Repreensão: Não se levantarão de repente os
teus credores? E não despertarão os que te hão de abalar? Tu lhes servirás de
despojo. (Hc 2.7). Todos os mais povos te despojarão a ti (Hc 2.8).
Motivo do juízo
de Deus: Visto (o modo)
como despojaste a muitas nações e por causa do sangue dos homens e da violência
contra a terra, contra a cidade e contra todos os seus moradores. (Hc 2.8).
Quando
a Babilônia caísse, um cântico ridicularizador seria entoado (Hc 2.6; Is 14.4). Já não é de hoje que as pessoas têm prazer na desgraça dos
outros (ver Jó 30.9; Lm 3.14; Mq 2.4). Daí o alerta do Senhor em Sl
109.16-18.
A
Babilônia saiu acumulando aquilo que era dos outros, seja pilhando aquilo que conquistaram
pela força militar ou aquilo que tomaram aproveitando-se do infortúnio das
pessoas. Deus abomina quem se enche de bens (Dt
24.10-13) a
ponto de desejarem ficar com tudo (Is 5.8; 57.17). No entanto, ao invés de nos
alegrarmos com o sofrimento do injusto (Pv
24.17), devemos
pensar que Deus assim permitiu porque deseja mostrar algo que vai além de tudo
que existe neste mundo (1Co 2.9) e que nenhum dos ladrões daqui é
capaz sequer de imaginar que existe, quão dirá de roubar (ver Mt 6.19,20; 1Co 2.7,8).
Por
que insistimos em buscar apenas as coisas desta vida? Por que buscamos em
Cristo as misérias deste mundo ao invés de tomarmos posse da verdadeira riqueza
celestial (1Co 15.19) que faz de nós uma fonte inesgotável (Jo 4.13,14; 7.37-39) que enriquece a todos quantos assim desejam (2Co 6.10)?
Deveríamos considerar como amigos aqueles que servem para enriquecer nossa alma,
de modo que nos tornássemos ricos para com Deus (Lc
12.21).
Uma
coisa é certa: quando alguém retém mais do que é justo (Pv 11.24-28; 21.17), que deseja se enriquecer depressa (Pv 28.20,22),
com certeza se levantarão de repente os seus credores e se despertarão os que o
hão de abalar (Hc 2.7). No final, a própria pessoa será
o despojo do maligno (Hc 2.7) e o pior: achando que é uma
pessoa livre!
Note
como a maioria das pessoas são tratadas piores do que os escravos na época do
cativeiro, mas ainda acham que são livres para escolherem o que desejam. Desde
a infância são dominados pela mídia que lhes programa “hipnoticamente” acerca
de como pensar e sentir, mas acham que são livres. Trata-se de um trabalho de
mestre da elite global que sabe que a forma mais eficaz de se tirar proveito
dos escravos é iludindo-os, visto que, quando se consideram livres, são mais
produtivos e até se sacrificam em prol dos seus senhores.
Isto
lembra os pequenos traficantes, que optam por este estilo de vida, alegando que
preferem trabalhar para si mesmos e ganhar mais e com menos esforço do que
trabalhar para os outros em troca de uma ninharia. Não percebem o estado miserável
no qual estão: suas famílias destruídas, suas casas sujas e caindo aos pedaços,
sua saúde se perdendo por trabalharem de noite, sem contar o desprezo da
sociedade e os maus tratos da polícia. São usados pelos grandes traficantes (na maioria das vezes políticos, militares e empresários) que nenhum mal experimentam,
antes se enriquecem às custas deles, enquanto eles têm uma vida pior do que a
de cachorro de rua, mas achando que são livres.
Um
detalhe importante a ser observado é que, não importa a quantidade de nações
que eles conseguissem subjugar. As nações que restassem, mesmo que fossem
poucas, seriam suficientes para aniquilar Babilônia (Hc
2.8). Ou seja,
não importa o quanto eles se esforçassem para se livrarem do poder do mal, no
final o mal que eles tanto temiam lhes sobreviria (como
se deu com Jó – Jó 3.25,26).
Pela iniquidade da avareza deles, Deus os
pune, mas eles preferem permanecer rebeldes, seguindo o caminho do coração
deles (Is 57.17). Mesmo se cansando em proceder perversamente (Is 47.13; 57.10; Jr 9.5) e colhendo o mal que semearam (Jr
30.16; Êx 21.23-25; Gl 6.7-9; Is 33.1; 2Tm 3.13; Tt 3.3), ainda assim insistiam neste
comportamento perverso.
Vem
a pergunta: “até quando?” (Hc 2.6). A resposta vem no versículo
seguinte (de repente – Hc 2.7). Ou seja, mesmo que,
aparentemente, a Babilônia parecesse impenetrável, impossível de ser conquistada,
ela cairia de uma só vez (o que lembra a cura de
Naamã apenas após mergulhar a 7ª vez (2Rs 5.14), a nuvem que apareceu como a
palma da mão de um homem apenas na 7ª vez que o servo de Elias foi lá para ver (1Rs
18.44) e o rio Jordão se abrindo apenas após o pé dos sacerdotes se molharem (Js
3.15)). Deus age “de repente” (Ml 3.1; At 2.2; 16.26;
22.6).
Quanto
ao motivo de Deus enviar tal juízo, não pense que se trata de mero juízo para
fazer os opressores sofrerem. Trata-se de modo usado por Deus para ensinar as
pessoas. O problema não estava apenas em tomar posse dos despojos de guerra,
mas sobretudo no modo usado por eles para despojar as muitas nações (Hc 2.8).
Veja que, além de matar pessoas desnecessariamente, eles usavam de violência,
não só contra os moradores, mas também contra as cidades e até contra a terra.
Ou
seja, se dependesse deles, até a terra destes moradores se tornaria estéril,
inabitável (veja algo semelhante em
Jz 9.45; 2Rs 3.19).
Eles, não só queriam que os povos deixassem de existir (destruindo cidades), mas até suas terras permanecessem desoladas. É bem verdade
que:
a Babilônia, no caso de Judá,
permitiu os mais pobres ficarem para serem vinhateiros e lavradores (Jr 39.10;
52.16). Mas isto é porque Deus amava a Israel e o castigava com medida, para
não os destruir de todo (ver Is 27.8; Os 11.8,9);
no caso de 2Rs 3.19, isto foi
ordem de Deus. Todavia, isto assim foi para nos mostrar o que acontece quando
decidimos seguir a Deus com base nos preceitos e coisas deste mundo.
É
bom lembrar que Nabucodonosor foi chamado pelo Criador de servo (Ez 29.18-20).
Sem nascer de novo (Jo 3.3), só seremos capazes de servir a
Deus de modo carnal, como vasos de ira, tal como a Babilônia. No final, o
destino de tais pessoas é serem despojadas daquilo que despojaram os outros (Mq 2.4; Is 33.1).
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