quarta-feira, 16 de outubro de 2013

46 - Estudo do Livro de Habacuque - Parte 1



ESTUDO DO LIVRO DE HABACUQUE

I - INTRODUÇÃO

                Tema: Fé: sendo livre para se alegrar no Senhor pela certeza de que Ele sairá, no momento certo, para salvar Seus ungidos.

                Versículos Chaves:

*      “... mas o justo viverá pela sua fé.” (Hc 2.4);
*      “Tu saíste para salvamento do teu povo, para salvamento do teu ungido...” (Hc 3.13);
*      “todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação.” (Hc 3.18);

Objetivo:

Embora Habacuque fosse um homem de fé, esta se achava abraçada na coisa errada, a saber, nas coisas materiais.  Por isto ele não podia conceber a ideia de que um Deus justo pudesse permitir o sucesso dos ímpios.
No entanto, após Deus falar com Habacuque, ele percebe que alegria dele deveria estar na companhia do Senhor, e não nas circunstâncias.
Ou seja, o objetivo deste livro é mostrar às pessoas que ficam perplexas com a proliferação das injustiças no mundo que Deus não está alheio a tudo, mas assim permite para que todos vejam a consequência e gravidade do pecado e, com isto, entendam a importância de fazer do Senhor o motivo da sua alegria.

Considerações Gerais:

Habacuque significa abraço. Algumas semelhanças são encontradas em outros livros da bíblia:

*      Hc 2.6 com Is 14.4;
*      Hc 2.14 com Is 11.9;
*      Hc 3.19 com Sl 18.33.

Lições do livro de Habacuque para nós:

1ª -    É inútil querer ser feliz:

*      Tentando conquistar o maior número de pessoas, só para garantir livre acesso aos dons e talentos que lhes foi dado (Hc 2.6-8);
*      Defraudando e explorando o mundo inteiro só para garantir que não será atingido pelo mal (Hc 2.9-11);
*      Fundamentando sua vida em si mesmo e construindo-a com a vida dos outros (Hc 2.12-14) no regime de fissão ao invés de fusão;
*      Através da orgia, onde o objetivo é obter riso fácil através da nudez das pessoas (Hc 2.15-17; contrariando Sl 15.3);
*      Tentando edificar ou agradar ídolos. O correto é edificar e santificar a si próprio (Hc 2.18-20; Jo 17.19).

2ª -   Deus sempre salva o Seu ungido, ou seja, aqueles que Ele constituiu sobre alguém (e, consequentemente, sobre alguma coisa). Ele tem que ser nossa força (Hc 3.19).
3ª -   Para nós os acontecimentos em si não devem importar, já que nossa alegria deve ser a companhia do Senhor (Hc 3.18) e aquilo que Ele tem para fazer através de nós.

Característica peculiar: é o único livro profético onde o profeta não se dirige diretamente a Judá ou Israel, mas trata-se de um diálogo entre o profeta e Deus, contendo um hino de louvor em gratidão pela resposta obtida.
Além disto, é o único dos profetas menores que emprega, em hebraico, a palavra singular para Deus (Eloá), ao invés do plural (Eloim). Eloá é encontrado também em Isaías, Daniel, Jó e Deuteronômio.

Quando: Durante o reinado de Jeoiaquim.

II – Habacuque 1.2 a 1.11 -> 1º QUESTIONAMENTO E 1ª RESPOSTA: A FALTA DE FÉ FAZ COM QUE A PRESENÇA DO PRÓXIMO SEJA UM CASTIGO PARA NÓS

Hc 1.2 a 1.4-> Sem fé os ímpios distorcem a justiça a fim de poderem fazer uso de toda ferramenta de extorsão para se apropriar do alheio

*      “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás? Por que razão me mostras a iniquidade, e me fazes ver a opressão? Pois que a destruição e a violência estão diante de mim, havendo também quem suscite a contenda e o litígio. Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, e a justiça se manifesta distorcida.” (Hc 1.2-4).

Considerando que a queda da Assíria se deu no 4º ano de Jeoiaquim e que a Babilônia ainda não tinha invadido Jerusalém, logo é bem provável que Habacuque tivesse profetizado durante o reinado de Jeoiaquim. Mesmo porque a situação de Israel nesta época correspondia em muito ao clamor do profeta que, continuamente, era expectador das diversas formas usadas pelos perversos para se apropriarem do que era dos outros:

*      Violência (compare Hc 1.2 com Jr 22.3);
*      Iniquidade (compare Hc 1.3 com Jr 22.13);
*      Opressão (compare Hc 1.3 com Jr 22.17);
*      Destruição (compare Hc 1.3 com Jr 20.8);
*      Contenda (compare Hc 1.3 com Jr 22.3);
*      Litígio (compare Hc 1.3 com Jr 22.3);
*      Afrouxamento da lei, de modo que a justiça nunca se manifestava (compare Hc 1.4 com Jr 22.15-17). Em virtude das ameaças de destruição e violência, muitas pessoas tinham medo de denunciar as falcatruas e muitos juízes ou policiais, de fazer valer a lei. Quem era justo arriscava-se a ser despojado (Is 59.15);
*      Ímpio cerca o justo, de modo que a justiça se manifesta distorcida (compare Hc 1.4 com Jr 5.26). Hoje, com a elite global cercando os governantes de cada país, os líderes acabam explorando aqueles que os elegeram para lhes representar, com o intuito de torná-los seus escravos. Para tanto, implementavam leis injustas (Is 10.1; tal como o anticristo fará, mudando os tempos e as leis – Dn 7.25).

Tal como outros servos de Deus, ele queixava de ser obrigado a conviver com tanta maldade. Deus parecia não se importar (ver Jó 19.7,8; Sl 13.1,2; 73.1-14; Jr 12.1; 14.9; 20.8; Zc 1.12; Ap 6.10). Jeremias também experimentou este aparente distanciamento de Deus (Lm 3.8) e até diz:

*      “Justo serias, ó SENHOR, ainda que eu entrasse contigo num pleito; contudo, falarei contigo dos teus juízos. Por que prospera o caminho dos ímpios, e vivem em paz todos os que cometem o mal aleivosamente? (Jr 12.1).

E não foram apenas eles que questionaram isto. Asafe (Sl 73.2-17) e Jó também questionaram:

*      “Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se esforçam em poder?” (Jó 21.7).

Afinal, cada habitante era um poço de maldade (Jr 6.7). Só se ouvia falar de violência e estrago. Eram especialistas em promover falsas demonstrações de amizade. Sua língua servia apenas para disparar mentiras (ver Jr 5.30,31; Am 2.4). Todo esforço era para tornar a mentira cada vez mais firme. Tanto que ensinavam a língua a falar mentira (Jr 9.5) só para poderem avançar na mentira que criaram para si (Jr 9.3) até que esta pudesse ser sua habitação (Jr 9.6). Vale lembrar que o anticristo é conhecido por fazer prosperar o engano (Dn 8.25; 2Ts 2.3,9-12).
Diante deste quadro, o resultado foi o mesmo que se deu com as 10 tribos do norte (como se vê, por exemplo, em Is 30.9-11; Am 2.6-12):

*      o direito se tornou atrás e a justiça se pôs de longe (Is 59.14);
*      “Já pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja justo; todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com a rede, as suas mãos fazem diligentemente o mal; assim demanda o príncipe, e o juiz julga pela recompensa, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles tecem o mal.” (Mq 7.2,3).

Hc 1.5 a 1.11 -> Sem fé todo o esforço da pessoa é no sentido de se armar para o mal. Babilônia era o símbolo do que acontece com alguém que vive para si mesmo, tal como Judá

Diante do questionamento de Habacuque, Deus responde que, para disciplinar Judá, iria enviar uma nação que praticava os mesmos atos que eles (tal como prometido em Pv 1.31). Note como os caldeus possuíam características semelhantes às de Judá (compare Jr 22.3,13-17 com Hc 1.6,10,11,17). Eis as características dos caldeus:

1.        Nação amarga e impetuosa (Hc 1.6). Pode-se ver isto em Nabucodonosor que, de tão irado que ficou contra Ananias, Misael e Azarias, não se preocupou nem um pouco com a segurança dos seus servos (Dn 3.19-22). Era uma nação que se privava da graça de Deus (Hb 12.15). No lugar de ser uma nação repleta de compaixão (Jr 50.42) era uma nação que se movia rapidamente e com violência. O amor não é uma atitude impensada e momentânea, mas uma escolha consciente e contínua, a conquista da liberdade pela decisão de fazer parte da vida daqueles que Deus lhe deu. Todos consideravam os caldeus como símbolo de dor e destruição (Jr 6.22-23; 10.22).
2.       Marcha sobre a largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas (Hc 1.6);
3.       Horrível e terrível é (Hc 1.7);
4.      Dela mesma sairá o seu juízo e a sua dignidade (Hc 1.7). Ela não busca ser reconhecida por outros, muito menos se inspiram nas leis de outros países para estabelecer sua constituição federal. Pelo contrário, é a Babilônia (através do conhecido código de Hamurabi) que deu origem ao atual sistema de governo e direito civil. Ela própria construiu um nome para si (Gn 11.4) que serviu de inspiração para as demais nações (Ap 17.5).
Assíria e Babilônia tiveram a mesma origem. Porém, depois de Hamurabi, a Babilônia entrou em decadência até deixar de existir. Infelizmente, a Assíria resolveu fundá-la novamente para os que moravam no deserto (Is 23.13). E para sua ruína, quando os caldeus tomam posse da Babilônia, acabam conquistando a Assíria.
5.       Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, e mais espertos do que os lobos à tarde (Hc 1.8). A força e ferocidade do leão, a rapidez do leopardo e o apetite voraz dos lobos do deserto após um dia inteiro sem comer são figuras comuns usadas nas profecias (Jr 5.6). Inclusive, os juízes de Israel eram comparados com estes lobos (Sf 3.3).
6.      Os seus cavaleiros espalham-se por toda parte (Hc 1.8) orgulhosamente, com toda força e vigor (como bezerros do cevadouro – Jr 50.11; Ml 4.2).
7.       Os seus cavaleiros virão de longe; voarão como águias (que se move rapidamente de uma extremidade para outra – ver Dt 28.49,50; Jr 4.13) que se apressam a devorar. (Hc 1.8). Os cavaleiros, mesmo vindo de longe, não se cansariam da longa viagem (como em Is 40.31), mas estariam com todo vigor para devorar (tal como os cães gulosos de Is 56.10,11). Eles avançam ansiosos para conquistar.
8.      Eles todos virão para fazer violência (tal como Israel também fazia violência para com seu próximo – Mq 2.2; Sf 1.9; Ml 2.16; Am 3.10; Ez 12.19; 22.29; 45.9)(Hc 1.9). Não se preocupam em saber quem está certo ou errado. Não aceitam negociar (são irreconciliáveis como Paulo profetizou que seria nos dias de hoje – 2Tm 3.3).    
9.      Os seus rostos buscarão o vento oriental (Hc 1.9). Tal como faz um redemoinho de vento oriental que carrega, consigo, todos os grãos de areia possível (note que o vento oriental é forte – Is 27.8), eles são caracterizados por agregarem a si tudo que é possível (tal como fazia Israel – Is 5.8) com sua poderosa força a fim de levarem, consigo, para a Babilônia.
Para ser mais exato: como o redemoinho vai sugando todos os grãos de areia isolados pelo caminho, como se tivesse tragando a terra, eles, com sua força, iriam reunir os cativos como areia. (Hc 1.9). Hoje se vê a elite global reunindo todos os cativos do pecado em torno da torre confusa de seu império financeiro.
10.    Escarnecerão dos reis e dos príncipes farão zombaria; eles se rirão de todas as fortalezas, porque amontoarão terra, e as tomarão. (Hc 1.10). Jamais devemos nos alegrar quando nosso sucesso implica na derrota do outro. Muito menos devemos zombar deste, só pelo prazer de vê-lo se encher de maus sentimentos. No entanto, quem está preparado considera cada dificuldade como um momento de alegria, uma oportunidade dada por Deus para fazê-lo andar sobre as suas alturas (Hc 3.19). Tal pessoa não leva a sério os problemas, mas encara-os como diversão, de modo prazeroso.
Detalhe: amontoar terra lembra o modo usado por Joabe para pelejar contra Abel de Bete-Maaca (2Sm 20.15).
11.     Então irá impetuosamente como o vento, e passará (Hc 1.11). O sucesso iria deixar a mente dos babilônicos, principalmente do rei, completamente alienada e envaidecida (como se eles fossem animais, tal como se deu com Nabucodonosor Dn 4.16,30-34; ver Pv 16.18). Isto faria com que eles passassem ainda mais impetuosamente como o vento, tamanha a sede de mais poder e riqueza. Isto os levaria a sugar tudo que pudessem para dentro do redemoinho da sua mente;
12.    Será culpado esse, cujo poder é o seu deus. (Hc 1.11). Os babilônicos, assim como a maioria das pessoas, consideram como Deus (aquele em quem depositar sua confiança) o seu poder sobre as coisas. Em outras palavras, não conseguiam confiar em nada que não estivesse sob seu total domínio. Não admitiam confiar no poder do amor e da piedade (2Tm 3.5) (isto lembra o anticristo que não terá respeito ao amor das mulheres – Dn 11.37). Tudo que faziam era para exaltar as riquezas (Dn 5.4). Hoje, ao lutar para adquirir dinheiro, a pessoa está declarando, na verdade, que ele é a salvação da sua alma.
Como quem não está com Jesus já está contra ele (Mt 12.30), tal pessoa será culpada, mesmo quando se esforça para fazer o bem. Afinal, os pensamentos de tais pessoas são sempre de iniquidade (Is 59.7,8; Rm 7.15-19). Em outras palavras, eles ofendem a Deus com o poder que recebem Dele (ver Jó 12.6; Mq 2.1), já que, ao pecarem, estão demonstrando, não só ingratidão a Deus, mas afirmando que sua força e capacidade vem deles mesmos e que, por isto, não precisam prestar contas a ninguém (ver Hc 1.16).

Deus promete fazer uma obra tão grande que nem mesmo os gentios, que toda vida dedicaram a se especializarem na arte da maldade (crendo que, quanto mais conhecessem as profundezas de satanás, mais estariam vacinados contra a maldade dos inimigos (Ap 2.24)), acreditariam que fosse possível tanta maldade junta (Hc 1.5; ver Is 29.14).
Por terem desprezado o aviso de Deus por meio dos profetas anteriores (ver At 13.41, onde os desprezadores são os judeus), agora eles seriam sitiados pelos gentios caldeus e obrigados a virem o mal entre eles (isto é, como um deles). Em outras palavras, o coração deles estava tão duro (como o dos gentios) que precisariam de ser expostos a uma dose terrível de crueldade para, quem sabe, enxergar, o quão mal e amargo é deixar o Senhor (Jr 2.19).
É triste quando as pessoas, para enxergarem a bondade do Senhor, precisam aprender com os gentios, cujo coração é como pedra (Lc 19.40; ver 2Cr 12.8). E o pior é que muitos não irão experimentar a redenção. Antes, serão esmagados pela obra maravilhosa de Deus (At 13.41), já que, nestas circunstâncias, a sabedoria dos sábios perece (1Co 2.14-16), bem como o entendimento dos prudentes (Is 29.14).
Quão terrível é quando as pessoas, mesmo vendo ou ouvindo Deus agir, ainda assim não conseguem acreditar (Jo 6.52) ou entendem mal a mensagem do salvador (Mc 8.15-21). E tal como, na época de Habacuque, muitos não acreditavam que Jerusalém seria destruída (Jr 7.4) e depois restaurada, na época de Jesus, ninguém cria também no julgamento de Deus pelos romanos, nem na salvação provida por Jesus.
Outra coisa que levava as pessoas a duvidarem do julgamento de Deus era a ideia errada que eles tinham acerca do julgamento de Deus. Muitos acham que o fato de Deus ser amor implica que Ele não irá permitir o mal na vida de ninguém (Jr 26.6,9; 38.2-4; Am 7.10). Mas e quando nosso bem depende do mal na vida das pessoas? Aí nada mais resta senão o juízo.

IV – Habacuque 1.12 a 2.20 -> 2º QUESTIONAMENTO E 2ª RESPOSTA: OS ÍMPIOS SERÃO PUNIDOS NOS PRÓPRIOS MALES POR ELES PRATICADOS

Hc 1.12 a 2.1 -> Sem fé a pessoa passa a prestar culto (consultando e investindo) a tudo que pode, supostamente, afastar a correção divina da vida dele

Em contraste com a tendência dos judeus de endeusarem os inimigos mais fortes do que eles (ver Is 8.12-14; 51.12,13), o profeta aqui enfatiza a divindade do Senhor (Hc 1.12), bem como o fato de que, para ele, apenas o Senhor é Deus (meu Deus, meu Santo). Mesmo que os babilônicos tentassem se engrandecer, a ponto de determinarem quem ia reinar sobre os judeus, ainda assim, para ele (Habacuque), apenas o Senhor é Deus. Ele não se conformava em perecer na fé, mesmo com tanta injustiça a lhe cercar.
Não importa quanta força uma pessoa ou grupo de pessoas possa ter: todo poder (1Pe 5.11; Ap 4.11; 5.12) e autoridade (Mt 28.18) pertencem a Jesus. Tudo foi feito por Jesus, para Jesus e em Jesus (Rm 11.36; Cl 1.16). Tudo pertence a Ele (Sl 24.1; Jo 17.2; Ef 1.21-23). Logo:

*      Ninguém pode ter nada se do céu não lhe for dado (Jo 3.27; At 17.25-28);
*      Ninguém pode ter poder se Deus não lhe der (Jo 19.11);
*      Toda autoridade é constituída por Deus (Rm 13.1,2).

Ao invés de tentarmos lutar contra as pessoas, nosso papel é permitir que Deus nos use para que ela enxergue o motivo pelo qual Deus lhe deu este poder e o que Ele quer de nós em meio a esta situação.
Consequentemente, a Babilônia só teria este poder porque Deus queria usá-la para disciplinar as nações (Ez 30.25) e, em particular, o povo de Deus (tal como usou a Assíria – 2Rs 19.25; Is 10.5). É preciso entender que Deus estabelece os ímpios para o dia da calamidade (Pv 16.4): para destruir (Is 54.16) e, com isto, executar juízo e disciplinar o povo (Is 10.5; Hc 1.12).
Contudo, tão logo ela fosse usada para isto, passaria. Apenas Deus é Rocha eterna (Dt 32.4; Sl 18.2; Is 26.4), ou seja, permanece inabalável para sempre. Tudo mais irá mudar.
Para evitar de promover palavras ofensivas contra Deus (como fez Jeremias (Jr 15.18) e Jó (40.8) ou as pessoas na época de Malaquias (Ml 3.13)), Habacuque se dirige a Deus lembrando-O dos Seus atributos sublimes (Hc 1.13) e tentando entender os mesmos em meio a toda perfídia (como se dava também nas 10 tribos do norte – Is 21.2; 24.6; 33.1) e opressão (com o perverso devorando aquele que, aparentemente, era mais justo do que ele – Hc 1.13). Afinal, uma vez que Deus era tão puro de olhos a ponto de não ter nenhum prazer na iniquidade (Sl 5.4-6), como Ele poderia continuar sem fazer nada em meio a tanta injustiça (Jr 12.1)?
Note como Habacuque estava equivocado quanto a Babilônia ser mais perversa que Judá (Ez 16.51,52). Tanto que até as malignas estavam vindo a Judá para aperfeiçoar suas maldades (Jr 2.33). Sem contar que foi dos profetas de Jerusalém saiu a contaminação de toda a terra (Jr 23.15).
É justamente porque Deus é puro de olhos que Ele estava enviando a Babilônia para disciplinar Judá (Hc 1.12,13). Como, para Ele, é doloroso ver o mal e contemplar a opressão, Ele assim estava agindo para que as pessoas tivessem oportunidade para se arrependerem, converterem e, assim, Ele pudesse permanecer no meio de Judá vivificando Seu caráter e Palavra na vida deles.
Habacuque, contudo, compara o mundo com o mar, os homens com peixes e a Babilônia, com pescador (Hc 1.14-17). Assim como não havia leis proibindo a pesca (a fim de protegê-los), não havia leis que proibissem o rei da Babilônia de fazer o que quisesse com aqueles que conseguia dominar. Logo, a existência de leis é a prova de existe alguém que nos ama e está pronto para nos defender. Quem não tem sobre si o domínio de Deus (quem não se submeteu a Ele), está “livre” da cerca (Is 5.5) que a salva de fazer o mal (Os 2.7; Rm 6.20) e depois colhê-lo (Gl 6.7-9).
Em outras palavras, onde não há leis e autoridades, não há também ninguém para defender nossa causa.
No que Israel se recusou a seguir a ordem do Senhor (Is 30.9-11), Deus permitiu que a Babilônia tivesse total liberdade para fazer o que quisesse. Eles, então, decidem escravizar todos que apareciam no seu caminho (Hc 1.15). Note que, embora eles pescassem os povos de arrastão, tal como se faz quando se usa a rede ou a draga, o rei da Babilônia faria questão de “levantar um a um com o anzol” (ver também Jr 16.16; Am 4.2), ou seja, intimidar pessoalmente a cada um mostrando seu poder.
Por causa do sucesso obtido, eles se alegravam e vangloriavam em seus crimes (Hc 1.15). Gabavam-se de sua perversidade, como se esta fosse uma virtude, chegando ao ponto de idolatrarem sua rede e draga (Hc 1.11,16), ou seja, os recursos bélicos e riquezas que lhes permitiu aumentar as riquezas (Hc 1.16) e obter comida mais farta, gostosa e variada. Eles idolatravam a si mesmos por sua astúcia e poder (ver Dt 8.17; Is 10.13; 37.24,25), como se fosse vantagem acumular riquezas neste mundo.
Contudo, apenas a bênção que vem como resultado da companhia do Senhor na nossa vida é que enriquece sem trazer dores (Pv 10.22). Quanto mais elevada é a bênção neste mundo, maior é a abominação (Pv 11.17; Lc 16.15) e o peso (Lc 12.47,48) sobre nossas vidas. Note como o livro começa “o peso que viu o profeta Habacuque” (Hc 1.1). Ou seja, era um peso toda aquela prosperidade material, bem como os pecados advindos com ela e, principalmente, o juízo que pairava por causa dos mesmos. Afinal, Deus não tem prazer no sofrimento (Mq 7.18) e na morte do ímpio (Ez 33.11).
Uma vez que não era pela glória de Deus que eles estavam prosperando, até quando Deus iria permitir que eles continuassem esvaziando sua rede só para pegar mais peixes (Hc 1.17)? Isto lembra o rico louco que, por não querer trabalhar, mas viver ociosamente, decide derrubar os celeiros antigos a fim de construir outros bem maiores (Lc 12.16-21). Note como as pessoas ficam ansiosas para terem sempre à disposição os meios necessários para aumentar ainda mais seus bens e prazer.
Em meio a tanta maldade e confuso com a resposta de Deus (Hc 1.5-11), Habacuque se dispõe a ser atalaia das revelações divinas. A diferença é que, enquanto o atalaia humano fica em busca de sinais que mostrem a aproximação do inimigo (Is 21.8,11), o atalaia de Deus busca, com zelosa paciência, enxergar com bons olhos (Mt 6.22,23) tudo que Deus está a revelar através daquilo que lhe vem à vista (Is 21.8; Jr 6.17; Ez 3.17; 33.2,3; Sl 5.3; 85.8), de modo a captar todos os sinais que confirmam a aproximação de Jesus.
Veja o esforço feito por Habacuque para ouvir a voz de Deus:

*      Pôr-me-ei na minha torre de vigia -> Ele não se dispôs a vigiar no lugar dos outros, como que para isentá-los da responsabilidade de vigiar e orar para não entrarem em tentação (Mt 26.41). Antes, ele buscou de Deus a resposta para a vida dele, de modo que ele soubesse Seu lugar dentro do plano de Deus;
*      Colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei -> Embora devamos ir para o seu lugar secreto de oração (Is 26.20,21; Mt 6.6), isto não quer dizer que precisa ser literal. Ele podia muito bem se posicionar na fortaleza de Jerusalém, mas sem sair para fora de si. Mesmo diante de tanta resistência à presença de Deus, ele não se deixou abater. Antes, se colocou acima de toda tentativa, por parte de Israel, de resistir ao Espírito Santo (At 7.51) para vigiar melhor, ou seja, entender melhor quem é Deus e qual é a Sua vontade para ele e seu povo (ver Ef 5.16,17);
*      Para ver o que Deus me dirá -> Não devemos apenas ouvir o que Deus tem para nós, mas ver Ele e Sua Palavra (Jr 23.18,22).
*      Que eu responderei quando eu for arguido (reprovado) -> Muitas vezes Deus usa de perguntas para nos reprovar. Habacuque cometeu dois erros: achou que Deus iria confrontá-lo e pensou que seria capaz de se preparar para responder a Deus (veja Jó 9.3). Jó também pensou o mesmo (Jó 23.3-5), mas quando Deus se manifestou, ele percebe o quão indigno era de pronunciar algo diante de Deus (Jó 40.3,4; 42.3).

Todavia, uma coisa devemos admirar: Habacuque permaneceu vigiando até Deus falar com ele. Quantas vezes oramos 15 ou 20 minutos e achamos que fizemos um favor para Deus, enquanto Habacuque não se conformou em sair sem ouvir a voz de Deus. Permaneceu firme até receber a resposta, pois sabia que só Ele podia revelar a verdade.

Hc 2.2 a 2.4 -> Sem fé a pessoa se enche de desejos e corre desenfreadamente após eles ao invés de esperar Deus usar sua vida para manifestar a todos a Sua mensagem

Devemos ser a carta de Deus (2Co 3.1-3) a perfumar a vida de todos (2Co 2.14-16) a quem Sua Palavra é destinada.
Aqui, Deus dá uma revelação tão certa e duradoura (Hc 1.3) que a palavra deveria ser escrita bem legível (Dt 27.8) e em tábuas próprias para escrita (ver Lc 1.63), de modo que não se desgastassem facilmente com o tempo e pudessem de servir para outras gerações (ver Is 8.1; 30.8).
Além disto, estas palavras vistas por Habacuque deveriam ser vistas até mesmo pelos mais apressados (Hc 2.2). Ou seja, a revelação de Deus na nossa vida deve ser tão evidente que a mesma não deve passar desapercebida, nem mesmo por aquelas pessoas que não têm interesse em conhecer Jesus.
Mais ainda: a revelação de Deus na nossa vida deve estimular as pessoas que estão à nossa volta a pararem tudo o que estão fazendo e saírem correndo para anunciarem a salvação em Cristo, tal como fez a samaritana (Jo 4.28,29). Note como os apóstolos imediatamente largam tudo para seguirem Jesus (Mt 4.22; 9.9).
Em outras palavras: num mundo agitado como o nosso, nada mais indicado que a Palavra de Deus seja escrita no nosso coração de um modo tão claro (2Co 3.1-3) em nossas palavras e atitudes que, até os mais agitados parem para contemplar a luz de Cristo em nós (Mt 5.14-16; Jo 8.12).
Não importa o tempo que irá gastar até que a Palavra de Deus se cumpra. Sabe-se que a Palavra de Deus se cumpre no tempo que foi determinado por Deus (ver Dn 8.19,26; 10.14; 11.27,35), do modo que lhe apraz (Is 55.10,11) e de acordo com o propósito Dele (Rm 8.28). Assim, devemos esperar pelo cumprimento de tal palavra a fim de possamos ceifar aquilo que semeamos (Gl 6.7), tal como Jesus espera pelo dia em que todos os Seus inimigos sejam postos por estrado dos Seus pés (Hb 10.13).
Além do mais, o que vamos fazer se o bem demorar para chegar? O mal (ver 2Pe 3.3,4,8,9)? Andar nos nossos próprios desejos? É preciso entender que até o cumprimento da profecia, existe o Caminho a ser trilhado (Jo 14.6). O importante não é chegarmos ao destino (Hb 11.39) (mesmo porque é impossível, já que Deus é eterno), mas permanecermos neste caminho que conduz à salvação de todos e ao cumprimento glorioso de toda a Palavra. O importante é que participemos deste processo que começou na eternidade e irá se desenvolver por toda a eternidade, já que as palavras de Jesus jamais passarão (Mc 13.31). Não devemos ser egoístas a ponto de só aceitarmos aquilo que irá beneficiar nossa vida. Devemos buscar aquilo que irá se cumprir na vida dos outros (ver Jo 4.37,38).

*      Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR. (Lm 3.26).

A salvação do Senhor vem (Gn 49.18). Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra (Ml 3.1-3; Lc 18.7,8)? Nós somos salvos pela vida de Jesus em nós favorecendo o próximo (Ef 2.8,9). Contudo, para isto, é preciso crer que é através da bondade Dele (Rm 2.4) que o ímpio será justificado (Rm 4.5).
Se tudo parece estar demorando (ver Hb 10.37) é porque estamos esperando em Cristo apenas nas coisas desta vida (1Co 15.19). Infelizmente nos recusamos a receber o que Deus tem para nós (seja circunstâncias ou o poder Dele (1Co 4.18,19) se aperfeiçoando na nossa fraqueza (2Co 4.10,11; 12.9,10)). Contudo, quem espera, como soldado (2Tm 2.3-5; Fp 1.29), na recompensa vindoura, certamente terá prazer nos milagres de Jesus necessários para atravessarmos este imenso deserto sem pecar (veja como se dá a verdadeira liberdade – Jo 8.36).
Além disto, repare como a visão “se apressa para o fim” (Hc 2.3). Ou seja, Deus deseja que Sua Palavra se cumpra o mais rápido possível (ver Lc 12.50; Rm 9.28).  No entanto, enquanto não chega o dia em que finalmente toda a Palavra se cumprirá cabalmente (em virtude da longanimidade de Deus que espera que todos se convertam – 2Pe 3.9), esta visão irá falar aos corações.
Todavia, a alma do soberbo não é reta nele:

*      Se vem a luta e Jesus não vem nos “tempos aprazados” (ver 1Sm 13.11), ele retrocede para a perdição (Hb 10.37,38);
*      Se está a crescer (prosperar), atribui todo o sucesso a si, torna-se um apóstata. Não percebe que seu sucesso não é por causa do bom êxito da sua maldade, mas sim por fazer parte da obra de Deus que está a usá-lo para disciplinar o pecador.

A verdade é que o justo vive unicamente pela sua fé (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Ele jamais anda atrás de mamom para obter o que deseja. Ele não acha que precisa buscar meios para manter todos sob seu controle, como se a culpa de chegar algo aparentemente mau ou imperfeito na sua vida fosse de tudo e de todos (incluindo do acaso). Antes, busca ouvir a voz de Deus e espera o Espírito Santo revelar tudo que está oculto (Mt 10.26; Mc 4.22; Lc 12.2; 1Co 4.5) e cumprir a vontade revelada Dele em sua vida (ver Ez 2.1,2; Fp 2.12,13). Isto é viver pela fé. Não existe fé sem ouvir a voz de Deus, muito menos sem a manifestação sobrenatural do Espírito Santo (1Co 4.19,20).

Hc 2.5 -> Sem fé nada, nem ninguém, é suficiente

*      “Tanto mais que, por ser dado ao vinho, é desleal; um homem soberbo, que não se contém, que alarga como o sepulcro o seu desejo e, como a morte, que não se farta, ajunta a si todas as nações e congrega a si todos os povos.” (Hc 2.5).

Este versículo é uma síntese dos “cinco ais”.
Quem é dado ao vinho, jamais conseguirá ser leal. (Hc 2.5). O vinho é enganoso, pois além de não satisfazer, deixa a pessoa dependente dele, de modo que a pessoa não consegue mais conter seu desejo (Hc 2.5; ver Sl 78.30). Pelo contrário: o alarga como o sepulcro e a morte que nunca se fartam (Hc 2.5; Pv 27.20; 30.16; Is 5.14), ou seja, nunca estão completamente cheios (tal como os caldeus nunca conseguiam se satisfazer, apesar de tantas conquistas).
A verdade é que, quem não busca se satisfazer em Deus, nunca estará satisfeito, visto não possuir o amor em sua vida (Ef 4.17-19). Veja o caso dos caldeus: mesmo ajuntando a si todas as nações e congregando a si todos os povos, nunca se fartava (Hc 2.5). Hoje se vê isto na vida dos artistas de tv e música, bem como na vida dos grandes empresários e políticos (a começar pela elite global), mas principalmente no sistema religioso. Tal como se deu na época da torre de Babel (Gn 11.4), cada instituição religiosa quer que todos pertençam ao seu clero religioso, chegando ao ponto de brigarem entre si.
Eis os malefícios da bebida.

*      O vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio. (Pv 20.1) -> deixa a pessoa alvoraçada e faz dela um escarnecedor;
*      Para que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos. (Pv 31.5) -> leva a pessoa a menosprezar a Palavra de Deus e a trocar o doce pelo amargo (Is 5.20), o puro pelo impuro (Lv 10.10; Ez 22.26), o santo pelo profano (Ez 44.23).

A atitude de Belsazar comprova isto. Note o quanto ele zomba do verdadeiro Deus, a ponto de profanar os utensílios no templo, fazendo uso deles em sua farra blasfema (Dn 5.2-4).
Infelizmente, a tendência de quem está farto é negar o Senhor (Pv 30.9). Daí Deus abominar tudo que é elevado (Lc 16.15). Agora veja que problema:
*      se a pessoa não está satisfeita, ela alarga seu desejo como sepulcro;
*      se, por alguns instantes, consegue achar a satisfação, nega a Deus.

Isto só vem a comprovar o que Jesus disse: sem o novo nascimento, é impossível até mesmo ver o Reino de Deus (Jo 3.3).

Hc 2.6 a 2.8 -> 1º AI: Rapina & Ganho da Opressão (Is 33.14,15) -> Sem fé a pessoa não consegue se satisfazer com o que Deus deu e, por isto, quer de todas as formas conquistar as pessoas e o que lhes pertence, sem se dar conta de que perdeu o que era realmente seu (Mt 25.29; Lc 19.26)

Pecado: Ai daquele que acumula o que não é seu (até quando?), e daquele que a si mesmo se carrega de penhores! (Hc 2.6).
Repreensão: Não se levantarão de repente os teus credores? E não despertarão os que te hão de abalar? Tu lhes servirás de despojo. (Hc 2.7). Todos os mais povos te despojarão a ti (Hc 2.8).
Motivo do juízo de Deus: Visto (o modo) como despojaste a muitas nações e por causa do sangue dos homens e da violência contra a terra, contra a cidade e contra todos os seus moradores. (Hc 2.8).

Quando a Babilônia caísse, um cântico ridicularizador seria entoado (Hc 2.6; Is 14.4). Já não é de hoje que as pessoas têm prazer na desgraça dos outros (ver Jó 30.9; Lm 3.14; Mq 2.4). Daí o alerta do Senhor em Sl 109.16-18.
A Babilônia saiu acumulando aquilo que era dos outros, seja pilhando aquilo que conquistaram pela força militar ou aquilo que tomaram aproveitando-se do infortúnio das pessoas. Deus abomina quem se enche de bens (Dt 24.10-13) a ponto de desejarem ficar com tudo (Is 5.8; 57.17). No entanto, ao invés de nos alegrarmos com o sofrimento do injusto (Pv 24.17), devemos pensar que Deus assim permitiu porque deseja mostrar algo que vai além de tudo que existe neste mundo (1Co 2.9) e que nenhum dos ladrões daqui é capaz sequer de imaginar que existe, quão dirá de roubar (ver Mt 6.19,20; 1Co 2.7,8).
Por que insistimos em buscar apenas as coisas desta vida? Por que buscamos em Cristo as misérias deste mundo ao invés de tomarmos posse da verdadeira riqueza celestial (1Co 15.19) que faz de nós uma fonte inesgotável (Jo 4.13,14; 7.37-39) que enriquece a todos quantos assim desejam (2Co 6.10)? Deveríamos considerar como amigos aqueles que servem para enriquecer nossa alma, de modo que nos tornássemos ricos para com Deus (Lc 12.21).
Uma coisa é certa: quando alguém retém mais do que é justo (Pv 11.24-28; 21.17), que deseja se enriquecer depressa (Pv 28.20,22), com certeza se levantarão de repente os seus credores e se despertarão os que o hão de abalar (Hc 2.7). No final, a própria pessoa será o despojo do maligno (Hc 2.7) e o pior: achando que é uma pessoa livre!
Note como a maioria das pessoas são tratadas piores do que os escravos na época do cativeiro, mas ainda acham que são livres para escolherem o que desejam. Desde a infância são dominados pela mídia que lhes programa “hipnoticamente” acerca de como pensar e sentir, mas acham que são livres. Trata-se de um trabalho de mestre da elite global que sabe que a forma mais eficaz de se tirar proveito dos escravos é iludindo-os, visto que, quando se consideram livres, são mais produtivos e até se sacrificam em prol dos seus senhores.
Isto lembra os pequenos traficantes, que optam por este estilo de vida, alegando que preferem trabalhar para si mesmos e ganhar mais e com menos esforço do que trabalhar para os outros em troca de uma ninharia. Não percebem o estado miserável no qual estão: suas famílias destruídas, suas casas sujas e caindo aos pedaços, sua saúde se perdendo por trabalharem de noite, sem contar o desprezo da sociedade e os maus tratos da polícia. São usados pelos grandes traficantes (na maioria das vezes políticos, militares e empresários) que nenhum mal experimentam, antes se enriquecem às custas deles, enquanto eles têm uma vida pior do que a de cachorro de rua, mas achando que são livres.
Um detalhe importante a ser observado é que, não importa a quantidade de nações que eles conseguissem subjugar. As nações que restassem, mesmo que fossem poucas, seriam suficientes para aniquilar Babilônia (Hc 2.8). Ou seja, não importa o quanto eles se esforçassem para se livrarem do poder do mal, no final o mal que eles tanto temiam lhes sobreviria (como se deu com Jó – Jó 3.25,26).
 Pela iniquidade da avareza deles, Deus os pune, mas eles preferem permanecer rebeldes, seguindo o caminho do coração deles (Is 57.17). Mesmo se cansando em proceder perversamente (Is 47.13; 57.10; Jr 9.5) e colhendo o mal que semearam (Jr 30.16; Êx 21.23-25; Gl 6.7-9; Is 33.1; 2Tm 3.13; Tt 3.3), ainda assim insistiam neste comportamento perverso.
Vem a pergunta: “até quando?” (Hc 2.6). A resposta vem no versículo seguinte (de repente – Hc 2.7). Ou seja, mesmo que, aparentemente, a Babilônia parecesse impenetrável, impossível de ser conquistada, ela cairia de uma só vez (o que lembra a cura de Naamã apenas após mergulhar a 7ª vez (2Rs 5.14), a nuvem que apareceu como a palma da mão de um homem apenas na 7ª vez que o servo de Elias foi lá para ver (1Rs 18.44) e o rio Jordão se abrindo apenas após o pé dos sacerdotes se molharem (Js 3.15)).  Deus age “de repente” (Ml 3.1; At 2.2; 16.26; 22.6).
Quanto ao motivo de Deus enviar tal juízo, não pense que se trata de mero juízo para fazer os opressores sofrerem. Trata-se de modo usado por Deus para ensinar as pessoas. O problema não estava apenas em tomar posse dos despojos de guerra, mas sobretudo no modo usado por eles para despojar as muitas nações (Hc 2.8). Veja que, além de matar pessoas desnecessariamente, eles usavam de violência, não só contra os moradores, mas também contra as cidades e até contra a terra.
Ou seja, se dependesse deles, até a terra destes moradores se tornaria estéril, inabitável (veja algo semelhante em Jz 9.45; 2Rs 3.19). Eles, não só queriam que os povos deixassem de existir (destruindo cidades), mas até suas terras permanecessem desoladas. É bem verdade que:

*     a Babilônia, no caso de Judá, permitiu os mais pobres ficarem para serem vinhateiros e lavradores (Jr 39.10; 52.16). Mas isto é porque Deus amava a Israel e o castigava com medida, para não os destruir de todo (ver Is 27.8; Os 11.8,9);
*     no caso de 2Rs 3.19, isto foi ordem de Deus. Todavia, isto assim foi para nos mostrar o que acontece quando decidimos seguir a Deus com base nos preceitos e coisas deste mundo.

É bom lembrar que Nabucodonosor foi chamado pelo Criador de servo (Ez 29.18-20). Sem nascer de novo (Jo 3.3), só seremos capazes de servir a Deus de modo carnal, como vasos de ira, tal como a Babilônia. No final, o destino de tais pessoas é serem despojadas daquilo que despojaram os outros (Mq 2.4; Is 33.1).

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