quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

54 - A Verdade Sobre o Batismo na Água - Parte 2

4 – Por que Jesus foi batizado?

Façamos uma analogia com o que aconteceu quando Coré, Datã e Abirão se rebelaram contra Moisés. Após este episódio, Deus ordena que o líder de cada uma das tribos de Israel escrevesse seu nome no seu cajado (vara) e o colocasse diante da arca da aliança. A vara do escolhido de Deus haveria de florescer (Nm 17.2-5).
Agora pense: se o objetivo era provar que Arão era o escolhido, não bastava Arão colocar sua vara diante da arca? Ao vê-la novamente dando fruto, dúvida alguma haveria de que algo sobrenatural ocorrera. Todavia, o problema não estava em reconhecer a autoridade de Moisés e Arão. O que fora questionado por Coré, Datã e Abirão foi o fato de serem eles os líderes de Israel:

·         “E se congregaram contra Moisés e contra Arão, e lhes disseram: Basta-vos, pois que toda a congregação é santa, todos são santos, e o SENHOR está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do SENHOR?” (Nm 16.3).

Assim, no que apenas a vara de Arão floresceu, ficou manifesto que ele e Moisés eram os únicos instrumentos que haveriam de ser usados para conduzir Israel.
De igual modo, o batismo de João Batista só tinha uma finalidade: identificar Aquele que fora aprovado por Deus, a saber:

·         Aquele cujo caráter era semelhante ao próprio Pai (Filho amado);
·         Aquele cuja obra realmente enchia o coração do Pai de prazer (Mt 3.17), a qual consistia em cumprir toda a justiça do Pai a fim de que as pessoas pudessem ser batizadas com o Espírito Santo e com fogo.

O batismo era a ocasião provida por Deus para identificar Seu Messias (Jo 1.32,33). Considerando que muitos tentaram se candidatar ao cargo de messias (At 5.36-37), era imprescindível que o próprio Deus desse a conhecer aos Seus Aquele que seria usado para redimir toda a humanidade.
É bem verdade que, infelizmente, a maioria das pessoas não conseguiram captar a mensagem (a prova disto é que a maioria destes pediu, posteriormente que soltassem Barrabás e crucificassem Jesus. Contudo, isto não muda o fato de que Deus não deixou de dar testemunho de Si mesmo aos povos (Rm 1.18; At 14.15-17)). Infelizmente, pelo fato de a maioria não ter bons olhos (ver Mt 6.22,23), não conseguiram compreender a mensagem que se achava oculta nas coisas da vida que, embora simples, são eficazes, poderosas e repletas de bondade e verdade.
Para que fique claro: é como você tentar se comunicar em código com outra pessoa. Aqueles que detém a chave, conseguem entender a mensagem. Para os que não a detém, tudo parece selado, impossível de compreender e, assim, passível de distorção por aqueles que têm prazer na maldade (Is 29.10-12; 2Pe 3.16).
Algo semelhante se deu quando o dia da Sua morte estava prestes a ocorrer (Jo 12.31). Deus dá uma revelação tremenda à multidão que ali estava, mas o povo não discerniu a mensagem (Jo 12.28-30). E para você entender a importância disto, pense: eles estavam vivendo a plenitude dos tempos (Gl 4.4). O evento mais importante de toda a história do universo, o primeiro a ser projetado pelo Pai (1Pe 1.20), estava acontecendo ali, naquele momento.
Deus, que é de eternidade a eternidade (Sl 90.2), iria finalmente executar um evento único, o qual jamais houve outro semelhante e jamais haverá, sendo o evento do qual todos os demais dependem. Dentro de alguns dias o mesmo aconteceria e Deus estava avisando para aquela multidão acerca disto. Deus estava dizendo que era Ele quem vinha glorificando a Jesus e iria fazer isto ainda mais no Gólgota.
Se eles tivessem compreendido isto, além de não terem perdido o evento, teriam participado dele do lado correto, a saber, chorando pelas milhões de vidas que iriam se perder por não aceitar o que Deus fez por eles. Todavia, por não saber o que pertencia à paz deles (Lc 19.42), muitos não compareceram ao evento ou foram, mas para ficar do lado dos que pediram que soltasse Barrabás e crucificasse Jesus.
Ainda que você diga que isto tinha que ocorrer, isto em momento algum justifica o comportamento da multidão. Basta pensar no que Jesus disse a respeito de Judas (Mc 14.21):

·         “na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!” (Lc 22.22)

Ou seja, se eles tivessem discernido a voz, não teriam atraído maldição para si por pedirem a morte do Filho de Deus.
Quando Jesus disse que convinha cumprir toda a justiça (Mt 3.15), que fique claro: não era Jesus tentando se justificar praticando a justiça do Pai, mas sim deixando o Pai manifestar Sua justiça através Dele. Note que, em momento algum Jesus fez algo para Se mostrar (Mt 16.20; Mc 7.36). Antes, tudo que Ele fez foi pelo poder do Espírito Santo (Jo 5.19; At 10.38), a fim de que todos pudessem enxergar o Pai agindo por meio Dele (Jo 14.8-11).
Pense: se o batismo de Jesus fosse Ele se esforçando para ser justo, então a mensagem que seria transmitida a todas as pessoas é que todos nós temos que nos esforçar para cumprir a lei, já que Jesus é exemplo a ser seguido por nós (1Pe 2.21-24). Pare bonito espiritualmente, mas teríamos dois problemas: ninguém é capaz de cumprir a Palavra de Deus integralmente e a salvação passaria a ser pelas obras.
Todavia, a verdadeira fé não vem do nosso esforço em crer, mas é um presente dado por Deus (Ef 2.8,9; Gl 2.20; Tg 2.1). Entenda: na religião a pessoa se esforça para agradar a Deus a fim de conseguir bênçãos e alcançar a salvação (seja lutando para fazer coisas boas ou para cumprir a justiça que há na Palavra de Deus). Isto representa uma negação à verdadeira justiça que consiste no que Deus fez pelo ser humano a fim de poder abençoá-Lo e estar com ele para sempre (Rm 8.31,32).
Jesus nem foi justo, nem tentou cumprir a justiça do Pai (embora Ele tivesse total condições para fazer isto). Ao invés disto, ele entregou Seu corpo para que Seu Pai manifestasse toda a justiça. Assim como foi o Pai que providenciou o cordeiro em prol dos pecados de Abraão (Gn 22.8,14), foi o Pai que proveu o próprio sacrifício para Jesus.
De igual modo, é preciso entender o que Jesus quis dizer àqueles que quisessem segui-Lo:

·         “E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.” (Mt 10.38);
·         “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;” (Mt 16.24).

Aqui temos as seguintes lições a serem assimiladas:

1.       Não adianta querer negar a si mesmo e tomar a cruz sem estar disposto a seguir Jesus por onde quer que Ele vá (ver Jr 2.2; Ap 14.4). Isto é religião das cinco virgens néscias (Mt 25.12) e dos obreiros da iniquidade (Mt 7.21-23; Lc 13.23-28), ou seja, a tentativa do homem de se justificar diante de Deus com base nos preceitos da Escritura Sagrada por medo do choro e ranger de dentes (Mt 25.), e não porque a presença do Noivo lhe agrada como se deu como João Batista (Jo 3.29);
2.       Não adianta querer tomar a cruz (o jugo de Jesus – Mt 11.29) e seguir Jesus sem renunciar os próprios interesses. Isto é querer agradar a Deus, mas com vistas a interesses particulares, às riquezas do reino e não às pessoas que dele fazem parte. É a religião do filho mais velho de Lc 15 e dos primeiros trabalhadores de (Mt 20.10-16), que se considera melhor que os outros e, portanto, digno de coisas melhores;
3.       Não adianta abrir mão da vida boa que poderia ter aqui (Mt 10.39) e seguir Jesus, sem querer fazer a vontade Dele. É assim que os apóstolos seguiam Jesus antes de se converterem: se importar com a vontade do Pai (Mt 16.23; 19.27-29; Lc 22.31-32; Jo 14.28);
4.       Não adianta querer segui-Lo sem negar a si mesmo e tomar a cruz. Isto é o procedimento adotado pelas instituições religiosas que levam o nome do Criador, mas que querem viver por sua própria justiça e acreditando no que melhor lhe convém (Is 4.1), tal como Judas, que sempre esteve perto de Jesus: tinha nome de discípulo, mas nunca quis ter o Mestre dentro de Si;
5.       Não adianta querer tomar a cruz, mas sem negar a si mesmo e seguir Jesus. Tal pessoa tenta fazer a vontade de Deus, mas sem de fato ouvir a voz de Deus para agradá-Lo, tendo em vista apenas aquilo que é agradável à sua carne – é deste jeito que tenta viver o povão gospel: buscando em Cristo apenas nas coisas desta vida (1Co 15.15);
6.       Não adianta negar a si mesmo, mas sem tomar a cruz e seguir Jesus. Esta é a religião de Caim, que até renuncia a alguns prazeres da carne, sem se preocupar se realmente está a agradar a Deus, muito menos tem interesse em estar perto Dele. Isto é o que é pregado pelas religiões ascéticas (Cl 2.20-23), como se o único problema do homem fosse os seus maus desejos. De que adianta se isolar num mosteiro ou nos rituais de uma religião, se sua vida não representa um bem direto à vida das pessoas que estão próximas a ela? Querem se sentir em paz consigo mesmos a fim de se sentirem superiores às outras pessoas.

Podemos resumir da seguinte forma:

·         Negar a si mesmo: abandonar nosso ego (pensamentos, sentimentos, desejos, planos e ações);
·         Seguir Jesus: se agradar Dele, da companhia Dele (Sl 37.4; Hc 3.18), desejando estar onde Ele está.
·         Tomar a cruz: aceitar a vontade de Deus para nós (ainda que a mesma implica em ser maldito (Dt 21.22,23; Gl 3.13) aos olhos do mundo). Não é nós tentando arrumar uma cruz, mas aceitar de bom grado (abraçando) aquilo que Deus tem para nós (Mt 10.38).

Assim como Jesus se fez pecado por amor de nós (2Co 5.21), quem realmente quer agradar a Deus, virá a ser motivo de tropeço, escândalo e mal para o mundo. Enfim, será mal visto pelo mundo. Isto porque, o que é mal aos olhos de Deus, é bom aos olhos do mundo; o que é puro aos olhos de Deus, é imundo aos olhos do mundo (ver Lv 10.10; Is 5.20; Ez 22.26; 44.23). Daí as coisas de Deus serem loucura para o mundo (1Co 2.14-16) e vice-versa (1Co 3.18-20). Há inimizade entre as coisas do Espírito Santo e as da carne (Gl 5.17), entre ser amigo do mundo e de Deus (Tg 4.4).
Para você visualizar isto, pensemos em duas situações:
Primeira: Suponha que você tenha um amigo que faça parte da instituição religiosa que você é membro e está adulterando. Você, pensando em amar o próximo (Mt 22.39), tenta fazer com ele o que você gostaria que fizesse com você (distorcendo Mt 7.12), ou seja, decide encobrir o pecado dele (se apoiando no que Sem e Jafé fizeram com Noé – Gn 9.21-23). Afinal, isto evitaria que muitos enfraquecessem na fé (Rm 14.1; 15.1), bem como impediria a ocorrência de uma separação e, obviamente, que a esposa e filhos ficassem marcados por traumas irreparáveis.
Como você pode ver, o sistema religioso é bem articulado. Tudo parece muito bom e bíblico. Note como mandamentos tão sublimes quanto os citados acima foram transformados em algo nojento, abominável (Pv 17.15) (daí a misericórdia do ímpio ser cruel (Pv 10.22) e nossa justiça ser trapo de imundície (Is 64.6)). Isto só adiaria o problema. Quando tudo que estiver oculto for revelado (e será – Mt 10.26; Mc 4.22; Lc 12.2), a ruína será muito maior (Mt 7.24-27).
Revelar a verdade, na hora, pode não ser motivo de alegria (Hb 12.11). Daí o sistema considerar a real honestidade, verdade, justiça e bondade como crime, muitas vezes hediondo. Contudo, suponha que a verdade seja dita, tal como Jesus fazia com os fariseus (Mt 23.13-33) e Paulo fez com Pedro (Gl 2.14). Na hora pode doer, mas como a verdade conhecida liberta (Jo 8.32), após Deus restaurar a ferida (Jó 5.17-19), nada poderá romper esta felicidade.
Por que você acha que Jesus expunha os líderes religiosos à vergonha (cujo ápice se deu no madeiro do Calvário – Cl 2.15)? Não é porque os odiavas, mas era a forma Dele de dar ocasião para que eles se arrependessem, convertessem e assim a nação pudesse realmente ser salva. Quando você diz a verdade, dá oportunidade para a pessoa ser salva da destruição projetada para aqueles que aceitam o caminho do diabo.
Segunda: tente imaginar tudo o que se passou com Jesus pelos olhos da carne. Como pode o Pai, que tem todo poder e autoridade em Suas mãos, se negar a mover um “dedinho” sequer para ajudar Seu Filho amado perfeito, puro, santo, que jamais transgrediu qualquer um dos Seus mandamentos por menor que seja? Como o Pai pôde ver Seu Filho sendo acusado, escarnecido, maltratado injustamente e ficar indiferente a tudo?
Ainda que você diga que tudo isto tinha que acontecer com Jesus, pense: não é isto que você pensa quando está passando por uma luta? Você não tem a impressão de que Deus está sendo injusto (como o juiz de Lc 18.1-8)? Enquanto você trabalha honestamente e serve a Deus em uma instituição religiosa, supostamente fazendo o que Ele mandou, outras pessoas que só fazem, ensinam e cultuam a impiedade (ver Zc 5.8-11), parecem se dar bem.
Todavia, pense do ponto de vista espiritual, onde o alvo não é fazer coisas para dar conforto material ao oprimido, como se o objetivo de tudo fosse isolar a pessoa, de modo que ela não fizesse o mal a ninguém, nem sofresse, mas tivesse tudo que é agradável à sua alma. Espiritualmente, o alvo não é a tolerância mútua, mas preparar o coração das pessoas (ver Ed 7.9,10; Is 40.3), de modo que o Pai possa dar testemunho de Si mesmo ao mundo através delas e, assim, elas possam crescer em amor (no caráter de Jesus (fruto do Espírito Santo – Gl 5.22) e em pessoas dentro de si), não apenas sabendo, mas conhecendo a verdade dentro de si.
As pessoas não precisam de coisas materiais e circunstâncias favoráveis para manterem as pessoas afastadas, de modo que só permaneça os que lhe interessam. É preciso que cada um enxergue que o que é importante para cada um está presente na vida da outra pessoa, já que ela dispõe do dom espiritual ou ministerial necessário para que mais um novo aspecto da Palavra de Deus possa ser fixado, não apenas na sua mente, mas no seu coração, e isto de modo vivo. A ideia é que:

a)      a bondade de Cristo viva em nós por tudo que o fulano é na nossa vida;
b)     a paciência de Cristo viva em nós em virtude de o ciclano ser a paciência em pessoa;

Enfim, a ideia é que cada pessoa seja, na nossa vida, uma das riquezas celestiais, as quais vão além daquilo que nossa mente pode conceber (1Co 2.9-12; Ef 3.20).
Além disto, urge salientar que, embora Jesus tivesse vindo para fazer a vontade do Pai, Ele tinha prazer na mesma e se angustiava por vê-la cumprida (Lc 12.50; Jo 4.34). Ninguém tirou a vida de Jesus; foi Ele quem a deu pelo muito amor com que nos amou (Jo 10.17,18). Ou seja, vendo agora por este ponto de visto, o Pai fica sendo aquele que deu todas as condições para que todos os desejos de Seu Filho fossem satisfeitos. Detalhe: o desejo de Jesus era mostrar a todos quão grande é o amor do Pai e, assim, todos tivessem prazer Nele e na Sua vontade, a ponto de terem, por motivo de grande alegria, negarem tudo que eram anteriormente e considerarem como privilégio ficar longe de tudo que o sistema tem para oferecer, de modo que todos possam constatar o quão cruel é a misericórdia e bondade do sistema que rege este mundo (Pv 12.10).
Todo filho tinha que ser feliz em carregar, consigo, a imagem de tudo o que o Pai é: seu caráter, justiça, amor, etc.
Ou seja, não é o Pai que foi cruel em abandonar o Filho ao sofrimento; antes, foi o Filho que optou em fazer isto pelo imenso prazer de ver Seu Pai alegre e, ao mesmo tempo, poder ter o privilégio de nos ter perto Dele para compartilhar conosco Sua herança celestial. Ou seja, para quem enxerga a verdadeira riqueza da alma, qualquer sofrimento que possa vir a ter neste mundo parece ser pouco (Rm 8.18; 2Co 4.16-18).
Voltando à questão do batismo de Jesus, é preciso compreender que o homem Jesus, que tanto agradou o Pai, não conseguiu isto pelos atos de justiça que Ele, por Sua própria força ou capacidade, fez; antes, foi pelo fato de Ele ter sempre seguido a orientação do Espírito Santo, sem jamais fugir de qualquer situação difícil ou dolorosa (Is 50.5-7).
 Pelo contrário: sempre deixou o Pai manifestar Sua Palavra e caráter a cada momento. Por exemplo: não foi Jesus quem se matou por nós, mas sim permitiu que os inimigos do Senhor o crucificassem. Assim como, no sacerdócio levítico, o sumo-sacerdote escolhia o melhor cordeiro para servir de expiação pelos pecados seus e de toda a nação, a fim de que esta não fosse destruída, assim se deu com Jesus (Jo 11.49-52).
Embora o pedido de João Batista para ser batizado por Jesus parecesse razoável, não era. Assim como o grão de trigo primeiro precisa morrer para depois nascer (1Co 15.36), assim como primeiro a Antiga Aliança precisa ser removida para a nova entrar em vigor (Hb 8.13; 10.9), assim primeiro as pessoas tinham que enxergar a ineficácia dos rituais da Antiga Aliança (do qual o batismo do João era um símbolo) para, só então, ser instituído o verdadeiro batismo: o do Espírito Santo que sepulta nosso ego na morte de Cristo (Rm 6.3) para que Ele ressurreto viva em nós.

·         “E eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água. E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.” (Jo 1.31-33).

João sabia que sua missão de batizar com água tinha uma única finalidade: preparar o caminho para que Jesus pudesse se manifestar a Israel (Is 40.3). Sua mensagem de arrependimento para remissão dos pecados (Mc 1.4; Lc 3.3) era ineficaz. Como é bem sabido, a única coisa que pode nos libertar do pecado e sendo bem íntimo da Verdade (Jo 8.32,36). A ideia é que todos percebessem isto com clareza e, ao invés de irem após homens com belos discursos e rituais convincentes (ver 1Co 2.4-5), esperassem por Aquele que opera o verdadeiro batismo, que nos liberta de nós mesmos e nos permite experimentar o verdadeiro amor em nós (Jo 1.26-30; At 19.4).
Ainda quanto à questão de cumprir toda a justiça, isto estava relacionado com o batismo com o Espírito Santo que João Batista queria receber. Apenas quando toda a justiça de Deus se cumprisse em Jesus (algo que se consumaria no Gólgota) é que alguém poderia ser batizado com o Espírito Santo no corpo de Cristo (Jo 7.37-39; 16.7; 1Co 12.12,13).
Naquele momento, o único que podia ser batizado com o Espírito Santo era Jesus:

·         “Jesus, porém, respondendo, disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Dizem-lhe eles: Podemos. E diz-lhes ele: Na verdade bebereis o meu cálice e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado, mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem meu Pai o tem preparado.” (Mt 20.22,23).

Como Tiago e João haviam sido batizados por João (At 1.21,22), o batismo aqui referido era o do Espírito Santo.
Por fim, urge esclarecer a manifestação tripla de Deus no batismo de Jesus:

·         O Pai se manifestou como no Monte Sinai, representando a manifestação de Deus na época da lei;
·         Jesus estava ali se manifestando como homem, mostrando a todos o quão pequeno Deus se torna quando o consideramos como um mero ser humano (daí Jo 14.28), embora a fraqueza de Deus ainda seja infinitamente mais forte que o ser humano (1Co 1.25).
·         O Espírito Santo estava manifestando como Ele haveria de fazer a partir do dia de pentecostes (At 2.1,2): levando as pessoas à simplicidade (Mt 10.16; Rm 16.19; 1Pe 5.8) de Cristo (Mt 11.29), de modo que, juntas, pudessem formar um só corpo.

5 – Batismo com o Espírito Santo e com fogo

[ “Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga.” (Lc 3.16,17)

O batismo com o Espírito Santo tem por objetivo ajuntar o trigo no “celeiro” de Deus, ou seja, ajuntar os filhos de Israel que andam dispersos (Jo 11.52) em um só corpo (1Co 12.12,13).
Já o batismo com fogo é destinado à palha. Como o verme nunca morrerá, o fogo também jamais se apagará (Is 66.24; Mc 9.44,46,48).

6 – A ordem dada na grande comissão

[ “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt 28.18-20).
[ “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc 16.15,16).

Uma vez que Jesus tem toda autoridade, não só no céu, mas também na terra, devemos fazer discípulos batizando as pessoas em Jesus (que é o nome que representa o Pai (Aquele que se relaciona com o homem externamente), o Filho (Aquele que se relacionou com o homem cara a cara, como um igual a ele) e o Espírito Santo (Aquele que se relaciona com o homem internamente, sendo um mesmo espírito com ele – 1Co 6.17)). Ou seja, devemos mergulhar (“sepultar”) as pessoas nos ensinamentos de Jesus a fim de que Ele tenha como manifestar o Poder no qual consiste o Seu reino (1Co 4.19,20). Quem crer e for batizado nos ensinamentos de Jesus, verá os sinais que demonstram o poder do Seu reino acompanhando-os (Mc 16.17,18).
E como tais pessoas serão habitação permanente Dele (Jo 14.21,23), ao olharem para elas, verão a luz do mundo (ajunte Mt 5.14-16; Jo 8.12).

[ “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.” (Gl 3.27).

7 – Batismo também servia para identificar a pessoa com quem estava batizando

[ “Houve então uma questão entre os discípulos de João e os judeus acerca da purificação. E foram ter com João, e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu deste testemunho, ei-lo batizando, e todos vão ter com ele.” (Jo 3.25-26).
[ “E quando o Senhor entendeu que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João ( Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos ),” (Jo 4.1,2).

Com base nisto, temos que ser batizados com o Espírito Santo por Jesus Cristo, já que é assim que iremos nos identificar de verdade com Ele. Mesmo se, enquanto em vida, Jesus pessoalmente batizasse seus discípulos, sua identificação com Ele seria meramente exterior.
Todavia, ao ser batizado com o Espírito Santo, a identificação de Jesus com Seus discípulos seria total, pois, não apenas estavam seguindo Jesus externamente, mas interiormente seu coração estava sendo guiado pelo poder do Espírito Santo ao caráter de Jesus e Sua Palavra (daí 1Co 2.4,5; 4.19,20).

8 – Batismo de Moisés

[ “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar,” (1Co 10.1,2).

Quando Deus usou Moisés para conduzir o povo para fora do Egito, Ele os guiou pelo caminho do Mar Vermelho. Neste momento, veja o que aconteceu:

[ “E o anjo de Deus, que ia diante do exército de Israel, se retirou, e ia atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles. E ia entre o campo dos egípcios e o campo de Israel; e a nuvem era trevas para aqueles, e para estes clareava a noite; de maneira que em toda a noite não se aproximou um do outro. Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o SENHOR fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda.” (Êx 14.19-22).

Ou seja, a nuvem mencionada, além de guiar Israel (Êx 40.36-38), serviu de muralha entre os egípcios e os israelitas, de modo que eles não puderam aproximar um do outro até o momento certo, a saber, quando os egípcios haveriam de ser afogados:

[ “E disse o SENHOR a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros.” (Êx 14.26).

Ou seja, as pessoas do Antigo Testamento foram batizadas em Moisés no que foram guiadas por Deus, protegidas pelo Seu poder e libertas dos egípcios quando o Mar Vermelho os afogou.
Em outras palavras, o batismo em Moisés representa a saída do Egito (com seus ídolos e formas de cultuá-los), a destruição dos egípcios a fim de serem conduzidos sobrenaturalmente pelo próprio Deus. Era o fim da consciência mundana, fundamentada nos recursos e poderes deste mundo para confiarem apenas em Deus e no Seu poder.

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