4 – Por que Jesus foi batizado?
Façamos
uma analogia com o que aconteceu quando Coré, Datã e Abirão se rebelaram contra
Moisés. Após este episódio, Deus ordena que o líder de cada uma das tribos de
Israel escrevesse seu nome no seu cajado (vara) e o colocasse diante da arca da
aliança. A vara do escolhido de Deus haveria de florescer (Nm 17.2-5).
Agora
pense: se o objetivo era provar que Arão era o escolhido, não bastava Arão
colocar sua vara diante da arca? Ao vê-la novamente dando fruto, dúvida alguma
haveria de que algo sobrenatural ocorrera. Todavia, o problema não estava em
reconhecer a autoridade de Moisés e Arão. O que fora questionado por Coré, Datã
e Abirão foi o fato de serem eles os líderes de Israel:
·
“E se congregaram contra Moisés e contra
Arão, e lhes disseram: Basta-vos, pois que toda a congregação é santa, todos
são santos, e o SENHOR está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a
congregação do SENHOR?” (Nm 16.3).
Assim,
no que apenas a vara de Arão floresceu, ficou manifesto que ele e Moisés eram
os únicos instrumentos que haveriam de ser usados para conduzir Israel.
De
igual modo, o batismo de João Batista só tinha uma finalidade: identificar
Aquele que fora aprovado por Deus, a saber:
·
Aquele
cujo caráter era semelhante ao próprio Pai (Filho amado);
·
Aquele
cuja obra realmente enchia o coração do Pai de prazer (Mt 3.17),
a qual consistia em cumprir toda a justiça do Pai a fim de que as pessoas
pudessem ser batizadas com o Espírito Santo e com fogo.
O
batismo era a ocasião provida por Deus para identificar Seu Messias (Jo 1.32,33).
Considerando que muitos tentaram se candidatar ao cargo de messias (At 5.36-37),
era imprescindível que o próprio Deus desse a conhecer aos Seus Aquele que
seria usado para redimir toda a humanidade.
É
bem verdade que, infelizmente, a maioria das pessoas não conseguiram captar a
mensagem (a prova disto é que a maioria destes pediu,
posteriormente que soltassem Barrabás e crucificassem Jesus. Contudo, isto não
muda o fato de que Deus não deixou de dar testemunho de Si mesmo aos povos (Rm
1.18; At 14.15-17)).
Infelizmente, pelo fato de a maioria não ter bons olhos (ver Mt 6.22,23),
não conseguiram compreender a mensagem que se achava oculta nas coisas da vida
que, embora simples, são eficazes, poderosas e repletas de bondade e verdade.
Para
que fique claro: é como você tentar se comunicar em código com outra pessoa.
Aqueles que detém a chave, conseguem entender a mensagem. Para os que não a
detém, tudo parece selado, impossível de compreender e, assim, passível de
distorção por aqueles que têm prazer na maldade (Is 29.10-12; 2Pe
3.16).
Algo
semelhante se deu quando o dia da Sua morte estava prestes a ocorrer (Jo 12.31).
Deus dá uma revelação tremenda à multidão que ali estava, mas o povo não
discerniu a mensagem (Jo 12.28-30). E para você entender a
importância disto, pense: eles estavam vivendo a plenitude dos tempos (Gl 4.4).
O evento mais importante de toda a história do universo, o primeiro a ser
projetado pelo Pai (1Pe 1.20), estava acontecendo ali, naquele
momento.
Deus,
que é de eternidade a eternidade (Sl 90.2), iria finalmente executar um
evento único, o qual jamais houve outro semelhante e jamais haverá, sendo o
evento do qual todos os demais dependem. Dentro de alguns dias o mesmo
aconteceria e Deus estava avisando para aquela multidão acerca disto. Deus
estava dizendo que era Ele quem vinha glorificando a Jesus e iria fazer isto
ainda mais no Gólgota.
Se
eles tivessem compreendido isto, além de não terem perdido o evento, teriam
participado dele do lado correto, a saber, chorando pelas milhões de vidas que
iriam se perder por não aceitar o que Deus fez por eles. Todavia, por não saber
o que pertencia à paz deles (Lc 19.42), muitos não compareceram ao
evento ou foram, mas para ficar do lado dos que pediram que soltasse Barrabás e
crucificasse Jesus.
Ainda
que você diga que isto tinha que ocorrer, isto em momento algum justifica o
comportamento da multidão. Basta pensar no que Jesus disse a respeito de Judas (Mc 14.21):
·
“na verdade, o Filho do homem vai
segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!” (Lc 22.22)
Ou
seja, se eles tivessem discernido a voz, não teriam atraído maldição para si
por pedirem a morte do Filho de Deus.
Quando
Jesus disse que convinha cumprir toda a justiça (Mt 3.15), que fique claro: não era Jesus
tentando se justificar praticando a justiça do Pai, mas sim deixando o Pai
manifestar Sua justiça através Dele. Note que, em momento algum Jesus fez algo
para Se mostrar (Mt 16.20; Mc 7.36). Antes, tudo que Ele fez foi
pelo poder do Espírito Santo (Jo 5.19; At 10.38), a fim de que todos pudessem
enxergar o Pai agindo por meio Dele (Jo 14.8-11).
Pense:
se o batismo de Jesus fosse Ele se esforçando para ser justo, então a mensagem
que seria transmitida a todas as pessoas é que todos nós temos que nos esforçar
para cumprir a lei, já que Jesus é exemplo a ser seguido por nós (1Pe 2.21-24).
Pare bonito espiritualmente, mas teríamos dois problemas: ninguém é capaz de
cumprir a Palavra de Deus integralmente e a salvação passaria a ser pelas
obras.
Todavia,
a verdadeira fé não vem do nosso esforço em crer, mas é um presente dado por
Deus (Ef 2.8,9; Gl 2.20; Tg 2.1). Entenda: na religião a pessoa
se esforça para agradar a Deus a fim de conseguir bênçãos e alcançar a salvação
(seja lutando para fazer coisas boas ou para cumprir
a justiça que há na Palavra de Deus).
Isto representa uma negação à verdadeira justiça que consiste no que Deus fez
pelo ser humano a fim de poder abençoá-Lo e estar com ele para sempre (Rm 8.31,32).
Jesus
nem foi justo, nem tentou cumprir a justiça do Pai (embora Ele
tivesse total condições para fazer isto). Ao invés disto, ele entregou Seu corpo para que
Seu Pai manifestasse toda a justiça. Assim como foi o Pai que providenciou o
cordeiro em prol dos pecados de Abraão (Gn 22.8,14), foi o Pai que proveu o próprio
sacrifício para Jesus.
De
igual modo, é preciso entender o que Jesus quis dizer àqueles que quisessem
segui-Lo:
·
“E quem não toma a sua cruz, e não segue
após mim, não é digno de mim.” (Mt 10.38);
·
“Então disse Jesus aos seus discípulos:
Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua
cruz, e siga-me;” (Mt 16.24).
Aqui
temos as seguintes lições a serem assimiladas:
1.
Não
adianta querer negar a si mesmo e tomar a cruz sem estar disposto a seguir
Jesus por onde quer que Ele vá (ver Jr 2.2; Ap 14.4). Isto é religião das cinco
virgens néscias (Mt 25.12) e dos obreiros da iniquidade (Mt 7.21-23; Lc 13.23-28), ou seja, a tentativa do homem de se justificar
diante de Deus com base nos preceitos da Escritura Sagrada por medo do choro e
ranger de dentes (Mt 25.), e não porque a presença do
Noivo lhe agrada como se deu como João Batista (Jo 3.29);
2.
Não
adianta querer tomar a cruz (o jugo de Jesus – Mt 11.29) e seguir Jesus sem renunciar os
próprios interesses. Isto é querer agradar a Deus, mas com vistas a interesses
particulares, às riquezas do reino e não às pessoas que dele fazem parte. É a
religião do filho mais velho de Lc 15 e dos primeiros trabalhadores de (Mt 20.10-16),
que se considera melhor que os outros e, portanto, digno de coisas melhores;
3.
Não
adianta abrir mão da vida boa que poderia ter aqui (Mt 10.39) e seguir Jesus, sem querer fazer
a vontade Dele. É assim que os apóstolos seguiam Jesus antes de se converterem:
se importar com a vontade do Pai (Mt 16.23; 19.27-29; Lc
22.31-32; Jo 14.28);
4.
Não
adianta querer segui-Lo sem negar a si mesmo e tomar a cruz. Isto é o
procedimento adotado pelas instituições religiosas que levam o nome do Criador,
mas que querem viver por sua própria justiça e acreditando no que melhor lhe
convém (Is 4.1),
tal como Judas, que sempre esteve perto de Jesus: tinha nome de discípulo, mas
nunca quis ter o Mestre dentro de Si;
5.
Não
adianta querer tomar a cruz, mas sem negar a si mesmo e seguir Jesus. Tal
pessoa tenta fazer a vontade de Deus, mas sem de fato ouvir a voz de Deus para
agradá-Lo, tendo em vista apenas aquilo que é agradável à sua carne – é deste
jeito que tenta viver o povão gospel: buscando em Cristo apenas nas coisas
desta vida (1Co 15.15);
6.
Não
adianta negar a si mesmo, mas sem tomar a cruz e seguir Jesus. Esta é a
religião de Caim, que até renuncia a alguns prazeres da carne, sem se preocupar
se realmente está a agradar a Deus, muito menos tem interesse em estar perto
Dele. Isto é o que é pregado pelas religiões ascéticas (Cl 2.20-23),
como se o único problema do homem fosse os seus maus desejos. De que adianta se
isolar num mosteiro ou nos rituais de uma religião, se sua vida não representa
um bem direto à vida das pessoas que estão próximas a ela? Querem se sentir em
paz consigo mesmos a fim de se sentirem superiores às outras pessoas.
Podemos
resumir da seguinte forma:
·
Negar
a si mesmo: abandonar nosso ego (pensamentos, sentimentos,
desejos, planos e ações);
·
Seguir
Jesus: se agradar Dele, da companhia Dele (Sl 37.4; Hc
3.18), desejando
estar onde Ele está.
·
Tomar
a cruz: aceitar a vontade de Deus para nós (ainda que a
mesma implica em ser maldito (Dt 21.22,23; Gl 3.13) aos olhos do mundo). Não é nós tentando arrumar uma
cruz, mas aceitar de bom grado (abraçando) aquilo que Deus tem para nós (Mt 10.38).
Assim
como Jesus se fez pecado por amor de nós (2Co 5.21), quem realmente quer agradar a
Deus, virá a ser motivo de tropeço, escândalo e mal para o mundo. Enfim, será
mal visto pelo mundo. Isto porque, o que é mal aos olhos de Deus, é bom aos
olhos do mundo; o que é puro aos olhos de Deus, é imundo aos olhos do mundo (ver Lv 10.10; Is 5.20; Ez 22.26; 44.23). Daí as coisas de Deus serem
loucura para o mundo (1Co 2.14-16) e vice-versa (1Co 3.18-20).
Há inimizade entre as coisas do Espírito Santo e as da carne (Gl 5.17),
entre ser amigo do mundo e de Deus (Tg 4.4).
Para
você visualizar isto, pensemos em duas situações:
Primeira: Suponha que você tenha um amigo
que faça parte da instituição religiosa que você é membro e está adulterando.
Você, pensando em amar o próximo (Mt 22.39), tenta fazer com ele o que você
gostaria que fizesse com você (distorcendo Mt 7.12), ou seja, decide encobrir o
pecado dele (se apoiando no que Sem e Jafé
fizeram com Noé – Gn 9.21-23).
Afinal, isto evitaria que muitos enfraquecessem na fé (Rm 14.1; 15.1),
bem como impediria a ocorrência de uma separação e, obviamente, que a esposa e
filhos ficassem marcados por traumas irreparáveis.
Como
você pode ver, o sistema religioso é bem articulado. Tudo parece muito bom e
bíblico. Note como mandamentos tão sublimes quanto os citados acima foram
transformados em algo nojento, abominável (Pv 17.15) (daí
a misericórdia do ímpio ser cruel (Pv 10.22) e nossa justiça ser trapo de
imundície (Is 64.6)).
Isto só adiaria o problema. Quando tudo que estiver oculto for revelado (e será – Mt 10.26; Mc 4.22; Lc 12.2), a ruína será muito maior (Mt 7.24-27).
Revelar
a verdade, na hora, pode não ser motivo de alegria (Hb 12.11). Daí o sistema considerar a real
honestidade, verdade, justiça e bondade como crime, muitas vezes hediondo.
Contudo, suponha que a verdade seja dita, tal como Jesus fazia com os fariseus (Mt 23.13-33)
e Paulo fez com Pedro (Gl 2.14). Na hora pode doer, mas como a
verdade conhecida liberta (Jo 8.32), após Deus restaurar a ferida (Jó 5.17-19),
nada poderá romper esta felicidade.
Por
que você acha que Jesus expunha os líderes religiosos à vergonha (cujo ápice se deu no madeiro do Calvário – Cl 2.15)? Não é porque os odiavas, mas
era a forma Dele de dar ocasião para que eles se arrependessem, convertessem e
assim a nação pudesse realmente ser salva. Quando você diz a verdade, dá
oportunidade para a pessoa ser salva da destruição projetada para aqueles que
aceitam o caminho do diabo.
Segunda: tente imaginar tudo o que se
passou com Jesus pelos olhos da carne. Como pode o Pai, que tem todo poder e
autoridade em Suas mãos, se negar a mover um “dedinho” sequer para ajudar Seu
Filho amado perfeito, puro, santo, que jamais transgrediu qualquer um dos Seus
mandamentos por menor que seja? Como o Pai pôde ver Seu Filho sendo acusado,
escarnecido, maltratado injustamente e ficar indiferente a tudo?
Ainda
que você diga que tudo isto tinha que acontecer com Jesus, pense: não é isto
que você pensa quando está passando por uma luta? Você não tem a impressão de
que Deus está sendo injusto (como o juiz de Lc 18.1-8)? Enquanto você trabalha
honestamente e serve a Deus em uma instituição religiosa, supostamente fazendo
o que Ele mandou, outras pessoas que só fazem, ensinam e cultuam a impiedade (ver Zc 5.8-11),
parecem se dar bem.
Todavia,
pense do ponto de vista espiritual, onde o alvo não é fazer coisas para dar conforto material ao oprimido,
como se o objetivo de tudo fosse isolar a pessoa, de modo que ela não fizesse o
mal a ninguém, nem sofresse, mas tivesse tudo que é agradável à sua alma.
Espiritualmente, o alvo não é a tolerância mútua, mas preparar o coração das
pessoas (ver Ed 7.9,10; Is 40.3), de modo que o Pai possa dar
testemunho de Si mesmo ao mundo através delas e, assim, elas possam crescer em amor
(no caráter de Jesus (fruto do Espírito Santo – Gl
5.22) e em pessoas dentro de si),
não apenas sabendo, mas conhecendo a verdade dentro de si.
As
pessoas não precisam de coisas materiais e circunstâncias favoráveis para
manterem as pessoas afastadas, de modo que só permaneça os que lhe interessam. É
preciso que cada um enxergue que o que é importante para cada um está presente
na vida da outra pessoa, já que ela dispõe do dom espiritual ou ministerial
necessário para que mais um novo aspecto da Palavra de Deus possa ser fixado,
não apenas na sua mente, mas no seu coração, e isto de modo vivo. A ideia é que:
a)
a
bondade de Cristo viva em nós por tudo que o fulano é na nossa vida;
b)
a
paciência de Cristo viva em nós em virtude de o ciclano ser a paciência em
pessoa;
Enfim,
a ideia é que cada pessoa seja, na nossa vida, uma das riquezas celestiais, as
quais vão além daquilo que nossa mente pode conceber (1Co 2.9-12; Ef 3.20).
Além
disto, urge salientar que, embora Jesus tivesse vindo para fazer a vontade do
Pai, Ele tinha prazer na mesma e se angustiava por vê-la cumprida (Lc 12.50; Jo 4.34).
Ninguém tirou a vida de Jesus; foi Ele quem a deu pelo muito amor com que nos
amou (Jo 10.17,18). Ou seja, vendo agora por este ponto de visto, o
Pai fica sendo aquele que deu todas as condições para que todos os desejos de
Seu Filho fossem satisfeitos. Detalhe: o desejo de Jesus era mostrar a todos
quão grande é o amor do Pai e, assim, todos tivessem prazer Nele e na Sua
vontade, a ponto de terem, por motivo de grande alegria, negarem tudo que eram
anteriormente e considerarem como privilégio ficar longe de tudo que o sistema
tem para oferecer, de modo que todos possam constatar o quão cruel é a
misericórdia e bondade do sistema que rege este mundo (Pv 12.10).
Todo
filho tinha que ser feliz em carregar, consigo, a imagem de tudo o que o Pai é:
seu caráter, justiça, amor, etc.
Ou
seja, não é o Pai que foi cruel em abandonar o Filho ao sofrimento; antes, foi
o Filho que optou em fazer isto pelo imenso prazer de ver Seu Pai alegre e, ao
mesmo tempo, poder ter o privilégio de nos ter perto Dele para compartilhar
conosco Sua herança celestial. Ou seja, para quem enxerga a verdadeira riqueza
da alma, qualquer sofrimento que possa vir a ter neste mundo parece ser pouco (Rm 8.18; 2Co 4.16-18).
Voltando
à questão do batismo de Jesus, é preciso compreender que o homem Jesus, que
tanto agradou o Pai, não conseguiu isto pelos atos de justiça que Ele, por Sua
própria força ou capacidade, fez; antes, foi pelo fato de Ele ter sempre
seguido a orientação do Espírito Santo, sem jamais fugir de qualquer situação
difícil ou dolorosa (Is 50.5-7).
Pelo contrário: sempre deixou o Pai manifestar
Sua Palavra e caráter a cada momento. Por exemplo: não foi Jesus quem se matou
por nós, mas sim permitiu que os inimigos do Senhor o crucificassem. Assim
como, no sacerdócio levítico, o sumo-sacerdote escolhia o melhor cordeiro para
servir de expiação pelos pecados seus e de toda a nação, a fim de que esta não
fosse destruída, assim se deu com Jesus (Jo 11.49-52).
Embora
o pedido de João Batista para ser batizado por Jesus parecesse razoável, não
era. Assim como o grão de trigo primeiro precisa morrer para depois nascer (1Co 15.36),
assim como primeiro a Antiga Aliança precisa ser removida para a nova entrar em
vigor (Hb 8.13; 10.9), assim primeiro as pessoas tinham que enxergar a
ineficácia dos rituais da Antiga Aliança (do qual o
batismo do João era um símbolo)
para, só então, ser instituído o verdadeiro batismo: o do Espírito Santo que
sepulta nosso ego na morte de Cristo (Rm 6.3) para que Ele ressurreto viva em
nós.
·
“E eu não o conhecia; mas, para que ele
fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água. E João
testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar
sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me
disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o
que batiza com o Espírito Santo.” (Jo 1.31-33).
João
sabia que sua missão de batizar com água tinha uma única finalidade: preparar o
caminho para que Jesus pudesse se manifestar a Israel (Is 40.3).
Sua mensagem de arrependimento para remissão dos pecados (Mc 1.4; Lc 3.3)
era ineficaz. Como é bem sabido, a única coisa que pode nos libertar do pecado
e sendo bem íntimo da Verdade (Jo 8.32,36). A ideia é que todos percebessem
isto com clareza e, ao invés de irem após homens com belos discursos e rituais
convincentes (ver 1Co 2.4-5), esperassem por Aquele que opera
o verdadeiro batismo, que nos liberta de nós mesmos e nos permite experimentar
o verdadeiro amor em nós (Jo 1.26-30; At 19.4).
Ainda
quanto à questão de cumprir toda a justiça, isto estava relacionado com o
batismo com o Espírito Santo que João Batista queria receber. Apenas quando
toda a justiça de Deus se cumprisse em Jesus (algo que se
consumaria no Gólgota)
é que alguém poderia ser batizado com o Espírito Santo no corpo de Cristo (Jo 7.37-39; 16.7; 1Co 12.12,13).
Naquele
momento, o único que podia ser batizado com o Espírito Santo era Jesus:
·
“Jesus, porém, respondendo, disse: Não
sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber, e ser
batizados com o batismo com que eu sou batizado? Dizem-lhe eles: Podemos. E
diz-lhes ele: Na verdade bebereis o meu cálice e sereis batizados com o batismo
com que eu sou batizado, mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda
não me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem meu Pai o tem preparado.” (Mt 20.22,23).
Como
Tiago e João haviam sido batizados por João (At 1.21,22), o batismo aqui referido era o
do Espírito Santo.
Por
fim, urge esclarecer a manifestação tripla de Deus no batismo de Jesus:
·
O
Pai se manifestou como no Monte Sinai, representando a manifestação de Deus na
época da lei;
·
Jesus
estava ali se manifestando como homem, mostrando a todos o quão pequeno Deus se
torna quando o consideramos como um mero ser humano (daí Jo 14.28), embora a fraqueza de Deus ainda
seja infinitamente mais forte que o ser humano (1Co 1.25).
·
O
Espírito Santo estava manifestando como Ele haveria de fazer a partir do dia de
pentecostes (At 2.1,2): levando as pessoas à
simplicidade (Mt 10.16; Rm 16.19; 1Pe 5.8) de Cristo (Mt 11.29),
de modo que, juntas, pudessem formar um só corpo.
5 – Batismo com o Espírito Santo e com fogo
[
“Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na
verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que
eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará
com o Espírito Santo e com fogo. Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira,
e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se
apaga.” (Lc 3.16,17)
O
batismo com o Espírito Santo tem por objetivo ajuntar o trigo no “celeiro” de
Deus, ou seja, ajuntar os filhos de Israel que andam dispersos (Jo 11.52)
em um só corpo (1Co 12.12,13).
Já
o batismo com fogo é destinado à palha. Como o verme nunca morrerá, o fogo
também jamais se apagará (Is 66.24; Mc 9.44,46,48).
6 – A ordem dada na grande comissão
[
“E, chegando-se Jesus, falou-lhes,
dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho
mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos. Amém.” (Mt 28.18-20).
[
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo,
pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas
quem não crer será condenado.” (Mc 16.15,16).
Uma
vez que Jesus tem toda autoridade, não só no céu, mas também na terra, devemos
fazer discípulos batizando as pessoas em Jesus (que é o nome
que representa o Pai (Aquele que se relaciona com o homem externamente), o
Filho (Aquele que se relacionou com o homem cara a cara, como um igual a ele) e
o Espírito Santo (Aquele que se relaciona com o homem internamente, sendo um
mesmo espírito com ele – 1Co 6.17)).
Ou seja, devemos mergulhar (“sepultar”) as pessoas nos ensinamentos de
Jesus a fim de que Ele tenha como manifestar o Poder no qual consiste o Seu
reino (1Co 4.19,20). Quem crer e for batizado nos ensinamentos de
Jesus, verá os sinais que demonstram o poder do Seu reino acompanhando-os (Mc 16.17,18).
E
como tais pessoas serão habitação permanente Dele (Jo 14.21,23), ao olharem para elas, verão a
luz do mundo (ajunte Mt 5.14-16; Jo 8.12).
[
“Porque todos quantos fostes batizados
em Cristo já vos revestistes de Cristo.” (Gl
3.27).
7 – Batismo também servia para identificar a pessoa com quem estava
batizando
[
“Houve então uma questão entre os
discípulos de João e os judeus acerca da purificação. E foram ter com João, e
disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu deste
testemunho, ei-lo batizando, e todos vão ter com ele.” (Jo 3.25-26).
[
“E quando o Senhor entendeu que os
fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João ( Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos ),” (Jo 4.1,2).
Com
base nisto, temos que ser batizados com o Espírito Santo por Jesus Cristo, já
que é assim que iremos nos identificar de verdade com Ele. Mesmo se, enquanto
em vida, Jesus pessoalmente batizasse seus discípulos, sua identificação com
Ele seria meramente exterior.
Todavia,
ao ser batizado com o Espírito Santo, a identificação de Jesus com Seus
discípulos seria total, pois, não apenas estavam seguindo Jesus externamente,
mas interiormente seu coração estava sendo guiado pelo poder do Espírito Santo
ao caráter de Jesus e Sua Palavra (daí 1Co 2.4,5; 4.19,20).
8 – Batismo de Moisés
[
“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que
nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E
todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar,” (1Co 10.1,2).
Quando
Deus usou Moisés para conduzir o povo para fora do Egito, Ele os guiou pelo
caminho do Mar Vermelho. Neste momento, veja o que aconteceu:
[
“E o anjo de Deus, que ia diante do
exército de Israel, se retirou, e ia atrás deles; também a coluna de nuvem se
retirou de diante deles, e se pôs atrás deles. E ia entre o campo dos egípcios
e o campo de Israel; e a nuvem era trevas para aqueles, e para estes clareava a
noite; de maneira que em toda a noite não se aproximou um do outro. Então
Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o SENHOR fez retirar o mar por um
forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas
foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as
águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda.” (Êx 14.19-22).
Ou
seja, a nuvem mencionada, além de guiar Israel (Êx 40.36-38), serviu de muralha entre os
egípcios e os israelitas, de modo que eles não puderam aproximar um do outro
até o momento certo, a saber, quando os egípcios haveriam de ser afogados:
[
“E disse o SENHOR a Moisés: Estende a
tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus
carros e sobre os seus cavaleiros.” (Êx 14.26).
Ou
seja, as pessoas do Antigo Testamento foram batizadas em Moisés no que foram
guiadas por Deus, protegidas pelo Seu poder e libertas dos egípcios quando o
Mar Vermelho os afogou.
Em
outras palavras, o batismo em Moisés representa a saída do Egito (com seus ídolos e formas de cultuá-los), a destruição dos egípcios a fim
de serem conduzidos sobrenaturalmente pelo próprio Deus. Era o fim da
consciência mundana, fundamentada nos recursos e poderes deste mundo para
confiarem apenas em Deus e no Seu poder.
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