quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

54 - A Verdade Sobre o Batismo na Água - Parte 1

A VERDADE SOBRE O BATISMO NA ÁGUA

1 – Introdução

Já reparou como há muita confusão religiosa em torno deste tema. Sempre que você vir o sistema religioso discutindo fervorosamente sobre um determinado tema, pode estar certo de que ele está tentando desviar tua atenção para aquilo que não tem tanta importância (isto quando o assunto tem importância).
Se debate acerca de:

1.    Como deve ser o batismo;
2.    Quem tem autoridade para batizar;
3.    A partir de que idade a pessoa pode batizar;
4.    Quanto tempo deve a pessoa ser discipulada antes de batizar;
5.    Qual a fórmula batismal correta;
6.    Qual o verdadeiro significado do batismo.

Tanta confusão e guerra teológica em torno deste tema e, enquanto isto, o amor a Deus e ao próximo tem sido negligenciado (ver Lc 11.41,42). Com relação, em particular ao item quatro, a finalidade é batizar apenas quem converteu. Eu te pergunto: como saber que a pessoa realmente converteu?
Todavia, batismo na água não passa de uma prática ritual de lavagem com a suposta finalidade de purificação ou iniciação. Também chamado de ablução.
Diante disto, vem a pergunta: será que isto é verdade?

2  – Qual a importância do batismo para os judeus?

·         “E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? João respondeu-lhes, dizendo: eu batizo com água; mas no meio de vós está um a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca.” (Jo 1.25,26).

Por este versículo podemos ver o quão importante era, para os judeus (em particular os líderes religiosos), o fato de João estar batizando. Do contrário, eles não questionariam acerca da identidade dele. Na mente dos membros do sistema religioso só poderia batizar quem fosse profeta ou o Messias.
Vem a questão: qual a importância da água na cultura e religião judaica da época de Jesus?

·         “E um homem limpo ajuntará a cinza da novilha, e a porá fora do arraial, num lugar limpo, e ficará ela guardada para a congregação dos filhos de Israel, para a água da separação; expiação é.” (Nm 19.9) – esta água deveria ser espargida sobre quem tocasse em algum morto ou numa sepultura, bem como sobre a tenda e os móveis onde um morto fosse encontrado.

·         “Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissope, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo, dizendo: este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado. E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério. E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão.” (Hb 9.19-22) – Foram aspergidos sangue e água sobre o tabernáculo com todos os seus vasos, bem como o livro da lei e o povo. E depois o Espírito Santo visitou o mesmo com Sua nuvem de glória (Êx 40.34,35), o que lembra (1Jo 5.8).

·         Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo; dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo, que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço; consistindo somente em comidas, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção.” (Hb 9.7-10) – ablução = lavagem do corpo ou parte dele.

O fato de, constantemente, estarem sendo oferecidos holocaustos, ofertas e abluções pelo pecado era prova de que o caminho para o santuário continuava encoberto. Isto ensina que não devemos nos aproximar de Deus sem morrermos para nós mesmos (Mt 16.24) e nada havia que o sistema religioso pudesse fazer em prol disto. Como a consciência da pessoa não tinha sido aperfeiçoada, a presença de Deus só trazia condenação. Com base nisto, podemos concluir que a salvação não depende do desejo da pessoa em ser salva, muito menos em seu esforço para conquistar a salvação (Rm 9.16).
O grande desafio não é fazer coisas para agradar a Deus, mas sim ter prazer Nele e no que Ele tem para operar em nós e através de nós. As abluções, incluindo o batismo, é uma tentativa da carne de se justificar. Podemos ver isto em Pedro:
·         “Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.” (Jo 13.3-8).

Note que Pedro queria seguir Jesus, mas com o mesmo espírito das sete mulheres de Is 4.1: buscando justificar a si mesmo. É muito mais fácil confiar num ritual físico que está dentro dos nossos limites e controle do que se sujeitar a alguém (ainda mais quando se trata do próprio Deus). É difícil entregar o controle nas mãos de Deus.
Não é em vão que João diz que quem não ama a seu irmão não ama a Deus (1Jo 4.20,21). Afinal, se não tentamos nos sujeitar nem mesmo a um ser humano (onde um cede daqui e o outro de lá, como numa barganha), jamais perceberemos o óbvio: que para agradar a Deus não adianta fazermos acordos. Apenas aceitando a aliança Dele poderemos ser salvos, e isto implica em nos negarmos por completo.
Talvez você questione: “mas, aparentemente, foi Deus quem o batismo nas águas”.
Todos os rituais do Antigo Testamento foram ordenados por Deus e, ainda assim, não justificavam aqueles que os praticava. Pelo contrário, só geravam canseira (ver Ml 1.13), afastavam as pessoas ainda mais de Deus (Gl 5.4), as enchia de pecados (Rm 7.7-11; Tg 2.10) e as tornava malditas (Gl 3.10).
·         As mesmas janelas do céu que se abriram para derramar o dilúvio sobre a terra também era símbolo de bênção, já que a chuva era necessária para a colheita (Ml 3.10,11). Por outro lado, a provisão abundante é ocasião para temor, cova e laço (Is 24.17,18), já que estimula a cobiça (Pv 1.19; 1Tm 6.9-11).

·         “Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão.” (Mt 15.2);
“E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três almudes.” (Jo 2.6);
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.” (Mt 23.25,26);
E o Senhor lhe disse: agora vós, os fariseus, limpais o exterior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade. Loucos! Quem fez o exterior não fez também o interior? Antes dai esmola do que tiverdes, e eis que tudo vos será limpo.” (Lc 11.39-41) – O problema é que o líderes religiosos estavam comendo e bebendo à custa da exploração dos pobres (por exemplo, as viúvas – Lc 20.46,47). Se eles pensassem em dar a cada um exatamente o que este precisa (que Deus colocou em sua despensa para ele – Mt 24.45; 1Co 4.1-2; 1Pe 4.10), eles não usariam as leis para criticar e desprezar as pessoas, mas para ver em que elas precisavam ser salvas. Deste modo, não julgariam as pessoas por não seguirem tradição de homens (Jo 2.6), muito menos sujariam interior deles querendo parecer justos diante dos homens (Lc 16.15);

·          “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.” (Ez 36.25). Entendendo que muitas destas imundícias eram ocasionadas por situações que eram alheias à vontade da pessoa (menstruação ou doenças como lepra ou algum líquido fluindo da sua carne) ou até como consequência de algo natural (lamentar a morte de um parente querido), bom (ajudar alguém com uma das doenças acima) e até vital (sêmen da cópula) ou ordenado por Deus (no exercício do sacerdócio), isto implica em não sermos mais censurados quando fazemos a vontade de Deus (Rm 14.16; 1Co 10.30) ou abençoamos alguém, muito menos quando somos vítimas de circunstâncias desagradáveis que nos torna abomináveis aos olhos de Deus e de todos, mesmo sem ter feito nada para merecer isto.

·          “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.” (Jo 15.3) – O que nos limpa é a Palavra que Jesus nos fala pessoalmente (Is 55.10,11), e não as que os líderes religiosos falam, por mais certas que sejam;


·         “Jesus respondeu, e disse-lhe: qualquer que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.” (Jo 4.13,14) – Quem bebe daquilo que Jesus dá, e não daquilo que os outros nos dão ou do que gostamos e colocamos para dentro (tipo por exemplo, os shows gospel que muitos participam). Detalhe: quem bebe da Água Viva nunca mais tem sede. Daí a vida Dele ser chamada de vida eterna. No entanto esta vida está escondida com Jesus (e Seu corpo) em Deus, ou seja, naquilo que diz respeito a Ele (Cl 3.3).

·         E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.” (Jo 7.37-39) – O Espírito Santo genuíno é dado apenas por Jesus àqueles que querem ser fonte bondade e misericórdia (Sl 23.6) para conduzir muitos à vida eterna (Jo 4.14). Para tais pessoas, a sede interior terá fim quando o Espírito Santo viver a Palavra de Jesus para os purificar das imundícias e dos ídolos. Note como só deixaremos de confiar (descansar) em outras coisas, nos envolvendo com algo que não reflita em tudo o caráter e Palavra de Cristo, quando nossa vida (nosso DNA) tiver se originada no Espírito Santo (visão) e na Sua Verdade (conceito) (Jo 4.23,24). Não adianta visão (que implica em estímulo) correta com conceitos errados, nem conceitos certos usados com más motivações.

·         Também Mefibosete, filho de Saul, desceu a encontrar-se com o rei, e não tinha lavado os pés, nem tinha feito a barba, nem tinha lavado as suas vestes desde o dia em que o rei tinha saído até ao dia em que voltou em paz.” (2Sm 19.24);
·         “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.” (Jo 13.14);
·         “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa,” (Hb 10.22);
·         “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.” (Tg 4.8).

No que Jesus ofertou Seu corpo, aperfeiçoou para sempre os que são separados para uso exclusivo de Deus (Hb 10.14). A partir de então, o Espírito Santo tornou Suas leis o desejo do coração dos santificados (visão correta) e os levou a entendê-las corretamente (do ponto de vista espiritual) (Hb 10.16). Diante disto, não há mais lugar para o pecado na vida destes (Hb 10.17). Em outras palavras, ao ser imerso na verdade de Jesus (Jo 8.32) pelo próprio Jesus (Jo 8.36), a oferta para combater pecados (Hb 10.18) ganha um novo significado: ao invés de se fazer um ritual externo para convencer Deus a apagar o pecado de modo místico (como se supõe), Jesus oferece Seus dons internamente que irão fixar a Palavra de Deus e Seu caráter na pessoa, de modo que o pecado não consegue encontrar lugar para se manifestar.
Agora, com a pessoa enxergando e entendendo as coisas do ponto de vista espiritual, ela passa a fazer parte da vida daqueles que, como ela, foram trabalhadas pelo Espírito Santo ao vivo, de modo que passar a ser vistos como um só corpo. Este corpo (de Cristo) é o caminho para se entrar no santuário celestial. Contudo, isto só pode ser feito pelo sangue de Jesus, ou seja, por aqueles que concordam em viver Sua vida (Gl 2.20).
Jesus agora é o único sacerdote (Hb 10.21), cujo objetivo é multiplicar em abundância o fruto do Espírito Santo (Gl 5.22) para, com isto, aniquilar o pecado. Jesus é grande sacerdote porque, no que fez de nós Seu corpo, agora controla nossa alma e espírito, de modo a ser possível chegar-se ao Pai (Hb 10.22):
·         Com coração verdadeiro – que vê e entende do jeito certo, não enganando a si e aos demais achando que está buscando a Deus quando, na verdade, está se afastando nele (é o que acontece no sistema religioso);
·         Em inteira certeza de fé – nada de fé dobre, que tenta conciliar o sistema babilônico com as coisas espirituais;
·         Com o coração nosso e dos outros purificados da má consciência – muitos acabam entrando no Reino de Deus para acusar os que não dão conta (diabo) e para incitar as pessoas a buscarem o melhor desta terra (satanás (Mt 16.23), já que tal busca leva as pessoas a esquecerem as coisas espirituais, como Jesus deseja (Mt 6.19-21));
·         Com o corpo lavado com água pura.
No Antigo Testamento isto era muito utilizado. Por exemplo, a pessoa que tinha fluxo saindo da sua carne, tornava quem estava perto imundo, seja por:
a)      tocar a sua cama (Lv 15.5);
b)     se assentar sobre aquilo em que se assentou o que tem o fluxo (Lv 15.6);
c)      tocar a carne do que tem o fluxo (Lv 15.7);
d)     receber saliva do que tem o fluxo (Lv 15.8);
e)      tocar em alguma coisa que esteve debaixo dele, bem como levá-la para algum lugar (Lv 15.10);
f)       ser tocado pelo que tem o fluxo sem haver lavado as suas mãos com água (Lv 15.11).

Os itens “a”, “b” e “e” valem para a mulher na época da menstruação (Lv 15.19-27).
Tal pessoa deveria lavar o seu corpo e roupas com água (e mesmo assim ainda seria imundo até à tarde). Também dever-se-ia proceder do mesmo modo:

·         Quando a pessoa que tem o fluxo em sua carne ficasse curada (Lv 15.13);
·         Quando o homem ejaculasse (Lv 15.16,17);
·         Aquele que levasse o bode emissário (Lv 16.26)
·         O responsável por queimar a peles, a carne e o esterco do novilho e do bode da expiação (Lv 16.27,28);
·         Aquele que comesse corpo morto ou dilacerado (Lv 17.15);
·         Todo aquele que tocasse em algum morto, cadáver de algum homem (Lv 19.13);
·         Todo aquele que entrasse ou estivesse na tenda em que morreu alguém (Lv 19.14);
·         Quem tocar num morto ou nos ossos de algum homem ou numa sepultura (Lv 19.16);
·         O sacerdote que oferecesse a novilha ruiva, bem como aquele que a queimou (Lv 19.7,8). Detalhe: ambos também seriam imundos até à tarde. De certo pelo fato de que o simples contato com o cadáver de um animal já tornava a pessoa imunda (Lv 11.39,40). Isto mostra que, embora o ritual tivesse por finalidade purificar as pessoas dos pecados, o exercício do sacerdócio já deixava a pessoa contaminada. Ou seja, a obra do sistema religioso (que quase todos acham que é a de Deus), ao invés de purificar, deixa a pessoa ainda mais contaminada pelo pecado.

Também deveria lavar seu corpo com água aquela pessoa que tocasse em algum réptil ou em algum homem que se tornou imundo (seja por ser leproso, ter fluxo, por ter tocado em alguma coisa imunda de tocar em um cadáver ou réptil) (Lv 22.4-6).
O sumo-sacerdote também deveria lavar seu corpo com água ao vestir a ao tirar a túnica santa de linha (Lv 16.4,24) por ocasião do dia da expiação.
Isto influenciou tanto os judeus que, muitos, por causa disto, deduziram que a água era capaz de purificar tudo, a ponto de transformarem em tradição lavar as mãos (Mc 7.2,3), bem como utensílios usados para comer (Mc 7.4).
Tanto que Mefibosete, triste pela ausência de Davi, fica sem lavar os pés e as vestes, como que para mostrar, com sua vida, o quão imundo era Absalão e seu reino.
Por tudo isto é que Deus usa a água para o anúncio da chegada do Reino de Deus: primeiro com o batismo de João; depois, Jesus usa a metáfora da lavação dos pés (Jo 13.14) e Tiago a da limpeza das mãos que, juntas, lembram a obrigação dos sacerdotes de lavarem mãos e pés ao entrarem para servir a Deus (Êx 30.19,20).
Ajuntando com a questão do sumo-sacerdote entrando no Santo dos Santos, a lição que podemos aprender de lavar o corpo com a água limpa é:

·         Para resolver a cobiça de querer ser o maior, a receita é se colocar como servo de próximo, de modo a conservar Sua caminhada por este mundo limpa (Jo 13.4);
·         Para vencer o mundo com seus atrativos e, assim, ver o fim das guerras e contendas (Tg 4.1-3) e diabo fugindo de nós (Tg 4.7,8), a receita é limpar as mãos, ou seja, deixar Deus usar nossas mãos ao invés de querer enchê-la de bens deste mundo, ainda que com a desculpa que é para ser vir a Deus;
·         Para que possamos servir como instrumento de Deus para que os pecados das pessoas sejam perdoados, nosso ser deve ficar completamente limpo do pecado.

Enfim, para que possamos nos aproximar das pessoas (o verdadeiro Santo dos Santos), de modo a sermos bênção na vida delas, só existe uma receita: lavar o corpo com água pura (repare que, todas as referências que se faz à água no Antigo Testamento nunca se coloca a palavra “pura”, pois nenhuma água neste mundo é totalmente pura), ou seja:

·         “Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro” (1Pe 1.22).

3 – Batismo de João Batista

Vejamos, primeiramente, a missão de João Batista:

·         “E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto.” (Lc 1.17);
·         “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.” (Is 40.3);
·         “Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.” (Jo 1.22,23).

Ele foi enviado como precursor do Messias para preparar-Lhe o caminho rumo ao coração dos homens. Como Ele iria fazer isto?

·         “Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados.” (Mc 1.4);
·         “E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados;” (Lc 3.3);
·         “Tendo primeiramente João, antes da vinda dele, pregado a todo o povo de Israel o batismo do arrependimento.” (At 13.24).

Vem a questão: o batismo de João realmente conduzia ao arrependimento que promove o perdão dos pecados? Com certeza não! O próprio João Batista reconhecia a ineficácia do seu batismo:

·         “E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água; mas no meio de vós está um a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca. No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.25-27,29).
·         “E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.” (Mt 3.11).

Se isto não é suficiente, lembre-se que, quando Jesus quis ser batizado, João não quis batizá-lo justamente por saber que este batismo não tinha sentido para Jesus (Mt 3.14). Considerando que a Igreja é o corpo Dele, então isto se aplica a nós.
Até o próprio Jesus diz:

·         Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias(At. 1:5).

Paulo depois confirma isto ao mostrar que o batismo nada tinha haver com a evangelização (1Co 1.13-17). Do contrário, se a salvação tivesse algo haver com o batismo, então a evangelização de Paulo estaria incompleta, já que, conforme Jesus disse, quem fazia discípulos também deveria batizar a pessoa (Mt 28.19). Felizmente, como será visto, o batismo a que Jesus está se referindo é algo bem diferente.
 Além disto, para que a cruz de Cristo não se faça vã, não podemos ir com sublimidade de palavras e, como é bem sabido, todos que iam para serem batizados por João, o faziam confessando os seus pecados (Mt 3.6). Se fizessem uso de um belo discurso, estariam anulando 1Co 2.4,5; se fizesse uso de poucas palavras, ficaria parecendo que as mesmas eram uma fórmula mágica. Sem contar que, indiretamente, eles estavam se comprometendo a viverem um novo estilo de vida apoiados na própria força e desejo deles.
João Batista pode ter sido o maior homem nascido de mulher. Contudo, qualquer um que é cidadão do Reino de Deus (o que acontece após ter sido batizado pelo Espírito Santo) é maior do que Ele (Mt 11.11). Ajuntando com o fato de que a lei e os profetas duraram até João Batista (Lc 16.16) e que o batismo era um preceito da lei, logo já não tem mais validade (Ef 2.13-15; Hb 7.12).
A razão de se ter escolhido o batismo nas águas para arrependimento é tão somente para que as pessoas percebessem que a limpeza dada pela lei (e seus rituais) era tão somente superficial, externa e temporária. Apenas a companhia constante do Espírito Santo é que mantém nossa mente e coração incontaminados para sempre.
Alguém pode argumentar: mas então, por que Jesus consentiu que os discípulos batizassem?
Pense da seguinte forma: se o batismo é tão importante, como Jesus poderia deixar pessoas que não O amavam (Jo 14.28), que nem convertidos eram (Lc 22.31,32), batizassem? Mesmo após andar com Ele por mais de três anos, eles ainda eram tão carnais e meninos na fé que Judas o traiu (Mt 10.4), João chegou a desejar que caísse fogo do céu para destruir os samaritanos (Lc 9.54), Pedro cortou a orelha de Malco (Jo 18.10), além de negá-Lo três vezes (Lc 22.61). Fora as várias vezes que eles disputaram para ver quem era o maior (Mt 18.1; 20.24-28; 23.11; Mc 9.34; Lc 9.46; 22.24, sendo esta última por ocasião da santa ceia).
Se mesmo na véspera da morte de Jesus eles nem convertidos eram, quão dirá no início da caminhada com Jesus, quando mal conheciam Ele e Seus ensinamentos. Não passavam de pessoas rudes que acabaram de ser chamadas para segui-Lo. E para piorar as coisas, nem mesmo da tribo de Levi eles eram (lembre-se que o Novo Testamento só começou com a morte de Jesus – Hb 9.16).
Ou seja, nunca houve alguém tão despreparado quanto eles.
Mas, se o batismo não tem valor, então por que Jesus permitiu que eles batizassem? Para que eles e todos percebessem que o ritual não é importante, mas sim a operação do Espírito Santo. Não importa o quão erudito seja o ministro de Deus ou quão bem elaborado é o ritual, quem salva é o Espírito Santo, e isto por meio da fé da pessoa:

·         “E disse à mulher: A tua te salvou; vai-te em paz.” (Lc 7.50);
·         “E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua te salvou; vai em paz.” (Lc 8.48);
·         “E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua te salvou.” (Lc 17.19);
·         “E Jesus lhe disse: Vê; a tua te salvou.” (Lc 18.42).

Por isto é que os obreiros da iniquidade ficam espantados ao verem Deus dando profecias, expulsando demônios e fazendo muitas maravilhas e ainda assim Jesus dizer que não os conhecia (Mt 7.21-23). Eles achavam que era por causa deles que Deus estava fazendo os milagres, quando, na verdade, Deus estava passando por cima deles, o que lembra o que se deu no dia da páscoa, quando o anjo da morte era obrigado a passar por cima de toda casa que estava coberta com o sangue do cordeiro (Êx 12.23). A única diferença é que, aqui, Jesus passa por cima das portas do inferno disfarçadas (Mt 16.18) a fim de que Sua salvação alcance Suas ovelhas.
Enfim, a ideia é que todos vissem que batismo de João, em si, nada significava e, assim, ao invés de permanecerem se alegrando com aquela pequena candeia (Jo 5.35), fossem despertados para a necessidade de buscar e seguir a verdadeira luz do mundo (Jo 8.12).
Como já vista, o papel de João era preparar o caminho do Senhor. E a melhor forma para isto era usar um ritual que lembrava muito os métodos usados pelos judeus para purificação dos pecados a fim de que eles percebessem a inutilidade dos mesmos.
É claro que nenhum deles funcionava, mas a ideia era justamente esta: mostrar que qualquer método externo de purificação é sem valor e que apenas o amor contínuo pelo próximo (Lc 11.41) após batizado pelo Espírito Santo (daí João tanto enfatizar isto em Jesus – Mt 3.11) pode limpar de vez o coração da pessoa.
Infelizmente, até hoje, muitos, como Apolo, não têm compreendido esta verdade:

·         “Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do SENHOR, conhecendo somente o batismo de João. Ele começou a falar ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram Priscila e Áqüila, o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus.” (At 18.25,26).

Ou seja, pregam o evangelho, dizem que a salvação é pela graça mediante a fé (Ef 2.8,9), mas no fundo ainda creem disfarçadamente no batismo de João, ou seja, de que é necessário algum ritual ou oferta carnal para purificação dos pecados ou receber bênçãos (como, por exemplo, jejuns, campanhas, dízimo, ofertas, votos, etc.). É triste ser instruído no caminho do Senhor, mas enxergando e buscando apenas as coisas deste mundo (1Co 15.19).
Hoje, o batismo de João não tem valor.

·         “E eu vos digo que, entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele. E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João, justificaram a Deus.” (Lc 7.28,29).

Na época, contudo, isto era tão importante que ser batizado por João era um modo de glorificar a Deus. Mas como, se ele não tinha nenhuma utilidade prática? É o mesmo que se deu na época de Moisés: ele deveria ir falar com faraó, mesmo sabendo que este não o iria ouvir (Êx 3.19,20).
Ou seja, embora o batismo de João não perdoasse pecados, quem amava a Deus participaria disto por saber que vinha de Deus e que fazia parte do processo pelo qual se chegaria ao verdadeiro batismo. Para ser mais exato, como já dito, era necessário servir de instrumento para mostrar a inutilidade da lei a um povo que a endeusava (Jo 9.28).
Hoje, o caminho do santuário já foi aberto (Hb 10.19-22), de modo que não precisamos mais destes rituais externos para chegar a Jesus e ser cheio do Espírito Santo.
Foi isto que o Espírito Santo tentou ensinar a Pedro e a todos na casa de Cornélio, mas eles não entenderam a mensagem (At 10.44-46), nem os que se dizem crentes hoje, a saber: que o batismo nas águas não tem serventia alguma.

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