O QUE É A VERDADE? O QUE É
NECESSÁRIO PARA ADQUIRI-LA?
Parece
uma pergunta boba. Todavia, pense: quem conhece a verdade é liberto (Jo 8.32). Não diz que há
exceção. Entretanto, quando a Escritura
Sagrada fala de Jesus, o menciona como pedra angular e, ao mesmo tempo, pedra
de tropeço:
“Por isso também na Escritura
se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e
preciosa; E quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que
credes, é preciosa,
mas, para os rebeldes, A
pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina, e uma
pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra,
sendo desobedientes; para o que também foram destinados.” (1Pe 2.6-8).
Entendendo
que Jesus é a verdade (Jo 14.6),
era de se esperar que, para um determinado grupo de pessoas, a verdade servisse
de firmeza e para outros, de tropeço. Todavia, quem conhece a verdade é sempre
liberto.
Mas
então, o que é a verdade? Muitos acham que é sinônimo de afirmação correta. No
entanto, pense:
Quando
Adão pecou, ele não negou que tivesse comido. Eva sim mentiu, já que ela disse
que fora enganada pela serpente quando, na verdade, ela foi enganada por ela
mesma (1Tm 2.14). Contudo, apesar de Adão ter
dito uma afirmação correta, nem por isto podemos dizer que ele foi verdadeiro (Gn 3.12).
Jesus
rejeitou a palavra do diabo, mesmo tendo ele citado algo contido na Escritura
Sagrada (compare Mt 4.6
com Sl 91.11,12)
Quando
foram tentar achar um testemunho falso contra Jesus, veja o que diz a Escritura
Sagrada:
o
“Ora, os príncipes dos sacerdotes,
e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para
poderem dar-lhe a morte; e não o achavam;” (Mt
26.59).
o
“E, levantando-se alguns,
testificaram falsamente contra ele, dizendo: Nós ouvimos-lhe dizer: Eu
derrubarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias
edificarei outro, não feito por mãos de homens.” (Mc
14.57,58).
O
detalhe é que, embora Jesus não tenha dito exatamente o que eles estavam
alegando, a afirmação, no fundo, é verdadeira (Jo 2.19).
Todavia, tal testemunha foi considerada falsa.
Ou
seja, é preciso mais do que assertivas corretas para uma frase ser considerada
como verdade. Pense, por exemplo, nas peças de um carro. Mesmo que todas sejam
novinhas e perfeitas, de que servem?
Ø
Para
mecânico é bênção, já que delas precisa para consertar o carro;
Ø
Para
o consumidor, contudo, elas só servem de tropeço, como esconderijo de animais e
para ajuntar poeira.
Assim,
de nada adianta conceitos certos, mas incompletos, fora de lugar ou nas mãos da
pessoa errada. Veja:
“De que serviria o preço
na mão do tolo para comprar sabedoria, visto que não tem entendimento?” (Pv 17.16).
Não
podemos ser pragmáticos, ou seja, achar que algo é verdade só porque está
funcionando.
Pense:
por mais de 5.000 anos as pessoas creram que era o sol que girava em torno da
terra. Embora tal conceito tenha funcionado para várias gerações, nem por isto
estava correto. E quanto à casa que o indivíduo construiu sobre a areia? Ela
chegou a ser concluída (Mt 7.24-27).
Tudo parecia estar indo bem. Todavia, quando veio a tempestade (e nós sabemos que ela virá – Jo
16.33), tudo
caiu.
Logo,
a distância entre verdade e mentira é tênue. Mesmo se uma ideia é correta, se
colocada no contexto errado, pode se tornar uma maldição. Basta pensar que,
para condenar o Salvador e Daniel, fizeram uso da Palavra de Deus (Dn 6.5).
Por
isto Jesus disse que somente é liberto aquele que conhece a Verdade dentro de
si (Jo 8.32). Não basta apenas sabê-la ou
acreditar nela. É preciso ser exercitado nela para que a mesma venha a fazer
parte de nós. Note como o diabo não permaneceu na verdade porque não há verdade
nele (Jo 8.44).
E
não pense que a verdade é fácil de ser adquirida. Embora ela seja evidente (Rm 1.18), ela também precisa ser
encontrada (Mt 7.13,14).
Embora seja de graça (Is 55.1-3),
precisa ser adquirida (Pv 2.3-5; 3.13-15; 23.23).
Sei
que isto parece um paradoxo. Contudo, a dificuldade não está em Deus, mas sim
na nossa forma de ver (conforme os desejos da nossa carne) e entender (conforme aquilo que nos foi
ensinado)
todas as coisas. Embora a verdade seja óbvia e esteja na nossa cara, precisamos
aceitar a mudança que Deus deseja operar nos nossos hábitos para que a mesma
possa ser compreendida e assimilada por nós.
O
esforço para adquirir sabedoria é justamente para este fim, a saber: para que o
coração seja preparado (ver Ed 7.9,10),
de modo que a pessoa possa acolher com mansidão a palavra que Deus deseja
enxertar (Tg 1.21).
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