ESTUDO DO LIVRO DE OBADIAS
1 - INTRODUÇÃO
Tema
Principal:
O dia do Senhor é o dia em que os inimigos do Senhor recebem de volta o mal que
intentavam contra Ele, em pessoa.
Tema
Secundário:
A destruição de Edom.
Versículo
Chave:
“Porque o dia do SENHOR está perto, sobre
todos os gentios; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua recompensa
voltará sobre a tua cabeça.” (Ob 15).
Objetivo:
Obadias mostra o que se passa realmente no
coração dos inimigos do Criador, bem como o fim de todas elas. O objetivo é que:
os judeus percebessem que não precisavam se
vingar dos Edomitas (pois no dia do Senhor a Justiça lhes restauraria o que lhes era
de direito, a saber, a terra que Deus lhes deu). Ainda que
as profecias feitas contra Edom parecessem nunca se cumprir (Ob 1), Deus
sempre se apressa a fazer justiça. O problema é que, muitas vezes, é difícil
achar fé na terra (Lc 18.7,8).
os edomitas enxergassem a ira que eles
estavam acumulando para eles mesmos por causa dos seus corações impenitentes (Rm 2.5);
tenhamos certeza de que não precisamos nos
vingar. O Senhor sempre está perto (Fp 4.5). Quando toda infidelidade for removida da
nossa vida e do nosso meio, Ele dará a cada um segundo as suas obras (Mt 16.27). Assim, não
tenhamos um coração mau e infiel que nos aparte de tudo aquilo que Jesus é (Hb 3.12,13).
Considerações Gerais:
Obadias significa “servo do Senhor”.
Versículos dirigidos diretamente a
Edom (Ob
2-5,7,9-16). Os demais foram dirigidos a Israel e Edom.
O livro de Obadias se divide em três
seções, sendo que o versículo 15 é o que as une e resume.
Veja as características de Edom:
Era vingativo (Ez 25.12-14)
-> Resultado: Deus iria usar Israel para estender Sua mão sobre Edom,
arrancar dela homens e animais até torná-lo em deserto.
Era irreconciliável (ver 2Tm 3.3; Ez 35.5):
perseguiu Israel, seu irmão, à espada durante toda a sua existência. Jamais
permitiu que a misericórdia tivesse lugar em seu coração (Am 1.11).
Fogo seria colocado em Temã (Am 1.12).
Teimosia e orgulho (Ml 1.3,4).
Ao invés de reconhecer os infortúnios como repreensão de Deus e buscar
consertar com Ele, preferiram, arrogantemente, tentar conquistar o que Deus
lhes tomou, edificar o que Deus derrubou -> Resultado: Deus iria destruir
tudo que eles fizessem e eles seriam conhecidos como termo de impiedade e povo
contra quem Deus está irado para sempre.
Historicamente, conheçamos um pouco
mais sobre Edom:
Nm 20.14-21 -> Durante muito tempo
Israel ficou rodeando o monte Seir (Dt 2.1,3). Embora isto foi fruto da rebeldia de
Israel, também fazia parte do plano de Deus a fim de manter a proximidade entre
os irmãos (Edom
e Israel), o que mostra que nunca é plano de Deus que
o isolamento permaneça para sempre. Contudo quando Israel, por ordem de Deus,
teve que passar por Edom (Dt 2.4), ele recusou deixar passar a Israel
pelo seu termo.
Mesmo sabendo de tudo que se passava com
Israel durante os 40 anos que ele peregrinou no deserto (note como a inveja e
ressentimento mantinha a atenção de Edom fixa em Israel – Ez 35.11; Dt 2.7),
mesmo vendo que Deus era com Israel e que, por isto, nada lhe faltava (Dt 2.7)
(ou
seja, mesmo sabendo que o Deus de Israel é verdadeiro),
ainda assim não se esforçou para se reconciliar com Deus de Israel (nem parou para pensar
que, se eles tinham o monte de Seir é porque Deus os amava e tinha lhes dado
isto por herança – Dt 2.5). Não aceitava nem mesmo fazer negócio
com Israel (Dt 2.6). A única exceção foi em 2Rs 3.8,9,
quando o rei de Edom e Josafá ajudaram Jorão, o rei de Israel.
Lm 4.21,22; Sl 137.7 -> Por ocasião
da queda de Jerusalém sob Nabucodonosor, vê-se Edom se regozijando e alegrando
com a destruição de Israel (tal como se vê aqui – Ob 11-14),
achando que não seria atingida. Porém, Edom seria visitado por Deus por causa
de sua maldade e, não só seus pecados seriam descobertos, mas ele seria
destruído de vez, a ponto de nunca mais escravizar alguém de Israel.
Edom é o símbolo do anticristo, a
saber:
? Daqueles
que querem ser mais do que Deus lhes concedeu;
? Daqueles
que se apoiam nos poderes e riquezas deste mundo para se fortalecer (proteger ou conquistar);
? Daqueles
que alimentam constantemente o ódio em seus corações, negando a eficácia da
piedade (2Tm
3.5).
Edom é o retrato perfeito das pessoas que
agridem o povo do Criador a fim de tentar acabar com a memória do Seu nome. No
Antigo Testamento eles tentavam fazer isto fisicamente: buscando destruir
Israel e repartir sua terra entre povos estrangeiros (como fez a Assíria –
2Rs 17.23,24). De certo modo funcionou, já que, na época de Jesus, os
judeus nem mais consideravam os samaritanos como povo de Israel (Jo 4.9).
Entretanto, como a Palavra de Deus não pode
falhar, mesmo após Israel ter ficado sem pátria desde 70 D.C., ainda assim não
perdeu sua identidade e voltou a ser nação em 1.848 (veja Is 43.5; 56.8; Mq 2.12; Zc 10.8; Jr
66.8).
Hoje, com o estabelecimento da Igreja, o modo
de tentar eliminar o Deus verdadeiro da face da terra é através da apostasia.
Afinal, imagine se cada ser humano, ao ler a bíblia, só conseguissem enxergar
aquilo que o sistema religioso quisesse e do jeito deles. Eles poderiam muito
bem criar um deus que eles pudessem controlar, o que lhes permitiria obter
controle total sobre a população de um modo mais fácil. Afinal, pelo controle militar,
além de ser muito difícil (já que, direto, terão que lidar com revoltas), o ser
humano é muito mais produtivo quando tem a ilusão que é livre para escolher.
Se ele puder acreditar que está agradando a
Deus e que irá receber recompensas aqui e no céu, aí que ele será mais
subserviente.
Daí o motivo pelo qual a elite global investe
tanto em religiões, principalmente as que usam o nome de Jesus. Afinal, pense
no sentimento de decepção e revolta que surgirá nos membros quando perceberem
que não receberam as bênçãos prometidas? Como, aparentemente, a Escritura
Sagrada parece prometer o que os líderes dizem, no início, eles aceitarão a
ideia de que o motivo é a falta de fé deles. Todavia, com o passar do tempo, a
tendência é as pessoas ficarem revoltadas com Deus já que, ao que tudo indica,
parece que Ele está sendo muito injusto. Afinal, se consideram melhor do que as
outras pessoas por não fazerem ou desejarem mal, ainda cumpre os preceitos da
instituição religiosa a que se afiliaram.
Já reparou como muitos se acham no direito de
exigir algo de Deus (tal como fez, por exemplo, Ezequias – Is 38.3) e até mesmo
de dar ordem (determinar algo ou até querer ensinar o que e como Ele deve
fazer).
Sem contar as instituições religiosas que ensinam a pessoa a se dirigirem ao
Criador revoltadas (distorcendo passagens como Jz 6.13).
Contudo, tudo isto faz parte do plano da
elite global para que o povo acolha como Messias o anticristo deles, cujo
objetivo é conduzir o mundo inteiro à NOM (Nova Ordem Mundial) que,
supostamente, lhes permitirá conquistar o que lhes foi prometido pela serpente
no Éden (Gn
3.5).
Aparentemente, tudo parecerá estar dando certo (1Ts 5.3), o que contribuirá para que o plano
deles logre êxito (como se vê em Ap 13.4).
Detalhe: alguém só é autoridade se está
debaixo de alguma autoridade. Sendo tudo isto parte do plano de Deus (Ap 17.17), o diabo
poderá dar seu poder e autoridade à besta, o que farão todos a adorá-la (Ap 13.3,4). Sem contar
que aqueles que tiverem em posição de honrá-la, se tornarão fortes (Dn 11.39) por contarem
com o apoio dele.
Enfim, Edom representa todos aqueles que se
levantam contra o Criador e Seu povo. Por meio dele podemos ver o quão
obstinadas as pessoas conseguem ser quando se trata de tomar o controle do
mundo das mãos de Deus (Mt 21.37-39). Note neste trecho que os lavradores (que representam o
sistema religioso) SABIAM quem era Jesus. Ou seja, os líderes religiosos da
época mataram Jesus, não porque confundiram Ele com um impostor. Antes, eles
não tinham dúvidas acerca da identidade de Jesus (Jo 3.2; 12.42,43; Mt 12.22-28; At 4.13).
Eles pregavam a Palavra de Deus, não por
amarem o Criador, mas porque isto lhes permitia melhor controle sobre a
população (Gl
4.17),
bem como um bom meio de vida.
No Antigo Testamento, todos que
profetizaram antes do templo de Salomão ser destruído e Judá, ser levado para a
Babilônia, falavam do dia do Senhor como um dia de juízo e condenação para
Israel (Is
2.1,12-22; Am 5.18-20; Sf 1.14-18). Após isto, no
Antigo Testamento, o dia do Senhor passou a ser de esperança, já que
representava juízo para as nações usadas como vara, bem como a libertação e
restauração de Israel (Jl 3.1-21).
Em conexão com o versículo 10, o
versículo 15 completa o raciocínio. Edom seria exterminado para sempre (Ob 10)
porque o dia do Senhor estava perto sobre todos os gentios (Ob 15).
Ou seja, apenas quando todos os israelitas fossem disciplinados é que Esaú
seria destruído.
Enfim, Edom é o símbolo de toda
inimizade contra Israel e Seu Criador. Ou, se preferir, Edom representa o
ajuntamento de todos os gentios contra o povo do Criador.
Esta mesma ilustração é vista em Is
63.1-6. Embora esteja falando de Edom (Is 63.1), no
entanto, o que se vê é Deus atropelando, embriagando e derrubando por terra a
força de todas as nações (Is 63.6). Dos povos ninguém havia com Jesus (Is 63.2,5)
porque todos tinham ficado do lado de Edom.
Em Is 34 isto é novamente confirmado.
Note como a espada do Senhor se embriagou nos céus (é bem provável que os astronautas na
estação espacial irão brigar entre si e várias mortes ocorrerão – Is 34.5),
mas desceu sobre Edom (Is 34.5), onde haverá grande matança,
principalmente em Bozra (provavelmente sua capital – Is 34.6).
O detalhe é que este sacrifício em
Bozra lembra o sacrifício de Deus na batalha do Armagedom (compare Is 34.7-9 com
Ez 39.17-20; Ap 19.17,18), ainda mais considerando que é a
contenda por causa da guerra contra Sião (Is 34.8) e que os
céus se enrolarão como um livro e os seus satélites (também chamados de estrelas ou exército)
dissolverão e cairão (Is 34.4; Mt 24.29; Ap 6.13,14).
O número de mortes seria tanto que os montes (reis de outras nações)
iriam se derreter com tanto sangue (Is 34.3; como também se dará no Armagedom – Ez 39.9-15; Ap
19.21).
E assim como aqui em Obadias é
anunciada a destruição completa de Edom (Ob 10), em Isaías
também, a ponto de dizer que ele ficaria assolado para sempre, servindo como
morada apenas de animais selvagens e espinhos (Is 34.11,13-15)
ou como fonte de petróleo (bem como guerra (fogo, fumaça - Is 34.9,10) e confusão (Is
34.11) por causa da vaidade em querer ir além do próximo a quem devemos amar (Mt
22.39)).
Por isto é que se vê vários versículos
citando repetidamente a destruição total de Edom (Ob 10,18,21).
Pois não é uma simples nação, mas sim a confederação de todas as nações contra
Israel (Ob
7,15,16), bem como a menção de duas guerras em dois planos
(físico
e espiritual). Ou seja, é destruição em cima de destruição
até ninguém mais restar, senão as ovelhas que ajudaram o remanescente fiel de
Israel (Mt
25.32-46).
Por isto é dito que o dia do Senhor
acontecerá no vale da decisão, pois ali no Armagedom a pessoa terá que decidir
a favor ou contra o Senhor (Jl 3.14). E a prova de que isto não se refere só
à invasão de Nabucodonosor é o fato de dizer “sobre todos os gentios”, e não
apenas sobre as nações em redor (ver Zc 12.3). Inclusive, note
como, nos dias atuais, todas as nações estão focadas em Israel, apesar de ser
um pequeníssimo pedaço de terra.
Vem a questão: que interesse
particular esta faixa de terra poderia ter para todas as nações, a menos que a
mão sobrenatural de Deus esteja intervindo? Aliás, isto confirma o domínio do
mundo inteiro pela elite global, como profetizado em Ap 17.17.
Inclusive, a prova de que a guerra não
é apenas física é todas as nações reunidas para guerrear contra o Cordeiro (Ap 19.19),
justamente para confirmar a todos aquilo que estava evidente desde o Éden (Gn 3.5):
que a guerra é contra o próprio Deus, por não concordar com Seu padrão de
justiça (Ez
18.25,29; Lc 19.14). Edom é usado como símbolo em virtude
da inimizade dele com Deus (Ml 1.3). Lembre-se que ele e Jacó são filhos
do mesmo pai (Isaque, aquele que tinha recebido a promessa e bênção de Deus –
Gn 25.11). Logo, se voltar contra seu irmão era se
voltar contra o próprio Deus.
Além disto, em Sl 83.2,5 vemos muitas
nações, incluindo Edom (Sl 83.6-8), pelejando contra Israel para
desafiar, afrontar o Deus de Israel (ver também Ez 35.13).
E não é de se espantar! Desde o ventre
que os dois irmãos brigavam. E não era qualquer briguinha. A luta era tanta que
Rebeca pensou em morrer (Gn 25.22 – ARA2). Como eles,
fisicamente, não tinham consciência de nada, não resta dúvidas: a luta era
espiritual. Como, de outro modo, Jacó saberia da importância de ser o primeiro
a nascer, a ponto de nascer com a mão agarrada ao calcanhar de Esaú (Gn 25.26)?
E a prova de que se tem consciência no ventre é que João Batista, com 6 meses
de gestação (Lc 1.36), ao ouvir a saudação de Maria, saltou
no ventre de Isabel (Lc 1.41). Ainda que se trata de um mover do
Espírito Santo, isto não muda o fato de que o bebê tem consciência do que se
passa ao nosso redor, tem consciência espiritual e pode muito bem ser usado por
Deus. Enfim, ambos os casos comprovam que o aborto é inadmissível.
Também é bom mostrar o destaque que a
Escritura Sagrada dá para o fato de que Jacó e Esaú eram gêmeos (Gn 25.24).
A princípio somos induzidos a pensar que isto é óbvio, já que ambos nasceram no
mesmo dia. Todavia, um poderia ter sido gerado primeiro do que o outro (ainda que isto possa
não ser normal), embora nascessem no mesmo dia.
Todavia, eles foram gerados no mesmo instante, o que vem a mostrar como é
possível duas pessoas tão diferentes serem geradas no mesmo ventre e no mesmo
momento, mas ainda assim serem capazes de tamanha inimizade.
Note como Esaú foi o maior e mais
ferrenho adversário de Israel. Veja outras guerras de Edom contra Israel: (Nm 20.14-21; 1
Sm 14.47, sob Saul; 2 Sm 8.14, sob Davi; 1Rs 11.14-22; 2Rs
8.20-22, sob Jeorão; 2Rs 14.7; 2Cr 25.11,12, sob Amazias; 2Cr
20.10-23, sob Josafá, quando Edom se uniu com Amom e Moabe; 2Cr 28.17,
sob Acaz). Nem mesmo a Babilônia, Pérsia, Roma, etc.,
foram tão cruéis. Aliás, Ciro, rei da Pérsia libertou os judeus (Ed 1.1-4).
De igual modo, no Novo Testamento,
Pôncio Pilatos, de Roma, reconheceu que Jesus era justo e quis soltá-lo (Jo 18.38; 19.4,12).
Pórcio Festo (At 25.26,27) e o rei Agripa (At 26.31,32)
de Roma não viram alguma culpa em Paulo.
No entanto, justamente os maiores
conhecedores da Escritura Sagrada condenaram Jesus e Paulo. Ao dizer que era
prisioneiro do Senhor (Ef 4.1), eu te pergunto: quem colocou Paulo
na prisão? Não foram os membros do sistema religioso, que mais deveriam se
empenhar para protegê-los, não só por serem seus compatriotas, mas adoradores
do mesmo Deus (pelo menos teoricamente)? Não é em vão que
Jesus confirma a palavra de Miquéias: que os inimigos do homem são os da
própria casa (Mq 7.6; Mt 10.36).
Em outras palavras, isto mostra que,
quanto maior os laços afetivos, maior a inimizade. E não é para menos. Afinal,
maldição nada mais é do que bênção mal utilizada. Logo, quanto maior a bênção,
maior a maldição intrínseca a ela, caso a mesma não venha a ser usada de modo
adequado.
Detalhe: Edom e Ismael, os únicos
inimigos de Israel que descendem diretamente de um dos três patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó)
com quem Deus fez diretamente Sua aliança, foram os que mais oprimiram Israel (aliás, até hoje os
ismaelitas atormentam Israel, já que é deles que descendem os árabes).
Contudo, embora Ismael também tenha
sido circuncidado, a promessa só foi dada a Abraão após o nascimento de Israel,
de modo que ele não fazia parte da Sua aliança (Gn 17.20-26).
Em outras palavras, Esaú era o que mais próximo estava da aliança com Deus.
Tanto que Ele foi citado na outra face da moeda do amor em Ml 1.3.
Mas isto não é tudo!
Observe a semelhança entre Obadias e
Jr 49.7-22, onde estava em questão a invasão de Nabucodonosor:
Ob 1 com Jr 49.14;
Ob 2 com Jr 49.15;
Ob 3,4 com Jr 49.16;
Ob 5 com Jr 49.9;
Ob 6 com Jr 49.10;
Ob 7,8 com Jr 49.7;
Ob 16 com Jr 49.12;
Agora compare, por exemplo, Obadias
com Ezequiel 35 e veja as semelhanças:
Ez 35.3 com Is 34.10; Ob 10;
Ez 35.4 com Is 34.11-15; Ob 18;
Ez 35.5 com Is 34.8; Am 1.11; Ob 13;
Ez 35.6 com Ob 14 (ver também Sl
109.16-18);
Ez 35.7 com Ob 14
Ez 35.8 com Is 34.2-7; 63.3,6;
Ez 35.9 com Is 34.10; Ob 18;
Ez 35.10,12,13 com Ob 12;
Ez 35.11 com Ob 21;
Ez 35.15 com Ob 12,15;
O detalhe é que Ezequiel menciona dois
tempos: “tempo da sua calamidade” e “tempo da iniquidade final” (Ez 35.5),
como que se referindo a dois tempos: quando Jerusalém foi invadida por
Nabucodonosor e o tempo do anticristo, mais uma vez confirmando que Obadias
também está relacionado com os nossos dias, quando o anticristo irá reinar.
E aqui em Obadias os dois tempos estão
mesclados, sendo que o “dia do Senhor” tem haver com ambos, principalmente o
fim dos tempos, quando o reino será do Senhor (Ob 21).
Todavia, uma coisa seria comum a ambos
os tempos: cada um colherá o que semeou (ou seja, a recompensa de cada um voltará
sobre sua cabeça – Gl 6.7-9; Êx 21.23-25; Lv 24.17; Is 3.9-11; Jz 1.6,7; 8.19;
Et 7.10; Mt 7.2; 26.52). Após destruírem a maior parte do
povo de Israel (com a intenção de eliminar Israel de vez),
eles seriam totalmente eliminados, ficando de pé apenas os mansos (Sl 37.11)
que não se deixaram corromper por suas invenções malignas e palavras falsas (Is 32.7; Jl 3.10).
Em suma, Obadias fornece dois
enfoques:
A guerra de Edom contra Israel na
época de Nabucodonosor e a guerra de todos os gentios contra Israel no fim dos
tempos;
As duas guerras físicas contra Israel (Nabucodonosor e
anticristo) e as duas guerras espirituais (destruição de Israel
como nação e destruição da Igreja através da apostasia).
Lição do livro de Naum para nós: a vingança nunca
traz benefícios: só atrai o juízo de Deus contra nós. Mesmo que, no mundo,
tenhamos autoridade e poder para isto (como se dá com juízes, policiais, etc.),
isto não muda o fato de que pecado e sempre pecado e será punido todos os que
deles fazem uso, independente do quão “justo” pareça o motivo alegado para
praticá-lo.
Característica peculiar: É um dos três livros proféticos do
AT, cuja mensagem é dirigida quase que exclusivamente a uma nação estrangeira (os outros dois são Naum
e Jonas).
Quando:
Como Obadias não revela sua genealogia,
nem menciona no reinado de que rei a profecia foi proferida, é difícil dizer
com precisão quando o mesmo foi escrito. O único fato histórico mencionado é a
invasão de Jerusalém, ocasião em que Edom se aproveitou do infortúnio de Israel
para acentuar-lhes a perda (Ob 11-14).
Contudo, não fica claro qual invasão
Obadias tinha em mente, já que houve cinco no Antigo Testamento:
a) a
de Sisaque, rei do Egito, em 926 a.C.,durante o reinado de Roboão (1Rs 14.25,26);
b) a
dos filisteus e árabes no reinado de Jorão, entre 848 e 841 a.C. (ver 2Cr 21.16,17);
c) a
do rei Jeoás de Israel no reinado de Amazias, em 790 a.C. (2Rs 14.13,14);
d) a
de Senaqueribe, rei da Assíria, no reinado de Ezequias, em 701 a.C. (2Rs 18.13);
e) a
dos babilônios entre 605 e 586 a.C. (2Rs 24;25).
Eu creio que Obadias não se preocupou
em especificar a qual das invasões ele se referia porque é bem provável que, em
todas elas, de uma forma ou de outra, Edom, não só se regozijou com o
infortúnio de Israel, mas de alguma forma contribuiu com os inimigos e até
lucrou com isto, visto a se tornar símbolo de toda oposição ao Criador e àquilo
que lhe diz respeito.
2 – O QUE DEUS IRIA FAZER CONTRA EDOM (Ob 1,2,5-9)
“Visão de Obadias: Assim diz o Senhor DEUS a
respeito de Edom: Temos ouvido a pregação do SENHOR, e foi enviado aos gentios
um emissário, dizendo: Levantai-vos, e levantemo-nos contra ela para a guerra.”
(Ob
1).
Judá tinha ouvido as várias profecias
que Deus enviou contra Edom (por exemplo, em Isaías 11:14; 21.11,12; 34; 63:1-6; Jeremias
49:7-22, Ezequiel 25:12-14; 35.1-15; Joel 3:19; Amós 1:11-12; Malaquias 1:2-5.).
E como, aparentemente, nada parecia mudar, muitos judeus estavam ficando
desacreditados. O que eles não percebiam é que o julgamento vem primeiro sobre
aqueles que são casa do Criador (1Pe 4.17). Só após cumprida a obediência deles
vem o julgamento sobre os pagãos.
Por isto é que primeiro Israel é
levado para cativeiro para, só depois, Edom ser destruído (repare que somente após
o poderio do povo santo acabar (veja do que se trata este poder (Is 2.6-8))
é que os gentios são punidos (Dn 12.7)).
Logo, independente de quando esta
profecia foi dada, uma coisa é certa: seu cumprimento se daria após Israel ir
cativeiro para a Babilônia. Primeiro Deus usaria Edom e seus confederados (Ob 7)
para destruir Jerusalém e o templo. Depois, estes mesmos que gozavam da paz de
Edom e até comiam do seu pão, se voltariam contra ele e o destruiria (Ob 1,7).
“Todos os teus confederados te levaram até a
fronteira; os que gozam da tua paz te enganaram, prevaleceram contra ti; os que
comem o teu pão puseram debaixo de ti uma armadilha; não há nele entendimento.”
(Ob
7).
a) Todos
os confederados os levaram até à borda. Isto lembra a lei do Antigo Testamento,
na qual os cantos do campo não deveriam ser segados totalmente (Lv 19.9),
mas deixados para o estrangeiro e o pobre. Ou seja, a maior parte era para
suprir aquele que cultivou a terra e sua família. Apenas a sobra era destinada
aos estrangeiros e pobres. Aqui, todavia, Edom ser conduzido à borda significa
ser usado nas mãos daqueles que nada tinham com eles (estrangeiros)
ou que não seriam capazes de fazer bom uso deles (pobres de bons pensamentos e sentimento).
Em outras palavras, Edom deixaria de ter
comunhão com seus compatriotas (feitos especialmente para eles)
e seriam empurrados rumo àqueles que estavam além do limite que Deus
estabeleceu para eles. E não é de se admirar: já que Esaú desprezou seu irmão
gêmeo, agora eles iriam desprezar até uns aos outros (tudo que começou mal,
só vai gerando frutos maus (Sl 42.7)).
b) Os
que gozavam da paz de Edom acabaram enganando-o, a fim de prevalecer contra ele
e tomar o controle de tudo (o mesmo ocorreu em Sl 41.9; Jr 38.17-22).
Pode acreditar: jamais o amor poderá ser comprado (Ct 8.6,7).
Não há quem viva na sombra dos outros e que esteja bem intencionado. Qualquer
coisa que esta pessoa fizer, sempre estará centrada em si mesma e, no final,
como porcos, acabarão se voltando contra nós (Mt 7.6);
c) Os
que comiam o pão de Edom, ou seja, tinham comunhão com ele, acabaram colocando
debaixo deles uma armadilha. Em outras palavras, no lugar de providenciar uma
almofada que lhes conservasse a saúde lombar, colocaram um assento que os
mantinha acomodados, mas presos na vaidade e nos descuidos. A verdade é que,
quando alguém surge na nossa vida prometendo amar o próximo no nosso lugar (seja na forma de
instituições “filantrópicas”, obras de assistência social, etc.),
pode estar certo que algo está errado. Nenhuma confiança que é fruto de uma
vida firmada diretamente na prática da Palavra de Deus é real (ver Mt 7.24-27).
“Eis que te fiz pequeno entre os gentios; tu és
muito desprezado.” (Ob 2).
E como a soberba no coração deles era
grande (Ob
3), eles não conseguiam perceber o quão
pequenos eram eles aos olhos dos os gentios (Ob 2). Achavam
que a força e riqueza que eles possuíam era suficiente para conservar o apoio
dos líderes. Não conseguiam enxergar que o verdadeiro amor não se compra (Ct 8.6,7),
muito menos pode ser produzido, aumentado ou conservado por nosso esforço ou
boa vontade. Antes, tal prosperidade era enganosa.
Inclusive, esta era uma das razões
para eles desprezarem seu irmão Israel. Achavam que podia substituir um
relacionamento por outro (ignoravam Mt 18.18). Não queriam
aceitar que o verdadeiro amor é dado por Deus (ver Pv 19.14)
e não pode ser substituído a nosso bel prazer (ver Mt 18.18).
Antes, nos é dado para exercitarmos a piedade (ver Ml 2.15).
Além disso, se Esaú não era capaz de
dar certo nem com aquele que tinha tudo haver com ele, como poderia supor ser
possível fazer aliança com povos de nações que nada tinham nele?
O resultado era inevitável:
“Se viessem a ti ladrões, ou assaltantes de noite (como estás destruído!),
não furtariam o que lhes bastasse? Se a ti viessem os vindimadores, não
deixariam algumas uvas?”
Para entender isto, lembre-se que a
lei do Antigo Testamento proibia os ceifeiros de efetuarem uma colheita total.
Sempre ficava um resto, destinado a suprir a necessidade dos mais pobres (Lv 19.9,10; Dt
24.19-21). Inclusive, por aqui podemos ver que esta
lei era de conhecimento dos edomitas e, a princípio, deveria valer para eles.
Não sei se eles a colocavam em
prática. Seja como for, por causa da desobediência deles, até os campos de
Israel depois da colheita ficariam mais bem preservados do que Edom. Enquanto
na destruição de Israel sempre ficaria um remanescente (Is 17.6; 24.13),
a destruição de Edom seria total! Detalhe: na época de Malaquias, esta profecia
já tinha se cumprido (Ml 1.2-4). E a destruição seria tal que causaria espanto
a muitos (daí a expressão: “como estás destruído!” – Ob 5).
Deus traria contra eles uma destruição
maior que a dos ladrões. Enquanto estes roubam apenas aquilo que conseguem
carregar na pressa, os inimigos enviados contra Edom não lhes deixaria nada. Os
bens de Esaú seriam de tal modo rebuscados (buscados insistentemente – Ob 6)
que até mesmo aqueles tesouros mais escondidos não permaneceriam encobertos (tal como Jesus prometeu que aconteceria (Mt 10.26; Mc
4.22; Lc 12.2) e pode ser visto na vida de Ciro (Is 45.1-3)).
E pensar que eles se considerassem sábios.
Talvez até tivessem sido (daí Jr 49.7). No entanto,
quando a pessoa começa a se apoiar em sua sabedoria (ver Pv 3.5,6),
a tendência é ela ser enganada por esta mesma sabedoria (Is 47.10; Ez 28.7,17;
1Co 3.19), vindo a ficar sem entendimento (Ob 7; 1Co 8.1,2).
E a alienação de Deus era tão grande
que, ao invés de Deus se dirigir diretamente a Edom, como na primeira parte do
versículo, aqui Deus se dirige a Edom na 3ª pessoa (“não há nele entendimento” ao invés
de “não há em ti entendimento”).
“Porventura não acontecerá naquele dia, diz o
SENHOR, que farei perecer os sábios de Edom, e o entendimento do monte de Esaú?”
(Ob
8).
Vem a questão: uma vez que Edom não
era entendido (Ob 7), então como Deus iria fazer perecer
os sábios de Edom (Ob 8)? Sabedoria e entendimento são duas
coisas distintas:
Inteligência:
capacidade de adquirir conhecimento;
Sabedoria:
acúmulo de conhecimento, bem como a capacidade de usar o conhecimento de modo
proveitoso (colocar em prática);
Entendimento:
discernir o conhecimento que adquirimos, de modo a ter ciência do que realmente
significa tais conhecimentos.
De quê adianta ter capacidade de
colocar o conhecimento em prática, quando não se entende o real significado das
coisas? Tal pessoa irá fazer tudo do modo errado (ver Mc 12.24,27)
Daí Deus destruir a sabedoria carnal de
Edom (Jó
5.12,13; Is 19.3; Jr 19.7; 49.7 – algo semelhante também aconteceu com Israel –
Is 29.14). Como?
Iria fazer com que toda sabedoria
deles não tivesse proveito e desse errado; ou
Iria fazer com que eles tomassem a
decisão errado (Is 19.13-15; 30.28); ou
Iria operar de modo sobrenatural, além
de tudo que a mente humana pode conceber (Is 29.14).
A sabedoria que Edom tinha, baseada na
força e capacidade dos homens, bem como nos recursos que este mundo provê (adquirida pelo contato
comercial com as mais diversas nações), causava mal a
muitos e, por isto, tinha que ser eliminada (1Co 3.18-20).
Trata-se de loucura: nada tem haver com a verdadeira justiça.
“E os teus poderosos, ó Temã, estarão atemorizados,
para que do monte de Esaú seja cada um exterminado pela matança.” (Ob 9).
Por não terem amor (1Jo 4.18),
os ímpios fogem de tudo (Pv 28.1). Vivem sempre escravizados (Hb 2.14,15)
até que a morte que tanto temem os alcance (Jó 3.25,26).
Este é o triste fim de quem não busca o entendimento (Pv 21.16; Is 5.13; Os
4.6).
Era isto que haveria de acontecer ao Monte
de Esaú. Afinal, quando o temor é grande (como em Am 2.16),
a tendência é as pessoas fugirem, deixando para trás até as riquezas (como aconteceu em Na
2.7-10), mesmo quando há ninguém a perseguir (2Rs 7.6,7,15; Pv 28.1).
3 – O MOTIVO DO JUÍZO DE DEUS CONTRA EDOM (Ob 3,4,10-14)
“A soberba do teu coração te enganou, como o que
habita nas fendas das rochas, na sua alta morada, que diz no seu coração: Quem
me derrubará em terra?” (Ob 3).
Em virtude da sua aliança com diversos
países (Ob
7) e sua privilegiada posição geográfica (Edom habitava em
lugares altos e de difícil acesso, ótimo para fazer emboscadas),
Edom achava que jamais iria cair diante do inimigo. Tal sentimento de
invencibilidade também tomou conta de Nínive (Na 2.15), Babilônia (Is 14.13-15)
e da Grande Babilônia (Ap 18.7). Esta excessiva segurança deu espaço
para os edomitas se encherem de orgulho e arrogância, a ponto de acharem que
podiam desafiar até o próprio Deus (Ez 35.10-13).
“Se te elevares como águia, e puseres o teu ninho
entre as estrelas, dali te derrubarei, diz o SENHOR.” (Ob 4).
A verdade é que todo animal (incluindo o ser humano)
sempre está em busca de segurança contra invasões e provisão garantida (ver Ct 2.14; Jr 48.28; Hc
2.9). E nesta busca, vão em busca daquilo que é
elevado entre os homens (Lc 16.15), ou seja, que, por ser de difícil
acesso, lhes garanta controle sobre as demais pessoas e, consequentemente, das
circunstâncias.
Edom se comportava como a águia que
construía sua rocha nas altas montanhas e dali descia com violência para
arrebatar a presa (principalmente Israel – Jó 39.27-30).
Mas ainda que a sua altura e sua cabeça chegasse até o céu (Jó 20.6,7),
seu destino era ser derrubado dali (Am 9.2; Jr 49.16) e destruído (Jr 51.53; Is 14.12-21).
O destino dos soberbos é encontrar resistência da parte de Deus (Tg 4.6; 1Pe 5.5)
até nada mais restar (1Sm 2.3-5; Lc 1.51-53).
Infelizmente até hoje o ser humano se
recusa a reconhecer que alguém só é capaz de possuir algo se do céu lhe for
dado (Jo
3.27; 19.11). Ninguém consegue ultrapassar o limite
estabelecido por Deus (Jó 38.8-11; Sl 104.8,9; Jr 5.22; Lc 12.15,25,26; At 17.26).
A verdade é que, não importa o quanto a pessoa tente se precaver ou conquistar
as coisas: se Deus não edifica a casa nem a vigia, tudo acaba se perdendo (Sl 127.1,2).
Todo afobo do ser humano (Jó 14.1,2)
é para conseguir aquilo que, na verdade, Deus já lhe deu há muito e que,
portanto, haveria de conseguir, mesmo sem estresse (até os animais, para comerem, dependem de
Deus – Veja Sl 104.10-22; 147.8,9; Jó 38-41). Daí
Salomão dizer que o tempo e a oportunidade pertencem a todos, independente de
suas habilidades (Ec 9.11). Qualquer coisa que armazenamos além
do que Deus nos deu, só nos trará perdas (1Sm 2.3-5; Pv 11.24; Lc 1.51-53).
Edom, no que constrói seu ninho nas
estrelas, lembra muito o anticristo (veja Is 14.13; Dn 8.10; 11.37),
bem como todas as nações que estão preparando o terreno para que o mesmo possa
reinar. Note como a estação espacial é um verdadeiro ninho entre as estrelas e
tem em vista propiciar ao anticristo a aparente capacidade de ser como Deus:
onisciente e onipresente.
Mas, assim como Edom foi derrubado, a
estação espacial e todos os satélites espaciais também cairão por terra (ver Jr 49.16; Am 9.2;
Ob 4; Ap 6.13; 8.10,11).
Enfim, o primeiro erro de Edom foi
achar que poderia se ver livre dos problemas e obter tudo que precisava sem a
permissão de Deus. O outro erro grave foi o fato de nunca permitir que a
misericórdia de Deus tomasse conta do seu coração (Am 1.11).
“Por causa da violência feita a teu irmão Jacó,
cobrir-te-á a confusão, e serás exterminado para sempre.” (Ob 10).
Como se isto, por si, só já não fosse
algo mau, ainda há o fato de Israel era irmão de Esaú (daí dizer Jacó, para
enfatizar a irmandade). Esaú era irmão gêmeo de Jacó, tão
circunciso quanto ele. Todavia, o ódio começado já no ventre de Rebeca (Gn 25.22,23)
passou de geração em geração e jamais se acabou. Antes, impregnou outros povos
que até hoje insistem em pelejar contra Israel.
Enquanto a Israel foi ordenado amar os
descendentes de Esaú (Dt 23.7), estes jamais levaram em consideração
a Palavra de Deus dada a Israel com relação a eles. E quem despreza as riquezas
da bondade e benignidade de Deus (Rm 2.4), jamais conseguirá achar lugar de
arrependimento (Hb 12.15-17). Pelo contrário: a
maldição (Sl
109.16-18) e a vergonha (Sl 35.26)
se lhe apegará o que fará com que ele seja destruído para sempre (tal como promete Is
34.10; Ez 35.9; Sl 69.7).
Note como foi justamente o que
aconteceu com Esaú: por ser devasso e profano (que não sabe valorizar os dons
de Deus), ele vendeu seu privilégio e depois, nem com lágrimas, conseguiu achar
lugar de arrependimento (Hb 12.16,17). O pecado já havia endurecido de tal modo
o coração (Zc 7.11,12) que a Palavra de Deus era impossível ser assimilada (ver
At 16.20,21).
Sem a bondade de Deus, mesmo que a
bênção permanecesse, tudo seria sem sentido. E, mesmo que a pessoa tente
reconstruir, tudo acabará novamente em ruína (Ml 1.4).
“No dia em que estiveste em frente dele, no dia em
que os forasteiros levavam cativo o seu exército, e os estranhos entravam pelas
suas portas, e lançavam sortes sobre Jerusalém, tu mesmo eras um deles. (Ob 11).
Pense: para que queremos saúde e
dinheiro se não há disposição em nós para servir? Por que lamentar a morte de
um parente, se quando em vida ficamos a brigar e discutir? Sem o amor
verdadeiro qualquer coisa que passar pelas nossas mãos só servirá para
prejudicar os outros.
Veja o caso de Edom: no dia em que os
forasteiros entravam pelas portas de Jerusalém, levaram cativo o exército e
lançavam sortes para repartir o despojo de guerra e os territórios conquistados
(este
costume era comum, como se vê em Jl 3.3; Na 3.10 e já profetizava o que haveria
de acontecer com o Messias (Sl 22.18; Jo 19.23,24)),
Edom fazia questão de ficar ali perto, não só observando tudo com alegria, mas
até ajudando os inimigos e aproveitando para lucrar algo com isto (Ob 12-14).
Tal como o salmista (Sl 38.11)
e Jesus se sentiram abandonados pelos seus concidadãos, Jerusalém estava sendo
abandonada pelos irmãos edomitas diante dos estrangeiros:
? Filisteus
e árabes no reinado de Jeorão (2Cr 21.16);
? Sírios
no reinado de Joás (2Cr 21.16);
? Caldeus
no reinado de Zedequias (2Cr 36.1-23).
“Mas tu não devias olhar com prazer para o
dia de teu irmão, no dia do seu infortúnio; nem alegrar-te sobre os filhos de
Judá, no dia da sua ruína; nem alargar a tua boca, no dia da angústia;” (Ob 12).
Infelizmente, tal como Edom, a maioria
das pessoas têm prazer em ver o sofrimento alheio (Sl 22.17; Mq 4.11)
e até acham que Deus está concordando com eles, punindo aqueles que acham que
merecem (Mq
7.8,10). Muitos desejavam o dia do Senhor justamente
porque queriam ver aqueles que eles consideravam injustos serem punidos (Am 5.18).
A verdade, contudo, é que a maldição se
apega a todos que a amam (Sl 109.16-18), trazendo grandes
calamidades sobre os tais (Jó 31.29; Pv 17.5; 24.17,18). Temos que
ter o mesmo sentimento do Messias: o de lamentar a morte dos inimigos (Sl 37.13-15).
Infelizmente, já não se percebe o ser humano como o canal que Deus usa para
manifestar a Sua verdadeira bênção e que, portanto, a morte de um pessoa implica
em uma oportunidade a menos de ser abençoado. É bom lembrar que Deus não fez
ninguém para permanecer na maldição.
Mas o prazer em ver Israel
atormentando a si mesmo era tão grande que faziam questão de usar até mesmo a
boca para, orgulhosamente, insultar os caídos (Ez 35.13).
Todavia, note que, antes de tudo, a revolta de Edom era contra o próprio Deus (Ez 35.15),
tal como se dará com o anticristo (Ap 13.6).
Inclusive, a permissão de Deus para
que Edom se regozijasse com o mal de Israel (como se vê em Sl 137.7, onde Edom queria
que os inimigos destruíssem até os alicerces de Jerusalém)
era justamente para que ficasse evidente a perfeição do juízo de Deus que
haveria de cair sobre eles (Lm 4.21).
A verdade é que nunca devemos
aproveitar que o mal atingiu a vida de alguém para obter alguma vantagem:
“Nem entrar pela porta do meu povo, no dia da sua
calamidade; sim, tu não devias olhar satisfeito o seu mal, no dia da sua
calamidade; nem lançar mão dos seus bens, no dia da sua calamidade; nem parar
nas encruzilhadas, para exterminares os que escapassem; nem entregar os que lhe
restassem, no dia da angústia.” (Ob 13,14).
Não devemos olhar satisfeitos para o
mal que atingiu aqueles que aprendemos a odiar. Note como Edom não tinha paz no
coração, tal como qualquer pessoa que tem inveja ou conserva algum
ressentimento.
Contudo, a Edom ia além. Seu ódio e
inveja eram obsessivos (Ez 35.11). Eles faziam questão de ficar o tempo
todo espionando Israel, só para não perderem uma única oportunidade de ver a
desgraça de Israel e poder tirar algum proveito disso, seja:
E Entrando
dentro das cidades para causar alguma destruição;
E lançando
mão de seus bens. Talvez, não somente pelo valor monetário dos mesmos, mas em
virtude do valor dado por Israel a eles. O desejo deles era que nada restasse
que lhes permitisse recuperar sua identidade;
E fazendo
prisioneiros para depois usá-los, vendê-los para outras nações ou entregá-los
nas mãos do exército inimigo que estava a invadir Israel;
E matando
pessoas, em particular ficando de emboscada nas encruzilhadas para exterminar
os que escapassem e, deste modo, nenhum sobrevivente restasse e houvesse a
possibilidade de Israel se reerguer novamente.
Inclusive, uma das razões para Obadias
não especificar um tempo é porque Edom, não só praticou tudo isto, mas
continuaria praticando.
Hoje, não é comum um inimigo deste
tipo. A maioria das pessoas não ficam espreitando o inimigo até encontrar uma
oportunidade para fazer o mal (como fizeram também os inimigos de Daniel – Dn 6.4,5).
Embora sonhem com o dia da vingança, não correm atrás do mesmo, mas fica
esperando que a oportunidade venha. Até em matéria de ódio, o povo anda sendo
relaxado.
Infelizmente nem os inimigos não andam
sendo “honestos” (sinceramente inimigos) a ponto de lutar
contra os odiados com veemência. Sei que isto soa esquisito. Contudo, se as
pessoas batalhassem pela unidade da fé (Jd 3) a fim de
poderem se ligar aos inimigos (Mt 5.44) e salvar a alma deles (Tg 5.19,20)
através das boas obras de Cristo em sua vida (2Pe 1.5-8)
(aliás,
é isto que significa evangelizar: deixar que os pecadores sejam ligados ao céu
(Mt 18.18) através do nosso corpo (1Co 12.13) e, assim, sejam salvos (Mt
9.12,13) do pecado e da morte que o acompanha (Rm 6.23)).
Tal como Jacó, devemos lutar com Deus (Gn 32.28)
sem tréguas (Is 62.6,7) até que vontade Dele seja
estabelecida na vida dos que se fizeram inimigos Dele.
O maior problema com Edom não era seu
ódio obstinado, mas sim a sua impiedade, que eliminava qualquer possibilidade
de reconciliação. Edom não queria que Israel se arrependesse, convertesse e
fizesse as pazes com eles. Antes, queria a aniquilação total deles.
4 – O DIA DO SENHOR: JUÍZO DE DEUS CONTRA ISRAEL, DEPOIS CONTRA AS DEMAIS NAÇÕES ATÉ QUE FIQUE DE PÉ APENAS O REMANESCENTE FIEL DE ISRAEL (Ob 16-21)
Isto lembra Deus fazendo perecer no
deserto os desobedientes até que estes estivessem mortos e o remanescente,
purificado (Nm 14.33-35).
“Porque, como vós bebestes no meu santo monte,
assim beberão também de contínuo todos os gentios; beberão, e sorverão, e serão
como se nunca tivessem sido.” (Ob 16).
A taça do julgamento do Senhor, a qual
produz embriaguez naqueles que dela tomam, era o modo de Deus demonstrar os
efeitos do seu julgamento (Sl 60.3; 75.8; Is 51.17,21,22; Jr 13.12,13; 25.15-17; 49.12; 51.7;
Lm 4.21; Na 3.11; Hc 2.16). Lembre-se que a pessoa entorpecida
vê tudo acontecer diante dos seus olhos, mas não consegue, nem tem interesse em
fazer nada. O medo, o ressentimento e a prazer deixam o caráter da pessoa
completamente instável, de modo que seja impossível identificá-la, já que cada
hora ela se mostra um tipo de pessoa.
Ou seja, o pecado e suas consequências
deixam alienados tanto os que o praticam, como os que estão à volta sofrendo as
consequências do mesmo, como também aqueles que tentam combater o mal com as
armas das trevas (contrariando 2Co 10.3-5). Muitos alegam que
assim procedem porque, aparentemente, Deus nada faz (como já visto – Ob 1).
Contudo, apenas quando for cumprida a nossa obediência (2Co 10.6),
ou seja, quando vivermos o caráter e a Palavra de Cristo diante de cada
problema (é
isto que representa a armadura do Espírito Santo – Ef 6.10-18)
é que a desobediência será vingada.
Deus faria de Jerusalém um cálice de
tontear (Zc
12.2), do qual haveriam de beber todos os gentios.
É bom lembrar que, num julgamento, apenas o justo (que dá lugar para a justiça do Reino de
Deus (Mt 6.33), a qual implica em lutar para que as pessoas enxerguem a beleza
da santidade de Cristo (Sl 29.3; 96.9), de modo a ser possível compartilharmos com
elas além da carne (1Jo 1.3)) se salva (1Pe 4.17,18).
Aquelas pessoas que foram usadas para julgar e punir o justo (pelo fato de ele, num
momento de vacilo, ter falhado), com certeza serão
destruídas.
Embora Israel estivesse em pecado e
Deus quisesse usar as nações (da qual Edom é o símbolo) para
discipliná-los, beber este ódio por Israel implicaria na total aniquilação de
cada nação que dele bebesse.
Note como, embora Deus tivesse usando
estas nações para operar em Israel a conversão e o arrependimento, nenhum deles
conseguia perceber isto (Is 10.7; 37.26), nem queria. A
questão fundamental era o ódio pelo Deus de Israel (daí o motivo de Deus dizer que o monte era
Dele – Sl 2.6; Ob 16; Jl 3.17). Embora Jerusalém
e o monte Sião nada tivessem de especial, não agradava às nações verem alguém
sendo bem sucedido sem estar sujeito a elas.
A verdade é que todo ser humano teme
aquilo que não pode controlar e, como a adoração ao Deus verdadeiro deixa a
pessoa incapaz de ser manipulada pelo mundo (ver 1Co 2.15,16),
eles não suportam a ideia de ver alguém vencer sem estar ligado a eles (é a chamada inveja).
Resultado: enquanto o julgamento de
Israel seria temporário (Ob 17; Is 27.7,8; Jr 31.20; Os 11.8,9),
o dos inimigos do Senhor seria perpétuo (Ob 18,19; Sl 37.35,36; Ez 26.21; Am 9.8).
Daí a expressão “beberão e sorverão”. Não só beberiam, mas sugariam tudo, até
não ficar a mínima gotinha (Sl 75.8), ou seja, iriam alimentar ódio até
mesmo pelas coisas mais insignificantes, até ser consumido por completo.
“Mas no monte Sião haverá livramento, e ele será
santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.” (Ob 17).
Mas para aqueles que habitam onde Deus
deseja escondê-los (Sl 91.1,2) ao invés de querer desafiar e lutar
contra o inimigo (note como a armadura do Espírito Santo é de defesa),
haverá livramento, ou seja, capacitação para vencer os problemas sem pecar, a
saber, confirmando o caráter e presença de Cristo (ver Jl 2.32; Is 46.13; 59.20; Rm 11.26).
Fisicamente, o remanescente de Israel
seria salvo (Is 4.2-4; 10.20-22). Todavia, isto só
aconteceria quando todo o restante da nação perecesse (ver Zc 13.8,9). Até
então os remidos experimentariam lutas e perseguições. Todavia, as lutas não
são para destruir o remanescente fiel, mas sim os falsos crentes, de modo que o
monte Sião fosse perfeitamente santo e os da casa de Jacó possuíssem aquilo que
realmente lhes pertence (e não aquilo que eles gostariam que lhes pertencesse).
A ideia é que todos os que fossem estranhos ao Reino de Deus ficassem de fora (Jl 3.16,17; Is 35.8-9).
“E a casa de Jacó será fogo, e a casa de José uma
chama, e a casa de Esaú palha; e se acenderão contra eles, e os consumirão; e
ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o SENHOR o falou.” (Ob 18).
Quando isto acontecesse, a rixa entre
Judá e as 10 tribos do norte (casa de José) terminaria (Is 11.12-14; 37.22-28;
Jr 3.18; Ez 37.16,17; Os 1.11). Juntos, eles seriam
como fogo (Nm
21.28; Jz 9.20; Is 5.24; 10.17; Zc 12.6) a consumir, como
palha, os ímpios (Sl 1.4; Ml 4.1).
É bom lembrar que a Palavra de Deus é
considerada como fogo (Dt 33.2; Jr 23.29). Logo, Israel se
tornar fogo implica em deixar a Escritura Sagrada fazer parte de seus
pensamentos e, consequentemente, de sua vida (ver Pv 28.4).
Algo semelhante ocorreu com Jeremias (Jr 5.14) ocorrerá com as duas testemunhas
(Ap 11.5).
“E os do sul possuirão o monte de Esaú, e os das
planícies, os filisteus; possuirão também os campos de Efraim, e os campos de
Samaria; e Benjamim possuirá a Gileade.” (Ob 19).
“E os cativos deste exército, dos filhos de Israel,
possuirão os cananeus, até Zarefate; e os cativos de Jerusalém, que estão em
Sefarade, possuirão as cidades do sul.” (Ob 20).
O território de Israel, tendo
Jerusalém como centro, ia se estender, no fim dos tempos, nas 4 direções e
seria ampliado (Is 54.1-3);
? Ao
sul, o monte de Esaú g Esaú
seria completamente eliminado (Ob 18) e Judá (os do sul)
possuiria seu território (Am 9.12);
? A
oeste, o território dos filisteus g
Israel conquistaria o restante da terra prometida ocupada
indevidamente (os filisteus – ver Sf 2.7).
? Ao
norte, até os campos de Efraim e Samaria g
quanto ao restante de Israel, possuiria o território que lhe era de direito (campos de Efraim e de
Samaria).
? A
leste do Jordão, até Gileade g
Benjamim iria possuir um território que ia muito além daquele que Deus lhe
havia dado anteriormente (Gileade fazia parte do território ao leste do Jordão, dado às
tribos de Rúben, Gade e metade da tribo de Manassés).
Israel conquistaria até mesmo terras que
antes não fazia parte da sua herança (Zarefate e Sefarade).
“E subirão salvadores ao monte Sião, para julgarem
o monte de Esaú; e o reino será do SENHOR.” (Ob 21).
Se você reparar bem, na época dos
juízes, quando Deus reinava pessoalmente em Israel, era comum a expressão “e a
terra sossegou...” (veja Jz 3.11,30; 5.32; 8.28). No
entanto, na época dos reis, só se vê expressão semelhante no reinado de Asa (2Cr 14.1).
Enquanto no período dos reis o peso
sobre o povo era grande (1Sm 8.11-20) e o arrependimento
e conversão genuínos rara (ver 2Cr 15.17), no período dos
juízes o descanso trazido pela presença de Deus era bem mais profundo.
Considerando que, aqui, o reino será
do Senhor (veja
expressão semelhante em 1Cr 29.11; Sl 22.27-29; Dn 2.44; 7.14,27; Mq 4.6-7; Zc
14.9; Mt 6.10,13; Lc 1.33; Ap 11.15;19.6) e o Senhor
será, ao mesmo tempo Rei, Legislador e Juiz (Is 33.22),
logo não se fará mal algum em todo o monte do Senhor (Is 11.9; Hc 2.14),
a ponto de haver plena harmonia entre os animais e entre estes e as pessoas (Is 11.6-8; 65.25; Os
2.18). Inclusive a expressão “e ele será santo”
(Ob 17), que significa que Jerusalém não seria mais pisada por pessoas repletas
de contaminação (a saber, as que não têm compromisso com Jesus - Jl 3.17; Ap 21.17),
implica nisto.
Não é à toa que o Reino do Senhor
Jesus é tão ansiado por todos (ver Sl 99.1; Dn 2.44; 7.27; Ap 11.15), a ponto
de ser um dos temas do nosso relacionamento com Deus (Mt 6.10).
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