51 - QUEM É O DIABO? POR QUE ELE É HOMICIDA DESDE O PRINCÍPIO E PAI DA MENTIRA?

QUEM É O DIABO? POR QUE ELE É HOMICIDA DESDE O PRINCÍPIO E PAI DA MENTIRA?

      Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” (Jo 8.44).

Mas quem é este diabo que é homicida desde o princípio e pai da mentira? Infelizmente, muita confusão toma conta da mente das pessoas por causa das artimanhas do sistema religioso ao traduzir para o português do original hebraico. Algumas palavras eles transliteraram (colocaram no português uma palavra cuja pronúncia lembra à forma como a mesma é pronunciada no original), outras eles traduziram.

Assim, em Mateus 16.23, muitos chegam a pensar que Pedro tinha ficado possuído por demônio quando, na verdade, ele se tornara adversário de Jesus por tentar induzi-Lo a desejar algo favorável à Sua carne e contrário à vontade do Pai.

      “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.” (Ap 12.9).

Satanás significa adversário, inimigo. E conforme disse Jesus, adversário é aquela pessoa que, buscando-O, cogita apenas das coisas dos homens (Mateus 16.23), como fazem os adeptos da “Teologia da Prosperidade”. Tais pessoas se tornam as mais miseráveis das criaturas (1Co 15.19).

Diabo significa acusador. Note como todo o capítulo 8 de João gira em torno da palavra “acusação”. O primeiro a acusar era o sistema religioso que, não só queria acusar a mulher adúltera, mas ao próprio Jesus (Jo 8.6,10).

Para diferenciar diabo e satanás do príncipe dos demônios, usarei o nome hebraico Ha-Satan para se referir a ele.

Pai é aquele que lança a semente no ventre da mulher que, por amor, permite Deus fazê-la multiplicar e frutificar no seu ventre. No Éden, a mulher já possuía o óvulo do engano no seu ventre. Havia cobiça e desejo de modificar a verdade em seu coração (ver Gn 3.1-6). Ha-Satan veio, então, e seduziu-a com a promessa de sabedoria para julgar, exatamente o que Salomão pediu para Deus.

Se você acha que não faça uma comparação entre Eva e Salomão:

EVA	SALOMÃO
Junto com Adão, já tinha recebido a condição de rainha (Gn 1.28)	Já era rei de Israel
Queria sabedoria (Gn 3.6) para ser como Deus (Gn 3.5)	Queria sabedoria para julgar (1Rs 3.9)
Provou da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.17)	Queria discernir entre o bem e o mal (1Rs 3.9), ou seja, estabelecer leis “justas”

Ou seja, no fundo ambos queriam a mesma coisa: reunir, em si, os três ofícios que pertencem exclusivamente a Deus: rei, legislador (Tg 4.11,12) e juiz (Is 33.22). Mesmo que a intenção de Salomão (e talvez de Eva) pudesse parecer boa, ainda assim se traduzia em arrogância por achar que podia ocupar o lugar de Deus na terra, tal como os faraós do Egito e tantos outros líderes.

No que Eva cedeu à tentação de Ha-Satan, ele lançou a semente da acusação (Ha-Satan acusou Deus de ser injusto por estar escondendo algo bom deles – Gn 3.4,5) no seu ventre e, então, nasceu o pecado (neste caso, a capacidade de, como Deus, ser supostamente capaz de tomar decisões corretas) e, com ele, a morte (Rm 6.23).

A partir de então, nasceu a acusação (a verdade impura, distorcida, modificada, acrescentada, aleijada ou parcial), que ficou conhecida como mentira e, por fim, o homicídio como método de solução de problemas. É em cima disto que o sistema babilônico (sistema político + sistema religioso) tenta manter a decência e a ordem:

      O sistema político, através da força e violência (em contraposição a Zc 4.6);

      O sistema religioso, através da morte de animais. É bem verdade que a finalidade disto é mostrar que, não importa qual seja o pecado, a menos que a pessoa morra para si mesma e nasça de novo, não pode nem ver o Reino de Deus (Jo 3.3).

Todavia, também aponta para a única coisa que as pessoas do sistema religioso são capazes de fazer: acusar os outros (Jo 8.6,10), seja condenando os que não lhes mete comida no ventre, seja elogiando os que fazem bem aos olhos deles (para acusar e constranger indiretamente os que não fazem como eles desejam – Mq 3.5; ver Sl 49.18).

No fim das contas, repare como a única coisa que o sistema religioso sabe é matar cada vez mais a fé dos adeptos, seja:

E  deturpando Mt 18.15-17 para afastar os que, segundo eles estão em pecado;

E  deturpando para excluir os que lhe são um incômodo, sob o pretexto que são herege;

E  favorecendo os que parecem justos aos olhos deles, sendo que Jesus veio para chamar os pecadores ao arrependimento (Mt 9.12,13);

E  detendo a chave da ciência para manter as pessoas afastadas de Deus (Lc 11.52).

No Éden é dito que Deus colocou inimizade entre Ha-Satan e a mulher, entre a semente dele e a semente dela. O diabo coabitou com Eva no entendimento e daí nasceu a semente do sistema religioso cuja base é a acusação (Jo 5.45), cujo ministério é totalmente contra nós (Cl 2.14), a saber, para nossa morte (2Co 3.6,7).

Agora entende por que o diabo é homicida desde o princípio? Justamente por usar a Palavra de Deus para acusar e condenar as pessoas.

Para entender isto melhor, entenda: a semente da mulher é Jesus, ou seja, a Palavra de Deus (Lc 8.11) e os filhos do Reino de Deus (Mt 8.12; 13.38). Logo, a semente de Ha-Satan é a Palavra de Deus distorcida, bem como o sistema religioso que, como mulher adúltera, aceitou tal semente dentro de si (ver Jo 8.44) e passou a ter, como desejo, satisfazer os desejos de seu pai Ha-Satan.

Embora a mulher não seja amiga de Deus, Ele daria a ela o privilégio de gerar o Descendente que iria ferir a cabeça de Ha-Satan (Gn 3.15).

Mas como Jesus fez isto? Pela Sua Graça, a qual esmagaria todo desejo de querer sempre o melhor desta terra (como queriam os judeus em Is 1.19) para que nada lhes impedisse de correr a carreira da fé proposta e salvar a muitos (1Co 7.29-31; 9.12).

Vem a questão: “O que é graça?”. De uma maneira resumida, graça significa favor. É claro que, quando vamos interpretar a Escritura Sagrada, devemos fazê-lo entendendo que o desejo de Deus é nos capacitar para amar o próximo. Ou seja, a graça que salva (Ef 2.8,9) é a capacidade que Deus nos dá (ver Fp 2.12,13) a fim de que possamos favorecer o próximo. Veja:

      “Dai esmola do que tiverdes, e eis que tudo vos será limpo.” (Lc 11.41).

Quando nos dispomos a dar ao próximo a semente daquilo que Ele precisa para ser usado por Deus, algo maravilhoso acontece:

1.         Ao invés de buscarmos coisas materiais para tentar conseguir o favor das pessoas, recebemos o favor do Senhor a fim de que possamos ganhar pessoas a quem possamos amar e crescer na Palavra de Deus. A partir de então, os recursos materiais a serem buscados estariam vinculados tão somente ao necessário para que tal união seja bem sucedida dentro de nós. Ou seja, não cogitaremos das coisas do mundo, mas nosso pensamento estará nas coisas lá do alto (Cl 3.1,2). Resultado: não iremos mais considerar ninguém como adversário, muito menos o próprio Deus (muitos fazem campanhas, votos, jejuns, etc. porque querem lutar contra Deus e convencê-Lo a mudar).

2.       Ao invés de acusarmos as pessoas, como fizeram Adão e Eva (note como a semente de Ha-Satan produziu efeito), iremos dar a vida por elas (Jo 15.12,13), ou seja, amaremos o próximo do jeito que Jesus ordenou (Jo 13.34,35), e não do jeito que queremos ou que agrada ao mundo. Em outras palavras, não usaremos a Palavra de Deus para matar a fé das pessoas.

Infelizmente o diabo, através do sistema religioso, faria de tudo para destruir a verdade e, assim, levar muitos a tropeçarem e até caírem na fé (1Tm 1.19) (daí ferir o calcanhar do Descendente em Gn 3.15).

Vale, todavia, notar a inimizade entre Ha-Satan e a mulher (Gn 3.15).  Embora a mulher (Eva) não seja amiga de Ha-Satan, o é dos seus ensinamentos. Mesmo assim, ela também não agrada ao diabo. De igual modo, nunca houve amizade entre o sistema religioso e Ha-Satan, embora Ha-Satan use o sistema religioso para enganar os eleitos.

Todavia, note como o sistema religioso usa o diabo como bode expiatório para esconder todas as falácias do seu ministério e manter os fiéis enganados, como se a culpa de a Palavra de Deus não se cumprir em suas vidas fosse deles por dar lugar a Ha-Satan (distorcendo Ef 4.27) em virtude da sua falta de fé.

Mas Ha-Satan não irá deixar isto barato! No final, ele irá devorar a carne desta prostituta maldita através da elite global e seu anticristo (Ap 17.16,17).

Detalhe: o Descendente da mulher é que iria agradar a Deus, e não a mulher em si. Isto também serve para ilustrar que nós, de nós mesmos, não podemos agradar a Deus (Is 64.6). A beleza da Igreja está no Noivo (Ez 16.14); não no que a noiva faz pelo Noivo, mas sim no que ela permite que o Noivo faça em si.

Enfim, em João 8.44, embora o diabo seja Ha-Satan, também se refere aos líderes religiosos, já que receberam a semente do engano em seus corações (ver 2Co 11.13-15) e se tornaram excelentes filhos que fazem de tudo para honrar seu pai.

E para você ver como o sistema religioso está longe da verdade, pense: embora o Messias viesse justamente chamar os pecadores ao arrependimento (Mt 9.12,13), o sistema religioso criticava Jesus (Mt 9.10,11), como se fosse Ele quem tivesse errado.

Jesus não veio para defender os direitos daqueles que seguem os caminhos estabelecidos pelo mundo para conquistar bens nesta vida, mas sim para chamar aqueles que não têm nada de bom para oferecer ao mundo a fim de que venham a sentir tristeza por tudo aquilo que são (Is 22.12; Jl 2.12,13,17) e queiram sair do mundo e se preparar para Sua vinda. E é para isto que somos também chamados.

Vendo de outro modo, Deus não quer que os justos sacrifiquem, mas sim que os pecadores exerçam misericórdia (Mt 9.12,13). Enquanto a religião busca meios para que os justos busquem a Deus e se justifiquem diante Dele, o verdadeiro evangelho trata-se de Deus indo atrás dos que não O buscavam, nem perguntavam por Ele (Is 65.1,2) a fim de poder exercer Sua misericórdia através deles (ver Rm 9.15,16). Ao invés de imputar pecados (2Co 5.18-20), o que Deus quer saber é simples: se a pessoa quer ser guiada pessoalmente pelo Espírito Santo (Rm 8.14) e, deste modo, ficar curada do pecado (analise Jo 5.6) para sempre.

Enquanto Paulo fez de tudo para alcançar os perdidos (1Co 9.19-23) e até desejava ser anátema, separado de Cristo (Rm 9.3), para salvar seus compatriotas, Jesus se tornou o próprio pecado em pessoa (2Co 5.21). Deste modo, o simples estar com Jesus já se tornou motivo de ofensa para o mundo (Mt 24.9; Mc 13.13; Lc 21.17), quanto mais segui-Lo.

Mas isto Ele fez por amor de nós, para que Nele perdêssemos toda esperança que poderíamos ter neste mundo (Jo 15.19,20) e, assim, pudéssemos ser como soldados (2Tm 2.3-5): sem nada para nos prender e impedir de experimentar o verdadeiro amor, bem como de sermos a verdadeira justiça de Deus (2Co 5.21), a saber, o que Deus deu aos pecadores que desejam ser uma nova pessoa, completamente longe do pecado.