NÃO SEJA DEMASIADAMENTE JUSTO, NEM
EXAGERADAMENTE SÁBIO
(as três coisas que impedem o sucesso num
relacionamento)
Muitas pessoas se queixam em
virtude do fracasso nos seus relacionamentos. Muitos filósofos, gurus, sábios
da Nova Era, teólogos, sociólogos, psicólogos, etc. tentam em vão descobrir
respostas, mas a única coisa que conseguem é inchar este mundo de vã sabedoria
e frustrações.
Ninguém vai ao ponto em
questão. Ao invés disto, querem desviar daquilo que sabem ser verdade, mas
teimam em não querer aceitar.
Primeiro:
O Eterno não quer que sejamos perfeitos por nós mesmos.
Você
pode questionar: mas o Eterno não ordenou a Abraão que fosse perfeito (Gn 17.1) e Jesus não confirmou que isto é também para nós (Mt 5.48)?
A perfeição aí referida não é
a de ser infalível, mas sim a de reconhecer e aceitar a própria fraqueza e
falhas e, sobretudo, a necessidade, por isto, de se humilhar diante da potente
mão do Eterno (1Pe 5.5-7), o que implica em nos sujeitarmos uns aos outros (Ef 5.21).
Em outras palavras, a grande
virtude do ser humano não é a de acertar sempre, mas sim a de perdoar a si
mesmo e aos outros a cada vez que uma falha é cometida. Se o Eterno quisesse
que fôssemos perfeitos por nós mesmos, ele teria nos criado como os anjos. No
entanto, nascemos sem habilidades, conhecimento e sabedoria e, quando
finalmente, adquirimos uma pequena bagagem dos mesmos, vamos sendo privados
delas pela velhice, até sermos obrigados a nos desfazermos de tudo.
Aliás, o objetivo de todas as
coisas não é nos encher de boas obras, mas sim do Espírito do Eterno, de modo a
sermos ricos para com Ele (Lc 12.21). Temos que ser o
depósito do bom tesouro do Eterno para nós (2Co 4.7; Tm
1.14).
Repare como não é para
ninguém viver a própria vida (Mt 10.39). Antes, nossa
vida está escondida com Cristo no Eterno (Cl 3.3).
Quantos são os indivíduos que
gostam de sonhar (daí o sucesso das novelas, filmes, jogos, etc.). Ora, o sonho
nada mais é do que sair da própria realidade. Quando entregamos a vida a Jesus,
passamos a viver a realidade Dele na vida daqueles que Ele traz a nós, e
passamos a nos alimentar daquilo que é Dele (Jo
6.51-57). Somos livres do fardo pesado de termos que carregar sozinhos a nossa
vida.
Passamos a viver em prol de
uma causa: a causa de Cristo. E isto, não visando os direitos individuais de
cada um, mas sim o amor, o prazer na companhia do Eterno. Não estamos mais sós
para vivermos nossa morte, mas passamos a desfrutar de uma boa companhia para
vivermos a vida de Jesus. O que não éramos capazes de fazer por nós mesmos
sozinhos, nos tornamos capazes de fazer com a companhia dos outros quando os
mesmos pensam e sentem como nós (daí a ordem de 1Co 1.10).
·
“Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os
pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.” (Jo
13.14).
Pense: por que você acha que
o Eterno, em Jesus, deu esta ordem? Note como não é para lavar os pés dos
outros, mas sim “uns dos outros”. Ou seja, não é para lavarmos os pés dos
outros, como se eles apenas é que tivessem defeitos.
Devemos também dar ocasião
para que eles possam ser limpos prestando-nos o serviço de lavar nossos pés
(ver Lc 11.41). Não quero dizer com isto que devemos
falhar propositalmente, tampouco sermos negligentes em buscarmos sermos
agradáveis ao Eterno.
Antes, a ideia é seguirmos o
conselho de Salomão:
·
“Não sejas demasiadamente justo, nem
demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? Não sejas
demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo? Bom
é que retenhas isto, e também daquilo não retires a tua mão; porque quem teme a
Deus escapa de tudo isso.” (Ec 7.16-18).
Note como todo aquele que
tenta ser demasiadamente justo ou exageradamente sábio acaba se destruindo.
Isto se dá por causa da contabilidade, ou seja, do senso de justiça própria que
cada um insiste em ter, o qual consiste em obrigar-se a um elevado padrão de
justiça e sabedoria a fim de se achar no direito de cobrar isto dos outros.
O indivíduo impõe sobre si um
fardo muito pesado para ser carregado, só para não ser cobrado pelos outros,
nem deles precisar. Todavia, mesmo que este nível de perfeição seja alcançado,
não conseguirá fazer ninguém feliz.
O que a maioria não conseguiu
até hoje enxergar é que nossa satisfação deve ser a poder ser usado pelo Eterno
onde a falha se manifesta na vida dos que estão à sua volta (ver Lc 7.47). Ou seja, os problemas na vida dos indivíduos
devem servir como expectativa de poder uma vez mais ajuntar tesouros (Mt 6.19-21) nos tabernáculos eternos (Lc
16.9).
Pense: no episódio do bom
samaritano, quem foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores (Lc 10.36)? Não foi aquele que usou de misericórdia para com
ele? Logo, o nosso próximo será aquele que o Eterno poderá usar para demonstrar
Sua compaixão e misericórdia para conosco (Rm 9.15).
Mas como, se insistirmos em uma pretensa perfeição, tal como as 99 “ovelhas”
que, supostamente, não precisavam de arrependimento (Lc
15.4,7)?
·
“A alma farta pisa o favo de mel, mas para
a alma faminta todo amargo é doce.” (Provérbios 27.7).
Aquele indivíduo que se
fartou de si mesmo, encontrou satisfação no sucesso dos seus dons, talentos e
habilidades, fatalmente irá pisar em muitos favos de mel. Aliás, é por isto que
muitos nos desprezam: não há lugar para nós na vida deles, visto estarem tão
cheios. E, mesmo se houvesse, seríamos apenas mais um na vida deles.
Não é à toa que existem
muitos doentes na Igreja:
·
“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e
assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe
indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo
do SENHOR. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos
que dormem.” (1Co 11.28-30).
Os religiosos cristãos,
instigados pelo Sistema religioso, valorizam tanto o ato de comer o pão e beber
o vinho, que esquecem da mais importante lição dada pelo Mestre na santa ceia:
“lavar os pés uns dos outros” (Jo 13.14).
Ora, só tem sentido em lavar
o pé de quem está sujo, o que comprova que o mais importante não ficar com os
pés limpos, mas sim estar disposto a lavar e, principalmente, a se deixar
lavar. Tanto que Jesus disse para Pedro que, se Ele não lhe lavasse os pés, não
teria parte com Ele (Jo 13.8).
Veja o que disse João:
·
“Se dissermos que não temos pecado,
enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de
toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua
palavra não está em nós.” (1Jo 1.8-10).
Muitos entendem mal esta
passagem, achando que João estava dizendo para confessarmos nossos pecados ao
Eterno. Eu te pergunto: para quê, já que Ele sabe de tudo? É bem verdade que
Ele deseja que humildemente reconheçamos nossos erros e busquemos no Seu perdão
a solução para os mesmos.
Contudo, o mais importante
para nós é compartilharmos isto com as pessoas que o Eterno faz aproximar de
nós:
·
“Está alguém entre vós doente? Chame os
presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do
Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver
cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos
outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um
justo pode muito em seus efeitos.” (Tg 5.14-16).
Isto pode parecer loucura.
Talvez você pense: mas se todos ficarem sabendo das minhas falhas, ninguém vai
gostar de mim. É claro que as almas fartas irão se afastar. Todavia, aqueles
que realmente serão bênção na nossa vida irão nos amar deste modo.
Afinal, é para isto que o
Eterno nos concede relacionamentos. Ao invés de firmarmos nossos
relacionamentos nas qualidades dos indivíduos (buscando sugá-los), devemos nos
firmar nos seus defeitos, entendendo que nosso papel diante do Eterno é sermos
usados por Ele para tratar o coração dos indivíduos. Se assim procedêssemos,
nunca seríamos desapontados pelos defeitos, já que tínhamos pré-conhecimentos
dos mesmos, bem como ciência de que foi por causa deles que fomos colocados na
vida de tais indivíduos.
Segundo:
É justamente aqueles que possuem mais defeitos que serão mais bênção nas nossas
vidas
Sonhei ontem, 30/12/2014, que
tinha me dirigido à casa de alguém em busca de auxílio, já que minha bicicleta
estava com o pneu vazio. A dona da casa abriu e eu pude encher o pneu da
bicicleta. O marido não disse nada.
Hoje, 31/12/2014, sonhei que
novamente o pneu da minha bicicleta estava vazio e fui na casa deste mesmo
homem pedir ajuda. Ele não quis me ajudar. Fiquei durante vários minutos
pleiteando com ele, mas tudo em vão.
Neste meio tempo, alguém o
chamou (não me lembro se pessoalmente ou por telefone). Sei que ele escreveu um
bilhete a meu respeito. Não deu para entender tudo que estava no bilhete. Sei
que ele recomendava a alguém para não me ajudar porque eu buscava coisas altas
e nocivas.
Só no final do sonho é que me
veio à mente que eu não deveria me conformar com o descaso do homem, mas que, ao
invés disto, eu deveria buscar, de todos os modos, entender o que ele tinha
escrito e compreender o que quis dizer, fazendo força para que ele revelasse os
demais motivos ocultos e, assim, buscar a restauração do relacionamento.
Isto me trouxe à memória este
trecho:
·
“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao
altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali
diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e,
depois, vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu
adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o
adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem
na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não
pagares o último ceitil.” (Mt
5.23-26).
Precisamos aceitar que todos
têm falhas e buscarmos, no que depender de nós, termos paz com todos os homens
(Rm 12.18). Mais ainda: buscar a paz com todos (Hb 12.14).
Terceira:
Fomos chamados para padecermos com Cristo
·
“E, na verdade, tenho também por perda
todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor;
pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória,
para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo a minha justiça
que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de
Deus pela fé; para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação
de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte;” (Fp
3.8-10);
·
“Porque a vós vos foi concedido, em relação
a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,” (Fp 1.29);
·
“Regozijo-me agora no que padeço por vós, e
na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo,
que é a igreja;” (Cl 1.24);
· “E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos,
amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e
afáveis. Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes,
pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para
que por herança alcanceis a bênção.” (1Pe 3.10-12).
Assim como são os doentes que
precisam de médico (Mt 9.12,13), Jesus não veio
chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento. É claro que, no início,
só vamos receber o mal e a injúria, já que é isto que há no coração destas
pessoas.
Contudo, se realmente
queremos que a graça do Eterno superabunde na nossa vida, temos que aceitar que
Ele traga a nós justamente aqueles que estão repletos de pecado (Rm 5.20). Considerando que a quem mais se perdoa mais ama (Jo 7.47), são estes indivíduos que serão bênção na nossa
vida, justamente os que a sociedade rejeitou (ver Jo
9.35). São estes corações famintos que considerarão até mesmo nossa amargura
como algo doce.
Não quero sugerir, com isto,
que devemos nos conformar com nossas falhas ou a dos indivíduos que o Eterno
faz aproximar de nós. Antes, devemos buscar no Eterno a plena concordância com
eles:
·
“Também vos digo que, se dois de vós
concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito
por meu Pai, que está nos céus.” (Mt 18.29).
Ora, mas se eles estão no
erro, como pode ser isto? É justamente aí que entra a obra do Eterno na nossa
vida. Quando alguém persevera na companhia daquele que o Eterno lhe dá, chegará
um dado momento que, ao invés de cada um tentar conciliar sua vida com a do
outro (como que “um lavando a mão do outro”), que ambos irão enxergar a
necessidade de renunciarem suas vidas de modo que Cristo seja tudo na vida de
ambos. Neste momento, ambos estarão vivendo a vida Eterna, a fim de que todos
quantos desejarem, possam optar pela mesma, renunciando tudo que poderiam ser e
ter neste mundo para poderem alcançarem superior ressurreição (Hb 11.35).
Enfim, o segredo do sucesso
em um relacionamento está em conhecer a Escritura Sagrada, o poder e os dons do
Eterno (Mc 12.24; Jo 4.10) e em buscar diretamente do
Eterno onde e como os mesmos podem ser usados com eficácia na vida de cada um
que o Eterno lhe dá. Relacionamento não é para ter os prazeres da carne
satisfeitos, mas sim uma disposição firme de buscar no Eterno sair deste mundo
virtual a fim de, junto com o outro indivíduo, ter acesso ao verdadeiro mundo
do qual todos os que creem em Jesus são cidadãos (Fp
3.20,21).