Podemos
chamar alguém or ser chamado por algum título honorífico?
· “Vós,
porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber,
o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai,
porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres,
porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.” (Mt 23:8-10).
Para
entender este trecho, precisamos analisar o contexto e o conceito das palavras
mencionadas.
*Primeiro: Mestre* - Mestre é alguém a
ser seguido, imitado em virtude de sua experiência, sabedoria, conhecimento,
virtudes. Por isso, um mestre acaba sendo um alvo de atenção.
O
problema, aqui, é que os fariseus ansiavam por serem o centro de toda a atenção
do povo de Israel:
· “E
fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos
filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,” (Mt 23:5)
Como
sabemos, só Jesus merece toda esta atenção. Embora a fama seja cobiçada por
todos os artistas, você pode ter certeza: é um jugo pesado para prender a
atenção das pessoas. Isto rouba a liberdade. Sem contar que isso implica em
grande responsabilidade:
· “Meus
irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro
juízo.” (Tg 3:1)
E
não é de admirar. Afinal, imagine que alguém tropece ou faça alguém tropeçar na
fé em virtude do mau testemunho do mestre ou de seus ensinamentos errados.
Jesus
é claro:
· “E
o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme
a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez
coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que
muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais
se lhe pedirá.” (Lc 12:47-48).
· “Mas,
qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe
fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na
profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que
venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!” (Mt 18:6,7).
Embora
aqueles que procuram o cargo de bispo desejam uma excelente obra (1Tm 3:1), a
questão é: os mestres estão preparados espiritualmente para isso? Podem os
mestres suportarem a carga e privilégios de seu cargo sem se corromperem?
Paulo, o maior apóstolo de Cristo teve que receber um espinho em sua carne
depois de receber uma grande revelação para que ele não se orgulhasse (2Co
12:1-10).
Assim,
quando um homem luta contra a sua própria carne para ser mais receptivo à
operação do Espírito Santo e ser uma inspiração àqueles ao seu redor; e estes,
vendo a sabedoria e o amor de Jesus na vida dele, decidem imitá-lo, isto é uma
bênção.
E
quanto a nós? A nossa vida é digna de ser seguida? Podemos dizer o que Paulo
disse: Sejam vocês imitadores de mim, tal como eu também sou de Cristo. (1Co
11:1)? A nossa vida é uma manifestação contínua de Jesus Cristo em tudo o que
fazemos?
*Segundo: Pai* -
Pai implica em alguém que tem honra, preeminência. Como sabemos, há um seguinte
mandamento:
· “Honra
a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o
SENHOR teu Deus te dá.” (Êx 20:12).
Os
fariseus anseiavam por toda esta honra:
· “E
amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as
saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.” (Mt 23:6-7)
Não
obstante, eles não se preocuparam com os israelitas como se fossem seus filhos.
Esta
responsabilidade exige muito. Tanto que Jesus escolheu apenas doze apóstolos.
Se Ele que é perfeito e cheio de conhecimento, amor, paciência, etc., só foi
capaz de cuidar de doze apóstolos, quem somos nós para pensar que podemos
cuidar de mais do que isso?
E
o pior é que há muitos líderes religiosos que anseiam por controlar uma
instituição religiosa com mais e mais crentes. Todavia, isso não funcionou nem
mesmo com os apóstolos:
· “Ora,
naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos
gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério
cotidiano.” (Atos 6:1)
Não
é em vão que Jesus disse:
· “Porque,
onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.”
(Mt 18:20).
A
idéia é que vivamos exatamente o que é dito abaixo:
· “E
todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas
propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.” (At
2:44,45).
Ou
seja, cada pessoa precisa lidar com aqueles que se aproximam. A benevolência
não deve ser feita por somente uma pessoa, enquanto as outras permanecem
vivendo por si mesmas. Não, não! Cada pessoa é designada para amar o próximo
como Jesus os amava (Jo 13:34-35).
Assim,
não chame a ninguém pai porque isso será uma carga pesada nos ombros dele. Isto
pode fazê-lo cair na fé em virtude do orgulho e do excesso da responsabilidade
(veja o que aconteceu a Moisés - Êx 18:14-18; Nm 11:12-15) e, consequentemente,
isto pode fazer você tropeçar ou mesmo morrer na fé.
E
o pior é que muitos líderes religiosos exigem de sua congregação tal exaltação.
Quando
alguém dá à luz crianças (físicas ou espirituais), faz assim porque deseja
conceder-lhes o que há de melhor de modo que elas possam cumprir a missão de
Jesus; e as crianças, por sua vez, devem
honrar seus pais recebendo deles todas estas bênçãos e transmitindo à seguinte geração
os conceitos e valores de Cristo na vida dos pais.
Assim,
o problema não é o título de pai, mas como este título é usado por
ambos: quem chama e quem recebe este título.
*Terceiro: Guia* - Guia é aquele que estabelece regras, que domina.
Os fariseus desejavam ardentemente
este título, porque eles ansiavam por terem domínio sobre a herança de Jesus
Cristo. Veja esta parte da parábola dos trabalhadores da vinha:
·
“E, por último,
enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho. Mas os lavradores,
vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e
apoderemo-nos da sua herança. E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da
vinha, e o mataram.” (Mt 21:37-39)
Eles anseiavam por ocuparem
o lugar do Criador na vida das pessoas. E isso só para fazer o nome deles grande
diante de todos às custas dos sacrifícios dos israelitas:
·
“Pois atam
fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles,
porém, nem com o dedo querem movê-los;” (Mt 23:4)
·
“Porque nem
ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos
circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.” (Gl 6:13)
Mas isto não é tudo. Eles,
pouco a pouco, mudaram a lei do Criador por suas próprias tradições que eram convenientes
para eles:
·
“Ele, porém,
respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus
pela vossa tradição?” (Mt 15:3).
E o pior é que, até hoje, os
líderes religiosos se recusam as instruções de Jesus para seus discípulos:
·
“Então Jesus,
chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios
são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será
assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja
vosso serviçal; e, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso
servo; bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e
para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mt 20:25-28)
·
“Nem como tendo
domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.” (1Pe
5:1-3).
Veja que o problema não é
chamar alguém guia (ou líder, pastor, etc), mas a maneira pelo qual guias e
subordinados lidam uns com os outros. Muitos subordinados idolatram seus guias,
sendo capazes de matar ou morrer por eles ou pelo que eles ordenam; e os guias gostam
muito deste tipo de adoração porque isto lhes facilita tirar proveito deles e explorá-los.
Não obstante, quando os
guias, em vez de defraudarem as pessoas, pretextando humildade e culto dos
anjos (envolvendo-se em coisas que não viram; estando debalde inchado em sua
carnal compreensão), eles decidem permanecer ligados à Cabeça e os crentes
respondem recebendo os suprimentos de Jesus e crescendo o crescimento de Deus
através da cooperação mútua (Cl 2:18,19), isto é bênção pura.
Em suma, o problema não são
os títulos em si (a menos que o título confere uma honra que é devida apenas à
divindade). Quando o título é apenas para identificar o papel realizado pelos
líderes e subservientes no amor, é uma bênção.
Neste caso, não há necessidade
de ficar chamando ninguém pelo título; chame apenas pelo nome. Afinal, o cargo
não é para exaltação, mas tão somente para organização. Como Jesus disse, todos
somos irmãos.
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