domingo, 17 de fevereiro de 2013

38 - ESTUDO DE MIQUÉIAS - PARTE 1


ESTUDO DO LIVRO DE MIQUÉIAS

INTRODUÇÃO:

Tema: O juízo de Deus: sua finalidade, características e agentes de execução.

Objetivo: O livro foi escrito para o povo de Judá. Tanto é assim que apenas os reis de Judá são citados em Mq 1.1. Ele fala a respeito do que ia acontecer em Samaria a fim de que os judeus vissem que seus cultos de louvor e adoração nada tinham haver com ele.
Muitos judeus estavam interpretando errado o silêncio de Deus (Mq 3.5-7), como se fosse um sinal de desaprovação (isto era verdade para os que tinham erguido seus ídolos no coração – Ez 14.7,11). Com base nesta desculpa e vendo o sucesso de Jeroboão filho de Jeoás, muitos, ainda presos aos prazeres da carne, estavam indo a Israel, aderindo aos seus deliciosos cultos, supostamente dedicados ao Senhor.
Deus então mostra que as adversidades eram uma forma de limpar Israel dos falsos líderes religiosos e libertar os pobres da exploração.
Pense: a invasão estrangeira era ruim para os ricos, já que eram escravizados e despojados de suas terras. Contudo, para os pobres, muitas vezes significava o fim dos trabalhos forçados (ver 2Rs 25.12; Jr 52.16), das dívidas, etc. Afinal, com os credores mortos, além de não precisarem pagar mais nada, talvez até pudessem ficar com as terras dos ricos (que, conforme pode ser visto, eram muito cruéis e injustos (Mq 2.1,2; 6.10-12)). Daí a invasão dos estrangeiros.
Fique claro que não era o pobre fazendo uma revolução contra os ricos, mas sim Deus remindo-os de toda a iniquidade (Mq 7.18-20) e julgando a causa deles.
Não há como amar a Deus e ao próximo usando os métodos do homem ou com o auxílio deste. O silêncio de Deus era prova de que Deus não queria que os líderes fossem seguidos. Deus não dava a direção a ser seguida porque, quando uma pessoa está no lugar errado ou com a visão errada, ela é capaz de errar até mesmo quando acerta. Por exemplo: ajudar o necessitado é mandamento (Tg 2.14-17; 1Jo 3.17). Contudo, praticar isto numa favela, muitas vezes implica em contribuir com a ociosidade dos seus moradores.
Ainda há outro problema: ninguém se preocupava em saber para quem estava trabalhando e o que estava sendo feito. O pensamento é o seguinte: “minha intenção é somente adquirir coisas para glorificar a Deus e fazer o bem para a minha família.”. Com isto, ajudavam seus senhores desonestos a explorarem os menos favorecidos.

MIQUÉIAS 1 A BONDADE DE DEUS AFASTA O BEM DAQUELES QUE ESTÃO CONTAMINADOS

1 QUEM ESCREVEU O LIVRO E QUANDO ELE FOI ESCRITO?
Miquéias significa “Quem é semelhante a Iavé?”.
Dentre os profetas que profetizaram na época de Jotão, Acaz e Ezequias, Amós veio primeiro. Depois, vieram Oséias e Isaías (que eram contemporâneos). Depois Miquéias (provavelmente o último antes do cativeiro de Israel).
2 a 7 A DESTRUIÇÃO DE TUDO AQUILO QUE OS ENVOLVIA EM ATIVIDADES DESONESTAS, FALSAS, INJUSTAS E MALIGNAS A FIM DE QUE ELES TIVESSEM NOVA OPORTUNIDADE PARA ENXERGAREM O ESTILO DE VIDA DE CRISTO
Diferentemente do que acontece em Dt 32.1 e Is 1.2, aqui Deus se dirige apenas à terra e a tudo que nela há (vs 2). Deus se aproxima para testemunhar contra eles (tal como em Ml 3.5). Seu amor seria a base de acusação contra a maldade deles (Mq 6.4,5).
Hoje é comum as pessoas orarem pensando em convencer Deus a sair do Seu lugar. Ignoram que, sempre que Deus fez isto, foi para repreender o povo por causa da Sua iniquidade (vs 3; Is 26.21). Afinal, o que Deus faz pelos Seus é exatamente o contrário: Ele nos faz andar sobre as alturas da terra (Dt 32.13), sobre as nossas alturas (Hc 3.19) e até mesmo sobre as alturas dos inimigos (Dt 33.29). Mas para isto o Senhor tem que ser a nossa alegria. Do contrário, a pessoa pode se acostumar com o monte e querer fazer dele, sua habitação permanentemente, quando, na verdade, o objetivo de Deus é nos lugar para o lugar onde o fogo da Sua Palavra (Dt 33.2; Jr 23.29) nos permita pisar (ou seja, desprezemos – Mt 7.6) aquilo que é elevado diante dos homens (Sl 131.1; Rm 12.16).
Mas que lugar seria este? Em Sua presença, já que é aí que os montes se derretem (Jz 5.5; Is 64.1-3; Am 9.2; Hc 3.6). Inclusive, a verdadeira razão pelo qual iremos pisar os altos dos ímpios não é porque Deus irá nos levar até lá, mas sim porque Deus os derreterá aos nossos olhos (ou seja, nos fará enxergar que os mesmos não valem nada). A partir daí, não encontraremos dificuldade em humilhar a nós mesmos (Mt 23.12; Lc 14.11), ou seja, em nos negarmos (Mt 16.24), renunciando tudo temos (Lc 14.31) em virtude de, agora, enxergarmos que tudo isto representa tão somente perda para nós (Fp 3.7,8). Em outras palavras, Deus nos faz enxergar que a manutenção de tais coisas só nos leva a perder o que realmente é importante para nós: o amor do próximo, já que é através deste amor que Deus faz brotar Sua vida e bênçãos na nossa vida (ver Is 43.20,21; Rm 8.18-22; Jo 4.14; 7.37-39).
Aqui Ele está saindo do Seu lugar só para derreter as alturas (montes) da terra (afinal, Israel estava indo de monte em monte para cultuar outros deuses – Jr 15.6. Daí Lc 16.15; Rm 12.16) e separar os vales em duas partes através da ação da Sua Palavra (vs 3 e 4).
Os montes, aqui, representam aquilo que a pessoa exaltou na sua vida, ou seja, considerou como digno de seus esforços e atenções e, obviamente, dos seus pecados. Com relação a Israel, o motivo de orgulho deles era a capital, ou seja, Samaria (capital das 10 tribos do norte) e Jerusalém (capital de Judá). Ou seja, a desculpa que eles davam para tentarem usar e abusar dos outros era a conservação destas cidades-ídolos (vs 5). A verdade é que, sempre que tentamos exaltar ou nos dedicar a alguém (ou a alguma coisa), isto se torna, na nossa vida, uma montanha alta cujo topo nunca pode ser visto ou alcançado, de modo que não temos tempo para mais nada.
Já os vales são o lugar para onde as águas se dirigem. Por um lado é bom, pois o rio é vital para a sobrevivência de uma cidade. Todavia, o rio também dificulta a comunicação e o transporte entre os dois lados da margem (ver Sl 104.10).
De igual modo, o mesmo Rio de Vida que sacia nossa sede também promove a separação natural entre nós e as demais pessoas (ver Mt 10.34-35). Ele remove todo o elo de ligação que poderíamos ter, na carne, com alguém neste mundo (é exatamente disto que a marca da besta trata: usar o dinheiro para tentar fazer a sociedade funcionar sem o Amor e a Palavra de Jesus – Ap 13.16,17), de modo que o único elo de ligação entre nós e as pessoas fica sendo o Espírito Santo e Sua Palavra.
Por isto é que Deus promete fazer de Samaria e Jerusalém um montão de pedras (vs 6; Mq 3.12). Afinal, Deus não quer uma unidade em torno de algo deste mundo. E para ensinar isto, Ele permitiu que 2 cidades esplendorosas se tornassem um matagal tão grande que, por algum tempo, o máximo que alguém iria pensar em fazer é arar o terreno para plantar vinhas.
A destruição de Jerusalém por Nabucodonosor (Ez 13.14) e de Samaria pela Assíria (2Rs 19.25) seria de tal modo intensa que até os fundamentos da cidade ficariam descobertos. Todas as grandes construções (montes) seriam demolidas e suas pedras lançadas no vale, de modo que este se tornaria completamente dividido (vs 4,6), praticamente impossível de se atravessar de um lado para o outro.
E não podia ser de outro modo: os ídolos haviam escravizado de tal forma a mente das pessoas que suas cidades estavam repletas de imagens de escultura e tudo que elas adquiriam era fruto de alguma atividade ilícita:
  • Os ricos se enchiam de violência e destruição (Is 3.14,15; Am 3.10; Mq 2.1,2; 6.10-12), querendo ser os únicos moradores da terra (Is 5.8);
  • Os empregados ajudavam a encher de violência e engano a casa dos seus senhores (Is 1.9), a ponto de Miquéias compor a lamentação de Mq 7.1-6. Tudo porque achavam que o salário deles vinha dos serviços que prestavam aos seus senhores. Ninguém se importava se a atividade que estava a exercer pelo seu patrão era lícita ou não, se os que estão de fora do sistema seriam ou não injustiçados e maltratados.

Tampouco eles se importavam se o salário deles vinha de culto a outros deuses (vs 7; Os 2.5,12). O que eles queriam eram os recursos necessários para obter, dos seus deuses, o que desejavam. A verdade é que a pessoa tende a usar os recursos que ela recebe da mesma forma que seus patrões também usavam (vs 7). Afinal, a partir do momento que a pessoa se dispõe a trabalhar para alguém, ela é obrigada a acreditar na autenticidade e legitimidade daquilo em que está a trabalhar, já que precisará defender seu patrão (encobrindo suas falcatruas) para garantir o emprego. Obviamente, ela acaba se tornando tão abominável quanto aquilo a que se dispôs a servir (Dt 7.25-26; Sl 115.4-8; 135.15-18; Pv 16.7).
8 a 9 SE O CORAÇÃO ESTÁ CONTAMINADO, A PESSOA CONTAMINA TUDO QUE TOCA
Uma das características do verdadeiro profeta é a de, não apenas falar, mas viver a mensagem. Quando, por exemplo, Deus quis dizer que os egípcios iriam para cativeiro nus e descalços, ele teve que andar despojado e nu (Is 20.2-4). Aqui, como a mensagem era de tristeza, ele tinha que lamentar, uivar, andar como alguém que foi despojado e nu, além de fazer lamentar lamentações e pranto (vs 8), tal como fizeram Isaías (Is 21.3; 22.4) e Jeremias (Jr 4.19).
É importante que fique claro que não trata-se de um teatro, mas sim de o profeta deixando Jesus comunicar Seus sentimentos a ele (ver Fp 3.10; Cl 1.24), de modo que ele passa a sentir o mesmo que Jesus. Assim como Deus ordenou a Ezequiel que ficasse de pé e o Seu próprio Espírito o fez levantar (Ez 2.1,2), Deus fala com o profeta como deveria ficar (ver Ez 24.16-24) e o próprio Espírito Santo o fazia ficar assim. O Reino de Deus é tão somente a pessoa deixando a pessoa governar, não apenas seus pensamentos, mas também Seus sentimentos.
Aqui, em particular, havia motivo de sobra para tamanha tristeza, considerando que a chaga de Israel, além de incurável, era altamente contagiosa (vs 9). Não só chegou a Judá, mas até a Jerusalém (foco do ministério de Miquéias – daí ele chamar o povo de Jerusalém de “meu povo” – vs 9).
Tal como se dava quando alguém entrava em contato com um cadáver no Antigo Testamento (Lv 11.24-28,36-40; 21.11; Nm 6.9), o contato com alguém no pecado acaba contaminando quem está por perto (ver Hb 12.15). Por exemplo: quem não ama o irmão está em trevas (1Jo 1.7; 2.9-11) e, portanto, está com a consciência contaminada (Mt 6.22,23; Lc 11.33-36; Tt 1.15), sendo uma maldição ambulante (Dt 28.16,19). E não podia ser de outro modo, já que quem é do mundo, só é capaz de cogitar e falar daquilo que é do mundo (Mt 16.23; Jo 3.31; 1Jo 4.5,6). Não podemos esquecer que a terra se tornou maldita por causa do homem (Gn 3.17). Logo, falar do mundo é falar maldição, já que seus princípios são inimizade contra Deus (Tg 4.4) e loucura aos olhos Dele (1Co 3.18-20).
Daí Jesus chamar os fariseus de sepulturas invisíveis (Mt 23.27; Lc 11.44). Afinal, como por dentro eles estavam cheios de ossos e de rapina, o contato com eles deixava todo o povo de Israel contaminado com suas heresias. Tanto que foram eles que infamaram a multidão para pedir a crucificação de Jesus (Mt 27.20).
E para que Judá pudesse constatar isto, Deus permitiu Senaqueribe tomar todas as cidades fortificadas de Judá (2Rs 18.13) e chegar até Jerusalém (Is 8.7,8).
10 a 16 A RETIRADA DO BEM PERMITE A CHEGADA DO MAL
Pesquisando em um site, li que Miquéias, neste trecho, cita o castigo que viria a cada cidade, em conformidade com os nomes das mesmas. Ex:

  • Gate = Cidade de Anúncios (vs 10): “Não o anuncieis em Gate”;
  • Bete-Leafra = Cidade de Pó (vs 10): “Revolvei-vos no pó, em Bete-Leafra”;
  • Laquis = Cidade do Cavalo (vs 13): “Ata os corcéis ao carro, ó moradora de Laquis”;
  • Aczibe = Fonte de Decepção ou Fraude (vs 14): “As casas de Aczibe serão para engano dos reis de Israel”;
  • Marote = Fonte (amarga (vs 12)): “A moradora de marote sofre pelo bem”.
  • Maressa = Se parece com o verbo hebraico “conquistar” ou “apoderar-se” (vs 15): Ainda te trarei um herdeiro, ó moradora de Maressa.
  • Moresete-Gate (vs 14): Possessão de Gate ou Possessão de uma prensa de vinho: “Darás presentes de despedida a Moresete-Gate.
  • Bete-Ezel (vs 11): Um lugar perto: “O pranto de Bete-Ezel tira de vós o vosso refúgio”.

Uma coisa é certa: a disciplina de Deus vai de encontro àquilo que cada um é. Com base nisto, analisemos cada uma das cidades:
1º Gate – Não anuncieis em Gate (vs 10).

Ninguém deve anunciar os problemas aos inimigos do Senhor (veja o exemplo desta mulher – 2Rs 4.23,26), pois isto só os fará se alegrarem nas suas maldades (ver Jz 16.23; 2Sm 1.20; Hc 1.15,16). Além disto, eles não têm interesse em ajudar.
O lugar de chorar é na presença do Senhor (vs 10; Jr 6.26). Quando a pessoa perde a esperança por aquilo que é bom, é porque já se adaptou ao mal é até viu nele algo conveniente (uma desculpa para a ociosidade e para não aprender o bem – ver Jr 13.23).

2º Bete-Leafra - revolve-te no pó, em Bete-Leafra (vs 10).

  • Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança.” (Lm 3.29).

Havia o costume de se vestir de saco e cinza ou lançar pó sobre as cabeças quando se estava triste (Jó 2.12; Et 4.1,3; Is 58.5; Dn 9.3). Era a forma que eles conheciam para mostrar, fisicamente, sua humilhação diante de Deus.

3º Safir – Passa com vergonhosa nudez (vs 11).

Sempre que Deus queria envergonhar um dado povo, o castigo era expor a nudez da pessoa (Is 20.4; 47.2,3; Jr 13.22; Ez 16.37; Na 3.5). É bem verdade que, hoje, a nudez é ostentada e vista como um meio de exploração financeira e de sedução. No entanto, também a corrupção moral daqueles que disto se utilizam para alcançar seus objetivos.
É triste e vergonhoso quando a sociedade não tem mais interesse e disposição em buscar e manter a simplicidade. A tentativa de manter relações diplomáticas com o pecado acaba tornando necessária uma série de medidas que, no final, acabam em dor, injustiça, miséria, inimizades, etc.

4º Zaanã – Não pode sair para ajudar (vs 11).

Muitos não podem sair para nos ajudar porque estão presos em seus próprios interesses. É bem verdade que as pessoas usam algo como desculpa para não ajudar. Gostam de se apegar a problemas para encobrirem o desejo de investirem no seu egoísmo.

5º Bete-Ezel – o pranto deles tira o refúgio de Israel (vs 11)

 Ao virem Bete-Ezel chorar, eles veriam que eles não tinham condições de ajudar. Sentir-se-iam como se tivessem sido abandonados, sem qualquer esperança de refúgio. É bom lembrar que existe diferença entre a tristeza segundo o mundo e segundo Deus (2Co 7.9,10). Apenas esta produz salvação.
Há diferença entre o clamor na presença de Deus (Jl 2.12-17) e o clamor vão e profano (Is 1.15; 1Tm 6.20) que só traz a ira de Deus para mais perto (ver Gn 6.13; 11.5; 18.20,21).

6º Marote – Sofrem de tanto esperar pelo bem (vs 12).

Como o mal desceu até à porta de Jerusalém (vs 12), eles estavam ansiosos por socorro. E não adiantava clamar ao Senhor porque Ele não haveria de ouvi-los, já que este mal veio Dele para disciplinar o povo. É inútil orar a Deus em favor de algo que não é para dar certo.
As pessoas sempre usam tentam encontrar uma desculpa para não precisar refrear a sua maldade. Entretanto, quando você não consegue encontrar um meio para a bondade pura e santa do Senhor Jesus se manifestar, é um forte indício que você está no lugar errado, fazendo a coisa errada, do jeito errado. Mesmo porque Deus não é de confusão, mas sim de paz (1Co 14.33). Neste caso, a solução é sair da Babilônia (Ap 18.4).

7º Laquis – Deveriam atar animais ligeiros ao carro (vs 13).

Laquis foi uma das cidades de Canaã que Josué conquistou. Quando os israelitas invadiram o país, o rei de Laquis aderiu a uma coligação sob a liderança do rei de Jerusalém para pelejar contra Gibeom. Na batalha que se seguiu, o rei de Laquis foi morto e a sua cidade capturada (Js 10:5-32,33; Js 12:11). Mais tarde, passou a pertencer a Judá e o rei Roboão fortaleceu as suas fortificações (2Cr 11:9). Tanto que Laquis foi uma das últimas cidades fortes de Judá a caírem quando Nabucodonosor invadiu (Jr 34.7).
O rei Amazias procurou refúgio em Laquis, ao fugir dos seus conspiradores, mas foi morto nesta cidade (2Rs 14:19; 2Cr 25:27). Foi de Laquis que Senaqueribe enviou um destacamento a Jerusalém, exigindo que a capital se rendesse (2Rs 18.14,17; 2Cr 32.9; Is 36.2).
Laquis foi uma das primeiras cidades que se apegaram às transgressões das 10 tribos do norte, o que estimulou todo Judá ao pecado (vs 13). Agora, a ordem era para fugir desta cidade, ainda que a mesma parecesse um bom refúgio. A princípio o “Egito”, com seus carros e cavalos (ver Sl 20.7; Is 30.1-3; 31.1-3) ou a Babilônia, com o seu esplendor e facilidades, pode parecer conveniente. Contudo, pode estar certo de que a Escritura Sagrada está certa: que ninguém pode ser feliz e bem sucedido no pecado (Sl 56.7; 62.10,11 Ec 8.8; Pv 12.3; Ez 7.13).
Você pode dizer que trata-se de uma estratégia para alcançar os perdidos. Entretanto, a ordem para sair da Babilônia é clara (Is 48.20; Zc 2.6). Não adianta tentar recuperá-la, pois ela não tem cura (Jr 51.9).

8º Moresete-Gate – Receberia presentes de despedida (vs 14).

Moresete-Gate seria levado cativo e o povo de Israel, obrigado a dar presentes aos seus moradores a fim de que tivessem o necessário para chegarem bem ao lugar do seu cativeiro. Não é uma lástima quando nada restou em nós, senão a capacidade de humilharmos diante das pessoas e as bajuláramos, só para obtermos umas poucas migalhas que mal nos permite sentir o gosto do que poderia ser a verdadeira felicidade?
Agora eles seriam confrontados com o que mais intimida o ser humano carnal: a possibilidade de estar servindo em troca de uma recompensa que, na maioria das vezes, nunca virá.

9º Aczibe – Suas casas servirão de engano para os reis de Israel (vs 14).

O povo de Aczibe seria uma armadilha para os reis de Israel. A bem da verdade, quando renunciamos nossa posição junto a Jesus, passamos a ser governados pelo mal comportamento do povo, o que nos leva a uma série de atos injustos para com os bons (o que resulta na maldição de Pv 17.15). Vamos permitir que o mal comportamento de alguns destrua tudo de bom que pode haver em nós?
“Mas e se não tiver como conservar a bondade de Deus em uma dada situação?” Você pode estar se perguntando. Então pode estar certo de que você está vivendo no lugar errado ou andando no caminho errado (ver Gl 5.16,25).

10º Maressa – Deus lhe enviaria o inimigo que haveria de herdá-la

Foi em Maressa que Deus deu a Asa uma vitória maravilhosa contra Zera, o etíope (2Cr 14.9,10). Agora esta cidade passaria para as mãos do inimigo. Este é o resultado inevitável da rebeldia. Aqueles que não querem trabalhar direito buscando pressionar as autoridades a adotarem medidas a seu favor (ver Pv 24.21), acabam desestimulando as pessoas que fazem uso do serviço do qual eles fazem parte, o que acaba resultando no fechamento da instituição ou na entrega da mesma a pessoas inescrupulosas, que só a utilizarão como meio facilitador da ruína das pessoas, já que a maioria das pessoas preferem entrar pela porta larga ao invés de esperar pela estreita (ver Mt 7.13-14).
A verdade é que, se não valorizarmos nossas pérolas e coisas santas, elas acabarão sendo comidas pelos cães e pisadas pelos porcos (Mt 7.6). Assim, deixes teus amados! Cuide pessoalmente deles, antes que os inimigos o possuam.

11º Adulão – Os maiorais de Israel viriam a ela para se esconderem

Adulão era uma antiga cidade cananeia (Gn 38:1, 2) que tinha ligação com Jarmute e Socó (Js 15:35), que foi conquistada por Josué (Js 12.15). A partir daí, passou a pertencer a Judá (Js 15:35). Foi aí que Davi escondeu-se de Saul numa caverna (1Sm 22:1; 2Sm 23:13; 1Cr 11:15), bem como na ocasião em que os filisteus estavam acampados em Refaim (2Sm 23.13-16).
Roboão fortificou esta cidade (2Cr 11:7), a qual voltou a ser habitada depois do exílio (Ne 11:30).
As autoridades de Israel iriam se esconder na caverna que fica perto da cidade de Adulão. Mas não se elege um líder justamente para que, nos momentos difíceis, ele possa ser usado por Deus para apontar a direção a ser seguida? Um líder que foge quando vê o lobo (Jo 10.11-13) ou se cala quando o vê se aproximando das ovelhas (Is 56.10-12) é falso.
Infelizmente a maioria dos “líderes” de hoje tentam se esconder dentro de cultos divertidos que lhes dê a impressão de estarem bem consigo mesmos, quando estão apenas se alienando (embriagando). Como ser feliz, ignorando que seus problemas, antes de tudo, são consequências dos problemas dos outros?

Gate, Maressa, Laquis e Adulão eram cidades do reino de Judá que foram fortificadas por Roboão (2Cr 11.7-11). Com base no vs 16 (por causa dos filhos das tuas delícias), dá a entender que todas estas cidades pertenciam a Judá.
Agora, muitos dos moradores destas cidades seriam mortos e os demais, levados cativos. Assim como a águia arranca suas penas velhas a fim de que novas surjam no lugar e ela, então, tenha condições de voltar a voar, eles deveriam transformar todo o gozo que tinham no pecado em tristeza (Tg 4.8,9), na esperança de que Deus concedesse ao Seu povo misericórdia diante dos seus inimigos (2Cr 30.9).
Detalhe: quando um israelita, ao vencer uma guerra, achasse uma mulher formosa à vista entre as prisioneiras (Dt 21.10-14) e desejasse se casar com ela, esta deveria rapar a cabeça e cortar as unhas. Também havia o costume de fazer calva entre os olhos por causa de algum morto (Dt 14.1), coisa proibida por Deus aos sacerdotes (Lv 21.5; Is 15.2; Ez 7.18; 29.18; Am 8.10).
Em outras palavras, ao dizer para alargar a calva, Deus estava estabelecendo uma sentença: a de que eles seriam levados para o meio de povos onde eles não teriam outra alternativa, senão se contaminarem ainda mais (Ez 20.25), a fim de que eles pudessem ver a diferença entre servir Jesus e servir o mundo (2Cr 12.8). Daí João ordenar Ap 22.11.

MIQUÉIAS 2 CRISTO UNE PARA LIBERTAR x LÍDERES POLÍTICOS-RELIGIOSOS UNEM PARA FICAR MAIS FÁCIL CONTROLAR E EXPLORAR (AS DIFERENTES FORMAS DE SE USAR O PODER)

1 a 2 USANDO O PODER DE DEUS PARA VIOLENTAR OS MAIS FRACOS
Quantas pessoas estavam se aproveitando do poder que Deus tinha lhes dado para colocar em prática o mal que tanto prazer lhes dava (vs 1). Não conseguiam perceber que perda de tempo seria, já que tudo estava prestes a ser destruído.
A verdade é que o ímpio nunca tem paz (Is 48.22; 57.21). De noite fica maquinando o mal (vs 1); de dia, trabalha ardentemente a fim de colocá-lo em prática (Os 7.6).
Mesmo que a destruição não viesse, de quê adianta cobiçar campos e casas e tomá-los à força (ver Is 5.8), já que, no final, seremos arrebatados deste mundo através da morte? A exemplo de Acabe que, para tomar posse da herança de Nabote (1Rs 21.7), nada fez para impedir Jezabel de armar aquela cilada para ele (antes, silenciosamente teve prazer no mal, já que este lhe convinha, mas nenhuma coragem tinha para fazê-lo por medo da punição de Deus), assim o povo estava imitando este mal comportamento (daí Mq 6.16).
Alguém pode questionar: “mas Deus não faz nada para livrar?”. Quando a pessoa faz a vontade Dele, sim! Foi o que aconteceu com Jacó. Deus impediu Labão de usar seu poder (Gn 31.29).
3 a 5 A EXPLORAÇÃO DOS POBRES RESULTARIA NA DISTRIBUIÇÃO DAS TERRAS ENTRE OS INIMIGOS. ESTES NÃO SERIAM MAIS CONQUISTADOS.
Quando eram os inimigos que estavam explorando os pobres, eles tinham esperança de melhora com a libertação ou com a volta do cativeiro. Mas, e quando eram os próprios líderes de Israel os exploradores, que esperança restava?
Já que os mais poderosos estavam explorando os mais pobres, ao invés de Deus repartir a terra dos inimigos entre as tribos de Israel, a terra deles é que seria repartida. Muitas vezes os israelitas exploravam mais uns aos outros do que os estrangeiros. Talvez seja também por isto que a maioria dos israelitas não quiseram sair da Babilônia quando Ciro emitiu o decreto (Ed 1.1-4 - daí a ordem de Is 48.20; Zc 2.6). Haja visto que, na época de Salomão, o jugo por ele estabelecido foi tão pesado que, tão logo Roboão subiu ao poder, o povo de Israel pediu alívio (2Cr 10.4). Muitas vezes parecia até que a servidão imposta por Salomão era maior do que a do Egito (haja visto a grande quantidade de coisas que ele fez e adquiriu com a exploração do trabalho do povo – ver 1Rs 4; 10.14-29; 2Cr 1.14-17; 9.13-28).
Agora você entende como é possível um Deus tão bom projetar o mal (vs 3)?
Como eles rejeitaram Jesus e tudo que vinha Dele, o que mais poderia haver para eles? Deus não obriga ninguém a receber Sua vontade. Mesmo sabendo o quão mal e amargo é deixar o Senhor (Jr 2.19), Deus, por respeitar o arbítrio de cada um, muitas vezes permite que eles recebam o que desejam. Daí Ele trocar a porção de Israel (vs 4), ou seja, mudar sua herança.
A herança de todo o Israel (e não apenas dos levitas - Dt 10.9; 18.1,2) deveria ser o próprio Criador. Contudo, como eles O rejeitaram, a herança deles, agora, passaria a ser no meio dos demais povos, servindo a outros deuses (Dt 4.28; 28.64; Rm 10.19). Em outras palavras, eles perderam o privilégio de servir unicamente a Ele. Como não se agradaram da herança do Senhor, nem de serem separados dos demais povos, então para quê continuar naquela terra? Daí Deus despojá-los de tudo que tinha haver com Ele na terra prometida e reparti-la entre as nações pagãs (vs 4; Daí Mq 1.15).
E pensar que Deus, antes mesmo de criar Israel, quando distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, pôs os termos dos povos conforme o número dos filhos de Israel (Gn 10.25; 11.8; Dt 32.8,9; At 17.26). Ou seja, tudo fez Deus pensando no melhor para Israel. Que lástima tudo que haveria de acontecer com eles (vs 4)! É de lamentar que, aquilo que foi criado especialmente para o povo de Deus, viesse a ser desfrutado pelos inimigos, simplesmente porque eles não tinham maturidade para conviverem uns com os outros (Gl 4.1,2) no lugar da bênção.
Basta pensar que os mais ricos estavam mudando os marcos, a fim de irem, aos poucos, tomando o que era dos menos favorecidos, até se apropriarem de vez do que era deles (algo altamente condenado por Deus – Dt 19.14; 27.17; Pv 22.28; 23.10; Os 5.10).
Na verdade, quando foi profetizado a vinda do tempo mau (ver Am 5.13), fique claro que isto se refere apenas aos ricos, já que os necessitados estavam neste há muito.
Nada disto, porém, precisava acontecer. Se o povo se dispusesse a conhecer Jesus (Os 4.6) e entender qual era a vontade do Senhor (Ef 5.16,17), não seria transtornado (Os 4.14). Veja o quão importante é remir o tempo (Cl 4.5), já que, quando a enchente do mal vem, não dá tempo de aprender a nadar. E, nesta hora, será impossível tirar o pescoço de tudo que virá (vs 3).
Felizmente, quando a terra prometida fosse repartida de novo entre o povo do Senhor, nenhum deles teria parte nela (ver Lc 13.28) (tal como se deu na época de Josué – Nm 26.55; 33.54; 34.13; 36.2; Js 14.2; 19.51). Inicialmente, os inimigos é que disputariam a terra de Israel. Assim será até que chegue o tempo em que o reino há de ser entregue aos santos do Altíssimo (ver vs 12; Dn 7.27).
6 a 11 O POVO QUERIA ENCONTRAR DESCANSO NAS PALAVRAS MENTIROSAS DOS PROFETAS INESCRUPULOSOS, AO QUAIS LHES FACILITAVAM EXPLORAR OS MAIS POBRES COM ILUSÕES
Os líderes religiosos estavam espalhando as ovelhas. Isto porque esta é a forma mais eficaz de dominar o povo. E, uma vez calada a boca dos profetas (vs 6; Is 30.9-11; Am 2.12), as pessoas ficam como ovelhas sem pastor: se espalham e ficam a vagar sem rumo e destino (Nm 27.17; 1Rs 22.17; 2Cr 18.16; Mt 9.36; Mc 6.34; Zc 13.7; Mt 26.31), cada um fazendo o que parece bom aos seus olhos (Dt 12.8; Jz 17.6; 21.25). Isto prova que, onde não há profecia, o povo se corrompe (Pv 29.18).
E o pior é que o próprio povo gostava desta corrupção (ver Jr 5.30-31; 2Tm 4.3,4). De modo que, toda profecia que predizia alguma catástrofe era vista com maus olhos. Tal como nos dias de hoje, o povo não achava que algum infortúnio na carne pudesse vir do Senhor, já que só ouviam falar dos milagres de outrora (inclusive, as festas sagradas eram lembrança de tais dias).

  • Não babujeis, dizem eles. Não babujeis tais coisas, porque a desgraça não cairá sobre nós. Tais coisas anunciadas não alcançarão a casa de Jacó. Está irritado o Espírito do SENHOR? São estas as suas obras?...” (vs 6 e 7);

É bem verdade que Deus opera maravilhas e não tem prazer no mal (Mq 7.18). Porém, a Palavra de Deus só faz bem aos que andam retamente (vs7). Bramando como leão (que só ruge quando já conseguiu a presa – Am 3.4), cada um fazia uso da Palavra e das bênçãos de Deus para fazer o povo se sentir seguro (vs 8) e, deste modo, ficar mais fácil remover o que lhes restou (ver Ez 38.11). Ou seja, estavam usando a Palavra de Deus como anticristos, a saber, para ocupar o lugar de Deus na vida deles.
Nem as crianças estavam sendo poupadas. O verdadeiro louvor a Deus estava lhes sendo privado (vs 9). Tal como hoje, as mulheres estavam sendo incentivas a abandonarem os lares a fim de que as crianças fossem ensinadas pelos líderes religiosos da forma errada (vs 9) e, com isto, aceitarem suas falcatruas com mais facilidade.
Isto, sem contar os ricos que, se aproveitando do infortúnio que sobrevinha aos pobres, aproveitavam para escravizá-los e obrigar também mulheres e crianças a serem seus escravos. Eles sabiam muito bem que, se as mulheres fossem tiradas dos seus lares, os filhos ficariam à mercê dos conselhos dos ímpios (ver Sl 1.1,2) e, portanto, sujeitos a perderem para sempre as bênçãos que Jesus prometeu para eles (vs 9).
A história não muda! Desde que Adão pecou, não importa o que o homem faça, o mundo continua entregue à destruição (Gn 2.17; 2Pe 3.10-12) por causa da corrupção que destrói (vs 10), de modo que aqui não é mais lugar de descanso (daí sermos convocados a lutar – Fp 1.29,30; Cl 1.29; 4.12; 1Tm 6.12; 2Tm 2.4,5,7; Hb 10.32). Quando se lê Dt 12.9, a impressão que se tem é que o lugar de descanso a que Israel deveria entrar era Canaã. Isto não é verdade! Tanto que o escritor de Hebreus diz que Josué, ao introduzi-los na terra prometida, não lhes deu descanso (Hb 4.7-9).
Basta a pessoa se acomodar para o pecado tomar conta da vida dela (a prova está em Jr 3.2).
É o que tinha acontecido em Israel. Agora, o que eles queriam era alguém que viesse em seu próprio nome (seguindo seu espírito mentiroso – Jo 5.43) prometendo vinho e bebida forte (ou seja, fartura) (exatamente como fazem os políticos hoje).
12 a 13 JESUS QUER UNIR SUAS OVELHAS PARA, COM ELAS, ROMPER COM AS PORTAS DOS APRISCO (Mt 16.18) E LIBERTAR OS QUE ALI ESTÃO CATIVOS, A FIM DE QUE TODOS POSSAM ACHAR PASTAGENS (Jo 10.9)
Há duas coisas que Deus está prometendo aqui (vs 12):
  1. Ele iria ajuntar Jacó por inteiro a fim de julgar Israel e as nações (Ez 39.4,11; Jl 3.11-14; Zc 14.2-5; Ap 16.13-16). Seriam colocados juntos como palha ou joio para ser queimado (Mt 3.12; 13.30,40-42; 25.41-46);
  2. Ele iria congregar o remanescente de Israel que haveria de ser salvo (Is 10.22; Rm 9.27; Mt 25.34-40). Destes que passaram pelo seu tratamento (Zc 13.9), Ele faria uma multidão (Ez 36.37) e reinaria sobre eles no Monte Sião desde agora e para sempre (Os 3.5; Mq 4.6,7) e haveria muita alegria (Jr 31.10-13).

Inclusive, por aqui fica claro que ajuntamento só é bom quando existe pureza de coração. Do contrário, unidade sem amor e verdade, é contradição penal, conhecido como “crime de formação de quadrilha”.
Já o vs 13 aponta para Cristo em um sentido espiritual (compare o vs 13 com Jo 10.3,4,9 e ajunte Is 52.12). Jesus reúne em Si aqueles que Nele creem para a salvação, de modo que eles possam entrar pelas portas do aprisco e resgatar as ovelhas que foram presas pelo sistema político ou religioso, a fim de que, juntas, possam seguir ao Bom Pastor (1Pe 2.25) rumo aos pastos verdejantes (Sl 23.2).

MIQUÉIAS 3 O SILÊNCIO DE DEUS NA VIDA DAQUELES QUE TENTAM CONSTRUIR SUA VIDA ÀS CUSTAS DA EXPLORAÇÃO AO PRÓXIMO

1 a 4 O SILÊNCIO DE DEUS NA VIDA DAQUELES QUE QUEREM FAZER DO POVO O SEU ALIMENTO
Isto se refere, principalmente, aos líderes religiosos. Muitos, com medo de serem expostos, usam Mt 7.1 para intimidar os membros, de modo que eles não venham a fazer a menor crítica, mas aceitem todas as suas aberrações teológicas.
O que não podemos é julgar segundo a aparência (Jo 7.24), antes que a verdade seja plenamente revelada (Mt 7.1-5; 1Co 4.5; 6.1-5). Quem assim faz, tem como objetivo colocar tropeço na vida dos irmãos (Rm 14.13). Porém, uma vez que o Espírito Santo tiver revelado, devemos julgar as profecias (1Co 14.29) e provar os espíritos (1Jo 4.1) a fim de que as pessoas tenham chance de se converter e arrepender e, deste modo, serem salvas dos tropeços da sua iniquidade (Ez 3.20).
Se não condenarmos as obras das trevas (Ef 5.11) na vida delas, seremos responsabilizados por Deus (Ez 3.17-21; 33.7-9). Contudo, que fique claro: não é para julgar o profeta (pois já tem quem o julgue – Rm 14.10; 2Co 5.10), mas sim as profecias.
Além do mais, como podemos pensar em estar em paz, quando tudo e todos à nossa volta estão perturbados (Jr 29.7)? Como esperar que algo dê certo quando as pessoas aborrecem o bem e amam o mal (vs 2) (o contrário de Sl 97.10; Am 5.15; Rm 12.9)? Ainda que tenham prazer no mal a fim de que o bem venha, a condenação de tais pessoas é justa (Rm 3.8), já que de uma mesma língua não pode sair bênção e maldição (Tg 3.9-12).
Jamais devemos ter medo de repreender as pessoas com medo de magoá-las. É preciso diferenciar (2Co 7.9,10:

  • Choro de remorso -> lamento pelos bens materiais perdidos;
  • Choro de arrependimento -> lamento pelo caráter perdido.

Cabe aos líderes religiosos (e também àqueles que creem em Jesus, já que foram feitos reis e sacerdotes – 1Pe 2.5; Ap 1.6; 5.10) saber aquilo que é direito (vs 1). Infelizmente, a maioria tem tanto prazer no mal (vs 2; Jo 3.19-21), em virtude do desejo de fazer do povo no seu alimento (vs 2,3; Sl 14.4; 53.4; Os 4.8), que preferem, de comum acordo, quebrar o jugo de Jesus (Sl 2.1-3) e romper com seus laços de amor (Jr 5.4,5; Os 11.4). Isto pode ser visto entre os funcionários de uma firma, onde cada um acoberta as falcatruas do outro para encher de violência e engano a casa dos seus senhores (Sf 1.9).
Resumindo: os do povão eram pobres e loucos espiritualmente por não saber o caminho e o juízo do Criador; já os maiorais, sabiam, mas queriam convencer a si e aos demais que poderiam determinar o modo de Deus agir. Daí clamarem ao Senhor e não serem ouvidos, nem sequer O enxergarem (vs 4). Afinal, como Deus pode auxiliar alguém na má obra? Deus teria que ser mal. Veja os exemplos:

  • (Pv 1.28) -> Se a pessoa rejeitou a sabedoria de Deus, com base em quê ela espera que Ele opere?
  • (Is 1.15) -> Se as ações são só no sentido de maltratar e destruir pessoas, então que lugar há para o amor?
  • (Ez 8.18) -> Quando se introduz elementos de adoração a falsos deuses daquilo que fazemos para o Criador, como Ele poderá nos ouvir? Como poderemos agradar a Ele fazendo aquilo que apraz ao diabo?
  • (Zc 7.9-13) -> No que eles se fizeram resistentes a toda expressão de piedade e bondade, o que Deus poderia lhes dizer, já que Nele não há treva alguma (1Jo 1.7)?
5 a 8 PROFETA QUE NÃO ANUNCIA AO POVO DE DEUS O SEU PECADO, É FALSO. FICARÁ DESACREDITADO E SEM SABER O QUE DIZER DIANTE DAS SITUAÇÕES TENEBROSAS QUE SURGIRÃO
Características dos falsos profetas (vs 5):
  1. Não ensinam ao povo o que eles precisam saber (Is 56.10);
  2. Só pensam naquilo que irá satisfazer seu apetite (Is 56.11). Em troca de um punhado de cevada e pedaços de pão, eles estavam conservando vivo os perversos e condenando os justos, se tornando abomináveis (Ez 13.19; Pv 17.15);
  3. Só pregam aquilo que agrada o povo, de modo a fortalecer as más ações de cada um (Jr 6.14; 8.11; Ez 13.10), quando o correto é levar a pessoa a enxergar o quão mau e injusto é o sistema que rege este mundo (Jo 14.30; Ef 2.1,2; 1Jo 15.19), de modo que ela sinta nojo de permanecer nele servindo-o e passe a desejar a vinda de Cristo, para um mundo onde nunca mais será impossível fazer o bem.
  4. Querem caçar as almas a fim de guardá-las para si (tal como aquele que guardou a mina embrulhada num lenço – Lc 19.20). Para isto, profetizam de paz, de modo que eles possam relaxar com a ideia da falsa salvação, sem qualquer preocupação com a mudança do coração (Ez 13.18). Mas que espécie de paz é esta?
  5. Fazem um conluio com outros falsos profetas com vista a devorar almas e tomar tesouros e coisas preciosas (Ez 22.25);
  6. Vêm vestidos de ovelhas (tendo aparência de piedade – 2Tm 3.5), mas interiormente são lobos devoradores (Mt 7.15);
  7. Estavam profanando o próprio Deus, ou seja, buscando-o de maneira inadequada e fora do contexto do reino dos céus. Em outras palavras, buscavam-O com base nos métodos deste mundo, com vistas a obter recursos deste mundo (ver 1Co 15.19), o que fazia deles pessoas completamente miseráveis (sem o quê oferecer e, portanto, avarentas).
  8. Promovem guerra contra aqueles que nenhum benefício lhes traz (vs 5).

Punição: quem não se fala segundo à Escritura Sagrada, nunca verá a alva (Is 8.20). Pelo contrário: será arrastado para a escuridão (Is 5.30; 8.22), ou seja, entenebrecido com ânsias em meio à angústia e escuridão (Is 8.22). Far-se-á noite sem visão para eles, a fim de que não haja profecia, nem adivinhações.
O sol se porá em pleno meio-dia e a terra na qual eles estão se entenebrecerá em dia de luz (vs 6; Am 8.9). Ou seja, eles não saberão o que fazer, nem mesmo em tempo de paz (vs 7). Já que não serão mais capazes de ver a vaidade, nem fazer adivinhações (Ez 13.23), visto que toda esperança carnal morrerá (ver Ez 37.11; At 27.20; 2Co 1.8). Isto lembra o que se deu com os acusadores de Jesus, que não conseguiam achar nem mesmo um testemunho falso (Mt 26.59).
Daí a expressão “cobrir o bigode” (vs 7) que lembra:

  • como o leproso deveria proceder ao sair no meio do povo (Lv 13.45) ou
  • a manifestação de alguma tristeza ou vergonha (ver Ez 24.15-17).

Ou seja, tais profetas, diante pureza e santidade dos homens de Deus, se sentiriam imundos e envergonhados, completamente tristes por serem obrigados a experimentarem apenas a companhia daqueles que também haviam renegado ao Senhor.
Enquanto Miquéias, repleto daquilo que Deus podia fazer através Dele, cheio de juízo e de ânimo para anunciar, aos que se chamam pelo Seu nome, os pecados deles (vs 8; Is 58.1) (independente se eles eram sinceros ou não, convertidos ou buscando a Cristo apenas com sua carne), os falsos profetas estavam fadados à insensatez (2Tm 3.9), já que não haveria resposta de Deus para eles (vs 7; Am 8.11-13).
9 a 12 NÃO TEMOS DIREITO DE USAR DE INJUSTIÇA E VIOLÊNCIA, MESMO QUE SEJA PARA, SUPOSTAMENTE, FAZERMOS A “OBRA DO SENHOR” (Mt 7.24-27)
Eis os erros do sistema religioso:
  1. - abominava o juízo (vs 9) -> não dormem, se não fizerem mal, e foge deles o sono se não fizerem alguém tropeçar (Pv 4.16);
  2. - pervertia tudo o que é direito (vs 9) -> Mudava a verdade de Deus em mentira (Rm 1.25);
  3. - edificando a Sião com sangue e a Jerusalém com injustiça (vs 10; Hc 2.12) -> Não podemos nos conformar que alguém se sinta prejudicado por nossa causa. Muito menos devemos pagar ao próximo menos do que lhe é devido (Jr 22.13) ou aproveitar do seu infortúnio (Is 33.14,15) ou ingenuidade para tirar vantagem (Ez 18.8);
  4. - dão as sentenças por presentes (vs 11) -> Rugindo como leão, os príncipes faziam como o diabo (1Pe 5.8) a fim de deixar as pessoas descuidadas e, deste modo, poder enriquecer mais facilmente às custas das sentenças (Am 3.4; Sf 3.3). Eles amavam os subornos e corriam atrás de recompensas (Is 1.23), sem se preocupar com a causa dos que nada podia lhes dar (Mq 7.3). E o pior é que muitos, por causa disto, jogavam a culpa em Deus, como se Ele fosse um juiz injusto que tudo vê e nada faz (ver Hc 1.2-4; Ml 3.13-15; Lc 18.1-8);
  5. - ensinam por interesse (vs 11) -> Desonravam a Deus transgredindo a lei que eles usavam se para exaltarem (Rm 2.23)
  6. - adivinham por dinheiro (vs 11) -> Profetas e sacerdotes usavam de falsidade, cada um se dando à avareza (Jr 6.13);
  7. - se encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o SENHOR no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá (vs 11) -> Achavam que o nome do Senhor e o templo que foi erguido supostamente para Ele era a garantia de que nenhum mal lhes sobreviria (Is 48.2; Jr 7.3-11; Rm 2.17). Ou seja, tudo era visto como talismã que lhes permitiria viver para si mesmos, sem sofrer as consequências dos seus atos.
  
O detalhe é que, embora todos estes erros tenham sido cometidos principalmente pelos líderes religiosos, toda a Jerusalém e o monte Sião sofreriam as consequências. Logo, esta teoria de que o líder da instituição religiosa irá responder pelos nossos erros é mentira! Cada um será responsabilizado pelos seus pecados (Rm 14.10; 2Co 5.10)

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