domingo, 17 de fevereiro de 2013

38 - ESTUDO DE MIQUÉIAS - PARTE 2


MIQUÉIAS 4 a 5.1 AS ADVERSIDADES SÃO PARA DESTRUIR O QUE É MAU, DE MODO QUE OS BONS NÃO TENHAM EM QUÊ (OU EM QUEM) SE PRENDER

1 a 5 A PAZ QUE REINA QUANDO A JUSTIÇA DE DEUS É ESTABELECIDA
Monte representa:

  1. - A pedra cortada sem auxílio de mãos que encheu o mundo (Dn 2.34,35; Mt 7.21-23): o reino do Messias.
  2. - A Palavra de Deus, que deu origem a este monte (Dn 2.44,45; Mt 7.24-27).
  3. - Os caminhos do Senhor (Hc 3.6).
  4. - Aquilo com consideramos elevado (Mq 1.5).

Aqui, o monte representa a Palavra de Deus, na qual a Igreja (casa do Senhor – Hb 3.6) será firmada (Mt 7.24-27). Este monte está bem acima dos 7 montes na qual a besta está sentada (Ap 17.9; Is 2.2). Como o monte simboliza a Palavra de Deus, logo a mulher de Ap 17.9 está fundamentada nas 7 formas possíveis de se distorcer a bíblia (todas as formas carnais possíveis de se interpretar, de modo a buscar, em Cristo, apenas as coisas desta vida – 1Co 15.19; 2Co 5.16).
Aquele que é da terra é terreno, só fala do que é da terra e só é ouvido por aqueles que são da terra (Jo 3.31; 1Jo 4.5,6). Mas quem é nascido de novo pensa e busca o que é do alto (Cl 3.1,2 - É isto que representa o monte alto).
É em direção a estas pessoas que todas aqueles que querem servir a Deus devem se dirigir, independente de nacionalidade (Is 2.2). Em outras palavras, todos os que realmente creem irão se dirigir em direção àquelas pessoas cujas vidas estão fundamentadas na Palavra de Deus VIVA a fim de aprender os Seus caminhos e andarem nas Suas veredas (vs 1,2).
Somos a cidade edificada sobre a Palavra do Senhor (Mt 5.14-16; 7.21-23), a fim de que todos possam enxergar, no reinado de Deus sobre nós, uma boa notícia (Mt 24.14; Mc 1.14; Lc 4.43; 8.1).
Contudo, no contexto da época, está se referindo ao período após o cativeiro na Babilônia, quando Deus levantaria alguém da descendência real (Zorobabel) para dar início à reconstrução de Jerusalém e seu templo (Ez 17.22,23), do qual viria Jesus. Nos últimos dias (primeiro cumprimento) muitas nações iriam subir a Jerusalém para conhecer a Palavra de Deus (se vê isto, por exemplo, em At 2.5-11; At 15.2), já que os apóstolos de Jesus seriam usados para compor o Novo Testamento (vs 2). A paz mencionada tomaria conta dos corações dos que cressem, os quais não mais iriam correr desenfreadamente atrás das coisas deste mundo (1Pe 4.2-4), mas encontrariam descanso naquilo que Deus lhe deu (começando pelo Seu Espírito Santo – At 4.19).
Hoje, no segundo cumprimento dos últimos dias, Deus irá instituir o milênio, quando Jesus julgará entre muitos povos e castigará poderosas nações até mui longe; estas converterão as suas espadas em enxadas e as suas lanças em foices; não levantarão a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante (vs 2 e 3; Is 2.4; Zc 3.10) (lembrando VAGAMENTE o que aconteceu na época de Salomão - 1Rs 4.24; 5.4).
Antes disto, porém, Deus ordenará aos exatamente o contrário:

  • Forjai espadas das vossas enxadas e lanças das vossas foices; diga o fraco: Eu sou forte.” (Jl 3.10).

Afinal, uma vez que as nações (incluindo os religiosos de Israel) andam em nome do seu deus (vs 5), o destino delas é serem usadas como vasos de ira (Rm 9.21-23), para disciplinar os justos com calamidades (Pv 16.4).
6 a 8 SE QUISER CRER EM JESUS, SAIA DA ACEPÇÃO DE PESSOAS (Tg 2.1): DEUS FAZ DOS COXOS, REJEITADOS E MALTRATADOS, OS CIDADÃOS DO SEU REINO
Enquanto a Antiga Aliança excluiu os imundos (Lv 13.46; Nm 5.2-4) e defeituosos (Lv 21.17), a prioridade no reino milenar é para estas pessoas. Embora seja prometido o retorno de Israel dos diversos países para onde foi espalhado (Ez 34.13; 37.21), o destaque é para os perdidos, desgarrados, quebrados e enfermos (Ez 34.16; Sf 3.19). Note como Deus promete ajuntar todo o Israel restante (indicando que uma prova iria eliminar a muitos, deixando apenas a um remanescente (Mq 2.12; 5.3,7,8; 7.18; Rm 9.27).
Fique claro que isto, em momento algum, significa que devemos nos conformar com as más ações das pessoas. Devemos, a todo custo, buscar separar as pessoas das suas iniquidades (2Tm 2.19). Não podemos nos associar a ninguém enquanto o mesmo não está sendo movido pela Palavra de Deus pura (Rm 16.17,18; 1Co 5.9-11; 1Jo 2.10,11). Entretanto, não é para se afastar da pessoa, mas sim buscar a transformação da mesma.
Podemos resumir da seguinte forma: recebemos os mandamentos de Deus na “voz passiva”, ou seja, deixando que Seu Espírito Santo cumpra os mesmos ativamente na vida das pessoas através de nós. Nunca devemos ser passivos na presença de ninguém. A maioria das pessoas se dirigem ao próximo como se ele estivesse (daí as bajulações que tanto desagradam a Deus – Pv 26.28; 29.5). Não! Jamais devemos passar para o lado das pessoas; elas é que devem passar para o nosso (Jr 15.19).
Por exemplo: muitos, ao irem ao emprego, vão como se fossem mendigos para tentarem convencer os outros a contratá-los. Todavia, devemos ter consciência de quem somos. Se estamos fora do que Deus propôs para nós, devemos nos arrepender e converter. Caso estejamos na direção de Deus, as pessoas é que devem sentir vergonha pelo seu mau comportamento. E, se acharem ruim nossa repreensão, paciência. Na hora a pessoa pode achar ruim (Hb 12.11). No entanto, se ela for sábia, depois nos amará mais (Pv 9.8; 28.23). Temos que ser monte e fortaleza (vs 8), ou seja, pessoas firmes no caráter e na Palavra de Deus.
Jesus foi dado ao povo de Israel (Is 9.6) a fim de que o Criador pudesse reinar em toda a terra eternamente através deles (Is 23.24; Dn 7.14,27; Lc 1.33; Ap 11.15). Daí dizer que a eles viria o primeiro domínio, como que uma referência à época em que Israel seguia ao Criador por onde quer que Ele queria (Jr 2.2), a saber, quando estavam no deserto (Êx 13.21). Detalhe: quando a Escritura Sagrada menciona primeiro amor (Ap 2.4), está se referindo à primeira pessoa a quem o indivíduo decidiu se entregar, quando sua alma ainda era pura.
Espiritualmente, somos a cidade edificada sobre o monte da palavra do Reino de Deus. Como torres de vigia, devemos vigiar (zelar) para que o rebanho de Deus seja mantido sadio e protegido (Mt 24.45; Mc 13.33-37; 2Co 11.2; Ap 3.19). O domínio (autoridade) de Deus vem a nós por meio de Jesus a fim de que façamos discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20) e, assim, Ele possa reinar em todos quantos queiram. Fique claro que autoridade é aquela pessoa que mostra, com sua vida, a verdadeira Palavra de Deus em ação.
Os termos “torre do rebanho” e “monte (fortaleza) da filha de Sião” retratam o quão firmes devemos ser em Cristo e Sua Palavra a fim de que os opressos do povo do Criador possam recorrer a nós para obterem a verdadeira justiça de Jesus (ver Is 14.32).
9 e 10 REIS E CONSELHEIROS NÃO GARANTEM A BÊNÇÃO DE DEUS SOBRE NÓS. DAÍ A INVASÃO DO REI DE BABILÔNIA: PARA ACABAR COM ESTA DISTINÇÃO QUE HAVIA EM ISRAEL ENTRE LÍDERES E LIDERADOS
Se a presença de reis e conselheiros fosse garantia para bênçãos e vitória, então não havia motivos para Israel estar tão angustiado (vs 9). Entretanto, Jerusalém tropeçou e Judá caiu justamente por causa dos reis e conselheiros, visto que sua língua e obras eram contra o Senhor (Is 3.8). Isto fez com que os lombos deles estivessem cheios de grande enfermidade (Is 21.3; Jr 30.6) ao invés de estarem cingidos com a verdade (Ef 6.14).
Mas eles não queriam reconhecer isto. Insistiam em achar que a culpa era do governo e dos líderes religiosos e ficavam clamando: “Não está o SENHOR em Sião? Não está nela o seu Rei?” (Jr 8.19). Em outras palavras, diziam: “Uma vez que temos um rei e Deus está em Sião, então por que estamos neste estado? O que os nossos líderes ficam fazendo que não dão um jeito nesta bagunça?”.
E hoje a história se repete: o povo acha que é necessário fazer parte de uma instituição religiosa, se reunir periodicamente em blocos de concreto, sob a cobertura de um guru “espiritual”. Todavia, se recusam a enxergar que, enquanto provocarem o Senhor à ira com as imagens e coisas inúteis dos que são estranhos ao reino de Deus (Jr 8.19), suas mãos permanecerão frouxas e suas almas tomadas de angústia (vs 9; Jr 50.43). Por que cometer o mesmo erro de Amazias (2Cr 25.14) e Acaz (2Cr 28.23): adotar os deuses dos outros como nossos? Tudo que é nascido na carne, o máximo que pode lhe dar é mais carne (Jo 3.6). Ainda não compreendeste que a quantidade de coisa que você realmente precisa é pequena? O excedente nada mais é do que nós projetando nossa ruindade na vida das outras pessoas. Ou, se preferir, somos nós dando ocasião para que as pessoas usem de maldade conosco e umas com as outras (já que elas passam a temer que este mal lhes sobrevenha novamente – ver Jó 3.25,26).
Para que Israel não se desviasse mais de Deus, nem mais se contaminasse com suas transgressões (Ez 14.11), Deus iria destruir Jerusalém a fim de que todos fossem obrigados a viver no campo até chegarem na Babilônia (vs 10). A ideia é que eles fossem:
  • livres dos líderes religiosos e remidas das mãos daqueles que queriam devorar suas almas (rever Mq 2.1,2,8,9; 3.2,3,9-11;6.10-12; 7.1-6);
  • perdessem o medo de viverem uma vida simples (sem o poderio e sofisticação do mundo);
  • incentivados a amar ao próximo, ao invés de terceirizarem este serviço.

Todos deveriam entender que ninguém é melhor, nem pior do que ninguém. Se queremos que algo bom aconteça, não devemos esperar que outros façam isto. Façamos nós! Todos têm igual responsabilidade de serem bons e, deste modo, jamais devem transferir para outros esta responsabilidade.
11 a 13; 5.1 AINDA QUE A INTENÇÃO DO INIMIGO SEJA DESTRUIR, A DE DEUS É NOS PREPARAR PARA A VERDADEIRA LUTA
Ao ordenar que Israel se ajuntasse em tropas (vs 5.1), Deus estava dizendo para eles aprenderem com a batalha vigente (vs 11,12) a fim de que pudessem se apossar das verdadeiras armas (2Co 10.3-6) e, deste modo, vencerem a verdadeira guerra que haveria de vir (vs 13).
Temos que ter em mente que nossa luta não é pelas coisas deste mundo, mas pela aquisição das riquezas espirituais descritas em Ap 3.18. Tampouco estamos sujeitos às expectativas dos inimigos a nosso respeito. Mesmo que suas ações sejam no sentido de nos destruir (vs 11; Jr 50.7; Ob 11-14; Mq 7.10), com Cristo eles só irão destruir aquilo que nos afasta de Deus, ou seja, estreitar nosso caminho, de modo que não venhamos a nos perder em atividades fúteis (Mt 7.13,14). Deus levantou o perverso justamente para que a calamidade (Pv 16.7) e a ira (Rm 9.21,22) caísse sobre nossos caminhos (ver Pv 3.5,6) e, deste modo, pudéssemos experimentar o caminho agradável e repleto da paz Dele (Pv 16.7; Rm 12.2), contando até mesmo com a participação dos nossos inimigos.
A verdade é que, quando nosso caminho é reto ao Senhor, não existe inimigo físico para nós (Pv 16.7). Tanto que nossa luta não é contra carne e sangue (Ef 6.12). Em outras palavras, cada ser vivo ou coisa criada por Deus (Jó 5.23; Os 2.18) são por Ele usadas para nos apontar o caminho a ser seguido.
Veja o que é a liberdade com Cristo: é o fim das preocupações com as intenções das pessoas, na certeza que, não importa o que elas façam, tudo contribuirá para que a vontade de Deus se cumpra na nossa vida (Dt 23.5; Jó 42.2). Ainda que assobiem contra nós e ranjam os dentes (Lm 2.16), achando que finalmente chegou o dia da nossa derrota definitiva, não sabem que ainda que o justo caia sete vezes, se levantará (Pv 24.16) porque Deus é poderoso para:
  • nos salvar (Is 63.1)
  • edificar e dar herança entre os santificados (At 20.32);
  • cumprir o que prometeu (Rm 4.1);
  • nos confirmar na fé (Rm 16.25);
  • fazer abundar em nós todo o favor (2Co 9.8);
  • fazer tudo o que é necessário para nós (Ef 3.20);
  • guardar o nosso depósito até o dia que Cristo vier (2Tm 1.12);
  • nos guardar de tropeçar (Jd 24).

Tudo foi minuciosamente projetado para nosso bem (Is 37.26). É claro que os inimigos do Senhor não conseguem saber, nem entender os pensamentos Dele (vs 12), já que são muito alto para eles (Is 55.8; Rm 11.33), como que delírio (1Co 2.14,15). Para ser mais exato: quando nosso foco está naquilo que é do alto (Cl 3.1,2), tudo que há neste mundo é visto como aprendizado e aquisição do verdadeiro tesouro.
A destruição de Jerusalém tinha por finalidade:

  • acabar com toda a inimizade entre os de Israel, de modo que eles pudessem herdar as promessas do reino descritas em (vs 12; Mq 2.12,13; 4.1-4);
  • acabar com qualquer esperança que eles pudessem ter no poderio militar estrangeiro (ver Is 21.9,10), de modo que eles se apoiassem exclusivamente no Senhor.

É claro que os inimigos de Israel não queriam isto. O mundo tem inveja daqueles que foram escolhidos por Jesus, já que estes não dependem dos seus métodos e recursos para ser bem sucedidos (Jo 15.19) e, portanto, não podem ser controlados por ele. Todo ser humano tem medo daquilo que não pode controlar.
Assim, quando não podem destruir pela força bruta, tentam profanar aquilo que é de Deus (vs 11), de modo que seus olhos possam ver, em Sião, o objeto dos desejo deles (ou seja, possam fazer de Israel um negócio altamente lucrativo).
E o pior é que a maioria das pessoas acha que Deus deseja para elas, exatamente aquilo que desejam para si. Não conseguem perceber a diferença entre o conceito de “amor e bem” aos olhos de Deus, com aquilo que é pregado pelo mundo.
Se eles soubessem que Deus estava ajuntando os filhos de Israel (vs 12) num caminho apertado (ver Am 2.13; Mt 7.13,14) a fim de que eles fossem capazes de se levantarem do mundanismo (Ef 5.14) e trilharem todos os tropeços e impiedade (Sf 1.3), com certeza não desejariam o mal para Israel. A destruição dos povos a fim de serem espalhados deveria servir de motivo para Israel se alegrar e se identificar apenas com o Santo de Israel (Is 41.15,16; Jr 51.33).
Entretanto, infelizmente, Israel também não conseguia enxergar o que realmente Deus queria para a vida deles e, por isto, acabou se prostituindo com muitos povos para se ver livre dos problemas (por exemplo, com Roma – Jo 19.15).
Daí o chifre de Israel ser feito de ferro e suas unhas de bronze (vs 13; Is 41.15,16). Lembre-se que:
  • Roma era caracterizado por ser um império de ferro (Dn 2.40; 7.7,23) altamente destrutivo;
  • Grécia era um ventre de bronze (Dn 2.39), altamente apegado à sabedoria (1Co 1.22).

Em Jo 19.15 vê-se o casamento (Dn 2.43) do ferro (Roma) com o barro (Israel). Embora tal casamento, a princípio, prometa recursos para cultuar melhor ao Senhor (veja que o império romano foi responsável pela reconstrução do templo (Jo 2.20) e um centurião, pela edificação de uma sinagoga (Lc 7.2-5)), tudo era mera fachada.
A ideia de Deus, ao permitir que Israel derrotasse os povos inimigos, é que eles se apropriassem de tudo que eles tomaram à força dos pobres (vs 13; ver Hc 2.5-8) e repartisse aos mesmos conforme cada um tinha necessidade (Mt 24.45; At 4.35), de modo que todos pudessem conhecer e buscar o Senhor. Era este o presente que deveria ser trago a Ele (Is 18.7; 23.18; 60.6,9).
Também deveria servir para que eles não tivessem algo ruim em que se apoiar. Antes, não tivesse nada que os atrapalhassem de se entregarem por completo à glória de Deus (Dt 26.18,19). Todavia, muitos preferiram sujeitar os povos inimigos a trabalhos forçados ou tributos (Jz 1.28,30,35), algo altamente condenado por Deus (Jz 2.1,2) e que só lhes traria mais problemas (Dt 7.1-4; Js 23.12,13; Jz 2.3). Eles acabaram usando os ganhos deles para se enriquecerem e dominarem por completo as pessoas no corpo (leis e controle militar), mente (falsa ciência – ver 1Tm 6.20), sentimentos (mídia) e espírito (religião).
Deus assim permitiu para que ficasse mais que evidente que, não importa o quão bem intencionado possa ser um líder: no final, ele acabará cedendo à corrupção (veja, por exemplo, o caso de Davi que, no fim de sua vida, incitou Salomão a matar e, até mesmo, a usar de estratagemas para levar à morte alguém que ele jurou que não mataria (1Rs 2.5-9).
Enfim, embora a proposta inicial fosse consagrar o que os outros adquiriram injustamente, ao Senhor de toda a terra (Zc 6.5), no final acabou sendo entregue ao príncipe deste mundo (Jo 14.30).
Por isto é que, antes das promessas referentes ao Reino de Deus se cumprirem, ser necessário a invasão de Jerusalém por Senaqueribe, rei da Assíria (vs 5.1). As feridas feita pela vara da boca de Senaqueribe (caráter – Ez 36.4-10,12-20; 37.10-13) não deveriam servir para abatê-los, mas para que eles mantivessem a fé no Criador e naquilo que Ele tinha para a vida deles. Ao invés de revidar, cada um deveria:

  1. Dar a face ao que o fere e se fartar de afronta (Lm 3.30; Mt 5.39), como fez Jesus (Mt 27.30);
  2. Procurar ouvir o que Deus tem para dizer, ao invés de se apoiarem nas palavras arrogantes dos inimigos.

Infelizmente Judá era preso à ideia de que tudo se resolve com guerra (daí Deus chamar Judá de filha de tropas). Embora Deus quisesse destruir o poder do povo santo (Dn 12.7) para poder trabalhar Sua salvação, eles insistiam em buscar apoio nos inimigos de Deus, afastando para bem longe a autêntica salvação de suas almas. Foi também para que eles pudessem enxergar isto, que Deus permitiu mais uma situação na qual eles pudessem se ajuntar em tropas e ver que não é tal ajuntamento que resolve as coisas. Tanto que, no final, eles acabaram indo para o cativeiro na Babilônia.
A verdade é que não é o ajuntamento físico que promove a bênção de Deus, mas sim a aceitação individual do compromisso que Deus fez com eles.

MIQUÉIAS 5.2 a 5.15 AS CONDIÇÕES PARA O LIVRAMENTO DE DEUS x OS RESULTADOS DAS TENTATIVAS DO HOMEM EM LIVRAR A SI MESMO

Vs 2 a 4 A ENTREGA DE ISRAEL AOS INIMIGOS ATÉ QUE OS FILHOS DE ISRAEL GEREM O LUGAR ONDE JESUS POSSA REINAR
Israel, contudo, deveria continuar mantendo sua fé no Criador. Afinal, se de Belém Efrata, que era uma das cidades mais desprezíveis aos olhos dos milhares (1Sm 23.23) de Judá (vs 2), viria o Messias (Mt 2.6; Jo 7.42), que era o próprio Deus vivo (Is 9.6; Jo 1.1) então com certeza Israel não seria destruído.
Além do mais, isto deveria ensiná-los de que a verdadeira segurança não está nas fortificações que se fazia em torno da cidade (Is 22.9-11), já que as cidades fortificadas foram as primeiras a serem destruídas (Is 36.1) e os mais pobres, a permanecer na terra de Judá após a invasão de Nabucodonosor (Jr 52.15,16).
Note como Judá seria entregue até o tempo em que os que tinham compromisso com Deus dessem a luz ao Messias (vs 3). Eles deveriam se esforçar para dar à luz (Mq 4.10), mesmo sendo oprimidos pelos líderes (os quais estavam em grande apostasia) e as cidades ameaçadas de invasão. Só assim o restante de seus irmãos voltariam, juntamente com os demais de Israel (vs 3).
É claro que nenhuma mãe gosta das dores de parto e bem que gostaria de gerar sem precisar senti-las (Is 66.7). De igual modo, o povo de Israel sempre quis que a restauração fosse instantânea (como, aliás, cada pessoa que está sendo atribulada deseja). E quem vê a história de Israel, o qual voltou a ser uma nação em 1948, parece que realmente tudo se deu num só dia (Is 66.7-8).
Entretanto, ignoram todo o sofrimento da segunda guerra mundial.
Há duas verdades incontestáveis, mas que, de tão duras que são, muitos gostam de passar por cima:
  1. - Para ser aprovado, é preciso uma prova (2Tm 2.15); para ter vitória é preciso luta, sendo que, quanto maior a luta, maior a vitória (1Co 9.24-27);
  2. - A vitória é um processo. Não acontece do dia para a noite, embora muitas vezes pareça que sim, quando Deus opera Seu milagre. Por exemplo, aquele enfermo do tanque de Betesda foi trabalhado em seu interior por Deus durante 38 anos. Apenas a cura definitiva foi instantânea, ao invés de ser gradativa. Contudo, se ele não viesse sendo trabalhado por Deus, não seria alcançado por Jesus, tal como os demais não foram (Jo 5.5,14).
 
Ainda há uma consideração a ser feita. Repare como o vs 4 completa perfeitamente o vs 2. Logo, o vs 3 é um parêntesis. Ou seja, de Belém, uma das cidades mais desprezadas pelos judeus, surgiria Aquele que apascentaria o povo, não por torpe ganância, mas de ânimo pronto (1Pe 5.2,3); não temporariamente, mas para sempre; não no poderio deste mundo, mas na força do Senhor; não na grandeza de um nome denominacional, mas na excelência do nome do Senhor Jesus, seu Deus (vs 4).
Mas para isto, era preciso destruir os carros de Efraim, os cavalos de Jerusalém e o arco de guerra (Zc 9.10). Como Jesus poderia anunciar paz com tanto armamento nas mãos de Israel? Além do mais, a permanência do povo de Deus não se dá por meio da força militar (como eles pensavam; e, aliás, muitos pensam). A questão não é garantir a sobrevivência de um determinado grupo étnico, mas sim a manutenção do caráter de Jesus ocupando todos os corações. É isto que significa ter o Seu domínio estendido de mar a mar (Zc 9.10) e o Seu nome engrandecido até os fins da terra (vs 4). É a boa vontade para com os homens (Lc 2.14) que garante glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra (Is 52.13; Lc 1.32), sendo isto que verdadeiramente garante a presença do autêntico povo do Criador (vs 4). Afinal, se o sal se tornar insípido, não é possível lhe restaurar o sabor, servindo apenas para ser lançado fora (Lc 14.34,35).
Como Pastor, veja como Jesus procederá:
  • Isaías 40.11 -> Apascentará o seu rebanho. Entre os braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seu regaço. As que amamentam, ele as guiará mansamente;
  • Isaías 49.9 -> Fará as ovelhas pastarem nos caminhos e, em todos os lugares altos.
  • Ezequiel 34.23 -> Haverá um só rebanho e um só pastor (Jo 10.16);
  • Miquéias 7.14 -> Apascenta o teu povo com a vara (espada) que há na Sua boca (Ap 1.16; 19.15), principalmente aqueles que não têm ninguém (Sl 68.6; Is 54.1-3).
Vs 5 a 6 TENTATIVA DE FICAR LIVRE DOS INIMIGOS SEM PRECISAR SE SUJEITAR AO SENHOR
Mesmo sabendo que o Messias e o Seu reino seriam eternos (vs 2) em alcance e tempo (vs 4), sendo Ele a nossa paz, ainda assim insistiam em levantar:
    • 7 líderes religiosos (pastores) -> queriam buscar todos os pastores que supostamente, seriam capazes de convencer Deus de lhes dar o que desejavam;
    • 8 (7+1) líderes políticos (príncipes) -> queriam à disposição todo o poderio militar que pudesse lhes assegurar vitória contra a Assíria, mesmo daqueles que Deus reprovava e que, portanto, para nada serviriam (por exemplo, o Egito – Dt 17.16; Os 8.4; Is 30.1-3; 31.1-3).

É bem verdade que eles acreditavam que a vitória vem do Messias (vs 6; Lc 1.71). Entretanto, não criam que o poder do Criador era suficiente. Tal como nos dias atuais, as pessoas acreditavam que Deus apenas dava uma mãozinha e que Sua operação só aconteceria consoante nosso merecimento e dedicação, e ainda assim através dos recursos deste mundo.
Em outras palavras, queriam se apoiar nos seus deuses, mas com o auxílio do Criador; ou, se preferir, que Ele usasse seus ídolos para lhes dar o que desejavam a fim de, deste modo, crescerem aos olhos dos outros. Ora, o que nós podemos planejar que possa interessar tanto a Deus, a ponto de supormos que merecemos ser ouvidos por Ele? Acaso nossos planos para nós são melhores do que a vontade boa, perfeita e agradável que o Criador projetou para nós (Rm 12.2)?
A verdade é que, quando alguém se aparta do Senhor (e não quererem voltar), ela fatalmente terá que confiar em homens, fazer da carne o seu braço (Jr 17.5) e o pior: enganar a si mesma (Jr 17.9). Talvez você questione: “mas eu não me apartei do Senhor”. Que fique claro: ser de Jesus não é acreditar nele, nem mesmo respeitá-lo como alguém distante ou como se faz para com algum ser humano: tentando acariciar o Seu ego. Ora, quem ama Jesus, deve amar tudo aquilo que Ele é (Seu caráter, vontade (pensamentos, sentimos, planos)) e também o que Dele é nascido (1Jo 5.1).
É muito simples: quem não é capaz de encontrar Jesus na vida de outro humano (ver Mt 25.41-46; 1Co 3.16) não será capaz de encontrá-lo em nenhuma outra parte, pois Ele habita com contrito e quebrantado de espírito, que teme e treme da Sua Palavras (Sl 34.18; Is 66.1,2). A verdadeira forma de exaltar alguém não é fazendo ela se orgulhar de si mesma (Pv 25.27; 27.2), mas sim ressaltando os conceitos e valores que a caracterizam, de modo que os mesmos venham a fazer parte do dia a dia de cada pessoa. Em outras palavras, fazendo com que ela esteja presente na mente e no coração de cada um, de modo saudável, para o bem do próximo e glória de Deus.
Enfim, a maioria das pessoas pode até reconhecer o Messias como a nossa paz (vs 5). Todavia, insistem em ir atrás de pastores (religião) e príncipes (política), sob a desculpa que Deus o usa para fazer Sua vontade. Entretanto, no fundo, acham que quem faz a obra é o homem e que Deus apenas age de longe, na surdina, como um medroso. Ignoram que e Escritura Sagrada compara Jesus com um leão que se espanta com voz de uma multidão, nem se abate pela presença da mesma (Is 31.4).
Um exemplo deste tipo de pessoa é o rei Acaz: para se livrar de Rezim (rei da Síria) e Peca, filho de Remalias (rei de Israel) fez aliança com Tiglate-Pilezer, rei da Assíria. Oséias também assim procedeu, tentando fazer aliança com Sô, rei do Egito a fim de que este o livrasse de Salmanezer, rei da Assíria (2Rs 17.4).
Vs 7 a 9 A CONSTANTE LUTA A QUE SÃO CONDENADOS AQUELES QUE, POR NÃO TEREM ESPERADO PELA SALVAÇÃO DE DEUS (VER Pv 21.16), SÃO OBRIGADOS A PERMANECEREM NA COMPANHIA DE ÍMPIOS
Como Israel não quis esperar o Messias prometido por Deus, o esforço deles para destruir os inimigos só resultaria na perda de muitas vidas e no espalhamento dos sobreviventes, que ficariam no meio dos povos tal como Ismael: a mão deles sendo contra todos, e a mão de todos contra eles (vs 8; Gn 16.12). Seus corações estariam constantemente agitados, os olhos desfalecidos e a alma completamente desmaiada, sem capacidade para encontrar descanso (Dt 28.64-67).
Quando se lê que Jacó estaria no meio dos povos pisando, despedaçando, com sua mão sempre se exaltando sobre os seus adversários e todos os seus inimigos sendo exterminados (vs 9), a impressão que dá é que isto é uma bênção.
A vitória, normalmente, é vista como bênção. No entanto, que vitória é esta que foi conquistada? O que ganhamos quando alguém é prejudicado? Talvez você diga: “eu fiquei livre de uma pessoa chata ou recuperei o prejuízo que tive ou, até mesmo, a justiça foi feita”. Contudo, será que esta pessoa era realmente a causa de todos os males da tua vida? Mesmo que você conquistasse tudo aquilo que supõe ter direito, será que isto te faria feliz? E aonde isto te levaria, já que, quando morrermos, nem mesmo o nosso corpo levamos (1Tm 6.7,8)? De que terá valido tua vida, se a única coisa que você tiver para deixar como herança, forem bens materiais?
A destruição dos adversários não aumenta a tua força. Tampouco tem sentido dizer que teu poder aumentou quando a única coisa que você adquiriu foi a capacidade de controlar as pessoas.
É fácil entender: se a tua causa é boa e a pessoa não quer ajudar, então é porque ela não tem prazer na bondade. Neste caso, qualquer coisa que ela fizer, será motivada por maldade (ganância, medo, etc). Tal poder só poderá ser usado para o mal, já que a pessoa estará movida ou de cobiça (controle monetário) ou de medo (controle militar). Nenhum controle que não é resultado da submissão da pessoa a Cristo pode resultar em algo benéfico.
Lembre-se de que tudo que é nascido da carne só pode trazer benefício à carne (Jo 3.6): não pode atuar no interior da pessoa (Mc 7.15,18,19). A verdadeira libertação que Jesus proporciona é a necessidade que temos de correr atrás de algo que Ele não criou. Lembre-se que, quando Deus acabou de criar o mundo, tudo era muito bom, ou seja, não faltava nada (Gn 1.31). Havia total espaço para Deus descansar dos pecados do homem (Is 43.24,25). Logo, tudo que o homem criou depois disto só serve para estimular o pecado.
Todavia, aqueles que creem no Criador, podem muito bem estar no meio de muitos povos, sem ser corrompido por eles. Basta que eles parem de esperar no homem (vs 7) e passem a gotejar a doutrina do Criador como chuva e tudo aquilo que Ele falou, como orvalho (Dt 32.2). Não podemos nos esquecer que o remanescente fiel só voltará aos braços do Senhor, quando os que verdadeiramente creem, derem à luz ao fruto do Espírito Santo (Mq 5.3). Ou seja, ao invés de tentarmos resolver os problemas pela força do braço ou através dos recursos ou pessoas deste mundo, devemos buscar na confirmação da Palavra de Deus pelo Espírito Santo, vencer no coração das pessoas. Em outras palavras, o objetivo não é conquistar mais recursos neste mundo, mas sim ganhar mais espaço no coração das pessoas (Lc 16.9).
Vs 10 a 15 → DEUS QUER VENCER EM CIMA DA MALDADE DAS NAÇÕES. PORÉM, PARA ISTO, AS COISAS QUE A ELAS PERTENCE NÃO DEVEM ESTAR PRESENTES NO POVO DO CRIADOR
Deus quer vingar sobre os gentios que não ouvem (vs 15; ver 2Ts 2.8). Porém, toda desobediência só pode ser vencida quando a obediência do povo de Deus for cumprida (2Co 10.6). Daí o julgamento começar pela casa de Deus (1Pe 4.17).
Todavia, não basta apenas obedecer. É preciso que a obediência seja em total conformidade com os padrões de Deus. Daí Deus eliminar, da vida do Seu povo:
  1. os cavalos, carros e arcos de guerra (vs 10; Sl 20.7; Zc 9.10), já que a vitória do Criador não é por força ou violência, mas sim pelo Seu Espírito Santo (Zc 4.6). O povo de Deus não vence com armas carnais, mas sim com armas espirituais (Jo 18.36; 2Co 10.3-5; Ef 5.10-18), fazendo do pecado das outras pessoas a ocasião adequada para mostrar às pessoas a verdadeira riqueza (o céu). Não é para defender os direitos da pessoa aqui, mas sim revelar sua verdadeira identidade, lar e riqueza;
  2. cidades e as fortalezas (vs 11), já que Deus é o nosso refúgio e fortaleza (Sl 18.1,2; 46.1,7,11; Sl 62.8). Não há outra Rocha que Deus conheça (Is 44.8), ou seja, uma força inimiga na qual devemos fundamentar nossas decisões e escolhas.
Detalhe: a destruição das cidades é citada duas vezes (vs 11 e 14), pois isto fere diretamente a vontade de Deus para nós, a de sermos estrangeiros e peregrinos (1Pe 2.11), espalhando (Gn 1.28; 2Co 9.8-11) por todo mundo o evangelho (Mc 16.15), com vistas a fazer discípulos (Mt 28.19,20) e a glória do Senhor se espalhar por toda a terra (Is 11.9; Hc 2.14).
  1. as feitiçarias (uso de rituais que têm em vista manipular entidades espirituais a fim de se obter o que deseja) (vs 12). Afinal, quem reconhece que Deus é bom e sábio não quer tentar corromper Deus a fim de fazer com que o curso dos acontecimentos lhe favoreça. Antes, deseja entender a vontade do Senhor (Ef 5.17) a fim de que, o que os outros entendem como dias maus (Ef 5.16) seja visto como motivo de alegria (Lc 21.25-28).
  2. os agoureiros (que adivinha ou anuncia acontecimentos ou notícias nefastas) (vs 12; Is 2.6). Afinal, os pés formosos são os pés daqueles que anunciam as boas-novas (Is 52.7; Rm 10.15) e nos faz ouvir a acerca da paz com Deus (2Co 5.18-20). Ao invés de denunciarmos as atividades do diabo, devemos anunciar o que Deus tem para nós (1Co 2.9-11), já que é para isto também que o Espírito Santo nos foi dado (1Co 2.12). Como a Noiva de Cristo irá se preparar para algo que não sabe o que é? (Veja a importância da esperança (Hb 6.18,19)). Além disto, este mundo não tem conserto. Do contrário, Deus não condenaria este mundo e nos prepararia para uma Nova Cidade (Fp 3.19,20).
  3. as imagens de escultura e as estátuas (vs 13; Zc 13.2; Is 2.8). Deus não quer que ninguém fique inclinado (preso) diante daquilo que fez ou conseguiu (ver 2Tm 2.25-26). Isto significa dizer que Deus não é confiável e que precisamos de garantias terrenas de que seremos ouvidos. As imagens eram vistas como talismãs que, supostamente, faria a voz de quem os possuía ser ouvida nos céus. De igual modo, muitos acham que é pelas boas obras ou recursos que serão ouvidos nos céus (pensam que Deus é igual ao homem).
  4. os bosques (vs 14), ou seja, os lugares agradáveis de culto. Não podemos cultuar a Deus simplesmente naquilo que gostamos (Am 4.4,5), pois neste caso estaremos prestando culto a nós mesmos (Am 5.25,26; Lc 18.11).

MIQUÉIAS 6 A JUSTIÇA QUE DEUS REQUER NA VIDA DO HOMEM x OS INÚTEIS MÉTODOS DO HOMEM PARA TENTAR FAZER, DESTE, UM MUNDO JUSTO (OU SEJA, SER JUSTO AOS OLHOS DE DEUS E DOS HOMENS)

Vs 1 a 2 DEUS CONTENDE COM AQUELES QUE ESTIVERAM PRESENTE EM TODOS OS MOMENTOS EM QUE ELE ESTAVA IRADO COM ISRAEL, MAS NADA FIZERAM
Já se perguntou no motivo pelo qual a Grande Babilônia se apoia em 7 montes (Ap 17.9)? Estes tratam-se de pessoas, que, mesmo sabendo do erro, nada fazem para mudar a situação. Não existe nada melhor para o sistema político-religioso, que se apoia no comércio, do que pessoas acomodadas. É um excelente apoio.
O mundo repousa no diabo (1Jo 5.19), mas, ao mesmo tempo, constitui as muitas águas que sustentam o príncipe deste mundo (Jo 14.30; Ap 17.1,15). Logo, a mulher assentada na besta representa a elite global (que, infelizmente, representa todos os povos, já que quase todos engolem o lixo que eles vomitam (ver Ap 12.15,16) através da mídia); a besta, o diabo e as muitas águas, o povão. Tomados pelas religiões de mistério (possessão demoníaca – ver Cl 1.26,27) que Israel assimilou e disseminou por todos os povos com quem teve contato (Jr 23.15; Ap 18.2,3), a elite global agora usa tudo isto para controlar o comércio que rege o mundo (daí a marca da besta em Ap 13.17,18), de modo que, participar dele, signifique negar a Cristo e Sua Palavra.
Entretanto, os que não estão escritos no livro da vida, engolem o lixo do diabo justamente para preservar a verdadeira Igreja (a fim de que esta possa ver, através deles, o quão mal e amargo é deixar o Criador - Jr 2.19). Deus dá os ímpios para resgatar Seu povo (Is 43.4). Daí as heresias (1Co 11.19) e os escândalos (Mt 18.7) serem necessários para a salvação (Fp 1.15-20). É bom lembrar que Deus não construiu Seu plano e Reino mantendo o diabo longe, como se fosse possível ele estragar Seus planos. Antes, para provar que Seus planos nunca podem ser frustrados (Jó 42.2), projetou tudo considerando as ações do diabo (por exemplo, em Jo 13.27). Daí Deus dizer que Ele fez o perverso para o dia do mal (Pv 16.4; Is 54.16) e que não há mal que o Senhor não tenha feito (Pv 16.33; Jó 5.18; Is 45.7; Am 3.6).
Em outras palavras, para provar a todos que Ele não precisa ser tirano para ser Soberano, Ele permite que todos façam o que bem entendam, mas, no final, tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28). Em outras palavras, cada pessoa, com sua maldade, acaba servindo para que a vontade de Deus se cumpra cabalmente na vida dos Seus (Jo 17.9). Logo, a oração não é para convencer a Deus, mas sim para conhecer o Seu plano oculto (Jr 33.3), bem como aquilo que olho não pode ver, ouvido não pode ouvir e mente não pode sequer imaginar (1Co 2.9).
Não há motivo para sermos montes passivos, que só sabem vem os acontecimentos sem agir. É só estarmos com nossos ouvidos inclinados e atentos que ouviremos a Palavra da boca do próprio Deus (Dt 32.1; Is 1.2; Jr 23.18,22; Os 4.1) nos dizendo o que fazer. Afinal, Deus tem uma contenda com o Seu povo e não podemos nos calar (vs 2; Is 58.1; Os 4.1; Os 12.2), nem falarmos baixo (Is 58.1; Hc 2.2; Mt 10.27). Trombeta que dá som incerto não desperta ninguém a se preparar para a batalha (1Co 14.8). Logo, não podemos ficar falando baixo ou de um modo que dá margem a ambiguidade. É preciso que falemos em alto e bom som e tom, de modo que cada palavra surta o efeito para a qual Deus a designou (Is 55.10,11).
E para aqueles que insistiam em achar que a culpa era de Deus, Ele estava chamando para julgamento e dando oportunidade para acusá-lO (Is 43.26).
Vs 3 a 5 EM QUÊ CONSISTE A JUSTIÇA DE DEUS
Quando nos defendemos, na verdade, estamos acusando a outra pessoa. Por isto toda tentativa do homem de tentar justificar a si mesmo, é maligna. Quando ele faz isto, está culpando o próprio Deus. Daí a única justiça perfeita ser a de Cristo, pois, ao invés de dizer que o Pai é injusto, Ele reconheceu Sua perfeita justiça ao aceitar sobre Si o castigo que estava sobre nós (Is 53.4-6).
Na verdade, a verdadeira justiça não é impedir o castigo de chegar ao pecador, nem afastá-lo, mas sim permanecer junto a ele, dando-lhe a força necessária para suportar e aprender com o castigo (Lv 26.41), até que a vitória chegue à sua alma e se torne visível na sua carne.
Deus, quando quis se defender diante do povo (ou mesmo de Jó em Jó 38 a 41), não usou de argumentos simplesmente. Ele questionou e lhes desafiou a mostrar onde ou em quê Ele tinha errado (vs 3; Is 1.18; Jr 2.5,31).
Depois é que Ele, então, lhes faz lembrar de tudo que fizera:
  1. te fiz subir da terra do Egito (vs 4; Êx 12.51; Am 2.10). Contudo, Deus os fez subir do Egito porque havia alguma coisa a ser possuído, algo a ser devolvido ao Senhor através do amor ao próximo, e não para que eles vivessem ociosos, sem lutas. Era a troca da luta física pela luta da alma (mudança de vida);
  2. da casa da servidão te remi (vs 4; Êx 14.30). Os 10 mandamentos foram dados justamente porque Deus os houvera tirado da casa da servidão (Êx 20.2; Dt 4.20). Em outras palavras, Deus lhes deu liberdade para obedecerem leis que apontavam para a liberdade e justiça (Gl 3.24; Tg 2.12). Ao invés de servirem a coisas más, iriam servir ao bem. A ideia é que não houvesse nada para impedi-los de amar a Deus e ao próximo.
  3. pus diante de ti a Moisés, Arão e Miriã (vs 4). Deus lhes deu o privilégio ficarem perto Dele através de pessoas escolhidas dentre eles. É uma dádiva sabermos que Deus elegeu alguém bem perto de nós para nos favorecer, ou seja, nos capacitar a semear a justiça que nos fará colher a vida eterna (Rm 6.18; Gl 6.7,8);
  4. Ele converteu a maldição de Balaão em bênção (vs 5; Nm 23.7-10; Js 24.9; Dt 23.4,5; Ap 2.14), o que mostra que não estamos sujeitos às justiças dos homens. Não importa se eles consideram justo ou não nos ajudar. Deus usa a maldade deles para nos favorecer quando nosso caminho é reto aos olhos Dele (Pv 16.4,7);
  5. Ele guiou e protegeu o povo de Israel desde Sitim até Gilgal. Sitim foi a última parada do povo de Israel antes de atravessar o Jordão. Gilgal foi o primeiro acampamento na terra prometida. Neste intervalo, eles puderam experimentar a justiça de Deus tocando Raabe para não lhes denunciar (Js 2.12-15) e fazendo as águas do rio Jordão se empilharem (Jz 3.15,16) para eles passarem em seco. Isto tudo para lhes ensinar que não se transpõe obstáculos ou vence guerra com métodos e tecnologia humana, mas pelo poder de Deus.

O atos de justiça do Senhor devem ser conhecidos. Quem se assenta em juízo e anda no caminho deve, o tempo todo, falar da justiça do Senhor nas suas multiformas (Jz 5.11). Em suma, nestes 5 itens, Deus mostrou a Sua justiça. Contudo, primeiro permitiu que eles sujassem a si mesmos, tentando se defender (note como Deus nos perdoa, mas nós mesmos nos sujamos (ver Is 43.25,26)).
Ao invés de tentarmos acusar Deus, procurando desculpas para desobedecê-lO, devemos nos lembrar do modo como Ele nos favoreceu outrora a fim de não nos apartarmos dos Seus preceitos e, deste modo, nos desviarmos daquilo que Ele tem de bom para nós em cada situação desagradável.
Vs 6 a 8 A VERDADEIRA FORMA DE AGRADARMOS A DEUS AO NOS APROXIMAMOS DELE
O sentido do sacrifício não é o que o Deus espera que o homem faça para se redimir, mas sim o que Ele espera fazer no homem. Deus espera que o homem sacrifique seu ego (seus pensamentos, sentimentos, desejos, planos e ações) através da obediência, ou seja, não imponha resistência a ação da Sua Palavra em seu interior (1Sm 13.12).
Todavia, não tem sentido agradar Deus longe da companhia Dele, já que é isto que Ele realmente quer. Tanto que este bloco começa: “Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus altíssimo?” (vs 6).
E o pior é que muitos achavam (e acham) que o que agradava a Deus eram os holocaustos, os bezerros de um ano (vs 6), a abundância de carneiros e azeite, as primícias da renda ou até mesmo o sacrifício do primogênito (vs 6) (como faziam os pagãos – 2Rs 3.27; 16.3; 17.17; 21.6; 23.10; 2Cr 33.6). Tudo porque interpretavam errado as escrituras (por exemplo, Êx 13.13-16).
Note, todavia, como cada lei estava atrelada a um propósito. Era este propósito que deveria se cumprir na vida de cada um. Veja alguns exemplos:
  • Festa das Primícias -> deveria lembrá-los da dura servidão do Egito (Dt 26.1-11);
  • Festa dos Tabernáculos -> para que o povo de Israel nunca se esquecesse de que, quando Deus os tirou da terra do Egito, eles habitaram em tendas (Lv 23.39-43). Em outras palavras, eles nunca deveriam esquecer que eram estrangeiros e peregrinos (e ainda devemos ser – 1Pe 2.11).

Tal como hoje, as pessoas procuravam uma maneira de se reconciliarem com Deus, como se o importante, para Ele, fosse a quantidade e a qualidade dos sacrifícios ou a prioridade em dedicar a Deus o que vem primeiro à nossa mão. No entanto, não importa o quanto ou o quê dedicamos a Deus. Enquanto nossa entrega a Deus não for total, o problema do pecado jamais poderá ser resolvido.
É exatamente isto que é citado no vs 8. Deus só pede para nós o que é bom, a saber:
  • Praticar a justiça -> A verdadeira justiça implica em nos esvaziarmos de nós mesmos até que possamos descer ao nível do pecador e, deste modo, a Palavra de Deus tenha como nos ligar a ele a fim de que, através do Espírito Santo, possamos ser levados para junto do Pai (foi isto que Jesus fez – Fp 2.5-8). Ao contrário do mundo que diz que devemos nos encher para sermos úteis às pessoas, Jesus diz que devemos nos humilhar a fim de que ela possa ser útil a nós através da Palavra de Deus. Ou seja, nosso esforço é para nos diminuirmos, de modo que a verdadeira grandeza seja comunicada à nossa alma.
A verdadeira autoridade que Jesus concedeu às pessoas consiste na possibilidade de sermos cheios do Espírito Santo, de modo que, mesmo sendo desprovido externamente de riquezas, sejamos capazes de enriquecer a muitos com nossa presença (2Co 6.10). A ideia é que as pessoas possam encontrar, em nós, o espaço e as oportunidades necessárias para o Espírito Santo construir o caráter delas. Elas devem se ligar a nós, de modo que nossos pensamos, sentimentos, planos, desejos e modo de agir (que devem ser os de Cristo) estejam presentes na mente dela em cada uma das suas atitudes.
  • Amar a beneficência -> A verdadeira beneficência implica em concordância plena entre nós e o próximo (Mt 18.19), já que esta é a única forma de amarmos a nós e ao próximo ao mesmo tempo. Em outras palavras, o verdadeiro bem implica em algo que nos una mais ao próximo e a nós mesmos (a saber, a quem realmente somos). Uma vez que estivermos presentes em cada gesto do próximo, eles já estará nos amando. Ou seja, o amor que o próximo deve ter por nós deve ser o resultado daquilo que formos na vida deles. Mas para isto, precisamos abrir mão da ideia que temos e queremos ter de nós mesmos.
  • Andar humildemente com Deus -> A verdadeira humildade já é, por si só, uma entrega total. Quando esta humilhação se dá debaixo da potente mão de Deus a fim de sermos exaltados na vida das pessoas (1Pe 5.5-7), então estamos nos aproximando de Dele. Fique claro: não se trata de um jogo, onde se tenta ser alguém ou alguma coisa às custas das pessoas, mas sim de dar, à pessoa, a oportunidade de ser alguém, com base na palavra de Deus vivendo em nós através do Espírito Santo.
Para ser mais exato: nossa exaltação virá a partir no momento que as pessoas virem, em nós, aquilo que elas devem ser; ou, se preferir, elas se virem dentro de nós, tal como elas realmente são. Uma vez que nós devemos ir a Cristo para nos conhecermos, devemos proporcionar isto a elas, já que tomos somos o templo de Deus.

Por isto Deus afirmava estar cansado de tantos sacrifícios (Is 1.11). Afinal, que serventia os mesmos tinham para Deus, uma vez que nenhuma melhora produzia no caráter dos ofertantes? Pelo contrário: cada vez mais os corações deles ficavam endurecidos e, portanto, impossível de serem usados por Ele (ver Hb 10.3). O segredo do sacrifício estava na obediência, já que é isto que mostra nossa dependência completa Dele (1Sm 15.22), bem como a disposição de sermos unidos às pessoas. Que proveito alguma atitude nossa pode ter, a menos dê, ao Criador, oportunidade de conceder algo essencialmente Seu ao coração das pessoas?
O importante não é só fazer as coisas funcionarem. O principal é cada um, não só reconhecer o erro, mas lamentar profundamente que o mesmo tenha tido ocasião na sua vida. Não é em vão que o Espírito Santo é dado para convencer (Jo 16.8).
Daí Deus pedir somente que o temamos, andemos nos Seus caminhos (Gn 18.19), o amemos (conheçamos e prossigamos em conhecê-lO – Os 6.3,6) e o sirvamos com exclusividade (Dt 10.12), justiça, juízo e misericórdia (ajudando os oprimidos e fazendo justiça aos que não tem quem os ajude – Is 1.17; Pv 24.11,12; 31.8,9), sempre esperando Nele (Os 12.6)
Um dos problemas do sacrifício é que, quanto mais a pessoa faz uso dos mesmos, mais se convence que a eficácia está na qualidade dos mesmos e, deste modo, passa a exigir mais de si e dos outros (como se vê, por exemplo, em 2Rs 16.3; 21.6; 23.10; Jr 7.31; 19.5; Ez 23.37). Detalhe: uma vez que Deus diz que a ideia de sacrificar crianças nunca lhe subiu ao coração, logo não foi o diabo quem propôs isto no coração das pessoas. Isto foi ideia delas (a desculpa da época para legalizar o aborto).
Vs 9 a 12 DE QUE ADIANTA UM CULTO A DEUS QUE INFLUÊNCIA ALGUMA EXERCE NO DIA A DIA DA PESSOA?
Devemos ouvir a vara (ou seja, ver Deus velando pela cumprimento da Sua Palavra – Jr 1.11,12), bem como a pessoa que foi ordenada por Deus para manejá-la (chegando a considerar tal palavra como consolo – Sl 23.4). É claro que a correção não é, na hora, motivo de alegria. Depois, contudo, produz fruto pacífico nos exercitados por ela (Hb 12.11). Logo, quem não tem por bem a correção de Deus (Lv 26.41) é porque quer ser bastardo (Hb 12.8).
Apenas o sábio é capaz de enxergar o nome de Jesus nas repreensões (vs 9). Não adianta ver apenas falhas. É preciso enxergar o caráter de Cristo por traz de cada disciplina a fim de, não apenas fazermos as coisas do modo correto, mas também com a motivação correta. Afinal, estamos aqui para sermos cheios com os tesouros do reino dos céus, a saber (Ap 3.18):
  • Ouro provado no fogo:
    • Pessoas cuja fé provada as tornou mais preciosas que o ouro que perece (1Pe 1.6,7);
    • Verdade (Pv 2.3-5; 3.13-15; 23.23);
  • Colírio para ungirmos os olhos:
    • Caráter de Cristo (Tt 1.15);
    • Palavra de Deus (Sl 119.105);
  • Vestes brancas para cobrirmos a nudez:
    • Atos de justiça daqueles que foram separados para uso exclusivo de Deus (Ap 19.8), já que a eficácia do nosso ministério é vista com base na influência nossa na vida do próximo (ver 2Co 1.14; 1Ts 2.19,20).

Se formos parar para pensar, nossa vida é para ser um culto a Deus, já que fomos criados para ser a imagem e semelhança Dele (Gn 1.26). Logo, o que diferencia uma pessoa da outra é a forma de prestar culto a Ele. Daí Ele perguntar: “Seria eu limpo com balanças falsas? E com um saco de pesos enganosos?” (vs 11).
Temos que pensar: o que andamos entesourando no coração? A cada coisa que fazemos ou deixamos de fazer, acrescentamos algo nos recônditos do nosso coração e ao frame da nossa vida (Ap 20.12). Será que, tal como os ricos da época, não estamos nos enchendo de falta de piedade e violência em nossa busca pela justiça, honestidade, conhecimento bíblico, misericórdia, etc.?
Não podemos prejudicar alguém só para que algum benefício possa vir aos que supomos estar sendo injustiçados (isto é balança enganosa ou, se preferir, duas espécies de peso – Pv 11.1; 20.10,23; Os 12.7). Infelizmente as pessoas interpretam o sofrimento físico ou emocional de alguém como sinal de injustiça, sem qualquer consideração com que se passa no reino espiritual.
A questão não é se a pessoa merece ou não, mas sim que ela tenha exatamente aquilo que Deus tem para ela, a fim de que ela possa cumprir com exatidão a missão para a qual Deus a chamou (ver Êx 16.16-18; At 13.2; 2Co 8.14,15). Daí a medida escassa ser detestável (vs 10; Dt 25.13-16).
E não pense que são apenas os ricos os responsáveis pela manutenção da sua riqueza. O povão, com suas mentiras e língua lisonjeira (vs 12; Jr 9.3,5,6,8), tentavam arrebanhar mais clientes para seus patrões extorqui-los, sugá-los, etc. Afinal, nenhum rico consegue manter-se sozinho. Eles necessitam de pobres a seu serviço para que eles tenham condições de explorar outros pobres. Eles ajudam os ricos a fazerem aos outros pobres (a saber, àqueles que são desprovidos de qualquer valor aos olhos deles) o mal que tanto lhes apraz. Ou seja, são os próprios pobres que dão aos ricos a violência e o engano necessário para destruí-los (Sf 1.9). Cumpre-se o que está descrito em (Jó 5.13; 1Co 3.19).
Vs 13 a 16 A INUTILIDADE DO TRABALHO QUANDO CONSPIRAMOS CONTRA A AUTORIDADE (Pv 24.21,22; Rm 13.1,2) OU NOS VENDEMOS PARA FAZER O MAL
Mesmo que a autoridade esteja errada, não é nosso papel tentar destruí-la, mas sim orar por ela (1Tm 2.1,2) e libertar os necessitados (Pv 24.11,12; 31.8,9) do freio de fazer errar que lhes foi posto pela autoridade, como resultado do juízo de Deus (Is 30.28). Devemos interceder por elas, na esperança que Deus lhes dê arrependimento e retorno à sensatez (2Tm 2.25,26).
Como? Mostrando-lhes as riquezas celestiais, bem como o real significado de investirmos neste mundo. Quanto mais crescemos neste mundo, mais tecnologia proporcionamos ao diabo e seus servos para controlarem e massacrarem os mais fracos.
Fique claro que o problema não está apenas na autoridade, mas sobretudo no povo, já que é este que leva a cabo as ambições da autoridade. Em outras palavras, uma má autoridade necessita de agentes do mal para fazer valer seus maus propósitos.
Daí a sentença de Deus neste trecho:
  • Te enfraquecerei, ferindo-te e assolando-te por causa dos teus pecados (vs 13). Deus retira a força, de modo que eles demorem mais a chegar à morte para a qual estão caminhando (Pv 14.12; 16.1,2,25; Is 59.7,8; Rm 3.15-17);
  • Tu comerás, mas não te fartarás (vs 14; Lv 26.23,26; Ag 1.6). No que eles deixaram de olhar para o Senhor (Os 4.10), indo para a direção contrária à estabelecida por Ele, a insatisfação precisava continuar para que eles se envolvessem com mais pessoas e, deste modo, sentissem na pele o quão injusto, desonesto, mentiroso e mau é o sistema que governa deste mundo e, com isto, decidissem sair (como manda Ap 18.4);
  • Tua humilhação estará no meio de ti (vs 14);
  • Removerás, mas não livrarás; e aquilo que livrares, eu o entregarei à espada (vs 14). Deus não permitiria que permanecesse, nas mãos deles, aquilo que não era para eles.
  • Tu semearás, mas não segarás (vs 15; Dt 28.38,39);
  • pisarás a azeitona, mas não te ungirás com azeite;
  • pisarás o mosto, mas não beberás vinho (vs 15; Dt 28.39,40; Am 5.11; Sf 1.13). Na verdade, esta punição era uma bênção. Já que estavam fazendo mal uso da uva, era melhor ser privado desta. O vinho deve ser deixado para os amargurados de espírito (Pv 31.4-6 – que não estão dispostos a nada de bom, a fim de se esqueçam de fazer o mal). Para os reis e sacerdotes, só serve para fazê-los errar no juízo (Is 5.11; 28.1-8; Os 4.11; Pv 20.1).

Uma vez que as pessoas estão imbuídas de maus pensamentos e sentimentos, é preciso que certas circunstâncias surjam para freá-las e levá-las a reverem seus conceitos e valores. Sem isto, elas trarão sobre si mesmas a vergonha, já que o nome de Deus será blasfemado entre os mundanos em decorrência dos seus feitos e das consequências a eles inerentes (vs 16; ver Dt 4.6,7; 1Rs 9.8; Jr 19.8; 49.17; 50.13; 51.51; Lm 5.1; Jl 2.17; Sf 1.13; 2.15; Rm 2.23,24).
Note como somos nós mesmos que trazemos a vergonha sobre nós. Basta observarmos os estatutos de Onri, as obras da casa de Acabe e andarmos nos conselhos deles.
  • Estatuto de Onri -> Onri conquistou o reinado de Israel pela força (1Rs 16.16-22), assim como os ricos usavam de violência e língua perversa para construir seu império financeiro;
  • Obra da casa de Acabe -> Além de seguir a tradição do pecado, se casou com uma adoradora de Deus estranho (1Rs 16.31; Ml 2.11).

Assim como Efraim está oprimido e quebrantado no juízo porque quis andar após a vaidade (Os 5.11), quando alguém tenta adquirir coisas, fazendo alianças com os inimigos do Senhor, com certeza é porque deseja assimilar seus maus caminhos (Pv 22.24,25), já que, para os ímpios, os caminhos retos é abominação (Pv 29.27).
É preciso se conscientizar que mal é sempre mal, não importa a direção tomada pelo mesmo. Por exemplo, uma bomba só trará caos; algema e cadeia só serve para privar alguém da liberdade que Deus lhe deu; um cassetete só serve para tirar a saúde das pessoas; uma arma de fogo não é capaz de outra coisa, senão matar, roubar e destruir, etc. Logo, para se fazer o bem, é preciso mudarmos de armas (usando as providenciadas por Deus – 2Co 10.3-5; Ef 6.10-18).
De igual modo, não se pode fazer o bem no lugar errado (por exemplo: dentro de um prostíbulo, boca de fumo, etc.) Toda ajuda que dermos, contribuirá para o vício das pessoas e o enriquecimento dos rufiões e traficantes (daí a ordem de Gl 5.16,25).

MIQUÉIAS 7 A VERDADEIRA VITÓRIA COMEÇA DENTRO DO NOSSO CORAÇÃO, QUANDO ESTE É LIBERADO PARA RETER A PALAVRA DA MISERICÓRDIA

Vs 1-7 NÃO HÁ QUALQUER POSSIBILIDADE DE ESPERARMOS AUXÍLIO NO SER HUMANO
Quando as frutas do verão eram colhidas ou as vinhas vindimadas, ainda era possível encontrar duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos (Is 17.6; 24.13). Para quem está com muita fome, não será suficiente para saciar (vs 1). Entretanto, será algo altamente desejável (Is 28.4) por sua singularidade (Os 9.10).
Logo, ao invés de cedermos ao sistema, como frutas que caem quando o pé é sacudido para servir de alimento a cães gulosos (ver Is 56.10,11), devemos permanecer firmes nos ramos da “Videira Verdadeira” (Jo 15.1) a fim de sermos colhidos por quem realmente está necessitado e, assim, saiba reconhecer o real valor daquilo que Deus nos deu (ver Mt 7.6) (Deus quer que demos aos necessitados e aflitos – Pv 22.16; Is 41.17).
Tal como Miquéias, que estava faminto pela verdadeira justiça e amor, devemos esperar pela provisão sobrenatural de Deus (ver Mt 4.11) ao invés de tentarmos aplacar nossa fome com aquilo que é mau e contrário a nós. Não devemos ajudar o ímpio e amar os que odeiam ao Senhor (2Cr 19.2). Em outras palavras, nada de fazer aliança com eles (Sl 1.1,2; 2Co 6.14-18), já que eles só mexem com o que é imundo (Is 1.16; 52.11). Eles só sabem caçar as almas com sua rede varredoura (Hc 1.15) e armar ciladas só pelo prazer de, com as próprias mãos, derramar sangue (vs 2). Há pessoas, como a elite global, que não precisam de dinheiro. Tudo que eles fazem é pelo simples prazer de fazer, da raça humana, seu divertimento e cobaias para testes.
Veja como o mundo nada mudou de Miquéias para cá:
  • Pereceu o benigno da terra (vs 2);
  • Não há entre os homens um que seja reto (vs 2);
  • Todos armam ciladas para sangue; caça cada um a seu irmão com uma rede (vs 2). Ou seja, fazem de tudo para sugar as pessoas e, quando não conseguem delas a cooperação desejada, forjam algum mal tendo por pretexto uma lei (Sl 94.20);
  • As suas mãos fazem diligentemente o mal (vs 3);
  • O príncipe inquire (investiga minuciosamente até conseguir o que lhe é conveniente) (vs 3). Eles amam a vergonha (Os 4.18), os subornos e andam após recompensas (Is 1.23; Mq 3.11). Daí serem companheiros de ladrões e, portanto, incapazes de tomar conhecimento e fazer justiça a quem realmente necessitava (Is 1.23).
  • O juiz se apressa à recompensa (vs 3). Ficam inquirindo a fim de fazerem como os fariseus fizeram com Jesus: tirar dos seus lábios a Sua condenação (Is 29.21; Mt 12.10; 16.1; 22.35; Mc 3.2; 8.11; Lc 6.7; 11.54; Jo 8.6);
  • O grande fala da corrupção da sua alma (vs 3). Tudo que eles inventam, com a desculpa que é para melhorar a qualidade de vida da população, é, na verdade, uma forma encoberta de desenvolver novas armas de guerra e controle físico, emocional e mental das pessoas;
  • Todos eles são perturbadores (tecem o mal) (vs 3). Com a desculpa de que é para o bem do povo, elaboram uma série de projetos e leis para restringir as liberdades individuais e controlar as massas;
  • O melhor deles é como um espinho (vs 4). Ou seja, como filhos do maligno que não se podem tocar com a mão. Quem quiser tocar tais pessoas, será obrigado a se armar de ferro e haste de lança (2Sm 23.6,7), ou seja, se afastar para longe do Senhor, da dependência Dele (daí Sl 20.7; 147.10,11; Is 30.1-3; 31.1-3). Por serem rebeldes, seus semblantes e palavras eram cruéis (Ez 2.6). O destino de ambos é ser queimado no fogo (2Sm 23.6,7);
  • O mais reto é pior do que o espinhal (vs 4). Deus quer mudar corações (Is 55.13). Se não crês ou não queres crer nesta mudança, então saia! Mas não seja cúmplice nas obras das trevas só porque isto lhe convém (Ef 5.11). Chega de se desculpar dizendo: “mas que culpa tenho eu se o fulano age de modo errado?”. O destino de quem assim procede é ser queimado (Is 33.12; Hb 6.8), pois está sufocado com as coisas do mundo (Lc 8.7). Você acha que o fato de você estar pensando no bem da tua família justifica você fazer e apoiar quem faz o mal (Rm 1.32), está errado! A menos que você se converta ou arrependa, tua condenação será justa (Rm 3.8)!
  • Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio guarda as portas da tua boca (vs 5; Jr 9.4). Nem mesmo nos líderes religiosos, já que irão usar a bíblia para negar Jesus (ver 1Jo 2.18,19; Jd 4);
  • Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora, contra sua sogra, os inimigos do homem são os da sua própria casa (vs 6). Note como Jesus profetizou que o desprezo pelos familiares (Ez 22.7) continuaria acontecendo (Mt 10.21,35,36; Lc 12.53; 2Tm 3.2,3). Ninguém teria remorso de entregar seus parentes quando os mesmos ferissem seus interesses (Lc 21.16). Em compensação, eram capazes de formar uma sebe de espinhos (quadrilha, gangue) para garantir empregos ou privilégios;

Diante deste quadro, não há como fugir! Como Miquéias, o único em quem realmente podemos esperar é no Senhor (vs 7), mesmo que Ele pareça esconder Seu rosto por causa dos que nos rodeiam (Is 8.17). É o único que está realmente interessado em ouvir a nossa causa (vs 7). E para que ninguém tivesse tal dúvida, Deus permitiu eles serem visitados pela Assíria e depois por Nabucodonosor para que eles percebessem que os vigias, conselheiros, reis, etc., nada eram (Mq 4.9), senão instrumentos de confusão (vs 4).
Vs 8-13 A VITÓRIA DADA POR DEUS É DE POUCA DURAÇÃO QUANDO A PALAVRA DELE É DILATADA E COLOCADA LONGE DO DIA A DIA DE CADA CIDADÃO
Ninguém tem o direito de se alegrar no sofrimento do próximo (ver vs 8; Sl 15.3; Pv 24.17). Veja, por exemplo, o caso de Edom. Por ter se alegrado na ruína de Israel, eles também foram afligidos (Ob 11-14; Lm 4.21).
Além disto, no que se refere ao justo, ainda que ele tenha caído, se levantará (Pv 24.16). Mesmo que precise morar nas trevas (para que ele possa ser usado para resgatar alguém (Sl 23.4), a fim de poder adquirir algo que lhe permitirá vencer amanhã), ele não se preocupa: Deus é sua luz (vs 8), mesmo quando as trevas são culpa nossa (Sl 18.28).
Detalhe: embora tenha sido Israel quem iria cair e morar numa terra de trevas, ele considerava a dor como sendo sua, o que mostra que ele não tentava se esquivar do castigo sobre Israel, indo fazer parte de outra nação. Mesmo não tendo culpa nenhuma, estava disposto a sofrer junto com Israel até vê-lo reerguido e na luz. E o que lhe dava confiança era a mão de Deus sustentando-o e sendo luz diretamente na vida dele. Em outras palavras, a crise que estava para abater sobre Israel tinha por finalidade libertá-lo (e talvez a muitos, por meio do testemunho dele) da dependência de pessoas ou circunstâncias, de modo que nada, nem ninguém, pudesse mudar sua forma de ser e agir.
Ele estava disposto a sofrer, junto com Israel, a ira do Senhor, por saber que todo aquele mal era justo e tinha por finalidade salvar a alma de muitos (vs 9; Lv 26.41; 1Co 5.3-5). Ele sabia que, no final, Deus (vs 9):
  1. Julgaria sua causa -> as lutas serviriam para tratar os corações do povo de Israel, que era como mostrado em (Mq 7.1-6);
  2. Executaria seu direito -> lhe daria a verdadeira herança (amor puro e santo);
  3. O levaria para a luz -> mesmo estando o mundo em trevas, a luz de Deus ia nascer na vida dele e conduzir muitos em Israel à verdadeira adoração (como Deus disse que aconteceria com Israel (lembre-se que Isaías era contemporâneio de Miquéias) - Is 60.1-4);
  4. O faria ver Sua justiça -> veria a justiça de Deus transformando o pecador ao invés de destruí-lo, como os inimigos tanto queriam.

O grande problema com as pessoas é a de tentarem encontrar o paraíso delas neste mundo. E por isto, vagam por aí tentando achar o local delas. Mas como, se nosso lar não é neste mundo? Já reparou como, desde a infância, os pais tentam preparar os filhos para uma vida confortável e sem problemas neste mundo? Será que a vida se resume a ver momentos ruins e experimentar uns poucos momentos de triunfo e satisfação?
Por que temos que ir atrás de pessoas ideais? E qual seria a pessoa ideal?
Se não formos capazes de sofrer a ira do Senhor, considerando os pecados das pessoas como se fosse o nosso (vs 9; ver 1Pe 2.21-24), até que Ele julgue nossa causa (ver Lc 18.1-8), jamais veremos Sua luz e justiça (vs 9). Afinal, Jesus não perdoou nossos pecados para ficarmos ociosos, mas para nos deixar um estilo de vida a ser vivido por meio do Espírito Santo (1Pe 2.21-24).
Temos que ter em mente que os nossos inimigos não controlam o nosso destino (ver Rm 8.28). Mesmo que a intenção deles seja nos destruir (Mq 4.11), tudo está no controle de Deus para nos edificar. É justamente isto que deixará nossos inimigos confusos (vs 10). Afinal, quanto mais eles trabalham para nos destruir, mais nós crescemos e somos fortalecidos. Quando nosso caminho é reto aos olhos do Senhor, até nossos inimigos são obrigados a fazerem paz conosco (Pv 16.7). A única coisa que pode reter a bênção em meio a uma dada situação é o pecado (Lm 3.39).
Quanto às pessoas que só desejam o mal, o destino delas é ser pisada (vs 10; 2Sm 22.43; Is 41.25; Zc 10.5). Afinal, a única razão para alguém cultivar o mal contra outrem é por insistir em obter ou conservar algo (exatamente o oposto do que Deus deseja para nós – Mt 5.39-42). Tal pessoa fica como o sal quando perde seu sabor: não serve para mais nada (Mt 5.13; Lc 14.34,35). Já que não existe mais abertura na sua vida para a novidade de Deus (Rm 7.6). Agora ela não passa de um mero robô (vivendo daquilo que foi programado no passado).
Enfim, quem não é capaz de produzir algo bom com aquilo que Deus coloca em suas mãos (Hb 6.8), será amaldiçoado. Não podemos usar a maldade das pessoas como desculpa para sermos remissos no bem.
É importante termos consciência da real situação do mundo em que vivemos. Às vezes achamos que os problemas se restringem àquelas pessoas que ostentam sua maldade diante de todos. Entretanto, perceba como, na época de Miquéias, o estatuto de Deus estava longe e dilatado (vs 11). Embora, por diversas vezes, Deus prometa reunir Seu povo (vs 12; Am 9.11; Is 11.16; 27.13; Os 11.11), de que adiantaria isto diante de tanta maldade?
No final, a terra seria posta em desolação por causa dos seus moradores, por causa do fruto das suas obras (vs 13; Jr 21.14; Mq 3.12). Ou seja, a menos que todos à nossa volta estejam vivendo o que Deus tem para eles, qualquer bênção só servirá para endurecer ainda mais os corações. Afinal, o maior responsável pelo mal na nossa sociedade não são os ricos e poderosos, mas principalmente aqueles que se sujeitam a eles (devemos nos sujeitar apenas ao bem). Pior do que o perverso é aquele que o ajuda, apoia e defende.
Logo, ao invés de tentar mudar o mundo, procure mostrar às pessoas a importância de saírem dele, já que é para isto que estamos aqui. Do contrário, ao invés de você estar ajudando as pessoas, estará prejudicando-as e dando-lhes motivos para fincarem ainda mais suas raízes aqui (estará lutando contra Cristo – Mt 12.30). Daí ser necessária a presença Dele a operar (Jo 15.5), pois só assim o brilho deste mundo apagar-se-á na vida dela.
Vs 14-17 O QUE OS RICOS E PODEROSOS PRECISAM VER É O PODER DE DEUS SALVANDO VIDAS. DESTA FORMA, IRÃO SE ENVERGONHAR E CALAR DENTRO DO PRÓPRIO COVIL QUE ELES CONSTRUÍRAM
Uma vez que as obras dos moradores de Israel eram ruins (vs 1 a 6 e 13), nada mais indicado do que apascentar o rebanho da herança com vara (vs 14). Detalhe: a herança era Israel (Dt 32.9,10) e o rebanho da herança, aqueles que realmente amavam o Criador. Note como, os que mais são corrigidos por Deus, são justamente aqueles que Ele mais ama (daí Ele chamar os fariseus de hipócritas, serpentes e raças de víboras – Mt 23.13-15, 23,25,27,29,33).
Estes que habitavam sozinhos no bosque, ou seja, no meio da terra fértil (ver Is 5.8), são os ricos. Não pense que Deus os odiava. Pelo contrário, trata-se de pessoas esforçadas, batalhadoras. Embora lutassem pela coisa errada, pelo menos não eram conformados com a situação, como os mornos (Ap 3.15,16). O grande problema da sociedade não são os que lutam pelos seus desejos maus e mesquinhos, mas sim os que se acomodam do lado deles, em troca de uma falsa segurança que lhes dê um pouco de tranquilidade e delícias.
Estes, que trabalharam os recursos para gerar riquezas, são pessoas empreendedoras, enquanto que os empregados, em sua maioria, são apenas pessoas acomodadas, servos inúteis que só fazem o que lhes é mandado (Lc 17.10).
Todavia, a forma correta de apascentar os ricos é como se deu em Basã e Gileade na época em que Deus exterminou Ogue, rei de Basã (Dt 3.1-4) e os amorreus que habitavam em Gileade (Nm 32.39): através dos maravilhas de Deus lhes dando vitória contra inimigos maiores do que eles (vs 15).
Você pode questionar: “mas eles eram maus, como diz em Mq 6.9-12”. Sim! Contudo, note como, no contexto, a vara era para ser ouvida, a começar por eles. Em momento algum Deus rejeitou os ricos (ver 1Tm 6.17-19). Deus nunca projetou a destruição de um povo para beneficiar outro. Se Ele permitiu guerras no Antigo Testamento, é para que todos possamos aprender que nada disto resolve (Rm 15.4).
A ideia é que os ricos possam ser conduzidos a desafios maiores do que eles mesmos, a fim de que eles percebam que a verdadeira riqueza não está naquilo que são ou possuem, mas em Jesus. Afinal, nenhuma riqueza é capaz de redimir uma alma (Sl 49.6-9). Eles precisam ser estimulados a buscar a salvação de outras pessoas. Somente quando o amor de Deus os tocar, a ponto de eles desejarem salvar uma alma, é que verão a sua limitação e insignificância. Ainda mais, quando virem a transformação que Deus pode fazer em uma vida. Nesta hora eles, tal com as nações, envergonhar-se-ão do poder miserável que achavam ter (vs 16). Principalmente, ao virem o zelo Dele para com Seu povo (Is 26.11). A partir daí, não desejarão fazer nada por eles mesmos, nem terão interesse em ouvir algo que não tenha haver com a voz de Deus (vs 16), já que Sua Palavra é como fogo (ver Jr 23.29; Jó 29.9; Os 13.1).
Pelo contrário: desejarão abandonar todas as fortalezas que construíram para se esconderem (vs 17), pois, tal como a mulher que tinha fluxo de sangue, eles verão que não lhes é lícito permanecer no anonimato (vs 17; Mt 5.14-16; Lc 8.47) e alheios aos sofrimentos das pessoas (ver Am 6.1-6). O temor de Deus será tão grande que não terão paz de permanecer nas tocas que fizeram para caçarem as almas inocentes (Ez 13.18; Os 6.8,9; Mq 7.2,3). Afinal, ainda que a pessoa diga que está escondida porque não quer sofrer o mal, a verdade é que, considerando que Deus disse para nunca virarmos as costas (Mt 5.42) para o nosso semelhante (Is 58.7), quem assim procede, é porque deseja que o mal continue a atormentá-lo e a fazer suas vítimas. Tal pessoa não se importa em saber o estado das outras pessoas (Pv 21.13; 29.7), o que faz delas uma pessoa sem piedade.
Ainda há outra questão a ser abordada: veja a preocupação que pesava sobre eles por habitarem no meio de uma terra fértil (vs 4). O interesse dos demais povos por esta terra fazia dali um lugar de dar medo, em virtude das constantes ameaças de invasão.
A verdade é que, quando nos enchemos das coisas deste mundo, passamos a respirar ameaças de morte contra as pessoas (como se deu com Saulo – At 9.1). Cada um passa a inspirar desconfiança, o que faz de nós pessoas isoladas. Daí Paulo e João dizerem para nos abstermos da aparência deste mundo (1Co 7.29-31; 1Jo 2.15-17).
Além do mais, quando nosso coração é reto aos olhos do Senhor (Pv 16.7), o mal não é capaz de nos atingir (antes, acaba nos fazendo crescer), já que os anjos se acampam ao nosso redor (Sl 34.7). Daí o justo ser intrépido como o leão (Pv 28.1) e as pessoas terem medo deles (vs 17).
Se realmente queremos ser reconhecidos como emissários do Senhor, não podemos ter medo de dizer e viver a verdade. Mesmo porque, os que confiam no Senhor não serão confundidos (Fp 1.18-20) diante das circunstâncias ou das pessoas, pois, verdadeiramente, sabem quem é o Senhor (Is 49.23). Por causa de todo o bem e paz que Deus dá ao Seu povo, este será visto com honrarias pelos de fora (At 28.10; ver Gn 39.4-6,21-23; 41.39,40), de modo que eles acabarão “limpando o pó dos pés deles” com sua língua (vs 4; ver Jo 13.14).
Aliás, o destino de todos aqueles que usam de astúcia para tentar afastar as pessoas do verdadeiro bem é ficar rastejando por este mundo comendo pó (vs 17; Gn 3.14), ou seja vivendo apenas de coisas que se “esfarelam” (perecem), falando coisas que só servem para sujar o coração das pessoas (daí Pv 26.28; 29.5) com o pó deste mundo (que deveria até mesmo ser sacudido dos pés e das vestes – Mc 6.11).
Felizmente, quando alguém se entrega a Deus de verdade, os ímpios sempre ficam por baixo para que a língua deles não atinja seus corações, mas apenas os pés, limpando-os. Ou seja, a única coisa boa que os ímpios podem fazer é nos ofender, pois é assim que ele é usado para nos revelar as falhas que há em nós.
Assim sendo, não deixe que as palavras dele entrem no teu coração.
Vs 18-20 O VERDADEIRO MOTIVO PELO QUAL DEUS NOS DÁ SEU PERDÃO
Deus não retém a Sua ira para sempre (permitindo que os ímpios continuem prosperando e nos atormentando – vs 18). Ele finalmente irá perdoar a iniquidade do Seu povo, varrendo os ímpios da face da terra e concedendo a ele Sua fidelidade e benignidade (vs 20). A questão é: quem deseja receber este presente para sua alma?
Infelizmente, pro sistema que rege este mundo, fidelidade e benignidade são conduta indevida. Cada qual tenta se encaixar em um dos subsistemas criado pelos ricos (o que mais parece lhe ser rentável) e, qualquer que dele não faz parte, é considerado um monturo enorme com um pouco de prata dentro, a ser extraída a qualquer custo. Entre estes, que são considerados monturo, estão os:
  • Órfãos -> aqueles que, embora tenham muita força e energia, não sabem o que fazer com tudo isto;
  • Viúvas -> aquelas que embora, muitas vezes, tenham sabedoria, não têm oportunidade de usar tudo isto, já que por serem, normalmente, idosas, têm menos força e ânimo;
  • Levita -> aquele que não tem parte nem herança neste mundo por ser Deus a sua herança (Dt 10.9; 18.1,2);
  • Estrangeiro -> aquele que, embora possa ter muita coisa, não tem nenhum interesse no sistema, mas apenas em tirar proveito dele.

A verdade é que, todo aquele que o sistema não consegue domar, é excluído. E não há ninguém mais indomável do que aquele que tem o amor de Jesus no coração, já que seu interesse é fazer com que o melhor de Deus aconteça na vida de cada pessoa.
Por isto é que o sistema faz de tudo para que as pessoas não recebam a piedade do Senhor (vs 18). Se as iniquidades forem subjugadas do nosso coração e tudo aquilo que nos faz pecar for eliminado da nossa vida, a piedade do Senhor na nossa vida fará milagres na vida das pessoas.
Agora entende por que os inimigos do Senhor ficam felizes em ver a ruína dos justos (Mq 7.8-10) Toda a provocação dos maus é para nos inquietar, a ponto de descobrirmos, supostamente, um bom motivo para desprezarmos a palavra e a bondade do Senhor (como fez Saul – 1Sm 13.11,12; 15.24). Daí Balaque e o povo da época de Jeremias, quererem, a todo custo, armar ciladas para que o povo do Criador viesse a cair (Jr 20.10; Ap 3.14).
Como, no fundo, todos sabem que quem vê a face do Senhor não pode ficar vivo (Êx 33.20), o sistema faz de tudo para que ninguém enxergue o verdadeiro ego de cada um. Afinal, enquanto a pessoa só enxerga o que a outra aparenta ser, ela tem desculpa para continuar sendo o que lhe convém. Não precisa fingir uma bondade da qual não gosta.
Por outro lado, quando ela olha para o interior do próximo, ela percebe que o pecado não faz parte do mesmo, estando apenas a parasitá-lo. Deste modo, ela será obrigada a usar de fidelidade e bondade, o que implica em morte para seu ego corrompido (aquele que se firma nas coisas deste mundo).
Não é possível ser bom estando firmado nas coisas deste mundo. Inclusive, a única razão para o Senhor não reter a Sua ira para sempre é pelo fato de Ele ter prazer na benignidade (vs 18; Jr 3.5). Ele perdoa a iniquidade e se esquece da rebelião do restante da herança (vs 18) a fim de que Sua aliança com Abraão, Isaque e Jacó faça, deles, uma bênção para todos os povos (vs 20; Gn 12.2; Lc 1.72).
Logo, quem insiste em manter amizade com o mundo, será sempre alvo constante da ira de Deus através das pessoas e jamais conseguirá ser bom. O máximo que conseguirá fazer é dar ao próximo o que lhe sobra (ver Mc 12.43,44).
Enfim, a única razão para Deus nos perdoar a dívida é para que possamos ser livres para usar de misericórdia (Mt 18.34,35).

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