ESTUDO DO LIVRO DE AGEU
INTRODUÇÃO:
Tema: É
tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa (a casa do Senhor) permanece em ruínas (Ag 1.4)?
Objetivo: Deus tinha despertado
o espírito de Ciro, rei da Pérsia (2Cr 36.22; Ed 1.1)
a fim de libertar os israelitas e, com isto, o templo de Jerusalém pudesse ser
construído.
Contudo, o desejo por conforto encheu
de maldade o coração deles, de modo que eles começaram a arrumar desculpas para
abandonar a construção do templo. Quando, finalmente, o rei da Pérsia emite o
decreto proibindo isto (Ed 4.21-24), eles
consideraram um alívio. Mas, para manter a consciência tranquila, tentaram
convencer a si mesmos de que os 70 anos profetizados por Jeremias para a
libertação de Israel ainda não tinham chegado (vs 2; Jr
25.11,12; 29.10; Dn 9.2).
Todavia, embora os habitantes dos
arredores de Jerusalém fizessem de tudo para impedir a construção do templo até
conseguirem aprovação legal para isto, Israel jamais deveria ter se conformado,
mas clamado a Deus por libertação.
Infelizmente eles, como a maioria das
pessoas, vão vivendo a vida como robôs: sem pensar, fazendo uma análise da
própria vida, comparando tudo o que tem feito com os resultados obtidos e
aquilo que Deus promete em Sua palavra. Daí a ênfase na expressão “considerai” (Ag 1.5,7; 2.15,18).
Eles deveriam enxergar que, o fato da
bênção não estar vindo, não era sinal da ausência de Deus. Antes, era
justamente o contrário: é porque Ele estava presente, que todas as calamidades
estavam acontecendo (Ag 1.6,9-11; 2.16,17,19).
Deus estava ensinando que o modo e lugar de eles prestarem culto a Ele estava
errado e que, enquanto isto, a casa dele estava enferrujando, apodrecendo e se
acabando. Em outras palavras, eles estavam colhendo fisicamente aquilo que eles
estavam permitindo que acontecessem com as coisas espirituais deles.
Mas a mensagem principal era eles
entenderem que a Casa de Deus não era aquele templo que deveria ser construído,
mas sim a vida de cada um deles que deveria estar 100% entregue a Ele. Ou seja,
a finalidade principal não era a construção do templo em si, mas sim a
edificação da Palavra de Deus no coração uns dos outros e que era por isto que
a bênção não começou a fluir imediatamente no 24º dia do 6º mês (Ag 1.15), mas apenas a partir do 24º dia do 9º mês (Ag 2.18), quando eles entenderam que o importante
não era obedecer externamente a Palavra Dele, mas sim deixar que a mesma
fizesse parte deles e fizesse diferença em suas vidas.
O foco da mensagem é “Eu sou
convosco” (Ag 1.13).
AGEU 1 → O QUE VAMOS FAZER COM A PRESENÇA DE JESUS NO NOSSO MEIO? EDIFICAR SUA CASA OU O NOSSO EGOÍSMO?
Vs 1 →
QUEM ESCREVEU O LIVRO, QUANDO E PARA QUEM ELE FOI ESCRITO?
Ageu escreveu este livro no 2º ano do
rei Dario. Trata-se da mensagem que Deus enviou principalmente a Zorobabel e Jesua:
Zorobabel era filho de Salatiel e governador de
Judá. Contudo, em 1Cr 3.17-19, é dito que Zorobabel era filho de Pedaías. Isto
se deve ao fato de que, muitas vezes, apresentava-se apenas os nomes mais
relevantes da genealogia. A rigor, Zorobabel era neto, e não filho de Salatiel.
Jesua (Ed 3.2) era filho
de Jozadaque (ou Jeozadaque em 1Cr 6.14,15),
sumo-sacerdote. Ele ficou conhecido como Josué nas profecias. Talvez por
lembrar a mesma orientação dada a Josué, sucessor de Moisés, quando estava para
entrar na terra prometida: a de ter bom ânimo, sem temer obedecer fielmente a
palavra de Deus (Js 1.6-9). Isto era necessário, levando
em consideração a apatia espiritual de Israel.
Ele foi levantado por Deus para, junto
com Zacarias (Ed 5.1; Zc 1.1), incentivar o povo a
edificar a casa do Senhor. Enquanto Ageu se instalou em Jerusalém, exortando a
povo a abandonar seus interesses e edificar a casa do Senhor, Zacarias
permaneceu na Babilônia incentivando o povo a sair dali e ir para Jerusalém,
tendo começado seu ministério dois mês após Ageu.
Vs 2 a 4 →
ISRAEL SÓ ENCONTRA TEMPO PARA CONSTRUIR SEUS INTERESSES
Note como, no vs 2, Deus não diz “meu
povo”, mas sim “este povo”. No que Israel passou a ser indolente e egoísta, já
não era mais povo do Criador. Afinal, Jesus zela muito pela casa do Pai (Jo 2.17) e Seu desejo é fazer a obra Dele no coração
das pessoas (Jo 4.34; 6.38; 9.4).
Para tentarem enganar a si mesmos com a
ideia de que os 70 anos de Jeremias não se cumpriram (Jr
25.11,12; 29.10; Dn 9.2), muitos, provavelmente alegaram que, ao
invés de contar a partir do cativeiro de Jeoaquim (2Cr
36.6), deveriam contar a partir da destruição do templo (2Rs 25.9).
Outros usavam a perseguição dos povos
em redor (Ed 4) para alegarem que ainda não era
hora de crer em Jesus. Ora, se a perseguição era tão violenta assim, então como
eles conseguiam ter paz para construir e habitar nas suas mansões (vs 4)?
Vs 5 a 11 → FAÇA UMA ANÁLISE DO TEU PASSADO E SE
PERGUNTE: POR QUE MINHAS EXPECTATIVAS ESTÃO SENDO FRUSTRADAS?
Considere o teu passado e se pergunte: é
normal esta situação que estou vivendo? Uma vez que Jesus prometeu vida com
abundância aos que cressem Nele (Jo 10.10),
riquezas especiais para os que O ama (1Co 2.9), por que
tenho sentido tanta necessidade (contraste com Fp 4.19)?
Tenho colhido em conformidade com aquilo que estou semeando? Senão, o que está
atrapalhando esta colheita?
Ao invés de se rebelar contra a ordem
estabelecida (Pv 24.21; Rm 13.1,2) e ser punido pelo
sistema (além de toda a injustiça e maus tratos que estás
sofrendo), busque reconhecer Jesus em todos os teus caminhos (Pv 3.5,6; Lm 3.40). Uma vez que é Deus quem faz o
bem e o mal (Jó 5.18; Is 44.8; 45.6,7), ao invés de
querer que todos ajam corretamente, arrepende-te e converte-te e até teus inimigos
farão faz contigo (Pv 16.7); até as
pedras (Jó 5.23) e feras do campo (Os 2.18) terão acordo contigo.
Isto não significa se submeter à ordem
estabelecida, já que isto seria compactuar com o erro. Antes, implica em sair
do sistema (sem querer mudá-lo ou destruí-lo) e
buscar unicamente a vontade de Deus. Só assim enxergaremos o escape no meio das
armadilhas que Deus armou para que os perversos caiam na sua própria maldade (Ez 3.20; Jó 5.13; 1Co 3.19). Os problemas do mundo (Lc 21.25-28) não são para nos derrubar, mas sim para
sermos livros dos perversos e maus (ver Dn 3.20-27; 2Ts 3.2)
e, deste modo, não nos apoiemos neles, nem em qualquer uma das suas coisas, que
são de nenhum préstimo (Is 44.9; Hb 12.25-27).
Se, por um lado, Deus abençoa aquele que
dá, sem nada reter (Pv 11.24; 21.26),
por estar este em busca do reino de Deus (Mt 6.33), nada dá
certo para o que se recusa a ouvir a voz de Deus (ou
mesmo se conforma em não ouvi-la) (ver Dt
28.38; Mq 6.14,15), deixando de olhar para Ele (ver Os
4.10). Aos tais, Deus se coloca como adversário (ver Nm
22.22,32).
Como assim? Ora, a partir do momento que
recusamos o amor e a justiça de Deus, sendo estes a essência do próprio Deus,
as pessoas passam a se posicionarem contra nós justamente por sermos injustos e
egoístas, por não concordarem com nosso jeito de ser.
Enquanto não construímos lugar no
nosso coração para as pessoas em quem Deus deseja operar (Zc
8.9,10), é lógico que, no final, tudo irá enferrujar ou se perder (já que, no que privamos as pessoas de terem acesso ao nosso
coração, não há como as riquezas da injustiça (Lc 16.9) serem transformadas em
amor na nossa vida – Ag 2.17).
Entenda: Deus criou tudo para ser
renovado através da transformação. Tudo que fica parado se deteriora. A ideia é
que Sua vida, atuando neste mundo, permita uma fonte de energia ser
transformada em outra, mas, principalmente, que o material se transforme em
amor espiritual (ver Lc 16.9).
Quando não houver disposição para isto,
tudo que a terra produzir só servirá para aumentar ainda mais a ganância dos
ricos e a inveja e desejo de vingança dos pobres. É por isto que:
Ninguém ficava satisfeito. E como poderia, já
que apenas a presença contínua de Deus faz com que algo faça sentido na nossa
vida (Dt 28.38; Os 4.10; Mq 6.14,15)? Daí
dizer que quem recebe salário, irá colocá-lo num saco furado, pois irá gastá-lo
com aquilo que não alimenta e satisfaz (Is 55.1-3), muito
menos permanece na vida dele, sendo apenas prazer momentâneo (Jr 2.13). Se tivessem seguido a orientação de Jesus
para fazer bolsas que não envelheçam (Lc 12.33),
ajuntar tesouros no céu (Mt 6.22,23),
buscar a herança incorruptível (1Pe 1.4), a
história teria sido diferente.
Não havia salário para homens e animais, pois
todos desconfiavam de todos e cada um evitava, ao máximo, chamar o outro para
trabalhar para ele (Zc 8.9,10), já
que o melhor deles era como espinho e o mais reto, como uma sebe de espinhos (Mq 7.4);
Deus feria com queimadura, ferrugem e saraiva (vs 9; Ag 2.17). A pessoa lutava tanto para conseguir
algo e, quando obtinha, na maioria das vezes não dava suprir as necessidades;
e, quando, com muito custo, a pessoa conseguia armazenar algo, aquilo se
deteriorava como o maná colhido em excesso (Êx 16.20) ou era
devorado por inimigos (Dt 28.33; Sl 78.46);
Deus fechava céus e terra (vs 10;
Lc 26.19; Dt 28.23; 1Rs 8.35), de modo que era possível ser visto o
que existia nos corações (2Rs 6.26-30);
Deus fazia vir a seca (vs 11; Sl
105.16; 1Rs 17.1; 2Rs 8.1).
Ao invés de correrem e se cansarem tentando
obter e manter as coisas através da maldade (Pv
1.16; Jr 9.5), eles deveriam se apressar em obedecer aos mandamentos
do Senhor (Sl 119.32). Neste caso, subindo ao
monte que, agora, após 70 anos de desolação, estavam repletos de madeira de boa
qualidade (vs 8).
Mas por que apenas madeira? Eles
citaram principalmente a madeira a fim de que eles tomassem consciência da
necessidade de ir em busca de madeira nova. Como eles estavam todo ocupados em
seus negócios, poderiam pensar em aproveitar a madeira velha para poupar
dinheiro. Mas os velhos muros não estavam permanecendo. Estavam apodrecendo,
enferrujando, secando, etc., tal como estava a acontecer com o trabalho das
mãos deles.
Em outras palavras, o que estava
acontecendo com as colheitas tinha por finalidade mostrar-lhes o que estavam
deixando acontecer com a Casa do Senhor. Isto deveria servir para mostrá-los do
que estava acontecendo no coração do povo de Israel.
Note como o vs 8 é um parênteses no
meio deste bloco, que está tratando do esforço inútil de Israel em fazer, das
suas vidas, algo prazeroso de ser vivido. A única forma de encontrarmos prazer
e força é agradando ao Senhor (Ne 8.10). E o Seu
prazer é fazer Sua glória repousar na nossa vida, de modo que todos possam
conhecê-lO através de nós.
Já pensou por exemplo, no motivo pelo
qual a terra se encherá da glória do Senhor (Nm
14.21; Hc 2.14)? Como todos os que creem são templo de Deus (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16) e Ele ordenou que fôssemos
por todo o mundo fazendo discípulos (Mt 28.18-20; Mc 16.15),
logo, através dos que creem, Ele pode manifestar de Si mesmo a todos.
No vs 10, céus e terra são
personificados, como se fossem seres vivos, a fim de mostrar que até a natureza
ouve a voz Deus e obedece prontamente (ao passo que o ser humano é
o único que pede a Deus para esperar, isto quando se nega a fazer o que Ele
ordena), ansiosa por ver os filhos de Deus se manifestarem (Rm 8.19-22), ficando, assim, indignada com a
desobediência dos filhos dos homens (vs 10; Dt 4.26; 30.19;
31.28; 32.1; Is 1.2; 44.23; 45.8; 49.13; Jr 2.12; Ez 36.4; Ap 12.12).
Não é à toa que Deus deu nome à expansão (Gn 1.8) e se
preocupa em saciar até o pó da terra (Jó 38.25-27).
Trata-se de um exagero para mostrar às
pessoas o quão mal elas estavam agindo. Afinal, se até céus e terra e coisas
inanimadas devem louvar a Deus (e louvam - Sl 148,150),
o que dirá de cada ser humano em quem há Seu fôlego de vida (At 17.25-28).
Vs 12 a 15 →
É A PRESENÇA DE DEUS QUE DEVE NOS ESTIMULAR A CONSTRUIR SUA CASA, E NÃO O CONTRÁRIO
Logo, se Jesus está presente, temos que
achar uma morada para Ele nos corações (ver Sl 132.3-5).
Quando Zorobabel, Jesua e todo o povo
ouviram as palavras de Ageu, eles atenderam às mesmas, não como vindas do
homem, mas sim como sendo a voz do próprio Deus (vs 12).
Entretanto, mesmo tendo temido diante do Senhor (vs 12)
note que, apenas 23 dias depois é que eles começaram a buscar a madeira (compare Ag 1.1 com Ag 1.15) e, só depois de 3 meses,
é que se fundou o templo (Ag 2.18; Ed 5.2).
A verdade é que eles, infelizmente, não
compreenderam a verdadeira mensagem por traz da pregação de Ageu. Ninguém tinha
dúvidas de que ele era mensageiro enviado do Senhor, mas, por não compreenderem
a essência de tudo que Ageu disse, se preocuparam tão somente com o ajuntamento
da madeira, o que fazia deles e de tudo que eles faziam, pessoas imundas aos
olhos de Deus (Ag 2.14).
Ora, uma vez que o Senhor mostrou que
estava no meio deles (vs 13), mais que
depressa eles deveriam ter edificado a casa do Senhor. O raciocínio é simples:
se uma pessoa querida chega de viagem, você só vai hospedá-lo depois de 3 meses
e 23 dias, ou vai arrumar um cantinho na tua casa para ele? Por mais humilde
que seja tua casa, você irá hospedá-lo de imediato e, caso haja necessidade,
construir um lugar especial para melhor acolhê-lo, mas sem jamais se desfazer
da companhia dele.
Em outras palavras, tudo que eles
fizeram foi unicamente cumprir regras, pensando apenas em recompensas
materiais. Mas a essência, que era o próprio Deus em pessoa, ainda continuava
perdida. Quando Ageu ordenou que eles fizessem um paralelo entre o que eles
haviam semeado e colhido, em momento algum estava incentivando-o a buscá-lo em
prol de interesses materiais, mas sim enxergar, por meio disto, que Deus,
naqueles tempos, não estava se agradando deles.
Infelizmente para eles a permanência de
Deus no meio deles poderia, muito bem, ser adiada por 3 meses e 23 dias, sem
qualquer problema. Não enxergavam a grandeza que representava a presença de
Deus (ver Gn 26.24; 28.15; 39.2,3,21,23; Êx 3.12; Is
43.13; Mt 28.20; Rm 8.31). Basta pensar que Deus salva apenas aqueles
que se tornam como crianças (Mc 10.14,15), ou
seja, que dependem Dele para tudo. Afinal, quando um filho está na presença do
pai:
não tem fome, pois o pai lhe dá o melhor
alimento disponível;
não permanece doente, pois o pai procura toda a
ajuda necessária;
é protegido dos inimigos, já que o pai luta no
lugar dele.
Enfim, embora eles tenham se posto ao
trabalho no 24º dia do 6º mês, ainda não entendiam o que era a Casa do Senhor.
Estavam nela (vs 14), mas sem saber o que ela
realmente era. É claro que estar na casa do Senhor não estava se referindo ao
templo (já que este ainda não existia).
Mas, nem eles, nem as pessoas hoje,
entenderam isto e, embora muitas vezes estejam na casa do Senhor (na vida das pessoas), por não enxergarem as coisas
corretamente (Mt 6.22,23), trabalham em grande erro (Mc 12.24,27) e cheios de impureza (ver Lc 11.41; 12.33).
AGEU 2 → O CULTO A DEUS SÓ TEM SENTIDO QUANDO EXPRESSA O AMOR GENUÍNO QUE EXISTE NO CORAÇÃO DA PESSOA POR JESUS E SUA PALAVRA
Vs 1 a 9 →
O QUE FAZ DA CASA DE DEUS UM LUGAR
REALMENTE IMPORTANTE? SUA EXCELÊNCIA EXTERIOR, OU A PRESENÇA DO DEUS VIVO NELE?
Temos aqui a segunda palavra que Deus deu
a Ageu, quase um mês após eles terem começado a ajuntar a madeira (compare Ag 1.15 com Ag 2.1). Muitos dos sacerdotes,
levitas e anciãos que tinham sobrevivido à destruição do templo de Jerusalém (é bom levar que a destruição do templo se deu bem depois da
contagem dos 70 anos, o que tornou perfeitamente possível a existência de
pessoas que tinham visto o templo de Salomão), ainda continuavam
menosprezando este novo templo (vs 3; Ed 3.12; Zc 4.10)
em virtude da sua singeleza aparência exterior.
Apesar de todos os milagres que Deus fez
no passado por meio de coisas pequenas (um cajado, 5 pedrinhas e uma
funda, etc.), eles não tinham entendido que, o que torna algo ou
alguém grande, é o fato de ser tomado por Deus em Suas mãos para ser por Ele
usado. E bem sabemos que Deus escolheu as coisas fracas, loucas, vis,
desprezíveis e que nada são para manifestar Seu poder e glória (1Co 1.26-29; 12.24,25). Deus escolhe vasos de barro
para colocar Seu precioso tesouro (2Co 4.6).
Infelizmente a forma dos homens verem as
coisas é bem diferente de como Deus as vê (ver 1Sm 16.7; Is 55.8,9; Zc
8.6). Até hoje as pessoas continuam achando que o mover de Deus está
condicionado àquilo que fazemos para Ele (ver Zc 4.6). Deus
só quer que tenhamos medo de desprezar Sua Palavra (que, no
fundo, mostra quem Ele é) por sabermos que, com isto, entristecê-lO-emos
e perderemos Sua companhia (Is 66.2; Fp 2.12,13).
Note como, embora eles tivessem temido a
palavra desde o 1º dia do 6º mês, eles só começaram a buscar a madeira no 24º
dia do 6º mês e, até agora (21º dia do 7º mês),
continuavam desanimados. Mesmo tendo recebido palavra semelhante a esta, anos
atrás, quando os fundamentos do templo (os que ficam embaixo da
terra) foram postos (Ed 3.10; Zc 8.9),
mesmo Deus confirmando que era com eles (Ag 1.13; vs 4),
eles permaneciam apáticos às coisas concernentes ao reino de Deus. Faziam
apenas por medo de que mais praga viesse sobre eles.
Quando Deus fala para eles não temerem,
não pense que era por causa dos inimigos. Como eles ainda continuavam apegados
às coisas materiais, o que Deus esta dizendo é que eles não deveriam ter medo
de estarem gastando seu tempo, energia e recursos em vão.
A aliança que Deus tinha feito com eles
quando os tirou do Egito, ainda continuava valendo (Êx 19:5,6; 34:10, 11), a saber, a de habitar no meio deles (Êx 29.45,46; Is 63.11) e lhes dar tudo que realmente
é bom (Ne 9.20).
Contudo, até então eles não conseguiam
entender o que realmente vem a ser a aliança de Deus (como,
aliás, muitos, até hoje, não entendem). Quando se fala em aliança,
só se pensa na união entre duas pessoas. Todavia, esta só se dá mediante o
compromisso de ambas as partes em romperem com qualquer relacionamento carnal
que tinham outrora, de modo a serem livres para se dedicarem um ao outro no
Senhor em prol da Sua palavra. Aliança significa “cortar”, lembrando os
sacrifícios de animais que eram oferecidos pela pessoa que, após ter ouvido a
voz de Deus, passava a ter em vista em algo bom e, por isto, decidia “cortar” o
pecado da sua vida a fim de ser só de Jesus. Daí a aliança ser confirmada com
sangue: era o testemunho da pessoa de que ela finalmente tinha achado algo (e, principalmente, Alguém) bom e, por isto, estava
pronto para dar fim toda busca (vaguear da cobiça – ver Jó
12.24; Ec 6.9; Os 9.17) só para poder se dedicar a isto que achou.
Os reinos do mundo eram como que o
andaime do templo espiritual de Deus. Quando o mesmo estiver pronto, Deus
abalará céus e terra para lançar ao chão estes andaimes (vs 6;
Jl 3.16; Hb 12.25-27). Assim, não pense em tentar melhorar este
mundo (lembre-se de que o tema do livro de Zacarias é
combatendo a teologia da estratégia), nem buscar a tua felicidade em
algo que nele há (Mt 10.39). Antes, que Deus seja teu
refúgio, fortaleza (Jl 3.16) e alegria
(Mq 7.7; Hc 3.19).
A certeza de que todos os reinos do mundo
iriam cair diante do Messias em Jerusalém, deveria servir de estímulo para que
os israelitas saíssem da Babilônia e se esforçassem veementemente para que o
nome de Deus e Sua Palavra fosse confirmada na vida de cada um deles.
Inclusive, o fato de Deus abalar céus e terra é para ser boa notícia para quem
realmente crê em Deus (Lc 21.25-28).
Pense: enquanto, para estabelecer a
Antiga Aliança, Deus abalou apenas a terra (Êx 19.18), agora
céus e terra seriam abalados. Tudo isto para confirmar para os eleitos que Sua
Palavra nunca falha e que a única coisa que nunca se abala é aquilo que Deus
faz (Ec 3.14; Hc 3.6).
Urge salientar que, no vs 21, novamente
Deus diz que abalará céus e terra (vs 6).
Considerando que o escritor de Hebreus cita isto apenas uma vez (Hb 12.26), logo trata-se de um único abalo, só que
dividido em duas etapas:
[ O do vs 6
é o abalo inicial, quando Deus faria tremer todas as nações, de modo que elas
viessem a ajudar na restauração do templo (ver Ed 6.6-10; 7.14-24; Is
60.5-7) que haveria de receber o Messias na sua primeira vinda (veja os abalos em Mt 3:17; 27:51; 28:2;
At 2:2; 4:31);
[ O do vs 21
é o abalo final, quando Jesus virá pela segunda vez para inaugurar o milênio.
Novamente as riquezas de todas as nações serão trazidas para construir o templo
judaico (daí a opulência israelita que a tantos enriqueceu
em Ap 18.11-14), só que desta vez será o templo do anticristo.
Contudo, servirá como sinal de que Jesus está vindo (veja os
abalos em Mt 24:7; Ap 16:20;
18:20; 20:11; 2Ts 2.1-4).
No Antigo Testamento Deus:
? Manifestou-se
nos céus lá no Monte Sinai com Seus relâmpagos, trovões e densas nuvens (Êx 19.16);
? Abalou a
terra, vindo todo o Monte Sinai a tremer (Êx 19.18);
? Abalou o
mar, fazendo o Mar Vermelho se abrir para os hebreus passarem (Êx 14.21,22);
? Abalou a
terra seca fazendo brotar água da Rocha (Êx 17.6; 20.8),
além de prometer colocar rios no deserto (Is 43.19,20).
No Novo Testamento Deus, por Cristo
Jesus, abalou:
Os céus, ao testemunhar acerca de Cristo com Sua
voz (Mt 3.17; Mc 9.7; Jo 12.28);
A terra, no momento em que Jesus acabou de dar
Sua vida (Mt 27.54);
O mar, quando Jesus caminhou sobre ele (Mt 14.25,26) e quando repreendeu os ventos e o mar (Mc 4.39);
A terra seca, ao fazer Jesus subir como Renovo
de uma terra seca (Is 53.2).
O desejado de todas as nações (ARC), aqui, se refere às coisas preciosas de todas
as nações, conforme se pode ver no versículo posterior e também em Is 60.5,11;
61.6. Mesmo porque, Deus faz as nações tremerem para que, elas se desprendam de
suas riquezas. Jesus não poderia vir das nações, já que elas não O possuem.
Além disto, Ele não tinha beleza, nem
formosura, não boa aparência para que os israelitas o desejassem (Is 53.3). Eles desejavam O Messias da aliança, mas
não porque desejassem a pessoa Dele, mas sim pela recompensa que Ele traria
Consigo (Ml 3.1; Is 40.10)
É bem verdade que, no fundo, Ele é o
amor todos os povos desejam (1Jo 4.8,16).
Inclusive, o nascimento de Jesus foi uma boa notícia para todos os povos (Lc 2.10). Porém, apenas no milênio é que todos os
povos se congregarão a Ele (Gn 49.10). Na
atual dispensação, apenas aqueles com a fé de Jó (Jó 19:25-27;
33:23-26) e Abraão (Jo 8.56)
irão desejá-lO.
Além disto, Jesus é mencionado na
expressão “e encherei esta casa de glória” (vs 7) (Jesus é a própria
glória de Deus – compare Êx 33.18-20 com 2Co 4.6; Hb 1.3; Jo 1.14).
No Antigo Testamento, o tabernáculo (Êx 40.34,35) e o
templo (1Rs 8.11; 2Cr 5.14) foram cheios com a
glória de Deus. No Novo Testamento, a glória de Deus se manifestou em Jesus,
coberta pelo véu da Sua carne (Jo 1.14),
lembrando o que Moisés fez quando a glória de Deus resplandecia na face dele (Êx 34.35).
Uma das desculpas deles para não
construir o templo era a escassez de recursos preciosos. Deus, então, mostra
que Ele é o dono de todas as riquezas do mundo (vs 8;
Jó 41.11; Sl 24.1; 50.12) e que as riquezas não vieram simplesmente
porque Ele não quis, para mostrar para Israel e para nós que o importante não é
a quantidade de recursos que vêm às nossas mãos, mas sim a glória Dele
preenchendo os corações. Até hoje há muitos que buscam recursos em excesso
achando que é a excelência humana que agrada a Deus. Mas como, se Deus não
recebe glória (Zc 4.6) nem força de homens (Jo 5.41)?
Em outras palavras, Zorobabel, Jesua e
o restante do povo (note como os três são
citados separados várias vezes) deveriam deixar de querer fazer as
coisas do jeito deles e administrar o que Deus lhes dava (e não o
que eles queriam – 1Pe 4.10). Afinal, se Deus queria usar materiais
mais simples, é porque havia uma lição especial a ser aprendida por todos.
Além disto, Deus queria encher toda a
Jerusalém de glória com Sua presença (Zc 2.5) e a
existência de riquezas terrenas poderia atrapalhar a manifestação da Sua glória
(Tg 2.5. Daí Jesus ordenar ao jovem rico para vender tudo e dar
aos pobres (Mt 19.21), algo feito semelhantemente por Eliseu (1Rs 19.19-21)).
Em contraste, repare que o projeto de Deus é que toda a Nova Jerusalém seja
ricamente adornada, e não apenas o templo (Ap 21.10-22).
Note que a ligação entre a glória de
Deus e a paz na terra (vs 9; Lc 2.14). E
não é para menos, já que a glória de Deus é vista na face de Cristo (2Co 4.4,6; Hb 1.3). Logo, Ele é maior que o templo (Mt 12.6). Aliás, Seu corpo é o verdadeiro templo (Jo 2.19,21), no qual todos devemos estar, se é que
queremos ser cheios da glória de Deus. Sem contar que Ele é a nossa paz (ver Êx 33.14; At 4.19; Ef 2.14).
O fato de associar a glória de Deus com
a paz e de predizer que isto aconteceria em Jerusalém (vs 9)
era mais uma prova de que é ali que Deus os queria e que, o que realmente
importa, é a presença Dele conosco. Não importa o quanto possamos ter ou fazer:
sentido algum nos trará se Ele não estiver conosco.
E a verdadeira paz consiste em remover
do nosso caminho tudo que impede Deus de vir ao nosso encontro (Sl 85:8, 10; Is 9:6, 7;
53:5; Zc 6:13; 2Co 5:18, 19). Perceba que a
questão não é o que devemos fazer para obter o favor de Deus, mas sim o que há
em nós que impede Ele de agir na nossa vida. Quando o pecado, que atrapalha
Deus de agir em nós, é removido (Is 59.1,2), então
Sua presença em nós produz paz no coração (Is 57:19; At 10:36; Rm
5:1; 14:17; Ef 2:13-17; Fp 4:7),
a qual acabará sendo refletida nos nossos relacionamentos (Is 2:4; Os 2:18; Zc
9:10), até ser
manifestada por toda a terra (Mq 5.5; Lc 2.14).
Vs 10 a 14 →
É INÚTIL EDIFICAR A CASA DO SENHOR ENQUANTO HOUVER IMUNDICÍE NOS CORAÇÕES (NOSSO E DAS PESSOAS)
Tem-se aqui a 3ª
mensagem de Ageu, a qual foi dada 3 meses após eles terem dado início ao
trabalho em prol da casa do Senhor (compare vs 10 com Ag 1.15).
Ela é dirigida aos sacerdotes por serem eles as pessoas autorizadas por Deus
para explicar a lei (Lv 10:10,11; Dt 17.8-13;
33:10; Ez 44:23,24; Zc 7.3; Ml 2:7).
Daí dizer “pergunta, agora, aos sacerdotes” (vs 11).
Para entender a
pergunta, precisamos entender como funcionava o princípio da santidade:
? Tudo
aquilo que tocasse o altar, após este ter sido expiado e santificado, se
tornava santo (Êx 29.37);
? Qualquer
coisa que tocasse algum dos objetos do tabernáculo após os mesmos terem sido
ungidos, se tornava santo (Êx 30.26-29);
? Tudo que
tocasse a oferta de manjares seria santo (Lv 6.18);
? Tudo que
tocasse a carte da oferta seria santo (Lv 6.27);
? Se o
sacerdote saísse ao povo com suas vestiduras santas com que ministrava,
santificava o povo (Ez 44.19), coisa
que não deveria acontecer, já que nem todos estavam dispostos a servir Jesus. E
dar as coisas santas aos cães (Mt 7.6) é
profanar Sua santidade.
Ou seja, a carne (ofertada pelos filhos de Israel ao Senhor) santificava
qualquer objeto que nela tocasse (incluindo a orla do manto do
sacerdote), de modo que esta só poderia ser usada exclusivamente
pelo Senhor (não pertencia mais à pessoa).
Entretanto, tal carne não santificava ninguém, nem conferia à orla do manto do
sacerdote o poder de santificar algo. Apenas a carne tinha poder de santificar,
e isto a objetos.
Em outras palavras, o
que haveria era apenas a purificação externa, a saber, da carne (Hb 9.13).
Logo, uma oferta, por
mais pura e santa que fosse, jamais poderia fazer de alguém, uma pessoa santificada.
Muito menos tal pessoa seria capaz de imputar santidade a alguém. Em outras
palavras, não importava o quanto os sacerdotes de empenhassem em realizar os
sacrifícios sagrados, nem eles, nem aquilo que eles faziam, era capaz de
imputar santidade ao povo (nem a eles mesmos).
Pelo contrário: assim
como o contato com um corpo morto tornava a pessoa impura, bem como tudo aquilo
que por ela era tocado (vs 13; Nu 19:11,13,22), tais sacerdotes, por estarem imundos em virtude do
contato com pessoas mortas em seus delitos e pecados (o que,
por consequência, os leva a desobedecerem a lei de Deus e praticarem obras
mortas – ver Tt 1.15; Hb 9.14), acabavam contaminando a carne do
sacrifício, de modo que nem esta mais tinha poder para santificar nada.
Para piorar as
coisas, ainda havia as ruínas do templo antigo, que era como algo morto a
contaminar a vida dos israelitas que iam prestar culto, já que, por se
lembrarem da opulência do templo antigo, perdiam todo entusiasmo em cumprir a
ordem de Deus (Ed 3.12,13), passando meramente a
adaptar a vontade de Deus à vontade deles.
Precisamos parar de
viver do passado, como robôs programados ou urubus, que gostam de carniça.
Devemos buscar o Senhor durante o tempo que se chama hoje (Sl
118.24; Hb 3.13).
Embora a orla do
manto dos israelitas devesse servir para que eles se lembrassem dos mandamentos
de Deus (Nm 15.38,39; Dt 22.12), não importa o
quanto uma carne santa tocasse nesta orla, se o sacerdote desprezasse a Palavra
de Deus por temer o homem (Is 51.12,13), ele
acabaria tornando tudo impuro, já que agora sua mente e coração estariam
contaminados (Tt 1.15), tal como:
o
uma gota de veneno torna todo um vaso de água
impróprio para o consumo;
o
uma única mosca morta estraga todo o unguento do
perfumista (Ec 10.1);
o
um pouco de estultícia é suficiente para acabar
com toda a sabedoria e honra de uma pessoa (Ec 10.1).
Enfim, no que os
sacerdotes desobedeciam a Deus para receber glória de homens (Jo 5.44; Gl 1.10), eles se tornavam incapazes de
crer e, como sem fé é impossível agradar a Deus (Hb
11.6) (pois isto é como chamá-lO de mentiroso – 1Jo
5.10), logo suas ofertas se tornam sem valor algum (1Sm 15.22). Em outras palavras, tentar servir a Deus
em Israel, mas sem se preocupar em edificar a Casa do Senhor em cada coração, é
sem sentido, profano e imundo.
Vs 15 a 19 →
FAÇA UMA ANÁLISE DO TEU PASSADO E VEJA COMO TUA VIDA FICARÁ DIFERENTE APÓS A CASA
DO SENHOR COMEÇAR A SER CONSTRUÍDA NA TUA VIDA
Antes de saírem colocando pedra sobre
pedra no templo (vs 15 – ARC), eles deveriam considerar
também aquilo que estava acontecendo desde o momento em que eles começaram a
trabalhar (3 meses atrás) até agora (eles já tinham sido convidados a analisar seus caminhos desde o
momento em que se colocou os primeiros fundamentos da casa do Senhor (Ed
3.10,11; Ag 1.5)). Eles continuavam semeando e esperando o muito,
mas a colheita permanecia aquém do esperado (compare
vs 16,17 com Ag 1.6,9,11).
Continuavam sendo feridos com
queimaduras, ferrugem e saraiva em toda a obra das mãos deles, tal como na
época de Amós (vs 17; Am 4.6-10; como Deus prometeu aos rebeldes
em Dt 28.22; 1Rs 8.37). E o pior é que o erro se repetia: eles
continuavam sem se voltarem para o Senhor (tal como se deu também em Jr
5.3).
Você pode questionar: mas eles não
começaram a buscar madeira em atenção à Palavra do Senhor? Certo. No entanto,
uma coisa é “voltar para o Senhor”; outra é “se voltar para o Senhor”. Eles continuavam correndo à sua
própria casa (vs 9). Só que, agora, buscando no
Senhor o desejo de suas almas. Tal como aquela multidão que ia até Jesus para
tocá-lO a fim de serem curados, assim os israelitas desta época se aproximaram
do Senhor, mas “de costas” (ver Jr 32.33), ou
seja, sem qualquer interesse em ter intimidade com Ele e agradá-lO.
Assim, ao invés de saírem por aí
fazendo coisas para o Senhor, eles deveriam buscar conhecer o real motivo por
trás dos mandamentos do Senhor. Em outras palavras, eles deveriam entender que
o objetivo não era só por pedra por pedra no templo, mas sim a colocar Rocha
sobre Rocha (Verbo sobre Verbo – Jo 1.1; 1Co 10.4)
no coração das pessoas.
Entretanto, a partir de agora,
que eles realmente aceitaram o propósito da obra de Deus e se lançaram, não só
de corpo, mas também de alma na edificação da casa do Senhor (até então, só estavam recolhendo madeira, mas sem, efetivamente
colocar mãos à obra e com uma convicção instável), a sorte deles ia
mudar: a terra produziria prosperamente (vs 19; Zc 8.12).
Vs 20 a 23 →
PARA QUE JESUS POSSA MARCAR AS VIDAS ATRAVÉS DE NÓS, É PRECISO QUE TODO O PODER
DAS NAÇÕES SEJA DERRUBADO
Alguém pode questionar: “mas por que
Deus iria abalar céu e terra (vs 21)? Para que
só permaneça aquilo que é inabalável, ou seja, Ele próprio (Hb
12.25-27). Ele, em pessoa, deve ser a nossa satisfação (Hc 3.19). Quem tem prazer na companhia de Jesus,
terá todos os verdadeiros desejos do seu coração supridos (Sl
37.4) (não confunda tais desejos com a mesquinhez carnal
ilusória).
Como Ele pode estabelecer Seu reino de
paz, com tanto poderio político (tronos de reinos),
militar (força dos reinos das nações; entre esta, carros,
cavalos e cavaleiros) e econômico (vs 22 –
fazendo um cair pela espada do outro, tal como em (Zc 14.1,2,13))
para servir de muleta enganosa (ver 2Rs 18.21; Is 36.6; Ez
29.6)? Daí o surgimento de tantas catástrofes (Mt
24.7,29): para destruir todo este poderio humano (Dn 2.44; Mq 5.10; Zc 9.10).
Em outras palavras, as promessas de
bênção para Israel não os isentava de problemas, lutas e tribulações, mas
seriam alcançadas justamente através destas. Aliás, sem as mesmas, a verdadeira
bênção jamais será possível (ver 1Co 15.36).
Daí Jesus ordenar Lc 21.25-28.
Inclusive, é justamente neste dia que
Zorobabel será feito um anel de selar (vs 23).
Entendendo que o Espírito Santo é o selo de Deus (2Co 1:20, 22; Ef 1:4,13,14), logo ser o anel de selar significa ser usado para
que o selo de Deus esteja da fronte e na mão dos Seus (ver Êx
13.13-16; Ap 14.1), que é o que nosso Noivo Amado tanto deseja (Ct 8.6). Repare como Seu desejo é nos sustentar, ter
prazer em nós (ou seja, ter intimidade conosco - ver Is 42.1),
visto ser esta a única forma de podermos saber e entender melhor a Seu respeito
(Is 43.10) e, deste modo, possamos crer Nele de
verdade (Ef 5.16,17) e, assim, podermos ser luz
neste mundo que cada vez mais é coberto pelas trevas (Is
60.1,2).
Em outras palavras, ser feito anel de
selar significa receber do Pai autoridade para fazer discípulos e julgar
corretamente as coisas (e não as pessoas),
a saber, segundo a reta justiça de Deus (Mt 28:18,19; Jo 5:22,
23), de modo que a Palavra Viva de Deus
possa ficar pregada em cada coração (Mc 16.15), ou
seja, todos possam enxergar a verdadeira Luz do mundo (Mt
5.14-16).
Zorobabel, em pessoa, é anel de selar, também,
por ser ele o elo de ligação entre as duas genealogias de Jesus:
Em
Mt 1.12,13 temos de Salomão (filho de Davi)
até Zorobabel, e daí até Maria;
Em
Lc 3.27 temos de Natã (filho de Davi)
até Zorobabel, e daí até José;
Detalhe: a expressão “naquele dia” (vs 23) deve-se ao fato de que, o dia em que céus e
terra seriam abalados e os governos dos povos derrubando, ainda estava muito
distante (mais de 2.000 anos pro futuro). Quanto
à ênfase em dizer “porque te escolhi” (vs 23) é para que
Zorobabel tivesse certeza de que a ideia de reconstruir a Casa de Deus não era
apenas Dele. Foi Deus quem o escolheu para isto (e não o
contrário, ou seja, Zorobabel escolhendo a Deus para construir a Casa do
Criador – ver Jo 15.16). Logo, ele não tinha que se preocupar se a
obra teria sucesso ou não, já que, quando é Deus quem age, ninguém pode impedir
(Jó 42.2; Is 43.13; Rm 8.31,33,34).