ZACARIAS 10 → NÃO ADIANTA SER VENCEDOR NA BABILÔNIA. MUITO MENOS NADANDO NUM MAR QUE SÓ TRAZ ANGÚSTIA A TODOS
Vs 1 a 5 →
AO INVÉS DE SEGUIR OS ÍDOLOS DO CORAÇÃO, INDO APÓS ADIVINHOS, QUE O SENHOR JESUS
SEJA TUA VERDADEIRA BÊNÇÃO E VITÓRIA
Muitas
pessoas acham ruim ter que se submeter a uma autoridade. Isto porque,
infelizmente, o conceito de autoridade tem sido deturpado. Naamã, por exemplo,
quase perde a bênção por não querer aceitar a importância de Israel para Deus. Lavar-se
no rio Jordão deveria lembrá-lo (2Rs 5.10), nos
momentos de guerra, que não poderia destruir Israel indiscriminadamente (Is 47.6), além de ensinar que a verdadeira sujeira
não é a do corpo (pois, segundo dizem, o rio Jordão é lamacento),
mas a da alma.
Autoridade é aquela pessoa que, em
virtude do conhecimento e do amor, sempre sabe nos direcionar naquilo que é bom
para nós. Por exemplo, um médico que é autoridade na área dele, é capaz de te
dar o diagnóstico preciso; o mecânico que é autoridade, é capaz de deixar seu carro
como novo.
Infelizmente, a única coisa que se acha
são pessoas autoritárias, que querem apenas dominar e explorar seus
subordinados. Daí a ira do Senhor se acender contra os pastores e castigar os
bodes guias (vs 3). Os bodes são conhecidos como
aqueles que vão adiante do rebanho (Jr 50.8). A
princípio, com base nos conceitos do mundo, tudo parece estar certo.
Todavia, Jesus disse que aquele que
quiser ser o primeiro, que seja o último; quem quiser ser o maior, que se faça
servo de todos (Mt 20.26,27). A princípio isto pode
não fazer sentido. Contudo, se os mais fortes e capazes ficam à frente do
rebanho, além de ficar mais fácil pro inimigo derrotá-los, quando isto
acontecer, as ovelhas irão se dispersar (Zc 13.7). Sem
contar que a tendência das ovelhas, neste caso, é se acomodarem. No final, as
ovelhas ficam todas dispersas nos seus negócios (cada um
chorando à parte os seus problemas, incluindo homens e mulheres – ver Zc
12.12-14. Isto quando não choram aos pés de outros deuses – Ez 8.14).
Entretanto, se os maiorais ficarem atrás
do rebanho, além de poderem ter melhor ciência da aproximação do inimigo,
poderão ver melhor o estado das suas ovelhas (ver Pv
27.23-27) e cuidar para que não haja dissensões, nem apostasias
entre elas.
Além disso, o fato das mais fracas
estarem à frente do rebanho, as estimula a crescerem interiormente, já que a
constante ameaça à aproximação do inimigo as leva a perceberem a importância dos
conceitos e valores do Reino de Deus.
Nunca foi projeto de Deus levantar
alguém para ocupar Seu lugar na vida das ovelhas. O resultado disto é o vs 2.
Você pode me questionar: “mas apenas alguns são deste jeito”. A verdade é que,
quando alguém quer comandar as ovelhas, é porque não tem interesse em que elas
ouçam a voz de Deus (sendo que Deus quer
comandá-las – vs 3). Querem manipulá-las do modo descrito em (Zc 11.15-17). E o pior é que as ovelhas gostam
disto. Mesmo andando aflitas como ovelhas que não têm pastor (vs 2), ainda assim o povo deseja tal comportamento
por parte dos governantes (Jr 5.30,31).
Tanto que, quando alguém dotado da
autoridade divina é usado para demitir tais pastores, as ovelhas ficam
indignadas (Zc 11.8,9). A única coisa que eles
querem de Deus é a bênção que lhes permita produzir a escravidão das outras
pessoas. Pedem a chuva porque querem produzir em abundância e, com isto, terem
como comprar os pobres por dinheiro e os necessitados por um par de sapatos (vs 1; Am 2.6; 8.6), bem como comer a carne umas das
outras e, obviamente, ouvir apenas aquilo que lhes agrada, a saber:
As coisas vãs faladas pelos ídolos do lar (Jr 10.8; Hc 2.18) -> Querem lutar para que este
mundo se torne melhor, para que seu status melhore, ignorando que, a qualquer
momento, terão que deixar este mundo;
As mentiras vistas pelos adivinhos (Jó 13.4) -> trata-se da forma como os líderes
religiosos manipulam a Escritura Sagrada para prometer aquilo que eles querem
que aconteça. Aliás, é por isto que o povo deseja líderes com poderes
miraculosos: para que seja possível concretizar a ambição do coração deles;
Os sonhos enganadores contados pelos adivinhos
-> eles levam as pessoas a sonharem com aquilo que lhes permitirão nutrir
falsas esperanças e, com isto, justificarem o desejo deles de se aprofundarem
na arte do engano;
As consolações vazias dos adivinhos (Jó 13:4; 16:2;
21:34) -> consolam as
vítimas de algum infortúnio, seja com a promessa de um futuro melhor ou a
destruição dos inimigos.
Ora, como é possível um futuro melhor,
onde a única hipótese para sermos bem sucedidos é através da destruição de
todos que se interpõem à nossa pequena força? Se for assim, quase todo mundo
terá que ser destruído, já que são poucos os que estarão abaixo de nós. E mesmo
se, por meio de alguma força extra, conseguirmos subjugar os demais, (Dn 11.38), como poderemos confiar nesta força? Como
fiar em algo maior que nós mesmos e que nada tenha haver com o amor de Deus?
Entendendo que o amor é o mais importante, como podemos confiar num deus que,
para nos dar algo, precisa destruir o próximo (sendo
que, por meio deste que o amor de Deus que satisfaz - ver Os 11.4)?
Se este deus não tem nada a oferecer, além de tudo que se vê, então não é Deus.
O verdadeiro evangelho consiste em
deixarmos Deus nos usar para que as pessoas enxerguem o que realmente é este
mundo que elas tanto lutam para se manterem nele. Os problemas são para que as
pessoas percebam no quê elas estão apegadas (num
mundo corrupto, cheio de violência e males) e, assim, constatem que
precisam se desarraigar disto e passar a se alimentar daquilo que sai da boca
de Deus (Mt 4.4; Jo. 6.27), especialmente para
que acordemos os ímpios e mantenhamos acordado os justos.
Por isto é que de Judá sairia (vs 4):
a pedra angular -> Esta simboliza aqueles que
são postos por chefe (Is 14.38). Os
chefes humanos, por não estarem cuidando bem do rebanho (Ez
34.2-8), iriam ser removidos a fim de que Deus pudesse cuidar do
rebanho pessoalmente (Is 28.16; Ez 34.11-16).
Note como esta não era para ficar apenas em Judá, mas para sair dali em direção
a todos os povos da terra, de modo que todos que cressem pudessem ser edificados
casa espiritual para serem sacerdócio santo e, deste modo, oferecerem
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus (1Pe 2.5);
a estaca da tenda -> Uma vez que Deus
restauraria o tabernáculo caído de Davi (Am 9.11,12; At 15.16,17),
e que era para alongar bem as cordas (Is 54.1-3), era
necessário uma estaca bem firme para que a tenda não caísse e tudo acabasse em
confusão (1Co 14.33). Jesus (representado
simbolicamente em Eliaquim - Is 22.23) seria esta estaca, no qual
será pendurado o que há de mais importante, a saber, a glória, a esperança e o
poder de Deus.
Você já se perguntou na finalidade das tendas do
tabernáculo? Era para manter separado o santo do profano. Embora, fisicamente,
tal separação era frágil, mas pelo poder de Deus, era suficiente para que
ninguém autorizado (alguém sem autoridade, ou
seja, sem o caráter de Jesus – ver Mt 28.18) tivesse acesso.
Afinal, a verdadeira força a separar o comum do imundo
deveria partir do Espírito Santo tocando corações. A verdadeira proteção não
está numa fortaleza inexpugnável, mas sim no interior de homens corajosos (ver Js 1.6-8), homens de verdade (1Rs 2.2), ou seja, que resistem a toda corrupção da
verdade (2Cr 26.17,18; 1Tm 3.15).
todos os chefes juntos -> Deus passaria a
cuidar pessoalmente do rebanho (vs 3; Ez 34.15; Lc 1.68),
já que os pastores não passavam de cães gulosos (Is
56.10-12; Ez 34.2,3), verdadeiros exatores.
o arco de guerra -> Judá não precisa de arco
de batalha. Deus age por meio do Seu Espírito Santo (Zc 4.6).
Seu arco de guerra são as palavras de graça que saem da Sua boca (Sl 45.1-5), as quais agem como flechas agudas no
coração dos inimigos do Rei. É neste esplendor de Glória e Majestade (autoridade) que Ele cavalga prosperamente. Contudo,
para isto, é preciso que todo poder de Israel saia (Dn
12.7);
A ideia de Deus era fazer, de Judá, o seu
cavalo de glória na batalha (vs 3). Como, na
época, o cavalo era o animal mais indicado para as batalhas, logo montar algum
conferia à pessoa elegância, força, etc. Ou seja, Deus estava prometendo
manifestar Sua glória, poder e autoridade em Jerusalém, de modo que todos
passassem a considerar um privilégio fazer parte dela.
Detalhe: perceba que as pessoas iriam
pelejar contra Judá porque o Senhor estava com eles (vs 5),
ou seja, porque Deus iria escolhê-los (Jo 15.18,19).
Que fique claro: não se trata de uma
disputa militar (pelo menos não da parte de Judá).
Repare que o vs 5 diz que serão “como” valentes. Ou seja, eles não serão
valentes. Contudo, ao virem o poder de Deus sendo manifestado e os inimigos
sendo desfeitos (a ponto de poderem ser pisados como a lama das
ruas – ver Ml 4.1,3), a impressão que as nações terão é a de ter
havido uma guerra física (vs 5).
Todavia, quando os poderosos perceberem
que eles venceram, não pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos
cavalos, nem pelos cavaleiros (Os 1.7), mas sim
por tudo aquilo que o Senhor Deus é, então as pessoas que estavam montadas em
cavalos (vs 5) ficarão envergonhadas por todo
bem que deixaram de fazer só para conseguir estes magníficos animais que, no
final, não serviram de nada (vs 5; ver Is 30.5).
Mas para isto, Israel não deveria temer
os inimigos, nem outros deuses. Tampouco deveria temer as circunstâncias, já
que é Ele quem faz o bem e o mal (Is 45.7), não
havendo outro Deus (Is 45.21; 46.9),
Salvador (Is 43.11) e Rocha (Is
44.6,8; 45.5).
Sem contar que é Ele quem ordena a chuva
(Am 5.8; 9.6), tanto a temporã (necessária
para fazer a semente brotar – Dt 11.14; Jl 2.23) quanto a serôdia (necessária para fazer a colheita amadurecer – vs 1; Jr 10.13; 14.22;
Jó 29.23).
Detalhe: embora é Deus quem faça chover
e não dependa de ninguém para isto, Ele exige de Israel que peça (vs 1). Contudo, a oração deve ser feita no tempo
correto e como resultado do desejo de ter como abençoar o próximo. Trata-se de
orar em prol dos recursos necessários para fazer a bênção de Deus alcançar o
próximo.
A verdade é que, quando a igreja está
sem O Pastor de suas almas (Ez 34.5; 1Pe 2.25),
elas ficam sem saber o que fazer diante das injúrias e ameaças dos inimigos, e
acabam indo para longe de Sua palavra, rumo aos montes altos e fortalezas
elevadas deste mundo (Jr 50.6).
Resultado: acabam se tornando presas da amargura que, além de levá-la a se
privar da graça de Deus, a perturba e contamina todos os que estão à sua volta (Hb 12.15). O sangue de Jesus (Sua
vida, presença), deve sempre ser derramada em nós para que possamos
cobrir os pecados dos ímpios (Pv 17.9).
Vs 6 a 12 →
TRAZENDO ISRAEL DE VOLTA À NOVA CANAÃ A FIM DE NÃO SER CONTAMINADO PELO MAR DA
ANGÚSTIA E, COM ISTO, SE TORNAR INCAPAZ DE SE ALEGRAR NO SENHOR
Mais uma vez Deus promete trazer Israel
e Judá para a terra da promessa, confirmando que a Babilônia não era o lugar
deles. Veja o que estava por trás da volta deles para a Nova Canaã:
1º -
Símbolo da verdadeira força (vs 6),
ou seja, ser fortalecido no Senhor (vs 12). Ou seja,
ao invés de lutarem contra os inimigos, o próprio Deus pelejaria com eles
através do poder da Sua Verdade (Ap 1.16; 2.12,16; 19.15,21);
2º -
É isto que significa ser salvo (vs 6), bem como a prova de ter sido remido (vs 8): ter um lugar onde o amor ao próximo é conduta
devida;
3º -
É a prova da compaixão de Deus por eles (vs 6), dando-lhes oportunidade para usarem de
compaixão com o próximo;
4º -
Comprovação de não ter sido rejeitado por Deus (vs 6), mas de ser parte de Seu povo e de ser ouvido
por Ele (vs 6), ou seja, a oportunidade de
saber a vontade de Deus e ser capaz de pedir a Ele consoante a esta (1Jo 5.14);
5º -
Coração alegre no Senhor (vs 7).
Embora muitos confundam (ou querem confundir)
esta alegria com a carnal (At 2), esta
alegria vem do fato de eles não precisarem se preocupar com nada. Ser “como” um
valente, aqui, significa ser ousado como leão por estar coberto da justiça de
Deus (Pv 28.1). A alegria da pessoa é
unicamente a presença do Senhor, bem como tudo aquilo que Ele é na vida de cada
um;
6º -
Promessa de multiplicação (vs 8),
a ponto de não se achar lugar bastante para eles (vs 10);
7º -
Andar no nome do Senhor (vs 12),
ou seja, ser compelido a fazer apenas aquilo que o próprio Jesus faria, a fim
de que Seu nome seja confirmado.
Inclusive, é bom lembrar que Canaã foi o
neto que Noé amaldiçoou. Ao dar a terra de Canaã a Israel (que era
descendente de Sem), a ideia é que esta conquista representasse a
quebra da maldição, já que agora, ao invés ser possuída por pessoas más (Dt 7.1-6), seria possuída pelo povo do Senhor (era isto que toda a criação esperava – Rm 8.19-22).
Agora você entende a importância de se
tomar posse da terra prometida? Por isto Deus ficou tão irado quando o povo não
quis subir para conquistar a promessa de Dele (Nm
14.40). De igual modo, não devemos fugir das “terras más” (pessoas que, por terem sido amaldiçoadas, se tornaram
insuportáveis) que Deus traz até nós, mas deixar que Ele nos mostre
o que significa tê-lO habitando em nós (2Rs 5.8).
Lembre-se que não existe outra forma de quebrar a maldição do pecado, que não
seja o perdão de Cristo, a saber, a união ao Seu corpo.
O convite para fazer parte do corpo de
Cristo é para aqueles que estão cansados da vida que estão vivendo (Mt 11.28) e que querem ficar livre do mal que pesa
sobre seus ombros, o qual faz deles como um imundo dos tempos bíblicos (que contamina tudo que toca – Lv 15.4-12). A alegria
da pessoa é saber que, agora, com Cristo, ela passa a ser capaz de purificar
pecadores (esta é a lição de Mt 8.2,3) e fazer
diferença onde Deus a pôs (ver Js 1.6-9).
Ainda que Israel se lembrasse de Deus
nos lugares remotos (vs 9), isto não
era suficiente para Ele, visto que jamais conseguiremos servir a Deus na
plenitude em contato contínuo com ímpios.
Por isto Deus deu Jerusalém para Israel (no Antigo Testamento) e a Igreja para os convertidos
(no Novo Testamento): para que possamos estar
separados do mundo e, deste modo, servindo a Ele dia e noite (lembrando a profetiza Ana - Lc 2.36,37) na vida de
cada um que tem compromisso verdadeiro com Ele (a
saber, na vida de todos quantos Ele chamar).
Por isto é que Deus começa este bloco
dizendo que ia fortalecer Judá (2 tribos do sul)
e salvar a casa de José (10 tribos do norte):
a fim de que, ambos, pudessem voltar juntos da Babilônia (Jr
3.18; 32.37; 37.21) e constituírem sobre si uma só cabeça (Os 1.11).
Note como isto era sinal da compaixão de
Deus na vida deles (vs 6), de modo
que eles pudessem novamente ser ouvidos por Ele, não como um povo qualquer, mas
como Seu povo amado (que não sofre de crise de
rejeição, usando tal hipótese como desculpa para se afundar no pecado).
Logo, não importa se o reino é o do
norte (Assíria) ou o do sul (Egito): Deus enviaria Seus carros e cavalos a fim
voltar a trazer Israel de volta para o lugar que Ele lhes deu (vs 8,10; Is 5.26; Ez 36.11; Zc 6.6-8).
Aparentemente, a ideia de ficar dentro da Babilônia, glorificando a Deus,
parece uma boa ideia. Todavia, repare na expressão “mar de angústia” (vs 11). É exatamente esta a situação de quem está na
Babilônia e quer ser justo: padecerá perseguições (2Tm 2.12)
e irá afligir sua alma justa o dia todo e todos os dias (2Pe
2.7,8).
E o pior é que, infelizmente, a maioria
nem se dá conta disto e, ao invés de tentar nadar para fora deste mar, acaba
aceitando a transformação imposta pelo sistema, passando a ser peixe de água
salgada, de modo que, agora, é incapaz de sair (vs 11).
Não pense que toda água é água. As águas
do Eufrates (Babilônia) e do Nilo (Egito), embora abundantes, não são apropriadas para
o povo eleito do Senhor (que é “peixe de água doce”,
águas brandas – Is 8.6; Tg 3.10-12).
Jamais tente se adaptar à Babilônia. O
período de Israel ali (bem como nas demais terras
pelas quais Deus iria espalhá-los), era apenas um período de
semeadura da Palavra, da Glória e do Poder de Deus (Mq 5.7),
bem como do Seu juízo (Mq 5.8), de modo
que muitos pudessem se arrepender, converter e ser povo Dele (Os 2.23).
Ainda que as águas rujam e se perturbem (Sl 46.3), Deus quer ferir estas águas, de modo que
você sequer venha a ser molhado por estas águas amargosas da angústia (vs 11; Êx 14.16). Considere os teus caminhos (Ag 1.5; Dt 30.1) como fez o filho pródigo (Lc 15.17,18) e reconheça Jesus em todos eles (Pv 3.5,6).
Uma vez que todos os limites da terra se
lembrarão e se converterão ao Senhor (Sl 22.27) e toda
a criação de Deus geme esperando que os filhos de Deus se revelem (Rm 8.19-22), logo nós devemos conservar Jesus nos
nossos pensamentos (isto lembra o que disse Davi
à tribo de Judá – 2Sm 19.11). Como? Lembrando-nos Dele, mesmo indo
parar em lugares remotos, ou seja, vivendo como estrangeiros e peregrinos (1Pe 2.11; Hb 11.9,10), mas sempre na expectativa de
voltar para a promessa maior que Ele nos deu (vs 9; ver
Dt 30.1-3; Hb 11.13-16).
E não apenas voltar, mas também crescer
até preencher todo o território dado por Deus. Note que Deus, não só os faria
voltar do sul (Egito) e do norte (Assíria)
(ver Sl 114.3; Is 11.11,16; Os 11.11), mas disse que
os colocaria no extremo leste (Gileade, que fica além do
Jordão) e norte (Líbano) da terra
prometida e que não haveria lugar bastante para eles (vs 10).
Isto implica que eles teriam que ir rumo aos extremos oeste e sul da terra da
promessa (ver Is 49.20; 54.1-3).
Deus quer fazer de nós, corações
parecidos com os de um valente (não igual, pois o valente é aquele
que acha que pode resolver tudo sozinho, através da força da sua maldade):
capazes de se alegrar na salvação (Sl 13.5; 20.5; 35.9; 40.16;
70.4) e bondade que a presença do Senhor proporciona a nós, mesmo
quando não é possível ver nenhuma possibilidade de vitória (vs 7),
mas confiante que, mesmo que a promessa não se cumpra nos seus dias (ver Hb 11.13,14,39,40; 1Pe 1.12), cumprir-se-á na
vida dos filhos.
Não podemos nos conformar que o cetro do
Egito continue governando a vida das pessoas (Sl
82.4,5; Pv 19.17; 24.11,12; 31.9; Jr 20.13; 21.12; 22.21,22; 23.2).
Deus quer derrubar a soberba da Assíria e retirar o cetro do Egito (vs 11), bem como extinguir por completo toda a força
do inimigo, de modo que esta jamais se levante novamente (Is
43.16,17).
Mas para isto, não podemos nos mostrar
frouxo diante do mar da angústia (vs 11; Pv 24.10).
Antes, pela fé no poder, promessa e amor de Deus, temos que passá-lo (igual Deus fez em Êx 14.16,21). Do contrário, o
diabo continuará imperando, embora já tenha sido expulso (Jo
12.31), despojado, envergonhado (Cl 2.15) e
aniquilado (Is 14.25; Ez 30.13; Hb 2.14,15). O que
para o povo do Antigo Testamento era apenas promessa (1Pe
1.10-12), para nós já é realidade (2Co
6.1,2) (ou pelo menos é para ser. Só
não será se você não quiser).
A questão do amor ao próximo é tão
crucial que Deus promete multiplicar-lhes como fizera quando eles estiveram no
Egito (vs 8; Ez 36.37), justamente para nos
ensinar que o fundamento do Reino dos Céus consiste em Jo 4.14, ou seja, que a
bênção:
1)
Sai de dentro de nós em direção ao próximo, e
não o contrário, como se fosse para nosso deleite egoísta;
2)
Salta em direção à vida eterna. Não é algo para
ser desfrutado apenas neste mundo.
Detalhe: assim como o vinho promove alegria
no coração de quem o bebe, o coração de quem está em Jesus não se alegra em si
mesmo, nem faz força para se alegrar. Antes, é a alegria do Senhor que lhe
enche de força (Ne 8.10):
“Eu os fortalecerei no SENHOR, e andarão no seu
nome, diz o SENHOR” (vs 12).
“Porque todos os povos andarão, cada um em nome
do seu deus; mas nós andaremos no nome do
SENHOR, nosso Deus, eternamente e para sempre.” (Mq 4.5).
ZACARIAS 11 → NÃO IMPORTA QUÃO BONS SEJAM OS GOVERNANTES, NEM O QUANTO DE COISAS BOAS AS PESSOAS POSSAMOS FAZER: ENQUANTO A BABILÔNIA ESTIVER DENTRO DELAS, NUNCA TERÃO PAZ (Is 48.22; 57.19-21)
Vs 1 a 3 →
OS FALSOS PASTORES SÓ DEIXARÃO DE EXISTIR QUANDO O MELHOR DESTE MUNDO FOR SACRIFICADO
DENTRO DE NÓS
Já pensaste no motivo pelo qual Deus
requeria que os animais a serem oferecidos em holocausto fossem sem defeito,
tirado do que havia de melhor? É para que os falsos pastores pudessem “uivar”
de tristeza pelo fim dos bons pastos (ver Is 37.25; Ez 34.18)
e os leões (as pessoas ferozes), bramirem por não
terem mais onde emboscar suas vítimas (vs 3).
Para ser mais exato: a grandeza deste
mundo serve para os ricos esconderem seu verdadeiro caráter e intenções, além
de dar espaço para os falsos pastores escravizarem as ovelhas, sob o pretexto
de que é necessário adquirir o que há de melhor neste mundo para se fazer a
obra de Deus.
Por isto é que Deus ordena ao Líbano que
abra as suas portas para o fogo (vs 1): para
acabar com todo o suor (Gn 3.19)
decorrente do trabalho exagerado em prol de algo que, no final, não servirá de
nada. Deus nunca projetou que um ser humano agregasse em suas mãos mais
recursos do que é capaz de consumir. Como se pode aprender na lição do maná (Êx 16.15-21), a ideia é que cada um colha de acordo
com sua capacidade e confie que a glória e o poder de Deus tocará os demais
corações, conduzindo-os a usar o que Deus colocou em suas mãos para
complementar Sua obra na nossa vida.
Jamais devemos, sozinhos, adquirir todos
os recursos. Lembre-se de que, no tabernáculo, cada pessoa levava uma parte e
depois a colocava no devido lugar (Nm 8.25,26,31,36-38).
É um erro supormos que primeiro devemos adquirir os recursos para depois
servirmos. Não! É no que saímos para servir que as pessoas vêm trazendo,
consigo, os seus recursos.
Hoje Deus, através do Espírito Santo,
nos revela a sabedoria oculta em mistério (1Co 2.7) e os
dons celestiais que vão além da nossa imaginação (1Co
2.9,12), de modo que não consigamos mais ver qualquer serventia nos
bens deste mundo. A ideia é que paremos de correr obstinadamente atrás de tais
coisas (1Pe 4.2-4), como se isto pudesse
servir de “estratégia” para alcançar os perdidos, já que a verdadeira conversão
é promovida pelo Espírito Santo (Jo 16.8), levando
as pessoas a buscarem e pensarem apenas no que é do alto (Mt
10.39; 6.18,19; Cl 3.1,2) e movendo-as, não a simplesmente fazerem
coisas, mas a serem o que A Palavra deseja por meio de tais coisas.
Veja o caso de Judá. Por causa da grande
abundância de cedro que Salomão trouxe do Líbano (2Cr
9.27), o qual ele usou, entre outras coisas, na construção do
templo, Judá passou a ser conhecida como Líbano (compare
Ez 17.2 com Ez 17.12. Veja também Hc 2.17, onde o Líbano é a terra de Judá que
foi atacada pela Babilônia (Hc 1.6)).
Logo, ao dizer ao cipreste para gemer,
estava dizendo às pessoas menos abastadas, cujas casas foram construídas com o
mesmo (vs 2) que, uma vez que as casas dos
poderosos (construídas de cedro – 2Rs 24.15)
caíram, o que dirá da deles.
Assim como os carvalhos sofrem quando
uma densa floresta, repleta de árvores fortes, robustas, é derrubada,
Jerusalém, como uma verdadeira selva de pedra, não serviria de proteção para
ninguém, por mais forte e poderoso que fosse (veja em
Mq 3.12 a comparação entre cidade desolada e floresta derrubada). A
destruição das cidades fortes por Salmanezer era um sinal do mal que espreitava
Jerusalém (Is 36.1).
Entre estes males, estava a destruição
do templo, que era um verdadeiro motivo de glória para os líderes religiosos de
Judá (Jr 7.4).
Mas, espere aí? A mensagem de Zacarias
não era, entre outras coisas, para estimular Zorobabel e Josué a conduzirem o
povo na construção do templo? Que sentido tem, agora, esta profecia (ainda mais considerando as promessas anteriores de bênção (por
exemplo, Zc 8.11-15))? Parece uma contradição.
Todavia, embora a construção do templo
fosse necessária, eles deveriam entender que, o que era importante, não era o
templo em si, mas a lição que se achava escondida nele, bem como a perfeita
unidade que Deus deseja operar neles através de Sua Palavra (note a tristeza dos líderes antigos por não enxergarem a
verdadeira grandeza do templo – Ed 3.12,13).
E o pior é que eles não aprenderam a
lição. Gastaram 46 anos para construírem o novo templo (que
ficou conhecido como templo de Herodes – Jo 2.20), o qual era tão
magnífico que judeus chegavam a se maravilhar (Mc
13.1; Lc 21.5).
Quanto à menção que é feita ao rio
Jordão, o mesmo é um lugar tão bom para se viver que Ló, ao olhar em direção a
ele, decidiu ir em sua direção para habitar (Gn
13.10). Sem contar que a tribo de Rúben, Gade e metade da tribo de
Manassés (Nm 32.1) preferiram habitar nestas
proximidades.
Assim como os filhotes de leões gostam
de bosques verdejantes, as pessoas cruéis gostam de onde há abundante provisão (a raíz do justo produz o seu alimento – Pv 12.12).
Todavia, é justamente isto que dá origem às discussões e divisões (vs 3; Tg 4.1-3). Deus destrói aquilo que há de
especial no Jordão e que faz os que ali moram se ensoberbecerem, a fim de que
não haja divisão no corpo de Cristo (1Co 12.22-25).
Àqueles que têm falta de glória, Deus mais favorece consigo mesmo (ver Mt 5.3; Tg 2.5) para que todos percebam que é
Sua presença que faz toda diferença e para que, os que aparentam ser mais
maiores neste mundo, não desprezem os pequeninos, mas se empenhem em encontrar
lugar para eles.
Vs 4 a 6 →
QUANDO NÃO HÁ COMPAIXÃO, O DESTINO É SER ENTREGUE NAS MÃOS DE CHEFES,
GOVERNANTES E PASTORES CRUÉIS
Quem somos nós para irmos em juízo
contra alguém, ainda mais diante de um homem (1Co
6.1)? Que ser humano é capaz de dizer que somos justos? Mesmo se
houvesse alguém com tal capacidade, apenas Jesus é capaz de nos justificar, ou
seja, não apenas fazer de nós pessoas justas (Rm 8.33),
mas, através do Seu testemunho em nós, influenciar pessoas para a justiça que
vem da fé.
Nós somos salvos pelo testemunho que
Deus dá a nosso respeito; a saber, nos usando (Ap 12.11;
19.10).
Três classes de pessoas são citadas (vs 5):
Os que compram as ovelhas -> nenhum castigo
sofriam quando matavam as ovelhas (Is 47.6). Por não
conseguirem entender os planos do Senhor, as nações achavam que Deus queria
destruir Israel por terem profanado Sua aliança (Mq
4.11,12; 7.8-10) e que, por isto, eles podiam bem fazer o que
desejavam (explorar e até matar), que nada
aconteceria. Não compreendiam que Deus continuava a pastoreá-las e que, tão
somente, mudou de pastor a fim de que eles conhecessem a diferença entre servir
ao Senhor e servir ao ser humano (veja 2Cr 12.7,8);
Os que vendem as ovelhas -> chegavam a
agradecer e louvar a Deus por terem enriquecido com a venda das ovelhas. Muitos
governantes gentios vendiam seus escravos para outras nações, sem qualquer preocupação
com o bem-estar deles. Só pensavam no lucro que teriam;
Os pastores impiedosos -> Eles deveriam
cuidar das ovelhas. No entanto, eles não conseguiam enxerga-las como algo importante.
Como consequência, eles eram incapazes de ter compaixão das ovelhas, a ponto de
favorecê-las. É bem verdade que elas não mereciam. Porém, a vida (que caracteriza Jesus – Jo 14.6) é definida como a
criação de algo, e não a conservação ou utilização do mesmo.
Mesmo sabendo da falta de escrúpulos da
Babilônia em vender os seus escravos a outros povos, sem qualquer preocupação
com o que sucederia a eles, mesmo vendo seus irmãos sendo mortos e sendo usados
como mercadoria nas mãos de pessoas sem caráter, ainda assim tinham coragem de
fazer, dali, seu lar permanente. Não queriam passar o mar da angústia; antes,
estavam gostando do mesmo (Zc 10.11).
Daí Deus dizer: “Certamente, já não
terei piedade dos moradores desta terra, diz o SENHOR; eis, porém, que
entregarei os homens, cada um nas mãos do seu próximo e nas mãos do seu rei;
eles ferirão a terra, e eu não os livrarei das mãos deles” (vs 6).
O quadro exato do que acontece nos dias de hoje. Devido a falta de honestidade
e amor das pessoas, Deus tem entregue empregados nas mãos de chefes cruéis,
população nas mãos de governantes corruptos, cidadãos nas mãos de profissionais
irresponsáveis, indolentes e maus. No final, todos acabavam tecendo juntos o
mal (Mq 7.3).
Por isto Deus não iria livrar ninguém
que morasse na Babilônia (vs 6), nem mesmo
aqueles que alegavam não concordar com as práticas que ali se faziam. Mesmo
porque, quem não é cúmplice, não suporta ficar perto (ver Ap
18.4). Ainda mais considerando que o objetivo não é consertar Babilônia,
mas sair dela (Is 48.20; Jr 50.8; 51.6).
Em outras palavras, o motivo dos ricos
estarem sendo bem sucedidos não é porque Deus estava aprovando-os (como arrogantemente pensavam – Is 37.23-25).
Tampouco Deus estava distante, alheio a tudo. Antes, estava irado com Seu povo
e, para mostrar o quão terrível era o comportamento deles, permitiu que ímpios
insensatos e cruéis tivessem êxito contra eles. Em outras palavras, os ímpios
só conseguem ter sucesso contra o povo de Deus quando Deus está a usá-los como
vara para combater toda rebeldia (Is 37.26; 47.6; Zc 1.15).
Afinal, quando nosso caminho é reto aos
olhos do Senhor, além de Ele fazer com que nossos inimigos tenham paz conosco,
todos os que nos devoram são tidos por culpados (Gn
12.3; Jr 2.3).
Mas afinal, que mal eles estavam
cometendo? A falta de disposição para a compaixão. Uma das razões que eles
alegavam para não usarem de misericórdia é a falta de compaixão dos pastores.
Em outras palavras, eles usavam o mau comportamento das outras pessoas para
defender seus sentimentos e conduta indevidos, além de agradecerem a Deus sempre
que saíam vitoriosos contra o próximo (como se fosse Deus quem os ajudou
em seus maus atos – ver Sl 50.21).
Vs 7 a 9 → É IMPOSSÍVEL IMPEDIR QUE O POVO DO
SENHOR SEJA MORTO PELOS ESTRANGEIROS OU DESTRUA A SI MESMO ENQUANTO A BABILÔNIA
REIVINDICA ESPAÇO NOS CORAÇÕES
Para que Zacarias pudesse entender a
total impossibilidade de conduzir o rebanho do Senhor na terra de Babilônia (bem como o motivo de Deus ter rejeitado os que ali ficassem –
vs 6), é ordenado a ele que tentasse apascentá-lo (vs 4,7).
Ele começa
tomando as duas varas (vs 7) (talvez seja um termo genérico para designar a vara e o cajado
de Sl 23.4) que revelam o modo de Deus velar pela Sua Palavra (ver Jr 1.11,12):
A
Graça (favor), beleza (na
versão KJV) ou suavidade (na versão ARC) ->
O favor entre os irmãos, mesmo quando eles não merecem. Cada um deve buscar apenas de Deus, e isto
para ter o que oferecer aos pobres (aos que não têm como nos
retribuir – Lc 14.12-14 – Ef 4.28) aquilo que eles não têm condições
de fazer, nem por eles mesmos.
A graça age como uma vara, já que ela só é possível ser
manifestada onde o pecado abunda (Rm 5.20). Afinal,
o favor só tem sentido quando o próximo transgride a lei de Deus. O motivo pelo
qual a lei de Deus fazia de um país, uma terra formosa e gloriosa (Dt 4.7; Sl 147.19,20; Dn 8.9; 11.16), não estava
apenas no esmero da mesma em cumprir tais mandamentos, mas principalmente na
capacidade e prazer desta em usar de misericórdia e compaixão, a saber, o
desejo ardente de ser o membro de Deus que permitirá à pessoa ser uma nova
criatura, capaz de algo bom (analise Sl 90.17).
Que sentido tem viver sem ser capaz do bem?
Além disto, a graça exige que acolhamos com mansidão a
palavra em nós enxertada (Tg 1.21) a fim de
que a mesma penetre até o mais íntimo do nosso ser (Hb
4.12), matando nosso ego (Rm 7.7-11) e,
deste modo, permitindo Jesus viver em nós (2Co 4.10,11; Gl 2.20; 3.24)
Sua vida (1Pe 2.21-24).
A postura de determinar quem merece ou não receber (bem como o que é necessário ser feito para merecer) é
oriundo da Babilônia. Ela assim estabelece porque, sem Jesus, não existe
garantia de que alguém irá cumprir com seu dever. Ninguém confia em ninguém,
cada um se espanta com o seu próximo (Ez 4.17).
Que fique claro: não se trata da pessoa ir para as
babilônias por aí espalhadas e criar raízes nelas com a desculpa que é
“estratégia” para alcançar os perdidos. Repare como a Água Viva, que saía do
trono da graça, é que ia tornando saudáveis as águas por onde passava (Ez 47.1,8-10). Contudo, o trono, ficava no meio da
praça da cidade santa (Ap 22.1,2), ou
seja, no lugar santo do lugar santo (na santidade da santidade,
ou seja, no lugar santíssimo).
Nosso coração, como o trono de Deus, jamais deve sair do Santo
dos Santos. Pode estar certo de que é impossível alguém ser santificado só
porque entrou em contato com nossa carne (Ag 2.12). Pelo
contrário: nós é que acabamos contaminados com a impureza dos maus (daí ser ordenado o isolamento das pessoas imundas – Lv
13.45,46; 15.2-12; Nm 5.2-4). Apenas Jesus pode tocar até mesmo na
saliva de um leproso e, além de não ser contaminado, promover purificação (Mt 8.2,3). Tanto é assim que nos ordenado adorar na
beleza da Sua santidade (Sl 27.4; 29.2; 2Cr 20.21).
A
União -> conservar a irmandade, não só entre Israel e Judá, mas entre os
israelitas. Basta lembrar que seremos reconhecidos como discípulos de Jesus
quando tivermos amor uns aos outros (Jo 13.34,35), tal
como Jesus nos amou, a ponto de dar Sua vida por nós (Jo 15.12,13;
1Jo 3.16). A união é caracterizada pelo princípio das 7 unidades (Ef 4.4-6), as quais agem como cajado, trazendo todos
para junto uns dos outros na Palavra.
No que Zacarias tenta pastorear o povo
de Israel que residia na Babilônia, ele sente o peso da impossibilidade. Ele é
obrigado a se desfazer dos três pastores que estavam no comando, no período de
um mês (vs 8) e o pior: ainda tem que
enfrentar a insatisfação das ovelhas. Embora seu desejo era impedir que as
ovelhas destinadas à matança morressem ou fossem destruídas, infelizmente elas
tinham se acostumado tanto à situação, que estavam achando uma chatice o
cuidado zeloso e amoroso de Zacarias (tal como, hoje, os filhos
acham que o cuidado dos pais é autoritarismo). Basta pensar que,
assim como na época de Oséias, eles haviam gerado filhos estranhos em virtude
de casarem com adoradores de deuses pagãos (Os 5.7), tal prática
ainda continuava em voga (ver Ed 9.1-4; Ne 13.23-25;
Ml 2.11).
Por fim, ele desiste e diz: “não vos
apascentarei; o que quer morrer, morra, o que quer ser destruído, seja, e os
que restarem, coma cada um a carne do seu próximo.” (vs 9;
Jr 15.2; 43.11).
A verdade é que, quando a sentença de
Deus é estabelecida sobre alguém, não há como mudar isto (ver 1Sm
16.1; 2Cr 25.16; 1Jo 5.16,17). Uma vez que as ovelhas estavam
condenadas à matança, era inútil tentar algo por elas. Embora o povo estivesse
sendo oprimido pelos governantes (vs 5), ele não
era inocente. Note como, mesmo tentando mudar os líderes (vs 8),
ainda assim o povo continuava ingrato e mau (vs 8).
Por isto é que Deus dá Seu reino aos pobres (Sf
3.12; Mt 5.3; 11.5; Hb 2.5), pois apenas eles são capazes de
entender que precisam:
Receber de Deus, visto que nada há de bom em si
mesmos que possam fazer ou dar;
Dar às pessoas o que receberam de Deus (já que ninguém, de si mesmo, têm algo de bom para nos oferecer).
Vs 10 a 13 → ENQUANTO ESTÃO NA BABILÔNIA, NEM
MESMO OS SERVOS MAIS FIÉIS DO CRIADOR CONSEQUEM ENXERGAR O REAL VALOR DE CRISTO,
DE SUAS PALAVRAS E SEUS EMBAIXADORES (ver 2Co 5.18-20)
Note
que, nem mesmo os pobres do rebanho, que respeitavam e aguardavam o profeta (vs 11) (e a quem pertencia o Reino
dos Céus – ver Mt 5.3; Tg 2.5), conseguiam enxergar o real valor das
coisas espirituais. E olha que eles reconheciam que se tratava da Palavra do
Senhor (vs 11).
A verdade, contudo, é que, na
Babilônia, o que tem valor é o dinheiro. O máximo que eles se dispuseram a
ofertar na vida da profeta foi o equivalente à compensação paga ao dono do
escravo quando este era escorneado por um boi (Êx
21.32). O detalhe é que, quando era alguém livre que era escorneado
pelo boi, seu dono deveria ser apedrejado ou dar por resgate tudo que lhe fosse
imposto (Êx 21.29,30 – caso este soubesse que o boi era
escorneador).
Eles não conseguiam enxergar o valor da
Palavra de Deus e, obviamente, a importância de valorizar aqueles que eram por
Ele usados para comunicá-la. Muito menos percebiam que, na verdade, eles
estavam avaliando o próprio Deus (vs 13).
Diante deste quadro, a quebra das duas
varas era indispensável:
Ø No
que a vara do Favor (Graça) foi
quebrada, a aliança que Deus fizera com todos os povos foi anulada. Isto nos
ensina que é impossível ser misericordioso e compassivo enquanto dentro da
Babilônia, independente do tipo de pessoa;
Ø No
que a vara União foi quebrada, acabou-se a irmandade entre Judá e Israel. Daqui
aprendemos que, mesmo entre pessoas que creem em Jesus, é impossível haver
irmandade dentro da Babilônia.
No que Deus quebrou Sua vara Graça (beleza, suavidade), acabou com aquilo que distinguia
Israel dos demais povos, a saber, Sua Palavra e presença Viva (Dt 4.7,8). É claro que a aliança que Deus fizera foi
apenas com Israel (já que Deus não tinha feito
aliança com nenhuma outra nação). Entretanto, é lógico que isto
afetou as demais nações (vs 10), já que
Israel sempre foi para ser a referência de quem é Deus (ver Is
2.2,3).
Apenas o povo humilde e pobre que Deus
permitiu ficar para confiar no nome do Senhor (Sf
3.11,12) é que serão capazes de enxergar o rompimento da aliança
como Palavra do Senhor (vs 11). Apenas o
servo de Deus verdadeiro tem bons olhos (Mt 6.22,23) para
enxergar as grandezas espirituais que estão acima de qualquer circunstância (Lc 21.25-28; 1Co 2.9; Ef 3.20), prontas para virem a
existir, tão logo Deus manifeste Sua Palavra.
Quanto ao ato de arrojar (lançar com ímpeto ou força) as moedas na casa do
Senhor (vs 13), é bom lembrar que o templo não
estava construído (inclusive, as profecias de
Ageu e Zacarias tinham como uma das finalidades, a construção do templo).
Apenas haviam sido lançados os seus alicerces (Ed
3.10). Logo, este dinheiro deveria ser usado como estímulo para que
o oleiro pudesse fazer algum artefato que fosse útil na edificação do templo (vs 13).
É bom lembrar que Zacarias estava se
dirigindo aos israelitas na Babilônia, mas, no que Deus mandou ele arrojar as
30 moedas de prata ao oleiro (vs 13), ele vai
até Jerusalém para fazer isto. Talvez tenha sido nesta ocasião que Heldai,
Tobias e Jedaías vieram de Babilônia (Zc 6.10).
Aqui é importante considerarmos a
profecia de Mt 27.9,10. Por que esta profecia é atribuída a Jeremias? Porque
Zacarias é usado apenas para mencionar o contraste entre a forma dos mais
pobres do rebanho avaliar a Deus e às Suas Palavras e o modo dos líderes
religiosos avaliarem a presença viva de Deus no meio deles em Jesus.
Os mais pobres do rebanho, mesmo em
meio à miséria espiritual (Zc 10.2,3 – por causa da
hipocrisia dos líderes religiosos, não conseguiam ver a verdadeira riqueza –
ver 1Co 2.9,12; Ef 3.19,20) e física, deram tudo de si a fim de que
Zacarias (representando o Messias) pudesse ser
avaliado como merecia (tal como se vê na viúva de
Mc 12.44). Daí Deus dizer que esse preço em que foi avaliado era
magnífico (Zc 11.13, embora também revelava a ignorância
deles em achar que algo deste mundo pudesse pagar tudo que Jesus é e fez por
nós, bem como expressar o real valor da Sua Palavra). E o fato de
Deus mandar arrojar ao oleiro na casa de Deus (que, no
caso, eram justamente estes pobres do rebanho que o respeitavam),
era para que eles vissem que sua oferta foi aceita e seria usada por Deus na
construção do templo.
Em contrapartida, os líderes religiosos
na época de Jesus usaram o dinheiro que receberam de volta de Judas para destruir
o verdadeiro templo de Deus: Seu corpo (Jo 2.19,21).
Contudo, é Jeremias que mostra a
profundidade de todo este acontecimento. Ao ser enviado ao oleiro, ele vê um
vaso (que simbolizava Israel) sendo moldado,
se quebrando diante dele e sendo refeito conforme bem pareceu aos olhos do
oleiro (Jr 18.4). E ao oleiro pareceu bem
fazer uma botija (Jr 19.1) para ser quebrada (Jr 19.11). Deus tirou o povo do Egito, semeando-o de
semente boa (Sua Palavra), mas como esta semente se
degenerou dando uvas bravas (Is 5.1-4), Ele
agora estava refazendo Israel como vaso de ira preparado justamente para ser
destruído (Rm 9.21-23).
A botija foi quebrada (Jr 19.11), assim como o corpo de Cristo foi (Is 53.4,5), bem como a vara chamada Graça (que era Ele próprio – Zc 11.10) a fim de mostrar que
a aliança que Ele tinha feito com todos os povos por meio de Israel no Antigo
Testamento estava desfeita. Agora, uma Nova Aliança (nos
corações de cada um – Jr 32.38-40) entraria em vigor.
Depois, pela Palavra do Senhor,
Jeremias compra o campo de Hanameel, filho de seu tio, para mostrar que, assim
como Jerusalém seria destruída para receber nova vida (Jr
32.43,44), a morte e ressurreição de Jesus seria vida dentre os
mortos (Rm 11.15; 2Co 5.17). Lembre-se que, o
que semeamos, não pode nascer se primeiro não morrer (1Co
15.36).
Além disto, a compra do campo também
lembrava que, assim como Deus iria congregar os dispersos de Israel em sua
própria terra (Jr 32.37), Deus iria reunir no corpo
de Jesus, os filhos Dele que andavam e andam dispersos pelo mundo inteiro (Jo 11.51,52).
Detalhe: Jeremias compra o campo na
qualidade de parente remidor (Lv 25.26), ou
seja, como aquele que foi eleito para zelar da herdade de seu parente próximo,
até que este pudesse comprar a propriedade de volta. Se esta fosse vendida a
estranhos, eles poderiam deixar a mesma completamente abandonada, seja por
vingança ou por maldade (por não querer investir naquilo
que não lhes traria retorno).
Infelizmente, a maldade no coração das
pessoas é tão grande que, sob a desculpa que a pessoa é má, tentam sugar dela
toda possibilidade de ser boa com as pessoas próximas a ela. Ora, ninguém é
capaz de amar a todos. Daí a necessidade de outras pessoas para amar os demais,
de modo que ninguém fique sem ser atraído por Deus (Os
11.4). Não querem perceber que a bênção na mão de alguém era uma
oportunidade que Deus estava dando para deixar sua bondade e misericórdia
trabalhar Seu coração salvando-o (Rm 9.15).
Vs 14 a 17 → ZACARIAS MOSTRA COMO O PASTOR
ACABA SE TORNANDO INSENSATO EM VIRTUDE DA PERMANÊNCIA NA BABILÔNIA
Agora Zacarias é instruído a tomar os
utensílios de um pastor insensato (vs 15) a fim de
alertar aqueles que insistiam em continuar na Babilônia, acerca da vinda de um
pastor insensato (ver At 20.29,30). Embora seja
mencionado pelo sistema religioso apenas um anticristo, entretanto, muitos
anticristos surgiriam (1Jo 2.18) a fim
de preparar o caminho para o maior dos anticristos.
Isto
comprova que o único tipo de instrutor de ovelhas que é possível encontrar
dentro da Babilônia é aquele que (vs 16):
não cuidará das que estão perecendo;
não buscará a desgarrada;
não curará a que foi ferida;
não apascentará a sã;
comerá a carne das gordas e lhes arrancará até
as unhas;
abandonará o rebanho.
Não tem como ser diferente, já que, uma
vez dentro da Babilônia, somos obrigados a nos envolver com ela. Considerando
que, pro sistema, honestidade, verdade, justiça e bondade são condutas
indevidas, a tendência da pessoa é ficar com o braço completamente seco e com
seu olho direito, totalmente escurecido, em virtude da operação da Palavra de
Deus.
Entendendo que a Palavra de Deus é
espada de dois gumes (Hb 4.12), muitos
não suportam a ferida feita por ela e, ao invés de esperar pela cura (ver Jó 5.18), acabam se afastando e o pior: se
conformando com o braço e o olho danificados.
Considerando a ordem dada a Zacarias,
logo quem aceitasse o chamado de Deus para ser pastor das Suas ovelhas na
Babilônia, insistindo em permanecer nela e em instruir as ovelhas acerca da
melhor forma de serem bem sucedidas dentro dela (tentando
achar suas vidas ali – Mt 10.39), acabaria ficando com seu senso de
visão e ação abalados. E a rigor, as ovelhas continuariam se sentindo sozinhas (vs 16) e exploradas (vs 17),
já que:
Ele não se preocuparia com o bem do rebanho (vs 16);
Ele maltrataria o povo para seu próprio
benefício (vs 16);
Ele abandonaria o rebanho (vs 17);
Com a quebra da vara chamada união,
torna-se impossível a existência do bom pastor, já que é o princípio das 7
unidades (Ef 4.3-6) a verdadeira razão de ser da
Igreja. Infelizmente as pessoas têm usado a teologia da prosperidade, os
rituais religiosos, louvores, etc., para manter as pessoas distraídas do que
realmente é importante: a perfeita unidade (Mt 18.18-20; Jo 17.11,21-23).
Abstraídas em meio a louvores e
pregações psicológicas de autoajuda, todos mantém uma unidade hipócrita e o
pior: ainda acham que VIVEM a comunhão do Sl 133.1. Não podemos ignorar a fé
errada da pessoa. Muitos distorcem 1Sm 16.7 dizendo que Deus vê apenas o
coração. Se sinceridade bastasse, então os muçulmanos e muitos outros grupos
religiosos já estão salvos, pois eles creem veementemente que estão servindo a
Deus. São pessoas sinceras (sinceramente enganadas),
mas condenados à morte eterna.
O que torna uma pessoa completamente
diferente de quem ela realmente é, não é aquilo que se fala a respeito dela? De
igual modo, quando se coleciona uma série de conceitos e valores errados a
respeito de Deus, não se está servindo ao Deus da bíblia, mas ao deus que foi
inventado. E se nossos braços não se dispuserem a proteger o rebanho de ferir e
enganar a si mesmo, e nossos olhos não tiverem piedade dos mais fracos (Dt 15.9), estão se secarão. Não podemos ter medo de
magoar o rebanho do Senhor com a verdade e, deste modo, fugir da
responsabilidade de ajudá-las a serem livres de colher o mal que estão
semeando. Não podemos deixar os lobos devorarem tudo que Deus colocou de bom
nelas (Jo 10.12,13).
Detalhe: olho seco representava
vergonha para si mesmo (ver 1Sm 11.2), se
conformar em ser incapaz de enxergar uma forma de ser bom para com o irmão. Não
podemos, como hipócritas, tentar arrumar uma justificativa (muito
menos na Escritura Sagrada) para algo que sabemos estar errado. O
objetivo da obra de Deus não é apascentar a si mesmo (obtendo
o sustento das ovelhas para si – Ez 34.1-4), já que nosso sustento
vem de Deus (Mt 6.26,27,33; Fp 4.19). Aliás, Jesus
morreu na cruz para que, através do perdão com Deus (2Co
5.18-20), não precisássemos mais nos preocupar com nossa manutenção,
mas fôssemos livres para amar (unir em vida – o contrário
de Jr 23.1).
ZACARIAS 12 → O FIM DA UNIÃO FAZ DE JESURALÉM, O CÁLICE DO JULGAMENTO PARA OS POVOS (Ap 17.4; 18.3)
Vs 1 a 4 →
JERUSALÉM SERIA TAÇA DE JULGAMENTO E PEDRA DE PESO PARA TODOS POVOS. APENAS
QUEM FOSSE DE JUDÁ (SEM CEDER AO PECADO) É QUE SERIA CAPAZ DE VER TUDO
CORRETAMENTE.
A multidão de inimigos que detestavam (e ainda detestam) Israel era muito grande, o que
desanimava muitos de saírem de Babilônia e voltarem para Jerusalém. Em resposta
a isto, Deus promete fazer de Jerusalém Seu cálice para punir as nações (vs 2). Todos os que pensassem em derramar o sangue
de Jerusalém iriam ficar louco pelo desejo contínuo de ver pessoas morrendo (vs 2).
A verdade é que, quando alguém assume o
assassinato como uma forma de resolver conflitos, acaba se tornando escravo
deste tipo de comportamento (sempre respirará ameaças de
morte (como Saulo – At 9.1), bastando ter alguém que lhe dê motivo para isto),
bem como do medo da retaliação, o que resulta em mais desejo de matar.
Note que, embora sejam as nações que
irão se ajuntar contra Jerusalém (vs 3) e cercá-la (vs 2), elas mesmas é que irão se enlouquecer (até seus cavalos serão feridos de espanto e cegueira – vs 4).
Sobre Judá, contudo, Deus abrirá Seus olhos (vs 4),
de modo que eles poderão enxergar tudo do jeito que Deus vê (o que significa ser luz do mundo – ajunte Mt 6.22,23 com Mt
5.14-16). Considerando que Ele estendeu o céu (sabe
tudo que nele há), fundou a terra (sabe em
que tudo se baseia – ver Hb 1.3) (Is 42.5; 43.1; 44.24; 65.17,18) e
formou o espírito do homem (sabe quem realmente é cada
um e para que cada um foi feito - vs 1) (Nm 16.22; Ec 12.7; Is 57.16; Hb 12.9),
logo, quando Deus abre os olhos sobre nós, passamos a enxergar tudo do jeito
que realmente é.
Quantas são as pessoas que brigam por
conta de pequenas coisas. Já pensou que a briga nada mais é do que a busca de
argumentos para denegrir a imagem do outro e prejudicá-lo? Qual o significado
de uma vida como esta? Isto significa não enxergar de que Espírito é (Lc 9.55,56). Além disto, se Deus elegeu algumas
pessoas para fazer o mal, é porque a hora do julgamento é chegada, sendo papel
da Igreja preparar as pessoas para a vinda de Cristo (e não
para reivindicar seus direitos).
Por causa da quebra da vara chamada
União, até Judá iria se voltar contra Jerusalém (vs 2),
passando a ser condenada a beber do cálice de atordoamento. Mas por que isto
acontece? O primeiro a provar do cálice do atordoamento foi Jerusalém (Is 51.17,22,23; Jr 13.13). Agora, qualquer um que se
envolve com ela, passa a cambalear.
O princípio é simples: assim como o
contato com a abominação torna a pessoa abominável (Dt
7.25,26), o contato com o ídolo torna a pessoa tão sem vida quanto
eles (Sl 115.4-8; 135.15-18), o salário de
prostituta acaba voltando para a prostituição (Mq 1.7),
o andar contínuo do leãozinho no meio dos leões faz dele um leão (Ez 19.5,6), assim o envolvimento com o perverso nos torna
tão maus quanto ele (Pv 22.24,25) e
nos torna passíveis da mesma condenação (Ap 18.4). Daí a
exortação de Deus (Sl 1.1; Is 52.11; 2Co
6.14-18).
Em outras palavras, no que Jerusalém se
encheu da condenação do Senhor por causa dos seus pecados (principalmente
os de Manassés (2Rs 23.26; 24.3), ela se tornou uma verdadeira pedra
de tropeço para todos os povos em redor, inclusive para Judá (vs 12). E, em virtude da corrupção moral e
espiritual, acabou fazendo de Cristo uma pedra de tropeço para o mundo inteiro (ver Mt 21.44), já que até às malignas eles ensinaram
os maus feitos deles (Jr 2.33; 23.15).
A verdade é que, quem não se envolve com
Jerusalém para ajudá-la a glorificar a Deus, acaba ficando mais alheio à
realidade do que os servos do diabo.
Repare a ênfase da expressão “naquele
dia” nos capítulos 12 a 14 (Zc 12.4,6,8,9,11; 13.1;
14.4,6,8,9,13). Este dia está se referindo ao dia em que Jerusalém
será sitiada. A expressão “aquele” é usada para indicar que se tratava de um
dia bem distante (que se cumpriu parcialmente em 70 D.C. e está
chegando o dia em que tudo se cumprirá cabalmente).
Trata-se do dia em que Jerusalém seria
cercada de todos os lados por todas as nações (vs 3;
Mt 24.15-21). O curioso nesta passagem (Ap 18)
é que, no início, todos se alegram com a nação de Israel (e, em
particular, Jerusalém) por ver nela um meio de comércio altamente
lucrativo (Ap 18.9-14). Tanto que ela se
considera assentada como rainha. Sua confiança nos povos é tal que ela acha que
nenhum mal viria, já que todos se disporiam a ajudá-la (Ap
18.7). Entretanto, a sede de poder cega de tal modo a elite global
que eles se esquecem do quão rentável ela era e acabam destruindo-a no fogo (Ez 38.4; Ap 17.16) e saqueando todos os seus
tesouros. Se esqueceram que o que gera riquezas são pessoas, principalmente
quando movidas por uma fé cega. Os tesouros, por si mesmo, não produzem nada
útil. Aliás, prata, ouro e pedras preciosas só são de utilidade quando
trabalhadas pelo ser humano.
A parte boa desta promessa era que Deus
iria abrir Seus olhos sobre a casa de Judá (vs 4). Enquanto
que os gentios que não se arrependessem e convertessem seriam feridos de
loucura e seus animais de guerra (cavalos), de
cegueira e espanto (vs 4), Judá seria
capaz de enxergar tudo do modo correto. Mais uma razão para eles saírem da
Babilônia e irem para Jerusalém, ainda que, por algum tempo, houvesse luta e
perseguição.
Resumindo: é melhor sem perseguido em
Jerusalém, mas sem perder a capacidade de enxergar tudo corretamente, do que
permanecer no império mais magnífico do mundo, mas cego de ódio por tudo aquilo
que é bom, justo e correto.
Vs 5 a 6 →
A PARTIR DO MOMENTO QUE OS CHEFES DE JUDÁ VIREM A FORÇA DO SENHOR NA VIDA DOS
HABITANTES DE JERUSALÉM, ELES SE TORNAM UM BRASEIRO ARDENTE NA VIDA DOS ÍMPIOS (ver Sl 1.4; Ml 4.3)
Quando os chefes de Judá virem Deus
protegendo Jerusalém de modo sobrenatural, eles perceberão que sua verdadeira
força vem de Jerusalém (vs 5). Isto
porque, aqueles que odiavam Judá, também odiavam Jerusalém e pior: odiavam o
próprio Deus e Sua Palavra.
Não que esta cidade, em si, seja alguma
coisa. Contudo, a partir do momento que Deus determina o lugar onde Ele nos
deseja, este lugar passa a ser especial, bem como as pessoas que nele
permanecem (desde, é claro, que estejam andando em Espírito –
Gl 5.25). Não adianta querer fazer a vontade de Deus no lugar
errado, nem ficar no lugar certo, mas fazendo a coisa errada. Lembre-se que é a
presença de Deus que traz salvação.
O motivo de Deus salvar Jerusalém não é
porque eles mereciam, mas sim por amor do nome Dele (Ez
20.9,14,22,44; 36.21,32). No que os inimigos queriam destruir Jerusalém,
estavam desafiando o próprio Deus e Sua Palavra. Como Deus zela pelo nome Dele (a fim de que o justo não venha a confundi-lo com falsos deuses),
logo, no que Deus agisse em favor de Sua Palavra, Ele estaria, automaticamente,
defendendo Jerusalém (já que Seu nome estava nela
– Jr 25.29).
Para ser mais claro: como o ódio é como
erva daninha que se alastra, quem tinha ódio de Judá, também acabava nutrindo
ódio por Jerusalém e pelo próprio Deus em pessoa. No que Deus defendia Sua
Palavra, Seu nome e Sua vontade (ver Jó 42.2),
automaticamente estava defendendo Judá também.
Inclusive, repare na profecia de Daniel (Dn 7.8; 8.9), que o chifre pequeno que surgiu de um
dos 4 chifres da besta, cresceu em direção à terra gloriosa. Ou seja, dominar o
mundo não bastava. Era preciso também insultar o próprio Jesus em pessoa (ver Dn 7.11; 8.10-12). O anticristo serve para nos
mostrar a verdade acerca do ódio que cada pessoa alimenta no seu coração, a
saber, que a verdadeira revolta dela não é contra as pessoas que lhe opõem (ou contra as circunstâncias), mas sim contra o
próprio Deus e Sua Palavra (Tg 4.11,12). A
verdade é que, para o ímpio, não há descanso enquanto ele não subir até as mais
altas nuvens (Is 14.12-14) e se tornar como Deus (Gn 3.5), controlando céus e terra (2Ts 2.4).
Quando os chefes de Judá entenderem tudo
isto, eles estarão aceitando a Palavra de Deus em suas vidas. Como esta palavra
é como fogo (Jr 23.29), este tomará conta da pessoa
(como se deu com a sarça ardente de Êx 3.2), fazendo
dela um braseiro ardente (Ob 18) ambulante
que consome toda obra maligna (1Co 3.12-15), bem
como toda língua que ousa contra o justo juízo de Deus (Is
54.17).
É importante notar que, embora os chefes
de Judá fossem como um pequeno braseiro ardente, eles seriam capazes de
consumir todos os povos em redor (vs 6), já que não
era pela força ou violência que eles iriam vencer (Zc 4.6),
mas pelo poder do bastão que fumega, sem nunca se apagar (Is
42.3).
Observe, contudo, que o objetivo da
Palavra em usar os chefes de Judá como brasa viva (ver Pv
25.21,22; Rm 12.19-21) é para fazer Jerusalém ser habitada no seu
lugar próprio (vs 6). Mais uma confirmação de como e
onde Deus queria usar Seus servos.
Detalhe: Zc 12-14, bem como Is 29.1-24 e
Jl 3.1-21 descrevem características do exército do anticristo.
Vs 7 a 9 →
A FORÇA SOBRENATURAL DE DEUS FAZ JERUSALÉM CRESCER EM FORÇA, MAS SALVA JUDÁ
PRIMEIRO PARA QUE SUA GLÓRIA SE IGUALE À DE JERUSALÉM E DAVI
Deus prossegue em, não só proteger os
habitantes de Jerusalém, mas fortalecê-los de tal modo que até mesmo o mais
fraco dentre eles seja tão vitorioso quanto Davi (que
nunca perdeu uma batalha por sempre consultar o Senhor – vs 8) e a
casa de Davi seja um comunicador tão perfeito da mensagem de Deus que, aos
olhos de todos, sejá como se fosse o próprio Deus (ver Êx
7.1).
Que fique claro: a forma de Deus
destruir todas as nações que vêm contra Jerusalém (vs 9)
é através do sopro (2Ts 2.8) e da
Palavra da Sua boca (Ap 2.16; 19.21).
Ou seja, o fortalecimento a que se refere aqui não se trata de poderio militar (ver Dn 12.7), mas pelo poder da Sua face (ver Êx 33.20; Nm 6.25; Sl 31.16; 67.1; 80.3,7,19),
capaz de emudecer (Mt 22.12) e constranger
(2Co 5.14) qualquer um (note em
Zc 12.3 que todos serão esmagados pela pedra angular que Deus pôs em Jerusalém
– Rm 9.33; 1Pe 2.6; Is 28.6).
Inclusive, note a importância da glória
no vs 7. Ou seja, o respeito que Deus esperava para Judá e Jerusalém não era
pelo seu poderio militar, nem pela sua sabedoria ou qualquer outro bem
material. Deus queria que eles fossem respeitados por aquilo que Ele era na
vida deles (tal como se vê em Os 13.1).
Entretanto, Deus nunca deseja que haja divisão no corpo de Cristo (1Co 12.23-25) e, por isto, concedeu mais honra a
Judá (vs 7), salvando-o primeiro. Ao usar o
mais fraco para ajudar o mais forte, a ideia é que ninguém se glorie (nem seja gloriado), mas todos vejam com clareza a
origem da verdadeira força (Ef 2.8,9; 1Co 1.26-29; 2Co
4.7).
Inclusive, note como Deus se propõe a
salvar as tendas de Judá (e não as cidades
fortificadas – vs 7), justamente para que toda glória humana fosse
colocada de lado e eles dependessem apenas do Senhor como seu salvador. Além
disto, no que os moradores de Judá reconheceram sua dependência de Jerusalém e,
principalmente do próprio Deus, eles passaram a ter condição de serem os
primeiros a serem abençoados, já que isto significava que, quando eles fossem
abençoados, eles não se esqueceriam de seus irmãos.
A ideia é que as pessoas percebessem o
valor que Judá tinha para Deus e se apegasse a ele por gratidão e amor, tal
como os filhos devem se apegar aos pais. Em outras palavras, os mais fortes
deveriam ter uma dívida de amor para com os mais fracos (Rm 13.8),
de modo que jamais pensassem em se separar deles, achando que podiam tudo por
si mesmos.
A mensagem é que, alguém só está em
condições de ser abençoado quando percebe que sua bênção não lhe é dada para
uso egoísta, mas para ter com o quê acudir o pobre e necessitado (Pv 3.27; Ef 4.28).
O uso da expressão:
Ser como Davi deve-se ao fato de Davi ser
considerado pelos israelitas um referencial de força e poder terrenos (2Sa 17:8; 18:3;
Joe 3:10);
Ser como Deus lembra Moisés diante de faraó (Êx 7.1);
Ser como o anjo do Senhor que ia adiante deles
lembra o que Deus fez com Israel quando este saía do Egito (Êx
13.21; 23.20; 32.34; 33.2);
Urge salientar também que, o fato de
Deus destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém, de modo algum
implica que Jerusalém não será destruída (Zc 14.2). Ela
será destruída e apenas a 3ª parte dos israelitas restarão (Zc
13.8,9), um remanescente (Rm 9.27).
Vs 10 a 14 →
HABITANTES DE JERUSALÉM TERÃO CORAÇÃO CONTRITO E QUEBRANTADO, EMBORA O
ISOLAMENTO AINDA CONTINUE
Aqui é possível ver o quanto esta
questão do isolamento é coisa séria! Note como, nem nos momentos de dor, eles
eram capazes de se unir. Nem mesmo com aquela que era uma só carne com eles (Gn 2.24). Quer seja a família real (vs 12 – seu representante maior (Davi) e seu representante
menor (Natã)), a sacerdotal (vs 13 – seu representante
maior (Levi) e seu representante menor (Simei)), ou as demais
famílias (vs 14), todos pranteiam separados uns
dos outros e das esposas.
É curioso isto! Mesmo recebendo o
Espírito de Graça e de súplicas (vs 10), mesmo
olhando para o Messias a quem eles transpassaram, ainda assim são incapazes da
unidade (Jr 31.9; 50.4; Sl 126.5,6). O Espírito
de Graça os leva a favorecerem uns aos outros e a se entristecerem
profundamente (vs 11) pelo erro cometido de matar o
Messias. E a inclinação por súplicas os leva a intercederem uns pelos outros,
se importando com o bem-estar deles.
A casa de Davi e os habitantes de
Jerusalém, conseguem transmitir o espírito de graça e de súplicas que receberam
(vs 10), mas não conseguem a verdadeira unidade, nem
mesmo olhando para o Amor que transpassaram. Mesmo enxergando o próprio erro,
mesmo vendo o amor ao próximo que agrada ao Criador (Mt
22.39), ainda assim conservam separação entre as diferentes classes
sociais.
Sendo assim, o que eles, de fato,
estavam lamentando (Mt 24.30)? E como
eles lamentam (considere que, naquela época, não ter filhos era
sinal de humilhação e maldição (1Sm 1.11; Jr 6.26; 8.10; Lc 1.25))!
Tanto, que este pranto lembrava o quanto eles lamentaram a morte de Josias, o
melhor rei que Israel teve (2 Rs 23.29,30; 2Cr 35.22-27).
Contudo, ao invés de considerarem Jesus
como alguém que foi gerado dentro deles (Gl 4.19), o que
havia era remorso pela perda dos privilégios que receberam como povo eleito do
Senhor (vs 10).
Com isto podemos aprender que não basta
o Espírito de Graça e Súplicas para fazer o povo ser verdadeiramente unido. A
verdade é que, se a pessoa não nascer de novo, mesmo recebendo o derramamento
do Espírito Santo, ainda assim não será capaz do que realmente glorifica a
Deus: o amor uns aos outros (Jo 13.34,35; 15.12,13).
Detalhe: o fato de Deus conceder Seu
Espírito Santo implicava em Ele não esconder mais Sua face deles (Ez 39.29), mas falar-lhes através de profecias,
sonhos e visões (Jl 2.28).
É bem verdade que a verdadeira conversão
não vem do medo da punição, mas de uma contemplação de Jesus crucificado (daí Paulo, ao citar a conversão dos Gálatas, enfatizar que eles
viram Jesus crucificado, embora nenhum deles estivesse presente no momento da
crucificação – Gl 3.1). Contudo, isto só não basta para regenerar o
pecador.
Para ilustrar isto, veja como:
Mesmo Saul sendo visitado pelo Espírito Santo e
profetizando, ainda assim não desistiu de matar Davi (1Sm
19.22-24);
Mesmo Judas sendo usado pelo Espírito Santo para
curar enfermos e expulsar demônios, ainda assim traiu Jesus (Mt 10.1; Lc 10.17,19);
Embora muitas pessoas tivessem sido curadas pelo
Espírito Santo, ainda assim tiveram a coragem de pedir Sua crucificação.
Vem a questão: mas, como explicar Jer 31:9, 31-34,
onde mostra a transformação de coração que ocorrerá na vida dos israelitas? A
resposta está na expressão “depois
daqueles dias” (Jr 31.33), ou seja, não é no momento
que Jesus vem, mas após o julgamento dos bodes e ovelhas (Mt
25.33-46), quando o milênio tem início. Inclusive, a fonte aberta
para purificação em Zc 13.1 comprova que a purificação acontece depois do
pranto.
Detalhe: muitos alegam que, aqueles a
quem transpassaram, refere-se literalmente aos que estiveram presentes durante
o episódio (Jo 19.34,37; Ap 1.7). Contudo, por
aqui vê-se que está se referindo aos israelitas que estiverem vivos por ocasião
da 2ª vinda de Jesus. A razão da ênfase na expressão “a quem transpassaram” é
em virtude do fato de que todos verão Jesus, não apenas como um ser divino, mas
também como homem.
Ou seja, à expressão “até os mesmos que
os transpassaram”, refere-se aos israelitas (como se
vê no vs 10). A razão desta ênfase deve-se ao fato de que muitos
gentios poderiam acham que nenhum israelita veria novamente Jesus, em virtude
do que fizeram com ele.
Todavia, Jesus se mostra até mesmo
àqueles que o traíram, maltrataram, etc. Isto, somado com (Jó
1.6-12; 2.2-7), nos mostra que Deus não se esconde de ninguém. Nós é
que nos escondemos Dele (Jo 5.40; Hb 12.15).
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