quinta-feira, 11 de abril de 2013

39 - Estudo do Livro de Zacarias - Parte 3



ZACARIAS 10 NÃO ADIANTA SER VENCEDOR NA BABILÔNIA. MUITO MENOS NADANDO NUM MAR QUE SÓ TRAZ ANGÚSTIA A TODOS

Vs 1 a 5 AO INVÉS DE SEGUIR OS ÍDOLOS DO CORAÇÃO, INDO APÓS ADIVINHOS, QUE O SENHOR JESUS SEJA TUA VERDADEIRA BÊNÇÃO E VITÓRIA
 Muitas pessoas acham ruim ter que se submeter a uma autoridade. Isto porque, infelizmente, o conceito de autoridade tem sido deturpado. Naamã, por exemplo, quase perde a bênção por não querer aceitar a importância de Israel para Deus. Lavar-se no rio Jordão deveria lembrá-lo (2Rs 5.10), nos momentos de guerra, que não poderia destruir Israel indiscriminadamente (Is 47.6), além de ensinar que a verdadeira sujeira não é a do corpo (pois, segundo dizem, o rio Jordão é lamacento), mas a da alma.
Autoridade é aquela pessoa que, em virtude do conhecimento e do amor, sempre sabe nos direcionar naquilo que é bom para nós. Por exemplo, um médico que é autoridade na área dele, é capaz de te dar o diagnóstico preciso; o mecânico que é autoridade, é capaz de deixar seu carro como novo.
Infelizmente, a única coisa que se acha são pessoas autoritárias, que querem apenas dominar e explorar seus subordinados. Daí a ira do Senhor se acender contra os pastores e castigar os bodes guias (vs 3). Os bodes são conhecidos como aqueles que vão adiante do rebanho (Jr 50.8). A princípio, com base nos conceitos do mundo, tudo parece estar certo.
Todavia, Jesus disse que aquele que quiser ser o primeiro, que seja o último; quem quiser ser o maior, que se faça servo de todos (Mt 20.26,27). A princípio isto pode não fazer sentido. Contudo, se os mais fortes e capazes ficam à frente do rebanho, além de ficar mais fácil pro inimigo derrotá-los, quando isto acontecer, as ovelhas irão se dispersar (Zc 13.7). Sem contar que a tendência das ovelhas, neste caso, é se acomodarem. No final, as ovelhas ficam todas dispersas nos seus negócios (cada um chorando à parte os seus problemas, incluindo homens e mulheres – ver Zc 12.12-14. Isto quando não choram aos pés de outros deuses – Ez 8.14).
Entretanto, se os maiorais ficarem atrás do rebanho, além de poderem ter melhor ciência da aproximação do inimigo, poderão ver melhor o estado das suas ovelhas (ver Pv 27.23-27) e cuidar para que não haja dissensões, nem apostasias entre elas.
Além disso, o fato das mais fracas estarem à frente do rebanho, as estimula a crescerem interiormente, já que a constante ameaça à aproximação do inimigo as leva a perceberem a importância dos conceitos e valores do Reino de Deus.
Nunca foi projeto de Deus levantar alguém para ocupar Seu lugar na vida das ovelhas. O resultado disto é o vs 2. Você pode me questionar: “mas apenas alguns são deste jeito”. A verdade é que, quando alguém quer comandar as ovelhas, é porque não tem interesse em que elas ouçam a voz de Deus (sendo que Deus quer comandá-las – vs 3). Querem manipulá-las do modo descrito em (Zc 11.15-17). E o pior é que as ovelhas gostam disto. Mesmo andando aflitas como ovelhas que não têm pastor (vs 2), ainda assim o povo deseja tal comportamento por parte dos governantes (Jr 5.30,31).
Tanto que, quando alguém dotado da autoridade divina é usado para demitir tais pastores, as ovelhas ficam indignadas (Zc 11.8,9). A única coisa que eles querem de Deus é a bênção que lhes permita produzir a escravidão das outras pessoas. Pedem a chuva porque querem produzir em abundância e, com isto, terem como comprar os pobres por dinheiro e os necessitados por um par de sapatos (vs 1; Am 2.6; 8.6), bem como comer a carne umas das outras e, obviamente, ouvir apenas aquilo que lhes agrada, a saber:

*      As coisas vãs faladas pelos ídolos do lar (Jr 10.8; Hc 2.18) -> Querem lutar para que este mundo se torne melhor, para que seu status melhore, ignorando que, a qualquer momento, terão que deixar este mundo;
*      As mentiras vistas pelos adivinhos (Jó 13.4) -> trata-se da forma como os líderes religiosos manipulam a Escritura Sagrada para prometer aquilo que eles querem que aconteça. Aliás, é por isto que o povo deseja líderes com poderes miraculosos: para que seja possível concretizar a ambição do coração deles;
*      Os sonhos enganadores contados pelos adivinhos -> eles levam as pessoas a sonharem com aquilo que lhes permitirão nutrir falsas esperanças e, com isto, justificarem o desejo deles de se aprofundarem na arte do engano;
*      As consolações vazias dos adivinhos (Jó 13:4; 16:2; 21:34)  -> consolam as vítimas de algum infortúnio, seja com a promessa de um futuro melhor ou a destruição dos inimigos.

Ora, como é possível um futuro melhor, onde a única hipótese para sermos bem sucedidos é através da destruição de todos que se interpõem à nossa pequena força? Se for assim, quase todo mundo terá que ser destruído, já que são poucos os que estarão abaixo de nós. E mesmo se, por meio de alguma força extra, conseguirmos subjugar os demais, (Dn 11.38), como poderemos confiar nesta força? Como fiar em algo maior que nós mesmos e que nada tenha haver com o amor de Deus? Entendendo que o amor é o mais importante, como podemos confiar num deus que, para nos dar algo, precisa destruir o próximo (sendo que, por meio deste que o amor de Deus que satisfaz - ver Os 11.4)? Se este deus não tem nada a oferecer, além de tudo que se vê, então não é Deus.
O verdadeiro evangelho consiste em deixarmos Deus nos usar para que as pessoas enxerguem o que realmente é este mundo que elas tanto lutam para se manterem nele. Os problemas são para que as pessoas percebam no quê elas estão apegadas (num mundo corrupto, cheio de violência e males) e, assim, constatem que precisam se desarraigar disto e passar a se alimentar daquilo que sai da boca de Deus (Mt 4.4; Jo. 6.27), especialmente para que acordemos os ímpios e mantenhamos acordado os justos.
Por isto é que de Judá sairia (vs 4):

*      a pedra angular -> Esta simboliza aqueles que são postos por chefe (Is 14.38). Os chefes humanos, por não estarem cuidando bem do rebanho (Ez 34.2-8), iriam ser removidos a fim de que Deus pudesse cuidar do rebanho pessoalmente (Is 28.16; Ez 34.11-16). Note como esta não era para ficar apenas em Judá, mas para sair dali em direção a todos os povos da terra, de modo que todos que cressem pudessem ser edificados casa espiritual para serem sacerdócio santo e, deste modo, oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus (1Pe 2.5);
*      a estaca da tenda -> Uma vez que Deus restauraria o tabernáculo caído de Davi (Am 9.11,12; At 15.16,17), e que era para alongar bem as cordas (Is 54.1-3), era necessário uma estaca bem firme para que a tenda não caísse e tudo acabasse em confusão (1Co 14.33). Jesus (representado simbolicamente em Eliaquim - Is 22.23) seria esta estaca, no qual será pendurado o que há de mais importante, a saber, a glória, a esperança e o poder de Deus.
Você já se perguntou na finalidade das tendas do tabernáculo? Era para manter separado o santo do profano. Embora, fisicamente, tal separação era frágil, mas pelo poder de Deus, era suficiente para que ninguém autorizado (alguém sem autoridade, ou seja, sem o caráter de Jesus – ver Mt 28.18) tivesse acesso.
Afinal, a verdadeira força a separar o comum do imundo deveria partir do Espírito Santo tocando corações. A verdadeira proteção não está numa fortaleza inexpugnável, mas sim no interior de homens corajosos (ver Js 1.6-8), homens de verdade (1Rs 2.2), ou seja, que resistem a toda corrupção da verdade (2Cr 26.17,18; 1Tm 3.15).
*      todos os chefes juntos -> Deus passaria a cuidar pessoalmente do rebanho (vs 3; Ez 34.15; Lc 1.68), já que os pastores não passavam de cães gulosos (Is 56.10-12; Ez 34.2,3), verdadeiros exatores.
*      o arco de guerra -> Judá não precisa de arco de batalha. Deus age por meio do Seu Espírito Santo (Zc 4.6). Seu arco de guerra são as palavras de graça que saem da Sua boca (Sl 45.1-5), as quais agem como flechas agudas no coração dos inimigos do Rei. É neste esplendor de Glória e Majestade (autoridade) que Ele cavalga prosperamente. Contudo, para isto, é preciso que todo poder de Israel saia (Dn 12.7);

A ideia de Deus era fazer, de Judá, o seu cavalo de glória na batalha (vs 3). Como, na época, o cavalo era o animal mais indicado para as batalhas, logo montar algum conferia à pessoa elegância, força, etc. Ou seja, Deus estava prometendo manifestar Sua glória, poder e autoridade em Jerusalém, de modo que todos passassem a considerar um privilégio fazer parte dela.
Detalhe: perceba que as pessoas iriam pelejar contra Judá porque o Senhor estava com eles (vs 5), ou seja, porque Deus iria escolhê-los (Jo 15.18,19).
Que fique claro: não se trata de uma disputa militar (pelo menos não da parte de Judá). Repare que o vs 5 diz que serão “como” valentes. Ou seja, eles não serão valentes. Contudo, ao virem o poder de Deus sendo manifestado e os inimigos sendo desfeitos (a ponto de poderem ser pisados como a lama das ruas – ver Ml 4.1,3), a impressão que as nações terão é a de ter havido uma guerra física (vs 5).
Todavia, quando os poderosos perceberem que eles venceram, não pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos cavaleiros (Os 1.7), mas sim por tudo aquilo que o Senhor Deus é, então as pessoas que estavam montadas em cavalos (vs 5) ficarão envergonhadas por todo bem que deixaram de fazer só para conseguir estes magníficos animais que, no final, não serviram de nada (vs 5; ver Is 30.5).
Mas para isto, Israel não deveria temer os inimigos, nem outros deuses. Tampouco deveria temer as circunstâncias, já que é Ele quem faz o bem e o mal (Is 45.7), não havendo outro Deus (Is 45.21; 46.9), Salvador (Is 43.11) e Rocha (Is 44.6,8; 45.5).
Sem contar que é Ele quem ordena a chuva (Am 5.8; 9.6), tanto a temporã (necessária para fazer a semente brotar – Dt 11.14; Jl 2.23) quanto a serôdia (necessária para fazer a colheita amadurecer – vs 1; Jr 10.13; 14.22; Jó 29.23).
Detalhe: embora é Deus quem faça chover e não dependa de ninguém para isto, Ele exige de Israel que peça (vs 1). Contudo, a oração deve ser feita no tempo correto e como resultado do desejo de ter como abençoar o próximo. Trata-se de orar em prol dos recursos necessários para fazer a bênção de Deus alcançar o próximo.
A verdade é que, quando a igreja está sem O Pastor de suas almas (Ez 34.5; 1Pe 2.25), elas ficam sem saber o que fazer diante das injúrias e ameaças dos inimigos, e acabam indo para longe de Sua palavra, rumo aos montes altos e fortalezas elevadas deste mundo (Jr 50.6). Resultado: acabam se tornando presas da amargura que, além de levá-la a se privar da graça de Deus, a perturba e contamina todos os que estão à sua volta (Hb 12.15). O sangue de Jesus (Sua vida, presença), deve sempre ser derramada em nós para que possamos cobrir os pecados dos ímpios (Pv 17.9).
Vs 6 a 12 TRAZENDO ISRAEL DE VOLTA À NOVA CANAÃ A FIM DE NÃO SER CONTAMINADO PELO MAR DA ANGÚSTIA E, COM ISTO, SE TORNAR INCAPAZ DE SE ALEGRAR NO SENHOR
Mais uma vez Deus promete trazer Israel e Judá para a terra da promessa, confirmando que a Babilônia não era o lugar deles. Veja o que estava por trás da volta deles para a Nova Canaã:
1º -             Símbolo da verdadeira força (vs 6), ou seja, ser fortalecido no Senhor (vs 12). Ou seja, ao invés de lutarem contra os inimigos, o próprio Deus pelejaria com eles através do poder da Sua Verdade (Ap 1.16; 2.12,16; 19.15,21);
2º -             É isto que significa ser salvo (vs 6), bem como a prova de ter sido remido (vs 8): ter um lugar onde o amor ao próximo é conduta devida;
3º -             É a prova da compaixão de Deus por eles (vs 6), dando-lhes oportunidade para usarem de compaixão com o próximo;
4º -             Comprovação de não ter sido rejeitado por Deus (vs 6), mas de ser parte de Seu povo e de ser ouvido por Ele (vs 6), ou seja, a oportunidade de saber a vontade de Deus e ser capaz de pedir a Ele consoante a esta (1Jo 5.14);
5º -             Coração alegre no Senhor (vs 7). Embora muitos confundam (ou querem confundir) esta alegria com a carnal (At 2), esta alegria vem do fato de eles não precisarem se preocupar com nada. Ser “como” um valente, aqui, significa ser ousado como leão por estar coberto da justiça de Deus (Pv 28.1). A alegria da pessoa é unicamente a presença do Senhor, bem como tudo aquilo que Ele é na vida de cada um;
6º -             Promessa de multiplicação (vs 8), a ponto de não se achar lugar bastante para eles (vs 10);
7º -             Andar no nome do Senhor (vs 12), ou seja, ser compelido a fazer apenas aquilo que o próprio Jesus faria, a fim de que Seu nome seja confirmado.

Inclusive, é bom lembrar que Canaã foi o neto que Noé amaldiçoou. Ao dar a terra de Canaã a Israel (que era descendente de Sem), a ideia é que esta conquista representasse a quebra da maldição, já que agora, ao invés ser possuída por pessoas más (Dt 7.1-6), seria possuída pelo povo do Senhor (era isto que toda a criação esperava – Rm 8.19-22).
Agora você entende a importância de se tomar posse da terra prometida? Por isto Deus ficou tão irado quando o povo não quis subir para conquistar a promessa de Dele (Nm 14.40). De igual modo, não devemos fugir das “terras más” (pessoas que, por terem sido amaldiçoadas, se tornaram insuportáveis) que Deus traz até nós, mas deixar que Ele nos mostre o que significa tê-lO habitando em nós (2Rs 5.8). Lembre-se que não existe outra forma de quebrar a maldição do pecado, que não seja o perdão de Cristo, a saber, a união ao Seu corpo.
O convite para fazer parte do corpo de Cristo é para aqueles que estão cansados da vida que estão vivendo (Mt 11.28) e que querem ficar livre do mal que pesa sobre seus ombros, o qual faz deles como um imundo dos tempos bíblicos (que contamina tudo que toca – Lv 15.4-12). A alegria da pessoa é saber que, agora, com Cristo, ela passa a ser capaz de purificar pecadores (esta é a lição de Mt 8.2,3) e fazer diferença onde Deus a pôs (ver Js 1.6-9).
Ainda que Israel se lembrasse de Deus nos lugares remotos (vs 9), isto não era suficiente para Ele, visto que jamais conseguiremos servir a Deus na plenitude em contato contínuo com ímpios.
 Por isto Deus deu Jerusalém para Israel (no Antigo Testamento) e a Igreja para os convertidos (no Novo Testamento): para que possamos estar separados do mundo e, deste modo, servindo a Ele dia e noite (lembrando a profetiza Ana - Lc 2.36,37) na vida de cada um que tem compromisso verdadeiro com Ele (a saber, na vida de todos quantos Ele chamar).
Por isto é que Deus começa este bloco dizendo que ia fortalecer Judá (2 tribos do sul) e salvar a casa de José (10 tribos do norte): a fim de que, ambos, pudessem voltar juntos da Babilônia (Jr 3.18; 32.37; 37.21) e constituírem sobre si uma só cabeça (Os 1.11).
Note como isto era sinal da compaixão de Deus na vida deles (vs 6), de modo que eles pudessem novamente ser ouvidos por Ele, não como um povo qualquer, mas como Seu povo amado (que não sofre de crise de rejeição, usando tal hipótese como desculpa para se afundar no pecado).
Logo, não importa se o reino é o do norte (Assíria) ou o do sul (Egito): Deus enviaria Seus carros e cavalos a fim voltar a trazer Israel de volta para o lugar que Ele lhes deu (vs 8,10; Is 5.26; Ez 36.11; Zc 6.6-8). Aparentemente, a ideia de ficar dentro da Babilônia, glorificando a Deus, parece uma boa ideia. Todavia, repare na expressão “mar de angústia” (vs 11). É exatamente esta a situação de quem está na Babilônia e quer ser justo: padecerá perseguições (2Tm 2.12) e irá afligir sua alma justa o dia todo e todos os dias (2Pe 2.7,8).
E o pior é que, infelizmente, a maioria nem se dá conta disto e, ao invés de tentar nadar para fora deste mar, acaba aceitando a transformação imposta pelo sistema, passando a ser peixe de água salgada, de modo que, agora, é incapaz de sair (vs 11).
Não pense que toda água é água. As águas do Eufrates (Babilônia) e do Nilo (Egito), embora abundantes, não são apropriadas para o povo eleito do Senhor (que é “peixe de água doce”, águas brandas – Is 8.6; Tg 3.10-12).
Jamais tente se adaptar à Babilônia. O período de Israel ali (bem como nas demais terras pelas quais Deus iria espalhá-los), era apenas um período de semeadura da Palavra, da Glória e do Poder de Deus (Mq 5.7), bem como do Seu juízo (Mq 5.8), de modo que muitos pudessem se arrepender, converter e ser povo Dele (Os 2.23).
Ainda que as águas rujam e se perturbem (Sl 46.3), Deus quer ferir estas águas, de modo que você sequer venha a ser molhado por estas águas amargosas da angústia (vs 11; Êx 14.16). Considere os teus caminhos (Ag 1.5; Dt 30.1) como fez o filho pródigo (Lc 15.17,18) e reconheça Jesus em todos eles (Pv 3.5,6).
Uma vez que todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor (Sl 22.27) e toda a criação de Deus geme esperando que os filhos de Deus se revelem (Rm 8.19-22), logo nós devemos conservar Jesus nos nossos pensamentos (isto lembra o que disse Davi à tribo de Judá – 2Sm 19.11). Como? Lembrando-nos Dele, mesmo indo parar em lugares remotos, ou seja, vivendo como estrangeiros e peregrinos (1Pe 2.11; Hb 11.9,10), mas sempre na expectativa de voltar para a promessa maior que Ele nos deu (vs 9; ver Dt 30.1-3; Hb 11.13-16).
E não apenas voltar, mas também crescer até preencher todo o território dado por Deus. Note que Deus, não só os faria voltar do sul (Egito) e do norte (Assíria) (ver Sl 114.3; Is 11.11,16; Os 11.11), mas disse que os colocaria no extremo leste (Gileade, que fica além do Jordão) e norte (Líbano) da terra prometida e que não haveria lugar bastante para eles (vs 10). Isto implica que eles teriam que ir rumo aos extremos oeste e sul da terra da promessa (ver Is 49.20; 54.1-3).
 Deus quer fazer de nós, corações parecidos com os de um valente (não igual, pois o valente é aquele que acha que pode resolver tudo sozinho, através da força da sua maldade): capazes de se alegrar na salvação (Sl 13.5; 20.5; 35.9; 40.16; 70.4) e bondade que a presença do Senhor proporciona a nós, mesmo quando não é possível ver nenhuma possibilidade de vitória (vs 7), mas confiante que, mesmo que a promessa não se cumpra nos seus dias (ver Hb 11.13,14,39,40; 1Pe 1.12), cumprir-se-á na vida dos filhos.
Não podemos nos conformar que o cetro do Egito continue governando a vida das pessoas (Sl 82.4,5; Pv 19.17; 24.11,12; 31.9; Jr 20.13; 21.12; 22.21,22; 23.2). Deus quer derrubar a soberba da Assíria e retirar o cetro do Egito (vs 11), bem como extinguir por completo toda a força do inimigo, de modo que esta jamais se levante novamente (Is 43.16,17).
Mas para isto, não podemos nos mostrar frouxo diante do mar da angústia (vs 11; Pv 24.10). Antes, pela fé no poder, promessa e amor de Deus, temos que passá-lo (igual Deus fez em Êx 14.16,21). Do contrário, o diabo continuará imperando, embora já tenha sido expulso (Jo 12.31), despojado, envergonhado (Cl 2.15) e aniquilado (Is 14.25; Ez 30.13; Hb 2.14,15). O que para o povo do Antigo Testamento era apenas promessa (1Pe 1.10-12), para nós já é realidade (2Co 6.1,2) (ou pelo menos é para ser. Só não será se você não quiser).
A questão do amor ao próximo é tão crucial que Deus promete multiplicar-lhes como fizera quando eles estiveram no Egito (vs 8; Ez 36.37), justamente para nos ensinar que o fundamento do Reino dos Céus consiste em Jo 4.14, ou seja, que a bênção:

1)      Sai de dentro de nós em direção ao próximo, e não o contrário, como se fosse para nosso deleite egoísta;
2)      Salta em direção à vida eterna. Não é algo para ser desfrutado apenas neste mundo.

Detalhe: assim como o vinho promove alegria no coração de quem o bebe, o coração de quem está em Jesus não se alegra em si mesmo, nem faz força para se alegrar. Antes, é a alegria do Senhor que lhe enche de força (Ne 8.10):
*      “Eu os fortalecerei no SENHOR, e andarão no seu nome, diz o SENHOR” (vs 12).
*      “Porque todos os povos andarão, cada um em nome do seu deus; mas nós andaremos no nome do   SENHOR, nosso Deus, eternamente e para sempre.” (Mq 4.5).

ZACARIAS 11 → NÃO IMPORTA QUÃO BONS SEJAM OS GOVERNANTES, NEM O QUANTO DE COISAS BOAS AS PESSOAS POSSAMOS FAZER: ENQUANTO A BABILÔNIA ESTIVER DENTRO DELAS, NUNCA TERÃO PAZ (Is 48.22; 57.19-21)

Vs 1 a 3 OS FALSOS PASTORES SÓ DEIXARÃO DE EXISTIR QUANDO O MELHOR DESTE MUNDO FOR SACRIFICADO DENTRO DE NÓS
Já pensaste no motivo pelo qual Deus requeria que os animais a serem oferecidos em holocausto fossem sem defeito, tirado do que havia de melhor? É para que os falsos pastores pudessem “uivar” de tristeza pelo fim dos bons pastos (ver Is 37.25; Ez 34.18) e os leões (as pessoas ferozes), bramirem por não terem mais onde emboscar suas vítimas (vs 3).
Para ser mais exato: a grandeza deste mundo serve para os ricos esconderem seu verdadeiro caráter e intenções, além de dar espaço para os falsos pastores escravizarem as ovelhas, sob o pretexto de que é necessário adquirir o que há de melhor neste mundo para se fazer a obra de Deus.
Por isto é que Deus ordena ao Líbano que abra as suas portas para o fogo (vs 1): para acabar com todo o suor (Gn 3.19) decorrente do trabalho exagerado em prol de algo que, no final, não servirá de nada. Deus nunca projetou que um ser humano agregasse em suas mãos mais recursos do que é capaz de consumir. Como se pode aprender na lição do maná (Êx 16.15-21), a ideia é que cada um colha de acordo com sua capacidade e confie que a glória e o poder de Deus tocará os demais corações, conduzindo-os a usar o que Deus colocou em suas mãos para complementar Sua obra na nossa vida.
Jamais devemos, sozinhos, adquirir todos os recursos. Lembre-se de que, no tabernáculo, cada pessoa levava uma parte e depois a colocava no devido lugar (Nm 8.25,26,31,36-38). É um erro supormos que primeiro devemos adquirir os recursos para depois servirmos. Não! É no que saímos para servir que as pessoas vêm trazendo, consigo, os seus recursos.
Hoje Deus, através do Espírito Santo, nos revela a sabedoria oculta em mistério (1Co 2.7) e os dons celestiais que vão além da nossa imaginação (1Co 2.9,12), de modo que não consigamos mais ver qualquer serventia nos bens deste mundo. A ideia é que paremos de correr obstinadamente atrás de tais coisas (1Pe 4.2-4), como se isto pudesse servir de “estratégia” para alcançar os perdidos, já que a verdadeira conversão é promovida pelo Espírito Santo (Jo 16.8), levando as pessoas a buscarem e pensarem apenas no que é do alto (Mt 10.39; 6.18,19; Cl 3.1,2) e movendo-as, não a simplesmente fazerem coisas, mas a serem o que A Palavra deseja por meio de tais coisas.
Veja o caso de Judá. Por causa da grande abundância de cedro que Salomão trouxe do Líbano (2Cr 9.27), o qual ele usou, entre outras coisas, na construção do templo, Judá passou a ser conhecida como Líbano (compare Ez 17.2 com Ez 17.12. Veja também Hc 2.17, onde o Líbano é a terra de Judá que foi atacada pela Babilônia (Hc 1.6)).
Logo, ao dizer ao cipreste para gemer, estava dizendo às pessoas menos abastadas, cujas casas foram construídas com o mesmo (vs 2) que, uma vez que as casas dos poderosos (construídas de cedro – 2Rs 24.15) caíram, o que dirá da deles.
Assim como os carvalhos sofrem quando uma densa floresta, repleta de árvores fortes, robustas, é derrubada, Jerusalém, como uma verdadeira selva de pedra, não serviria de proteção para ninguém, por mais forte e poderoso que fosse (veja em Mq 3.12 a comparação entre cidade desolada e floresta derrubada). A destruição das cidades fortes por Salmanezer era um sinal do mal que espreitava Jerusalém (Is 36.1).
Entre estes males, estava a destruição do templo, que era um verdadeiro motivo de glória para os líderes religiosos de Judá (Jr 7.4).
Mas, espere aí? A mensagem de Zacarias não era, entre outras coisas, para estimular Zorobabel e Josué a conduzirem o povo na construção do templo? Que sentido tem, agora, esta profecia (ainda mais considerando as promessas anteriores de bênção (por exemplo, Zc 8.11-15))? Parece uma contradição.
Todavia, embora a construção do templo fosse necessária, eles deveriam entender que, o que era importante, não era o templo em si, mas a lição que se achava escondida nele, bem como a perfeita unidade que Deus deseja operar neles através de Sua Palavra (note a tristeza dos líderes antigos por não enxergarem a verdadeira grandeza do templo – Ed 3.12,13).
E o pior é que eles não aprenderam a lição. Gastaram 46 anos para construírem o novo templo (que ficou conhecido como templo de Herodes – Jo 2.20), o qual era tão magnífico que judeus chegavam a se maravilhar (Mc 13.1; Lc 21.5).
Quanto à menção que é feita ao rio Jordão, o mesmo é um lugar tão bom para se viver que Ló, ao olhar em direção a ele, decidiu ir em sua direção para habitar (Gn 13.10). Sem contar que a tribo de Rúben, Gade e metade da tribo de Manassés (Nm 32.1) preferiram habitar nestas proximidades.
Assim como os filhotes de leões gostam de bosques verdejantes, as pessoas cruéis gostam de onde há abundante provisão (a raíz do justo produz o seu alimento – Pv 12.12). Todavia, é justamente isto que dá origem às discussões e divisões (vs 3; Tg 4.1-3). Deus destrói aquilo que há de especial no Jordão e que faz os que ali moram se ensoberbecerem, a fim de que não haja divisão no corpo de Cristo (1Co 12.22-25). Àqueles que têm falta de glória, Deus mais favorece consigo mesmo (ver Mt 5.3; Tg 2.5) para que todos percebam que é Sua presença que faz toda diferença e para que, os que aparentam ser mais maiores neste mundo, não desprezem os pequeninos, mas se empenhem em encontrar lugar para eles.
Vs 4 a 6 QUANDO NÃO HÁ COMPAIXÃO, O DESTINO É SER ENTREGUE NAS MÃOS DE CHEFES, GOVERNANTES E PASTORES CRUÉIS
Quem somos nós para irmos em juízo contra alguém, ainda mais diante de um homem (1Co 6.1)? Que ser humano é capaz de dizer que somos justos? Mesmo se houvesse alguém com tal capacidade, apenas Jesus é capaz de nos justificar, ou seja, não apenas fazer de nós pessoas justas (Rm 8.33), mas, através do Seu testemunho em nós, influenciar pessoas para a justiça que vem da fé.
Nós somos salvos pelo testemunho que Deus dá a nosso respeito; a saber, nos usando (Ap 12.11; 19.10).
Três classes de pessoas são citadas (vs 5):

*      Os que compram as ovelhas -> nenhum castigo sofriam quando matavam as ovelhas (Is 47.6). Por não conseguirem entender os planos do Senhor, as nações achavam que Deus queria destruir Israel por terem profanado Sua aliança (Mq 4.11,12; 7.8-10) e que, por isto, eles podiam bem fazer o que desejavam (explorar e até matar), que nada aconteceria. Não compreendiam que Deus continuava a pastoreá-las e que, tão somente, mudou de pastor a fim de que eles conhecessem a diferença entre servir ao Senhor e servir ao ser humano (veja 2Cr 12.7,8);
*      Os que vendem as ovelhas -> chegavam a agradecer e louvar a Deus por terem enriquecido com a venda das ovelhas. Muitos governantes gentios vendiam seus escravos para outras nações, sem qualquer preocupação com o bem-estar deles. Só pensavam no lucro que teriam;
*      Os pastores impiedosos -> Eles deveriam cuidar das ovelhas. No entanto, eles não conseguiam enxerga-las como algo importante. Como consequência, eles eram incapazes de ter compaixão das ovelhas, a ponto de favorecê-las. É bem verdade que elas não mereciam. Porém, a vida (que caracteriza Jesus – Jo 14.6) é definida como a criação de algo, e não a conservação ou utilização do mesmo.

Mesmo sabendo da falta de escrúpulos da Babilônia em vender os seus escravos a outros povos, sem qualquer preocupação com o que sucederia a eles, mesmo vendo seus irmãos sendo mortos e sendo usados como mercadoria nas mãos de pessoas sem caráter, ainda assim tinham coragem de fazer, dali, seu lar permanente. Não queriam passar o mar da angústia; antes, estavam gostando do mesmo (Zc 10.11).
Daí Deus dizer: “Certamente, já não terei piedade dos moradores desta terra, diz o SENHOR; eis, porém, que entregarei os homens, cada um nas mãos do seu próximo e nas mãos do seu rei; eles ferirão a terra, e eu não os livrarei das mãos deles” (vs 6). O quadro exato do que acontece nos dias de hoje. Devido a falta de honestidade e amor das pessoas, Deus tem entregue empregados nas mãos de chefes cruéis, população nas mãos de governantes corruptos, cidadãos nas mãos de profissionais irresponsáveis, indolentes e maus. No final, todos acabavam tecendo juntos o mal (Mq 7.3).
Por isto Deus não iria livrar ninguém que morasse na Babilônia (vs 6), nem mesmo aqueles que alegavam não concordar com as práticas que ali se faziam. Mesmo porque, quem não é cúmplice, não suporta ficar perto (ver Ap 18.4). Ainda mais considerando que o objetivo não é consertar Babilônia, mas sair dela (Is 48.20; Jr 50.8; 51.6).
Em outras palavras, o motivo dos ricos estarem sendo bem sucedidos não é porque Deus estava aprovando-os (como arrogantemente pensavam – Is 37.23-25). Tampouco Deus estava distante, alheio a tudo. Antes, estava irado com Seu povo e, para mostrar o quão terrível era o comportamento deles, permitiu que ímpios insensatos e cruéis tivessem êxito contra eles. Em outras palavras, os ímpios só conseguem ter sucesso contra o povo de Deus quando Deus está a usá-los como vara para combater toda rebeldia (Is 37.26; 47.6; Zc 1.15).
Afinal, quando nosso caminho é reto aos olhos do Senhor, além de Ele fazer com que nossos inimigos tenham paz conosco, todos os que nos devoram são tidos por culpados (Gn 12.3; Jr 2.3).
Mas afinal, que mal eles estavam cometendo? A falta de disposição para a compaixão. Uma das razões que eles alegavam para não usarem de misericórdia é a falta de compaixão dos pastores. Em outras palavras, eles usavam o mau comportamento das outras pessoas para defender seus sentimentos e conduta indevidos, além de agradecerem a Deus sempre que saíam vitoriosos contra o próximo (como se fosse Deus quem os ajudou em seus maus atos – ver Sl 50.21).
Vs 7 a 9 É IMPOSSÍVEL IMPEDIR QUE O POVO DO SENHOR SEJA MORTO PELOS ESTRANGEIROS OU DESTRUA A SI MESMO ENQUANTO A BABILÔNIA REIVINDICA ESPAÇO NOS CORAÇÕES
            Para que Zacarias pudesse entender a total impossibilidade de conduzir o rebanho do Senhor na terra de Babilônia (bem como o motivo de Deus ter rejeitado os que ali ficassem – vs 6), é ordenado a ele que tentasse apascentá-lo (vs 4,7).
            Ele começa tomando as duas varas (vs 7) (talvez seja um termo genérico para designar a vara e o cajado de Sl 23.4) que revelam o modo de Deus velar pela Sua Palavra (ver Jr 1.11,12):

*     A Graça (favor), beleza (na versão KJV) ou suavidade (na versão ARC) -> O favor entre os irmãos, mesmo quando eles não merecem.  Cada um deve buscar apenas de Deus, e isto para ter o que oferecer aos pobres (aos que não têm como nos retribuir – Lc 14.12-14 – Ef 4.28) aquilo que eles não têm condições de fazer, nem por eles mesmos.
A graça age como uma vara, já que ela só é possível ser manifestada onde o pecado abunda (Rm 5.20). Afinal, o favor só tem sentido quando o próximo transgride a lei de Deus. O motivo pelo qual a lei de Deus fazia de um país, uma terra formosa e gloriosa (Dt 4.7; Sl 147.19,20; Dn 8.9; 11.16), não estava apenas no esmero da mesma em cumprir tais mandamentos, mas principalmente na capacidade e prazer desta em usar de misericórdia e compaixão, a saber, o desejo ardente de ser o membro de Deus que permitirá à pessoa ser uma nova criatura, capaz de algo bom (analise Sl 90.17). Que sentido tem viver sem ser capaz do bem?
Além disto, a graça exige que acolhamos com mansidão a palavra em nós enxertada (Tg 1.21) a fim de que a mesma penetre até o mais íntimo do nosso ser (Hb 4.12), matando nosso ego (Rm 7.7-11) e, deste modo, permitindo Jesus viver em nós (2Co 4.10,11; Gl 2.20; 3.24) Sua vida (1Pe 2.21-24).
A postura de determinar quem merece ou não receber (bem como o que é necessário ser feito para merecer) é oriundo da Babilônia. Ela assim estabelece porque, sem Jesus, não existe garantia de que alguém irá cumprir com seu dever. Ninguém confia em ninguém, cada um se espanta com o seu próximo (Ez 4.17).
Que fique claro: não se trata da pessoa ir para as babilônias por aí espalhadas e criar raízes nelas com a desculpa que é “estratégia” para alcançar os perdidos. Repare como a Água Viva, que saía do trono da graça, é que ia tornando saudáveis as águas por onde passava (Ez 47.1,8-10). Contudo, o trono, ficava no meio da praça da cidade santa (Ap 22.1,2), ou seja, no lugar santo do lugar santo (na santidade da santidade, ou seja, no lugar santíssimo).
Nosso coração, como o trono de Deus, jamais deve sair do Santo dos Santos. Pode estar certo de que é impossível alguém ser santificado só porque entrou em contato com nossa carne (Ag 2.12). Pelo contrário: nós é que acabamos contaminados com a impureza dos maus (daí ser ordenado o isolamento das pessoas imundas – Lv 13.45,46; 15.2-12; Nm 5.2-4). Apenas Jesus pode tocar até mesmo na saliva de um leproso e, além de não ser contaminado, promover purificação (Mt 8.2,3). Tanto é assim que nos ordenado adorar na beleza da Sua santidade (Sl 27.4; 29.2; 2Cr 20.21).
*     A União -> conservar a irmandade, não só entre Israel e Judá, mas entre os israelitas. Basta lembrar que seremos reconhecidos como discípulos de Jesus quando tivermos amor uns aos outros (Jo 13.34,35), tal como Jesus nos amou, a ponto de dar Sua vida por nós (Jo 15.12,13; 1Jo 3.16). A união é caracterizada pelo princípio das 7 unidades (Ef 4.4-6), as quais agem como cajado, trazendo todos para junto uns dos outros na Palavra.

No que Zacarias tenta pastorear o povo de Israel que residia na Babilônia, ele sente o peso da impossibilidade. Ele é obrigado a se desfazer dos três pastores que estavam no comando, no período de um mês (vs 8) e o pior: ainda tem que enfrentar a insatisfação das ovelhas. Embora seu desejo era impedir que as ovelhas destinadas à matança morressem ou fossem destruídas, infelizmente elas tinham se acostumado tanto à situação, que estavam achando uma chatice o cuidado zeloso e amoroso de Zacarias (tal como, hoje, os filhos acham que o cuidado dos pais é autoritarismo). Basta pensar que, assim como na época de Oséias, eles haviam gerado filhos estranhos em virtude de casarem com adoradores de deuses pagãos (Os 5.7), tal prática ainda continuava em voga (ver Ed 9.1-4; Ne 13.23-25; Ml 2.11).
Por fim, ele desiste e diz: “não vos apascentarei; o que quer morrer, morra, o que quer ser destruído, seja, e os que restarem, coma cada um a carne do seu próximo.” (vs 9; Jr 15.2; 43.11).
A verdade é que, quando a sentença de Deus é estabelecida sobre alguém, não há como mudar isto (ver 1Sm 16.1; 2Cr 25.16; 1Jo 5.16,17). Uma vez que as ovelhas estavam condenadas à matança, era inútil tentar algo por elas. Embora o povo estivesse sendo oprimido pelos governantes (vs 5), ele não era inocente. Note como, mesmo tentando mudar os líderes (vs 8), ainda assim o povo continuava ingrato e mau (vs 8). Por isto é que Deus dá Seu reino aos pobres (Sf 3.12; Mt 5.3; 11.5; Hb 2.5), pois apenas eles são capazes de entender que precisam:

*      Receber de Deus, visto que nada há de bom em si mesmos que possam fazer ou dar;
*      Dar às pessoas o que receberam de Deus (já que ninguém, de si mesmo, têm algo de bom para nos oferecer).
Vs 10 a 13 ENQUANTO ESTÃO NA BABILÔNIA, NEM MESMO OS SERVOS MAIS FIÉIS DO CRIADOR CONSEQUEM ENXERGAR O REAL VALOR DE CRISTO, DE SUAS PALAVRAS E SEUS EMBAIXADORES (ver 2Co 5.18-20)
 Note que, nem mesmo os pobres do rebanho, que respeitavam e aguardavam o profeta (vs 11) (e a quem pertencia o Reino dos Céus – ver Mt 5.3; Tg 2.5), conseguiam enxergar o real valor das coisas espirituais. E olha que eles reconheciam que se tratava da Palavra do Senhor (vs 11).
A verdade, contudo, é que, na Babilônia, o que tem valor é o dinheiro. O máximo que eles se dispuseram a ofertar na vida da profeta foi o equivalente à compensação paga ao dono do escravo quando este era escorneado por um boi (Êx 21.32). O detalhe é que, quando era alguém livre que era escorneado pelo boi, seu dono deveria ser apedrejado ou dar por resgate tudo que lhe fosse imposto (Êx 21.29,30 – caso este soubesse que o boi era escorneador).
Eles não conseguiam enxergar o valor da Palavra de Deus e, obviamente, a importância de valorizar aqueles que eram por Ele usados para comunicá-la. Muito menos percebiam que, na verdade, eles estavam avaliando o próprio Deus (vs 13).
Diante deste quadro, a quebra das duas varas era indispensável:

Ø  No que a vara do Favor (Graça) foi quebrada, a aliança que Deus fizera com todos os povos foi anulada. Isto nos ensina que é impossível ser misericordioso e compassivo enquanto dentro da Babilônia, independente do tipo de pessoa;
Ø  No que a vara União foi quebrada, acabou-se a irmandade entre Judá e Israel. Daqui aprendemos que, mesmo entre pessoas que creem em Jesus, é impossível haver irmandade dentro da Babilônia.

No que Deus quebrou Sua vara Graça (beleza, suavidade), acabou com aquilo que distinguia Israel dos demais povos, a saber, Sua Palavra e presença Viva (Dt 4.7,8). É claro que a aliança que Deus fizera foi apenas com Israel (já que Deus não tinha feito aliança com nenhuma outra nação). Entretanto, é lógico que isto afetou as demais nações (vs 10), já que Israel sempre foi para ser a referência de quem é Deus (ver Is 2.2,3).
Apenas o povo humilde e pobre que Deus permitiu ficar para confiar no nome do Senhor (Sf 3.11,12) é que serão capazes de enxergar o rompimento da aliança como Palavra do Senhor (vs 11). Apenas o servo de Deus verdadeiro tem bons olhos (Mt 6.22,23) para enxergar as grandezas espirituais que estão acima de qualquer circunstância (Lc 21.25-28; 1Co 2.9; Ef 3.20), prontas para virem a existir, tão logo Deus manifeste Sua Palavra.
Quanto ao ato de arrojar (lançar com ímpeto ou força) as moedas na casa do Senhor (vs 13), é bom lembrar que o templo não estava construído (inclusive, as profecias de Ageu e Zacarias tinham como uma das finalidades, a construção do templo). Apenas haviam sido lançados os seus alicerces (Ed 3.10). Logo, este dinheiro deveria ser usado como estímulo para que o oleiro pudesse fazer algum artefato que fosse útil na edificação do templo (vs 13).
É bom lembrar que Zacarias estava se dirigindo aos israelitas na Babilônia, mas, no que Deus mandou ele arrojar as 30 moedas de prata ao oleiro (vs 13), ele vai até Jerusalém para fazer isto. Talvez tenha sido nesta ocasião que Heldai, Tobias e Jedaías vieram de Babilônia (Zc 6.10).
Aqui é importante considerarmos a profecia de Mt 27.9,10. Por que esta profecia é atribuída a Jeremias? Porque Zacarias é usado apenas para mencionar o contraste entre a forma dos mais pobres do rebanho avaliar a Deus e às Suas Palavras e o modo dos líderes religiosos avaliarem a presença viva de Deus no meio deles em Jesus.
Os mais pobres do rebanho, mesmo em meio à miséria espiritual (Zc 10.2,3 – por causa da hipocrisia dos líderes religiosos, não conseguiam ver a verdadeira riqueza – ver 1Co 2.9,12; Ef 3.19,20) e física, deram tudo de si a fim de que Zacarias (representando o Messias) pudesse ser avaliado como merecia (tal como se vê na viúva de Mc 12.44). Daí Deus dizer que esse preço em que foi avaliado era magnífico (Zc 11.13, embora também revelava a ignorância deles em achar que algo deste mundo pudesse pagar tudo que Jesus é e fez por nós, bem como expressar o real valor da Sua Palavra). E o fato de Deus mandar arrojar ao oleiro na casa de Deus (que, no caso, eram justamente estes pobres do rebanho que o respeitavam), era para que eles vissem que sua oferta foi aceita e seria usada por Deus na construção do templo.
Em contrapartida, os líderes religiosos na época de Jesus usaram o dinheiro que receberam de volta de Judas para destruir o verdadeiro templo de Deus: Seu corpo (Jo 2.19,21).
Contudo, é Jeremias que mostra a profundidade de todo este acontecimento. Ao ser enviado ao oleiro, ele vê um vaso (que simbolizava Israel) sendo moldado, se quebrando diante dele e sendo refeito conforme bem pareceu aos olhos do oleiro (Jr 18.4). E ao oleiro pareceu bem fazer uma botija (Jr 19.1) para ser quebrada (Jr 19.11). Deus tirou o povo do Egito, semeando-o de semente boa (Sua Palavra), mas como esta semente se degenerou dando uvas bravas (Is 5.1-4), Ele agora estava refazendo Israel como vaso de ira preparado justamente para ser destruído (Rm 9.21-23).
A botija foi quebrada (Jr 19.11), assim como o corpo de Cristo foi (Is 53.4,5), bem como a vara chamada Graça (que era Ele próprio – Zc 11.10) a fim de mostrar que a aliança que Ele tinha feito com todos os povos por meio de Israel no Antigo Testamento estava desfeita. Agora, uma Nova Aliança (nos corações de cada um – Jr 32.38-40) entraria em vigor.
Depois, pela Palavra do Senhor, Jeremias compra o campo de Hanameel, filho de seu tio, para mostrar que, assim como Jerusalém seria destruída para receber nova vida (Jr 32.43,44), a morte e ressurreição de Jesus seria vida dentre os mortos (Rm 11.15; 2Co 5.17). Lembre-se que, o que semeamos, não pode nascer se primeiro não morrer (1Co 15.36).
Além disto, a compra do campo também lembrava que, assim como Deus iria congregar os dispersos de Israel em sua própria terra (Jr 32.37), Deus iria reunir no corpo de Jesus, os filhos Dele que andavam e andam dispersos pelo mundo inteiro (Jo 11.51,52).
Detalhe: Jeremias compra o campo na qualidade de parente remidor (Lv 25.26), ou seja, como aquele que foi eleito para zelar da herdade de seu parente próximo, até que este pudesse comprar a propriedade de volta. Se esta fosse vendida a estranhos, eles poderiam deixar a mesma completamente abandonada, seja por vingança ou por maldade (por não querer investir naquilo que não lhes traria retorno).
Infelizmente, a maldade no coração das pessoas é tão grande que, sob a desculpa que a pessoa é má, tentam sugar dela toda possibilidade de ser boa com as pessoas próximas a ela. Ora, ninguém é capaz de amar a todos. Daí a necessidade de outras pessoas para amar os demais, de modo que ninguém fique sem ser atraído por Deus (Os 11.4). Não querem perceber que a bênção na mão de alguém era uma oportunidade que Deus estava dando para deixar sua bondade e misericórdia trabalhar Seu coração salvando-o (Rm 9.15).
Vs 14 a 17 ZACARIAS MOSTRA COMO O PASTOR ACABA SE TORNANDO INSENSATO EM VIRTUDE DA PERMANÊNCIA NA BABILÔNIA
            Agora Zacarias é instruído a tomar os utensílios de um pastor insensato (vs 15) a fim de alertar aqueles que insistiam em continuar na Babilônia, acerca da vinda de um pastor insensato (ver At 20.29,30). Embora seja mencionado pelo sistema religioso apenas um anticristo, entretanto, muitos anticristos surgiriam (1Jo 2.18) a fim de preparar o caminho para o maior dos anticristos.
            Isto comprova que o único tipo de instrutor de ovelhas que é possível encontrar dentro da Babilônia é aquele que (vs 16):

*      não cuidará das que estão perecendo;
*      não buscará a desgarrada;
*      não curará a que foi ferida;
*      não apascentará a sã;
*      comerá a carne das gordas e lhes arrancará até as unhas;
*      abandonará o rebanho.

Não tem como ser diferente, já que, uma vez dentro da Babilônia, somos obrigados a nos envolver com ela. Considerando que, pro sistema, honestidade, verdade, justiça e bondade são condutas indevidas, a tendência da pessoa é ficar com o braço completamente seco e com seu olho direito, totalmente escurecido, em virtude da operação da Palavra de Deus.
Entendendo que a Palavra de Deus é espada de dois gumes (Hb 4.12), muitos não suportam a ferida feita por ela e, ao invés de esperar pela cura (ver Jó 5.18), acabam se afastando e o pior: se conformando com o braço e o olho danificados.
Considerando a ordem dada a Zacarias, logo quem aceitasse o chamado de Deus para ser pastor das Suas ovelhas na Babilônia, insistindo em permanecer nela e em instruir as ovelhas acerca da melhor forma de serem bem sucedidas dentro dela (tentando achar suas vidas ali – Mt 10.39), acabaria ficando com seu senso de visão e ação abalados. E a rigor, as ovelhas continuariam se sentindo sozinhas (vs 16) e exploradas (vs 17), já que:

*      Ele não se preocuparia com o bem do rebanho (vs 16);
*      Ele maltrataria o povo para seu próprio benefício (vs 16);
*      Ele abandonaria o rebanho (vs 17);

Com a quebra da vara chamada união, torna-se impossível a existência do bom pastor, já que é o princípio das 7 unidades (Ef 4.3-6) a verdadeira razão de ser da Igreja. Infelizmente as pessoas têm usado a teologia da prosperidade, os rituais religiosos, louvores, etc., para manter as pessoas distraídas do que realmente é importante: a perfeita unidade (Mt 18.18-20; Jo 17.11,21-23).
Abstraídas em meio a louvores e pregações psicológicas de autoajuda, todos mantém uma unidade hipócrita e o pior: ainda acham que VIVEM a comunhão do Sl 133.1. Não podemos ignorar a fé errada da pessoa. Muitos distorcem 1Sm 16.7 dizendo que Deus vê apenas o coração. Se sinceridade bastasse, então os muçulmanos e muitos outros grupos religiosos já estão salvos, pois eles creem veementemente que estão servindo a Deus. São pessoas sinceras (sinceramente enganadas), mas condenados à morte eterna.
O que torna uma pessoa completamente diferente de quem ela realmente é, não é aquilo que se fala a respeito dela? De igual modo, quando se coleciona uma série de conceitos e valores errados a respeito de Deus, não se está servindo ao Deus da bíblia, mas ao deus que foi inventado. E se nossos braços não se dispuserem a proteger o rebanho de ferir e enganar a si mesmo, e nossos olhos não tiverem piedade dos mais fracos (Dt 15.9), estão se secarão. Não podemos ter medo de magoar o rebanho do Senhor com a verdade e, deste modo, fugir da responsabilidade de ajudá-las a serem livres de colher o mal que estão semeando. Não podemos deixar os lobos devorarem tudo que Deus colocou de bom nelas (Jo 10.12,13).
Detalhe: olho seco representava vergonha para si mesmo (ver 1Sm 11.2), se conformar em ser incapaz de enxergar uma forma de ser bom para com o irmão. Não podemos, como hipócritas, tentar arrumar uma justificativa (muito menos na Escritura Sagrada) para algo que sabemos estar errado. O objetivo da obra de Deus não é apascentar a si mesmo (obtendo o sustento das ovelhas para si – Ez 34.1-4), já que nosso sustento vem de Deus (Mt 6.26,27,33; Fp 4.19). Aliás, Jesus morreu na cruz para que, através do perdão com Deus (2Co 5.18-20), não precisássemos mais nos preocupar com nossa manutenção, mas fôssemos livres para amar (unir em vida – o contrário de Jr 23.1).

ZACARIAS 12 → O FIM DA UNIÃO FAZ DE JESURALÉM, O CÁLICE DO JULGAMENTO PARA OS POVOS (Ap 17.4; 18.3)

Vs 1 a 4 JERUSALÉM SERIA TAÇA DE JULGAMENTO E PEDRA DE PESO PARA TODOS POVOS. APENAS QUEM FOSSE DE JUDÁ (SEM CEDER AO PECADO) É QUE SERIA CAPAZ DE VER TUDO CORRETAMENTE.
A multidão de inimigos que detestavam (e ainda detestam) Israel era muito grande, o que desanimava muitos de saírem de Babilônia e voltarem para Jerusalém. Em resposta a isto, Deus promete fazer de Jerusalém Seu cálice para punir as nações (vs 2). Todos os que pensassem em derramar o sangue de Jerusalém iriam ficar louco pelo desejo contínuo de ver pessoas morrendo (vs 2).
A verdade é que, quando alguém assume o assassinato como uma forma de resolver conflitos, acaba se tornando escravo deste tipo de comportamento (sempre respirará ameaças de morte (como Saulo – At 9.1), bastando ter alguém que lhe dê motivo para isto), bem como do medo da retaliação, o que resulta em mais desejo de matar.
Note que, embora sejam as nações que irão se ajuntar contra Jerusalém (vs 3) e cercá-la (vs 2), elas mesmas é que irão se enlouquecer (até seus cavalos serão feridos de espanto e cegueira – vs 4). Sobre Judá, contudo, Deus abrirá Seus olhos (vs 4), de modo que eles poderão enxergar tudo do jeito que Deus vê (o que significa ser luz do mundo – ajunte Mt 6.22,23 com Mt 5.14-16). Considerando que Ele estendeu o céu (sabe tudo que nele há), fundou a terra (sabe em que tudo se baseia – ver Hb 1.3) (Is 42.5; 43.1; 44.24; 65.17,18) e formou o espírito do homem (sabe quem realmente é cada um e para que cada um foi feito - vs 1) (Nm 16.22; Ec 12.7; Is 57.16; Hb 12.9), logo, quando Deus abre os olhos sobre nós, passamos a enxergar tudo do jeito que realmente é.
Quantas são as pessoas que brigam por conta de pequenas coisas. Já pensou que a briga nada mais é do que a busca de argumentos para denegrir a imagem do outro e prejudicá-lo? Qual o significado de uma vida como esta? Isto significa não enxergar de que Espírito é (Lc 9.55,56). Além disto, se Deus elegeu algumas pessoas para fazer o mal, é porque a hora do julgamento é chegada, sendo papel da Igreja preparar as pessoas para a vinda de Cristo (e não para reivindicar seus direitos).
Por causa da quebra da vara chamada União, até Judá iria se voltar contra Jerusalém (vs 2), passando a ser condenada a beber do cálice de atordoamento. Mas por que isto acontece? O primeiro a provar do cálice do atordoamento foi Jerusalém (Is 51.17,22,23; Jr 13.13). Agora, qualquer um que se envolve com ela, passa a cambalear.
O princípio é simples: assim como o contato com a abominação torna a pessoa abominável (Dt 7.25,26), o contato com o ídolo torna a pessoa tão sem vida quanto eles (Sl 115.4-8; 135.15-18), o salário de prostituta acaba voltando para a prostituição (Mq 1.7), o andar contínuo do leãozinho no meio dos leões faz dele um leão (Ez 19.5,6), assim o envolvimento com o perverso nos torna tão maus quanto ele (Pv 22.24,25) e nos torna passíveis da mesma condenação (Ap 18.4). Daí a exortação de Deus (Sl 1.1; Is 52.11; 2Co 6.14-18).
Em outras palavras, no que Jerusalém se encheu da condenação do Senhor por causa dos seus pecados (principalmente os de Manassés (2Rs 23.26; 24.3), ela se tornou uma verdadeira pedra de tropeço para todos os povos em redor, inclusive para Judá (vs 12). E, em virtude da corrupção moral e espiritual, acabou fazendo de Cristo uma pedra de tropeço para o mundo inteiro (ver Mt 21.44), já que até às malignas eles ensinaram os maus feitos deles (Jr 2.33; 23.15).
A verdade é que, quem não se envolve com Jerusalém para ajudá-la a glorificar a Deus, acaba ficando mais alheio à realidade do que os servos do diabo.
Repare a ênfase da expressão “naquele dia” nos capítulos 12 a 14 (Zc 12.4,6,8,9,11; 13.1; 14.4,6,8,9,13). Este dia está se referindo ao dia em que Jerusalém será sitiada. A expressão “aquele” é usada para indicar que se tratava de um dia bem distante (que se cumpriu parcialmente em 70 D.C. e está chegando o dia em que tudo se cumprirá cabalmente).
Trata-se do dia em que Jerusalém seria cercada de todos os lados por todas as nações (vs 3; Mt 24.15-21). O curioso nesta passagem (Ap 18) é que, no início, todos se alegram com a nação de Israel (e, em particular, Jerusalém) por ver nela um meio de comércio altamente lucrativo (Ap 18.9-14). Tanto que ela se considera assentada como rainha. Sua confiança nos povos é tal que ela acha que nenhum mal viria, já que todos se disporiam a ajudá-la (Ap 18.7). Entretanto, a sede de poder cega de tal modo a elite global que eles se esquecem do quão rentável ela era e acabam destruindo-a no fogo (Ez 38.4; Ap 17.16) e saqueando todos os seus tesouros. Se esqueceram que o que gera riquezas são pessoas, principalmente quando movidas por uma fé cega. Os tesouros, por si mesmo, não produzem nada útil. Aliás, prata, ouro e pedras preciosas só são de utilidade quando trabalhadas pelo ser humano.
A parte boa desta promessa era que Deus iria abrir Seus olhos sobre a casa de Judá (vs 4). Enquanto que os gentios que não se arrependessem e convertessem seriam feridos de loucura e seus animais de guerra (cavalos), de cegueira e espanto (vs 4), Judá seria capaz de enxergar tudo do modo correto. Mais uma razão para eles saírem da Babilônia e irem para Jerusalém, ainda que, por algum tempo, houvesse luta e perseguição.
Resumindo: é melhor sem perseguido em Jerusalém, mas sem perder a capacidade de enxergar tudo corretamente, do que permanecer no império mais magnífico do mundo, mas cego de ódio por tudo aquilo que é bom, justo e correto.
Vs 5 a 6 A PARTIR DO MOMENTO QUE OS CHEFES DE JUDÁ VIREM A FORÇA DO SENHOR NA VIDA DOS HABITANTES DE JERUSALÉM, ELES SE TORNAM UM BRASEIRO ARDENTE NA VIDA DOS ÍMPIOS (ver Sl 1.4; Ml 4.3)
Quando os chefes de Judá virem Deus protegendo Jerusalém de modo sobrenatural, eles perceberão que sua verdadeira força vem de Jerusalém (vs 5). Isto porque, aqueles que odiavam Judá, também odiavam Jerusalém e pior: odiavam o próprio Deus e Sua Palavra.
Não que esta cidade, em si, seja alguma coisa. Contudo, a partir do momento que Deus determina o lugar onde Ele nos deseja, este lugar passa a ser especial, bem como as pessoas que nele permanecem (desde, é claro, que estejam andando em Espírito – Gl 5.25). Não adianta querer fazer a vontade de Deus no lugar errado, nem ficar no lugar certo, mas fazendo a coisa errada. Lembre-se que é a presença de Deus que traz salvação.
O motivo de Deus salvar Jerusalém não é porque eles mereciam, mas sim por amor do nome Dele (Ez 20.9,14,22,44; 36.21,32). No que os inimigos queriam destruir Jerusalém, estavam desafiando o próprio Deus e Sua Palavra. Como Deus zela pelo nome Dele (a fim de que o justo não venha a confundi-lo com falsos deuses), logo, no que Deus agisse em favor de Sua Palavra, Ele estaria, automaticamente, defendendo Jerusalém (já que Seu nome estava nela – Jr 25.29).
Para ser mais claro: como o ódio é como erva daninha que se alastra, quem tinha ódio de Judá, também acabava nutrindo ódio por Jerusalém e pelo próprio Deus em pessoa. No que Deus defendia Sua Palavra, Seu nome e Sua vontade (ver Jó 42.2), automaticamente estava defendendo Judá também.
Inclusive, repare na profecia de Daniel (Dn 7.8; 8.9), que o chifre pequeno que surgiu de um dos 4 chifres da besta, cresceu em direção à terra gloriosa. Ou seja, dominar o mundo não bastava. Era preciso também insultar o próprio Jesus em pessoa (ver Dn 7.11; 8.10-12). O anticristo serve para nos mostrar a verdade acerca do ódio que cada pessoa alimenta no seu coração, a saber, que a verdadeira revolta dela não é contra as pessoas que lhe opõem (ou contra as circunstâncias), mas sim contra o próprio Deus e Sua Palavra (Tg 4.11,12). A verdade é que, para o ímpio, não há descanso enquanto ele não subir até as mais altas nuvens (Is 14.12-14) e se tornar como Deus (Gn 3.5), controlando céus e terra (2Ts 2.4).
Quando os chefes de Judá entenderem tudo isto, eles estarão aceitando a Palavra de Deus em suas vidas. Como esta palavra é como fogo (Jr 23.29), este tomará conta da pessoa (como se deu com a sarça ardente de Êx 3.2), fazendo dela um braseiro ardente (Ob 18) ambulante que consome toda obra maligna (1Co 3.12-15), bem como toda língua que ousa contra o justo juízo de Deus (Is 54.17).
É importante notar que, embora os chefes de Judá fossem como um pequeno braseiro ardente, eles seriam capazes de consumir todos os povos em redor (vs 6), já que não era pela força ou violência que eles iriam vencer (Zc 4.6), mas pelo poder do bastão que fumega, sem nunca se apagar (Is 42.3).
Observe, contudo, que o objetivo da Palavra em usar os chefes de Judá como brasa viva (ver Pv 25.21,22; Rm 12.19-21) é para fazer Jerusalém ser habitada no seu lugar próprio (vs 6). Mais uma confirmação de como e onde Deus queria usar Seus servos.
Detalhe: Zc 12-14, bem como Is 29.1-24 e Jl 3.1-21 descrevem características do exército do anticristo.
Vs 7 a 9 A FORÇA SOBRENATURAL DE DEUS FAZ JERUSALÉM CRESCER EM FORÇA, MAS SALVA JUDÁ PRIMEIRO PARA QUE SUA GLÓRIA SE IGUALE À DE JERUSALÉM E DAVI
Deus prossegue em, não só proteger os habitantes de Jerusalém, mas fortalecê-los de tal modo que até mesmo o mais fraco dentre eles seja tão vitorioso quanto Davi (que nunca perdeu uma batalha por sempre consultar o Senhor – vs 8) e a casa de Davi seja um comunicador tão perfeito da mensagem de Deus que, aos olhos de todos, sejá como se fosse o próprio Deus (ver Êx 7.1).
Que fique claro: a forma de Deus destruir todas as nações que vêm contra Jerusalém (vs 9) é através do sopro (2Ts 2.8) e da Palavra da Sua boca (Ap 2.16; 19.21). Ou seja, o fortalecimento a que se refere aqui não se trata de poderio militar (ver Dn 12.7), mas pelo poder da Sua face (ver Êx 33.20; Nm 6.25; Sl 31.16; 67.1; 80.3,7,19), capaz de emudecer (Mt 22.12) e constranger (2Co 5.14) qualquer um (note em Zc 12.3 que todos serão esmagados pela pedra angular que Deus pôs em Jerusalém – Rm 9.33; 1Pe 2.6; Is 28.6).
Inclusive, note a importância da glória no vs 7. Ou seja, o respeito que Deus esperava para Judá e Jerusalém não era pelo seu poderio militar, nem pela sua sabedoria ou qualquer outro bem material. Deus queria que eles fossem respeitados por aquilo que Ele era na vida deles (tal como se vê em Os 13.1). Entretanto, Deus nunca deseja que haja divisão no corpo de Cristo (1Co 12.23-25) e, por isto, concedeu mais honra a Judá (vs 7), salvando-o primeiro. Ao usar o mais fraco para ajudar o mais forte, a ideia é que ninguém se glorie (nem seja gloriado), mas todos vejam com clareza a origem da verdadeira força (Ef 2.8,9; 1Co 1.26-29; 2Co 4.7).
Inclusive, note como Deus se propõe a salvar as tendas de Judá (e não as cidades fortificadas – vs 7), justamente para que toda glória humana fosse colocada de lado e eles dependessem apenas do Senhor como seu salvador. Além disto, no que os moradores de Judá reconheceram sua dependência de Jerusalém e, principalmente do próprio Deus, eles passaram a ter condição de serem os primeiros a serem abençoados, já que isto significava que, quando eles fossem abençoados, eles não se esqueceriam de seus irmãos.
A ideia é que as pessoas percebessem o valor que Judá tinha para Deus e se apegasse a ele por gratidão e amor, tal como os filhos devem se apegar aos pais. Em outras palavras, os mais fortes deveriam ter uma dívida de amor para com os mais fracos (Rm 13.8), de modo que jamais pensassem em se separar deles, achando que podiam tudo por si mesmos.
A mensagem é que, alguém só está em condições de ser abençoado quando percebe que sua bênção não lhe é dada para uso egoísta, mas para ter com o quê acudir o pobre e necessitado (Pv 3.27; Ef 4.28).
O uso da expressão:

*      Ser como Davi deve-se ao fato de Davi ser considerado pelos israelitas um referencial de força e poder terrenos (2Sa 17:8; 18:3; Joe 3:10);
*      Ser como Deus lembra Moisés diante de faraó (Êx 7.1);
*      Ser como o anjo do Senhor que ia adiante deles lembra o que Deus fez com Israel quando este saía do Egito (Êx 13.21; 23.20; 32.34; 33.2);

Urge salientar também que, o fato de Deus destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém, de modo algum implica que Jerusalém não será destruída (Zc 14.2). Ela será destruída e apenas a 3ª parte dos israelitas restarão (Zc 13.8,9), um remanescente (Rm 9.27).
Vs 10 a 14 HABITANTES DE JERUSALÉM TERÃO CORAÇÃO CONTRITO E QUEBRANTADO, EMBORA O ISOLAMENTO AINDA CONTINUE
Aqui é possível ver o quanto esta questão do isolamento é coisa séria! Note como, nem nos momentos de dor, eles eram capazes de se unir. Nem mesmo com aquela que era uma só carne com eles (Gn 2.24). Quer seja a família real (vs 12 – seu representante maior (Davi) e seu representante menor (Natã)), a sacerdotal (vs 13 – seu representante maior (Levi) e seu representante menor (Simei)), ou as demais famílias (vs 14), todos pranteiam separados uns dos outros e das esposas.
É curioso isto! Mesmo recebendo o Espírito de Graça e de súplicas (vs 10), mesmo olhando para o Messias a quem eles transpassaram, ainda assim são incapazes da unidade (Jr 31.9; 50.4; Sl 126.5,6). O Espírito de Graça os leva a favorecerem uns aos outros e a se entristecerem profundamente (vs 11) pelo erro cometido de matar o Messias. E a inclinação por súplicas os leva a intercederem uns pelos outros, se importando com o bem-estar deles.
A casa de Davi e os habitantes de Jerusalém, conseguem transmitir o espírito de graça e de súplicas que receberam (vs 10), mas não conseguem a verdadeira unidade, nem mesmo olhando para o Amor que transpassaram. Mesmo enxergando o próprio erro, mesmo vendo o amor ao próximo que agrada ao Criador (Mt 22.39), ainda assim conservam separação entre as diferentes classes sociais.
Sendo assim, o que eles, de fato, estavam lamentando (Mt 24.30)? E como eles lamentam (considere que, naquela época, não ter filhos era sinal de humilhação e maldição (1Sm 1.11; Jr 6.26; 8.10; Lc 1.25))! Tanto, que este pranto lembrava o quanto eles lamentaram a morte de Josias, o melhor rei que Israel teve (2 Rs 23.29,30; 2Cr 35.22-27).
Contudo, ao invés de considerarem Jesus como alguém que foi gerado dentro deles (Gl 4.19), o que havia era remorso pela perda dos privilégios que receberam como povo eleito do Senhor (vs 10).
Com isto podemos aprender que não basta o Espírito de Graça e Súplicas para fazer o povo ser verdadeiramente unido. A verdade é que, se a pessoa não nascer de novo, mesmo recebendo o derramamento do Espírito Santo, ainda assim não será capaz do que realmente glorifica a Deus: o amor uns aos outros (Jo 13.34,35; 15.12,13).
Detalhe: o fato de Deus conceder Seu Espírito Santo implicava em Ele não esconder mais Sua face deles (Ez 39.29), mas falar-lhes através de profecias, sonhos e visões (Jl 2.28).
É bem verdade que a verdadeira conversão não vem do medo da punição, mas de uma contemplação de Jesus crucificado (daí Paulo, ao citar a conversão dos Gálatas, enfatizar que eles viram Jesus crucificado, embora nenhum deles estivesse presente no momento da crucificação – Gl 3.1). Contudo, isto só não basta para regenerar o pecador.
Para ilustrar isto, veja como:

*      Mesmo Saul sendo visitado pelo Espírito Santo e profetizando, ainda assim não desistiu de matar Davi (1Sm 19.22-24);
*      Mesmo Judas sendo usado pelo Espírito Santo para curar enfermos e expulsar demônios, ainda assim traiu Jesus (Mt 10.1; Lc 10.17,19);
*      Embora muitas pessoas tivessem sido curadas pelo Espírito Santo, ainda assim tiveram a coragem de pedir Sua crucificação.

Vem a questão: mas, como explicar Jer 31:9, 31-34, onde mostra a transformação de coração que ocorrerá na vida dos israelitas? A resposta está na expressão “depois daqueles dias” (Jr 31.33), ou seja, não é no momento que Jesus vem, mas após o julgamento dos bodes e ovelhas (Mt 25.33-46), quando o milênio tem início. Inclusive, a fonte aberta para purificação em Zc 13.1 comprova que a purificação acontece depois do pranto.
Detalhe: muitos alegam que, aqueles a quem transpassaram, refere-se literalmente aos que estiveram presentes durante o episódio (Jo 19.34,37; Ap 1.7). Contudo, por aqui vê-se que está se referindo aos israelitas que estiverem vivos por ocasião da 2ª vinda de Jesus. A razão da ênfase na expressão “a quem transpassaram” é em virtude do fato de que todos verão Jesus, não apenas como um ser divino, mas também como homem.
Ou seja, à expressão “até os mesmos que os transpassaram”, refere-se aos israelitas (como se vê no vs 10). A razão desta ênfase deve-se ao fato de que muitos gentios poderiam acham que nenhum israelita veria novamente Jesus, em virtude do que fizeram com ele.
Todavia, Jesus se mostra até mesmo àqueles que o traíram, maltrataram, etc. Isto, somado com (Jó 1.6-12; 2.2-7), nos mostra que Deus não se esconde de ninguém. Nós é que nos escondemos Dele (Jo 5.40; Hb 12.15).

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