domingo, 29 de março de 2015

87 - PASSAGEM DO SAMARITANO – o importante é o estilo de vida que adotamos.

PASSAGEM DO SAMARITANO – o importante é o estilo de vida que adotamos.

         

Mestre, que farei para herdar a vida eterna? (Lc 10.25). Esta foi a primeira pergunta que o doutor da lei fez a Jesus. E Ele responde com uma pergunta: “Que está escrito na lei? Como lês?” (Lc 10.26). Já que ele insistia em achar que era por meio de obras que se alcança a vida eterna, nada mais indicado do que buscar na lei uma resposta para isto. Note, então, que todo trecho é uma busca na lei para a questão da morte.

A primeira coisa a perguntar é: qual a importância do samaritano nesta passagem? Quem era este samaritano?

O Eterno prometeu a Israel a terra de Canaã. Após a morte de Josué as 12 tribos de Israel andaram dispersas, cada um fazendo o que era bom aos seus olhos (Mt 21.25). Quando Davi sobe ao trono, ele consegue unificar Israel e, durante todo o reinado de Salomão, Israel permaneceu unido.

Após a morte de Salomão, Israel se dividiu em dois reinos: o reino do norte, com dez tribos. E o reino do sul constituído pela tribo de Judá (1Rs 11.31-36). A partir daí, nunca mais as dez tribos do norte se sujeitaram ao domínio de Judá (1Rs 12.19).

Inicialmente, a capital das dez tribos do norte ficou sendo Tirza (ver 1Rs 15.33). No entanto, quando Onri comprou de Semer o monte dele, em sua homenagem, chamou a cidade que nele edificara de Samaria (1Rs 16.24), a qual passou a ser a nova capital do reino do norte.

Ou seja, a principal razão de os judeus não se darem bem com os samaritanos (Jo 4.9) é por não aceitarem este ato de rebeldia que perpetuou até à época de Jesus. Muito tempo depois, no reinado de Oséias (1Rs 17.1-3), Salmanezer invade Samaria e a toma, levando todo o Israel cativo para a Assíria. E, para deixar Israel sem pátria, envia indivíduos das mais diversas nações para ali habitar (1Rs 17.24). Como, todavia, estes indivíduos começaram a ser atacados por leões, eles trouxeram um sacerdote para ensinar como temer o Eterno (1Rs 17.26-28). A partir daí cada grupo adorava ao mesmo tempo ao Eterno e aos seus deuses (1Rs 17.29-33).

Daí Jesus chamar os samaritanos de estrangeiros (Lc 17.16-18). Ou seja, além de tudo que Samaria representava em termos da rebelião das dez tribos do norte, ainda havia o fato de que estrangeiros se apossaram da terra deles e adoravam ao Eterno de um modo que não lhes proporcionava nenhum lucro.

Como não existe em nenhum lugar na Escritura Sagrada que afirma que este episódio é uma parábola, tudo leva a crer que este fato realmente aconteceu. Ou seja, três indivíduos desceram de Jerusalém a Jericó pelo mesmo caminho: um cidadão que foi atacado por salteadores, um sacerdote, um levita. Não dá para saber ao certo o que eles tinham ido fazer em Jerusalém (talvez tivessem ido participar de um culto judaico, já que um sacerdote e um levita estavam descendo por este mesmo caminho).

Mas afinal, por que o sacerdote e o levita não quiseram acudir ao ferido? A princípio muita coisa poderia ser conjecturada, se não fosse o fato de que o assunto aqui tratado é a salvação através da lei. Além disto, não é em vão que Jesus enfatiza que era um sacerdote e um levita. Como é bem sabido, nenhum israelita poderia se contaminar com indivíduos leprosos ou que apresentavam fluxo de sangue (Nm 5.2,3), quão dirá os sacerdotes e levitas, cuja pureza e santidade exigidas eram ainda maiores (ver Lv 21.1-15).

Note que a própria lei mosaica era um empecilho para eles obedecerem ao segundo maior princípio da lei do Antigo Testamento. Pela lei, cada indivíduo é obrigado a punir o infrator na tentativa de recuperá-lo (ver Mt 18.15-17). Se, por outro lado, o indivíduo não quiser punir, ele estará sendo injusto, dando espaço para que outros venham também a transgredir. A única saída é a misericórdia, ou seja, o indivíduo permanecer junto ao infrator buscando que o Eterno use sua vida para recuperá-lo, como se ele fosse uma tala para ajudar na recuperação do membro ferido.

Finalmente, pense: qual foi a segunda pergunta feita pelo doutor da lei? “Quem é meu próximo?”. Ora, se o próximo do homem ferido foi quem usou de compaixão para com ele (Lc 10.36), logo nosso próximo será aquele que usar de misericórdia para conosco (Lc 10.36).

Ou seja, nossa vida deve dar condições para que aqueles que desejam ser usados pelo Eterno para exercer Sua misericórdia tenham onde praticá-la. Enfim, a forma de herdar a vida eterna é vivendo uma vida que seja digna da misericórdia do Eterno para conosco, como Ele mesmo disse:

 

·         “Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer.” (Êx 33.19).

 

Entendendo que todo aquele que invocar o nome do Eterno será salvo (Jl 2.31), que a bondade e a misericórdia do Eterno nos seguindo é que garante que iremos habitar na casa do Eterno para sempre (Sl 23.6) e que Ele, em Si, é a vida eterna (Jo 17.3; 1Jo 5.20), logo a receita para ser salvo é ser alvo da misericórdia do Eterno.

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                                  

Nenhum comentário:

Postar um comentário