segunda-feira, 29 de junho de 2015

88 - AS RIQUEZAS DA INJUSTIÇA

AS RIQUEZAS DA INJUSTIÇA

 

·         “E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.” (Lc 16.9).

 

O que são as riquezas da injustiça aqui referidas? Se você analisar o contexto, verá que está se referindo ao dinheiro. Você pode questionar: “mas, e se o indivíduo estiver trabalhando honestamente?”.

Vem a questão: o que o Eterno entende por roubo? Isto pode parecer uma pergunta idiota. No entanto, o conceito do Eterno é diferente do que o mundo estabelece.

1º exemplo:

 

·         “Os pecadores de Sião se assombraram, o tremor surpreendeu os hipócritas. Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas? O que anda em justiça, e o que fala com retidão; o que rejeita o ganho da opressão, o que sacode das suas mãos todo o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal.” (Is 33.14,15).

 

Diante do mundo o ganho da opressão é uma prática normal. Qualquer um pode muito bem se aproveitar do infortúnio alheio para lucrar. Haja visto que nenhum médico, dentista, hospital, farmácia é punido pelos altos preços dos seus serviços e produtos. Um indivíduo pode muito bem se aproveitar do desespero que tomou conta de alguém para comprar, deste, algo a um preço bem abaixo do normal.

2º e 3º exemplos:

 

·         “Sendo, pois, o homem justo, e praticando juízo e justiça, não comendo sobre os montes, nem levantando os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua separação, não oprimindo a ninguém, tornando ao devedor o seu penhor, não roubando, dando o seu pão ao faminto, e cobrindo ao nu com roupa, não dando o seu dinheiro à usura, e não recebendo demais, desviando a sua mão da injustiça, e fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem; andando nos meus estatutos, e guardando os meus juízos, e procedendo segundo a verdade, o tal justo certamente viverá, diz o Senhor DEUS.” (Ez 18.5-9).

 

Quer coisa mais comum em nosso meio do que a presença dos agiotas e a prática do lucro exagerado? Basta você pensar que o preço vendido numa loja é, no mínimo, três vezes superior ao preço de custo do produto. E todo mundo acha normal.

Mas isto não é tudo! 4º exemplo:

 

·         “Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos. Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança.” (Tg 5.1-5).

 

Quer coisa mais comum do que explorar os empregados? Cada patrão quer total fidelidade do empregado, que ele se entregue em prol do crescimento de sua loja ou empresa, mas se recusa a dar o mínimo necessário para que o mesmo possa ter uma vida digna.

Tudo isto é considerado prática normal do comércio. Cada um se conforma em ser explorado desde que, com isto, possa também explorar.

Todavia, tais práticas são consideradas pelo Eterno como roubo, injustiça.

Talvez você se pergunte: “mas como, se ninguém foi enganado e cada um aceitou de bom grado tais costumes?”

No primeiro exemplo o indivíduo aceitou a proposta porque estava precisando muito do dinheiro em virtude de uma calamidade que lhe sobreveio de repente. Como ele precisava urgente do dinheiro, ele não teve escolha.

No segundo exemplo o indivíduo concordou porque estava desesperado atrás de um bem (seja por necessidade ou cobiça) e precisava do dinheiro.

No terceiro exemplo o indivíduo aceitou porque não sabia o preço de custo do produto ou não teve opção de comprar mais barato, já que indústria e comércio formam um cartel que acabam forçando cada um a adquirir o produto pelo preço que bem lhes apraz.

No quarto exemplo o indivíduo concordou em trabalhar por uma miséria porque não achou nenhum patrão que lhe pagasse o necessário para que ele pudesse prover sua casa.

Contudo, em nenhum destes casos encontramos alguém satisfeito em dar seu dinheiro em troca de um produto ou serviço, muito menos em ofertar seu tempo, energia, força e capacidade a fim de trabalhar para o outro.

A partir do momento em que alguém é forçado a abençoar o próximo, tal indivíduo não experimenta o amor do Eterno, visto que o Eterno só concede Seu amor àquele que dá com alegria (2Co 9.7).

Resultado: o que temos é a injustiça, ou seja, cada um se entregando ao outro tal como isca no anzol: procurando devorar o indivíduo ao máximo ou, se preferir, prendê-lo a si.

Você pode estar se perguntando: mas não há uma solução para isto? Com certeza!

Jesus e Seu amor é a solução. Quando Jesus é o centro dos relacionamentos, o indivíduo não paga ao outro por obrigação, mas por amor e pelo desejo de ver o Eterno usando seus recursos na vida do próximo para glorificar Seu nome.

Enfim, não importa o quanto você possa estar trabalhando honestamente: quando o indivíduo que adquire algo de você não vê com bons olhos abençoar-te com a quantia paga por ele, então trata-se de uma riqueza injusta, visto que o desejo de cada um é se aproveitar do outro para satisfazer seus desejos.

Apenas Jesus pode nos salvar desta triste realidade de fazer e sofrer o mal (ainda que involuntariamente – Rm 7.15-19).

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário