AS RIQUEZAS DA INJUSTIÇA
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“E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça;
para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos
eternos.” (Lc 16.9).
O
que são as riquezas da injustiça aqui referidas? Se você analisar o contexto,
verá que está se referindo ao dinheiro. Você pode questionar: “mas, e se o
indivíduo estiver trabalhando honestamente?”.
Vem
a questão: o que o Eterno entende por roubo? Isto pode parecer uma pergunta
idiota. No entanto, o conceito do Eterno é diferente do que o mundo estabelece.
1º
exemplo:
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“Os pecadores de Sião se assombraram, o tremor surpreendeu os
hipócritas. Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós
habitará com as labaredas eternas? O que anda em justiça, e o que fala com
retidão; o que rejeita o ganho da opressão, o que sacode das suas mãos
todo o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de
derramamento de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal.” (Is 33.14,15).
Diante
do mundo o ganho da opressão é uma prática normal. Qualquer um pode muito bem
se aproveitar do infortúnio alheio para lucrar. Haja visto que nenhum médico,
dentista, hospital, farmácia é punido pelos altos preços dos seus serviços e
produtos. Um indivíduo pode muito bem se aproveitar do desespero que tomou
conta de alguém para comprar, deste, algo a um preço bem abaixo do normal.
2º
e 3º exemplos:
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“Sendo, pois, o homem justo, e praticando juízo e justiça, não
comendo sobre os montes, nem levantando os seus olhos para os ídolos da casa de
Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na
sua separação, não oprimindo a ninguém, tornando ao devedor o seu penhor, não
roubando, dando o seu pão ao faminto, e cobrindo ao nu com roupa, não dando
o seu dinheiro à usura, e não recebendo demais, desviando a sua mão
da injustiça, e fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem; andando nos meus
estatutos, e guardando os meus juízos, e procedendo segundo a verdade, o tal
justo certamente viverá, diz o Senhor DEUS.” (Ez
18.5-9).
Quer
coisa mais comum em nosso meio do que a presença dos agiotas e a prática do
lucro exagerado? Basta você pensar que o preço vendido numa loja é, no mínimo,
três vezes superior ao preço de custo do produto. E todo mundo acha normal.
Mas
isto não é tudo! 4º exemplo:
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“Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas
misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as
vossas vestes estão comidas de traça. O vosso ouro e a vossa prata se
enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a
vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos
trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama;
e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos.
Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos
corações, como num dia de matança.” (Tg 5.1-5).
Quer
coisa mais comum do que explorar os empregados? Cada patrão quer total
fidelidade do empregado, que ele se entregue em prol do crescimento de sua loja
ou empresa, mas se recusa a dar o mínimo necessário para que o mesmo possa ter
uma vida digna.
Tudo
isto é considerado prática normal do comércio. Cada um se conforma em ser
explorado desde que, com isto, possa também explorar.
Todavia,
tais práticas são consideradas pelo Eterno como roubo, injustiça.
Talvez
você se pergunte: “mas como, se ninguém foi enganado e cada um aceitou de bom
grado tais costumes?”
No
primeiro exemplo o indivíduo aceitou a proposta porque estava precisando muito
do dinheiro em virtude de uma calamidade que lhe sobreveio de repente. Como ele
precisava urgente do dinheiro, ele não teve escolha.
No
segundo exemplo o indivíduo concordou porque estava desesperado atrás de um bem
(seja por necessidade ou cobiça) e precisava do dinheiro.
No
terceiro exemplo o indivíduo aceitou porque não sabia o preço de custo do
produto ou não teve opção de comprar mais barato, já que indústria e comércio
formam um cartel que acabam forçando cada um a adquirir o produto pelo preço
que bem lhes apraz.
No
quarto exemplo o indivíduo concordou em trabalhar por uma miséria porque não
achou nenhum patrão que lhe pagasse o necessário para que ele pudesse prover
sua casa.
Contudo,
em nenhum destes casos encontramos alguém satisfeito em dar seu dinheiro em
troca de um produto ou serviço, muito menos em ofertar seu tempo, energia,
força e capacidade a fim de trabalhar para o outro.
A
partir do momento em que alguém é forçado a abençoar o próximo, tal indivíduo
não experimenta o amor do Eterno, visto que o Eterno só concede Seu amor àquele
que dá com alegria (2Co 9.7).
Resultado:
o que temos é a injustiça, ou seja, cada um se entregando ao outro tal como
isca no anzol: procurando devorar o indivíduo ao máximo ou, se preferir,
prendê-lo a si.
Você
pode estar se perguntando: mas não há uma solução para isto? Com certeza!
Jesus
e Seu amor é a solução. Quando Jesus é o centro dos relacionamentos, o
indivíduo não paga ao outro por obrigação, mas por amor e pelo desejo de ver o
Eterno usando seus recursos na vida do próximo para glorificar Seu nome.
Enfim,
não importa o quanto você possa estar trabalhando honestamente: quando o
indivíduo que adquire algo de você não vê com bons olhos abençoar-te com a
quantia paga por ele, então trata-se de uma riqueza injusta, visto que o desejo
de cada um é se aproveitar do outro para satisfazer seus desejos.
Apenas
Jesus pode nos salvar desta triste realidade de fazer e sofrer o mal (ainda que
involuntariamente – Rm 7.15-19).
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