segunda-feira, 29 de junho de 2015

91 - ESDRAS 10 – Como explicar o divórcio exigido por Esdras se o Eterno odeia o divórcio?

ESDRAS 10 – Como explicar o divórcio exigido por Esdras se o Eterno odeia o divórcio?

 

·         “Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus de que despediremos todas as mulheres, e os que delas são nascidos, conforme ao conselho do meu senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a lei.” (Ed 10.3).

 

É bom lembrar que estamos na Aliança da Lei, cujas obras eram relacionadas com as coisas da carne. E de acordo com a Escritura Sagrada, a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma:

 

·         (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.” (Hebreus 7.19).

·         “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” (Hb 10.1).

 

A única coisa que a lei faz é contribuir para o aumento do pecado:

 

·         “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20).

·         “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado. E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri. Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou.” (Rm 7.7-9,11).

 

A verdade é que aqueles que estão na carne não podem agradar ao Eterno:

 

·         “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Rm 8.5-8).

 

Muitos entendem mal isto. Estar na carne não quer dizer estar no mundo praticando toda dissolução e maldade. A partir do momento que estamos servindo ao Eterno através do nosso esforço, estamos usando nossa carne para agradá-Lo e nos aproximarmos Dele. Lembra do trecho abaixo?

 

·         “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” (Ef 2.8,9)

 

A salvação não vem pelas obras da lei, as quais são, todas elas (com exceção dos dois mandamentos de Cristo), ordenanças da carne. Ou seja, o intuito delas é ensinar nossa carne a se comportar de modo a agradar ao Eterno.

No entanto, quanto mais a carne tenta agradar ao Eterno, mais ela peca. Mesmo quando está cumprindo um preceito da lei:

 

·         “Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?” (Mt 12.5).

 

Note que, para os sacerdotes realizarem os serviços sagrados, eles tinham que violar a lei do sábado.

Isto não é tudo? E caso um menino nascesse no sábado? Ele deveria ser circuncidado ao 8º dia, ou seja, no sábado:

 

·         “Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado circuncidais um homem.” (João 7.22).

 

Ou seja, a lei só tem uma serventia: matar a carne:

 

·         “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.” (2Co 3.6).

 

Em outras palavras, em momento algum a Escritura Sagrada diz que a atitude de Esdras agradou ao Eterno, assim como a mentira de Raabe também não O agradou. Raabe entrou para a galeria dos heróis da fé (Hb 11.31) porque, dentro da realidade dela (prostituta gentia), aquela atitude foi a melhor coisa que ela soube fazer.

De igual modo, Esdras foi um grande homem do Eterno porque, em meio a todas as limitações dele (lembre-se que eles não conheciam o Favor do Eterno (Graça)), ele fez o melhor para que o nome do Eterno fosse glorificado.

Afinal, enquanto boa parte da população que veio do cativeiro tinha casado com mulheres estrangeiras e os demais não estavam se importando nem um pouco, Esdras estava sobremodo preocupado. Ele não queria ver o Eterno derramando Sua ira sobre o povo de Israel. Estava jejuando, orando, se afligindo em prol do arrependimento e conversão de Israel.

No entanto, numa atitude desesperada, para que as mulheres estrangeiras não fizessem os filhos de Israel desviarem do Eterno (Dt 7.1-4), ele promulga tal ordem (o que mais uma vez mostra a fragilidade do Testamento da Lei).

No entanto estas duas atitudes só veem confirmar o que disse Isaías:

 

·         Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam.” (Is 64.6).

 

Ou seja, mesmo que conseguíssemos cumprir toda a lei do Eterno, aos olhos Dele ainda seríamos extremamente imundos tal como o sumo-sacerdote Jesua (Zc 3.2,3).

Alguém pode questionar: “mas obedecer a lei do Eterno não é prova de fé?”. Absolutamente!

 

·         “Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá.” (Gálatas 3.12).

 

Além disso:

 

·         “De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?” (Hebreus 7.11)

 

Ou seja, obedecer um conjunto de leis pode até dizer que você acredita em Jesus. Isto, contudo, não quer dizer que você tenha fé Nele. Pelo contrário, você está tendo fé no seu esforço de se fazer justo para ter direito a algo da parte de Jesus.

Fé implica em ouvir a voz do Eterno (Rm 10.17) e confiar que Ele irá cumprir toda Sua boa palavra que falou a nosso respeito.

Você pode questionar: “mas, e como fica a situação das mulheres e crianças inocentes que tiveram que sair de seus lares? O que ia ser da vida delas? Muitas acabariam ficando com raiva do Deus de Israel”.

Em primeiro lugar, é bem provável que estas mulheres fossem idólatras. Afinal, quando uma mulher, mesmo sendo de Moabe ou das cidades de Canaã se convertia ao Eterno, ela era aceita como povo de Israel. Dois exemplos disto são Rute e Raabe que vieram até mesmo a fazer parte da linhagem de Jesus.

Em segundo lugar, as crianças não são inocentes. Elas são concebidas em pecado (Sl 51.5), desde o ventre já se alienam do Eterno (Sl 58.3) e sua imaginação é má desde a meninice (Gn 8.21).

Em terceiro lugar, o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Mesmo sendo a vida eterna o dom gratuito do Eterno, isto não muda o fato de que nós e os indivíduos à nossa volta irão colher o mal daquilo que semeamos. Dependo do caso, muitas gerações posteriores serão influenciadas por um erro cometido por nós hoje. A prova disso que até hoje Israel sofre pelo fato de Abraão ter dado ouvidos à sua mulher (os árabes são descendentes de Ismael, fruto do relacionamento de Abraão com a serva de Sara). É a chamada herança de maldição (Êx 20.5,6).

Vem a questão: não há como ficar livre disto? Sim!

 

·         “E será que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o SENHOR teu Deus, e te converteres ao SENHOR teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, então o SENHOR teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o SENHOR teu Deus.” (Dt 30.1-3).

 

Note como, quando o indivíduo se converte ao Eterno, toda maldição é quebrada. E considerando que Jesus está sempre batendo na porta dos corações (Ap 3.20), logo o Favor do Eterno (Graça) estava disponível a cada uma dessas criancinhas, bastando se arrepender, converter.

Você pode questionar: “mas como, já que muitas deveriam estar revoltadas com o Eterno em virtude de terem sido expulsas de Israel?”. Revoltados com o Eterno todos estão. O pecado nada mais é do que chamar o Eterno de juiz iníquo.

No entanto, cada criança ou mulher revoltada tinha a oportunidade de decidir o que fazer com a revolta existente no coração: poderia continuar revoltada com o Eterno ou com o pecado dos israelitas que foi o que deu ocasião para tamanha dor no coração delas.

Note como o pecado dos israelitas deu ocasião para aquelas crianças e mulheres blasfemarem do Eterno (como mostrado em Rm 2.24). No entanto, quem direcionasse sua revolta para o foco correto, seria capaz de enxergar o quão maligno é o pecado, o quão justo é o Eterno e o quão maravilhosos são os Seus juízos, visto que são eles que nos permitem participar da Sua santidade (Hb 12.10) e fazer brotar em nós o fruto pacífico de justiça (Hb 12.10), ainda que o choro tenha que durar uma noite (Sl 30.5).

Mas isto é para que tremamos diante da tentação e, com isto, não pequemos.

Por fim, qual então seria a atitude correta a ser tomada por Esdras hoje na Aliança do Favor?

 

·         “Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.” (1Co 7.12-14).

 

Uma vez que eles já tinham se casado, eles deveriam fazer o mesmo que aqueles que casaram sem saber que o casamento misto era pecado ou aqueles que casaram quando ainda estavam no mundo: deveriam permanecer firmes no Eterno junto com o cônjuge pagão, sem jamais se apartar do Eterno. É claro que a luta é grande. Talvez o cônjuge convertido tenha que resistir até o sangue (ver Hb 12.4). Contudo, com o Favor do Eterno disponível em Jesus, não há mais motivo para cair na fé, pois o pecado não é para ter mais domínio sobre nós (Rm 6.14).

 

90 - POR QUE MARIA MADALENA FOI PROIBIDA DE TOCAR JESUS (Jo 20.17)? O QUE ISTO TEM HAVER COM A REBELIÃO DE HA-SATAN CONTRA O ETERNO.

POR QUE MARIA MADALENA FOI PROIBIDA DE TOCAR JESUS (Jo 20.17)?

O QUE ISTO TEM HAVER COM A REBELIÃO DE HA-SATAN CONTRA O ETERNO.

 

Compare as seguintes passagens:

 

·         “E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram.” (Mt 28.9).

·         “Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.” (Jo 20.17).

 

Note que, enquanto Maria Madalena foi proibida de tocar Jesus, as outras mulheres (Joana, Maria, mãe de Tiago e Salomé, por exemplo – Mc 16.1; Lc 24.10) puderam abraçar os pés de Jesus. Vem a pergunta: qual o motivo disto?

Note como as outras mulheres estavam a serviço do Rei dos reis quando foi por eles surpreendida. A missão delas era levar as boas novas (evangelizar) aos discípulos e irmãos de Jesus. Já no caso de Maria Madalena, o desejo dela era o de adorar Jesus.

A primeira vista isto pode parecer algo bom. Ainda mais considerando que o Eterno gosta de ser “detido”:

 

·         “E já ninguém há que invoque o teu nome, que se desperte, e te detenhas; porque escondes de nós o teu rosto, e nos fazes derreter, por causa das nossas iniqüidades.” (Is 64.7)

 

Veja o caso de Jacó. No que Ele “deteve” o Eterno, ele teve seu nome mudado, ou seja, sua identidade transformada (Jo 32.24-28).

Contudo, você já parou para pensar que, muitas vezes, as coisas boas causam mais males do que as ruins?

Pense: quem são os responsáveis pelo maior número de mortes na sociedade? Não são os bandidos, mas sim os militares. Com a desculpa de que é para promover a paz definitiva, fazem guerra contra todos aqueles que, segundo eles, são os culpados de todos os males na sociedade.

Analisemos, por exemplo, o caso de Hittler. Ele é considerado um dos maiores monstros que já existiu no mundo. No entanto, e se eu te dissesse que ele tinha boas intenções. Por mais absurdo que seja, o desejo dele era o mesmo que o nosso: purificar o planeta de toda raça ruim, de modo que só ficassem aqui aqueles que fossem bons.

E quanto aos divórcios? Normalmente, quem é a parte que o exige? É justamente o “bonzinho”, aquele que se sente injustiçado. O pecador, muitas vezes quer se redimir e reconciliar, mas a parte ofendida se recusa a isto.

Mesmo nos tribunais. Quem são os indivíduos que normalmente abrem os processos? Aqueles que se acham no direito de encher a si e a outros (juiz, promotor, etc.) de maus sentimos só para ver seu prejuízo físico restaurado.

Usando exemplo da Escritura Sagrada, veja o caso de Uzias. Por mais absurdo que possa pearecer, o que fez ele desviar do Eterno foi justamente as bênçãos que Dele recebeu (2Cr 26.15). E como foi que ele se desviou? Indo para oferecer incenso ao Eterno (2Cr 26.16). Note que ele não foi oferecer incenso a outros deuses, mas ao Eterno. Então por que ele foi severamente punido? Porque isto era tarefa exclusiva dos sacerdotes (2Cr 26.18). Ou seja, o que no fundo ele queria era receber do Eterno honra para si mesmo. Viu como um ato que parecia bom, na verdade não era?

De igual modo, quando Uzá colocou a mão na arca da aliança para não deixá-la cair, ele morreu na hora (2Sm 6.7). Embora aquele gesto tenha sido bem intencionado, tal coisa não era permitida. Não podemos consertar um erro com o outro.

E quanto a Ha-Satan? Já pensou no motivo que levou Ha-Satan a se rebelar contra o Eterno? Pense: Ha-Satan tinha um corpo glorificado, não existia problemas, nem tentações, muito menos quem tentasse. O mal não existia.

Então como ele foi se corromper? Só existe uma explicação. Por causa de uma coisa boa. Ele queria ser semelhante ao Altíssimo (Is 14.12-14). Muitos acham que isto era inveja. Contudo, lembre-se que o mal não existia. Logo, a intenção dele era boa. Ele queria ser semelhante ao Altíssimo porque queria ajudar de uma forma tão bela como o Eterno. Ele queria ir além do seu principado (Jd 1.6) para poder servir mais.

O que Ha-Satan não entendia, é que, quem não é com Jesus é contra Ele e quem com Ele não ajunta, espalha (Mt 12.30). Ou seja, não é para fazermos o papel do Eterno (trabalharmos por Ele), mas sim para deixarmos que Ele nos use para ministrar na vida dos indivíduos. Note como os indivíduos mais cruéis que surgem são justamente os que acham que estão trabalhando para o Eterno, fazendo a obra Dele.

Mais ainda: quando você lê o evangelho, com quem você vê Jesus discutindo? Não é com os adoradores de Ha-Satan, muito menos com os bandidos e prostitutas, mas justamente com aqueles que eram os maiores conhecedores da Escritura Sagrada.

Com todos estes exemplos, podemos ver que os maiores causadores de problemas são aqueles que a sociedade considera como bons. E não é para menos, já que, ao contrário dos bandidos, eles contam com o apoio de leis e da sociedade para levar a cabo todos os seus maus intentos, com a desculpa que é para o bem de todos.

Você pode estar se perguntando: “mas o que tem tudo isto haver com Maria Madalena?”.

Veja também o caso dos discípulos:

 

·         “Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu.” (Jo 14.28).

 

Eles queriam o mesmo que Maria Madalena. Veja como Jesus repreendeu a Pedro numa certa ocasião:

 

·         “Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.” (Mt 16.21-23).

 

Ele não queria que Jesus morresse, mas que continuasse vivo com eles. Na sociedade isto é visto como amor. Contudo, Jesus afirma que os discípulos não O amavam e chamou a Pedro de Satanás por desejar tal coisa.

Mas onde é que está o problema? Enquanto Jesus estava em carne (mesmo após ressurreto), Ele não era onipresente. Embora o corpo ressurreto de Jesus pudesse voar, atravessar paredes e aparecer e desaparecer do nada, ainda assim Ele não podia estar em mais de um lugar ao mesmo tempo (lembre-se que Ele foi 100% homem e que teremos um corpo semelhante ao de Jesus – 1Co 15.44-49).

Assim, Maria Madalena, Pedro e os demais apóstolos queriam Jesus só para eles. Isto é egoísmo. Por isto é que Jesus não queria ser detido por Maria Madalena: porque Ele tinha que outras coisas para fazer (por exemplo, encontrar com as outras mulheres).

A adoração de Maria Madalena era carnal (algo condenado em 2Co 5.16). Mesmo que sincera, pensava apenas no seu bem-estar.

Este nível de adoração só poderia ser executado após Jesus subir para o Pai e voltar. Isto aconteceria com sua ascensão e, em seguida, com a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes. A partir do Pentecostes, aí sim cada um poderia adorar o Eterno tal como Maria Madalena e os apóstolos, só que em espírito.

Afinal, o Pai é maior do que Jesus: Ele pode estar em toda parte. Assim, o fato de eu querer “deter” Jesus não impede que outros indivíduos tenham acesso à sua presença. E como é que “detemos” o Eterno? Permitindo que Ele preencha todo o nosso espírito, todos os nossos sentimentos, cada uma das nossas ações (força) e cada pensamento nosso.

É isto que significa amar ao Eterno. Quando o nosso coração detiver o Eterno, nos tornaremos capazes também de amar o próximo como a nós mesmos, já que:

 

·         “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16).

 

Qual é o verdadeiro sentido deste versículo? Pelo fato de o Eterno ter amado o mundo, Ele concede Seu filho a quem estiver disposto a confiar Nele a fim de que os indivíduos à Sua volta possam crer Nele e, deste modo, não perecerem. Ou, dizendo de outro modo, o Eterno concede Jesus a alguém a fim de que este, ao recebê-Lo (Jo 1.12), possa ser capaz de amar o mundo de tal maneira e, assim, os indivíduos tenham oportunidade de crerem em Jesus e passarem a ter a vida eterna.

Com base nisso, podemos perceber que nosso objetivo não é o de querer que os indivíduos à nossa volta sejam transformados. Ao invés disso, os erros dos outros devem ser visto como uma oportunidade a mais de Cristo poder se manifestar através de nós (ver Rm 5.20; 2Co 4.10,11).

Tanto que Jesus disse:

 

·         “E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.” (Jo 17.19).

 

Note que Jesus não disse que ia santificar os apóstolos, o que parece muito mais razoável. Ao invés disso, a preocupação de Cristo era, a cada situação que surgia, aproveitar para manifestar Sua santidade aos indivíduos. Ou seja, ao invés de querer convencer os discípulos a mudarem com palavras, Seu foco era mostrar que, em todas as coisas e de todos os modos é possível dar glória ao nome do Eterno. Afinal, no que Jesus passou por tudo que nós passamos, mas sem pecado (Hb 4.15), isto serviu como prova de que é possível passar por toda e qualquer situação sem negarmos a Cristo, bastando para isto que Ele nos fortaleça (Fp 4.13).

Assim, ao invés de fugirmos dos problemas, seja nos isolando da pessoa ou obrigando que ela mude, devemos aproveitar o meio pecaminoso no qual estamos para que o Favor do Eterno possa superabundar na nossa vida.

Daí Jesus dizer para amarmos os nossos inimigos (Mt 5.44) e que Ele veio para chamar os pecadores ao arrependimento, e não os justos (Mt 9.12,13). Afinal, é na presença dos mesmos que ocorrerão as maiores oportunidades de mostrarmos o Favor do Eterno (Rm 5.20).

Inclusive, já parou para pensar no motivo de o Eterno ter colocado a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal no Édem? O Eterno não tenha prazer em ver o homem pecar. Contudo, por saber que é em meio ao pecado que seu amor, perdão e Favor podem melhor ser vistos, o Eterno permitiu uma situação que com certeza faria o ser humano pecar.

É pelo mesmo motivo que Ele suporta com muita paciência os vasos da ira (Rm 9.22,23), não quer que o joio seja arrancado (Mt 13.29) e Se mostra paciente em meio a pecados cometidos (Rm 3.25,26): para que possa mostrar em que consiste sua verdadeira justiça e, deste modo, possa ser o único justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.

Para ilustrar isto, veja a história de Oséias. Ele teve que casar com uma mulher que ele sabia que ia se prostituir e depois teve que comprá-la de volta. Se Gômer não tivesse adulterado, o amor de Oséias não seria uma dádiva, mas uma obrigação, já que Gômer teria o direito de receber amor da parte Dele. Todavia, no que Gômer pecou, ela perdeu todos os direitos e não merecia nada. Agora o amor de Oséias era uma expressão viva de como é o amor do Eterno. Ou seja, Oséias amou Gômer simplesmente porque recebera em si este amor da parte do Eterno, de modo que Ele não podia fazer outra coisa senão amar.

De igual modo, se o ser humano não tivesse pecado, nós teríamos o direito à bênção. Embora nós pertençamos ao Eterno por Ele ter nos criado, Seu amor e Favor seriam ligados à nossa fidelidade e vice-versa. Foi exatamente o que Ha-Satan disse para o Eterno acerca de Jó:

 

·         “Então respondeu Satanás ao SENHOR, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.” (Jó 1.9-11).

 

No entanto, no que o ser humano pecou e o Eterno nos comprou de volta com Seu sangue, Ele passou a ter um direito a mais sobre nós. Antes do pecado Ele era Senhor, após redimir o pecado, Ele passou a ser também dono. E mais:

 

·         Antes do pecado o Eterno se relacionava com o ser humano tirando proveito das qualidades que Ele lhe deu;

·         Após o pecado e redenção, o Eterno passou a se relacionar na perspectiva de reconstruir um relacionamento que foi rasgado. O ser humano não tinha direito a mais nada, tendo que viver exclusivamente do amor do Eterno e daquilo que saísse de Sua boca (Mt 4.4).

 

Muitos acham que o perdão é um ato de momento. Contudo para você visualizar em que consiste o perdão, imagine uma camisa. Quando pecamos, é como se a manga da camisa fosse arrancada. O perdão consiste em cada uma das inúmeras amarras que damos para fixar novamente a manga à camisa. Cada amarra é uma demonstração de perdão.

Você pode questionar: é claro que, após tais amarras, a situação não volta a ser como antes. E nem é para ser. A ideia é que fique um selo (cicatriz) que sirva para:

 

·         A parte pecadora se lembrar de onde que ela foi resgatada e assim, trema ante a hipótese de pecar e tema entristecer o coração daquele que lhe perdoou;

·         A parte que concedeu o perdão ter sua fé fortalecida na grandiosidade do poder e do Favor do Eterno.

 

Em outras palavras, o amor que brota com o perdão é maior (Lc 7.47). Afinal, quanto maior o pecado, mais fica evidente:

·         O Favor do Eterno, ou seja, Seu envolvimento com a vida do pecador;

·         O perdão do Eterno, ou seja, Seu processo de reconstruir os laços rompidos;

·         O amor do Eterno, ou seja, a força bem mais intensa deste novo laço.