APOCALIPSE 10
·
“E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e
por cima da sua cabeça estava o arco celeste, e o seu rosto era como o sol, e
os seus pés como colunas de fogo;” (Ap 10.1).
João
agora estava posicionado sobre a terra.
Este
anjo está em contraste com o anjo forte de (Ap 5.2 – inclusive, daí João dizer “outro” anjo forte) e o de (Ap 18.1).
Muitos até confundem este anjo com Jesus em virtude da imensa semelhança:
1º-
descia
do céu;
2º-
vestido
de uma nuvem;
3º-
por
cima da sua cabeça estava o arco celeste;
4º-
o
seu rosto era como o sol;
5º-
os
seus pés como colunas de fogo;
6º-
tinha
na sua mão um livrinho aberto.
7º-
clamou
com grande voz, como quando ruge um leão;
Ora,
o anjo, como representante de Cristo, reflete Sua glória e suporta Suas
insígnias (atribuídas
em Ap 1.15,16; 4.3). Entretanto,
embora tudo isto seja um sinal do divino favor sobre o anjo, todavia não é tão
glorioso para uma criatura, já que a mulher de Apocalipse 12.1 é descrita de
modo muito mais sublime.
Por
que o anjo é forte? Será que existe anjo fraco?
·
“Bendizei ao SENHOR, todos os seus anjos, vós que excedeis em
força, que guardais os seus mandamentos, obedecendo à voz da sua palavra.”
(Sl
103.20).
·
“Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que
seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele,
porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.” (Mateus 5.19)
Note
que a grandeza e força no Reino dos Céus tem a ver com a ouvir a voz do Eterno
e guardar Seus mandamentos, a saber, o mandamento de Jesus (João 13.34-35). Logo, o anjo é forte porque ele teve o
privilégio de ouvir uma mensagem do Eterno a ser transmitida aos homens. Não é
qualquer anjo que tem tal autoridade. Anjos nos ajudam, protegem, mas para
revelar algo do Eterno tem que ter muita intimidade com Ele (ver Mt 18.10), pois não se trata só de entregar
palavras, mas principalmente o conteúdo que se acha escondido nelas.
Ele
descia do céu, ou seja, não é um simples mensageiro humano, mas alguém que
vinha revelar algo até então inédito. O anjo deve ser forte a fim de que os
fiéis tenham por certo as promessas feitas por Jesus, bem como o castigo eterno
aos incrédulos.
Ele
desceu vestido de uma nuvem (a
qual era uma confirmação da sua alta dignidade, bem como um emblema ligando a
mensagem do anjo à segunda vinda de Cristo). Veja a ligação entre nuvem e o Eterno:
·
“Depois disse Moisés a Arão: Dize a toda a congregação dos
filhos de Israel: Chegai-vos à presença do SENHOR, porque ouviu as vossas
murmurações. E aconteceu que, quando falou Arão a toda a congregação dos filhos
de Israel, e eles se viraram para o deserto, eis que a glória do SENHOR
apareceu na nuvem.” (Êx 16.9,10).
·
“E a glória do SENHOR repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem
o cobriu por seis dias; e ao sétimo dia chamou a Moisés do meio da nuvem.”
(Êx
24.16).
·
“E o SENHOR desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e
ele proclamou o nome do SENHOR.” (Ex 34.5).
·
“Então o SENHOR desceu na nuvem, e lhe falou; e, tirando
do espírito, que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; e
aconteceu que, quando o espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas depois
nunca mais.” (Nm 11.25).
·
“E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem
encheu a casa do SENHOR. E os sacerdotes não podiam permanecer em pé para
ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a casa
do SENHOR.” (1Rs 8.10,11).
·
“Nuvens e escuridão estão ao redor dele; justiça e juízo são a base do seu trono.” (Sl 97.2).
No
Testamento da Lei, a nuvem da glória do Eterno surgia quando Ele estava
comunicando algo importante a Seu povo (seja sua palavra, direção, etc.). Nuvem é vista acompanhando a presença
do Eterno e simboliza Sua justiça, a qual acontece quando Sua glória se
manifesta.
Vê-se
isto, por exemplo:
·
Ao
falar no tabernáculo (Êx
40.34-38; Lv 16.13; Nm 9.15-22);
·
a
ocasião em que o Eterno usou uma nuvem para conduzir o povo de Israel de dia,
de modo a preservá-los do intenso calor do deserto (Êx 13.21);
·
a
ocasião que o Eterno desceu no monte Sinai (Êx 19.9; 24.15,16);
·
Jesus
vindo nas nuvens para manifestar Sua justiça (Mt 24.30; 26.64; Mc 13.26; 14.62; At 1.9-11);
·
a
transfiguração de Cristo (uma
nuvem cobriu Jesus e as duas testemunhas que virão no espírito de Moisés e
Elias) quando o Pai quis
mostrar que apenas Jesus é digno de ser ouvido (Mt 17.5);
·
quando
Jesus subiu aos céus (At
1.9).
Pés
como coluna de fogo lembra quando o Eterno conduziu o povo de Israel pelo
deserto à noite, de modo que eles pudessem enxergar o caminho a percorrer e, ao
mesmo tempo, aquecê-los. A coluna de fogo também lembra o juízo do Eterno, já
que Jesus virá com os anjos do Seu poder em chamas de fogo (2Ts 1.7,8). Aos atribulados por amor a Jesus, o
juízo do Eterno significa alívio, mas aos pecadores, significa perdição.
Os
pés de Cristo, por exemplo, são como coluna de fogo a fim de conduzir à Igreja
em meio a serpentes e escorpiões.
Logo,
o anjo estar vestido de uma nuvem e os pés como colunas de fogo implica que ele
está vindo em nome de Cristo para manifestar Sua justiça (nuvem) e juízo (fogo). Logo, o livrinho contém palavras de
juízo que devem servir para guiar os israelitas verdadeiros à verdade (e, consequentemente, também a nós) e mantê-los:
·
Aquecidos
da frieza deste mundo;
·
Iluminados
em meio às trevas que cobrem a terra (Is 5.30; 8.22; 9.1,2; 60.1,2; Mt 4.15,16);
·
Protegido
do calor das perseguições por amor a Jesus e Seu reino (Mt 13.21).
E
para que os indivíduos possam enxergar bem tudo isto, note que o rosto do anjo
é como o sol. É bem verdade que a glória do Eterno é refletida em Seus
mensageiros, tal como se deu com Moisés (Êx 34:29,30).
Contudo, não considere o fato da face brilhar como o sol como algo grande para
uma criatura; todos os justos brilharão como o sol no Reino do Eterno (Mt 13.43).
É
bom lembrar que a bênção do Eterno sobre Israel implicava em o Eterno fazendo
Seu rosto resplandecer sobre eles:
·
“O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha
misericórdia de ti; o SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.” (Números 6.25,26).
·
“DEUS tenha misericórdia de nós e nos abençoe; e faça
resplandecer o seu rosto sobre nós ( Selá. )” (Salmos 67.1).
E
não é para menos: afinal, nenhum homem poderia ver a face do Eterno e viver.
Assim, a mensagem do anjo é, antes de tudo, uma mensagem de proteção para os
fiéis que verdadeiramente creem. Como, infelizmente, a maioria dos homens ama
mais as trevas do que a luz (Jo
3.19-21), eles matarão as
duas testemunhas ao transmitirem a mensagem trazida por este anjo, a qual foi
revelada por João.
O
anjo também vem com o arco celeste sobre sua cabeça. Como o anjo vem vestido de
nuvem (água) e o rosto resplandece como sol, a
presença do arco-íris implica que estas nuvem eram nuvens escuras, de chuva.
Estas nuvens, ao mesmo tempo que lembram tempestade, também lembram a bênção da
chuva.
Considerando
que os últimos dias serão como nos dias de Noé (Mt 24.37; Lc 17.26),
logo isto confirma a imensidão do juízo que será trazido sobre este mundo:
purificação total: remoção dos ímpios para permanecerem os justos. Inclusive,
não em vão que o arco celeste estava ao redor do trono: promessa para quem
recebe a justiça de Cristo em si e se aproxima do Eterno, juízo para quem
permanece parado em si mesmo e contemplando Jesus de longe.
·
“E tinha na sua mão um livrinho aberto. E pôs o seu pé direito
sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra;” (Ap 10.2).
Ao
contrário do livro de Apocalipse 5 que estava totalmente selado e que ninguém
podia sequer olhar para ele (Ap
5.3,4) este está aberto nas
mãos de um anjo, ou seja, está acessível a qualquer um, mas podendo ser
entendido apenas por aqueles que participam do mistério do Eterno (ver Sl 25.14):
·
Por isso toda a visão vos é como as palavras de um livro selado
que se dá ao que sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele dirá: Não posso,
porque está selado. Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Lê isto,
peço-te; e ele dirá: Não sei ler.” (Is 29.11,12).
O
termo “livrinho” implica em algo que pode ser facilmente lido, relido e
facilmente transportado. Além disto, o livro é pequeno em comparação com o
livro selado de Apocalipse 5. Não que o livrinho tenha menos conteúdo. Depende
do tamanho da letra. Se as letras do livrinho forem pequenas e as do livro de
Ap 5 forem bem grandes, pode ser que o livrinho contenha mais informações.
Os
reis israelitas, na sua coroação deveriam ter em suas mãos um translado da lei
do Eterno (2Rs
11.12; 2Cr 23.11), como uma
forma de confirmar que eles, como servos do Eterno, iriam se empenhar para
cumprir a lei, de modo que seu reinado pudesse ser caracterizado por
inteligência, sabedoria e retidão.
Este
anjo tinha seu pé direito sobre o mar (de onde subiria o império gentílico comandado por um
líder israelita – 1ª besta)
e o esquerdo sobre a terra (de
onde se levantaria o império israelita – 2ª besta). Não se esqueça que o dragão foi com
seus anjos foi lançado para terra e mar (Ap 12.12),
Ou
seja, a profecia do livrinho confrontava os dois impérios, manifestando que,
apesar do monstruoso domínio das duas bestas (grandeza política, militar, tecnológica, econômica,
midiática e de recursos naturais da primeira besta e da grandeza do engano
religioso da segunda besta),
no final, toda a terra pertence ao Eterno (Sl 24.1).
Ao
colocar o pé sobre os territórios das duas bestas, o anjo estava mostrando que
aquele livro diz respeito a ambos. Também demonstra a perfeita firmeza do
Eterno contra a resistência dos Seus inimigos.
Afinal,
o fato do anjo por a planta do pé implica que tal lugar pertence ao Eterno e
está sob Seu controle (compare
com Êx 3.5; Js 1.3; 5.15).
Fica
ainda uma pergunta: por que o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra
(e não o
contrário)?
·
“E clamou com grande voz, como quando ruge um leão; e, havendo
clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes. E, quando os sete trovões acabaram
de emitir as suas vozes, eu ia escrever; mas ouvi uma voz do céu, que me dizia:
Sela o que os sete trovões emitiram, e não o escrevas.” (Ap 10.3,4).
É
bem provável que os sete trovões tenham a ver com as sete características da
voz do Eterno (mesmo
porque a voz do Eterno é comparada a trovões – Jó 40.9):
·
“A voz do SENHOR ouve-se sobre as suas águas; o Deus da
glória troveja; o SENHOR está sobre as muitas águas.
·
A voz do SENHOR é poderosa;
·
a voz do SENHOR é cheia de majestade.
·
A voz do SENHOR quebra os cedros; sim, o SENHOR quebra os
cedros do Líbano.
·
A voz do SENHOR separa as labaredas do fogo.
·
A voz do SENHOR faz tremer o deserto; o SENHOR faz tremer
o deserto de Cades.
·
A voz do SENHOR faz parir as cervas, e descobre as
brenhas; e no seu templo cada um fala da sua glória.” (Sl 29.3-5,7-9)
Não
podemos nos esquecer que:
·
“Nuvens e escuridão estão ao redor dele; justiça e juízo são a
base do seu trono.” (Salmos 97.2)
Ou
seja, a base do trono do Eterno é constituída de justiça (amor) e juízo (disciplina,
correção, punição). Nuvens
e escuridão, ao mesmo tempo que escondem a face do Eterno para os ímpios e lhes
anuncia tempestade, serve de descanso e chuva para o justo.
Vale
lembrar também do nome dado aos dois irmãos, Tiago e João:
·
“E a Tiago, filho de Zebedeu, e a João, irmão de Tiago, aos
quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão;” (Marcos 3.17).
Este
anjo clamou algo e os sete trovões responderam a este clamor. Vem a questão: os
sete trovões falaram ao mesmo tempo a mesma coisa, ou cada um falou um após o
outro?
O
anjo clamará alto para que todos acordem e ouçam. Os sete trovões confirmam o
clamor do anjo (seja
lá o que for que ele clamou).
Vem
a questão: por que foi ordenado ao João que não escrevesse o que os sete
trovões disseram? Para tanto, vamos analisar outras passagens paralelas:
·
“E a visão da tarde e da manhã que foi falada, é verdadeira. Tu,
porém, cerra a visão, porque se refere a dias muito distantes.” (Dn 8.26);
·
“E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até
ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento
se multiplicará.” (Dn 12.4)
·
“E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas
e seladas até ao tempo do fim.” (Dn 12.9) –
aqui foi selado porque, tal informação não era relevante para a geração de
Daniel.
·
“E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações
que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.” (At 1.7) –
aqui Jesus mostrou aos discípulos que as coisas encobertas pertencem apenas ao
Eterno (Dt
29.29) e que tal informação
só iria lhes ensoberbecer o coração.
·
“Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao
homem não é lícito falar.” (2Co 12.4) – não é
lícito tentar expressar aquilo que é excelso, bem acima do que as palavras
podem dizer ou o sentimento expressar. Isto profanaria o sagrado e diminuiria a
beleza, grandeza e excelência daquilo que está a ser expresso.
Embora
não seja mencionado o que os sete trovões disseram, sempre que trovões aparecem
no apocalipse é para anunciar algum juízo:
- “E o anjo
tomou o incensário, e o encheu do fogo do altar, e o lançou sobre a terra;
e houve depois vozes, e trovões, e relâmpagos e terremotos.” (Ap 8.5) -> aqui as sete trombetas
iriam soar;
- “E abriu-se no
céu o templo de Deus, e a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e
houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva.” (Ap 11.19) -> aqui estava sendo
anunciado a chegada do dia da ira do Eterno no qual as sete taças haveriam
de ser derramadas;
- “E houve
vozes, e trovões, e relâmpagos, e um grande terremoto, como nunca tinha
havido desde que há homens sobre a terra; tal foi este tão grande
terremoto.” (Ap 16.18) ->
aqui estava sendo anunciado a chegada de Jesus para a grande batalha do
Armagedom (ver Ap 19.19,20);
- “E ouvi como
que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como
que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus
Todo-Poderoso reina.” (Ap 19.6);
-> aqui não houve trovões, mas sim uma voz que soava como grandes
trovões. E o que elas comemoravam? O juízo do Eterno sobre a Grande
Babilônia, o que contribuiu para trazer o reinado do Eterno sobre a terra.
Trovões
também são símbolo de juízo (Sl
29.3-9). Note como os sete
selos (Ap
8.5), as sete trombetas (Ap 11.19) e as sete taças (Ap 16.18) são finalizadas, entre outras coisas,
com trovões.
Vem
a questão: por que “os” sete trovões? O artigo definido “os” indica que estes
trovões eram conhecidos (já
foram mencionados antes. E não é para menos: de onde vinham estes trovões? Não
é do trono do Eterno (ver Êx 19.16; Ap 4.5; Jó 28.26)? O artigo “os” também indica o grau de
proeminência e singularidade deles.
Logo,
seja lá o que os trovões disseram (Ap 10.4),
trata-se de uma mensagem que tem a ver com o juízo do Eterno. Ainda m7ais
considerando que o leão lembra a qualidade de Jesus como Aquele que reina com
justiça e juízo (lembre-se
que a voz do anjo era como o rugido de um leão).
·
“E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua
mão ao céu, e jurou por aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu
e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não
haveria mais demora; mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua
trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus
servos.” (Ap 10.5-7).
Se,
no Novo Testamento, a ordem de Jesus era para que ninguém mais fizesse qualquer
juramento (Mt
5.33-37; Tg 5.12), então
por que o anjo estava utilizando este costume do Antigo Testamento (como se vê em Lc 1.73; Hb 3.11,18;
4.3; 6.13,16,17; 7.20,21,28; Dn 12.7)?
E
o ato de levantar as mãos ao jurar era costumeiro entre os israelitas (Gn 14.22; Dt 32.40). E tinha por finalidade indicar a
imutabilidade da Sua promessa:
- “Porque os homens certamente
juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para
eles, o fim de toda a contenda. Por isso, querendo Deus mostrar mais
abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa,
se interpôs com juramento; para que por duas coisas imutáveis, nas quais é
impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos
o nosso refúgio em reter a esperança proposta;” (Hb 6.16-18).
E
por que esta negligência dos indivíduos de acharem que o cumprimento do
mistério do Eterno (a
vinda de Cristo) ainda iria
demorar muito para se cumprir (2Pe
3.3,4)? São dois erros que
os indivíduos cometem: um é o de usar a demora de Cristo em voltar para
justificarem seu comportamento dissoluto; outro é o de quererem que Jesus venha
rápido para se verem livre dos problemas e terem o “prazer” de verem os ímpios
sofrerem eternamente:
- “Ai daqueles que desejam o
dia do SENHOR! Para que quereis vós este dia do SENHOR? Será de trevas e
não de luz. É como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse
com ele o urso; ou como se entrando numa casa, a sua mão encostasse à
parede, e fosse mordido por uma cobra. Não será, pois, o dia do SENHOR
trevas e não luz, e escuridão, sem que haja resplendor?” (Am 5.18-20).
É
bem verdade que, em meio às imensas lutas, nossa tendência é desejarmos que o
mistério do Eterno se cumpra, ou seja, que ocorra o arrebatamento e, com ele,
nossa união definitiva com Jesus (1Ts 4.16,17; Rm 8.21-22; 2Co 5.1-4; Ap 19.7). Todavia, o sentimento correto é o de
Paulo:
- “Porque para mim o viver é
Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha
obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em
aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda
muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne.”
(Fp 1.21-24).
Vem
a questão: a quem o anjo está respondendo ao dizer: “não haveria mais demora”?
Com certeza aos mártires de Apocalipse 6.9-11 (pergunta que estará sendo feita também por todos os
crentes da Grande Tribulação).
Contudo,
há uma coisa curiosa nisto: como os mártires (Ap 6.9-11)
ou quem quer que seja, no período da Grande Tribulação poderia estar tão
ansioso, sabendo que todo o período durará sete anos? Ora, para que perguntar
uma coisa que já se sabe? Afinal, seis trombetas já foram tocadas. Ainda mais
sabendo que Jesus negou a demora do Eterno (Lc 18.7,8)
e Paulo acrescentou que o Eterno irá completar Sua obra abreviando-a (Mt 24.22; Rm 9.28).
O
que acontece é que, quando alguém está em meio a muito sofrimento (ou, como no caso dos mártires, vendo
milhares chegarem ao Seio de Abraão em virtude dos maus tratos do anticristo), um segundo parece uma eternidade.
Em
seguida o anjo levantou uma de suas mãos ao céu e fez um juramento. Jurou por
Aquele:
·
que
vive para todo o sempre -> Aquele que pessoalmente mantém firme Suas
promessas (que
não depende de outros para a concretização delas). Afinal, Sua vida não é interrompida pela morte. Este
título contrasta com “não haverá demora).
·
que
criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há
-> Sendo o Eterno o Criador de tudo que existe, Ele jamais permitirá que Sua
criação experimente, sofra ou seja destruída sem cumprir Seu propósito.
Note
como Deus é destacado por ser eterno e criador. Aliás, o fato de Ele ser Criador
é algo bem enfatizado no Apocalipse (também em Ap 14.7).
Isto lembra a importância de descansarmos e esperarmos no Eterno (Sl 37.7), algo que devia estar sempre na
lembrança de todos (Êx
20.8) não apenas no dia de
sábado, mas todos os dias.
Mas
por que estas características do Eterno foram salientadas? O que nos leva a
desobedecer ao Eterno é justamente nossa incapacidade de crer Nele, certo? Assim,
se crermos que Ele é Criador, não precisamos nos preocupar com o que temos
agora. Mesmo que todas as portas do mundo estejam fechadas para nós, Ele pode
criar algo novo. Ele não depende das limitações deste mundo para operar nos que
Ele ama.
E
qual era a mensagem do anjo? Que o mistério (segredo)
do Eterno iria se cumprir sem demora, tão logo a 7ª trombeta fosse tocada.
Considerando que os flagelos das seis primeiras trombetas são terríveis, mesmo
a duração das trombetas sendo curta, vai parecer uma eternidade. Muitos irão
questionar porque Jesus está demorando tanto para vir.
O
anjo então afirma que o mistério do Eterno (a Igreja – Cl 1.26,27; 2.2) irá se cumprir logo, ou seja, ao tocar a 7ª trombeta a
Igreja será arrebatada e terá seu corpo transformado (esta são as bodas do Cordeiro). É Jesus tomando posse do Seu reino (a Igreja).
Enquanto
a Grande Babilônia trabalha o mistério da iniquidade (Ap 17.5), ou seja, a comunidade sagrada que visa
cada um se relacionando com o outro com base nos próprios interesses, o Eterno
trabalha o mistério da verdade e justiça, onde amamos uns aos outros como Jesus
nos amou (Jo
13.34,35).
Na
Escritura Sagrada podemos ver os seguintes mistérios:
·
mistério
das sete estrelas (Ap
1.20);
·
mistério
do reino dos céus (Mt
13.11; Mc 4.11; Lc 8.10);
·
mistério
da ressurreição (1Co
15.51)
·
mistério
do evangelho (1Co
2.7; Ef 6.19);
·
mistério
da vontade do Eterno (Ef
1.9);
·
mistério
da união de Cristo com Seu povo (Ef 3.3,4,9,10; 5.32; Cl 1.26,27);
·
mistério
de Cristo (Cl
2.2; 4.3);
·
mistério
da injustiça (2Ts
2.7);
·
mistério
da fé (1Tm
3.9);
·
mistério
da piedade (1Tm
3.16).
·
mistério
da Grande Babilônia (Ap
17.5,7).
·
O
sonho de Nabucodonosor também foi considerado um grande mistério (Dn 2.18,19,28-30,47).
- “Que os homens nos
considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.”
(I Coríntios 4.1).
Não
podemos também ignorar que o segredo do Eterno foi anunciado pelos profetas (Isaías 60:3; 66:8; Daniel 2:44;
7:25; Zacarias 14:9) (não é algo inédito da chamada Nova
Aliança – 1Pedro 1.10-12).
·
“E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse:
Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre
a terra. E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o,
e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. E
tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel;
e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo.” (Ap 10.8-10).
A
Escritura Sagrada não é a revelação, mas sim o registro da mesma. A revelação
ocorre quando Jesus fala conosco.
Mas
como é possível que algo seja ao mesmo tempo doce e amargo?
- “De uma mesma boca procede
bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.
Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água
amargosa? Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a
videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.” (Tiago
3.10-12).
A
doçura tem a ver com a prontidão e prazer que sentimos quando entramos em
contato com a perfeição, sabedoria e beleza que há na santidade do Eterno (Sl 29.2; 96.9), bem como na Sua salvação:
- “O temor do SENHOR é limpo,
e permanece eternamente; os juízos do SENHOR são verdadeiros e justos
juntamente. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro
fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos.” (Sl 19.9,10).
- “Oh! quão doces são as tuas
palavras ao meu paladar, mais doces do que o mel à minha boca.” (Sl 119.103).
Mas
quando isto passa a fazer parte de nós e percebemos a imensidão do juízo que
terá que vir sobre o mundo por causa da teimosia dos ímpios, a tristeza e
angústia toma conta de nós.
- “A tua malícia te castigará,
e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que mal e quão
amargo é deixares ao SENHOR teu Deus, e não teres em ti o meu temor, diz o
Senhor DEUS dos Exércitos.” (Jeremias 2.19)
Afinal,
o que é comido é assimilado e passa a fazer parte do nosso organismo. E a razão
de ele comer o livrinho é porque só deve profetizar aquele que recebeu a
Palavra dentro de si, vindo isto a fazer parte de seus membros espirituais, a
saber, do coração.
Isto
lembra o que se deu com Ezequiel:
- “Então vi, e eis que uma mão
se estendia para mim, e eis que nela havia um rolo de livro. E estendeu-o
diante de mim, e ele estava escrito por dentro e por fora; e nele estavam
escritas lamentações, e suspiros e ais. Depois me disse: Filho do
homem, come o que achares; come este rolo, e vai, fala à casa de Israel.
Então abri a minha boca, e me deu a comer o rolo. E disse-me: Filho do
homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que
eu te dou. Então o comi, e era na minha boca doce como o mel.” (Ez 2.9-3.3).
Observe
que o livro de Ezequiel estava repleto de lamentações, suspiros e ais. E o
livrinho que João teve que comer não foi diferente. Note, porém, que em
Ezequiel somente a doçura é mencionada imediatamente; a amargura é implicada
apenas mais tarde em Ezequiel 3.14.
E
a quem João deveria profetizar:
·
“É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos,
nações, línguas e reis.” (Ap 10.11 – ARA2).
Afinal,
importa que profetizemos a muitos:
·
Povos (Raças) -> lembre-se
que Jerusalém será pisada pelos pagãos por quarenta e dois meses.
- “Eis que eu farei de
Jerusalém um copo de tremor para todos os povos em redor, e também
para Judá, durante o cerco contra Jerusalém.” (Zacarias
12.2)
- “E acontecerá naquele dia
que farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos
os que a carregarem certamente serão despedaçados; e ajuntar-se-ão contra
ela todo o povo da terra.” (Zacarias 12.3)
- “Naquele dia porei os
governadores de Judá como um braseiro ardente no meio da lenha, e como um
facho de fogo entre gavelas; e à direita e à esquerda consumirão a todos
os povos em redor, e Jerusalém será habitada outra vez no seu lugar,
em Jerusalém;” (Zacarias 12.6)
- “E esta será a praga com
que o SENHOR ferirá a todos os povos que guerrearam contra Jerusalém:
a sua carne apodrecerá, estando eles em pé, e lhes apodrecerão os olhos
nas suas órbitas, e a língua lhes apodrecerá na sua boca.” (Zacarias
14.12).
·
Nações -> todas as nações estarão com suas atenções
voltadas para Israel. A mídia tem se encarregado disso;
- Congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale
de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da
minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e
repartiram a minha terra.” (Jl 3.2).
·
Línguas -> seja qual for a crença da pessoa (a língua
fala do que há em abundância no coração (Mt 12.34,35), a qual controla nosso
corpo (Tg 3.2)). Várias crenças (por exemplo cristianismo, islamismo e judaísmo) reivindicam
a importância de Jerusalém.
- “Por mim mesmo tenho
jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás;
que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a
língua.” (Isaías 45.23)
·
Reis -> Todos os políticos do mundo estarão
envolvidos com Israel.
- Porque são espíritos de
demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra
e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia
do Deus Todo-Poderoso.” (Ap 16.14).
Detalhe: é bom lembrar que Israel terá duas cabeças
(Os 1.10,11) ou, se preferir, dois reis (a besta
que sobe da terra (líder religioso) e a besta que sobe do mar (líder político)). Profetizar
a reis implica, antes de tudo, profetizar a Israel.
No caso em particular de João, como era
necessário ele continuar profetizando acerca de muitas raças, nações, línguas e
reis, ele tinha que comer “o livrinho”, ao invés de simplesmente saber ou falar
acerca dele.
Assim como Jesus experimentou a maldade
dos outros em sua carne, assim deveria ser com João e com todos os que se
dispõe a seguir ao Eterno (Rm
8.1-4; 2Co 5.21).
Mas afinal, qual era o conteúdo do
livrinho? Após João comer o livro lhe é dito: “é necessário que ainda profetizes a respeito de muitos
povos, nações, línguas e reis”. Depois desta ordem, a próxima coisa que lhe é
dada é uma vara para medir o templo, o altar e os que nele adoram.
Finalmente aparece as duas testemunhas
profetizando por mil duzentos e sessenta dias.
Logo, o conteúdo do livro tem a ver com
a forma correta de se adorar ao Eterno. Medir o templo, o altar e os que nele
adoram significa mostrar aos israelitas a grandeza do ministério de Cristo em
comparação com os sacrifícios e rituais da aliança mosaica.
O fato de João ter recebido tal tarefa
não significa que era ele quem deveria cumpri-la. Tal tarefa era para ser
passada aos descendentes dele.
O mesmo se deu com Elias: embora três
tarefas tivessem sido dadas a ele, ele só cumpriu uma: ungir Eliseu profeta no
lugar dele. As outras duas tarefas foi Eliseu quem as cumpriu (1Rs 19.15,16).
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