segunda-feira, 30 de junho de 2014

64 - O aniquilacionismo é certo? Como a pessoa fica logo após morrer? - Parte 1



INFERNO, LAGO DE FOGO E ENXOFRE, VIDA ETERNA. O QUE É ISTO? APÓS MORRER, A PESSOA ESTÁ CONSCIENTE OU DORMINDO?

1 – Introdução

Muita confusão há acerca da condição do homem imediatamente após morrer. Uns acreditam que o homem que é de Jesus vai para o céu; outros acham que os mortos estão dormindo aguardando o juízo final; e assim por diante.
Toda esta confusão se dá tão somente porque os conceitos sobre ressurreição, vida eterna, julgamento, inferno, lago de fogo e enxofre, etc. foram todos deturpados inescrupulosamente pelo sistema religioso.
Se todas as pessoas soubessem para onde exatamente vão após morrer, bem como cada um destes conceitos, toda discussão acerca deste tema desapareceria. Visando elucidar tudo isto, fiz este artigo. Espero que lhe sirva de grande edificação.

2 – Diferença entre corpo, alma, espírito e fôlego de vida

A primeira coisa a ser definida é o conceito corpo, alma, espírito e fôlego de vida:

·         Corpo: recebe todas as informações resultantes do contato com este mundo;
·         Alma: processa todas as informações vindas do corpo de acordo com o mapa de conceitos e valores que a pessoa formulou acerca deste mundo, e expressa suas conclusões através de ideias, emoções e sensações;
·         Espírito: sede dos pensamentos e sentimentos que, a princípio, foram criados para manter contato com o mundo espiritual e, deste modo, conduzir a alma a processar as informações deste mundo do modo correto, de modo a poder conhecer melhor a Deus.
·         Fôlego de Vida: é composto de alma mais espírito.

Muitas vezes alma é usada como sinônimo de vida, já que nossa vida neste mundo está diretamente relacionada com ela (At 3.23; Tg 5.20). Por exemplo, em:

·         Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.” (Ez 18.4);
·         “E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo.” (At 3.23).

Algumas vezes espírito é usado como sinônimo de fôlego, como abaixo:

·         “Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará.” (Gn 6.17);
·         “E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca.” (Gn 7.15);
·         “E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem. Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu.” (Gn 7.21,22).

Que o fôlego de vida que Deus soprou no homem (Gn 2.7) é composto de alma e espírito, esta distinção pode ser confirmada em:

·         “Na sua mão está a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda a carne humana.” (Jó 12.10);
·         “O Espírito de Deus me fez [espírito]; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida. [alma]” (Jó 33.4);
·         “Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus, e os estendeu, e espraiou a terra, e a tudo quanto produz; que dá a respiração ao povo que nela está [alma], e o espírito aos que andam nela.” (Is 42.5); obs: colchetes acrescentados por mim para explicar.

O fôlego de vida, após o pecado se dividiu, de modo que a alma (também conhecida como carne) ficou contra o espírito (Gl 5.17).

·         “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hb 4.12).

Características da alma:

·         Ela definha ->
·         “E ele lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou magreza às suas almas.” (Sl 106.15);
·         Ela tem sede:
·         “Será também como o faminto que sonha, que está a comer, porém, acordando, sente-se vazio; ou como o sedento que sonha que está a beber, porém, acordando, eis que ainda desfalecido se acha, e a sua alma com sede; assim será toda a multidão das nações, que pelejarem contra o monte Sião.” (Is 29.8);
·         Ela não morre. Apenas dorme:
·         “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” (Mt 10.28) – note como nenhum ser humano tem capacidade de fazer a alma perecer. Mais uma prova de que, quando a pessoa morre, fica consciente. Do contrário, quando um assassino tirasse a vida de alguém, sua alma e espírito também iriam morrer. No entanto, sua alma dorme e seu espírito permanece consciente. Somente Deus tem poder de fazer o espírito do pecador perecer (ser separado do bem) no Seol cada vez mais até chegar o dia em que fará perecer corpo, alma e espírito no lago de fogo e enxofre. Aqui é citado inferno porque, como é bem sabido, a morte e o inferno serão lançados no lago de fogo e enxofre (Ap 20.14).

Enfim, quem morre é o corpo. A alma apenas dorme. Quem não é de Jesus, não possui o Espírito Vivificante dando vida a seu espírito. O mesmo, embora vivo, fica como que morto (Ef 2.1), a saber, vivendo do passado, dependente de pessoas que vivam por elas (Jr 17.5 – o justo, no entanto, produz o seu fruto – Pv 12.12). Tais pessoas ficam reféns das informações passadas pela alma e, obviamente, preso a este mundo.
A imortalidade e incorruptibilidade do corpo e alma só é alcançada quando Jesus vier (1Co 15.51-54,57). Só então a morte, ou seja, a hipótese de se desligar do plano de Deus será vencida (1Co 15.54,55).

3 – Vem a questão: o que é morte?

Antes de pensarmos em vida eterna, temos que entender o que é morte.

·         “E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra.” (Ap 6.8).
·         “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.” (Ap 20.13,14).

Este cavaleiro chamava Morte porque era este o seu ministério. E o fato de o inferno o seguir implica que o objetivo é atingir as pessoas que se deixaram marcar pela besta. Temos que entender que este mundo não foi feito para nós (Ef 2.19; Fp 3.20), nem nós para ele (Gl 6.14). Quem opta por entrar no mundo, quer queira ou não, passa a ser perseguido por este cavaleiro misterioso e pronto para ser tragado pelo inferno que o segue (ver Pv 27.20; Is 5.14).
Morte significa separação. Entendendo que Deus criou este mundo para revelar Seu mistério a principados e potestades (1Co 4.9; Ef 3.10; 1Pe 1.12), quando a pessoa passa por este mundo sem tomar consciência da realidade, enxergando apenas acontecimentos temporais, ela esta morta (separada) da vida espiritual. Vê, ouve, sente e experimenta, mas nada discerne (Is 6.9,10).
Quando, finalmente, parte deste mundo, ela é separada do plano de Deus. Seu corpo morre, sua alma adormece; seu espírito vai para o Seol (mundo dos mortos).
Ao ser ressuscitada, ela volta a fazer parte do plano de Deus, seja vivendo Sua Palavra ou sendo queimado por ela. Note como, enquanto os seres humanos anseiam em ir para o céu (Fp 1.23), os anjos que lá estão, anseiam em ficar aqui na terra (em particular, acampado ao redor dos que o temem – Sl 34.7; Ef 3.8-10; 1Pe 1.12). Justamente por ser aqui o lugar onde todo o mistério de Deus é descortinado.
Tal ansiedade do ser humano, no entanto, pode ser explicada em virtude dos inúmeros sofrimentos experimentados aqui:

·         “Depois voltei-me, e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lágrimas dos que foram oprimidos e dos que não têm consolador, e a força estava do lado dos seus opressores; mas eles não tinham consolador. Por isso eu louvei os que já morreram, mais do que os que vivem ainda.” (Ec 4.1,2).

Tanto é assim que a morte, para os que creem em Jesus, é vista como descanso:

·         “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias.” (Dn 12.13).

A vida, que deveria ser só de gozo, é vista como enfado e canseira (Ec 1.2), principalmente na velhice (Sl 90.10).
Jó, por exemplo, em meio a tanto sofrimento, desejou a morte. Queria se deitar no pó e simplesmente se desintegrar (como se isto fosse possível), como se o viver ou morrer estivesse no poder dele.

·         “E por que não perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha iniqüidade? Porque agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e não existirei mais.” (Jó 7.21).

Ele estava revoltado pelo fato de Deus não perdoar a transgressão dele, nem tirar sua iniquidade e, agora, como uma criança pirracenta, ele estava como que sentenciando ele mesmo à morte, tal como faz como alguém que comete suicídio o faz como que para encher a pessoa de culpa (ver Jó 40.8).
A ideia que Jó tinha da morte (tal como aquele que pensa em suicidar) é que na morte a pessoa fica completamente inconsciente (embora ele também cresse na ressurreição (Jó 19.25)):

·         “Por que não morri ao nascer? Por que não expirei ao vir à luz? Por que me receberam os joelhos? E por que os seios, para que eu mamasse? Pois agora eu estaria deitado e quieto; teria dormido e estaria em repouso, com os reis e conselheiros da terra, que reedificavam ruínas para si, ou com os príncipes que tinham ouro, que enchiam as suas casas de prata; ou, como aborto oculto, eu não teria existido, como as crianças que nunca viram a luz. Ali os ímpios cessam de perturbar; e ali repousam os cansados.
Ali os presos descansam juntos, e não ouvem a voz do exator. O pequeno e o grande ali estão e o servo está livre de seu senhor
. Por que se concede luz ao aflito, e vida aos amargurados de alma; que anelam pela morte sem que ela venha, e cavam em procura dela mais do que de tesouros escondidos; que muito se regozijam e exultam, quando acham a sepultura?”
(Jó 3.11-22);
·         “Assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus, não acordará nem despertará de seu sono. Quem dera que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se fosse; e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim!” (Jó 14.12,13) – não percebia que apenas a alma é que dorme.

Se assim fosse, o suicídio seria bom para o atribulado. A morte seria ótimo para o rico ou poderoso, já que ele aprontaria de tudo aqui e, depois, simplesmente deixaria de existir. Como a revelação de Deus foi sendo dada aos poucos ao longo da história, a compreensão que Jó tinha do Seol era a mesma de uma sepultura.
Ele não conseguia perceber que o verdadeiro tormento do ser humano sem Jesus está dentro dele e que o acompanharia rumo ao Seol.

4 – O que é vida eterna?

Quando a Escritura Sagrada diz que vida eterna é um dom gratuito de Deus (Rm 6.23), do que Paulo estava tratando? Muitos, como o jovem rico, acham que ela consiste em não morrer, podendo ser herdada pelo esforço próprio (Lc 18.18). Contudo, a verdadeira imortalidade só pode ser alcançada por meio do evangelho (2Tm 1.10), já que Jesus é o verdadeiro Deus e a vida eterna (Jo 17.3; 1Jo 5.20).
Entenda: vida eterna é uma vida sem limites, ou seja, que não tem princípios de dias, nem fim de existência (Hb 7.3). A única vida com esta característica é a de Jesus. Apenas recebendo-o em nós (Jo 1.12) é que somos salvos destas limitações terrenas (início e fim). Aliás, no que Jesus se declara como sendo “o início e o fim” (Ap 1.8,11; 21.6; 22.13), o que Ele está dizendo é que Ele é Aquele que rompe limites e barreiras. Ou seja, ao recebermos Jesus, perdemos toda noção de genealogia (daí dizer para não perder tempo com genealogia – Tt 3.9): não sabemos de onde viemos, nem para onde vamos (Jo 3.8).
Quem nasceu da água e do espírito (Jo 3.8) perde de vista a noção de nascimento e morte, como se sua vida tivesse começado no infinito e fosse impossível enxergar o fim da mesma.
Não há mais metas a serem atingidas. Qualquer coisa que pensemos em fazer se torna pequena e sem qualquer serventia, pois em nada aproximam alguém de quem Deus é (como Ele é espírito (Jo 4.23,24), logo a única forma de se aproximar do Eterno é através do Seu Espírito Santo produzindo o fruto do caráter no coração de quem crê (Gl 5.22)).
Quanto mais o Espírito Santo opera na vida da pessoa, mais ela vai sendo transformada na imagem da glória de Deus (2Co 3.18), ou seja, como alguém cuja face está em luz inacessível (1Tm 6.16), que está além da compreensão (1Co 2.14-16; Ef 3.19).
Se você ainda continua achando que vida eterna é simplesmente permanecer vivo, pense: se Jesus não é a essência da vida (Jo 11.25; 14.6), então o que a vida e quem é que a mantém em nosso corpo? Além disto, veja:

1          - “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações.” (Ap 22.1,2).

Ora, uma vez que, após o juízo final, teremos um corpo incorruptível e imortal (1Co 15.54), então que sentido há em comer do fruto da árvore da vida? Para que folhas se não há doença?
A única explicação é que a verdadeira vida eterna não consiste em permanecer vivo e sem problemas (como a doença, por exemplo). Antes, o que deixa a alma e o espírito saudáveis é a presença de Jesus (fruto) e Seus dons operando em nós (folhas – 2Pe 1.5-8).

2        - “Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (Jo 11.23-26).

Quem vive em Jesus crendo Nele não morre: seu espírito está consciente em Sua presença. Contudo, no momento certo, seu corpo ressuscitará, sua alma acordará e voltará a viver neste mundo sendo usado por Ele. Como o próprio Jesus é a ressurreição, logo, por meio de Cristo, a pessoa continua viva neste mundo. Ou seja, se estivermos em Cristo, poderemos continuar experimentando em nós a continuação daquilo que Jesus começou na vida daquele irmão amado que foi levado para Sua presença. Como quem faz a obra é Jesus, esta só irá parar se ficarmos lamentando a morte de quem está vivo ou tentando sepultar aquilo que é para continuar vivendo (Lc 9.60 – como o amor é mais forte do que a morte (ver Ct 8.6,7; 1Co 13.8), não há porque uma pessoa querida morrer dentro de nós. Podemos e devemos dar continuidade a tudo que havia de bom nela) e o pior: deixando de seguir a Vida que nunca míngua.
Infelizmente muitos, como Marta, estão achando que a ressurreição só ocorrerá no último dia (no dia do juízo final). Ora, nesta ressurreição só estarão os que se converterem no milênio e os ímpios que rejeitaram a Palavra de Deus (Jo 12.47,48). A ressurreição dos justos ocorre na volta de Cristo.  Além disto, os que morreram em Cristo já estão na companhia Dele (1Ts 4.13,14). Aliás, considerando que, quem se deixa guiar pelo Espírito Santo, vence o pecado e mundo (Gl 5.16,25), logo, os tais, espiritualmente falando, já ressuscitaram (Cl 3.1-3) e estão com Cristo nos lugares celestiais (Ef 2.6).
Afinal, vida eterna é uma vida que não míngua. Sendo a vida de Cristo a única que nunca se esgota, mas conserva o amor e a bondade (Jo 17.3; 1Jo 5.20), quem está Nele e permanece em Sua Palavra, nunca fica sem o que diz respeito à vida e à piedade (2Pe 1.3).
Por isto é que um assassino não tem a vida eterna permanente em si (1Jo 3.15). Não apenas Jesus é o único imortal (Rm 1.23; 1Tm 6.16), mas é a presença Dele em nós que caracteriza a imortalidade.
Quando Jesus nos prometeu a vida eterna (1Jo 2.25), o que Ele estava nos prometendo era Ele mesmo, Seu próprio corpo e sangue, a saber, o privilégio de entrar no Seu reino, constituído das pessoas que optaram por pertencer a Ele e viverem Sua vida por toda a eternidade.
Por isto é que Jesus disse para os membros do sistema religioso que nenhum deles podia ir para o céu (Jo 7.33,34): porque, sem nascer de novo, ou seja, sem passar a perceber as coisas tal como Jesus vê, não tem como nem mesmo entrar no Reino de Deus (Jo 7.33,34). Todas as ações destas pessoas estarão sujeitas aos conceitos e valores que elas permitiram que lhes fosse incutido pelo sistema que rege este mundo.
Vida eterna não significa “não morrer”, mas sim ter prazer em Jesus (Sl 37.4) a fim de ser capaz de fazer bem, por entender que é assim que se adquire glória, honra e incorrupção:

·         “A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;” (Rm 2.7).

Em outras palavras, embora o espírito de todo mundo fora criado por Deus para viver eternamente, apenas se alimentando da Videira verdadeira (árvore da vida – Gn 2.9; Jo 15.4-6) é que a vida terá sentido. Sem Jesus, tal vida irá se secar pela completa impossibilidade de ver o bem (Jr 17.6). Daí a Escritura Sagrada dizer que só há vida em Cristo (1Jo 5.12), a saber, para aqueles que se alimentam de Seu corpo e da Sua vida (Jo 6.51). Inclusive, estes dois versículos são mais duas provas de que, quem faz de Jesus o seu alimento, tem vida eternamente, ou seja, nunca perde o amor ao próximo (1Jo 3.14,15).

5 – Como será o fim do mundo?

Primeiro, é preciso esclarecer que o mundo que terá fim é este sistema que Ha-Satan usa para dominar este mundo e transformá-lo em um caos (Jo 14.30; Ef 2.1,2; 1Pe 5.19) com a cooperação do ser humano. Enquanto isto (ou seja, esta limitação de tempo a que estamos sujeitos), justos e ímpios habitarão conjuntamente (Mt 13.28-30). Quando, porém, chegar o dia, será feita a separação entre justos e ímpios (Mt 13.47-50) e Jesus, em pessoa, reinará nesta terra para sempre.
Após o milênio, chegará o fim dos séculos, ou seja, toda a noção de tempo terá fim: é a eternidade. Afinal, o tempo é definido, principalmente, por causa das limitações do ser humano (cansaço e envelhecimento). O tempo é estabelecido para regularizar o período em que o ser humano deve abandonar todas as suas atividades.
Isto acontece porque as obras da carne são sempre más (Gl 5.19-21). Assim, para dar pausa à maldade que há no coração do ser humano, Deus o “obriga” a descansar e aponta para o momento em que deve fazer isto (eis a razão dos astros e estrelas no céu – Gn 1.14-19).

·         “E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem.” (Ap 14.13).

Afinal, é o nosso trabalho (obras da carne  - Gl 5.19-21) que cansa a nós (Is 47.13; 57.10; Jr 9.5) e a Deus (Is 43.24).
Enfim: primeiro vem o fim do mundo (ou, se preferir, do sistema que rege as pessoas), depois vem o fim dos séculos. O fim do mundo acontecerá quando Jesus inaugurar o milênio. O fim dos séculos, depois do milênio, quando o fogo queimará céus e terra (2Pe 3.10-12) e passará a ter um só céu e uma só terra (Ap 21.1). Tudo será novo e o mar não existirá.
 Em particular, para quem crê em Jesus, o fim dos séculos se dá no arrebatamento, já que, desde então, o tempo não fará mais diferença para eles.
Para entender isto, é preciso esclarecer que haverá um período de sete anos de Grande Tribulação antes da volta de Cristo. Na metade deste período, a Igreja será arrebatada, passando a estar com Cristo por onde Ele for. Após isto, o fogo das sete taças do juízo irá queimar a palha (ou joio, dependendo da parábola – Mt 3.12), de modo que sobre apenas as ovelhas e os bodes (Mt 25.34-40; ver Ap 19.20,21), os quais serão ajuntadas dos quatro cantos do céu quando o milênio tiver início (Mt 24.31). Dos que estiverem vivos quando Cristo Jesus vier, somente os que forem piedosos alcançarão a misericórdia de serem livres da ira das sete taças (2Tm 1.18; 2Ts 1.10; Ap 3.10).
Este mundo só contemplará a separação entre bons e maus quando o milênio iniciar. E como toda a criação (plantas, animais, etc.) anseia pelo dia em que os filhos de Deus serão ressuscitados e manifestarão a glória de Deus... Afinal, é isto que as fará livres do cativeiro da corrupção para desfrutarem da liberdade que a glória de Deus proporciona nos Seus filhos (Rm 8.19-22).
 Repare como a separação a que se refere as parábolas tem haver com os que estiverem vivos por ocasião da volta de Cristo. É nesta ocasião que este mundo irá entrar fisicamente no Reino de Deus. (Mt 25.31-34).
Todavia:

·         ao morrer, a separação entre bons e maus já terá ocorrido para os tais. Contudo, para este mundo, isto não fará diferença, pois os mortos, para eles, jazem no esquecimento (Ec 9.5,6);
·         para quem crê em Jesus e nasceu de novo, a entrada no Reino de Deus é imediata, visto que o Reino de Deus está no coração dos tais (Lc 17.21; Jo 14.2,3).

6 – O que acontece logo após a morte?

O fôlego (alma + espírito) dos homens e animais é o mesmo (daí os animais também serem chamados de alma vivente (Gn 1.20,21,24,30; 2.19; 9.10,12,15,16). Isto também confirma que um homem morto para as coisas espirituais em nada difere do animal (Sl 49.20) e explica o motivo de toda a criação esperar a redenção que virá quando os filhos de Deus se manifestarem (Rm 8.18-22). A diferença é que Deus sopra no espírito do homem Seu entendimento (Gn 2.7; Jó 32.8).
Contudo, quando ambos morrem, o corpo deixa de existir; Porém, a alma do homem adormece (vai para cima, ou seja, para Deus e fica dormindo – Ec 3.21) e a do animal vai para baixo (é desfeita) (Sl 49.12; 104.29). O corpo volta ao pó, já que é isto que ele é (Gn 3.19; 18.27; Sl 103:14) e a alma, por ser a parte nossa que se comunica com este mundo e nos permite senti-lo (ela é a sede das emoções e desejos), não tem razão de continuar acordada. Ela volta para Deus (Ec 12.7).
Já o espírito do animal também é desfeito, enquanto que o do homem vai para o Seol, onde será consolado ou atormentado pelo amor de Jesus, dependendo da opção que a pessoa fez enquanto viveu aqui. É claro que não é qualquer um que sabe disto (Ec 3.21), mas apenas aqueles que têm a mente de Cristo (1Co 2.14-16).
Para ser mais exato: ao morrer, o espírito (sede dos pensamentos e sentimentos, os quais, sem a visão celestial, se baseiam apenas nas informações recebidas pela alma) vai para o Seol e ali, na presença de Deus, ou a pessoa vai ser consolada por ter recebido o amor da Verdade em seu coração (2Ts 2.10) ou irá lamentar por tê-Lo rejeitado.

·         Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó. Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo da terra?” (Ec 3.18-21).”
·         “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” (Ec 12.7) – quem volta a Deus é a alma. Como, todavia, o espírito estará em contato permanente com a Palavra de Deus no Seol (seja confortando ou atormentando), por isto é dito que ele volta a Deus. E é por isto que Jesus entregou nas mãos do Pai o Seu espírito (Lc 23.46);
·         “Eis que foi para a minha paz que tive grande amargura, mas a ti agradou livrar a minha alma da cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados.” (Is 38.17) – de certo Ezequias não sabia acerca da ressurreição (ou não cria). Como o corpo de cada um irá apodrecer e ser comido por vermes, para o ser humano carnal, quanto mais isto demorar a acontecer, melhor.
·         “Nenhum deles de modo algum pode remir a seu irmão, nem por ele dar um resgate a Deus, (pois a redenção da sua vida é caríssima, de sorte que os seus recursos não dariam) para que continuasse a viver para sempre, e não visse a cova” (Sl 49.7-9 – AR 1967) -> A pessoa pode morrer e seu corpo se deteriorar, mas será restaurado juntamente com sua alma na vinda de Jesus. Perceba como este salmista tinha consciência de que, quem ia para o Seol crendo em Jesus, não iria dormir, mas não veria a morte (cova), pois passou da morte para a vida (Jo 5.24).
·         “E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser consolado, e disse: Na verdade, com choro hei de descer para meu filho até o Seol. Assim o chorou seu pai.” (Gn 37.35) – note que seu espírito desceria consciente ao Seol chorando. Tem versão que traduz Seol por sepultura, o que é erro. Afinal, se José tivesse sido devorado por uma fera selvagem, ele não teria sido sepultado;
·         “Para desviar a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada... E a sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida aos que trazem a morte... Porém Deus livrou a minha alma de ir para a cova, e a minha vida verá a luz.” (Jó 31.18,22,28) – Note como a alma vai para a cova (ou seja, adormece, fica sem contato com o mundo).
·         “porque a minha alma está cheia de angústias, e a minha vida se aproxima do Seol.” (Sl 88.3) – o espírito ia se aproximando do mundo dos mortos.
·         “O Senhor deu-se a conhecer, executou o juízo; enlaçado ficou o ímpio nos seus próprios feitos. Os ímpios irão para o Seol, sim, todas as nações que se esquecem de Deus.” (Sl 9.16,17) – Note como o ímpio vai permanecer no Seol enlaçado em tudo que ele fez aqui (preso no seu tormento, incapaz de se chegar a alguém). Ele não tem corpo para se locomover. Logo a única forma de ele ir até alguém seria via sentimento. Mas, como não há ninguém vivendo dentro dele (muito menos Cristo), não tem como ele ir a quem quer que seja. Mesmo que pudesse, seria mais tormento ainda, já que, ali não há esperança de encontrar alguém “bom” (tomado pela bondade de Deus) como aqui.
·         “Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam para o seu pó.” (Sl 104.29) – Quando Deus tira espírito e alma (fôlego), seu corpo volta para o pó;

7 – O que é Seol? Quais as características dele?

Seol é o nome em hebraico para o lugar para onde vai o espírito daqueles que morrem. Em grego é chamado Hades. O Seol é dividido em duas seções separadas por um grande abismo (Lc 16.26):

·         Seio de Abraão: local para onde vão aqueles que são de Jesus;
·         Inferno: local para onde vão os que rejeitaram Jesus.

Ao contrário do que muitos pensam, quem morre em Cristo não vai para céu, mas está no Seol aguardando a vinda de Cristo. Eis as características do Seol:

1 – A pessoa fica completamente separada de tudo que acontece neste mundo

Enquanto a pessoa está viva, ela tem esperança de ser usada por Deus.

·         “Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto). Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” (Ec 9.4,5);

Depois que ela morre, seu espírito fica no Seol completamente alheia a tudo que acontece neste mundo, bem como ao plano de Deus. Tudo aquilo que a pessoa sonhava se perde (Jó 17.13-16). Todo o conhecimento, sabedoria, sentimentos, pensamentos, emoções e planos que eles memorizaram ficam sem qualquer utilidade e recompensa.

·         “Pois na morte não há lembrança de ti; no Seol quem te louvará?” (Sl 6.5);
·         “Pois não pode louvar-te o Seol, nem a morte cantar-te os louvores; os que descem para a cova não podem esperar na tua verdade.” (Is 38.18).

Daí dizer que os mortos dormem, pois tudo que existe dentro deles fica sem qualquer ação dentro da obra que Deus realiza neste mundo.
Embora a morte seja vista, com relação aos que estão em Cristo, como descanso (repouso com relação ao plano de Deus - Ap 14.13), ainda assim a verdadeira dádiva é ter o privilégio se atuar no plano de Deus, já que, neste caso, ao invés de apenas contemplar o que Deus faz como os anjos, a pessoa pode experimentar os feitos de Deus dentro de si.
Por isto é dito:

·          “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no seol, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” (Ec 9.10) – não há conhecimento nem sabedoria alguma para produzir algo útil;
·         “Sai-lhe o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.” (Sl 146.4).
·         “Mostrarás, tu, maravilhas aos mortos, ou os mortos se levantarão e te louvarão? ( Selá.) Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade no Abadom? Serão conhecidas nas trevas as tuas maravilhas, e a tua justiça na terra do esquecimento?” (Sl 88.10-12) – isto confirma como o Seol é um lugar à margem dos planos de Deus. Por isto não há maravilhas ou louvores ali. Afinal, louvar a Deus não é elogiá-Lo com palavras, mas ser usado pelo Espírito Santo para exaltar Seu nome, bondade, fidelidade.

No Seol, o espírito da pessoa não vê o que se passa neste mundo, muito menos se comunica com alguém daqui.
·         “Disse: não verei ao SENHOR, o SENHOR na terra dos viventes; jamais verei o homem com os moradores do mundo.” (Is 37.11).
·          “Irá para a geração de seus pais; eles nunca verão a luz.” (Sl 49.19) – ou seja, espírito de morto não se comunica com os vivos. Em particular, os que morreram sem Jesus, nem no Juízo Final poderão ver Jesus e Sua verdade (Jo 8.12);
·         “Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó, ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta. Porém, morto o homem, é consumido; sim, rendendo o homem o espírito, então onde está ele? Como as águas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica seco, assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus, não acordará nem despertará de seu sono. Quem dera que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se fosse; e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim! Morrendo o homem, porventura tornará a viver? Todos os dias de meu combate esperaria, até que viesse a minha mudança.” (Jó 14.10-14). – Note como o ser humano continua existindo. Afinal, como a alma de alguém que não existe pode ser despertada do sono? Se espírito e alma se desfizessem como o corpo, então ao invés de uma pessoa dormindo ou descansando, o correto seria a pessoa sendo refeita ao invés de acordar e despertar.
Todavia, ao invés de voltar a viver como se dá com a árvore (cujo corpo permanece), o corpo da pessoa desaparece por completo, a alma fica adormecida, mas o espírito, mesmo que os viventes não saibam com precisão onde está (já que ninguém sabe se a pessoa aceitou de verdade a Jesus), com certeza está no Seol aguardando a ressurreição.

Com base nisto, não há sentido em temer alguém que é mortal, ou seja, que não poderá manter-se a si mesmo e, deste modo, garantir algo permanente na nossa vida. Embora seu espírito permaneça consciente no Seol, dali não poderá fazer nada de bom ou mal por nós, pois morreu (se separou) para este mundo.

·         “Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu para que temas o homem que é mortal, ou o filho do homem, que se tornará em erva?” (Is 51.12).

2 – O Seol é uma região de trevas

No Seol, na região conhecida como inferno, não há luz, nem ordem ou qualquer expressão de bondade. Pelo contrário, cada pessoa estará presa em seu próprio tormento, sem ver ninguém nem nada eternamente, e isto até o dia do juízo final.

·         “Porventura não são poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me, para que por um pouco eu tome alento. Antes que eu vá para o lugar de que não voltarei, à terra da escuridão e da sombra da morte; terra escuríssima, como a própria escuridão, terra da sombra da morte e sem ordem alguma, e onde a luz é como a escuridão.” (Jó 10.20-22) – se não há ordem no inferno, isto é mais um sinal de que o espírito dos que morreram estão conscientes;
·         “Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção,... Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva.” (2Pe 2.12,17);
·         “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;” (Jd 6).

Por isto é que há trechos retratando os níveis diferentes de punição aos ímpios. Por exemplo:

·         (Lc 12.47,48) -> Quanto mais e melhor a pessoa conhecer Jesus e Sua Palavra, mais ela irá se atormentar no Seol com as oportunidades e glórias perdidas;
·         (Lc 12.59; Mt 5.25,26) -> Quanto mais insatisfeitas as pessoas estiverem consigo mesmas, mais fortes e demorados serão os seus grilhões, começando aqui e continuando na eternidade. Afinal, mais culpa a pessoa terá para atormentar seu coração;
·         (Mt 18.34,35) -> Quanto mais a pessoa recusar a perdoar, mais espaço e tempo terá na sua vida para os atormentadores. E quando no Seol estiver, mais remorso tomará conta dela em face do tempo que perdeu odiando aquele que a ela foi dado para experimentar o amor.

É isto que a Escritura Sagrada quer dizer quando afirma que cada um receberá do Senhor conforme as suas obras (Rm 2.5,6; Ap 22.12). As trevas tomam conta da pessoa porque ela não consegue (ou não quer) enxergar nenhuma expressão de bondade (Jr 17.6), porque seu coração está solitário (1Jo 2.9-11).
É bom lembrar que, embora a pessoa que recusou o amor da verdade permaneça (2Ts 2.10), até o dia do juízo final, consciente no inferno, ela estará contemplando, ao longe, o consolo dos justos (Lc 16.23; 2Ts 1.9; Ap 14.10,11). É isto que mais irá constrangê-la (2Co 5.14) e enchê-la de remorso, como se deu com Judas (Mt 27.3; ver Pv 25.22; Mt 27.3 NTLH), com a diferença que nunca poderá encontrar, na morte, alívio para tamanha dor. Assim será até o dia em que, finalmente, ela irá para o lago de fogo e enxofre, quando toda esperança que pudesse haver de poder experimentar a bondade dentro de si desapareça.
Com relação à parte na parte do Seol denominada seio de Abraão, o termo trevas indica que, não importa quantas homenagens se preste a alguém que morreu (colocando seu nome em ruas, edifícios públicos ou sua imagem em alguma cédula de dinheiro), ele não poderá ver nenhuma das maravilhas que se faça para com ele.

3        – O Seol é chamado também de sepultura

Não há nada de bom para se fazer por alguém depois que ele morreu (há religiões, por exemplo, que acreditam que se pode oferecer missas, rezas, indulgências, etc. em favor dos mortos). Daí não ter sentido velório:

·         “Mostrarás, tu, maravilhas aos mortos, ou os mortos se levantarão e te louvarão? ( Selá. ). Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na perdição? Saber-se-ão as tuas maravilhas nas trevas, e a tua justiça na terra do esquecimento?” (Sl 88.10-12);

4 – Abadom (perdição)

Conforme dito no item anterior, está perdida qualquer benfeitoria que pudéssemos pensar em fazer para com um morto. Não adianta querer pedir perdão para alguém após este ter morrido.
Em particular, para os que estão no inferno, não há possibilidade de regeneração. Logo, a fidelidade dos membros da família ou amigos de nada servirá. Seu destino está selado para sempre (Hb 9.27).

5 – Terra do Esquecimento

Este é o termo para mostrar que não adianta agora querer pedir perdão ou tentar consertar os erros do passado cometidos para com aquele que já morreu. Ele está num lugar onde todo este mundo está esquecido. Para quem está no inferno, a única coisa real para seu espírito são as lembrança do que ele viveu aqui; para quem está no seio de Abraão, há o consolo de Espírito Santo através da vida uns dos outros que ali estão (note como não se vê ninguém com o rico de Lc 16.20-31).

6 – Sião é lugar de Silêncio

·         “Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio;” (Sl 115.17) – é claro que, no inferno, ninguém consegue louvar o Senhor, pois não O tem dentro de si. Sem contar que está fora da esfera da ação de Deus, que é este mundo; Todavia, para quem está em Cristo, até depois de morto podemos ser usados para ressuscitar alguém (2Rs 13.20,21), para tocar corações (Mt 27.54; Mc 15.39; Lc 23.47) ou falar (Hb 11.4).
·         “Os olhos do homem sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; então também entendi eu que o mesmo lhes sucede a ambos. Assim eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isto era vaidade.” (Ec 2.14,15) – sem Jesus toda sabedoria é inútil;
·         “Que proveito haverá no meu sangue, se eu descer à cova? Porventura te louvará o pó? Anunciará ele a tua verdade?” (Sl 30.9).
·         “Se o Senhor não tivesse sido o meu auxílio, já a minha alma estaria habitando no lugar do silêncio.” (Sl 94.17) -> com certeza, o salmista percebia que estava em pecado (ver Sl 94.11-14) e, se morresse naquele momento, iria para o inferno (que é a região de silêncio do Seol, no sentido de que ali ela não escuta as dores e angústias dos demais que ali estão).

Para quem está no seio de Abraão, trata-se de um lugar de silêncio porque ele não consegue escutar nada neste mundo, nem quem está neste mundo pode escutar sua voz.
Para quem está no inferno, além de tudo isto, quem vai para lá não conseguirá escutar nem mesmo aquilo que acontece à sua volta (muito menos a voz de Deus). Tudo que ele escuta são os gritos da sua alma desesperada.
Sem Jesus, não importa se o que fazemos é bom ou ruim, justo ou desonesto. Nada faz sentido, pois não traz real conhecimento do verdadeiro amor, mas está baseado apenas em conforto e bem-estar próprio neste mundo. Não preenche ninguém com aquilo que Deus é. O destino de tais pessoas é ir para o lugar da solidão, onde não existe ninguém mais, além de ela mesmo. Já que, nesta vida, a única pessoa que importou para ela foi ela mesma, já que ela achou que o problema era as circunstâncias ou as pessoas, nada mais indicado do que ir para um lugar onde não haja nada nem ninguém, mas apenas trevas e silêncio.
Só assim a pessoa poderá constatar que não existe nada tão ruim quanto o que existe no seu interior. Infelizmente, mesmo apesar de tanto tempo na solitária, ainda assim não conseguirá se dar bem com ninguém no lago de fogo e enxofre, mas serão eternamente atormentadas, atormentando aos outros. Em outras palavras, o prazer de cada um é atormentar.

8 - Mas afinal, o que as pessoas ficam fazendo no Seol? Qual a finalidade de ressuscitarem e serem julgadas, já que a separação entre maus e bons já aconteceu?

Para você ter uma ideia da importância da ressurreição, Paulo diz que quem não crê na ressurreição, não crê também que Cristo ressuscitou, o que torna a fé desta pessoa inútil (1Co 15.17,18).
Mas afinal: por que a ressurreição é algo tão importante para os que morreram em Cristo? Uma vez que os justos, supostamente estão no paraíso conscientes, para que voltar a este mundo? No entanto, Paulo diz que, se eles não ressuscitassem, eles estariam perdidos (1Co 15.18). Não só isto! Se os ímpios já estão queimando inferno, então para que tirá-los de já, ressuscitá-los para depois mandá-los para um lugar ainda pior do que este?
Em primeiro lugar, entendendo que a vida de Jesus em nós que nos liberta do pecado, dando-nos condições de sermos um em Cristo e, com isto, sermos capazes de amar o próximo (Jo 13.34,35), se Jesus não tivesse ressuscitado, até hoje estaríamos condenados à morte, já que não teríamos como nos livrar de tamanha maldição (Rm 6.23; ver Rm 8.1-4; Gl 5.16,25). Afinal, sem Jesus e Seu sacrifício, não teríamos a amostra de uma vida vencedora. Mesmo que Jesus quisesse nos conduzir pessoalmente, não teríamos a certeza de que Seu estilo de vida daria certo. Como Ele não obriga ninguém a nada (pois o amor e obediência só têm valor quando são voluntários), por mais que Ele quisesse conduzir alguém a uma vida liberta do pecado (como afirma Rm 8.1-4; Gl 5.16,25; 1Jo 3.5-9), ninguém seria capaz de acreditar nisto de coração, por mais que se esforçasse. Daí as promessas do Antigo Testamento serem todas carnais.
Além disto, as pessoas estão entendendo errado o quem vem a ser inferno, bem como o que acontece após a morte. Acredite: aqueles que morrem estão em lugar chamado Seol (ou Hades). Uns:
·         no seio de Abraão sendo consolados por Deus (Lc 16.25). Estes estão conscientes, compartilhando suas lembranças uns com os outros (repare como Lázaro estava juntinho com Abraão – Lc 16.23). Inclusive, é por isto é que as almas daqueles que morreram por amor a Jesus estavam inquietas (Ap 6.9-11). Afinal, mais e mais pessoas chegavam em virtude deste amor e Deus, aparentemente, não fazia nada. É então que eles recebem, simbolicamente, vestes brancas, ou seja, um esclarecimento melhor acerca do plano de Deus e do propósito da vida de cada um deles, de modo que eles pudessem descansar melhor;
·         no inferno, presos nos seus próprios tormentos, repletos de remorso e culpa.

A prova de que eles estão conscientes é o que Jesus disse para o ladrão na cruz:

·         “E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lc 23.42-43).

O ladrão na cruz pensava o mesmo que aqueles que creem na mortalidade do espírito: ele achava que só poderia ser lembrado por Jesus quando Ele viesse para inaugurar o milênio. Jesus, contudo, lhe deixou claro que, no mesmo dia em que Ele entregasse Seu espírito nas mãos do Pai (Lc 23.46), ele estaria Consigo no lugar do Seol chamado Paraíso, a saber, no seio de Abraão.
Entenda: durante os três dias que Jesus esteve fisicamente morto, Seu corpo ficou na sepultura, Sua alma adormecida e Seu espírito consciente no Seol (Mt 12.40; At 2.27; Ef 4.9). Todavia, embora Seu corpo e alma só tenham subido ao Pai após ressuscitar (Jo 20.17), Seu espírito estava nas “mãos” do Pai no lugar do Seol chamado Paraíso (Lc 23.46). Afinal, o Pai estava presente ali.
Enquanto Jesus esteve ali no Seol, Ele anunciou o evangelho aos mortos (1Pe 4.6), confirmando Sua Palavra aos que estavam lugar chamado Paraíso (1Pe 3.19), o que aumentava ainda mais o remorso daqueles que estavam na parte mais baixa do Seol, conhecida como inferno (Ef 4.9). Afinal, a presença de Jesus ali acabava com toda a esperança dos ímpios de se justificarem. Antes, eles tinham a esperança que Jesus falhasse e, assim, eles pudessem se desculpar. Mas agora, o maior argumento deles caiu por terra e cairá por vez quando todos os Seus eleitos igualmente vencerem o pecado, Ha-Satan e o mundo (Hb 2.15; 1Jo 5.3).
Em outras palavras, quando é dito que Jesus pregou aos espíritos em prisão (1Pe 3.19) e levou cativo o cativeiro (Ef 4.8), o que realmente aconteceu é que Jesus, ao descer ao Seol, mostrou em Si todo o plano da salvação, o qual libertou todos os que estavam no Seio de Abraão da tristeza que sentia ao ver tantos morrendo por amor da Sua fé no Eterno.
Quem morreu em Cristo fica, então, sendo consolado em suas lembranças de tudo que viveram neste mundo. Os que rejeitaram Cristo ficam atormentados pela chama do remorso que sai de dentro deles (Ez 28.18; Lc 16.24,25). Baseado nisto, tudo parece indicar que não há sentido ninguém comparecer no tribunal de Cristo. No entanto, enquanto estão no Seol, ninguém sabe com precisão o motivo da justificação ou condenação, seja sua ou de outrem.
Para início de conversa, qual a finalidade do julgamento? Infelizmente, o conceito de justiça tem sido deturpado pelo sistema babilônico que rege este mundo. O alvo supremo do julgamento é lavar ambos os lados (defesa e acusação) a reconhecerem a verdadeira justiça. Esta é a razão pela qual todos irão ressuscitar: para que todos vejam, na vida de cada membro da Igreja, a reta justiça de Deus e, assim:

·         Os justos entendam o motivo de um ter recebido mais galardão que o outro;
·         Os perdidos vejam que não há desculpa para seus erros.

Até então, os justos não estão ainda na glória, nem os ímpios no lago de fogo e enxofre, mas aguardando o julgamento (1Pe 4.5) e a ressurreição quando, então serão recompensados, a saber:

·         os justos aguardam a primeira ressurreição no seio de Abraão, quando irão comparecer no tribunal de Cristo que terá lugar na Sua vinda (Rm 14.10; 2Co 5.10). Nesta ocasião serão julgadas:
o    as doze tribos de Israel pelos doze apóstolos (que foram chamados no regime da Antiga Aliança). Através do testemunho de Cristo neles (Mt 19.28), cada um recebe seu galardão e herança;
o   os gentios que, por amor a Cristo, não se ajuntaram ao anticristo para pelejar contra Ele e contra Israel. Serão julgados por doze gentios que o Eterno elegeu para ser modelo;
Todos os que ficaram vivo constituirão as dez virgens (Mt 25.1-13), ou seja, pessoas que pertenciam ao sistema religioso. Quem nele permaneceu (contrariando a ordem de Ap 18.4) será condenado; quem dele saiu será justificado.
Finalmente, ocorrem as bodas do Cordeiro (Ap 19.7), a saber, a ocasião em que a Noiva será uma só carne com o Noivo (ambos terão a mesma carne – 1Co 15.48,49).
·         os ímpios aguardam a segunda ressurreição no inferno, quando irão comparecer no tribunal de Cristo que se dará no juízo final, quando os santos irão julgar os anjos e os ímpios (1Co 6.2,3) e os que se converterem no milênio receberão o galardão. Até então, eles não se conformam de terem sido condenados. Acham Deus injusto. Só, após o tribunal de Cristo que seus joelhos irão se dobrar e toda língua confessar que Jesus é Senhor (Is 45.23; Rm 14.11; Fp 2.10).

Consegue, agora, ver a necessidade da ressurreição? Embora bons e maus estejam separados no Seol, ninguém recebeu ainda a recompensa. Ninguém ainda pode compreender quem é Deus, bem como a perfeição da Sua justiça.
Mas isto não é tudo! Pense: embora seja um bom consolo para os justos estarem rodeadas apenas de pessoas repletas do amor de Deus, todavia, estar em comunhão apenas para ficarem se lembrando dos feitos de Deus na vida uns dos outros, bem como do que Deus lhes prometeu, em nada se compara com o privilégio de voltar a experimentar o poder de Deus agindo em seu interior.
Por isto é que é dito que depois da morte vem o juízo (Hb 9.27). Afinal, nenhum deles está fazendo obra nenhuma (daí Ec 9.10 dizer que no Seol, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma):

·         no caso dos justos, eles estão esperando a volta de Cristo;
·         no caso dos ímpios, o juízo final.

Todos estão “perdidos” em lembranças. Daí dizer que:

·         a morte é um inimigo a ser aniquilado (1Co 15.26);
·         o espírito só será salvo no Dia do Senhor (1Co 5.5);
·         os heróis da fé não obtiveram a concretização da promessa (Hb 11.13), mas serão aperfeiçoados conosco (Hb 11.39,40)

Não é em vão que a verdadeira herança está guardada nos corações dos que creem em Jesus (céus) e só nos será entregue quando Jesus vier e ressuscitar corpo e alma da Igreja, o que acontecerá no último tempo deste mundo, a saber, quando Jesus vier (afinal, é no milênio que receberemos autoridade sobre as “cidades” de Deus – Lc 19.17,19).
Por isto Paulo disse que a glória dele, na vinda de Jesus, era a Igreja que se reunia em Tessalônica (1Ts 2.19,20). Afinal, à medida que guardamos os tesouros de Deus no coração daqueles que são de Jesus (Mt 6.19-21; Lc 16.9), damos lugar para sermos exaltados diante deles, já que é o testemunho de nossa fé que foi guardado em seus corações, que agora se evidenciam (não necessariamente por palavras, mas por sermos vistos neles através dos nossos tesouros guardados em seus corações).
Daí Pedro dizer:

·         “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós, que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo” (1Pe 1.3-5).

A herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar são as pessoas que, agora, não vão mais se corromper pelos maus desejos, nem se contaminar com o pecado, nem mais enfraquecer ou envelhecer.
Infelizmente, para muitos, a morte é o fim da existência do ser humano. E muitos em Corinto estavam crendo nesta besteira e, com isto, esfriando na fé (abandonando a verdadeira herança e riqueza). Afinal, se a ressurreição não fosse real, para que se expor ao perigo (1Co 15.30)? Seria melhor viver hedonisticamente a vida (1Co 15.32). Daí Paulo dizer que esperar em Cristo apenas nas coisas desta vida significa se tornar miserável (1Co 15.19).
O mesmo erro estava acontecendo em Tessalônica. Quando um parente querido morria, havia muita tristeza entre os seguidores de Jesus. Paulo, então, escreve esta carta para animar os seguidores do Cordeiro, dizendo que, quando Ele viesse, traria em Sua companhia os que estavam dormindo com relação a este mundo (1Ts 4.14). Afinal, para quem não crê na ressurreição, os vivos se resumem aos que estão neste mundo. Considerando que única esperança de voltar a ver o ente querido é a ressurreição (1Ts 4.13-17), logo tais pessoas estavam sem esperança.

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