AUTORIDADE: O TRABALHO QUE O ETERNO
DEU ÀQUELES QUE NELE CREEM
Muitos
acham que buscar ao Eterno é difícil. No entanto, quem é que realmente
dificulta as coisas? Já reparaste a enorme quantidade de seguidores de Cristo
que gostam do seguinte versículo?
·
“No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra;
porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gn 3.19).
Mesmo
afirmando que creem que o Eterno promete provisão abundante para os que O
seguem (Mt 6.33; Lc
6.38; 2Co 9.8-11; Fp 4.19), coisas que estão além da nossa
imaginação (1Co 2.9,12; Ef
3.20), ainda assim
querem viver do seu suor.
Isto
quer dizer que quem crê em Jesus não terá que fazer nada?
É
claro que não! Quando o Eterno criou o ser humano, Ele lhe deu uma tarefa:
·
“E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e
multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do
mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.”
(Gn 1.28).
·
“E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o
lavrar e o guardar.” (Gn 2.15).
O
trabalho de Adão era supervisionar a criação a fim de mantê-la guardada do bem.
Sei que isto parece esquisito. No entanto, pense: do que Adão deveria guardar,
já que o mal ainda não tinha entrado no mundo? Só há uma explicação: guardar do
bem, pois boas intenções nos afastam mais de Jesus do que as más. Quem não está
com Jesus já está contra Ele; e quem, estando com Jesus, não ajunta, acabará
espalhando (Mt 12.30).
Pense,
por exemplo, no caso de Eva. Não pense que ela comeu do fruto proibido mal
intencionada. Embora Ha-Satan tenha dito que ela
seria como o Eterno (Gn 3.5), não quer dizer que ela quisesse
ocupar o lugar Dele. Tampouco significa que ela queria afrontar o Eterno.
Sua
intenção era tão somente crescer em conhecimento (Gn 3.6).
Que mal há nisto? Aparentemente nenhum. Mas este conhecimento fez eles
enxergarem algo que jamais deveria ser do conhecimento deles. O que parecia ser
algo bom foi a ruína da raça humana:
Veja
este outro caso:
·
“Porque ao homem que é bom diante dele, dá Deus sabedoria e
conhecimento e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte, e
amontoe, para dá-lo ao que é bom perante Deus. Também isto é vaidade e aflição
de espírito.” (Ec 2.26).
Para
o ímpio, o Eterno realmente dá serviço, pois, com tanta maldade no coração,
quanto mais tempo livre tiver, mais irá prejudicar os outros. Repare, todavia,
que, quanto mais o indivíduo é bem sucedido no trabalho, mais ele quer
trabalhar e ajuntar. Com isto, ele acaba se distanciando do que realmente é
importante (daí Lc
16.15) e ficando
pobre para com o Eterno (Lc 12.21).
É
por isto que, ao justo, o Eterno dá enquanto dorme (Sl 127.2):
para que Ele seja livre para amar e exercer a autoridade de Cristo (Mt 28.18-20).
A ideia é que, quem crê em Jesus não precisa se fazer escravo de homens (1Co
7.23), mas pode ser
livre de todos a fim de poder usar a autoridade que o Eterno lhe dá para salvar
alguns (1Co 9.22).
Vem
a questão: em que consiste a autoridade do Eterno? Muitos acham que autoridade
ou querer ser grande é algo maligno. Há quem tenha até mesmo ódio abominável só
de ouvir esta palavra. Em particular, as mulheres consideram um absurdo terem
que ser submissas ao marido e fazem de tudo para invalidarem esta parte da
Escritura Sagrada.
O
problema é que confunde-se autoridade com autoritarismo e poder com violência.
No entanto, qual você acha que é o maior desejo da mulher? Achar um homem a
quem ela pode se entregar totalmente a ele, em quem ela possa descansar e
esperar.
Aliás,
que é o maior desejo de alguém quando busca o serviço de outrem? Não é poder
descansar e esperar na sua honestidade, competência, dedicação e visão do
indivíduo, certo de que não será enganado e obterá aquilo que precisa?
Entenda:
·
Autoridade é estar familiarizado com aquilo que
é bom, sendo, portanto, capaz de pô-lo em prática e de servir de modelo que
confirme a eficácia do mesmo. Cada um, por exemplo, tem tudo para ser
autoridade em sua vocação. Basta que faça da mesma a sua vida. Isto fará do
indivíduo uma prova em si mesmo de que este bem funciona. Isto é diferente
de...
·
Autoritarismo que é fazer uso do poder para obrigar
os outros a fazer o que deseja;
·
Poder é a capacitação para o bem, mesmo em
meio às circunstâncias mais adversas.
Para
exemplificar isto: a maior demonstração do poder de Jesus foi no Gólgota
quando, mesmo diante de tanta opressão, Jesus não saiu da cruz, nem destruiu
Seus inimigos, mas permaneceu fiel até o fim. Não existe poder maior que, mesmo
em meio a tamanha tortura, mesmo dispondo de toda autoridade e força, ainda
assim, negar a si mesmo para que a justiça do Eterno em favor do próximo se
manifeste imparcialmente (não aquilo que nossa carne considera
como justiça com base no que sofreu, mas com aquilo que o Eterno realmente
entende como justiça).
Como
exemplo disto, temos que: quando somos afligidos, entendemos que a finalidade
da justiça é combater o mal que sofremos ou, pelo menos, compensar os agravos a
nós feitos. No entanto, se pensarmos que muitas vezes o Eterno usa os vasos de
ira para disciplinar os justos, logo os mesmos são dignos até mesmo de receber
o pagamento necessário por terem cumprido sua missão (ver
Ez 29.18-20).
Isto
não quer dizer que o mal que eles fizeram ficará sem punição, mas sim que eles
terão oportunidade de verem em que consiste a justiça deles e, assim, sejam
obrigados a reconhecer que o Eterno é justo quando eles forem julgados conforme
este mesmo padrão de justiça que eles estabeleceram (Jó 5.13; Lc 6.37,38; Sl 7.16; Ez 9.10; 11.21; 17.19).
Enfim,
autoridade é aquele que tem maturidade o suficiente para saber usar os poderes
que o Eterno lhe deu em favor do próximo. É aquele que, por transbordar em amor
e sabedoria, anseia por poder compartilhar os mesmos com aqueles que o Eterno
coloca no seu caminho, de modo que venham também a ser grande no Reino do
Eterno.
E
como exercer autoridade na vida dos indivíduos?
Seguindo
o mesmo princípio que se dava no jardim do Éden, a saber, se alimentando
livremente da vida de cada indivíduo que o Eterno colocou em sua vida (ver
Gl 6.6; 2Tm 2.6). Para ser mais exato, a ideia é que cada um procura
encontrar na vida do próxima toda a satisfação de Cristo para sua vida, sem
desistir, até que a união desejada pelo Eterno se cumpra na vida de ambos.
Note
que o trabalho de quem crê em Jesus não está relacionado com coisas materiais,
mas sim com indivíduos. O alvo para quem crê não é se desgastar em tarefas
materiais. O tempo, os talentos e os dons do Eterno nele são muito preciosos
para se desperdiçar em tarefas tão simplórias. O trabalho físico é tão somente
uma desculpa para manter dois ou mais indivíduos próximos, a fim de que eles
tenham tempo para se conhecerem mutuamente (por meio de Cristo
– Gl 4.9).
Por
aqui você pode ver que ninguém se torna autoridade. Cada um nasce para ser
autoridade (como o Eterno propôs na criação – Gn 1.28).
O que cada um precisa é assumir quem realmente é diante do Eterno e deixar que
isto cresça em sua vida.
Veja
o caso de Adão quando estava no jardim do Éden. O Eterno deu ordem para ele
guardar o jardim. Como ele deveria fazer isto? Tão somente se alimentando
livremente de cada árvore. Enquanto ele comia, ele tinha contato com cada
árvore e verificava se estava tudo em ordem.
Ninguém
precisava tentar comprar seu papel na sociedade, sendo o que os outros querem.
E isto vale para quem crê em Jesus hoje. Tudo que ele precisa ser é:
·
“sal da terra” (Mt 5.13) -> Note que não é para “ter
o sal da terra”, mas “ser o sal da terra”. A vida de quem crê deve ser
saborosa para todos à sua volta, servir de estímulo para que eles não venham a
pecar, levá-los a perder todo gosto pelas coisas do mundo;
·
“luz do mundo” (Mt 5.14) -> Nossa vida tem que ser uma
manifestação da verdade em meio a um mundo em trevas (Is 9.1,2; Mt 4.15,16; ver Lc 1.78,79).
Ou
seja, nossa vida (e não apenas o que fazemos ou temos) deve ser uma influência interna para
os indivíduos próximos, de modo a guiá-los para Jesus. Não é guiar para o bem,
mas sim para Jesus.
Pense:
quer coisa mais linda do que você ver:
·
Um
homem cheio de autoridade (do amor e da sabedoria do Eterno) dando toda esta
sua vida à sua esposa, de modo que ela possa frutificar e multiplicar (Gn 1.28) e
·
Sua
mulher se submetendo sem reservas ao marido (vivendo unicamente para receber
dentro de si toda esta semente) para, assim, auxiliar seu marido na missão que
o Eterno que lhe deu?
Muitos
entendem mal o que Jesus disse para os discípulos:
·
“E, quando os dez ouviram isto, indignaram-se contra os dois
irmãos. Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos
príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade
sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós
fazer-se grande seja vosso serviçal; E, qualquer que entre vós quiser ser o
primeiro, seja vosso servo; bem como o Filho do homem não veio para ser
servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mt 20.24-28).
Veja
que Jesus não repreendeu os discípulos por quererem ser grandes, mas sim pelo
modo de eles quererem alcançar a grandeza. Ou seja, o problema não está no
sentimento em si, mas em não deixar o espírito conduzir este sentimento para
glória do Eterno.
Aliás,
os maiores repreendidos por Jesus foram os dez apóstolos pelo fato de eles
estarem incomodados com este desejo da parte dos dois irmãos e ensinou a
seguinte lição: quando alguém quiser ser o primeiro, o grande, então que vocês
façam dele o nosso serviçal.
Por
que temos que ter inveja daqueles que o Eterno favorece, tal como se deu entre:
·
Caim
e Abel?
·
José
e seus dez irmãos?
·
Os
fariseus e Jesus?
Neste
último caso, veja o que disse Jesus:
·
“E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam
então vossos filhos? Portanto, eles mesmos serão os vossos juízes. Mas, se eu
expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de
Deus.” (Mt 12.27,28).
Ou
seja, uma vez que o Eterno estava em Cristo fazendo Sua obra, então era uma
prova que o Eterno estava com eles favorecendo a todos. Era motivo para eles se
alegrarem por mais uma oportunidade que o Eterno estava lhes dando de ouvi-Lo e
ter experiência com ele. No entanto, ao invés de se alegrarem pelo privilégio
que todos estavam tendo de serem abençoados pelo Eterno (incluindo
eles mesmos), eles
estavam lamentando por não serem os únicos a serem abençoados, o centralizador
das bênçãos.
Isto
é próprio do Sistema Babilônico tenta centralizar tudo e todos em torno de si
mesmos (Gn 11.4), enquanto o Eterno quer justamente
acabar com todo o monopólio (Gn 1.28).
O
mesmo se aplica a Caim e os dez irmãos de José. Ora, o que era bom Abel e José,
era bom também para seus irmãos, já que ambos, nesta ocasião, moravam juntos.
E
hoje isto se aplica com muito mais propriedade a nós.
·
“Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso;
seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo,
seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso,
e vós de Cristo, e Cristo de Deus.” (1Co 3.21-23).
·
“Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e
pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade,
e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no
vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o
constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que
cumpre tudo em todos.” (Ef 1.20-23).
Ora,
já que tudo é nosso e todas as coisas estão debaixo nos nossos pés, não há
porque temos inveja dos malfeitores quando eles prosperam (Sl 37.1).
Mesmo que eles nos prejudiquem, uma vez que tudo é nosso, no final o prejuízo
que eles nos deu voltará para nossa mão. Aliás, nem deixa de estar na nossa
mão, já que, uma vez que os perversos são nossos, tudo que é deles também a nós
pertence.
Por
exemplo: se um ladrão roubou minha casa, mas o ladrão pertence a mim, então no
fundo a casa continua sendo minha, só que agora o ladrão irá cuidar da casa por
mim..
Basta
que o nosso caminho seja agradável ao Eterno (Pv 16.7)
para que tudo esteja à nossa disposição (ver Jó 5.23; Os
2.18) e concorra para
o nosso bem (Rm 8.28). Afinal, sendo do Eterno a terra e a
sua plenitude, o mundo e os que nele habitam (Sl 24.1),
quando então estamos sendo guiados por Ele, não há como algo sair errado (VEJA
Is 43.13).
Agora
você entende como os apóstolos deveriam lidar com todo aquele que quisesse ser
o primeiro, o grande? A ideia não era podar o mesmo. Pelo contrário: eles
deveriam ajudar o mesmo a crescer, certo de que, como membro do corpo de
Cristo, o que é bom para um é bom para todos (1Co 12.26)
Muitos
pensam que humilhar é viver como um miserável, se fazendo de capacho dos
outros. Embora humilhar signifique se esvaziar de si mesmo, todavia, o modo de
conseguir este esvaziamento não é se abstendo dos prazeres da carne, mas sim se
unindo ao próximo em Cristo.
E
como isto se dá? Seguindo o princípio básico da autoridade: não há autoridade
que, antes de tudo, não esteja debaixo de uma autoridade. Por mais paradoxal
que seja, a melhor forma de sujeitar alguém é se sujeitando ao indivíduo (daí
a ordem para nos sujeitarmos uns aos outros – Ef
5.21).
Entenda:
você foi colocado na vida dele para servi-lo. O objetivo da unidade não é
permitir que um sugue as qualidades, mas sim acrescente virtude onde há
defeito.
E
como isto será feito? Um é colocado por Jesus na vida do outro a fim de que
ambos não façam aquilo que desejam (Gl
5.16,17), mas apenas
aquilo que o Eterno deseja (Mt
18.18-20). A parte má
de um irá atrapalhar a parte má do outro, enquanto o Espírito Santo funde ambos
na Sua Palavra, fazendo deles uma nova criatura (ver 1Co 15.54; 2Co
5.4).
É
claro que este processo não é fácil. Muitos não suportam tamanha oposição e
acabam se separando (como se dá entre muitos casais - 1Co
7.15,16). No entanto,
no que você deixa o Eterno te usar, Ele se encarrega de trabalhar o coração do
outro indivíduo, de modo que este vai se sujeitando a Jesus, Sua Palavra e a
ti.
É
exatamente assim que o discipulado é trabalhado. O mestre é aquele que dá de si
mesmo ao discípulo, vindo a constituir na vida dele um ensinamento, de modo que
o mesmo venha a ser introduzido (imergido, batizado) no evangelho de Cristo.
Assim, ao invés de podar o irmão que
deseja ser autoridade, os demais devem se unir a ele a fim de que perceba que,
junto com autoridade e poder, vem grandes responsabilidades e desafios.
Repare
que não se trata somente de transmissão de conhecimento, mas de vir a constituir
um órgão vivo na vida do outro indivíduo.
Urge
salientar que o papel de quem crê não é esperar que os outros venham até ele,
mas sim é que ele vá até o perdido.
Mesmo
porque o mandamento de Jesus de ir por todo mundo pregando o evangelho a toda a
criatura está intimamente ligado a isto (Mc 16.15):
·
“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade
me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt 28.18-20).
Observe
em Mt 28.19 a palavra “portanto”, indicando que o
mesmo se trata de uma conclusão do versículo anterior. Ou seja, o “ide e fazei
discípulos” é uma consequência da autoridade que Jesus recebeu no céu e na
terra.
Para
entendermos melhor a questão da autoridade, analisemos passagem dos perdidos (Lc 15):
·
A
ovelha não teve que achar o caminho de volta. O bom pastor foi buscá-la. Mesmo
porque ela não sabia o caminho de volta;
·
A
dracma que se perdeu foi procurada pela mulher. Ela não tinha como, de si
mesma, voltar a estar onde era de conhecimento da mulher;
·
O
filho mais velho, embora soubesse o caminho para dentro de casa, preferiu ficar
de fora. O pai teve que sair de casa e IR ao encontro dele (Lc 15.29).
Dos dois, este filho era o mais perdido. Afinal, mesmo com toda a herança
pertencendo a ele (a parte do mais novo já havia sido
dada – Lc 15.12,31), ainda assim ele estava trabalhando em troca de um reles
cabrito.
E
quanto ao filho mais novo? Embora soubesse o caminho de volta para casa, ele
não sabia o caminho de volta para a presença do pai. Aliás, este não era o
desejo dele. Ele não voltou por causa do pai, mas sim por causa do seu ventre (Lc 15.17).
Ele
não estava preocupado com a vontade do pai. A prova disto é que ele pede ao pai
para ser como um dos seus trabalhadores. Isto pode até soar como ar de
humildade, mas não é! Se o pai estivesse tão interessado assim em adquirir mais
trabalhadores para sua fazenda, ele poderia muito bem contratar mais. Bastava
dinheiro para isto. Aliás, a impressão que se dá é que o pai tinha vários
trabalhadores. Um a mais ou a menos não ia fazer diferença.
Filho,
no entanto, só é mencionado dois. Isto porque é muito mais difícil gerar filho
do que contratar trabalhadores. Filho só é possível ser gerado em um ambiente
de amor, carinho, afeto (pelo menos é assim que tem que ser).
O
que este pai queria era alguém que fosse sua imagem e semelhança. Ou seja, se o
filho realmente estivesse interessado em agradar o pai, ele pediria perdão e se
disporia a buscar no pai todos os recursos necessários para ser aquilo que era
do agrado dele.
O
pai não precisava de mais alguém para fazer o serviço dele, mas sim alguém a
quem ele pudesse amar, ou seja, em quem ele pudesse habitar e viver mesmo
depois de morto.
Para
você entender a diferença, o servo trabalha em algo que não é dele. Sua alegria
está no salário. A alegria do filho, por outro lado, está no trabalho em si.
Sua recompensa está em ser útil nas mãos do pai para comunicar algo aos
indivíduos, principalmente quando o que se tem a comunicar pode transformar a
vida deles.
Para
exemplificar isto, imagine que um piano tivesse alma. Qual seria a felicidade
dele?
Depende
da vocação dele, do motivo pelo qual ele foi criado. Se o piano foi criado para
ser usado por estudantes, sua felicidade seria poder servir como instrumento
para a construção de excelentes músicos que pudessem se comunicar com o mundo
através da música.
Por
outro lado, se o piano foi criado para ser usado por pianistas profissionais,
sua felicidade seria a de ser usado pelo artista para comunicar sua alma
através da música, principalmente quando a mensagem proclamada pelo artista é
de fundamental importância.
Assim,
se o objetivo do pai fosse ter servos, bastava o indivíduo cumprir sua tarefa
com honestidade, competência e dedicação para ser agradável. Neste caso, o
salário serviria para ele ter todas as condições necessárias para continuar
servindo na boa obra (2Co 9.8-11).
No
entanto, o objetivo do pai é bem mais sublime. Não é só fazer coisas, mas sim
comunicar sua alma e a Palavra do Eterno às gerações por meio do trabalho, algo
que não é possível ser feito através de servos.
Veja
1Ts 4.9-12:
·
“Quanto, porém, ao amor fraternal, não necessitais de que
vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus que vos ameis uns
aos outros; porque também já assim o fazeis para com todos os irmãos que estão
por toda a Macedônia. Exortamo-vos, porém, a que
ainda nisto aumenteis cada vez mais. E procureis viver quietos, e tratar dos
vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado; para que andeis honestamente para com
os que estão de fora, e não necessiteis de coisa alguma.” (1Ts 4.9-12).
Repare
como o ato de trabalhar no próprio negócio está associado com o amor fraternal.
O problema é que, enquanto o indivíduo não tem o trabalho como o instrumento da
sua alegria (algo que está intimamente ligado
consigo), ele jamais
conseguirá amar os indivíduos através dele, pois seu coração está no salário e
não na possibilidade de ser bênção (como o Eterno ordenou a Abraão – Gn 12.2).
Como
você pode ver, a referência que o filho pródigo tinha do pai era distorcida. Tanto
que ele jamais imaginava que poderia ser considerado novamente como filho (nem
estava empenhado nisto).
Mais ainda: fez questão de elaborar um discurso para tentar convencer o pai a
aceitá-lo.
Não
é em vão que, embora o filho mais novo tenha voltado, o pai sentiu a
necessidade de sair-lhe ao encontro enquanto ele ainda estava ao longe (Lc 15.20).
Não pense que foi por mera saudade. Tal procedimento era necessário. Embora a
Escritura Sagrada não entre nos pormenores, é bem provável que o filho mais
novo não conseguisse chegar em casa e, mesmo se chegasse, não conseguiria encontrar
o coração do pai.
Esteja
certo: a virtude é ser filho (imagem e semelhança do pai). Ser servo até Ha-Satan
é. Como cada um tem acesso apenas ao próprio espírito (1Co
2.10,11), se o
próprio Jesus não for em busca das Suas ovelhas, estas virão do jeito que elas imaginam
o Pai.
Para
ser mais exato: quando Jesus manda “ide por todo o mundo” é porque, se
deixarmos o indivíduo vir por conta própria, ele virá do jeito dele (com
mente servil). Mesmo
porque, se ele soubesse a verdade, nem teria se desviado.
Ou
seja, não é para esperarmos os indivíduos irem a nós. É para nós irmos até eles
e, deste modo, sujeitarmos tudo e todos ao Eterno, deixando que Ele ensine os
indivíduos à nossa volta a manter a guarda sobre todos os ensinamentos do
Eterno. Mesmo porque, é assim que todos verão que Jesus está conosco todos os
dias (Mt 28.20).
Você
pode questionar: “mas Jesus não ordenou que fôssemos a Ele” (Mt 11.28)?
Sim, mas não por conta própria. Ele mesmo esclarece isto:
·
“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira
nenhuma o lançarei fora.” (Jo 6.37);
·
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu
o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos
ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a
mim.” (Jo 6.44,45).
Ou
seja, cada um tem que ir a Jesus conduzido por Seu Espírito agindo através da
Igreja, e não por conta própria.
Talvez
você questione: Mas afinal, o que tudo isto tem haver com autoridade? O que a
ovelha desgarrada, o filho pródigo e o filho mais velho tinham que enxergar era
a autoridade de Cristo. Pense, por exemplo, o caso de Eva: o que levou ela a
não obedecer ao Eterno? Dúvida. Mas dúvida do quê? Ela não duvidou do amor do
Eterno, nem do Seu poder. Talvez da Sua Palavra. Mas, com certeza, o que
realmente estava sendo questionada era a autoridade do Eterno, ou seja, Sua
capacidade de realmente saber o que é melhor.
Entenda:
eu posso até acreditar que alguém está sendo sincero, mas ainda assim achar que
ele está equivocado. Eu creio que foi isto que aconteceu. Ela achou que poderia
desobedecer o Eterno, sem que isto implicasse em uma mudança de realidade, como
se isto não interferisse na ordem nas coisas.
A
questão da autoridade é tão importante que, se você analisar (Mt 28.18-20), verá que a base para a evangelização é a
autoridade de Cristo. O “ide” de Jesus é uma conclusão de Ele ter recebido toda
autoridade no céu e na terra. Se Ele não tivesse recebido autoridade, a
evangelização seria algo sem sentido.
Mas,
que importância tem a autoridade, afinal?
Voltemos
à época de Eva. O que levou ela a pecar? O que estava sendo questionado ali não
era a bondade do Eterno, já que isto Eva podia ver à sua volta. Também não é a
justiça do Eterno, já que nem arbítrio havia ali. Muito menos a existência e o
poder do Eterno, já que ela tinha contato com o Eterno todo dia (Gn 3.8) e estava em contato com toda a criação do Eterno.
É
bem verdade que Ha-Satan disse:
·
“Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os
vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” (Gn
3.5).
No
entanto, o que se passou no coração de Eva é que, se o Eterno sabe o bem e o
mal, então tal conhecimento era bom. Afinal, aparentemente, o que é bom para o
Pai, é bom também para os filhos. Por isto é que ela deduziu que a árvore era
boa para se comer (Gn 3.6).
Ela
acreditou no que a serpente disse. Embora a afirmação em si era verdadeira, mas
o modo de ela interpretar esta informação foi falso. Ou seja, Eva foi se deixou
enganar pelo seu desejo, o qual levou ela a interpretar a fala da serpente de
um modo carnal (afinal, todo satanás só cogita das coisas dos homens – Mt 16.23), de acordo com aquilo que lhe convinha.
Embora
Ha-Satan quisesse levar Eva a pensar que o Eterno era
egoísta e quisesse despertar nela o desejo de ocupar o lugar do Eterno, o que
Eva queria era aquilo que era bom (boa para se comer), agradável (agradável à
vista) e perfeito (desejável para dar entendimento). Ou seja, ela estava
desejando a vontade do Eterno para sua vida (Rm 12.2).
Entretanto, ao invés de confiar na autoridade das palavras do Eterno, ela
preferiu confiar nos argumentos da serpente e naquilo que ela era capaz de
compreender.
Vem
a questão: o que leva alguém a não confiar na autoridade de outrem, ou seja, a
não querer obedecê-lo? Simples: tal indivíduo acha que o outro não é digno de
ser obedecido, seja porque sua ordem:
·
não é fruto de amor, mas apenas dos seus
desejos egoístas;
·
não é justa;
·
não é sábia, ou seja, existe uma hipótese
melhor a ser seguida;
·
não tem nada haver consigo.
Seja
qual for o caso, o verdadeiro desafio para a autoridade não é obrigar os outros
a se sujeitarem a ela, mas mostrar a todos que nele estão reunidos todos os
atributos de uma autoridade.
Com
relação ao Eterno, por exemplo, o desafio dos evangelistas é mostrar que Cristo
é um exemplo vivo de alguém que tem autoridade. Afinal, antes de Cristo, muitos
questionaram a justiça do Eterno. Por exemplo:
·
Abraão
(Gn 18.23-32);
·
Moisés
(Êx 5.22,23);
·
Asafe
(Sl 73.1-16);
·
Isaías
(Is 49.4);
·
Jeremias
(Jr 15.18);
·
Habacuque
(Hc 1.2-4, 13-17);
·
Os
Israelitas da época de Ezequiel (Ez 18.25,29);
·
Os
israelitas da época de Malaquias (Ml 3.13-15).
É
claro que alguns deles, no fundo, sabiam que esta perturbação na alma deles era
infundada e, assim, perseveraram firmes no Eterno:
·
Asafe,
por exemplo, quando entrou no santuário do Eterno, enxergou tudo com clareza (Sl 73.17);
·
Isaías
reconheceu que o direito dele e seu galardão estava perante o Eterno (Is 49.4);
·
Habacuque
continuou se alegrando e exultando no Eterno, mesmo quando tudo estava dando
errado (Hc 3.17-19).
Mas
isto não muda o fato de que sempre a justiça do Eterno e Seu amor foram
questionados. É como se alguém dissesse: “eu queria ver se fosse o Senhor no
meu lugar se o Senhor conseguiria ser fiel a tudo que Tu estabeleceste”. Pois
bem! O Eterno veio em carne e sofreu mais do que qualquer um de nós é capaz de
sofrer a fim de que, agora, todos pudessem ver que Ele não permite nada na vida
de ninguém que, antes de tudo, Ele não tenha experimentado em Si mesmo.
É
isto que faz com que Jesus tenha autoridade. E isto é tão impactante que, o que
chamou atenção dos indivíduos acerca do sermão da montanha, antes de tudo, foi
a autoridade de Jesus (Mt 7.29). Ou seja, eles viam
em Jesus a faculdade de mudar indivíduos.
No
entanto, você já reparou na ordem que o Eterno deu para o ser humano?
·
“E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e
multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do
mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.”
(Gn 1.28).
Note
que era para Adão sujeitar a terra e dominar sobre tudo o que se move sobre a
terra. E considerando que este mandamento foi dado antes do pecado entrar no
mundo, logo é vontade absoluta do Eterno para nós (Rm 12.2).
Você
pode questionar: mas o pecado não anulou isto? Sim. No entanto, no que Jesus
venceu e deu Sua vida para a Igreja, Ele recuperou para os que fazem parte dela
este domínio (ver Mt
28.18; Ef 1.21-23).
Mas
o que significa isto afinal?
Ao
homem, o Eterno concedeu domínio. Tomemos como referência o filho da mulher
virtuosa. Uma vez que quem escreveu Pv 31 foi o rei Lemuel, logo sua mãe era rainha. Você pode pensar: então
isto não tem nada haver comigo.
Ora,
como não? Não acabei de dizer que Cristo fez de nós reis e sacerdotes (Ap 1.6; 5.10),
de modo que os que Nele crerem reinarão em vida através Dele (Rm 5.17)?
Então isto significa que quem está em Cristo necessariamente vai mandar? Se for
assim quem vai fazer o trabalho pesado?
De
acordo com a Escritura Sagrada, o trabalho pesado é para o ímpio:
·
“Porque ao homem que é bom diante dele, dá Deus sabedoria e
conhecimento e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte, e
amontoe, para dá-lo ao que é bom perante Deus. Também isto é vaidade e aflição
de espírito.” (Ec 2.26).
Também
é destinado ao ímpio a faculdade de acumular riquezas, já que é algo penoso
administrar as mesmas. Ao justo cabe apenas a melhor parte: usufruir da
riqueza.
Mas
isto quer dizer que quem é de Jesus não vai fazer nada? Claro que não! Veja o
que Jesus disse:
·
“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo
que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo,
pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo
mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam,
nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós
muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados,
acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais
solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem
fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como
qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e
amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca
fé?” (Mt 6.25-30).
Consideremos
as aves. O fato de não semear, colher nem ajuntar significa que elas não fazem
nada? É claro que não. Cada uma está cumprindo o papel que o Eterno lhe
designou.
Tomemos
como exemplo a coruja. Ela fica a tarde toda parada de pé numa árvore. Diante
da filosofia do mundo ela é tida como malandra, vagabunda. No entanto, ela está
vigiando seu ninho para mantê-lo a salvo. E o grande benefício da coruja é
justamente quando ela faz aquilo que muitos consideram ociosidade: comer. Como
ela se alimenta de animais como cobra e rato, ela é altamente benéfica para o
ser humano. Ou seja, ela consegue ser bênção simplesmente pensando em alimentar
a si mesma e em conservar viva sua espécie.
Muitos
pensam que o grande problema da sociedade é os indivíduos pensarem apenas em si
mesmos. É exatamente o contrário. Se cada um pensasse em si mesmo, em buscar do
Eterno aquilo que é bom para si, todos à sua volta seriam beneficiados.
Para
exemplificar isto, imagine um homem pensando em ser feliz em Cristo através de
sua mulher. Para ele ser feliz, a felicidade precisa ter sua origem no Eterno,
tomar conta do interior da esposa para, então, alcançá-lo. Neste caso, não apenas
ele está sendo feliz, mas também a esposa e o Eterno. Afinal, uma vez que o
indivíduo permite que Jesus, por meio de Sua Palavra, torne cada um destes
indivíduos parte integrante de si mesmo, cumpre-se o que é dito a respeito do
corpo de Cristo:
·
“De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com
ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.” (1Co 12.26).
·
Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante
louvores.” (Tg 5.13).
E
isto sempre deveria se cumprir, já que ninguém foi feito para viver sozinho.
Fomos dados a alguns para servir-lhes, assim como alguns nos serão dados para
nos servir. O erro que muitos indivíduos cometem é o de não se sujeitarem
àqueles para quem eles foram feitos.
Mas
como o marido conseguirá ter a esposa vivendo dentro de si? Se humilhando (esvaziando) debaixo da potente mão do Eterno (1Pe
5.6; Fp 2.5-8). Quando o marido estiver vazio de si, então haverá lugar
nele para a verdadeira felicidade que o Eterno tem para lhe dar através da
esposa.
Mas,
como é que alguém faz para se esvaziar?
·
“Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos
carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o
mortal seja absorvido pela vida.” (2Co
5.4).
No
que o marido concorda em acolher com mansidão a Palavra de Jesus, ela será
enxertada nele, o que fará com que tudo que é mortal na vida dele seja
consumido pela vida de Cristo. Para você visualizar isto, vai este exemplo:
·
“E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do
jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal,
dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2.16,17).
No
que o marido come livremente de toda árvore do jardim, não há espaço na vida
dele para outro tipo de alimento. Logo, ele foi esvaziado de todo desejo
contrário à vontade do Eterno. Quando o indivíduo se sujeita a Jesus (Tg 4.7)
tomando o jugo dele (Mt 11.29), ao invés de se esforçar em troca de
um punhado de coisas que não satisfazem, o indivíduo será esvaziado de tudo que
é nocivo para ele (ver Is
48.17,18).
Veja
o caso de Adão:
·
“E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o
lavrar e o guardar.” (Gn 2.15).
É
bem verdade que foi dado ao homem o trabalho de lavrar. No entanto, como o
jardim já estava plantado (Gn 2.8), a única coisa que o homem tinha que
fazer era se alimentar livremente de toda árvore enquanto verificava a boa
ordem de tudo que o Eterno fez e procurando identificar adequadamente cada
animal (Gn 2.19). No que ele tivesse intimidade com
cada animal, ele estaria guardando o jardim.
Ou
seja, note que, no final, o trabalho de Adão se resumia em relacionamento com
as árvores e com os animais. Não havia trabalho duro.
Assim,
quando alguém se alimenta do que existe no interior daqueles que o Eterno
coloca na sua vida, e permite que seu interior sirva de alimento a eles, tal
indivíduo naturalmente cresce por dentro naquilo que é a vontade do Eterno para
sua vida e manifesta isto em sua carne sem fazer nenhum esforço.
De
igual modo, pense no caso das árvores (por exemplo, os
lírios do campo).
Cada uma delas fica parada a vida toda e, aparentemente, não fazem nada. Tudo
que elas fazem é se alimentarem de água e terra. No entanto, no que elas
crescem, dão sombra, alimentam seres vivos e contribuem na produção de
oxigênio. Elas não fazem nada. Elas são benção por serem aquilo que são.
Assim
é também com o justo, visto que sua raiz produz o seu fruto (Pv 12.12).
Seu valor não está exatamente naquilo que ele faz, mas naquilo que ele
naturalmente é. Assim como a coruja ajuda o ser humano simplesmente alimentando
a si mesma (aliás, toda a criação coopera com o
justo – Jó 5.23; Os 2.18; Pv 16.7), o justo, no que ele faz aquilo que é
bom para si, automaticamente ele ajuda quem está por perto.
Sei
que isto parece loucura, mas a verdade que cada um carrega consigo tanto o
querer do Eterno como as habilidades e os recursos necessários para colocá-lo
em prática (Ez 28.13; Fp 2.12,13).
Ninguém precisa comprar seu papel na sociedade para ser bem sucedido, muito
menos buscar promoções. Assim como uma planta dá naturalmente seu fruto,
ninguém precisa se esforçar para ter sucesso naquilo que realmente é. Basta se
alimentar do que o Eterno traz até si e tudo irá se encaixar naturalmente.
Sílvia
Letícia Rodrigues
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