Por que o animal a ser sacrificado
tinha que ser o melhor?
·
“Isto é o que lhes hás de fazer, para os santificar, para que me
administrem o sacerdócio: Toma um novilho e dois carneiros sem mácula,” (Êx 29.1).
·
“Assim queimarás todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto
para o SENHOR, cheiro suave; uma oferta queimada ao SENHOR.” (Êx 29.18).
Note
como a oferta deveria ser sem mácula e de cheiro suave? Isto parece um
desperdício, considerando que o animal todo seria queimado. Não seria muito
melhor alimentar indivíduos pobres com estes animais? No entanto, isto serve
para nos ensinar que o pecado não traz proveito real a quem dele faz uso.
Embora muitas das ofertas fossem comidas, nunca alguma serviu para aperfeiçoar
os ofertantes (Hb 10.1). O pecado pode, aparentemente, trazer
alívio momentâneo, mas o final é amargo. Assim, a oferta que melhor retrata
esta realidade é o holocausto.
Quanto
à questão do desperdício, veja o que disse Jesus?
·
“E, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso,
aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com ungüento de
grande valor, e derramou-lho sobre a cabeça,
quando ele estava assentado à mesa. E os seus discípulos, vendo isto,
indignaram-se, dizendo: Por que é este desperdício? Pois este ungüento podia vender-se por grande preço, e dar-se o
dinheiro aos pobres. Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Por que afligis
esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo. Porquanto sempre tendes
convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. Ora, derramando
ela este ungüento sobre o meu corpo, fê-lo
preparando-me para o meu sepultamento. Em verdade vos digo que, onde quer
que este evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela
fez, para memória sua.” (Mt 26.6-13).
·
“E, estando ele em Betânia, assentado à mesa, em casa de Simão, o
leproso, veio uma mulher, que trazia um vaso
de alabastro, com ungüento de nardo puro, de muito
preço, e quebrando o vaso, lho derramou
sobre a cabeça. E alguns houve que em si mesmos se indignaram, e disseram:
Para que se fez este desperdício de ungüento? Porque
podia vender-se por mais de trezentos dinheiros, e dá-lo aos pobres. E bramavam
contra ela. Jesus, porém, disse: Deixai-a, por que a molestais? Ela fez-me boa
obra. Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando
quiserdes; mas a mim nem sempre me tendes. Esta fez o que podia;
antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo que,
em todas as partes do mundo onde este evangelho for pregado, também o que ela
fez será contado para sua memória.” (Mc 14.3-9).
·
“Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo
puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe
os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento.
Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes,
filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?
Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era
ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava. Disse, pois, Jesus: Deixai-a;
para o dia da minha sepultura guardou isto; porque os pobres sempre os
tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes.” (Jo 12.3-8).
Se
você analisar o argumento dos discípulos (em particular,
Judas), tudo parece
coerente. No entanto, você se lembra do que aconteceu com Judas imediatamente
após este episódio? Saiu para trair Jesus (Mt 16.14; Mc 14.10). Ou seja, este argumento de sabedoria humana era algo
louco diante do Eterno (1Co 3.18-20).
Pense
de outro modo: para se vender o perfume pelo salário de trezentos dias de um
trabalhador, alguém teria que comprá-lo. Isto era incentivar outro indivíduo à
vaidade.
Era
Maria mesma quem deveria usar este perfume, e isto do modo certo.
E
não pense que este ato foi algo banal. Você se lembra de como Maria foi chamada
da primeira vez? Pecadora:
·
“E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do
fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; e,
estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com
lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua
cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento. Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado,
falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a
mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora.” (Lc 7.37-39).
·
“E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com ungüento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos,
cujo irmão Lázaro estava enfermo.” (Jo 11.2).
Após
este episódio, ela é chamada de mulher, vindo até a ser chamada pelo nome por
João. No entanto, o tipo de adoração dela trouxe escândalo. O seu modo de
adorar o Eterno incomodava o sistema religioso (pois
não lhe rendia lucro). Logo, não se trata de mero desperdício, mas sim de
investir o melhor para chocar os indivíduos à volta, levá-los a repensar seus conceitos
e valores.
E
se tem alguém que nunca tem medo de investir alto é o Eterno:
·
“E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os
lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; e eu vos digo que
nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois,
se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no
forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?” (Mt 6.28-30).
Perceba
como, embora a duração de uma flor seja tão pequena, ainda assim o Eterno faz
questão de fazê-la com tanto esmero. E tudo isto para tornar agradável o
trabalho dos insetos de polinizarem as flores. Aliás, elas fazem isto, não como
um trabalho, mas como uma diversão. Elas vão de flor em flor para se
alimentarem e, com isto, acabam fertilizando as flores e, obviamente,
contribuindo com a nossa alimentação.
Aliás,
a vontade do Eterno é sempre boa, perfeita e agradável (Rm 12.2).
Por exemplo: quando você está com fome, você tem prazer em alimentar; quando
tem sede, tem prazer ao beber água; quando está com sono, sente bem em dormir;
quando sente carência, encontra prazer relacionando com o cônjuge. Note, no
entanto que o prazer vem naturalmente, bastando apenas que cada coisa seja
feita do jeito certo e na hora certa. Por outro lado, parece uma tortura beber
água quando não se está com sede.
Mas
afinal, por que é preciso sacrificar o que é bom? Porque é justamente isto que
nos prende. É a expectativa do bem que podemos perder é que nos deixa
melindrosos na hora de criarmos relacionamentos ou nos incita a usarmos de
maldade para com o próximo.
A
bem da verdade, toda bênção nos é dada pelo Eterno para ser sacrificada. Se não
sacrificarmos a bênção no altar do Eterno, ela vai acabar nos sacrificando no
altar de Ha-Satan.
Afinal,
pense: já que não vamos levar nada deste mundo (1Tm 6.7,8), então porque afinal estamos tão
interessados em conservar tudo? Ainda mais considerando que tudo vai ser
destruído pelo fogo (2Pe 3.10-12)? Deveríamos estar usando as bênçãos
para granjear amigos (Lc 16.9). Elas deveriam servir para mostrar um
atributo do Eterno.
Houve
casos em que algo teve que ser quebrado ou destruído para mostrar algo do
Eterno:
·
“Então quebrarás a botija à vista dos homens que forem contigo.” (Jeremias 19.10).
·
“E disse Jeremias a Seraías: Quando
chegares a Babilônia, verás e lerás todas estas palavras. E dirás: SENHOR, tu
falaste contra este lugar, que o havias de desarraigar, até não ficar nele
morador algum, nem homem nem animal, e que se tornaria em perpétua desolação. E
será que, acabando tu de ler este livro, atar-lhe-ás uma pedra e lançá-lo-ás no
meio do Eufrates.” (Jr 51.61-63)
·
“Sucedeu, ao final de muitos dias, que me disse o SENHOR:
Levanta-te, vai ao Eufrates, e toma dali o cinto que te ordenei que o
escondesses ali. E fui ao Eufrates, e cavei, e tomei o cinto do lugar onde o
havia escondido; e eis que o cinto tinha apodrecido, e para nada prestava.” (Jeremias 13.6,7).
Note
como foram “desperdiçados” uma botija, um livro escrito e um cinto. No entanto,
isto é para nos ensinar que, muitas vezes, alguma coisa seja destruída para que
algo bom venha a surgir. Por exemplo:
·
O
grão primeiro tem que morrer para depois nascer (Jo 12.24; 1Co 15.36);
·
Para
se ter calor, algo tem que virar cinzas.
Isto sem contar o dilúvio, a
destruição de Sodoma e Gomorra e do templo de Jerusalém.
Em
outras palavras, não precisamos ter dó de ver algum bem material sendo
sacrificado. Eles foram criados para serem temporários (2Co
4.18), até que a mensagem
do Eterno seja confirmada e, deste modo, venha a estabelecer e fortalecer uma
amizade.
Até
a palavra que dizemos tem que ser sacrificada:
·
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que
saibais como vos convém responder a cada um.” (Cl
4.6).
Agora
você entende por que a palavra tem que ser sempre temperada com sal? Toda
oferta deveria conter sal (Lv 2.13). E a palavra que dizemos não deixa de
ser uma oferta, ou seja, algo que precisa ser “queimada”.
Como
assim? Uma coisa é completamente destruída após queimada. Ora, se a importância
da oferta tivesse nela mesma, que necessidade haveria de a mesma ser destruída (ou
pelo menos consumida)?
Se a importância estivesse na oferta, deveria se esperar que a mesma
permanecesse como um memorial. Ora, se memorial resolvesse o problema, bastava
a natureza.
O
que o Eterno deseja são memoriais vivos. A oferta em si não tem valor, mas sim
os relacionamentos que são construídos a partir dela, bem como o que podemos
conhecer de Jesus.
No
caso da Palavra do Eterno, devemos nos alimentar dela, ou seja, deixar que ela
seja queimada no processo de digestão e, deste modo, a mesma se torne parte integrante
de nós. Ou seja, ela não é para ser vista separada de nós (apenas
na nossa boca ou em nossas mãos).
E
a palavra tinha que ser agradável, ou seja, ela tinha que satisfazer a vida de
quem a ouve. Todavia, urge salientar que a agradabilidade
da palavra depende também de quem a ouve. Assim como apenas o sedento tem
prazer na água, apenas aquele que tem fome e sede em seu espírito é que
conseguirá se fartar com a palavra do Eterno. Todavia, nosso papel é ofertar
uma palavra de qualidade.
Para
que fique mais claro: uma manga é sempre doce. No entanto, alguém que não tiver
com fome não conseguirá encontrar prazer em comê-la.
Vem
a questão: que tipo de palavra poderíamos dizer que fosse capaz de agradar os
outros?
Nossa
palavra só será agradável quando a vivermos fielmente, de modo a servirmos de
tempero na vida dos indivíduos que nos cercam. Só assim nossa vida passará a
ser uma resposta a cada um que nos cerca.
Por
fim, só seremos capazes de saber como é conveniente responder a cada um quando
nossa palavra for agradável e temperada com sal. Ou seja, só enxergaremos tal
conveniência quando a Palavra do Eterno na nossa vida fizer de nós indivíduos
completamente agradáveis àqueles que estão à nossa volta e que amam a verdade,
a justiça, a honestidade.
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