domingo, 23 de abril de 2017

141 - LEVÍTICO 12 – A LEI ACERCA DA MATERINIDADE

LEVÍTICO 12 – A LEI ACERCA DA MATERINIDADE

 

Muitos indivíduos acham que o livro de Levítico é um livro chato de lei, já que é repleto de  leis cujo preceitos, na Nova Aliança, não se aplicam a quem crê em Jesus. Mas, com certeza, há algo que podemos aprender com elas, já que elas servem para ilustrar a vontade do Eterno no Testamento do Favor do Eterno:

 

·        “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” (Colossenses 2.16,17).

·        “Ora, se ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou.” (Hebreus 8.4,5).

·        “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” (Hebreus 10.1).

 

Sendo assim, vejamos o que podemos aprender com Levítico 12.

1º Ponto: Por que toda gestação e parto é pecado?

·        “Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e der à luz um menino, será imunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade, será imunda.” (Lv 12.1,2).

 

Vem a questão: como a prática de um ato tão sublime e ordenado pelo Eterno (frutificar, multiplicar e encher a terra foi Seu primeiro mandamento para o ser humano – Gênesis 1.28) pode deixar a mulher imunda?

De fato, quando o Eterno criou o ser humano, era para este dar a luz tal como se dá com os peixes: como a coisa mais natural do mundo, sem causar qualquer dor ou transtorno à mulher. Infelizmente, no que o pecado passou a fazer parte da natureza do ser humano, agora o que a partir da mulher seria gerado era um ser pecador (daí a dor na concepção – Gênesis 3.16).

 

·        “Quem do imundo tirará o puro? Ninguém.” (Jó 14.4)

 

Assim como a cobra gera cobrinhas e pé de jiló produz jiló, o pecador gera pecador:

 

·        “E o SENHOR sentiu o suave cheiro, e o SENHOR disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz.” (Gênesis 8.21).

·        “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras.” (Salmos 58.3).

 

 

Mas isto não é tudo! Não é segredo que a mãe transmite aos filhos no ventre todas as suas emoções.  Veja este exemplo:

 

·        “E entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel. E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo.” (Lucas 1.40,41).

 

Como ela é pecadora, logo seu filho estará sendo criado imerso no pecado:

 

·        “Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” (Salmo 51.5).

 

Em outras palavras, o que temos é uma pecadora gerando, em pecado, um pecador. Por isto toda relação sexual (Lv 15.16-18), bem como gestação e parto são atos pecaminosos. Fisicamente, é impossível ser mãe sem pecar e se tornar imunda.

Nem mesmo Maria, por ter gerado Jesus, escapou de tal contaminação (isto confirma que ela era tão pecadora como qualquer outra mulher). Embora o ser gerado por ela fosse puro, todavia ela mesma não era. Tanto que ela, como qualquer outra mulher, teve que oferecer holocausto e oferta pelo pecado:

 

·        “E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor ( segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo o macho primogênito será consagrado ao Senhor ); e para darem a oferta segundo o disposto na lei do SENHOR: Um par de rolas ou dois pombinhos.” (Lucas 2.22-24).

 

E para que esta realidade espiritual pudesse ser verificada por todos, o Eterno permitiu que a mulher sangrasse ao dar à luz, tal como se dá na menstruação (também conhecido como dias da separação da sua enfermidade).

Mais uma razão para ela se tornar imunda:

 

·        “Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver na sua carne, estará sete dias na sua separação, e qualquer que a tocar, será imundo até à tarde.” (Levítico 15.19).

·        “Porém quando for limpa do seu fluxo, então se contarão sete dias, e depois será limpa. E ao oitavo dia tomará duas rolas, ou dois pombinhos, e os trará ao sacerdote, à porta da tenda da congregação. Então o sacerdote oferecerá um para expiação do pecado, e o outro para holocausto; e o sacerdote fará por ela expiação do fluxo da sua imundícia perante o SENHOR.” (Levítico 15.28-30).

 

Neste período a mulher não podia ter relação sexual.

2º Ponto: por que a mulher tinha que ser privada por algum tempo das coisas sagradas após os sete dias?

·        “E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.” (Lv 12.3).

 

Considerando que em sete dias o Eterno criou o mundo, logo o oitavo dia simboliza a nova criação. De igual modo, ao ser circuncidado, o menino passava a pertencer ao Eterno. Note que a aliança do Eterno foi feita na parte íntima dele, responsável pela doação da vida.

Hoje a circuncisão é feita no coração (Romanos 2.28,29), a fim de que possamos, como Débora, acolher como filhos aqueles que o Eterno coloca na nossa vida (Juízes 5.7).

 

·        “Depois ficará ela trinta e três dias no sangue da sua purificação; nenhuma coisa santa tocará e não entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.” (Lv 12.4).

 

No Testamento da Lei, ninguém poderia comer sangue, visto que este deveria ser oferecido para propiciação pelo pecado:

 

·        “E qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma porei a minha face, e a extirparei do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.” (Levítico 17.10,11).

 

Se por um lado o sangue deixava a mulher imunda, por outro era este sangue que ela derramava que seria usado para purificá-la do pecado de ter gerado um pecador em pecado. Afinal, o que aconteceu com a mulher ao gerar um filho aponta para o sacrifício de Jesus na cruz. Assim como Jesus deu Sua vida para nos salvar do pecado, a mulher, ao derramar seu sangue, está derramando sua vida (sangue simboliza vida – Gênesis 9.4) (arriscando a morrer) a fim de que seu filho possa vir a este mundo e ter possibilidade de conhecer a Jesus e, assim, ser salvo do seu pecado e da morte eterna.

Não é vão que Paulo escreve:

 

·        “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.” (1Timóteo 2.14,15).

 

Ou seja, o sangue que a mulher derrama aponta para a purificação que o Eterno quer fazer na vida da mulher através da maternidade.

Em outras palavras, este período em que a mulher era considerada como imunda tinha por finalidade isolá-la do convívio social a fim de que ela pudesse se concentrar em orar e meditar na Escritura Sagrada e, assim, ter seu interior purificado do pecado.

E o fato de este período ser múltiplo de 40 deve-se ao fato de que o número quarenta está sempre relacionado a consagração a fim de obter algo sobrenatural do Eterno para a purificação. Veja estes exemplos:

 

·        “E, subindo Moisés ao monte, a nuvem cobriu o monte. E a glória do SENHOR repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; e ao sétimo dia chamou a Moisés do meio da nuvem. E o parecer da glória do SENHOR era como um fogo consumidor no cume do monte, aos olhos dos filhos de Israel. E Moisés entrou no meio da nuvem, depois que subiu ao monte; e Moisés esteve no monte quarenta dias e quarenta noites.” (Êxodo 24.15-18).

 

Aqui Moisés permaneceu 40 dias e noites sem comer, beber e dormir a fim de receber diretamente do próprio Eterno a lei que serviria para fazer de Israel um povo separado (puro, santo).

 

·        “Disse mais o SENHOR a Moisés: Escreve estas palavras; porque conforme ao teor destas palavras tenho feito aliança contigo e com Israel. E esteve ali com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, os dez mandamentos.” (Êxodo 34.27,28).

 

Como Moisés quebrou as tábuas da lei, novas tiveram que ser feitas. Novamente Moisés teve que permanecer 40 dias e noites sem comer, beber e dormir.

 

·        “E deitou-se, e dormiu debaixo do zimbro; e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do SENHOR tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho. Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.” (1Reis 19.5-8).

 

Elias caminhou quarenta dias e noites sem comer, beber e dormir só para ouvir a voz do Eterno, ter seu coração purificado da amargura que ele estava sentido contra o Eterno (e que acabou por deixá-lo deprimido) e receber instruções acerca do que fazer para manter seu coração limpo.

 

·        “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;” (Mateus 4.1,2).

 

Embora Jesus não tivesse pecado, ainda assim ele precisou se submeter à purificação do Eterno, a fim de confirmar, em Sua humanidade, que Ele poderia muito bem ser tentado em todas as coisas sem cair em pecado (Hebreus 4.13-15), até receber o que o Eterno tinha especialmente para Ele:

 

·        “Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam.” (Mateus 4.11).

 

Para tanto, Jesus ficou 40 dias e noites sem comer, beber e dormir.

Com tudo isto fica manifesto a necessidade de isolamento e jejum para consagração total.

No caso em particular da mulher ao gerar o filho, ela necessitava também de um período de resguardo para se recuperar fisicamente. É bom lembrar que, nos tempos da Escritura Sagrada, o trabalho da mulher era muito árduo (basta tomar como exemplo a samaritana de João 4.7). Se não houvesse esta ordem, muitos homens poderiam explorar suas esposas.

3º Ponto: os requisitos para a purificação

·        “E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado, diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote. O qual o oferecerá perante o SENHOR, e por ela fará propiciação; e será limpa do fluxo do seu sangue; esta é a lei da que der à luz menino ou menina. Mas, se em sua mão não houver recursos para um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para a propiciação do pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação, e será limpa.” (Lv 12.6-8).

 

Conforme mostrado anteriormente, por ocasião da menstruação, como nenhum filho era gerado, primeiro vinha a oferta pelo pecado, depois o holocausto. Ou seja, primeiro a mulher tinha que buscar o perdão dos seus pecados para depois poder se entregar por completo ao Eterno. Como o sangue de animais não perdoa pecados, nunca alguém se consagrava por completo ao Eterno (Hebreus 10.3).

Todavia, ao gerar um filho, primeiro a mulher tinha que se entregar por completo ao Eterno e, aí então, por meio da maternidade, a mulher seria purificada do pecado. Afinal, o amor do Eterno pelo filho vai mantê-la ocupada no bem.

É bem verdade que o pecado separa nós do Eterno (Isaías 59.1,2). Todavia, a remoção dos pecados não garante a plena comunhão com o Eterno. Ha-Satan e Adão foram criados sem pecado e, ainda assim, não eram apegados ao Eterno.

Note que este é o único lugar na Escritura Sagrada onde primeiro é citado o holocausto para depois ser citado a expiação pelo pecado. Perceba também que o holocausto, para quem é mais rico, custa mais que a oferta pelo pecado (isto porque a entrega total do indivíduo ao Eterno em sacrifício vivo, santo e agradável ao Eterno é muito mais valioso do que o simples perdão dos pecados – Romanos 12.1).

Por isto há diferença nos sacrifícios apresentados para menstruação e maternidade. Considerando que o animal está substituindo o ofertante, logo, quando mais valioso o animal e quanto maior a entrega do mesmo ao fogo, maior é a entrega do ofertante ao Eterno que ela simboliza.

Para ser mais claro: como o holocausto, para quem era rico, valia mais e era totalmente consumido pelo fogo, ele simbolizava uma entrega mais profunda do indivíduo ao Eterno, uma consagração integral.

Todavia, esta entrega só tem valor quando o indivíduo se dispõe a viver uma vida de contínua lavagem da regeneração e renovação do Espírito Santo (Tito 3.4-6).

Finalmente, quando o indivíduo era pobre, ele poderia ofertar duas rolas ou pombinhos, o que simboliza que, quanto mais nos é dado, mais nos é cobrado:

 

·        “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.” (Lc 12.47,48).

4º Ponto: por que ao gerar uma menina o período de isolamento era maior?

·        “Mas, se der à luz uma menina será imunda duas semanas, como na sua separação; depois ficará sessenta e seis dias no sangue da sua purificação.” (Lv 12.5).

 

A única explicação que me parece razoável é a força da mulher, a qual a faz mais fraca que o homem (ver 2Coríntios 12.9,10):

 

·        “Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.” (1Pedro 3.7).

 

Por ser mais fraca que o homem, ela necessita de um cuidado extra desde bebê. Vale lembrar a importância do papel da mulher no lar (Pv 14.1). Por ser o esteio da casa, pode observar que há muito, muito mais instruções na Escritura Sagrada com respeito à mulher do que ao homem.

Inclusive, há uma dito popular muito certo:

Na vida do pai, a filha é:

 

·        um tesouro a vigiar;

·        ânsia que tira sono:

o   quando jovem, para que não se passe a idade de se casar;

o   quando casada, para que não seja odiada;

o   quando virgem, para que não seja seduzida;

o   quando for dada ao marido, para que não seja infiel;

o   na casa paterna, para que não seja achada grávida;

o   na casa do marido, para que não seja estéril.

Conclusão

Enfim, muitos interpretam mal todos estes cuidados com relação à mulher. Acham que o Eterno é machista ou preconceituoso. Todavia, é justamente porque o Eterno concedeu maior honra ao vaso que é frágil (1Co 12.24-25) que Ele escreveu tantos preceitos instruindo acerca do cuidado para com as mulheres. O que muitos entendem por proibição ou castigo, na verdade, é a privação daquilo que poderia lhes afastar do Eterno e do Seu plano para elas.