DIVÓRCIO E NOVO
CASAMENTO
Introdução
Há muita controvérsia sobre este assunto. Afinal, todos que estão
envolvidos em um casamento mal sucedido querem, a todo custo, separar e fazer
uma nova tentativa. Embora todos, no fundo, saibam a verdade, querem, de uma
forma ou de outra, convencerem a si e aos outros, com base na Escritura
Sagrada, que não existe mal algum nisto.
O principal trecho usado é a fala de Jesus:
·
“Então
chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem
repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes:
Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e
disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão
dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés
dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa
da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao
princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo
por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com
a repudiada também comete adultério.” (Mateus
19.3-9).
Perceba como a ordem é clara: uma vez que marido e mulher foram unidos
pelo Eterno, vindo a formar uma só carne, jamais qualquer indivíduo (incluindo cada um dos cônjuges) tem direito de se separarem.
Afinal:
O divórcio é algo abominável
E a Escritura Sagrada é clara neste sentido:
1º -
“Ainda fazeis isto outra vez, cobrindo o altar do
SENHOR de lágrimas, com choro e com gemidos; de sorte que ele não olha mais
para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E dizeis: Por
quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com
a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança.
E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente
um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em
vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Porque
o SENHOR, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele que
encobre a violência com a sua roupa, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto
guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais.” (Ml 2.16);
Note como Eterno odeia o divórcio (repúdio).
E não é para menos! Ao instituir sua aliança com o homem, o Eterno lhe
deu uma auxiliadora idônea que lhe permitiria cumprir Sua missão. E a missão do
Eterno para o homem era constituir uma família para Ele, capaz de produzir uma
descendência de piedosos. Para tanto, homem e mulher deveriam ajudar um ao
outro a aproveitarem as dificuldades para superarem suas fraquezas.
É tão sério o casamento que, se marido e mulher não estiverem bem, até
mesmo as orações do casal se tornam sem efeito (quão dirá suas ofertas – por exemplo, seu ministério):
·
“Igualmente vós,
maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso
mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros
da graça da vida; para que não
sejam impedidas as vossas orações.” (1Pedro 3.7).
E creio que, agora, fica fácil entender:
porque o divórcio é algo tão odioso
A partir do momento que o zelo matrimonial está sendo negligenciado, o
casamento está sendo adulterado (perdendo sua finalidade). Se o casal não
lembrar de onde caíram e voltarem ao primeiro amor, o adultério resultará em
divórcio. E eis aqui o resultado disto:
2º -
“Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra,
adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também.” (Lc 16.18).
A Escritura Sagrada é clara:
3º -
“Não sabeis vós, irmãos (pois que
falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o
tempo que vive?
Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o
marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será
chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não
será adúltera, se for de outro marido.” (Rm 7.1-3);
4º -
“A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo
que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido fica livre para casar com
quem quiser, contanto que seja no Senhor” (1Co 7.39);
Como, então, explicar a permissão
para o divórcio dada por Moisés
O divórcio foi permitido na época de Moisés por causa da dureza
dos corações. Todavia, Jesus foi bem claro: este nunca foi o plano original do
Eterno.
O que acontece é que, pelo fato de haver muita maldade no coração dos
israelitas, o Eterno permitiu o divórcio para evitar um mal muito maior e
também para servir de lição para nós (Romanos 15.4) a fim de que não cobicemos coisas más (1Coríntios 10.6,11). A ideia é que todos entendessem que a falta de sucesso no casamento é
culpa do pecado que impede homem e mulher de se apegarem um ao outro na alma e
no espírito.
Infelizmente eles não entenderam a lição e, se o divórcio não fosse
regulamentado, eles acabariam usando de algum estratagema para que o cônjuge
fosse levado à morte (por
exemplo, acusando-o de adultério (análogo ao que fez Acabe com Nabote – 1Reis 21.9,10) ou, até mesmo, contratando alguém
para seduzi-lo (Números 31.16)).
Além disto, para que a mulher, por exemplo, não fosse acusada de
infidelidade conjugal, mas pudesse ser aceita por outro homem (caso seu marido, infelizmente,
resolvesse repudiá-la), foi, então, dada a seguinte lei:
·
“Quando um homem
tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus
olhos, por nela encontrar
coisa indecente, far-lhe-á uma carta de repúdio, e lha dará na sua mão, e a despedirá da sua casa. Se ela,
pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem, e este também a
desprezar, e lhe fizer carta de repúdio, e lha der na
sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si
por mulher, vier a morrer, então seu primeiro marido, que a despediu, não
poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada;
pois é abominação perante o SENHOR; assim não farás pecar a terra que o SENHOR teu Deus te dá
por herança.” (Dt 24.1-4);
Afinal, se a mulher fosse vista com outro homem, era apedrejada junto
com o amante. Assim, esta carta de divórcio era uma forma legal de anular a
outra lei (a lei do
marido).
Vem então a pergunta:
o que, de fato, está sendo ordenando em
Deuteronômio 24.1-4?
Em primeiro lugar, este trecho de forma alguma está estimulando o
divórcio, como se o mesmo fosse algo normal. Era uma permissão do Eterno para
aqueles que insistiam em ter seus problemas resolvidos pelos outros com base em
leis.
Tanto o divórcio era abominável ao Eterno que, caso o indivíduo se
recusasse a usar de misericórdia para com seu cônjuge e, assim, gerar uma
semente de piedosos, após divorciar ele estava terminantemente proibido de
voltar para o primeiro cônjuge.
Mas qual a finalidade de proibir o
primeiro marido a receber de volta sua esposa?
Considere que, quando o Eterno criou Eva, ele a fez especialmente para
Adão (ver Gn
2.22,23). Quando homem e mulher se casam, o Eterno sela a união
dos dois, fazendo deles uma só carne (Gn 2.24; 1Co 6.16).
Ou seja, o Eterno coloca a mulher certa na vida do homem. A partir do
momento que o homem rejeita a mulher que o Eterno fez especialmente para ele,
qualquer outra que ele tomar, não irá se ajustar tão bem à sua vida. Em outras
palavras, ele terá que conviver pelo resto da vida com alguém inadequada para
ele ou ficar estraçalhando sua alma separando-se e casando de novo, se
distanciando cada vez mais da salvação de Cristo, até chegar num ponto que seu
coração, de tão duro que ficou, não consegue mais achar lugar para o
arrependimento do Eterno dentro de si (Zacarias 7.11,12; Hebreus 12.16,17).
A finalidade disto era impedir que o homem se precipitasse em romper com
sua esposa e ponderasse muito antes de fazer esta besteira. Ele deveria pensar
muito antes de romper com a mulher que o Eterno colocou em sua vida a fim de
estabelecer Sua aliança com ele (ver Malaquias 2.13-16). Vale a pena arriscar sua
felicidade aqui na terra e a sua salvação eterna só para, supostamente, achar
alguém que pudesse lhe dar mais prazer?
Com certeza não! Até a terra sente quando os laços familiares não são
valorizados e se volta contra os seus moradores:
·
“Por isso a
terra está contaminada; e eu visito a sua iniqüidade,
e a terra vomita os seus moradores.” (Lv 18.25).
Leia todo o capítulo de Levítico 18 e verás que o contexto tem haver com imoralidade sexual.
Ainda falta uma dúvida:
o que vem a ser a coisa indecente que
permitia ao marido se divorciar de sua mulher?
De acordo com o dicionário, decente é algo digno, correto, apropriado. O
que, a princípio, seria algo indigno para a mulher?
·
“As vossas
mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido
falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem
em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.” (1Coríntios 14.34,35).
De acordo com a lei, toda mulher deveria se sujeitar ao marido e
permanecer honrando seu marido a fim de que ele fosse estimado diante de todos (Pv 31.23).
Para que a mulher iria conversar em público?
1 - Se o objetivo é aprender coisas, o que a mulher poderia aprender de
bom que não tivesse haver com seu marido? Lembre-se que ela foi criada para ser
auxiliadora idônea dele (Gn 2.18). Logo, ninguém mais indicado
para lhe ensinar algo do que o marido. Vale lembrar que a principal finalidade
do casamento é gerar filhos (Lc 20.34-36; Dt 25.5-9) a fim de que a obra que Jesus começou a executar na vida do marido possa
prosseguir ao longo dos séculos, confirmando toda a Escritura Sagrada.
Lembre-se que o casamento ilustra o relacionamento do Cristo com a Igreja.
Assim como o homem não pode salvar a si mesmo, nem fazer algo para o Eterno
separado de Cristo, tampouco a mulher pode salvar a si mesma ou fazer algo
separado do marido. Um cônjuge é usado pelo Eterno para santificar o outro e
aos filhos (1Co 7.12-14):
•
a mulher é salva à medida que ela se submete ao marido
e a tudo que o Eterno quer fazer na vida dele;
•
o marido é salvo ao investir sua vida trabalhando no
interior da mulher tudo que Jesus pôs em seu coração.
2 – Se é para conversar coisas sem proveito, tal comportamento é
condenado pela Escritura Sagrada (Mateus 12.36,37; Efésios 4.29).
3 – Quanto a ensinar na
oholyao (grupo de indivíduos que se reúnem para conhecer Jesus melhor na vida
uns dos outros), a única coisa que ela faria era se intrometer na
vida dos outros:
·
“Mas não admitas
as viúvas mais novas, porque, quando se tornam levianas contra Cristo, querem
casar-se; tendo já a sua condenação por haverem aniquilado a primeira fé. E,
além disto, aprendem também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas,
mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convém.” (1Timóteo
5.11-13).
4 - Mesmo que sua intenção fosse ensinar coisas úteis aos homens, só
serviria para despertar ciúme:
·
Em seu marido, já que ela estaria se envolvendo nos
negócios alheios ao invés de trabalhar em favor do plano do Eterno na vida dele.
Sem contar que isto estaria dando ocasião às pessoas para desconfiarem da
sabedoria e do amor do Eterno na vida do marido;
·
Nas esposas dos outros homens, já que ela estaria, no
fundo, sugerindo que elas não estavam cumprindo bem o papel delas.
5 – Por fim, se o objetivo da mulher é ensinar outras mulheres, esta
informação extra-conjugal só serviria para tentar
introduzir na vida delas conceitos e valores estranhos para o lar delas,
despertando nelas rebeldia contra seus maridos.
Lembre-se que foi assim que Eva caiu:
·
“Porque primeiro
foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo
enganada, caiu em transgressão.” (1Tm 2.13,14).
A única coisa que era permitida à mulher em público era orar e
profetizar (desde
que ela tivesse encoberto seu marido no coração, ou seja, em total submissão a
ele e ao plano do Eterno para ele – 1Co 11.5; 1Pe 3.1-3) e, quando na velhice, ensinar as mulheres mais jovens (Tito 2.3-5). Quando idosas, poderiam ajudar as mulheres mais novas na fé, de
modo prático (ou seja,
diretamente na vida delas), a serem boa esposas e donas
de casa (Tito
2.3-5).
Não é em vão que o mandamento de Jesus é amar o próximo do jeito que Ele
nos amou (João
13.34,35). Jamais devemos fazer algo que não tenha nada haver conosco. Por mais que ajudemos às pessoas, tudo não
passará de mero formalismo exterior.
Enfim, era indecente para a mulher ficar fofocando com a vizinha ou com
as irmãs da Igreja, quão dirá conversando com algum homem ou tentando dominar
sobre seu marido. Neste caso, era permitido ao marido se separar de sua esposa.
Você pode se perguntar: “mas, se fosse assim, o número de divórcios iria
aumentar dramaticamente. Qualquer coisa poderia ser visto como desculpa para
considerar a mulher alguém indecente.”.
E foi o que aconteceu. Veja de novo o que os fariseus perguntam a Jesus:
·
“Então chegaram
ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem
repudiar sua mulher por
qualquer motivo?” (Mateus 19.3)
É então que Jesus os faz lembrar que o plano original do casamento era
um rapaz casando com uma moça em Cristo Jesus, sem jamais se separarem (Mateus 19.4-6).
1Coríntios 7.12-17
É claro que, quando a situação fica difícil, a separação parece um doce
remédio. Isto pode ser visto entre os irmãos de Corinto:
·
“Aos mais digo
eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar
com ele, não a abandone; e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente
em viver com ela, não deixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado
no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido
crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são
santos. Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos,
não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à
paz. Pois, como sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, como sabes, ó
marido, se salvarás tua mulher? Ande cada um segundo o Senhor lhe tem
distribuído, cada um conforme Deus o tem chamado. É assim que ordeno em todas
as igrejas.” (1Co 7.12-17 – ARA2).
Contudo, a ordem do Eterno é clara: cada um ande conforme o Eterno o
chamou, de acordo com o que Ele distribuiu.
Por exemplo: se o cônjuge descrente consente em habitar com o crente,
este não deve abandoná-lo.
Você pode questionar: “mas, e se o cônjuge não quiser servir Jesus?”
Neste caso, o próprio Eterno se encarregará de levá-lo para longe. A
partir daí o fiel estará livre para se dedicar exclusivamente ao corpo de
Cristo. Como o cônjuge descrente não quer conviver mais com o cônjuge que se
converteu a Cristo, este agora está livre. Não há necessidade de querer forçar
o cônjuge incrédulo a ficar junto consigo. O cônjuge crente está sendo chamado para
a paz, ou seja, para seguir Jesus com todos aqueles que (Hb 12.14), com um coração puro, invocam ao Eterno (2Tm 2.22) e, é claro, para anunciar esta paz com o Eterno por
meio de Cristo aonde for (2Coríntios
5.18-20).
Entenda: nunca foi plano do Eterno que o casamento fosse um regime de
prisão perpétua sem direito a condicional. Embora a verdadeira paz implique em
submeter o ego caído à espada do Eterno (Mt 10.34; Ef 6.17; Hb 4.12), isto em momento algum implica
em transformar o lar em uma rotina de direitos e deveres.
Pense: “por que é preciso uma lei para manter duas pessoas unidas?”. No
casamento, espera-se que seja o amor o elo de ligação. Mas, qual a diferença?
Quando a motivação da união é a lei, o objetivo é fazer ou obter coisas;
quando a motivação é o amor, o que ambas estão buscando é alguém que faça
nascer do interior deles aquilo que Jesus é neles.
Não se trata de prazeres carnais, mas sim em uma união que venha a
confirmar os conceitos e valores da Escritura Sagrada no coração de ambos, de
modo que, juntos, eles sejam uma expressão viva de quem o Eterno é, vindo a
conquistar a liberdade na alma.
Infelizmente, por desconhecerem o real sentido do casamento, muitos acabam
se prendendo a um sentimento mesquinho de possessão do cônjuge. A única lei que
deve valer no casamento é a lei da liberdade (Tg 1.25; 2.12), ou seja,
permanência contínua na presença do Espírito Santo.
Mesmo porque o casamento tem em vista dar aos cônjuges uma direção no
servir. Ao invés de ficarem servindo a coisas inúteis ou a pessoas que em nada
contribuem espiritualmente, o Eterno traz ao marido alguém em quem ele possa
investir sua vida sem correr o risco de perder tudo.
Entretanto, uma vez que o cônjuge
incrédulo se recusa a servir ao Criador, Ele liberta o cônjuge fiel deste
casamento servil (evitando
que o indivíduo fique dividido servindo ao Eterno e ao mundo – 1Co 7.32-35), de modo que ele possa se dedicar à paz (ou seja, a harmonizar os indivíduos uns com os outros e consigo com
base na Palavra).
Em outras palavras, o fato de o Eterno chamar o cônjuge abandonado à
paz, não significa deixá-lo livre para ir após qualquer pessoa. Antes, o Eterno
o livra a fim de que ele consiga se apegar à Sua Palavra e àqueles que
realmente a amam (ou seja,
para que possa servir ao Senhor sem distração alguma, se preocupando apenas com
isto).
Mas afinal:
por que é tão importante para o Reino
do Eterno que o cônjuge abandonado permaneça sem casar?
Considere que todos devem mostrar àqueles que Eterno colocam em sua vida
quem é Jesus e como é Seu relacionamento com a Igreja:
Vem a questão: “como o Eterno lida Sua Igreja, a qual é constituído de pecadores?”.
Pense na ordem que Jesus deu a Pedro:
·
“Então Pedro,
aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra
mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete;
mas, até setenta vezes sete.” (Mt 18.21,22);
·
“Olhai por vós
mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender,
perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier
ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe.” (Lc 17.3,4).
E também no que o Criador disse a Oséias:
·
“E o SENHOR me
disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo, contudo adúltera,
como o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses, e
amem os bolos de uvas.” (Os 3.1).
Note como Oséias é levado a receber sua mulher de volta, mesmo após ter
adulterado, como uma ilustração de que o Eterno queria receber Israel novamente
para Si:
·
“Se voltares, ó
Israel, diz o SENHOR, volta para mim; e se tirares as tuas abominações de
diante de mim, não andarás mais vagueando,” (Jeremias 4.1).
Ajuntando estes três trechos, conclui-se que o Eterno está sempre pronto
a receber o pecador de volta caso se arrependa.
Mas, e como fica o versículo abaixo?
·
“Eles dizem: Se
um homem despedir sua mulher, e ela o deixar, e se ajuntar a outro homem,
porventura tornará ele outra vez para ela? Não se poluirá de todo aquela terra?
Ora, tu te prostituíste com muitos amantes; mas ainda assim, torna para mim,
diz o SENHOR.” (Jeremias 3.1).
Pela lei, realmente o marido receber de volta sua esposa, contamina a
terra.
Todavia, se o cônjuge fiel, tal como Eterno, permanecer em pureza e
santidade e repleto da Sua graça, ele poderá receber seu cônjuge de volta e
manifestar exatamente o modo de O Eterno se relacionar com Sua Noiva:
·
“Vós, mulheres,
sujeitai-vos a vossos maridos, como ao SENHOR; porque o marido é a cabeça da
mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador
do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também
as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas
mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a
lavagem da água, pela palavra, para
a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível.” (Ef 5.22-27).
Repare como não é a Noiva que se lava e se prepara para encontrar-se com
o Noivo. Quando Jesus assumiu Seu compromisso com a Noiva, Ele a encontrou tal
como descrito em Ezequiel 16:
·
Filho do homem,
faze conhecer a Jerusalém as suas abominações. E dize: Assim diz o Senhor DEUS
a Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus.
Teu pai era amorreu, e tua mãe hetéia. E, quanto
ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem
foste lavada com água para te limpar; nem tampouco foste esfregada com sal, nem
envolta em faixas. Não se apiedou de ti olho algum, para te fazer alguma coisa
disto, compadecendo-se de ti; antes foste lançada em pleno campo, pelo nojo
da tua pessoa, no dia em que nasceste. E, passando eu junto de ti, vi-te a
revolver-te no teu sangue, e disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive;
sim, disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive. Eu te fiz multiplicar
como o renovo do campo, e cresceste, e te engrandeceste, e chegaste à grande
formosura; avultaram os seios, e cresceu o teu cabelo; mas estavas nua e
descoberta. E, passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo
de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te
juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor DEUS, e tu ficaste sendo
minha. Então te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com
óleo. E te vesti com roupas bordadas, e te calcei com pele de texugo, e te
cingi com linho fino, e te cobri de seda. E te enfeitei com adornos, e te pus
braceletes nas mãos e um colar ao redor do teu pescoço. E te pus um pendente na
testa, e brincos nas orelhas, e uma coroa de glória na cabeça. E assim foste
ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, e de seda e de
bordados; nutriste-te de flor de farinha, e mel e azeite; e foste formosa em
extremo, e foste próspera, até chegares a realeza. E correu de ti a tua fama entre os gentios,
por causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da minha glória que eu
pusera em ti, diz o Senhor DEUS.”
(Ezequiel 16.2-14).
Tendo em vista isto, caso o
indivíduo seja traído pelo cônjuge ou por ele abandonado, ainda assim deve
permanecer casto, esperando pelo dia em que poderá perdoar o cônjuge e
recebê-lo de volta:
·
“Todavia, aos
casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se,
porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e
que o marido não deixe a mulher.” (1Co 7.10,11).
É bom lembrar que:
o Eterno estabeleceu o casamento
porque esperava uma descendência de piedosos.
·
“Ainda fazeis
isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choros e de gemidos; de sorte
que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E
dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua
mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher
do teu concerto. E não fez ele somente um, sobejando-lhe espírito? E por que
somente um? Ele buscava uma
semente de piedosos; portanto,
guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja desleal para com a mulher da sua
mocidade. Porque o SENHOR, Deus de Israel, diz que aborrece o repúdio e aquele
que encobre a violência com a sua veste, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto,
guardai-vos em vosso espírito e não sejais desleais.” (Ml 2.13-16).
Piedade é sinônimo de misericórdia, ou seja, de dar ao indivíduo aquilo
que ele não merece. Afinal, Jesus não veio chamar os justos, mas os pecadores
ao arrependimento (Mt 9.12,13) e maior alegria há no céu por
um pecador que se arrepende do que por 99 justos que não necessitam de
arrependimento (Lucas
15.7).
É oportuno lembrarmos que Jesus não está nos resgatando das mãos do
diabo, como muitos pensam. Antes, está nos resgatando da nossa vã maneira de
viver (1Pe
1.18). Assim como tem muitas pessoas que compram órgãos de
outras, Jesus resolveu comprar toda a nossa vida a fim de que, ao invés de
vivermos para nós mesmos (Rm 6.22), Ele pudesse viver através de
nós (2Co 4.10,11; 1Jo 4.9).
Muitos, quando é mencionado Oséias, acham que foi mui terrível o que
Eterno ordenou a ele. Na verdade, pode ter certeza que ele foi um dos homens
mais felizes que já passaram por este mundo.
Pode parecer esquisito, mas o amor, quando vem a nós sem sacrifício, é
falso e instável. No caso de Oséias, no que ele se dispôs a comprar Gômer de volta, ela
passou a pertencia a ele duas vezes: não só por ser o marido legítimo,
mas por tê-la resgatado. Antes, ela poderia achar que, por ter aceitado ele,
ela tinha direito. Agora, ela percebe que ela não prestava, que não havia nada
de bom nela e que, portanto, ela não tinha direito algum.
Ao ver o amor de Oséias por ela, apesar de tudo que tinha feito, ela não
tinha motivos para não confiar nele. Ainda mais considerando que, como servo do
Eterno, Oséias queria colocar sua vida em Gômer. No
que se refere a Cristo é ainda mais sublime, já que o preço não foi pago em
dinheiro, mas com Sua vida.
Em outras palavras, o verdadeiro casamento só tem sentido quando:
•
a mulher percebe sua indignidade diante do Eterno e,
com isto, decide receber o marido dentro de si (até a relação sexual aponta para isto), a saber,
sua vida;
•
o homem percebe sua indignidade diante do Eterno, bem
como sua indignidade diante da mulher e, por isto, aceita receber o Espírito
Santo dentro de si (1Co
6.17) e, ao invés de achar que, agora, possui tudo e pode
fazer tudo sozinho, ele entrega a vida de Cristo dentro dele para uma única
pessoa, confiando que o Eterno iria multiplicar esta semente no ventre dela e
fazê-la frutificar.
Mas afinal, o que Jesus quis dizer ao
afirmar Mateus 19.9?
·
“Eu vos digo,
porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar
com a repudiada também comete adultério.” (Mateus 19.9).
Para quem lê a Escritura Sagrada de modo superficial, ao ler a parte que
eu sublinhei, é induzido a pensar que, em caso de adultério, é permitido casar
novamente.
Para início de conversa, o trecho se refere não somente ao adultério,
mas a qualquer tipo de relação sexual ilícita (bestialismo, homossexualismo, pedofilia,
necrofilia, sexo com algum parente (por exemplo, incesto)). Todos que praticavam tal coisa deveriam ser extirpados do povo de
Israel (Lv 18.6-30).
Como esta lista inclui o adultério (Lv 18.20) e a pena do
adultério era a morte (Lv 20.10-16), logo o modo de
ser extirpado do povo é matando tal pessoa. É bom lembrar que o Novo Testamento
só entrou em vigor após a morte de Cristo (Ef 2.14-16; Cl 2.14,15; Hb
9.16,17). Ou seja, quando Jesus disse isto, todas as leis da
Antiga Aliança estavam valendo.
Foi por isto que Jesus disse a única hipótese admissível para o repúdio (divórcio) era a
prática de relações sexuais ilícitas por um dos cônjuges. Uma vez que, neste
caso, o cônjuge seria morto, o indivíduo seria viúvo e, deste modo, poderia
casar de novo.
Por fim:
como fica a situação daqueles que
casaram de novo antes de conhecer Jesus?
Para responder a isto, analisemos esta situação:
·
“Agora,
pois, vedes aí o rei que elegestes e que pedistes; e eis que o SENHOR tem posto
sobre vós um rei. Se temerdes ao SENHOR, e o servirdes, e derdes ouvidos à sua
voz, e não fordes rebeldes ao mandado do SENHOR, assim vós, como o rei que
reina sobre vós, seguireis o SENHOR vosso Deus. Mas se não derdes ouvidos à voz
do SENHOR, e antes fordes rebeldes ao mandado do SENHOR, a mão do SENHOR será
contra vós, como o era contra vossos pais. Ponde-vos também agora aqui, e vede
esta grande coisa que o SENHOR vai fazer diante dos vossos olhos. Não é hoje a
sega do trigo? Clamarei,
pois, ao SENHOR, e dará trovões e chuva; e sabereis e vereis que é grande a
vossa maldade, que tendes feito perante o SENHOR, pedindo para vós um rei. Então invocou Samuel ao SENHOR, e o
SENHOR deu trovões e chuva naquele dia; por isso todo o povo temeu sobremaneira
ao SENHOR e a Samuel. E todo o povo disse a Samuel: Roga pelos teus servos ao
SENHOR teu Deus, para que não venhamos a morrer; porque a todos os nossos
pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei. Então disse
Samuel ao povo: Não
temais; vós tendes cometido todo este mal; porém não vos desvieis de seguir ao
SENHOR, mas servi ao SENHOR com todo o vosso coração. E não vos desvieis; pois seguiríeis as
vaidades, que nada aproveitam, e tampouco vos livrarão, porque vaidades são.
Pois o SENHOR, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo; porque
aprouve ao SENHOR fazer-vos o seu povo.” (1Samuel 12.13-22).
·
“Ora,
os amalequitas e os cananeus habitam no vale;
tornai-vos amanhã e caminhai para o deserto pelo caminho do Mar Vermelho. E
falou Moisés estas palavras a todos os filhos de Israel; então o povo se
contristou muito. E levantaram-se pela manhã de madrugada, e subiram ao cume do
monte, dizendo: Eis-nos aqui, e subiremos ao lugar que o SENHOR tem falado;
porquanto havemos pecado. Mas Moisés disse: Por que transgredis o mandado do
SENHOR? Pois isso não prosperará. Então desceram os amalequitas
e os cananeus, que habitavam na montanha, e os feriram, derrotando-os até Horma.” (Números
14.25,39-41,45).
Embora Israel tivesse errado ao pedir um rei e em não querer subir para
tomar posse da terra prometida, uma vez que o Eterno tinha escolhido para eles
um rei e mudado a trajetória que eles deveriam seguir, agora eles tinham que
ser fiéis ao Eterno nesta realidade. O que havia sido previamente estabelecido
não tinha mais valor.
De igual modo, uma vez que o indivíduo rompera a aliança original que o
Eterno estabeleceu com ele (através
do divórcio), agora o que ele deve fazer é permanecer fiel ao
cônjuge com quem está pro resto da vida, embora a caminhada com este será bem
mais difícil.
Tanto é assim que Paulo ordenou:
·
“E
assim cada um ande como Deus lhe repartiu, cada um como o Senhor o chamou. É o que
ordeno em todas as igrejas. ” (1Corintios
7.17).
·
“Cada
um fique na vocação em que foi chamado. ” (1Corintios 7.20).
·
“Irmãos,
cada um fique diante de Deus no estado em que foi chamado.” (1Corintios 7.24).
Todavia, se ele se arrepender do seu pecado, se converter do seu mau
caminho e agora caminha com Cristo em fidelidade ao seu novo lar, ele
conseguirá alcançar a salvação.
Talvez você se pergunte: “mas então,
como explicar o procedimento de
Esdras?
·
“Acabadas,
pois, estas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo: O povo de Israel,
os sacerdotes e os levitas, não se têm separado dos povos destas terras,
seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus, dos
perizeus, dos jebuseus, dos
amonitas, dos moabitas, dos
egípcios, e dos amorreus. Porque tomaram das suas filhas para si e para seus
filhos, e assim se misturou a linhagem santa com os povos dessas terras; e até
os príncipes e magistrados foram os primeiros nesta transgressão.” (Esdras 9.1,2).
·
“E
enquanto Esdras orava, e fazia confissão, chorando e prostrando-se diante da
casa de Deus, ajuntou-se a ele, de Israel, uma grande congregação, de homens,
mulheres e crianças; pois o povo chorava com grande choro. Então Secanias, filho de Jeiel, um dos
filhos de Elão, tomou a palavra e disse a Esdras: Nós
temos transgredido contra o nosso Deus, e casamos com mulheres estrangeiras
dentre os povos da terra, mas, no tocante a isto, ainda há esperança para
Israel. Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus de que despediremos todas
as mulheres, e os que delas são nascidos, conforme ao conselho do meu senhor, e
dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a lei.” (Esdras 10.1-3).
·
“E
deram as suas mãos prometendo que despediriam suas mulheres; e, achando-se
culpados, ofereceram um carneiro do rebanho pelo seu delito.” (Esdras 10.19).
Israel tinha transgredido o mandamento do Eterno:
·
“Quando
o SENHOR teu Deus te houver introduzido na terra, à qual vais para a possuir, e
tiver lançado fora muitas nações de diante de ti, os heteus,
e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus, sete nações mais numerosas e mais poderosas do
que tu; e o SENHOR teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir,
totalmente as destruirás; não farás com elas aliança, nem terás piedade delas; nem
te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás
suas filhas para teus filhos; pois fariam desviar teus filhos de mim, para que
servissem a outros deuses; e a ira do SENHOR se acenderia contra vós, e
depressa vos consumiria.” (Deuteronômio
7.1-4).
Para evitar um mal maior (a apostasia), Esdras transgrediu a lei da indissolubilidade do
casamento. Isto vem a mostrar que a lei nunca é perfeita. Embora seu propósito
seja combater o mal, no final ela acaba servindo para aumentar ainda mais o
mal:
·
“Veio,
porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou,
superabundou a graça;” (Romanos
5.20).
·
“Porque
a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão.” (Romanos 4.15).
Conclusão
O casamento jamais deve ser visto como um contrato legal ou religioso feito
entre um rapaz e uma moça, muito menos como uma mera união de corpos para
satisfação de desejos. Antes, deve ser uma manifestação mútua da graça do
Eterno.
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