terça-feira, 21 de março de 2017

131 - Dízimo

DÍZIMO – AS SUAS QUATRO FASES

1a Fase: Antes do Eterno entregar a lei a Moisés.

O QUE É DÍZIMO?

A palavra dízimo, no original, significa décima parte. Todavia, a partir do momento que o Eterno ordenou, por meio de Moisés, que os israelitas trouxessem o décimo alimento que eles colhessem ou o décimo animal (gado) que passasse debaixo da vara do pastor aos levitas, este preceito ficou conhecido como dízimo.

Para você visualizar isto, veja este versículo:

 

·        “Tomará e dízimo das vossas sementes e das vossas vinhas, para dar aos seus oficiais e aos seus servos. Também os vossos servos e as vossas servas, e os vossos melhores mancebos, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho. Tomará o dízimo do vosso rebanho; e vós lhe servireis de escravos”. (1Samuel 8.15-17).

 

         Como todos sabem, Israel rejeitou o reinado direto do Eterno preferindo ser governado por um homem (exatamente como a maioria dos cristãos fazem: desprezam o Eterno (1Samuel 8.7) para seguir o pastor). Samuel, então, adverte que o rei iria explorá-los e, entre outras coisas, iria tomar para si a décima parte de que eles possuíam de melhor. Não podia ser dízimo no sentido religioso, já que só alguém da tribo de Levi podia receber dízimos.

COMO ERA O DÍZIMO ANTES DE MOISÉS?

Vejamos as passagens que mencionam a palavra dízimo antes da lei:

 

1a – Gn 14:17-20 -> Depois que Abrão voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma, no vale de Savé (que é o vale do rei). Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo; e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

 

Abrão não era obrigado a entregar o dízimo para Melquisedeque. Infelizmente a tradução em português não faz distinção. Porém, observe como tal versículo se acha na tradução em inglês:

 

·        “And blessed be God Most High, who delivered your enemies into your hand.  Then Abram gave him a tenth of everything” (Gn 14:20 - NIV).

 

No inglês, a palavra específica para dízimo é “tithe”.

Assim sendo, Abrão deu, na verdade, a décima parte dos melhores despojos. Não teria sentido dizer que Abrão deu o dízimo (no sentido religioso), pois a lei só veio a partir de Moisés. Não havia lei alguma que obrigasse Abrão a dar 10% de tudo a Melquisedeque.

Além disso, Melquisedeque não era da tribo de Levi, mesmo porque Levi ainda nem era nascido. Você verá que eram os levitas que, de acordo com a lei, tinham a obrigação de recolher os dízimos do povo (Hebreus 7.4-10).

Logo, o que Abrão deu a Melquisedeque foi, na verdade, uma doação. É bem verdade que esta foi no valor de 10% de tudo que conseguiu na batalha. Porém, ele podia ofertar o tanto que desejasse, seja mais ou menos, ou até nada. Se ele doou a Melquisedeque foi por ter visto nele a pessoa de Jesus Cristo e se alegrado de tal forma a se deixar usar pelo Eterno para profetizar o fim da aliança carnal que os israelitas viriam a pedir após mais de quatrocentos e trinta anos”.

Isto, sem contar a gratidão pelo fato de, com 75 anos de idade, ser capaz de vencer quatro reis muito poderosos com apenas 318 homens.

 

2a – Gn 28:20-22 -> Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e vestes para vestir, de modo que eu volte em paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus, então esta pedra que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.

 

Em inglês:

 

·        “and this stone that I have set up as a pillar will be God’s house, and of all that you give me I will give you a tenth” (Gn 28:22 - NIV).

 

Jacó, por sua vez, não era obrigado a fazer um voto ao Eterno. Sua bênção não estava condicionada a isto.

Se ele se dispôs a votar, foi por ainda não conhecer bem ao Eterno, não tendo confiança na Sua bondade e misericórdia. Ele se sentiu sozinho e queria, a todo custo, assegurar que o Eterno estaria com ele e não o abandonaria. Supondo não haver nada que pudesse incentivar o Eterno a abençoá-lo, Ele então fez então uma barganha (troca, comércio) com Ele.

Ou seja, o voto de Jacó não se deu em virtude do temor que ele tinha do Eterno, tampouco da disposição que havia em seu coração de agradá-lo, mas da sua ansiedade em suprir suas necessidades imediatas. Em outras palavras, a décima parte votada não passou de algo interesseiro.

Como pode ver, estas duas passagens tem algo em comum: o dízimo é dado de forma espontânea, sem uma lei forçando tal comportamento.

2ª Fase: Quando o Eterno entrega a lei a Moisés.

COMO SURGIU O DÍZIMO?

Quando o Eterno tirou Israel do Egito, Seu plano era fazer deles a Sua Igreja:

 

·        “E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.” (Êxodo 19.6).

 

Mas infelizmente o povo de Israel não estava disposto a ter compromisso com o Eterno e, por isto, achou muito pesado as Suas ordenanças:

 

·        “Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram pediram que se lhes não falasse mais; porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte será apedrejado ou passado com um dardo. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo.” (Hebreus 12.18-20).

 

Em virtude disto, o que foi que aconteceu?

 

·        “E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso retirou-se e pôs-se de longe. E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos.” (Êxodo 20.18,19).

 

Eles ficaram tão atemorizados que simplesmente disseram:

 

·        “...Eis aqui o SENHOR nosso Deus nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje vimos que Deus fala com o homem, e que este permanece vivo. Agora, pois, por que morreríamos? Pois este grande fogo nos consumiria; se ainda mais ouvíssemos a voz do SENHOR nosso Deus morreríamos. Porque, quem há de toda a carne, que ouviu a voz do Deus vivente falando do meio do fogo, como nós, e ficou vivo? Chega-te tu, e ouve tudo o que disser o SENHOR nosso Deus; e tu nos dirás tudo o que te disser o SENHOR nosso Deus, e o ouviremos, e o cumpriremos.” (Deuteronômio 5.24-27).

 

No que o povo de Israel rejeitou o projeto do Eterno de fazer deles Sua Igreja (ser um reino sacerdotal – compare com Apocalipse 1.6; 5.10), preferindo ser guiados por um simples homem que buscasse ao Eterno por eles, surgiu, então o sistema religioso judaico com seu tabernáculo, rituais e leis.

Passou a ser necessário, então, haver pessoas encarregadas de realizar continuamente os serviços sagrados. Como toda a tribo de Levi se posicionou do lado do Eterno quando Israel se apostatou adorando o bezerro de ouro, esta tribo herdou este privilégio:

 

·        “Pôs-se em pé Moisés na porta do arraial e disse: Quem é do SENHOR, venha a mim. Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi.” (Êxodo 32.26). 

 

Como a tarefa era mui grade, era necessária dedicação exclusiva. Em face disto, eles não poderiam ter parte, nem herança em Israel, pois isto roubaria o tempo que eles deveriam dedicar ao Eterno.

 

·        “No mesmo tempo o SENHOR separou a tribo de Levi, para levar a arca da aliança do SENHOR, para estar diante do SENHOR, para o servir, e para abençoar em seu nome até ao dia de hoje. Por isso Levi não tem parte nem herança com seus irmãos; o SENHOR é a sua herança, como o SENHOR teu Deus lhe tem falado.” (Deuteronômio 10.8,9).

 

Mas os levitas precisavam, de alguma forma, obter seu sustento. Surgiu, então, os dízimos. No entanto, É IMPORTANTE QUE FIQUE CLARO:

O DÍZIMO NÃO ERA DADO EM DINHEIRO, MAS EM ALIMENTO

·        Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais, quer do fruto das árvores, pertencem ao Senhor; santos são ao Senhor. Se alguém quiser remir uma parte dos seus dízimos, acrescentar-lhe-á a quinta parte. Quanto a todo dízimo do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara do pastor, esse dízimo será santo ao Senhor. Não se examinará se é bom ou mau, nem se trocará; mas se, com efeito, se trocar, tanto um como o outro será santo; não serão remidos(Levítico 27:30-33).

·        “Dentro das tuas portas não poderás comer o dízimo do teu grão, nem do teu mosto, nem do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas, nem das tuas ovelhas; nem nenhum dos teus votos, que houveres prometido, nem as tuas ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão. Mas os comerás perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher o SENHOR teu Deus, tu, e teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro das tuas portas; e perante o SENHOR teu Deus te alegrarás em tudo em que puseres a tua mão.” (Deuteronômio 12.17-18).

 

Note que o dízimo não era 10% do salário, como as denominações evangélicas pregam, mas 10% dos produtos agropecuários. Ou seja, o dízimo era alimento. Veja esta outra passagem:

 

·        “Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; e aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.” (Deuteronômio 14.22-27).

 

Perceba que, mesmo quando a cidade na qual morava o dizimista ficava longe de Jerusalém, não lhe era permitido dar o dinheiro obtido com a venda dos dízimos para os levitas. Ao chegar em Jerusalém, ele deveria trocar o dinheiro novamente por comida e bebida.

Inclusive, o ato de trocar o dinheiro por aquilo que a alma do indivíduo desejava servia para ensinar a todos que na presença do Eterno a alma se regozija e satisfaz plenamente.

Alguém poderia questionar: como deveria, então, ser o dízimo daquele que não trabalhava na terra (por exemplo os artífices)? Obviamente, não tinha que dar dízimo. Foi justamente aí que Caim caiu: tentou dar ao Eterno algo que Ele nunca pediu (veja Levítico 10.1,2).

Não devemos acrescentar nem tirar nada daquilo que o Eterno nos ordena (Deuteronômio 12.32), tampouco trocar uma coisa por outra. Para ilustrar isto, veja o que aconteceu na época de Amós:

 

·        Am 4:4-5 à “Vinde a Betel, e transgredi; a Gilgal, e multiplicai as transgressões; e cada manhã trazei os vossos sacrifícios, e de três em três dias os vossos dízimos. E oferecei sacrifício de louvores do que é levedado, e apregoai ofertas voluntárias, publicai-as; pois disso gostais, ó filhos de Israel, diz o Senhor Deus”.

 

O dízimo, que deveria ser recolhido na cidade de cada um de três em três anos, estava sendo recolhido de três em três dias. Alguém poderia até pensar que isto era algo altamente espiritual.

Em primeiro lugar, ao invés de praticarem a justiça, preferiram “compensar” seus males oferecendo sacrifícios e dízimos, visto que isto lhes era agradável, algo como um piquenique.

Além disso, era uma forma sutil de tirar maior proveito dos dízimos. Como bem sabemos, o dízimo era para ser comido pela pessoa e sua família, juntamente com os necessitados. Quando o dízimo era anual, é óbvio que sobrava bastante alimento, o qual ia para o sustento da tribo de Levi.

Porém, ao dar o dízimo a cada 3 dias, o que sobrava para os levitas era bem menos. Considere que cada pessoa com toda sua família e servos dele comeria. Em outras palavras, no dízimo anual a pessoa com sua família e servos só comia deste uma vez, enquanto que no dízimo dado a cada 3 dias, a pessoa dele comia 120 vezes (considerando o ano de 360 dias).

Como você pode ver, mesmo na época em que o dízimo era válido, ele, por si só, nada valia para o Eterno. Daí a importância de entender qual seja a vontade do Eterno (Efésios 5.17).

Só estamos autorizados a dar ao Eterno apenas aquilo que é Dele:

 

·        “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele.” (Marcos 12.17)

 

O que é de César (dinheiro) não é para ser dado ao Eterno. E o que é do Eterno?

Com certeza não são templos luxuosos. Veja:

 

·        “E sucedeu que, estando o rei Davi em sua casa, e tendo o SENHOR lhe dado descanso de todos os seus inimigos em redor, diss  e o rei ao profeta Natã: Eis que eu moro em casa de cedro, e a arca de Deus mora dentro de cortinas. E disse Natã ao rei: Vai, e faze tudo quanto está no teu coração; porque o SENHOR é contigo. Porém sucedeu naquela mesma noite, que a palavra do SENHOR veio a Natã, dizendo: vai, e dize a meu servo Davi: Assim diz o SENHOR: Edificar-me-ás tu uma casa para minha habitação? Porque em casa nenhuma habitei desde o dia em que fiz subir os filhos de Israel do Egito até ao dia de hoje; mas andei em tenda e em tabernáculo. E em todo o lugar em que andei com todos os filhos de Israel, falei porventura alguma palavra a alguma das tribos de Israel, a quem mandei apascentar o meu povo de Israel, dizendo: Por que não me edificais uma casa de cedro?(2Samuel 7.1-7).

 

Note que a ideia do templo nunca agradou ao Eterno. O que Ele sempre quis foi que temessem Ele e Sua Palavra e amassem o próximo (Jeremias 7.21-23).

 

·        “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.” (Isaías 57.15).

·        “ASSIM diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés; que casa me edificaríeis vós? E qual seria o lugar do meu descanso? Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o SENHOR; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra.” (Isaías 66.1,2)

 

Como você pode ver, o que pertence ao Eterno são os indivíduos que Ele cria, em quem Ele deseja morar (João 14.21,23).

Vem a questão: por que o dízimo não podia ser dado em dinheiro? Para responder a isto precisamos saber:

QUAL A FINALIDADE DO DÍZIMO?

1 – SUSTENTAR A TRIBO DE LEVI

O dízimo nunca foi para manter o templo. Antes de tudo, o dízimo era para sustentar a tribo de Levi.

 

·        “Eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, o serviço da tenda da revelação. Ora, nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da revelação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas farão o serviço da tenda da revelação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão. Porque os dízimos que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor em oferta alçada, eu os tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse que nenhuma herança teriam entre os filhos de Israel.” (Número 18.21-24).

·        “Disse o Senhor a Moisés: também falarás aos levitas e lhes dirás: quando receberdes os dízimos da parte dos filhos de Israel, que vos dei por vossa herança, deles apresentareis uma oferta ao Senhor: o dízimo dos dízimos. Atribuir-se-vos-á a vossa oferta como se fosse cereal da eira e plenitude do lagar. Assim, também apresentareis ao Senhor uma oferta de todos os vossos dízimos que receberdes dos filhos de Israel e deles dareis a oferta do Senhor a Arão, o sacerdote. De todas as vossas dádivas apresentareis toda oferta do Senhor: do melhor delas, a parte que lhe é sagrada. Portanto, lhes dirás: Quando oferecerdes o melhor que há nos dízimos, o restante destes, como se fosse produto da eira e produto do lagar, se contará aos levitas. Comê-lo-eis em todo lugar, vós e a vossa casa, porque é vossa recompensa pelo vosso serviço na tenda da congregação. Pelo que não levareis sobre vós o pecado, quando deles oferecerdes o melhor; e não profanareis as coisas sagradas dos filhos de Israel, para que não morrais.”. (Números 18:25-32 – ARA2).

 

Sem isto eles teriam que voltar a trabalhar, como aconteceu na época de Neemias:

 

·        “Ora, antes disto Eliasibe, sacerdote, encarregado das câmaras da casa de nosso Deus, se aparentara com Tobias, e lhe fizera uma câmara grande, onde dantes se recolhiam as ofertas de cereais, o incenso, os utensílios, os dízimos dos cereais, do mosto e do azeite, que eram dados por ordenança aos levitas, aos cantores e aos porteiros, como também as ofertas alçadas para os sacerdotes” (Neemias 13:4-5).

·        “Também entendi que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra. Então contendi com os magistrados, e disse: Por que se desamparou a casa de Deus? Porém eu os ajuntei, e os restaurei no seu posto. Então todo o Judá trouxe os dízimos do grão, do mosto e do azeite aos celeiros.” (Neemias 13.10-12).

 

Por aqui já dá para ter uma ideia de uma das razões pelas quais o dízimo era dado em alimento: para que não sucedesse que o levita fosse induzido a fazer mau uso do dinheiro, usando-o para buscar conforto e satisfação própria (por exemplo, comprando móveis, utensílios caros, bebida alcoólica, etc.).

Infelizmente, não existe ninguém fiel o suficiente para fazer bom uso do dinheiro que lhe vem à mão. Veja este exemplo:

 

·        “E disse Joás aos sacerdotes: Todo o dinheiro das coisas santas que se trouxer à casa do SENHOR, a saber, o dinheiro daquele que passa o arrolamento, o dinheiro de cada uma das pessoas, segundo a sua avaliação, e todo o dinheiro que trouxer cada um voluntariamente para a casa do SENHOR, os sacerdotes o recebam, cada um dos seus conhecidos; e eles mesmos reparem as fendas da casa, toda a fenda que se achar nela. Sucedeu, porém, que, no ano vinte e três do rei Joás, os sacerdotes ainda não tinham reparado as fendas da casa. Então o rei Joás chamou o sacerdote Joiada e os mais sacerdotes, e lhes disse: Por que não reparais as fendas da casa? Agora, pois, não tomeis mais dinheiro de vossos conhecidos, mas entregai-o para o reparo das fendas da casa.” (2Reis 12.4-7).

 

Note que nem mesmo um sacerdote bom como Joiada conseguiu se manter fiel diante do dinheiro.

Além disso, se o objetivo era nutrir os levitas, para que complicar as coisas? Para que dar aos levitas o trabalho (e tentação) de ir ao mercado comprar? Para que um agricultor ir ao mercado trocar a plantação por dinheiro para, depois, este ser novamente trocado por alimento?

Alguém poderia alegar que o levita poderia escolher o alimento que melhor lhe apraz. Porém, é bom lembrar que o dízimo era tomado de todo produto agrícola e pecuário. Logo, não havia nada diferente no mercado. Além disto, é bom lembrar que o Eterno dá a cada um aquilo que ele precisa (e não o que cada um deseja).

Sem contar que, no que os levitas comiam daquilo que cada israelita produzia, eles podiam ver e experimentar as maravilhas que o Eterno fez no meio do Seu povo, bem como verificar a situação espiritual deste (já que, quanto mais o povo se mantinha fiel ao Eterno, mais abundante e melhor era a colheita.

Não é em vão que, sempre que o Eterno requeria algo do povo de Israel, Ele não dava o dinheiro para eles irem comprar isto, por exemplo, no Egito. Ao invés disto, Ele provia diretamente o necessário.

Por exemplo, ao construir o tabernáculo, o ouro, prata, bronze, etc. vieram, por exemplo, da oferta que egípcios deram quando o povo de Israel estava saindo do Egito (Êxodo 12.35,36).

Não houve necessidade de fazer rifa, campanha ou amedrontaram o povo dizendo que o Eterno iria mandar o devorador para destruir a finanças de todos que não contribuíssem. O povo de Israel ofertou isto de bom grado (Êxodo 36.5-7).

2 – PARA QUE OS ISRAELITAS FOSSEM GRATOS PELO QUE O ETERNO TINHA FEITO POR ELES E O TEMESSEM

·        “E será que, quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der por herança, e a possuíres, e nela habitares, então tomarás das primícias de todos os frutos do solo, que recolheres da terra, que te dá o SENHOR teu Deus, e as porás num cesto, e irás ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus, para ali fazer habitar o seu nome. E irás ao sacerdote, que houver naqueles dias, e dir-lhe-ás: hoje declaro perante o SENHOR teu Deus que entrei na terra que o SENHOR jurou a nossos pais dar-nos. E o sacerdote tomará o cesto da tua mão, e o porá diante do altar do SENHOR teu Deus. Então testificarás perante o SENHOR teu Deus, e dirás: Arameu, prestes a perecer, foi meu pai, e desceu ao Egito, e ali peregrinou com pouca gente, porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa, e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram e nos afligiram, e sobre nós impuseram uma dura servidão. Então clamamos ao SENHOR Deus de nossos pais; e o SENHOR ouviu a nossa voz, e atentou para a nossa miséria, e para o nosso trabalho, e para a nossa opressão. E o SENHOR nos tirou do Egito com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres; e nos trouxe a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel. E eis que agora eu trouxe as primícias dos frutos da terra que tu, ó SENHOR, me deste. Então as porás perante o SENHOR teu Deus, e te inclinarás perante o SENHOR teu Deus, e te alegrarás por todo o bem que o SENHOR teu Deus te tem dado a ti e à tua casa, tu e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti.” (Deuteronômio 26.1-11).

 

Note como, ao ofertar as primícias, o povo de Israel deveria ter sempre em mente tudo que o Eterno tinha feito por eles, a saber, que eles foram oprimidos no Egito por quatrocentos anos (Gênesis 15.13; Atos 7.6) e que, agora, o Eterno estava lhes abençoando de modo recalcado, sacudido e transbordante (Lucas 6.38).

Você pode estar se perguntando: mas, o que isto tem a ver com o dízimo? Note como, imediatamente a seguir, é falado acerca do dízimo. Ao carregar a décima parte da colheita, cada um deveria olhar para esta provisão abundante (nove vezes isto permaneceu em suas mãos) em contraste com a escravidão de outrora e ser grato ao Eterno por tamanha dádiva.

A pessoa, ao carregar em seus braços o peso do dízimo e vê-los aos montes sendo carregado pelos animais de carga até Jerusalém, deveria pensar: “Nossa! Como Deus é bom! Antes, nossos antepassados eram escravos no Egito. Hoje somos livres para provar em abundância do bom e do melhor! Realmente Deus e fiel e cumpre tudo o que prometeu. Eu não quero abandonar esse Deus nunca mais. Pelo contrário, quero que Ele esteja cada dia mais vivo em meu coração e em Israel. Não vejo a hora de chegar em Jerusalém com toda essa dádiva preciosa para que o culto jamais deixe de ser ministrado, para que a presença de Deus possa estar conosco perpetuamente”.

Isto, sem contar o prazer de experimentar o excelente sabor do melhor da sua colheita, o sabor da liberdade e prosperidade do Eterno Deus. Nem mesmo o restante da família e escravos podiam ficar de fora. Todos tinham que ver e provar da graça do Eterno em suas vidas (já que, amanhã, isto poderia servir para salvar um filho pródigo – Lucas 15.17).

3 – PROMOVER A COMUNHÃO FAMILIAR E APROXIMAR A FAMÍLIA DOS NECESSITADOS

·        “Então haverá um lugar que escolherá o SENHOR vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que fizerdes ao SENHOR. E vos alegrareis perante o SENHOR vosso Deus, vós, e vossos filhos, e vossas filhas, e os vossos servos, e as vossas servas, e o levita que está dentro das vossas portas; pois convosco não tem parte nem herança.” (Deuteronômio 12.11,12)

·        Dentro das tuas portas não poderás comer o dízimo do teu grão, nem do teu mosto, nem do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas, nem das tuas ovelhas; nem nenhum dos teus votos, que houveres prometido, nem as tuas ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão. Mas os comerás perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher o SENHOR teu Deus, tu, e teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro das tuas portas; e perante o SENHOR teu Deus te alegrarás em tudo em que puseres a tua mão.” (Deuteronômio 12.17-18).

·        “Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; e aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo. Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; então virá o levita ( pois nem parte nem herança tem contigo ), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.” (Deuteronômio 14.22-29).

·        “Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem; e dirás perante o SENHOR teu Deus: Tirei da minha casa as coisas consagradas e as dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva, conforme a todos os teus mandamentos que me tens ordenado; não transgredi os teus mandamentos, nem deles me esqueci; delas não comi no meu luto, nem delas nada tirei quando imundo, nem delas dei para os mortos; obedeci à voz do SENHOR meu Deus; conforme a tudo o que me ordenaste, tenho feito. Olha desde a tua santa habitação, desde o céu, e abençoa o teu povo, a Israel, e a terra que nos deste, como juraste a nossos pais, terra que mana leite e mel.” (Deuteronômio 26.12-15).

 

Mas tão importante quanto isto tudo é o aspecto da comunhão por trás do dízimo.

O dízimo era um momento de comunhão intensa entre o dizimista e:

 

o   O Eterno;

o   sua família;

o   seus servos;

o   Os levitas, já que estes iam junto com aqueles nesta ocasião;

o   Os necessitados que havia em seu meio;

o   Os estrangeiros que habitavam em sua cidade.

 

Inicialmente, o dízimo deveria unir os membros da família uns aos outros (bem como aos que para eles trabalhavam). Mas, sobretudo, o dízimo deveria colocá-los em contato com os verdadeiros necessitados que havia no povo:

 

·        Órfão ® por não ter pai;

·        Viúva ® por não ter marido;

·        Estrangeiro ® por não ter o Deus verdadeiro. Os estrangeiros serviam também para eles se lembrarem do cativeiro do Egito;

·        Levita ® por ter que se dedicar exclusivamente ao único e verdadeiro Pai, Marido e Deus.

OBJETIVO DO DÍZIMO

Na época do cativeiro no Egito, muitos ficavam revoltados e indignados ao verem velhos, órfãos e viúvas sendo explorados. Agora eles tinham a chance de usar de misericórdia para com os pobres, viúvas e órfãos existente entre eles. Imagine se cada um, ao saber da difícil situação do seu próximo, se dispusesse a “adotá-lo”, ou seja, a tomar conhecimento da real situação da nação (e, particularmente, daqueles que moravam em sua vizinhança) e, assim, buscassem no Eterno o necessário para que não houvesse pobres entre eles (como se dava com a Igreja em Atos 4.34).

É bom lembrar que essa terra era conhecida como terra que mana leite e mel pela promessa de que o Eterno lhe daria farta colheita (veja Deuteronômio 15.4). A terra produziria o suficiente para cada um alimentar sua família, servos e até mesmo órfãos e viúvas necessitados que havia entre eles.

Aliás, a prosperidade era para isto (Dt 28.47):

 

·        “Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja maligno, quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o SENHOR teu Deus em toda a tua obra, e em tudo o que puseres a tua mão.” (Deuteronômio 15.10).

 

Se cada pessoa, ao dar o dízimo, tivesse contato com os seus órfãos e viúvas e se interessassem pela causa deles, não haveria necessitado no meio deles. Infelizmente eles se esqueceram disso rápido.

Os estrangeiros serviam para lembrarem do que significa estar em terra estranha e da importância de tratar com misericórdia a todos os que peregrinavam entre eles (Êxodo 22:21).

Quanto aos levitas, o dízimo servia, por um lado, para que o povo de Israel se lembrasse de que a colheita abundante deles vinha do culto ao Eterno prestado pelos levitas; por outro lado, servia para que os levitas se lembrassem que de sua provisão vinha da prosperidade do povo de Israel (dada pelo Deus que eles estavam cultuando).

Isto deveria estimular o povo a dar as provisões necessárias para os levitas permanecerem em consagração, bem como estimular os levitas a buscarem que o povo de Israel fosse livre do pecado, de modo que nada viesse a atrapalhar o Eterno de operar no meio deles.

Olha que regime mais cruel e agonizante: os levitam dependiam da fidelidade do povo de Israel para não morrerem de fome e o povo de Israel dependia da fidelidade de homens carnais (levitas) para serem abençoados pelo Eterno.

O dízimo era um método carnal de manter o sacerdote na linha, já que seu descaso ministerial resultaria na sua fome. A escassez, em outras palavras, era um sinal de que eles não estavam agradando ao Eterno.

         Percebe-se que dízimo era um sinal, não espiritual, mas físico (cujas consequências se fazem visíveis na carne).

Mais do que isto: o dízimo, bem como demais ofertas, deveriam servir para que jamais o povo de Israel pensasse em buscar ao Eterno isoladamente e separado das coisas do dia a dia.

Como você pode ver, o dízimo era muito mais do que simplesmente dar um décimo da produtividade agrícola e pecuária. Antes de tudo, o dízimo deveria lembrá-los da grandeza da bondade e misericórdia do Eterno que, apesar da rebelião de Israel no deserto durante os 40 anos de peregrinação, ainda assim Ele foi fiel em cumprir a promessa de dar-lhes uma terra que manava leite e mel.

Em outras palavras, o desejo de querer manter a tribo de Levi deveria ser pelo imenso prazer de querer toda luz e perfume sendo exalados 24 horas por dia do tabernáculo, prefigurando a prontidão e expectativa contínua por tudo aquilo que o Eterno quiser operar.

O importante não era simplesmente o lado material do dízimo. Logo, vender a colheita e confiar o dinheiro aos levitas, seria tão somente uma religião vazia e sem sentido.

Embora, em termos financeiros fosse a mesma coisa, o efeito visual e gustativo de levar o dízimo e comê-lo causava um impacto todo especial: aproximava agropecuaristas dos servos e necessitados, despertando ainda mais interesse em ter comunhão com o Altíssimo, a ponto de poderem dizer:

 

·         “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus!” (Sl 42:1).

 

Agora você consegue entender porque em Malaquias o Eterno diz que o dízimo servia para manter a casa Dele?

Para se ter uma ideia da importância disso, observe o seguinte trecho:

 

·        Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte; porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Isaías 11:9).

·        O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” (Osaías 4:6).

COMO, QUANDO E ONDE ERA DADO O DÍZIMO?

·        “Certamente darás os dízimos de todo o produto da tua semente que cada ano se recolher do campo. E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus por todos os dias. Ao fim de cada terceiro ano levarás todos os dízimos da tua colheita do mesmo ano, e os depositarás dentro das tuas portas. Então virá o levita ( pois nem parte nem herança tem contigo ), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.” (Deuteronômio 14.22,23,28,29).

·        “Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita do terceiro ano, que é o ano dos dízimos, dá-los-ás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem.” (Deuteronômio 26.12)

 

Perceba o dízimo era dado anualmente (e não mensalmente, como é dito nas instituições religiosas). No primeiro e no segundo ano, o dízimo deveria ser comido pela pessoa que o estava dando no lugar escolhido pelo Eterno para ali fazer habitar Seu nome.

No terceiro ano, o dízimo deveria ser comido dentro da cidade do dizimista.

Em ambos os casos, o dizimista deveria comer juntamente com sua família, servos, bem como o levita, o órfão, a viúva e o estrangeiro que estivessem em sua cidade. Observe que a entrega dos dízimos era um momento de alegria, regozijo e confraternização na presença do Eterno, e não algo dado por constrangimento (por medo do terrível devorador, como é pregado por aí).

Veja esses trechos de Neemias:

 

·        Também nos obrigamos a trazer de ano em ano à casa do Senhor as primícias de todos os frutos de todas as árvores; e a trazer os primogênitos dos nossos filhos, e os do nosso gado, como está escrito na lei, e os primogênitos das nossas manadas e dos nossos rebanhos à casa do nosso Deus, aos sacerdotes que ministram na casa do nosso Deus; e as primícias da nossa massa e as nossas ofertas alçadas, e o fruto de toda sorte de árvores, para as câmaras da casa de nosso Deus; e os dízimos da nossa terra aos levitas; pois eles, os levitas, recebem os dízimos em todas as cidades por onde temos lavoura. E o sacerdote, filho de Arão, deve estar com os levitas quando estes receberem os dízimos; e os levitas devem trazer o dízimo dos dízimos à casa do nosso Deus, para as câmaras, dentro da tesouraria. Pois os filhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer ofertas alçadas dos cereais, do mosto e do azeite para aquelas câmaras, em que estão os utensílios do santuário, como também os sacerdotes que ministram, e os porteiros, e os cantores; e assim não negligenciarmos a casa do nosso Deus”. (Neemias 10:35-39).

·        “Naquele dia ofereceram grandes sacrifícios, e se alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande alegria; também as mulheres e as crianças se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se fez ouvir longe. No mesmo dia foram nomeados homens sobre as câmaras do tesouro para as ofertas alçadas, as primícias e os dízimos, para nelas recolherem, dos campos, das cidades, os quinhões designados pela lei para os sacerdotes e para os levitas; pois Judá se alegrava por estarem os sacerdotes e os levitas no seu posto, observando os preceitos do seu Deus, e os da purificação, como também o fizeram os cantores e porteiros, conforme a ordem de Davi e de seu filho Salomão. Pois desde a antigüidade, já nos dias de Davi e de Asafe, havia um chefe dos cantores, e havia cânticos de louvor e de ação de graça a Deus. Pelo que todo o Israel, nos dias de Zorobabel e nos dias de Neemias, dava aos cantores e aos porteiros as suas porções destinadas aos levitas, e os levitas separavam as porções destinadas aos filhos de Arão”. (Neemias 12:43-47).

 

Note como, a partir do momento que Israel leu a lei do Eterno (Neemias 8.3-5), se arrependeu e purificou de todos os seus pecados (Neemias 9.1-3) e se dispôs a renovar a aliança com o Senhor, a alegria no coração de cada israelita voltou (eles mesmos se obrigaram a fazer o que era reto aos olhos do Eterno. Não foi preciso ninguém pressioná-los a isto).

Eles davam os dízimos porque tinham alegria em ver os sacerdotes e levitas ministrando no templo (Neemias 12:44). Afinal, todos estavam felizes por tudo que o Eterno fizera por eles (Neemais 12:43), de modo que o desejo de todo o povo de Israel era que o Eterno jamais os abandonasse.

O mesmo se deu na época de Ezequias:

 

·        “Além disso ordenou ao povo que morava em Jerusalém que desse a porção pertencente aos sacerdotes e aos levitas, para que eles se dedicassem à lei do Senhor. Logo que esta ordem se divulgou, os filhos de Israel trouxeram em abundância as primícias de trigo, mosto, azeite, mel e todo produto do campo; também trouxeram em abundância o dízimo de tudo. Os filhos de Israel e de Judá que habitavam nas cidades de Judá também trouxeram o dízimo de bois e de ovelhas, e o dízimo das coisas dedicadas que foram consagradas ao Senhor seu Deus, e depositaram-nos em montões. No terceiro mês começaram a formar os montões, e no sétimo mês acabaram. Vindo, pois, Ezequias e os príncipes, e vendo aqueles montões, bendisseram ao Senhor e ao seu povo Israel. Então perguntou Ezequias aos sacerdotes e aos levitas acerca daqueles montões. Respondeu-lhe Azarias, o sumo sacerdote, que era da casa de Zadoque, dizendo: Desde que o povo começou a trazer as ofertas para a casa do Senhor, tem havido o que comer e de que se fartar, e ainda nos tem sobejado bastante, porque o Senhor abençoou ao seu povo; e os sobejos constituem esta abastança. Então ordenou Ezequias que se preparassem câmaras na casa do Senhor; e as prepararam. Ali recolheram fielmente as ofertas, os dízimos e as coisas dedicadas; e tinha o cargo disto o levita Conanias, e depois dele Simei, seu irmão”. (2Crônicas 31:4-12).

 

Como você pode ver, a chave para o avivamento é arrependimento e conversão. Mesmo porque nenhum ato de louvor ou adoração tem sentido para o Eterno quando o povo está em pecado.

Veja:

 

·        “Ouvi a palavra do SENHOR, vós poderosos de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra. De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o SENHOR? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. (Isaías 1.10-17).

ENTENDENDO MALAQUIAS 3.8-12

Devido ao conteúdo do livro, é bem provável que Malaquias fosse contemporâneo de Neemias (comparar Malaquias 2:8 com Neemias 13:29 e Malaquias 2:10-16 com Neemias 13:23) e de Esdras (comparar Malaquias 2:11 com Esdras 9:1 e 2).

As instituições religiosas usam isto para aterrorizar os irmãos e coagi-los psicologicamente a contribuir fielmente e em abundância (pois, supostamente, sonegar dízimo é roubar o Eterno).

Vem a questão: isto tem algum fundamento?

Primeiramente precisamos ver a quem o Eterno está se dirigindo.

 

·        “O filho honrará o pai, e o servo, ao seu senhor; e, se eu sou Pai, onde está a minha honra? E, se eu sou Senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome e dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto, que dizeis: A mesa do SENHOR é desprezível. Porque, quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não faz mal! E, quando ofereceis o coxo ou o enfermo, não faz mal! Ora, apresenta-o ao teu príncipe; terá ele agrado em ti? Ou aceitará ele a tua pessoa? diz o SENHOR dos Exércitos. Agora, pois, suplicai o favor de Deus, e ele terá piedade de nós; isto veio da vossa mão; aceitará ele a vossa pessoa? diz o SENHOR dos Exércitos. Quem há também entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação. Mas, desde o nascente do sol até ao poente, será grande entre as nações o meu nome; e, em todo lugar, se oferecerá ao meu nome incenso e uma oblação pura; porque o meu nome será grande entre as nações, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do SENHOR é impura, e o seu produto, a sua comida, é desprezível. E dizeis: Eis aqui, que canseira! E o lançastes ao desprezo, diz o SENHOR dos Exércitos: vós ofereceis o roubado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta; ser-me-á aceito isto de vossa mão? diz o SENHOR. Pois maldito seja o enganador, que, tendo animal no seu rebanho, promete e oferece ao SENHOR uma coisa vil; porque eu sou grande Rei, diz o

SENHOR dos Exércitos, o meu nome será tremendo entre as nações.” (Malaquias 1.6-14).

 

Quem é que oferece oblações e sacrifícios, que acende o fogo do altar e abre e fecha as portas do templo? Não são os sacerdotes? Note como Malaquias intercede pelo povo (do qual ele também faz parte) ao dizer: “e ele terá piedade de nós”. Ou seja, todo o capítulo 1 é uma repreensão ao questionamento cínico dos sacerdotes.

Eles estavam tão apostatados da fé que já nem estavam mais mantendo o fogo do altar aceso, como mandava a lei (Levítico 6.12,13).

 

·        “E, agora, ó sacerdotes, este mandamento vos toca a vós. Se ao não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque vós não pondes isso no coração. Eis que vos corromperei a semente e espalharei esterco sobre o vosso rosto, o esterco das vossas festas; e com ele sereis tirados. Então, sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que o meu concerto seja com Levi, diz o SENHOR dos Exércitos. Meu concerto com ele foi de vida e de paz, e eu lhas dei para que me temesse, e me temeu e assombrou-se por causa do meu nome. A lei da verdade esteve na sua boca, e a iniqüidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em retidão e apartou a muitos da iniqüidade. Porque os lábios do sacerdote guardarão a ciência, e da sua boca buscarão a lei, porque ele é o anjo do SENHOR dos Exércitos. Mas vós vos desviastes do caminho, ha muitos fizestes tropeçar na lei: corrompestes o concerto de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos. Por isso, também eu vos fiz desprezíveis e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei.” (Malaquias 2.1-9).

 

Quem estava se desviando do caminho, vindo a oferecer alimento imundo no altar e a fazer com que muitos tropeçassem na lei? Quem estava sendo feito indigno diante de todo o povo em virtude de fazerem acepção de pessoas (Deuteronômio 17.9; 19.17)? Enfim, quem estava corrompendo a aliança de Levi?

Logo, este trecho também se refere aos sacerdotes.

 

·        “Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando o concerto de nossos pais? Judá foi desleal, e abominação se cometeu em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou a santidade do SENHOR, a qual ele ama, e se casou com a filha de deus estranho. O SENHOR extirpará das tendas de Jacó o homem que fizer isso, o que vela, e o que responde, me o que oferece dons ao SENHOR dos Exércitos. Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, de choros e de gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher do teu concerto. E não fez ele somente um, sobejando-lhe espírito? E por que somente um? Ele buscava uma semente de piedosos; portanto, guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja desleal para com a mulher da sua mocidade. Porque o SENHOR, Deus de Israel, diz que aborrece o repúdio e aquele que encobre a violência com a sua veste, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto, guardai-vos em vosso espírito e não sejais desleais.” (Malaquias 2.10-16).

 

É bem verdade que é dito que todo o Judá vinha se separando de suas esposas para se casar com mulheres pagãs (talvez por serem mais jovens e sedutoras – Neemias 13.23). No entanto, note como a ênfase recai sobre os sacerdotes que, em virtude disto, estavam corrompendo a aliança de Levi:

 

·         “Acabadas, pois, estas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo: o povo de Israel, os sacerdotes e os levitas, não se têm separado dos povos destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus, dos perizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios, e dos amorreus. Porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a linhagem santa com os povos dessas terras; e até os príncipes e magistrados foram os primeiros nesta transgressão.” (Esdras 9.1,2).

·        “Lembra-te deles, Deus meu, pois contaminaram o sacerdócio, como também a aliança do sacerdócio e dos levitas.” (Neemias 13.29).

 

Tanto é assim que, espiritualmente, o altar estava coberto das lágrimas, choros e gemidos das esposas traídas. Sem contar que muitos sacerdotes estavam chorando no altar porque seus colegas de ministério estavam adulterando com suas esposas.

 

·        “Enfadais ao SENHOR com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o enfadamos? Nisto, que dizeis: qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do SENHOR, e desses é que ele se agrada; ou onde está o Deus do juízo? (Malaquias 2.17).

 

Nestas horas o sacerdote traído queria ver a justiça do Eterno contra aquele que adulterou com sua esposa. Ele tinha a audácia de acusar o Eterno de ser injusto por ver tudo e não fazer nada.

Ora, mas eles mesmos tinham dado ocasião para isto! Veja a resposta do Eterno:

 

·        “Eis que eu envio o meu anjo, que preparará o caminho diante de mim; e, de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o anjo do concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros. E assentar-se-á, afinando e purificando a prata; e purificará os filhos de Levi e os afinará como ouro e como prata; então, ao SENHOR trarão ofertas em justiça. E a oferta de Judá e de Jerusalém será suave ao SENHOR, como nos dias antigos e como nos primeiros anos.” (Malaquias 3.1-4)

 

Repare a associação da palavra “templo” com “filhos de Levi”. Logo, embora todos os levitas deveriam ser purificados pelo Eterno, todavia novamente a ênfase caía sobre os sacerdotes.

Os sacerdotes, que estavam querendo ver a justiça do Eterno, não conseguiam enxergar que eles próprios eram os que mais necessitavam de purificação. O Eterno mostra, então, que, se Ele ainda não tinha executado Sua justiça é porque dificilmente seria possível achar um capaz de suportar o dia da Sua vinda.

Vem a questão: o que os sacerdotes estavam fazendo de tão grave ao ponto de o Eterno dizer isto?

 

“E chegar-me-ei a vós para juízo, e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o jornaleiro, e pervertem o direito da viúva, e do órfão, e do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos. Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai vós para mim, e eu tornarei para vós, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança. E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Malaquias 3.5-12).

 

Primeiro: feitiçaria. Estavam invocando o Eterno com vistas a convencê-Lo a manipular pessoas e circunstâncias a fim de terem seus desejos atendidos.

Segundo: adultério (como mostrado acima)

Terceiro: jurar falsamente a fim de torcer a justiça (ver Hebreus 6.16).

Quarto: defraudar o jornaleiro. Note em Malaquias 1.13 que os fazendeiros estavam oferecendo o que era roubado. Se fosse um fazendeiro roubando do outro, isto não faria tanta diferença, já que, no final, a quantidade dizimada seria a mesma.

Por outro lado, se o fazendeiro conseguisse reter parte do alimento que deveria ser dado aos empregados, bem como ao estrangeiro, órfão e viúva (Deuteronômio 24.19-21), o valor do dízimo aumentaria. Daí os sacerdotes serem coniventes com esta conduta.

Quinto: não temem ao Eterno. Basta pensar nas perguntas cínicas e agressivas dos sacerdotes, bem como do descaso deles para com os sacrifícios oferecidos no templo.

Sexto: pervertem o direito da viúva, e do órfão, e do estrangeiro.

 

Como que eles faziam este último item? Além do modo acima citado, os sacerdotes davam ganho de causa aos fazendeiros. Mas sobretudo, os três eram defraudados nos dízimos.

Como os sacerdotes faziam isto? Como já dito, os dízimos deveriam ser dados aos levitas e, inicialmente, deveriam ser compartilhados com as viúvas, órfãos e estrangeiros.

Contudo, os sacerdotes estavam querendo ficar com todos os dízimos ao invés de ficarem apenas com a décima parte dos mesmos. Mais ainda: como se isto já não fosse o suficiente, eles também queriam ficar com o melhor das ofertas.

Para atingirem este objetivo, eles estavam fazendo duas coisas:

 

1.   Estavam entrando em conluio com os fazendeiros. Em troca dos favores mostrados acima, os fazendeiros entregavam os dízimos diretamente para os sacerdotes. Era assim que os sacerdotes estavam roubando nos dízimos;

2.   Estavam trocando os animais defeituosos que havia nos dízimos pelos animais perfeitos que eram ofertados pelo povo de Israel.

 

Entenda: o dízimo dos animais era obtido da seguinte forma: fazia todos os animais passarem debaixo da vara do pastor (Levítico 27.32). Cada décimo que passava pertencia ao Eterno. Logo, havia animais defeituosos no dízimo.

Para aumentar os lucros, o que os sacerdotes faziam? Na hora de oferecer algo no altar, ao invés de ofertar o animal sem defeito, ofertava este dízimo defeituoso e ficava com o bom para eles.

Era assim que os sacerdotes estavam roubando nas ofertas.

Você pode questionar: mas a Escritura Sagrada diz que era toda a nação que estava roubando.

Eis o que estava acontecendo:

 

·        primeiro, porque, sendo o sacerdote o líder (representante) de Israel, logo todo Israel era visto aos olhos de todos como ladrão. Veja o caso de Acã: só ele cometeu o delito, mas todo o Israel foi tido por culpado (Josué 7.1). De igual modo, no que a ira do Eterno se acendeu contra Israel, o Eterno permitiu que Davi caísse em pecado (2Samuel 24.1). Afinal, quando um membro sofre, todo o corpo sofre junto (1Coríntios 12.26).

·        segundo, porque os sacerdotes induziram o povo todo a tropeçar na lei (Malaquias 2.8).

 

No final, este comportamento pervertido acabou contaminando a nação toda. Mas o culpado era principalmente os sacerdotes que já tinham corrompido a aliança de Levi e, antes de tudo, desvirtuado todo o propósito por trás dos dízimos e ofertas. Eles já não faziam mais sentido naquela geração.

Lembre-se que a finalidade do dízimo é “para que haja mantimento na casa do Eterno”. No entanto, o que os sacerdotes fizeram era transformar Israel (a casa do Eterno) num verdadeiro esconderijo de ladrões e salteadores (exatamente como se deu na época de Jeremias e de Jesus):

 

·        “Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam. Porventura furtareis, e matareis, e adulterareis, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes, e então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Fomos libertados para fazermos todas estas abominações? É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o SENHOR.” (Jeremias 7.8-11)

·        “E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; e disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda.” (João 2.14-16).

·        “E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões.” (Mateus 21.12,13).

 

Afinal, como manter a casa do Eterno (o povo que Nele crê)?

Conforme já visto, estimulando a gratidão ao Eterno, a comunhão dos familiares: entre si, com aqueles que os serviam e com os necessitados que estavam próximos a eles, incluindo os levitas.

Que fique claro: o dízimo não era só para sustentar fisicamente a tribo de Levi, de modo que eles pudessem auxiliar os sacerdotes (Números 4:15,19,20). Que utilidade tinha em manter um culto como o que estava a acontecer na época de Malaquias?

De que adiantava manter o fogo do Eterno aceso no castiçal de ouro, no altar do incenso e no altar do holocausto uma vez que não o fogo já não era mais aquele que o Eterno fez descer do céu (Levítico 9.24)? Que proveito havia em guardar um tabernáculo ou estar pronto para transportá-lo a qualquer momento, se no fundo eles estavam adorando a Moloque (ver Amós 5.26; Atos 7.43)? Que utilidade tinha em haver sacerdotes para julgarem quando eles estavam corrompendo a lei e fazendo acepção de pessoas?

Embora nenhum dos filhos de Israel pudesse cultuar o Eterno diretamente (Nm 18:22), que adiantava levar o dízimo até à casa do tesouro (local dedicado à armazenagem dos dízimos e ofertas – Neemias 10.38) para sustentar algo que prazer algum dava ao Eterno (Malaquias 1.10)?

Inclusive, é justamente porque o Eterno não estava tendo prazer no culto por eles prestado que Ele não se preocupa em dar-lhes os recursos necessários para que terra produzisse o alimento necessário para a manutenção do culto, a saber:

 

·        abrir as janelas do céu, ou seja, derramar chuva (Gênesis 7.11,12; 8.2);

·        derramar sobre eles uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança, ou seja, fazer com que não houvesse planta estéril;

·        repreender o devorador (as pragas na plantação ou a invasão de pessoas ou exércitos) para não consumir o fruto da terra.

 

Para visualizar a bênção do Eterno prometida aqui, leia o texto abaixo:

 

·        “O que ficou da lagarta, o comeu o gafanhoto, e o que ficou do gafanhoto, o comeu a locusta, e o que ficou da locusta, o comeu o pulgão. Despertai, ébrios, e chorai; gemei, todos os que bebeis vinho, por causa do mosto, porque tirado é da vossa boca. Porque uma nação subiu sobre a minha terra, poderosa e sem número; dos seus dentes são dentes de leão, e tem queixadas de um leão velho. Fez da minha vide uma assolação, e tirou a casca da minha figueira, e despiu-a toda, e a lançou por terra; os seus sarmentos se embranqueceram.” (Joel 1.4-7)

·        “Lamenta como a virgem que está cingida de pano de saco pelo marido da sua mocidade. Foi cortada a oferta de manjar e a libação da Casa do SENHOR; os sacerdotes, servos do SENHOR, estão entristecidos.” (Joel 1.8,9).

·        “O campo está assolado, e a terra, triste; porque o trigo está destruído, o mosto se secou, o óleo falta. Os lavradores se envergonham, os vinhateiros gemem sobre o trigo e sobre a cevada; porque a colheita do campo pereceu. A vide se secou, a figueira se murchou; a romeira também, e a palmeira, e a macieira; todas as árvores do campo se secaram, e a alegria se secou entre os filhos dos homens.” (Joel 1.10-12).

·        “Cingi-vos ne lamentai-vos, sacerdotes; gemei, ministros do altar; entrai e passai, vestidos de panos de sacos, durante a noite, ministros do meu Deus; porque a oferta de manjares e a libação cortadas foram da Casa de vosso Deus. Santificai pum jejum, apregoai um dia de proibição, congregai os anciãos qe todos os moradores desta terra, na Casa do SENHOR, vosso Deus, e clamai ao SENHOR. Ah! Aquele dia! Porque o dia do SENHOR está perto e virá como uma assolação do Todo-poderoso. Porventura o mantimento não está cortado de diante de nossos olhos? A alegria e o regozijo, da Casa de nosso Deus?’ (Joel 1.13-16).

·        “A semente apodreceu debaixo dos seus torrões, os celeiros foram assolados, os armazéns, derribados, porque se secou o trigo. Como geme o gado! As manadas de vacas estão confusas, porque não têm pasto; também os rebanhos de ovelhas são destruídos. A ti, ó SENHOR, clamo, porque o fogo consumiu os pastos do deserto, e a chama abrasou todas as árvores do campo. Também todos os animais do campo bramam a ti; porque os rios se secaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto.” (Joel 1.17-20).

 

Enfim, traduzindo Malaquias 3.10-12 fica assim: “tragam de volta para o lugar destinado ao armazenamento dos dízimos e ofertas tudo aquilo que os filhos de Israel levaram quando, ao fazerem a colheita ou contagem dos produtos agropecuários, separaram a cada vez que a contagem atingia dez. Tragam de volta (principalmente vocês, sacerdotes) para que o povo de Israel continue seja mantido em minha presença e, assim, não venha a ser exterminado da terra.

Depois que vocês fizerem isto, se eu não mandar chuva sobre vós, não fizer vossa colheita frutificar e multiplicar e não repreender qualquer um que pense em se alimentar indevidamente daquilo que vocês cultivaram, venham ver e saborear aquilo que Eu tenho dado especialmente para vocês terem comunhão com a família de vocês, bem como com aqueles que eu coloquei para te servir e para servir através de você.

Quando vocês entenderem que, mais importante do que a mera obediência a mandamentos carnais é a delícia da comunhão que é possível ser provada quando vocês permitem que Eu ame o próximo através de vocês, certamente todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Malaquias 3.12).

3a Fase: ENQUANTO JESUS ESTAVA VIVO EM CARNE E SANGUE

Enquanto Jesus estava vivo em carne e sangue, há três referências acerca de dízimo:

 

1a – Mateus 23:23 -> Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.

 

2a – Lucas 11:42 -> Mas ai de vós, fariseus! porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora, estas coisas importava fazer, sem deixar aquelas.

 

Alguém pode se justificar dizendo que Jesus mandou os fariseus darem o dízimo:

         Se isso for justificativa para dar o dízimo, então o sacrifício de animais deve ser feito também, já que Jesus ordenou isso ao leproso que fora curado (Mateus 8:1-4):

 

·        Ordenou-lhe, então, que a ninguém contasse isto. Mas vai, disse ele, mostra-te ao sacerdote e faze a oferta pela tua purificação, conforme Moisés determinou, para lhes servir de testemunho”. (Lucas 5.14).

 

Eu te pergunto: você deve, então, apresentar ao líder da sua instituição religiosa uma oferta pela sua purificação? É óbvio que não. Jesus já pagou o preço dos seus pecados (Isaías 53:4-5).

Não podemos alegar a validade da lei do dízimo só porque Jesus mencionou algo a este respeito. Vale lembrar que Jesus nasceu debaixo da lei, sendo obrigado a cumpri-la (conforme está escrito em Gálatas 4:4-5):

 

·        mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”.

 

Enquanto Jesus estava vivo, o sacerdócio levítico estava ainda em vigor. Somente após a sua morte é que a lei foi revogada (Efésios 2:14-16; Colossenses 2:13-14).

Daí o motivo pelo qual Jesus disse em [Mateus 5:17,18]:

 

·        “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.”

 

         Alguém pode ainda insistir: “sendo assim, então todas as leis do Antigo Testamento estão valendo”.

É bom esclarecer que apenas os preceitos (ou seja, a lei no sentido literal) foram revogados. O propósito existente em cada uma das leis ainda continua valendo e deve ser cumprido por cada um de nós, como já mostrado.

 

3a – Lucas 18:11-14 -> “Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, sê propício a mim, o pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lucas 18.9-14).

 

         Nesta passagem Jesus em momento algum estava ordenando o dízimo. Pelo contrário, estava mostrando que, mesmo quando as leis do Antigo Testamento valiam, de nada adiantava dar o dízimo ou jejuar se não houvesse humildade, amor e misericórdia no coração.

Mesmo seguindo a lei fielmente, o líder religioso não foi justificado. E não é para menos, já que ninguém pode ser salvo pelas obras da lei (Gálatas 2.16; Efésios 3.8,9).

4a Fase: APÓS A MORTE DE JESUS

HEBREUS 7

Além dos 3 versículos citados acima, só existe mais um lugar no Novo Testamento que fala a respeito de dízimos: Hebreus 7.

 

“Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da matança dos reis, e o abençoou,

2 a quem também Abraão separou o dízimo de tudo (sendo primeiramente, por interpretação do seu nome, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz;

3 sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote para sempre.

4 Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu o dízimo dentre os melhores despojos.

5 E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar os dízimos do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que estes também tenham saído dos lombos de Abraão;

6 mas aquele cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou ao que tinha as promessas.

7 Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior.

8 E aqui certamente recebem dízimos homens que morrem; ali, porém, os recebe aquele de quem se testifica que vive.

9 E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos,

10 porquanto ele estava ainda nos lombos de seu pai quando Melquisedeque saiu ao encontro deste.

11 De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois sob este o povo recebeu a lei), que necessidade havia ainda de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão?

12 Pois, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.

13 Porque aquele, de quem estas coisas se dizem, pertence a outra tribo, da qual ninguém ainda serviu ao altar,

14 visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo da qual Moisés nada falou acerca de sacerdotes.

15 E ainda muito mais manifesto é isto, se à semelhança de Melquisedeque se levanta outro sacerdote,

16 que não foi feito conforme a lei de um mandamento carnal, mas segundo o poder duma vida indissolúvel.

17 Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.

18 Pois, com efeito, o mandamento anterior é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade

19 (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus.

20 E visto como não foi sem prestar juramento (porque, na verdade, aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes,

21 mas este com juramento daquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre),

22 de tanto melhor pacto Jesus foi feito fiador.

23 E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer,

24 mas este, porque permanece para sempre, tem o seu sacerdócio perpétuo.

25 Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles.

26 Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os céus;

27 que não necessita, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez por todas, quando se ofereceu a si mesmo.

28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, para sempre aperfeiçoado.” (Hebreus 7.1-28).

 

Perceba como a finalidade deste capítulo é justamente mostrar a extrema superioridade do sacerdócio de Jesus. Tanto que, enquanto que no sacerdócio levítico o povo de Israel dava dízimos à tribo de Levi, no sacerdócio de Jesus, aquele que era bem maior do que Levi (foi pela fé de Abraão que veio a surgir Levi e sua descendência, bem como todo o Israel) deu o dízimo a Jesus manifestado na pessoa de Melquisedeque.

Abraão deu o dízimo a um não-judeu, como que reconhecendo que a verdadeira aliança do Eterno consiste em trazer Abraão e todo o Israel para o corpo de Cristo junto os gentios que O reconhecem (ver Malaquias 1.11,14).

Em outras palavras, o dízimo era algo exclusivo para os judeus que viviam no Testamento da Lei, até que eles aceitassem receber a aliança que eles rejeitaram lá em [Êxodo 20.18-20; Deuteronômio 5.23-27]. Ou seja, no que Abraão deu o dízimo a Jesus (Melquisedeque), ele já estava colocando em segundo plano a aliança levítica que viria a ser estabelecida dezenas de anos depois.

Além disso, lembre-se que Abrão não era obrigado a dar o dízimo. Ele o fez de livre e espontânea vontade.

Você pode estar se perguntando: mas, se não havia nenhuma ordem a este respeito, por que Melquisedeque aceitou a oferta de Abrão? Por que era errado desprezar a oferta de daquele cujo coração era movido pelo Eterno (Êxodo 25.2; 35.5,26,29; 36.2), não importa seu valor, conforme é mostrado em [1Samuel 2:29]:

 

·         “Por que desprezais o meu sacrifício e a minha oferta, que ordenei se fizessem na minha morada, e por que honras a teus filhos mais de que a mim, de modo a vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo Israel?”.

 

Além disto, Jesus (Melquisedeque) aceitou a oferta para confirmar de antemão a fragilidade e imperfeição da Antiga Aliança (Ezequiel 20.25). Inclusive, pode crer: é por isto que o Espírito do Eterno tocou no coração de Abrão para dar a oferta de exatamente 10%.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 

Para complementar, veja que Jesus é sacerdote segundo a ORDEM de Melquisedeque. Eu te pergunto: qual foi a ordem que Melquisedeque deu a Abrão? Nenhuma, não é mesmo?

Com base em tudo nisso, podemos concluir o seguinte:

 

1o – devemos ofertar ao Eterno, não por esperar receber Dele algo em troca, mas por gratidão e amor;

2o – ninguém tem o direito de obrigar ninguém a ofertar;

3o – a quantia a ser ofertada não importa. O que importa é aquilo que o Eterno quer oferecer através de nós com o intuito de manifestar algo de Si mesmo a todos que desejarem ver.

O PRECEITO DO DÍZIMO FOI ABOLIDO!!!

A prova de que ninguém deve dar o dízimo hoje é que, em momento algum no Novo Testamento (a saber, depois da morte de Cristo), há um mandamento expresso neste sentido.

         Além disto, Hebreus 7 é bem claro: todas as leis do Antigo Testamento foram abolidas por Jesus na cruz (Hebreus 7.11,12,18,19), o que é confirmado por Paulo:

 

·        “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.” (Efésios 2.13-16).

·        “E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.” (Colossenses 2.13,14).

·        “Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio.” (Gálatas 3.22-25).

·        “Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido;” (2Coríntios 3.14).

·        “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.” (Romanos 10.4)

 

E não podia ser diferente:

 

o   No Testamento da Lei havia um templo físico; hoje nós somos o templo do Deus vivo;

o   No Testamento da Lei havia levitas e sacerdotes para ministrarem ao Eterno; hoje todos somos sacerdotes (Apocalipse 1.6; 5.10).

 

Para que não haja dúvida: o preceito do dízimo de dar 10% do produto da terra ou do gado foi revogado:

 

·        “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” (Gálatas 5:18).

 

Ninguém precisa dar dízimo a nenhum pastor ou instituição religiosa.

Talvez você pergunte: e se eu quiser dar o dízimo?

EXISTE ALGUM MAL EM DAR O DÍZIMO?

Aproveitando-se do fato de que a maioria dos evangélicos não são como os crentes de Beréia (Atos 17.10,11), a grande maioria das instituições religiosas evangélicas deturpam a Escritura Sagrada defendendo o dízimo sob o pretexto de que o mesmo é necessário para:

 

·        Manter o templo (por exemplo, pagar aluguel, água, luz, etc);

·        Pagar pastores e obreiros pelos serviços prestados.

 

Segundo eles, é necessário:

 

·        um lugar específico só para adorar o Eterno;

·        pessoas que fiquem o tempo integral por conta das ovelhas. Afinal, caso um irmão precise de auxílio, a quem ele iria recorrer se não tivesse um pastor disponível para aconselhá-las? O que seria dos irmãos se não tivesse o pastor para cobri-las, protegê-las do Ha-Satan por meio das suas orações?”.

 

Aqui há dois erros gravíssimos!!!

Primeiro, de acordo com a Escritura Sagrada, qual é a “casa do Eterno”?

 

·        “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.” (Isaías 57.15).

·        “Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés; que casa me edificaríeis vós? E qual seria o lugar do meu descanso? Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o SENHOR; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra.” (Isaías 66.1,2).

·        Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3:16);

·        “Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6:19);

·        “E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (2Co 6:16).

·        “Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas;” (Atos 17.23-25).

 

Considerando que o Eterno não habita em templos nem é servido por seres humanos, logo não há necessidade de construir o manter templos, muito menos criar instituições religiosas. O que é preciso ser mantido são os membros do corpo (organismo vivo, e não uma organização morta) de Cristo.

Segundo, o de incentivar os irmãos a não amarem o próximo, mas deixarem esta tarefa para o líder religioso.

Terceiro, o de literalmente idolatrar o pastor (bispo, reverendo, etc.) considerando-o como um semi-deus.

Considerando que todos nós somos sacerdotes do Altíssimo (com privilégio maior que o sumo-sacerdote do Testamento da Lei, visto que o véu foi rasgado e não há mais nuvem de incenso para embaçar nossa visão – Levítico 16.12,13), levantados por Ele para reinarmos por meio do amor sobre toda a terra (Romanos 5.17; 1Pedro 2:5,9; Apocalipse 1:6; 5:10), logo não temos mais que recorrer a alguém para buscar o favor de Eterno.

 

·        “E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis.” (1João 2.27).

 

Jesus foi claro: o servo não é maior que seu senhor (João 13.13-17). Se Jesus se humilhou a ponto de se fazer o mais simples dos escravos e ainda ordenou que fizéssemos o mesmo, quem pode se achar no direito de dar ordens aos outros (veja Mateus 20.25-28)?

No Apocalipse é claro: só Jesus é digno de toda espécie de poder (Apocalipse 4.11; 5.9,12; 7.10,12; 19.1). Quem quer ser o maior no Reino do Eterno, que se disponha a servir de exemplo ao rebanho (1Pedro 5:1-3).

Não há necessidade de alguém à disposição dos fiéis para nada! Se alguém necessita de uma palavra de consolo, exortação, instrução, etc., busque-a direto do Eterno! Deixar de buscá-Lo para ir atrás de pastor é uma OFENSA a Ele. Literalmente você, como a noiva de Cristo, está trocando seu Noivo pelo amigo do Noivo? Isso é adultério espiritual! Acaso a companhia destes amigos do Noivo é melhor e mais agradável que a Dele?

Além disso, no que a instituição religiosa é levada a idolatrar o pastor:

 

·        por um lado, o pastor fica preguiçoso e não tem mais desejo de trabalhar. Quer viver às custas dos membros bisbilhotando, interferindo e até controlando a vida de cada um (2Tessalonicenses 3.7-12). Se consideram donos das ovelhas (o rebanho não é mais do Eterno, mas deles);

·        por outro lado, os membros acham que podem viver uma vida relaxada, já que há um pastor para interceder e orar por eles, ensiná-los, aconselhá-los.

 

E o pior: acham que estão salvos. Pensam que, pelo fato de haver um pastor “intercedendo” por eles os isenta de meditar na Escritura Sagrada (ver Salmos 1.1,2), viver uma vida santa, piedosa e justa, podendo se dar ao luxo de viver uma vida repleta de desejos e paixões mundanas, guiada por sentimentos perversos e mesquinhos.

Nunca foi plano do Eterno que a Igreja se reunisse para um ensinar e os demais aprenderem. O termo traduzido por Igreja implica em uma assembleia para deliberação de um assunto importante.

Quando os irmãos se reuniam nos tempos apostólicos, uns abençoavam os outros:

 

·        “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.” (1Coríntios 14.26).

 

Pode crer:

 

·        ninguém é bom, santo e perfeito o suficiente que não necessite de receber algo do Eterno, vindo até mesmo do mais humilde e ignorante dos irmãos;

·        ninguém é tão sem conhecimento, unção, dons e talentos que não possa ser usado pelo Eterno! Pelo contrário (veja 1Coríntios 1.26-29).

COMO SE CUMPRE O PROPÓSITO DO DÍZIMO HOJE?

Porém, embora os preceitos da lei do Testamento da Lei tenham sido revogados, os propósitos continuam valendo.

Neste caso, pensemos: considerando que cada membro da Igreja de Jesus Cristo é casa do Eterno (1Coríntios  3.16; 6.19; 2Coríntios 6.16), o que é que mantém hoje a casa Dele? Nossa vida. Daí Paulo dizer:

 

·        “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Romanos 12.1).

 

Logo devemos entregar tudo que temos e somos (não apenas 10%) para que todos os serviços sagrados que o Eterno quer realizar no coração de cada um se cumpra (ver 1Pedro 2.5-8) dentro de nós (2Coríntios 3.1-3).

Como isso é conseguido?

Seguindo o mesmo princípio utilizado pelo Eterno. O dízimo não era um momento de o povo de Israel visualizar e saborear tudo que o Eterno fez por eles, bem como uma oportunidade boa para Israel conhecer melhor a si mesmo (através da comunhão uns com os outros)? Afinal, ao ter contato com os órfãos e viúvas, além de passar a ter ciência dos necessitados que havia no meio deles, era possível se avaliar a apostasia de Israel: se eles estivessem bem nutridos e amparados, é sinal que o povo estava temendo ao Eterno; senão, Seus mandamentos estavam sendo negligenciados (ver Ezequiel 16.49; 22:7; Amós 6.6; Miquéias 6.7,8).

Além disso, também servia para se conhecer os estrangeiros que havia no meio deles.

Ante a isto, eu te pergunto: como que o mandamento do dízimo é cumprido nos dias de hoje? Vivendo versículos tais como:

 

·        “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (Jo 13:34,35).

·        “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite” (Sl 1:1,2).

·        “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26:41);

·        “Regozijai-vos sempre” (1Ts 5:16);

·        “Orai sem cessar” (1Ts 5:17);

·        “Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1Ts 5:18);

·        “Não extingais o Espírito” (1Ts 5:19);

·        “não desprezeis as profecias” (1Ts 5:20);

·        “mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom” (1Ts 5:21);

·        “Abstende-vos de toda espécie de mal” (1Ts 5:22).

·        “porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.” (Gálatas 5.13).

·        “Não deis lugar ao diabo.” (Efésios 4.27).

 

Em outras palavras, se você quer que haja mantimento na casa do Eterno, se disponha a buscá-Lo com o todo o teu ser dentro do coração do próximo e deixando que estes venham a conhecer o Eterno dentro de ti (ver 2Coríntios 3.1-3). Rompa de vez com o mundo, não compactue com nenhuma obra das trevas (Efésios 5.11). Sempre busque conhecer o Eterno, ter intimidade com Ele e se encher do Espírito Santo por meio da oração e meditando em Sua Palavra.

Regozije-se sempre (Fp 4.4), lembrando de tudo que o Eterno fez por você. Olhe bem à sua volta, visualize e saboreie cada bênção que o Eterno lhe deu: sua família, saúde, bens, a natureza como um todo, emprego, etc. (Salmos 33.5; 40.5; 103.1,2).

Juntamente com isso, busque do Eterno todo amor e compaixão que Ele tem para dar a cada uma das pessoas que Ele colocou na tua vida, a fim de que o amor de Cristo possa fluir de ti naturalmente.

Veja o que Jesus disse acerca de servi-Lo:

 

·        “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25.40-46).

 

Perceba que Jesus não disse para construir templos, mas para servir ao próximo pregando o evangelho a toda criatura:

 

·        “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mateus 28.18-20).

·        “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos 16.15).

 

Sempre se lembre que a Igreja é mantida pela comunhão uns com os outros no Espírito Santo. Afinal, ela é o corpo de Cristo. E como bem sabemos:

 

o   corpo sem o Espírito Santo está morto;

o   corpo onde os membros estão faltando é deficiente;

o   corpo onde há verme (coisas do mundo) ou micróbio (Satanás e seus demônios) é um corpo enfermo;

o   corpo onde os membros estão separados, não é corpo, mas um amontoado de membros sem vida em si mesmo.

 

Não devemos nos aquietar até ver todos ricamente supridos pela graça do Eterno (Isaías 62.6,7). A oração modelo de Jesus aponta para isto através do uso do pronome “nós”: “...O pão nosso de cada dia dá-nos hoje, perdoa-nos as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido, não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal, pois Teu é o reino, o poder e a glória para sempre...”. (Mateus 6.9-13).

É para fortalecermos, edificarmos, consolarmos, ajudarmos, amarmos e exercermos o perdão e misericórdia de Deus uns para com os outros que Deus nos colocou juntos.

Nunca foi plano do Eterno que houvesse a separação que foi criada pelo sistema religioso:

 

·        Os bispos (presbíteros, pastores, reverendos, etc.) se veem como que produtores de algum evento;

·        Os ministros do louvor acham que a única função deles é cantar, , não tendo motivo algum para ficarem até o fim da reunião ou se esforçarem para aprenderem a Escritura Sagrada.

·        Os membros acham que simplesmente indo e ouvido todos os cânticos e a palavra do pastor (como mero expectadores) já cumpriram suas obrigações para com o Eterno.

 

Um dos maiores erros cometidos pelo sistema é o de uns jogarem suas cargas em cima dos outros. Por um lado, o povo lança nas costas dos líderes religiosos as boas obras que eles deveriam fazer; por outro, as autoridades exigem do povo que eles satisfaçam seus desejos.

Já está mais que provado que isto não funciona:

 

·        “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.” (Atos 2.44,45).

·        “Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.” (Atos 4.34,35).

·        “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.” (Atos 6.1-4).

 

Note como, enquanto cada um estava exercendo o amor ao próximo (Atos 2.44,45), não estava havendo necessitado entre os irmãos. Depois que passaram esta tarefa aos apóstolos (Atos 4,32), as viúvas dos gregos passaram a ser esquecidas (Atos 6.1-4).

A verdade é que amar ao próximo é uma tarefa que, além de extremamente bendita (Atos 20.35), deve ser exercida por cada um diretamente. Quando terceirizamos o amor ao próximo estamos passando a outros a maior das bem-aventuranças e o pior, dando lugar:

 

·        à sobrecarga de serviços e responsabilidades nas costas dos líderes;

·        à corrupção dos líderes;

·        à sobrecarga dos membros devido à cobrança excessiva de recursos;

·        à multiplicação de indivíduos necessitados.

 

Não devemos fugir, tampouco jogar a responsabilidade nas costas dos outros. Lembra do que Jesus disse: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados que eu vos aliviarei”?

Jesus prometeu remover de nós toda carga proveniente da responsabilidades que os líderes religiosos lançaram sobre os israelitas. A multidão estava cansada dos fardos pesados que os fariseus e doutores da lei atavam sobre ela (Mateus 23.2-4).

Hoje a história se repete.

Ao invés de aceitarmos que as instituições religiosas nos enredem com atividades e mais atividades (usando isto como desculpa para sugar nosso tempo e bens), nos limitemos a levar aquilo que leva o irmão a tropeçar na fé, impedindo-o de ser usado por Cristo (Gálatas 6.1,2).

Hoje Jesus (nosso intercessor) é nosso próprio alimento (o Pão Vivo que desceu do céu – João 6.51). O tabernáculo, com todos os seus rituais, regras, etc. era apenas sombra (Hebreus 8.1-5).

CONTRADIÇÕES EM QUE CAEM AQUELES QUE INSISTEM EM COBRAR DÍZIMOS

Os líderes hoje utilizam Paulo como exemplo, mas não seguem o que ele ensinou:

 

·        “Eis que, pela terceira vez, estou pronto a ir ter convosco e não vos serei pesado; pois não vou atrás dos vossos bens, mas procuro a vós outros. Não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos.” (2Coríntios 12:14).

·        “E não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados; antes fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos. Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias almas; porquanto nos éreis muito queridos. Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus.” (1Tessalonicenses 2.6-9).

 

Os valores estão invertidos: até a morte de Jesus, os “ricos” (agropecuaristas) sustentavam os “pobres” (órfãos, viúvas, estrangeiros e levitas).  Hoje, os que se dizem pastores, bispos, reverendos, etc. se enriquecem em virtude de serem sustentados pelas congregações, formada, em sua maioria, de pobres.

O próprio apóstolo Paulo, após anos de ministério, numa época em que o poder do Espírito Santo atuava abundantemente e o graça existente na Igreja era extremamente visível (Atos 11.22,23; ver 2Coríntios 8.1-5), disse:

 

·        Se nós semeamos para vós as coisas espirituais, será muito que de vós colhamos as matérias. Se outros participam deste direito sobre vós, por que nós com mais justiça? Mas nós nunca usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo”. (1Co 9:11-12).

 

Paulo era capaz de abrir mão até dos seus direitos se isto servisse para eliminar qualquer pedra de tropeço à propagação do evangelho ou ao crescimento da fé nos irmãos (1Coríntios 8.13; 10.33).

         Pense nisso: se um homem como Paulo, cheio do temor, conhecimento, dons, poder e comunhão com o Espírito Santo receava que, ao viver do evangelho, poderia causar estorvo, até mesmo envergonhar o nome de Jesus, dar brecha para o Ha-Satan destruir a obra do Eterno, o que faz um líder religioso pensar que com ele vai ser diferente?

E não só ele! O amor existente nos membros da igreja era tal que eles vendiam tudo o que tinha para suprir os necessitados:

 

·        “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.” (Atos 2:44,45)

·        “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.” (Atos 4:32)

 

Quem dera houvesse nos líderes religiosos de hoje o mesmo sentimento que existiu nos apóstolos.

A verdade, no entanto, é que o sistema religioso, no qual um indivíduo intercede pelos demais, nunca funcionou. Desde os primórdios vê-se corrupção no regime sacerdotal:

 

·        “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial; não conheciam ao SENHOR. Porquanto o costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém algum sacrifício, estando-se cozendo a carne, vinha o moço do sacerdote, com um garfo de três dentes em sua mão; e enfiava-o na caldeira, ou na panela, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto o garfo tirava, o sacerdote tomava para si; assim faziam a todo o Israel que ia ali a Siló. Também antes de queimarem a gordura vinha o moço do sacerdote, e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote; porque não receberá de ti carne cozida, mas crua. E, dizendo-lhe o homem: queime-se primeiro a gordura de hoje, e depois toma para ti quanto desejar a tua alma, então ele lhe dizia: Não, agora a hás de dar, e, se não, por força a tomarei. Era, pois, muito grande o pecado destes moços perante o SENHOR, porquanto os homens desprezavam a oferta do SENHOR.” (I Samuel 2:12-17).

 

Com o tempo, os sacerdotes chegaram ao ponto de animar o povo a pecar:

 

·        “Alimentam-se do pecado do Meu povo, e da maldade dele têm desejo ardente.” (Oséias 4:8).

 

Afinal, disto vinha a fartura deles. E isto não é tudo! Veja a que ponto a sociedade chegou:

 

·        “Os seus chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o SENHOR no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.” (Miquéias 3.11).

·        “AI de mim! porque estou feito como as colheitas de frutas do verão, como os rabiscos da vindima; não há cacho de uvas para comer, nem figos temporãos que a minha alma deseja. Já pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja justo; todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com a rede, as suas mãos fazem diligentemente o mal; assim demanda o príncipe, e o juiz julga pela recompensa, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles tecem o mal. O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão. Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca. Porque o filho despreza ao pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do homem são os da sua própria casa.” (Miquéias 7.1-6).

·        “Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do SENHOR. Que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e vede para nós enganos. Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós.” (Isaías 30.9-11)

·        “Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos, suspirando pelo pó da terra, sobre a cabeça dos pobres, pervertem o caminho dos mansos; e um homem e seu pai entram à mesma moça, para profanarem o meu santo nome. E se deitam junto a qualquer altar sobre roupas empenhadas, e na casa dos seus deuses bebem o vinho dos que tinham multado. Todavia eu destruí diante dele o amorreu, cuja altura era como a altura dos cedros, e que era forte como os carvalhos; mas destruí o seu fruto por cima, e as suas raízes por baixo. Também vos fiz subir da terra do Egito, e quarenta anos vos guiei no deserto, para que possuísseis a terra do amorreu. E dentre vossos filhos suscitei profetas, e dentre os vossos jovens nazireus. Não é isto assim, filhos de Israel? diz o SENHOR. Mas vós aos nazireus destes vinho a beber, e aos profetas ordenastes, dizendo: Não profetizareis.” (Amós 2.6-12).

·        “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?” (Jeremias 5.30,31).

 

E não pense que parou aí!

 

·        “Os seus sacerdotes transgridem a Minha lei, e profanam as Minhas cousas santas; entre o santo e o profano não fazem diferença; nem discernem o impuro do puro; e de Meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles. Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa, para derramarem o sangue, para destruírem as almas, para seguirem a avareza. E os seus profetas têm feito para eles reboco de cal não adubada, vendo vaidade, e predizendo-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Jeová; sem que o Senhor tivesse falado. Ao povo da terra oprimem gravemente, e andam roubando, e fazem violência ao aflito e ao necessitado, e ao estrangeiro oprimem sem razão. E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com o fogo do meu furor os consumi; fiz que o seu caminho recaísse sobre a sua cabeça, diz o Senhor DEUS.” (Ezequiel 22:26-31).

 

E, mesmo após Jerusalém ter sido destruída e o povo ido para cativeiro, a corrupção não parou de progredir, chegando ao ponto de o cargo do sumo sacerdote revestir-se de caráter político, vindo ele a ser designado pelo governo.

Sem contar que os lucros das grandes festas sagradas eram repartidos com os oficiais superiores. O plano do Eterno foi de tal modo corrompido que Jesus disse:

 

·        “A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de ladrões.” (Mateus 21:13).

 

Os oponentes de Cristo sempre foram os sacerdotes, os escribas e os fariseus (os líderes religiosos). Foram eles que perseguiram, acusaram e condenaram Jesus (Marcos 15:3).

E eu te pergunto: alguma coisa mudou de lá para cá no sistema religioso? Pelo contrário: hoje os líderes religiosos têm a petulância de distorcer a Escritura Sagrada só para aterrorizar os membros e tentar sugá-los ao máximo, sendo que a Escritura Sagrada é clara:

 

·        “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (2Co 9:7).

 

A verdade é como disse Paulo:

 

·        “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.” (1Timóteo 6.9-11).

 

Jamais devemos esquecer que o Eterno é honrado com a pureza do coração com que amamos, com o tesouro que usamos para enriquecer os necessitados e com o esplendor do nosso temor e dedicação.

 

·        “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” (I Pedro 2:9).

 

Enfim, pode acreditar no que diz o autor de Hebreus:

 

·        “Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas; porque bom é que o coração se fortifique com a graça, e não com alimentos, que não trouxeram proveito algum aos que com eles se preocuparam. Temos um altar, do qual não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo(Hebreus 13:9,10).

·        “Vede a Israel segundo a carne; os que comem dos sacrifícios não são porventura participantes do altar?” (1Coríntios 10:18).

 

Perceba que é nítida a separação entre Antiga e Nova Aliança. Não há como participar das duas. Tanto é assim que o coração deve se fortificar com a graça, e não com alimentos, que não trouxeram proveito algum aos que com eles se preocupam.

E isso é bem visível nas instituições religiosas de hoje. Preocupam mais em ter uma boa arrecadação (não importa se para obtê-las for necessário distorcer, dissimular a Escritura Sagrada) para fazer grandes obras, sem qualquer preocupação em preparar os corações das pessoas a fim de poderem ser usadas por Jesus.

A MALDIÇÃO QUE PAIRA SOBRE QUEM INSISTE EM DAR OU RECEBER DÍZIMOS

Quando o povo de Israel não quis mais que o Eterno fosse seu rei (1Samuel 8.7), o Eterno permitiu que eles tivessem um rei humano. E veja qual seria o procedimento do rei:

 

·       E disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós; ele tomará os vossos filhos, e os empregará nos seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros. E os porá por chefes de mil, e de cinqüenta; e para que lavrem a sua lavoura, e façam a sua sega, e fabriquem as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros. E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. E tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais, e os dará aos seus servos. E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais, e aos seus servos. Também os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores moços, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho. Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de servos.” (1Samuel 8.11-17). 

 

         E quando o rei os explorasse, veja o que aconteceria:

 

·        “Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o SENHOR não vos ouvirá naquele dia.” (1Samuel 8.18).

 

E o motivo disto é simples:

 

·        “Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.” (Romanos 1.25)

·        “Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição?(Mateus 15.1-3).

 

Como é impossível servir a dois senhores, quem serve ao líder religioso, não tem como servir o Criador (Mateus 6.24; Isaías 29.13; Marcos 7.7). Daí Paulo dizer:

 

·        “Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens.” (1Coríntios 7.23).

 

         E se você ainda acha que não há mal algum em se colocar debaixo do jugo de uma liderança religiosa e sustentá-la com dízimo, veja:

 

·        Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes”. (Gálatas 5.4).

 

Quem tenta se justificar na lei (no caso, na lei do Antigo Testamento, já que o Novo Testamento ainda estava sendo escrito) está fora de Cristo e de Sua graça. Se a pessoa está fora da graça, então está na “des-graça”, desligada de Cristo e, portanto, à mercê do Ha-Satan, do pecado e do mundo.

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