APOCALIPSE 1: QUEM É JESUS E PELO QUÊ ELE DEVE
SER ADORADO?
Introdução
Uma vez
que apocalipse é revelação, logo não se trata de um comentário do livro de
Daniel, mas sim um revelar daquilo que ficou oculto no livro de Daniel.
Apocalipse
1 revela Jesus e os capítulos 21 e 22, nossa permanência eterna com Ele.
Obs: o
capítulo um e do quatro ao vinte e dois, João escreveu do que viu. Os capítulos
dois e três foram ditados por Jesus.
A Igreja
é referenciada de sete maneiras no apocalipse:
1.
Homens de
toda tribo e língua e povo e nação (Ap 5.9);
2.
Reis e
sacerdotes (Ap 5.10);
3.
Servos
(Ap 11.18; 19.2,5);
4.
Irmãos
(Ap 12.10);
5.
Os filhos
de Israel (Ap 12.17);
6.
Santos
(Ap 13.7,10; 14.12; 18.20,24);
7.
Esposa do
Cordeiro (Ap 19.7).
Grupos
explícitos de sete elementos:
a. Igrejas (Ap 1:4,11,20);
b. Espíritos (Ap 1:4; 3:1;
4:5; 5:6);
c. Castiçais de ouro (Ap 1:12,13,20;
2:1);
d. Estrelas (Ap 1:16,20; 2:1;
3:1);
e. Tochas de fogo (Ap 4:5);
f. Selos (Ap 5:1; 5:5);
g. Chifres (Ap 5:6);
h. Olhos (Ap 5:6);
i.
Anjos que
permanecem diante do Eterno (Ap 8:2,6);
j. Trombetas (Ap 8:2,6);
k. Trovões (Ap 10:3,4);
l.
Sete mil
pessoas mortas (Ap 11:13);
m. Cabeças (Ap 12:3; 13:1;
17:3,7,9);
n. Coroas (Ap 12:3);
o.
Sete
anjos derramam as sete pragas (Ap 15.8);
p. Pragas (Ap 15:1,6,8; 21:9);
q. Taças (Ap 15:7; 17:1; 21:9);
r. Montes (Ap 17:9);
s. Reis (Ap 17:10,11);
Grupos
implícitos de sete elementos:
a. Bem-aventuranças (Ap 1:3;
14:13; 16:15; 19:9; 20:6; 22:7; 22:14);
b.
Sete "Eu
sou" de Cristo (Ap 1:8,11,17; 2.23; 21:6; 22:13,16);
c.
Grupos de
doxologias no céu (Ap 4:9-11; 5:8-13; 7:9-12; 11:16-18; 14:2,3; 15:2-4; 19:1-6);
d.
Cada
tribo, lingua, povo e nação (Ap 5:9; 7:9; 10:11; 11:9; 13:7; 14:6; 17:5);
e.
O Senhor
Deus Todo-Poderoso (Ap 1:8; 4:8; 11:17; 15:3; 16:7; 19:6; 21:22);
f. Profecia (Ap 1:3; 11:6;
19:10; 22:7,10,18,19);
g.
Aquele
que está sentado no trono (Ap 4.2,9,10; 5:1,7,13; 6:16; 7:15; 21:5);
h.
O Alfa e
o Ômega (Ap 1:8,17; 21:6; 22:13).
Durante a
primeira vinda de Cristo, Ele viveu encobrindo Sua glória, ou seja, se
esvaziando de Si mesmo (Fp 2.5-8). Quando, contudo, Jesus vier novamente, Ele
manifestará a todos a plenitude da Sua glória (Mc 14:61-62; Ap 1:7).
Mas
afinal, quem é Jesus? Parece uma pergunta boba. Contudo, pense: se a pergunta é
tão boba assim, então porque o primeiro capítulo do livro da revelação dá uma descrição
tão minuciosa de Jesus (Ap 1.13-18)?
1) Suas Vestes (Ap 1.13) - vestido até aos pés de uma roupa comprida, e
cingido pelos peitos com um cinto de ouro. Isto revela a todos a sabedoria que
há na justiça de Deus.
2) Sua Cabeça e cabelos (Ap 1.14) – eram brancos como lã branca, como a
neve. Jesus é aquele em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e
da ciência (Cl 2.3).
3) Seus Olhos (Ap 1.14) - são como chama de fogo. Jesus é Aquele que tudo
vê e perscruta, de modo que nada há oculto que não venha a ser revelado (Mt
10.26; Mc 4.22; Lc 12.2).
4) Seus Pés (Ap 1.15) - seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se
tivessem sido refinados numa fornalha:
a.
“E o Deus de paz esmagará em breve
Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja
convosco. Amém” (Rm 16.20);
b.
“E pisareis os ímpios, porque se
farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que estou
preparando, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Ml 4.3);
c.
“Porque convém que reine até que haja
posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.” (1Co 15:25);
d.
“E sujeitou todas as coisas a seus
pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja” (Ef 1.22);
Enfim, tudo que não presta deve estar debaixo dos pés para ser queimado.
Ou seja, Jesus é Aquele cujos passos (Caminho) aniquila com todo o poder das
trevas (Js 1.6-9; Lc 10.19).
5) Sua Voz (Ap 1.15) - como a voz de muitas águas (Sl 29.3-9). Quando
ouvimos a voz do Eterno, o Espírito Santo pode fazer em nós muito mais do que
toda a multidão existente no mundo.
6) Sua Mão (Ap 1.16) - tinha na sua destra sete estrelas. Jesus é Aquele
que tem autoridade e poder (Mt 28.18) para guardar de tropeçar (2Pe 2.9; Jd 24)
e livrar da tentação os piedosos, de modo que ninguém pode arrebatar os Seus
das Suas mãos (Jo 10:28).
7) Sua Boca (Ap 1.16) - da sua boca saía uma aguda espada de dois fios. É
com esta espada que Jesus irá ferir os ímpios (Ap 19.15). Com o sopro de Sua
boca Jesus desfará o iníquo (2Ts 2.8). Ou seja, Jesus é Aquele cuja Palavra é
viva e eficaz (Hb 4.12).
8) Seu Rosto (Ap 1.16) - era como o sol, quando na sua força resplandece. A
luz do sol ofusca o brilho dos candeeiros e estrelas, de modo que estas
desaparecem e aqueles se tornam inúteis.
a. Jesus não precisa de véu como Moisés (2Co 3.13). O véu não é o Eterno se
separando do homem, mas é este se escondendo Dele e do próximo. O pecado faz
com que qualquer ato de bondade seja superficial, carnal e passageiro e, por
isto, a pessoa tem sempre que estar se cobrindo.
b.
Jesus, sendo a Verdade, não a esconde, nem mesmo em
meio às maiores perseguições, mas sempre a manifesta, ofuscando a sabedoria de
qualquer pessoa e acabando com toda cegueira (Jo 9.5,39-41; 2Co 4.3,4).
9) Sua Perenidade - O Primeiro e o Último (Ap 1.17) – Dele, por Ele e para
Ele são todas as coisas (Rm 11.36). Nada escapa do controle Dele (Jó 42.2). Se
Ele age, ninguém pode impedir (Is 43.13).
10)
Sua Vitória Triunfal (Ap 1.18) - fui morto, mas eis
aqui estou vivo para todo o sempre:
a. A verdadeira vitória vem depois que morremos para nós mesmos (1Co
15.36). Aquele que morreu cessou do pecado (Rm 6.7; 1Pe 4.1);
b. Jesus não apenas está vivo, mas vive para todo sempre.
c. Além de ter ressuscitado, Jesus venceu a morte e tem autoridade sobre
morte e o inferno, bem como no céu e na terra (Mt 28:18). Ou seja, nada mais
acontece no céu ou na terra, seja em vida ou na morte, seja no paraíso ou no
inferno, sem que Jesus permita.
Quanto à semelhança do livro do Apocalipse com as
demais profecias:
· a introdução e conclusão do livro do Apocalipse lembram o livro de
Daniel;
· a determinação dos tempos tem haver com Daniel;
· a arquitetura da cidade santa tem relação com Ezequiel;
· a descrição de um menino gerado e as promessas a Sião tem relação com
Isaías;
· o julgamento da Babilônia tem relação com Jeremias;
· os cavalos, castiçais lembram a visão de Zacarias.
Também vale destacar que a expressão “reis da
terra” é frequentemente usada no Apocalipse (Ap 1:5; 6:15; 16.14; 17:2,18;
18:3,9; 19:19; 21:24). Nenhuma profecia no Testamento da Lei se intitula
revelação, o que nos ensina que seu objetivo é descobrir aquilo que a lei não
foi capaz de descobrir.
Por isto pode-se dizer que o tema deste capítulo é
mostrar com clareza quem é este quem revela mistérios.
O anticristo representa o maior e mais poderoso
inimigo carnal que é possível surgir na face da terra. E uma vez que ele é
derrotado por Jesus em Ap 19, isto significa que não existe inimigo grande o
suficiente que seja capaz de destruir tudo que Jesus tem para nós.
As mais temidas pragas possíveis de existir são
todas mandadas por Jesus conforme Sua vontade para o bem da Igreja. Logo, não
importa qual praga que surja na tua vida, Jesus está bem acima dela e tudo
permite para que você possa ser mais útil à Igreja Dele (Romanos 8.28).
Embora o apocalipse contenha muitas das doutrinas
preciosas da fé, o apocalipse não precisava ter sido escrito por isto, já que
tais definições estão contidas em outras partes da Escritura Sagrada. Sendo
assim, Seu propósito principal é revelar quem é Jesus e qual é Sua vontade para
nossas vidas.
O livro do Apocalipse contém mais que 500 alusões
ao Testamento da Lei, sendo que 278 dos 404 versículos (quase 70%) fazem alguma
referência ao Testamento da Lei. Ele é caracterizado por ser um livro de
contrastes:
· Acontecimentos que breve devem acontecer e fatos cujo cumprimento está
mui distante;
· Coisas muito grandes e coisas muito pequenas;
· Coisas terríveis e promessas agradáveis;
· Palavras repetidas de velhas profecias e coisas novas;
Todas estas coisas estão entrelaçadas umas nas
outras, opostas uma a outra, mas em total acordo e mutuamente envolvendo e
desenvolvendo um ao outro. Fazem referência um ao outro a partir de um pequeno
ou grande intervalo e, assim, às vezes desaparecem, param a narrativa e, mais
adiante, inesperadamente, no momento adequado, retornam à vista.
Versículo 1
·
“Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu,
para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo
seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo;” (Ap 1.1 - ACF)”.
João não
recebeu uma explicação teológica seca e morta de eventos futuros. Ele recebeu
uma revelação profética poderosa e dinâmica capaz de transformar vidas.
João
significou a mensagem do Apocalipse, ou seja, a comunicou por meio de sinais. E
assim ele procedeu porque as coisas celestiais nem sempre podem ser expressadas
por meio de palavras (2Coríntios 12.4).
O fato de
chamar os seguidores do Eterno de filhos não significa que, de fato, eles sejam
escravos. Ao invés disto, trata-se de um título de honra usado para mostrar que
o indivíduo tem serventia para o Eterno.
Estamos
dependendo do quê? Os outros têm dependido de nós para quê? O que estamos
levando eles a esperarem de nós? Neste tempo tão difícil, não podemos continuar
dependendo de quem não tem compromisso com Cristo, nem fazê-los pensar que
podemos ser o suprimento de suas necessidades.
Com o
surgimento da marca da besta (Ap 13.16,17), o menor envolvimento com o sistema
que rege este mundo implica em morte eterna, de modo que teremos de viver pela
fé (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Daí uma necessidade da revelação de
quem é Jesus e daquilo que deve acontecer rapidamente (ou seja, sendo abreviado
– Romanos 9.28).
Quando
tudo isto começar a acontecer, Jesus vem sem demora.
Muitas
vezes nos perguntamos se os apóstolos, ao escreverem seus livros, sabiam que
estavam escrevendo uma palavra vinda do próprio Eterno. No caso de João ele
sabia, visto que ele deixa isto claro, tal como faziam os profetas do
Testamento da Lei.
A
expressão “revelação de Jesus Cristo” ocorre somente em 1Pedro (1Pe 1.7,13) e
Gálatas (Gl 1.12). Expressões semelhantes podem ser vista em (1 Pedro 4:13; 1
Coríntios 1:7; 2 Tessalonicenses 1:7; Gálatas 1:12).
Trata-se
de revelação (e não revelações). Ou seja, isto não deve ser entendido como
temas separados (embora possamos aprender várias coisas em várias áreas), mas
sim como uma revelação de Jesus (corpo e cabeça) nas mais diversas áreas.
Cristo é, ao mesmo tempo, o Mistério e o Revelador do mistério.
O melhor
significado de revelação deveria ser velar de novo. E é isto que acontece com aqueles
que tentam estudar o apocalipse por curiosidade ou para ostentar sabedoria
mundana (ver 1Co 2.1-5) e seduzir a muitos.
Jesus,
não só é o assunto do livro do apocalipse, mas também aquele que se mostra a
todos. Repare como a maioria das coisas são transmitidas a João por meio de
anjos. No entanto, quando era para falar de Jesus, nenhum anjo foi enviado para
falar Dele. Ele próprio se mostrou a João. Isto porque nenhuma descrição acerca
de Jesus seria tão exata e precisa. Nem o maior e melhor dos anjos é capaz de
descrever Jesus com perfeição. E mesmo que fosse, jamais João poderia ter uma
compreensão exata a não ser vendo Ele. Jesus é a realidade, e não apenas um
comentário de uma figura histórica.
A
revelação não é estática de algo que aconteceu, está acontecendo ou vai
acontecer, mas sim uma revelação viva acerca de Jesus em meio a todo tipo de
situação que a Igreja pode viver.
De igual
modo, o foco da Igreja hoje jamais deve ser falar de Jesus, mas sim mostrá-Lo.
A Igreja pode falar de outras coisas concernentes ao Reino do Eterno. No
entanto, só Jesus pode falar de Si mesmo. E isto também mostra que só conheceremos
Jesus direito quando O virmos. E considerando que Jesus disse que ia nos
preparar lugar para que, onde Ele estivesse, nós pudéssemos estar também (Jo
14.1-3), logo não podemos nos conformar em ficarmos distante Dele.
O Pai deu
revelação a Seu Filho que, por sua vez, a deu a Seu anjo, o qual, então, a deu
a João que a escreveu a seus irmãos na fé.
O fato de
a mensagem ser entregue a João por meio de um anjo significa que a mesma seria
entregue na forma de sinais e símbolos. Todavia, as coisas que João viu não
eram meros símbolos, mas sim a significação de todas as coisas que envolvem a
vida do seguidor de Jesus. Ou seja, não
é o símbolo que significa alguma coisa; antes, o símbolo é um retrato do que
realmente é esta alguma coisa. Ex: não é a besta que representa o império
gentílico; antes, este império é uma besta (ver Tg 3.15).
Alguém
pode se perguntar: mas se o Eterno quer tanto que a Igreja entenda a mensagem
do Apocalipse, então por que tanto simbolismo? Estaria o Eterno fazendo um jogo
tal como “adivinhe o mistério”?
Com
certeza não! Como João está expressando coisas do ponto de vista celestial, ele
necessita de símbolos, já que há coisas que são impossíveis de serem exprimidas
(2Co 12.4). Faz-ne necessária a intercessão do Espírito Santo para que possamos
entender (Romanos 8.26; 1Coríntios 14.2).
Observe
também a expressão “as coisas que em breve devem acontecer” (alusão a Dn 2.28; cf.
também Ap 4.1; 22.10). O Eterno, para manifestar aos Seus servos as coisas que
deveriam acontecer brevemente (ver Ap 4.1), fez de Jesus uma revelação. O
Eterno, em Jesus, revela quem Ele é, bem como aquilo que Ele deseja operar e as
coisas que iriam caracterizar o fim dos tempos.
Isto,
sobretudo, mostra que Jesus nunca falou por si mesmo, mas tão somente daquilo
que o Eterno Lhe instruiu para falar (Jo 3.32; 5.19,20,30; 7.16,17,28; 8.26,28,38,40;
12.49).
Eis aqueles que falam com João:
1º - o próprio Jesus (Ap 1.10,11; 4.1);
2º - um dos anciãos (Ap 5.5);
3º - cada um dos quatro seres viventes chama João para vir e olhar (Ap 6.1);
4º - um dos anciãos (Ap 7.13);
5º - o Senhor e Seu anjo que tinha o pé sobre o mar e sobre a terra (Ap
10.8,9);
6º - Em Ap 17.1 o anjo fala com João para lhe fazer entender as coisas.
7º - Um dos sete anjos que tinham as sete taças (Ap 21.9).
Ainda há um detalhe a considerar: uma vez que Jesus enviou o livro
do Apocalipse a João por meio do Seu anjo (singular), então como explicar
tantas pessoas falando com João?
Versículo 2
·
“O qual testificou da palavra de Deus, e do
testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto.” (Ap 1.2 - ACF).
Acerca do quê João testificou?
1 – Da palavra de Deus. Esta expressão ocorre
cinco vezes no Apocalipse (Ap 1:2,9; 6:9; 19:13; 20:4). Este é o nome de Jesus
(Ap 19.13), bem como a causa da perseguição dos justos (Ap 1.9; 6.9; 20.4).
João não testificou acerca da palavra do Eterno como se ela fosse um mero
conjunto de regras a ser seguido, mas algo vivo e eficaz (Hebreus 4.12). João
estava mostrando que a palavra do Eterno não é algo morto, muito menos a ser
transformado em uma religião.
2 – Do testemunho de Jesus Cristo. A
expressão “testemunho de Jesus” ocorre cinco vezes (Ap 1:2,9; 12:17; 19:10;
20:4). João não falou do Jesus que ele conheceu enquanto andava aqui, mas de
Jesus em Sua glória e majestade que Ele estava conhecendo nesta visão chamada
apocalipse, bem como de toda a atenção que Ele dedica a este mundo.
Mais ainda: João testificou do testemunho que Jesus
deu enquanto estava neste mundo, bem como de toda a sua eficácia no presente.
Em outras palavras, João revelou o verdadeiro
significado de tudo que Jesus fez neste mundo.
3 – E de tudo quanto viu. Finalmente, João
testificou acerca do resultado de toda a obra de Jesus na cruz para todas as
gerações.
João não foi uma testemunha simplesmente porque viu
e ouviu o apocalipse, mas também porque recebeu em Si a palavra do Eterno e o
testemunho que Jesus suportou da verdade. É bom lembrar que o testemunho de
Jesus é o espírito da profecia (Ap 19.10).
João não apenas viu, mas viveu o apocalipse a fim
de poder ser testemunha de Cristo. Ele pode experimentar dentro de si tudo que
Cristo sente ao ver o mal.
Resumindo: o Eterno deu a Jesus a revelação, ou
seja, fez Dele uma revelação e, por meio do Seu mensageiro (anjo), notificou
Jesus a João (revelou a ele toda a grandeza de Jesus), o qual expôs tudo aos
que servem ao Eterno. É isto que constitui as palavras desta profecia (Ap 1.3).
Para ser mais exato: o Eterno testificou a João
acerca do testemunho de Jesus Cristo pelo qual ele estava preso em Patmos (Ap
1.9). Ou seja, permitiu que ele conhecesse com mais exatidão o que vinha a ser
o testemunho de Jesus pelo qual ele e tantos outros vinham sendo atribulados.
Logo, o livro do Apocalipse é onde podemos ver o
que realmente significa servir a Cristo.
Versículo 3
·
“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as
palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o
tempo está próximo.” (Ap 1.3).
Apocalipse foi escrito à Igreja quando ela era
ainda jovem. Hoje em dia, indivíduos dizem que o livro do Apocalipse é difícil
de ser entendido. Mas se ele não fosse para ser entendido, para quê Jesus se
daria ao trabalho de revelá-lo?
Note o uso das expressões: “aquele que lê”
(singular), “os que ouvem e guardam” (plural). Como na época de João não havia
imprensa, não era qualquer um que tinha uma cópia da Escritura Sagrada. Logo, o
mais comum era simplesmente ler a Escritura Sagrada (como se vê em Neemias 8.8;
Deuteronômio 31:11; Jeremias 36:6; Lucas 4:16; Atos 15:21; Colossenses 4:16; 1
Tessalonicenses 5:27).
Assim, o destaque estava em ouvir a Escritura
Sagrada tal como ela estava escrita (diferente de hoje onde a prioridade é
colocada na interpretação dada pelo líder religioso).
Quando a Igreja se reunia, um lia e os demais
ficavam escutando. Ou seja, esta aparente dificuldade (de serem poucos que
sabiam ler e que tinham a Escritura Sagrada consigo) servia para que cada um se
concentrasse em ouvir a Escritura Sagrada purinha e, deste modo, dar lugar para
o Eterno ministrar-lhe.
A bem-aventurança não é a de simplesmente ler, como
faz o gnóstico que tem prazer no conhecimento (ver 1Coríntios 1.22). Afinal, só
é bem-aventurado quem tem intimidade com Jesus (1Coríntios 2.9; Efésios 1.3).
Ou seja, a bênção é deixar que Cristo viva Sua vida em nós (Lucas 11.28). Ou
seja, o livro do apocalipse não é para mera especulação, mas para ser guardado,
ou seja, para mudar a vida de todos os que o ouvem e leem.
E considerando que ninguém poderia se considerar
bem-aventurado por ouvir palavras ininteligíveis, logo, o livro do apocalipse é
possível ser entendido.
Entenda: o livro do Apocalipse tem por finalidade
mostrar quem é Jesus e de esclarecer que a verdadeira razão de ser da profecia
é dar lugar para que Ele possa dar testemunho de Si mesmo onde estamos. O
Eterno nos dá uma profecia porque Ele tem uma obra a realizar em nós e por nós.
João não viu nada que não tivesse haver com um
destes dois itens acima. Pode reparar que, não importa quantas profecias sejam
dadas, todas tem por finalidade nos revelar quem o Eterno é, bem como aquilo
que Ele quer fazer, por meio do que é mostrado.
Inclusive, esta questão do testemunho de Cristo é
tão forte que Paulo destaca a importância do mesmo ter sido confirmado em meio
aos coríntios (1Coríntios 1.6). Sem contar que os mártires foram justificados
por terem sido mortos por amor da Palavra do Eterno e pelo testemunho que deram
(Ap 6.9). Sem contar que toda a luta do dragão é contra os que guardam os
mandamentos do Eterno e têm o testemunho de Jesus Cristo (Ap 12.17).
Feliz de quem lê a Escritura Sagrada (em particular
esta profecia) para os outros ouvirem e feliz daqueles que se dispõem a ouvir o
que a Escritura Sagrada tem a dizer sobre Jesus (esta é a primeira das sete
bem-aventuranças do apocalipse - Ap 1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7,14).
Mas sobretudo, bem-aventurado quem decide guardar
(isto inclui praticar) tudo que está escrito. Afinal, o tempo em que tudo isto
vai se cumprir na vida de cada um de nós está próximo. Note como a brevidade da
vinda de Jesus é bastante enfatizada (Rm 9.28; 13.11; Tg 5.8; 1Pe 4.7), principalmente
no apocalipse (Ap 4.1; 22.6,7,10,20).
E é bem compreensível: para quem é de Jesus, o
tempo de ser usado por Ele está na mão, ou seja, sempre o tempo para o
cumprimento de todo o apocalipse na nossa vida está próximo de nós (tal como o
Reino do Eterno estava e está - Lucas 1.15).
Inclusive, por aqui vê-se a importância do
apocalipse: além de ser o único livro que carrega diretamente consigo uma
promessa para quem o lê, ouve e guarda (embora isto não deixe de ser verdade
para o restante da Escritura Sagrada – Sl 1.1,2; Lc 11.28), o anjo se apresenta
como conservo daqueles que guardam as palavras deste livro (repare no quanto é
enfatizado “as palavras da profecia” - Ap 19.10; 22.6-10,18-19).
Além disto, urge
salientar o fato de ser ordenado a guarda dos mandamentos do livro de
Apocalipse. Isto significa que trata-se de um livro com instruções preciosas
acerca do caráter que os seguidores de Jesus devem ter.
A leitura do Apocalipse deve nos levar para mais
perto de Jesus em fé, esperança e amor, bem como a entender esta dispensação em
que estamos vivendo (ver Lucas 12.54-57).
Fica uma pergunta: qual é a finalidade de
um anjo para revelar a palavra a João (Ap 22.16)? Por que Jesus não revelou
tudo diretamente a ele?
O livro do apocalipse é uma revelação com relação a
Cristo (o autor) e uma profecia, com relação a João que deveria entregá-la à
Igreja.
Versículo 4
·
“João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e
paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos
sete espíritos que estão diante do seu trono;” (Ap 1.4).
Ao assinar simplesmente “João”, ele estava certo de
que não haveria confusão. Ou seja, mesmo que houvesse outro João em algum dos
sete grupos a quem ele estava se dirigindo, ele estava certo de que não seria
confundido. Com certeza, João tinha boa intimidade com cada um daqueles a quem
ele estava escrevendo.
Isto é característica de alguém que tem um caráter
santo e irrepreensível, que não precisa esconder sua identidade.
João escreve às sete oholyao a fim de nos mostrar o
quão insidiosamente as 7 formas de
religião podem ameaçar a Igreja de Cristo, as quais devemos combater
permitindo a vida de Cristo prevalecer.
Quanto ao número sete, este número é usado para
designar totalidade, algo completo:
· 7º dia era o dia de descanso (Gn 2.3; Ez 20.13);
· Era depois do 7º dia que o bebê era circuncidado (Gn 17.12);
· O número de purificação e consagração era 7 (Leviticus 4:6, Leviticus 4:17; Leviticus 8:11,
Leviticus 8:33; Numbers 19:12);
· As 3 festas sagradas tinham duração de 7 dias (Dt 15.1; 16.9,13,15),
sendo que no 7º mês havia 3 ocasiões especiais;
· A cada sete anos a terra deveria descansar e após 7 x 7 anos, era o ano
do jubileu, onde todos os escravos eram libertos e a terra voltava a pertencer
aos seus donos;
· Naamã deveria mergulhar sete vezes no Jordão (2Rs 5.10) a fim de
reconhecer que o Eterno é o autor da cura;
· Josué deveria rodear Jericó por sete dias, sendo que, no último dia
deveria rodear sete vezes (Js 6.4,15,16) a fim de que Israel soubesse que a
conquista da cidade era algo dado pelo Eterno.
· Havia sete igrejas, sete castiçais de ouro, sete estrelas, sete
espíritos de Deus, sete selos, sete trombetas, sete taças;
· Sete era o número de recompensa para aqueles que eram fiéis à aliança (Deuteronômio 28:7; 1 Samuel 2:5).
· Sete era o número de punições para quem era rebelde
à aliança do Eterno (Levítico 26:21,24,28; Deuteronômio 28:25).
· Sete era o número de punição para os que feriam o próximo (Gênesis 4:15,24; Êxodo 7:25; Salmos
79:12).
· Quando o Eterno quis exaltar José no Egito, Ele
permitiu sete anos de fartura e sete anos de escassez (Gênesis 41.29,30).
· Sete tempos se passaram sobre Nabucodonosor a fim
de que Ele aprendesse que o Deus de Israel é rei sobre toda a terra (Daniel
4.25).
· Há sete bem-aventuranças no apocalipse.
· Há sete pedidos na oração de Jesus (Mateus 6.9-13).
· Quando houve problema na reunião dos irmãos em
Jerusalém, os apóstolos sugeriram que sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito Santo e de sabedoria viessem a ajudar.
· A sabedoria do Eterno tem sete características
(Tiago 3.17) e já lavrou suas sete colunas (Provérbios 9.1).
Tudo isto sem contar a quantidade de vezes que o
número sete é destacado no Apocalipse:
·
sete
espíritos diante do trono;
·
sete grupos
de irmãos reunidos;
·
sete
castiçais de ouro;
·
sete
estrelas;
·
sete
tochas de fogo;
·
sete
chifres e sete olhos no Cordeiro;
·
sete selos,
sete trombetas, sete taças;
·
sete
trovões;
·
sete
cabeças no dragão e na besta que sobe do mar;
·
sete anjos
com as sete últimas pragas;
·
sete
montes sobre os quais a Grande Babilônia está sentada.
Logo, as sete oholyao (grupo dos que criam em Jesus e se reuniam para
conhecer melhor ao Eterno), representam os sete tipos de grupos que é possível
existir, ou seja, representa toda a Igreja.
Por outro lado, quatro é o número do mundo
organizado:
· Quatro elementos: terra, ar, água e fogo;
· Quatro estações;
· Quatro anjos mantém seguros os quatro ventos do céu (por exemplo, Ap
7.1);
· Quatro cantos da terra;
· Quatro criaturas viventes, emblema da criação redimida (Ap 4.6);
· Em Ezequiel, os querubins tinham quatro faces e quatro asas (Ez 1.5,6);
· Quatro animais (Dn 2.32,33) e quatro metais (Dn 7.3) representando os
quatro impérios mundiais que mais influenciaram a humanidade;
· O vaso que Pedro viu parecia um lençol atado pelas quatro pontas (At
10.11);
· Quatro chifres eram a soma das forças do mundo contra Israel (Zc 1.8);
· Quatro evangelhos foram destinados
a ministrar aos quatro cantos da terra.
· A Nova Jerusalém é quadrangular.
· O quarto cavaleiro, chamado morte, tem poder para matar a quarta parte
da terra por meio de quatro agentes (Ap 6.8).
·
João se
identifica quatro vezes no apocalipse (Ap 1.1,4,9; 22.8).
O número três também merece destaque, pois há:
·
Três ais
(Ap 8.13);
·
Três
espíritos imundos semelhantes a rãs (Ap 16.13);
·
Três
portas em cada lado da cidade celestial (Ap 21.13);
·
Três vezes
o Eterno é declarado “santo” (Ap 4.8).
E quanto à expressão graça e paz (Rm 1.7; 1Co 1.3; Gl 1.3.)? O que
significa? Numa época de grande tribulação (Ap 1.9) e com profecias apontando
mais destruições e sofrimentos, como ele pôde saudar os irmãos em Cristo desta
maneira?
A graça (Favor) do Eterno é a operação Dele dentro do homem (em contraste com os rituais
religiosos). É justamente a capacidade de amar, mesmo num período
tão difícil (ver 2Co 8.1-5).
Paz é o modo de Jesus unir Seus membros em contraste
com a pretensa comunhão existente entre os membros nas instituições religiosas.
É o fruto que surge quando somos libertos das coisas
materiais. Afinal, a maior dor não é a material, mas sim a da rejeição e
traição. É tal como um passarinho que, embora agonize em sua dor, não presta
atenção no agente causador da mesma, mas espera no Eterno, seja pela cura ou
pelo seu fim neste mundo.
Um dos maiores erros nossos é esperar que algo de bom possa vir deste
mundo ou dos que nele estão. Temos que amar aqueles que são nascidos do Eterno
(1Jo 5.1), em particular aqueles que são realmente próximos a nós, a saber, de
quem realmente somos (e não daquilo que pensamos em ser ou que os outros
insistem que sejamos).
Mas afinal, quem está saudando os irmãos (Ap 1.4)?
· Aquele que é, que era e que há de vir, ou seja, Jesus, o Deus Eterno que
virá para arrebatar Sua Igreja. Trata-se de uma alusão ao nome divino revelado
em Êx 3.14-15. Ou seja, quem está saudando é Alguém que nunca muda (que sempre
é – Êx 3.14), que jamais irá abandonar os Seus, mas espera com alegria pelo dia
em que poderá trazê-los para junto de Si. Inclusive, isto condiz com (Hb
11.39,40), onde mostra que os santos não estão na companhia física do Pai, mas
no Seol. E o arrebatamento representa o dia pelo qual Jesus vem esperando por
toda a eternidade quando, finalmente, Ele poderá trazer a Igreja para junto de
Si para contato físico a fim de, com isto, nunca mais, se separarem;
· Os sete espíritos que estão diante do seu trono (ver Ap 3.1; 4.5; 5.6;
Zc 3.9; 4.10), a saber, todos os centros de consciência que há no Eterno e que
estão em conselho (Jr 23.18,22; At 20.27; Ef 1.11). Estes são os sete olhos que
havia na pedra que foi colocada diante do sumo-sacerdote Josué (Zc 3.9). Eles
mostram que o Deus Todo-Poderoso está envolvido por completo com Sua multiforme
graça (1Pe 4.10) e sabedoria (Ef 3.10). Não fica só de longe olhando, nem opera
apenas em parte, como que completando o trabalho do homem;
· Jesus Cristo, ou seja, aquele que recebeu autorização e capacitação do
Pai para ser o sacrifício perfeito que concederia salvação à Igreja com Sua
presença contínua a guiá-la. Quando somos aquilo que o Eterno nunca pensou que
fôssemos, tudo que fazemos não é por amor ao próximo, mas sim pensando em
nossos desejos (ver Jo 14.28). O verdadeiro amor consiste em fazer pelo próximo
o que o Eterno quer fazer na vida dele.
Ou seja, quem está saudando é o próprio Eterno, que faz questão de se
envolver pessoalmente com aqueles que confiam plenamente Nele a fim de
trabalhar neles a salvação contra o pecado, com vistas ao dia em que poderão
estar o tempo todo juntos fisicamente.
Em particular, na frase “que é, que era e que há de vir”, esta
última expressão foi citada ao invés de “que será” a fim de ficar claro que o
Pai está no Filho (João 14.9,10).
Vem a questão: como a igreja deve ver o seu Noivo?
Versículo 5
·
“e da parte
de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe
dos reis da terra. Àquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos
pecados,” (Ap 1.5 – ARC1995).
A tarefa de uma testemunha não é contar uma estória
e discutir acerca da mesma. Antes, seu papel é tão somente transmitir a todos
aquilo que vivenciou (viu, ouviu, sentiu e experimentou). Jesus é a fiel
testemunha porque Sua vida expressa com extrema fidelidade toda a realidade
celestial (João 3.13).
Por qual motivo
a Igreja deve adorar Jesus? Veja os títulos que Jesus recebe:
·
A fiel testemunha
(Is 55.4; 1Tm 6.13).
·
O primogênito
dos mortos (At 26.23; Cl 1.18).
·
O soberano
dos reis da terra (Sl 89.27; Rm 14.9).
·
Aquele
que nos ama;
·
Aquele
que nos libertou dos nossos pecados pelo Seu sangue (Ap 7.14; 12.11; Rm 3.25;
Hb 9.14; 1Pe 1.18-19; 1Jo 1.7). Veja a libertação dos pecados através do sangue
(Êx 12.13,23).
a)
Como a
Fiel Testemunha (Is
55.4) – Este título mostra o ofício profético.
Jesus é fiel testemunha porque Ele não é um mero mártir. Ele realmente
tinha vida para dar, e uma vida pura. É Ele quem tira força da fraqueza, glória
da vergonha, alegria do sofrimento, vida da morte.
O sistema religioso apenas apresenta dogmas religiosos. É Jesus, e não o sistema religioso, quem
realmente mostra o Eterno a todos. Afinal, apenas Ele estava no céu sendo,
assim, o único capaz de mostrar com exatidão todas as coisas referentes ao
Eterno e Seu reino.
Tudo quanto Jesus ouvia do Pai, transmitia fielmente para os seus
discípulos (Jo 15.15 – ou seja, Ele era PROFETA). Ele não falava daquilo que
Ele ouviu dos outros, mas daquilo que viu e ouviu o Pai fazendo (Jo 5.19,30;
7.28; 8.26,28,38,40; 12.49,50; 14.10). Uma vez que Ele sabia de onde veio e
para onde ia (Jo 8.14), nunca deixou de testemunhar sobre o Pai, nem mesmo na
hora do sofrimento e da morte (ver 1Tm 6.13). Nem mesmo sob pressão, pois Ele
não buscava glória de homens (Jo 5.41,44), nem se intimidava por quem quer que
seja, mas ensinava o caminho do Eterno firmado na verdade (Mt 22.16).
Tanto que o Eterno confirmava Sua Palavra com milagres (Mc 16.20; Hb
2.5). Por fim, no dia do juízo, Jesus se levantará como a fiel testemunha que
desmascarará as más obras dos ímpios e, principalmente, dos obreiros da
iniquidade;
Jesus é o único que fielmente pode testemunhar acerca de quem realmente
converteu ou não.
b)
Primogênito
dos Mortos (como sugere Sl
89.27; Rm 14.9) – Este título revela o ofício sacerdotal.
Jesus herdou a primogenitura que Adão perdeu.
Jesus não é simplesmente o primogênito dos mortos (primeiro a morrer –
1Pe 1.19,20), mas o primeiro a ser gerado a partir do mortos (Cl 1.18). Jesus
foi o primeiro a morrer (1Pe 1.20) e ressuscitar (At 26.23; 1Co 15.20; Cl
1.18).
A ressurreição de Jesus foi, na verdade, um nascimento (At 13.32,33 –
note como “tu és meu filho, eu hoje te gerei” está relacionado com a
ressurreição, e não com o nascimento de Jesus em carne). Ele se tornou o
primeiro fruto daqueles que dormem (1Co 15.20). Ou seja, Jesus é o primogênito
(primeiro gerado) entre muitos irmãos (Rm 8.29) através de Sua ressurreição.
Quando se fala em ressurreição, não estamos falando apenas de voltar a
viver, mas sim ser finalmente adotados como filhos do Eterno (Rm 8.23).
Enquanto aqui, somos filhos do Eterno por termos recebido Jesus (Jo 1.12). Sua
presença em nosso espírito é a garantia de um viver segundo a vontade Dele
(apesar da escravidão da alma ao pecado – Rm 7.25). Contudo, após a
ressurreição, nosso corpo e alma também serão tocados pelo Espírito Santo. Daí
Jesus ser nosso SUMO-SACERDOTE, ou seja, o exemplo de quem iremos ser (ver 1Co
15.48,49).
Inclusive, a prova de que a filiação tem haver com a ressurreição é que
Jesus foi declarado Filho do Eterno em poder após ressuscitar (Rm 1.4). Daí ser
dito que Jesus foi gerado como filho no dia em que ressuscitou (Sl 2.7; At
13.31-35). Ou seja, a ressurreição não é simplesmente voltar a viver, mas
completar o processo de filiação que começou quando o Espírito Santo se uniu ao
nosso espírito (1Co 6.17).
Vem a questão: se Jesus é o primogênito, como é possível que a Igreja
seja constituída de primogênitos (Hb 12.23)?
Acontece que, quando alguém se entrega por completo em Cristo, ele
revela uma particularidade de Cristo que ninguém mais revelou (ex: Abraão foi o
primogênito em oferecer o filho em sacrifício, Jó foi o primogênito em sofrer
por sua confiança no Eterno). E só há primogênito e primícias (Tg 1.18) na
Igreja. Não há lugar para cópias.
c)
O
Soberano dos Reis da Terra – Este
título revela o ofício real.
Reis da terra é uma expressão muito usada no apocalipse (Ap 6:15; 17:2;
16.14; 18:3,9; 19:19; 21:24).
A soberania de Jesus é retratada:
·
(em Sl
2.7-9): Jesus tem as nações como herança;
·
(em Sl
89.27): Jesus é o primogênito, feito mais alto que todos os reis da terra;
·
(em Sl
110.2): Jesus irá reinar no meio dos inimigos.
·
(em Is
52.14,15): Jesus é o rei conquistador. É a vitória do reino de Cristo sobre os
reinos religiosos.
d)
Aquele
que nos ama (Jo 13.34; 15.9; Gl 2.20)
Nesta versão aparece “Àquele que nos ama”
(presente); em outras, aparece “Àquele que nos amou” (passado). É importante que
tenhamos consciência das duas coisas:
·
Temos que
olhar para o passado, para a maior demonstração de amor do Eterno para com toda
a Sua criação a fim de que não desanimemos diante das adversidades (ver Romanos
8.37);
·
Temos que
ter certeza de que Seu amor é o mesmo ontem, hoje e sempre.
Não importa o que aconteça, jamais devemos perder
de vista tudo que Jesus fez por nós na cruz.
O amor de Jesus
por nós não é estático, mas sim um amor que nos capacita a amar. Implica em
tomar sobre nós Sua retidão (ver 1Jo 5.3). Fique claro que não é a nossa
purificação que faz com que o Eterno nos ame; ao invés disto, é o amor de Jesus
por nós que O leva a nos lavar.
Ele nos ama
porque, antes de tudo, isto é sua natureza (1Jo 4.8,16).
O fato de o
verbo estar no presente significa que o amor de Cristo é algo presente e que
permanece: Ele nos amou, nos ama e nos amará até o fim (Mt 28.20). A questão com
o amor de Jesus envolve dois aspectos:
·
o que Ele fez por nós na cruz (Rm 5.8), que
constitui a maior prova de amor que Ele pode dar a nós;
·
aquilo que Ele está fazendo por nós e que, muitas
vezes, não nos importamos em ver. Embora nenhuma demonstração de amor seja
superior ao que Ele fez por nós na cruz, é Sua presença contínua amando através
de nós que nos capacita a vencer o mundo (1Jo 5.3,4).
Não se trabalha
para conquistar o verdadeiro amor. Ele é apenas para ser recebido com ações de
graças (ver Jo 1.12). Para ser mais exato: como Jesus é amor (1Jo 4.8,16), ao O
recebermos, automaticamente estamos recebendo o amor.
O Eterno não
projetou que Sua criação se esforçasse para ser alguma coisa. Antes, colocou no
coração de cada um aquilo que o mesmo deve ser (Ez 28.13), bastando tão somente
que cada um se alimente daquilo que o Eterno dá (Dt 8.3; Mt 4.4; Is 48.17,18) e
siga Sua ministração. Isto fará cada um atingir naturalmente tudo aquilo para o
quê foi criado. Infelizmente, muitos abortam este processo.
E qual o porquê
disso? Pense no seguinte:
·
“Porque assim como a morte veio por um homem,
também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos
morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.” (1Co 15.21,22).
·
“E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi,
que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu
pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.” (Hb 7.9,10).
·
“De maneira que, se um membro padece, todos os
membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se
regozijam com ele.” (1Co 12.26).
·
“Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque
eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos
filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” (Êx 20.5)
·
“Saberás, pois, que o SENHOR teu Deus, ele é Deus,
o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o
amam e guardam os seus mandamentos.” (Dt 7.9).
Existe a herança
de bênção e de maldição. Por exemplo: quem crê em Cristo se torna herdeiro de
Abraão pela fé (Rm 4.16-18). Ou seja, embora apenas Abraão tenha sacrificado
Isaque, por meio dele todos oferecemos este sacrifício. De igual modo, por meio
de Jó todos tivemos uma paciência incomparável. E assim Jesus quer atribuir a
cada membro do Seu corpo a conquista de cada um. Daí o fato de devermos nos
alimentar do corpo de Cristo (Jo 6.51-57).
Afinal, cada dom
ou talento peculiar existente no mundo atinge sua excelência em algum dos
membros de Cristo, e isto para usufruto dos Seus.
Ou seja, o Favor
do Eterno não leva em conta leis (Rm 4.11-13; Gl 5.22,23); não está firmado
naquilo que cada um é, mas naquilo que o Eterno é. Se estamos em Jesus, tudo
que o Eterno é vem a nós; do contrário, se estamos desligados de Jesus, toda a
maldição chega a nós naturalmente (ver Rm 11.22-24).
Para
exemplificar: se alguém come só coisa ruim, todos os membros serão afetados,
podendo, por exemplo, dar trombose. Não importa se o membro concorda com isto
ou não, se ele estiver ligado no corpo, irá receber o que a cabeça ingerir.
Logo, se o mesmo não quiser ser alvo de tal maldição, deve sair deste corpo (Ap
18.4).
Se de fato
estamos em Cristo, não há desculpa, pois Ele já nos libertou. Basta tão somente
que nos soltemos das amarras que fizemos para nós mesmos (tal como se deu com
Israel que, após ter sido libertado por Ciro, insistia em se submeter à
escravidão da Babilônia – Zc 2.7).
De igual modo, o
amor não é algo pelo qual nos esforçamos para conquistar ou manter, mas aquilo
que concordamos em permitir que seja desenvolvido em nós quando aceitamos
Jesus.
Enquanto sacerdotes
e reis não têm o privilégio de aproximar do Criador a qualquer momento, Seus
filhos têm. Como só Jesus é filho legítimo, logo só podemos nos aproximar Dele
ou daqueles que pertencem ao Criador quando Ele (com Seu estilo de vida) nos
conduz.
e)
em seu
sangue nos lavou dos nossos pecados
Jesus não morreu
porque Ele falhou em Sua missão, mas sim porque Ele nos amou. Isto combate a
heresia de que Jesus não veio em carne (1Jo 4.2,3).
Também isto nos
mostra que não fomos nós que nos lavamos dos pecados por meio das boas obras,
mas sim Jesus, através de Sua vida em nós. Sem Jesus (e não nós) nos lavar, não
temos parte com Ele (Jo 13.8). Jesus, com Seu sangue, restaura nosso
relacionamento com o Pai, nos salvando de andar vagando por este mundo
procurando um sentido para a vida.
E o fato de o
sacrifício de Cristo estar consumado (Jo 19.30) significa que não há mais
volta: está tudo completo e todo o resultado de Sua obra está em andamento, não
havendo possibilidade de o mesmo não ser concluído.
A única coisa
que nos impede de ter os pecados lavados é o fato de nos considerarmos justos
(1Jo 1.9). Enquanto nós achamos que temos razão, colocamos o Eterno na posição
de mentiroso, injusto e devedor. Apenas vivendo a vida Dele é que nossos
pecados serão perdoados. Confessar o pecado não é simplesmente dizer que
cometeu um erro, mas sim reconhecer que andou agindo separadamente do Eterno.
Se, de fato, tivéssemos conhecendo com profundidade o
amor do Eterno (Ef 3.19), enxergaríamos o quão terríveis são nossos pecados,
bem como a grandiosidade da boa notícia (evangelho), a saber, que é possível
comparecer diante de um Deus tão santo.
Homens querem sempre derramar o sangue dos outros para, supostamente, se
verem livre dos seus pecados ou, então, dar fim a todas as guerras. Mas nenhum
sangue, exceto o de Cristo, pode nos livrar de nós mesmos, pois somente Ele tem
poder e caráter digno para viver em nós o que é para ser vivido e, além disso,
nos suprir.
O amor de Cristo não implica em querermos ser amados por alguém, mas sim
em querermos uma oportunidade para Jesus amar através de nós. Note que Jesus
primeiro nos amou para depois nos lavar, ao invés de esperar que nós nos
lavássemos para, então, nos amar.
De modo que ninguém tem desculpa para dizer que é difícil alcançar o
Eterno. Só não é alcançado por Ele quem Dele foge (ver Atos 17.25-28; Rm
1.18-20). E o amor do Eterno é comprovado através do processo de lavagem da
regeneração e renovação (Tt 3.4-6) de modo a nos possibilitar vencer o mundo
(1Jo 5.3).
Jesus poderia destruir a humanidade e fazer seres prontos para receber
Seu amor. No entanto, fomos criados justamente porque somos as criaturas mais
adequadas (mais pecadoras) para Ele mostrar Sua imensa capacidade de amar, bem
como a eficácia deste gesto em quem por Ele é alcançado.
O amor é ativo no coração, mas em repouso na carne. Ou seja, o amor
consiste em se deixar transformar pelo Eterno através de quem Ele traz a nós e
a estar disposto a permitir que o Eterno trabalhe no coração dos outros através
daquilo que Ele fez de nós.
Não é como o mundo que acha que o amor deve ser passivo no coração (amar
só quem convém à carne e estar disposto a receber amor só de quem dá o que
deseja) e firmado em ações que consiste no esforço de fazer a relação dar
certo.
Mas afinal, Jesus nos limpou, nos lavou ou nos libertou do pecado? A
lavagem dos pecados, num sentido mais profundo, significa nos soltar do pecado (ver
Ap 7.14; 12.11; Rm 3.25; Hb 9.14; 1Pe 1.18,19; 1Jo 1.7).
Isto lembra o fato de os sacerdotes terem que lavar suas mãos e pés
antes de entrarem na tenda da congregação e quando fossem queimar ofertas no altar
do holocausto (Êx 30.18-20), o que nos ensina que ninguém deve se aproximar de
ninguém, nem ofertar nada ao Eterno, sem ter sido limpo e movido pela palavra
de Jesus.
Entenda: o coração sujo impede os outros de aproximarem de nós. Temos
como ir até eles, mas não seremos recebidos. O coração preso não consegue ir a
ninguém, nem mesmo àqueles que querem entrar na nossa vida.
Isto nos revela o imenso amor de Jesus que, ao invés de imputar os
nossos pecados (2Co 5.18-20), preferiu dar-nos Sua vida a fim de que, por meio
Dele, fôssemos livres de pecar contra o próximo. E também nos ensina que, a
menos que nos deixemos guiar pelo Espírito Santo, jamais seremos livres de
pecar e, obviamente, capazes de ministrarmos na presença do Eterno.
Analisemos alguns destaques com relação ao sangue de Cristo:
·
O Eterno
nos deu Jesus a fim de que nossa fé pudesse ser conduzida corretamente, ou, se preferir,
para que pudéssemos ter “em quê” ter fé: “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para
demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a
paciência de Deus;” (Rm 3.25);
·
Purificação
da consciência das obras mortas: “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu
a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras
mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9.14);
·
Nos
purifica do pecado dos outros, ou seja, não permite que a maldade deles afete
nossa maneira de pensar e sentir: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com
os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o
pecado.” (1Jo 1.7).
·
Nos
resgata de viver uma vida inútil: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos
vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado
e incontaminado” (1Pe 1.18,19).
Sem contar que é
por meio do sangue de Cristo que a vitória nos é dada (Ap 7.14; 12.11).
Versículo 6
·
“E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a
ele glória e poder para todo o sempre. Amém.” (Ap 1.6 - ACF).
f)
Nos constituiu reino e sacerdócio
para Seu Deus e Pai (ver – Êx 19.6; Is 61.6; 1Pe 2.5,9; Ap 5.10; 20.6;
cf. Ap 2.26; 3.21).
Jesus vai além de nos perdoar. Ele fez de nós reis e sacerdotes. Isto ia
além do que Adão era. Adão era apenas rei. Nós, todavia, temos a faculdade de oferecer
ao Eterno nossas vidas para que pessoas possam ser transformadas.
Há duas formas de se reinar: com o aval do príncipe deste mundo
(Ha-Satan – Jo 14.30) ou pelo poder do Rei dos reis. Quando nos afastamos de
Jesus, somos obrigados a nos sujeitamos aos poderes deste mundo e, com isto,
apagamos todo o brilho que há no sacrifício de Jesus.
Ora, como podemos nos sujeitar aos poderes deste mundo, sendo que foram
os tais que conspiraram contra o Senhor e contra o Seu Ungido (Sl 2.2; At
4.26)? Estes serão feitos em pedaços (Sl 2.9), enquanto que aqueles que beijam
o Filho (O temem – Pv 9.10) entregarão a Ele sua glória quando Ele se
manifestar com REI dos reis.
Não há nada que façamos para sermos reis e sacerdotes. Jesus já fez isto
por nós. Sendo Jesus rei e sacerdote, no que Ele nos usa, acabamos
desempenhando tal função. Que fique claro: não somos isto de nós mesmos, mas da
ação Dele em nós.
Mas, o que implica ser sacerdote do Eterno?
O sacerdote era aquele que estava constantemente mantendo o fogo do
Eterno aceso no tabernáculo:
· Altar do holocausto -> uma demonstração do
lago de fogo e enxofre, onde o verme não morre e o fogo não se apaga (Is 66.24;
Mc 9.43-48) e da fumaça do tormento de cada um sobe para todo sempre (Ap
14.10,11). Tal como carne nova era oferecida no altar do holocausto, assim o
verme da carnalidade nunca vai morrer, pois sempre haverá novos desejos
brotando no coração, sem nunca encontrar a mínima satisfação (ao contrário do
que se dá parcialmente neste mundo);
· Castiçal de ouro -> a luz permanente que
haverá sobre os que hão de herdar a salvação deveria ser vista de longe por
todos os israelitas todas as vezes que olhasse em direção ao tabernáculo;
· Altar do incenso -> o perfume da Palavra
do Eterno (2Co 2.14-16) que deve brotar contínua e diretamente daqueles que
dedicaram suas vidas a ter relacionamento vivo com o Criador através da oração
(Ap 5.8; 8.3).
Uma característica fundamental do rei ou do sacerdote é que ambos
estavam envolvidos em serviços:
· O rei era o responsável por estabelecer as leis a serem seguidas,
bem como zelar pelo cumprimento das mesmas em prol do amor ao próximo.
· O juiz julgava os que transgrediam a lei e estabeleciam a
sentença.
· O sacerdote, por outro lado, era o responsável por restaurar a
comunhão com o Eterno daqueles que falhassem em cumprir a lei.
Considerando que a lei opera a ira (Rm 4.15), o ofício de rei e
sacerdote isoladamente serviria tão somente para encher de ira mútua: do
rei-sacerdote para com os que não cumprissem as ordens do Eterno; destes para
com e rei-sacerdote quando os repreendesse e, principalmente quando, por algum motivo,
ele fizesse acepção de indivíduos na lei.
Por outro lado, quem for mais fundo no Espírito Santo, será reino e
sacerdócio. Neste caso, não só o tal irá fazer a obra, mas a própria presença
dele já será uma ministração na vida de quem se aproxima, visto que o mesmo
será motivo para o Espírito Santo estimulá-lo à boa obra (ver 2Pe 1.5-8).
Uma vez que nós somos reino do Eterno, isto quer dizer que entrar
no Reino do Eterno implica em entrar no coração daqueles que pertencem ao
Eterno. Aqueles que se identificam com Cristo têm sido transferidos para dentro
do reino do Filho do Seu amor (Cl 1.13), o qual não é deste mundo (João 18.36).
Jesus constrói Seu reino dentro de nós (Lucas 17.21) (somos cidadãos do
céu - Fp 3.20; Ef 2.19; Hb 12.23) e nós reinamos em vida através Dele (Rm 5.17;
2Tm 2.12; Ap 2:26; 3:21: 5:10; 20:6).
Fazer de nós reino sacerdotal sempre foi a vontade do Eterno (Êx 19.6) e
foi o que Ele prometeu para Israel no milênio (Is 61.6). Sempre foi desejo do
Eterno que tivéssemos livre acesso à presença Dele a fim de podermos nos
oferecer em sacrifício (Rm 12.1) para louvor Dele (Hb 13.15), sempre
disponíveis para receber o caráter Dele a fim de que aqueles que Ele colocou na
nossa vida pudessem ser reconciliados com Ele (2Co 5.18-20).
Ou seja, a vontade do Eterno não é simplesmente nos libertar da
escravidão, mas sim nos santificar e nos usar para comandar as coisas à nossa
volta (como era para ser originalmente – Gn 1.28). Cada membro da Igreja é um
sacerdote, o faz da Igreja um reino sacerdotal.
Além de Jesus nos amar e livrar, ele nos fez capaz de reinar sobre o
pecado e de nos usar para que os que nos rodeiam pudessem ter acesso ao Eterno
e àquilo que Ele fez por nós e, deste modo, pudessem ser livres do pecado.
Podemos, agora, buscar no Eterno, o que é preciso para cada um alcançar a
libertação. Não só temos o benefício, como reis, de reinar sobre o pecado, mas
temos a possibilidade de passar isto adiante (o sacerdócio é a semente).
Como sacerdotes, oferecemos sacrifícios de louvor (Hb 13.15). Temos o
privilégio de acesso contínuo ao Favor do Eterno para com o próximo, ou seja,
àquilo que Ele tem para aqueles que Ele traz até nós.
Entenda: temos que ser reis sobre o pecado, a fim de sermos testemunho
vivo de que Jesus morreu e ressuscitou para que a justiça da lei se cumprisse
em quem não anda segundo a carne, mas segundo o espírito (Rm 8.1-4). No entanto,
se não formos sacerdócio, sermos como fruto sem semente ou virgens néscias sem
azeite, a saber: sem a capacidade de promover mudança na vida de ninguém.
Como sacerdotes, somos instrumentos do Eterno para trabalhar a vida
daqueles que Ele traz a nós. No entanto, se não formos reis, seremos como fruto
sem polpa: iremos propagar o nada, ou seja, ainda que preguemos o evangelho
para o mundo inteiro, ninguém será realmente alimentado pelo amor do Eterno e
por ele transformado.
A igreja não foi amada e libertada em troca de nada. O alvo do amor é
fazer de nós, não apenas reis e sacerdotes para o Eterno, mas reino e
sacerdócio (1Pe 2.5,9; Ap 5.10; 20.6; Ap 2.26; 3.21) (como era para ser com
Israel – Êx 19.6; Is 61.6). Ou seja, o Eterno quer preencher os vários cômodos
do nosso coração com aqueles que Ele coloca na nossa vida para, em nosso
espírito, conduzi-los ao lugar onde Ele os deseja a fim de poder, através
deles, ministrar-lhes os serviços sagrados em nós.
Ao dizer que Seu reino não era deste mundo (Jo 18.36), o que Jesus
estava dizendo é que Ele não reina por meio da imposição da lei (toda a
Escritura Sagrada que o povo chama de Antigo Testamento prova que isto não
funciona), mas no interior dos corações dia e noite (ver Ap 5.10; 7.15), pela
virtude de tudo que Ele é, pelos laços de amor sobrepujando corações através da
convicção e atração (Os 11.4).
Somos reis e sacerdotes para ajudar a direcionar e para ministrar no
coração daqueles que o Eterno nos dá e, ao mesmo tempo, nosso coração é o lugar
onde cada um poderá alcançar o sacerdócio e experimentar Jesus reinando sobre
sua vida.
Entenda: ao contrário do mundo, onde alguém não é considerado algo até
formar, no Reino do Eterno o indivíduo não é algo (só o Eterno é – Êx 3.14);
antes, ele vai sendo formado a cada dia (Fp 2.12,13). Ou seja, ninguém é rei e
sacerdote pronto; ao invés disso, vai sendo feito sacerdote e reinando sobre o
pecado (Rm 5.17) com o passar dos dias.
No entanto, que fique claro: tudo isto é para o Deus e Pai, e não para proveito
pessoal. Afinal, a honra, a glória e o poder pertencem apenas a Ele (1Tm 6.16;
Hb 13.21; 1Pe 4.11; 5.11).
É claro que isto atingirá seu ápice depois do milênio, quando na Nova
Jerusalém não haverá tempo, uma vez não existirá mais a distinção entre santo e
profano. Ela toda é um templo (Ap 21.22). Mesmo porque, ouvir a palavra do
Eterno é uma bênção. Cumpri-la é um privilégio.
Jesus recebe doxologia (que é um poema curto que atribui glória ao Pai)
pelo Sua obra redentora em prol do Pai.
As doxologias ocupam lugar importante no apocalipse e, de modo
crescente. Veja:
1 – No capítulo um, o Eterno é exaltado de 2 modos:
· “e nos fez reino, sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele a glória
e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.” (Ap 1.6)
2 – No capítulo quatro, o Eterno é exaltado de 3 modos:
· “E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de
graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o
sempre, (Ap 4.9).
· “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder;
porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.” (Ap
4.11).
No capítulo cinco o Eterno é exaltado de 4 modos:
· “E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra,
e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está
assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra,
e glória, e poder para todo o sempre.” (Ap 5.13).
· “Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade,
domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.” (Jd 25).
No capítulo sete, o Eterno é exaltado de 7 modos, sendo que, em Crônicas,
de apenas 5 modos:
· “Dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação
de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus,
para todo o sempre. Amém.” (Ap 7.12).
· “Tua é, SENHOR, a magnificência, e o poder, e a honra,
e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus
e na terra; teu é, SENHOR, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos.”
(1Cr 29.11).
Note em Dn 7.14 a conexão entre reino, glória e domínio (citado por
Jesus em Mt 24.30).
O fato de dar glória e domínio a Jesus não quer dizer que temos algo
disto para oferecer a Ele. Antes, significa que reconhecemos ser Ele é a fonte
de tudo isto. Ou seja, ao invés de irmos em busca de alguma destas coisas
quando necessitarmos, devemos esperar e confiar que Ele seja tudo isto em
nossas vidas.
Quando deixamos nossos interesses de lado e passamos a glorificar Jesus,
receberemos muito mais do que precisamos. E isto deve ser pelos séculos dos
séculos (Ap 1.6), ou seja, não é apenas por um momento, mas sempre, mesmo
naqueles momentos que parecem insignificantes aos nossos olhos.
Eis o que devemos buscar do Eterno:
· “Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na
muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, por honra e por
desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros;
como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis
que vivemos; como castigados, e não mortos; como contristados,
mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como
nada tendo, e possuindo tudo.” (2Co 6.4,8,9).
· “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios
segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são
chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir
as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir
as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as
desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que
nenhuma carne se glorie perante ele.” (1Co 1.26-29).
Devemos buscar do Eterno força na fraqueza, bondade em meio à maldade,
etc.; enfim, transformar pequenos momentos em algo grande e marcante, como se
um momento significasse uma eternidade, algo que confirme a fé no coração dos
outros.
Não há maior glória, honra, etc. que possamos
receber, senão o próprio Jesus.
Quanto à expressão “para todo o sempre”, ela é bem usada no Apocalipse
(Ap 1.6; 4.9,10; 5.13,14; 7.12; 10.6; 11.15; 14.11; 15.7; 19.3; 20.10; 22.5).
A distinção entre Deus e Pai deve-se ao fato de que, embora devamos ter
intimidade com o Eterno, a ponto de termos liberdade em Sua presença (2Co 3.17),
nem por isto devemos perder a elegância, o respeito e a reverência diante Dele.
Amém = que seja feito. E João cita no versículo seguinte porque deseja
ver isto cumprido rápido.
Versículo 7
·
“Ei-lo que vem com as nuvens. Todo o olho o verá, e
aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele.
Sim. Amém.” (Ap 1.7).
Nuvens são via de regra associadas com a presença e glória do Eterno (ver
Êxodo 13:21-22; 16:10; 19:9; 24:15-18). A multidão dos que creem em Jesus
também é considerada nuvem (Hebreus 12.1), já que o homem é a glória do Eterno
(1Coríntios 11.7).
João não necessitava de uma visão especial para saber que Jesus virá nas
nuvens. Isto já fora predito (Daniel 7:13-14; Mateus 26.64).
Nuvens, para os justos, é sinônimo de livramento, de bênçãos; para os
ímpios, de repreensão. Por exemplo:
· as águas do dilúvio: para Noé e sua família significou livramento, sendo
o arco-íris nas nuvens um sinal disto (Gn 9.13,14,16); para os demais, morte
(1Pe 3.20);
· Nuvens serviram de temor para os que não queriam ter compromisso com
Jesus (Êx 20.18-20; Hb 12.18-21);
· O Eterno “cavalga” com a Sua majestade sobre as nuvens, algo que é boa
notícia para quem espera Nele (Dt 33.26). É como se as nuvens fossem o trono do
Eterno;
· O Eterno, para dar livramento a Israel por meio de Débora e Baraque, fez
as nuvens choverem (Jz 5.4);
· O Eterno abençoa a colheita daqueles que alimentam o coração dos que
pertencem a Jesus. Para isto, Ele lhes abre as janelas dos céus (Ml 3.10,11), ou
seja, manda chuva (ver Gn 7.11).
Jesus, vindo nas nuvens (Dn 7.13; Mt 24.30; 26.64; Mc 13.26; 14.62; Lc
21.27; At 1.9,11; 1Ts 4.17), simboliza julgamento para os ímpios e salvação
para os que Nele esperam. É oportuno lembrarmos que:
· O papel de julgar é do Eterno na qualidade de Pai;
· O papel de salvar é do Eterno na pessoa de Jesus Cristo (compare Jo 5.22
com 8.15);
· O papel de convencer é do Eterno agindo no espírito de cada um,
santificando-os.
As nuvens são símbolo da presença majestosa e gloriosa do Eterno (Êxodo
13:21-22; 16:10; 19:9; 24.15-18). Repare
como Jesus é representado como aparecendo nesta maneira (Êx 19.18; Sl 18.11; Is
19.11).
As nuvens, figurativamente, também representam as multidões de
testemunhas do Eterno que estão à nossa volta (Hb 12.1).
Note que não é dito que Jesus “virá” com as nuvens, mas sim que Ele
“vem” com as nuvens (tempo presente, assim como em At 1.11: “há de vir” em vez
de “haverá de vir”). Em outras palavras, desde que Jesus foi levado ao céu até
sua volta, aos olhos do Eterno, é o mesmo dia, a saber, o sexto dia (embora
para nós se passaram mais de 1.900 anos). No entanto, nossa denominação de tempo
tem haver com o giro da terra, enquanto que o Eterno vê o tempo em termos
mudanças de acontecimento.
Pense: se não houvesse sol, lua e estrelas, qual seria a nossa
referência para determinar que houve mudança de tempo?
Perceba também que não é dito “Jesus vem novamente”. Isto porque, quando
Jesus veio pela primeira vez, Ele não veio em toda Sua glória e majestade.
João não precisava de uma revelação especial para
saber que:
·
Jesus
viria com as nuvens (ele poderia ler isto em Dn 7.13-14 ou lembrar do que Jesus
disse em Mt 24.64).
·
Todo olho
verá Jesus vindo (bastava lembrar do que Jesus disse - Mt 24.26,27).
·
Mesmo os
que transpassaram Jesus iriam vê-Lo (bastava ler Zc 12.10). Por aqui podemos
ver que quem iria ver Jesus transpassado era o povo judeu;
·
Todas as
tribos da terra se lamentariam ao ver Jesus vindo (bastava ler Zc 12.14 ou
lembrar do que Jesus disse em Mt 24.30).
Urge salientar aqui que o povo verá Jesus vindo
duas vezes nas nuvens.
Vem a questão: como é possível que Jesus venha nas
nuvens duas vezes?
Da primeira vez, três dias e meio depois da
primeira metade da 70ª semana. Jesus vem dos céus e vai para o Monte das
Oliveiras (Zc 14.4). Nesta ocasião ressuscitão todos os que morreram em Cristo
Jesus serão ressuscitados e os que estiverem vivos em Cristo serão
transformados (1Ts 4.16,17).
Da segunda vez, no fim da Grande Tribulação. é de
Josafá (Joel 3.12).
Mas, como é que todo olho verá Jesus, visto que a terra é redonda?
Quando Jesus vier (três dias e meio depois da metade da 70ª semana), a terra
ficará plana:
· “E
o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram
removidos dos seus lugares.” (Ap 6.14)
Entenda: quando você olha fora, você vê o sol girando em torno da terra
no sentido anti-horário. Contudo, a verdade é que é a terra que gira em torno
do seu eixo no sentido horário. De igual modo, quando a terra redonda se
desenrolar para um lado e para o outro a partir do polo sul, a impressão que
todos terão é que o céu é que está sendo enrolado pelas extremidades tal como
se faz com um pergaminho. A terra ficará
plana. Não haverá mais montes e vales (com exceção do Monte Sião – Is 2.2,3; Mq
4.1,2).
O fato de todo olho ver, implica que a vinda de
Jesus será pessoal e visível quando Ele vier ao Vale de Josafá.
Como é mais bem-aventurado aquele que creu sem
nunca ter visto (Jo 20.29), logo quem não creu até vir Jesus vindo nas nuvens
sofrerá horrivelmente (Ap 6.16,17).
Por isto é que, quando Jesus vier, todas as
famílias da terra irão lamentar (Zc 12.10-14; Mt 24.30):
·
Os justos,
por perceberem o quão indignos são de receberem o amor de Jesus. Não só isto:
irão também lamentar por verem milhões se perdendo, incluindo parentes seus;
·
Os
perversos, pelo remorso de terem desprezado tão grande amor e, por isto,
estarem condenados ao sofrimento eterno.
Como é que aqueles que transpassaram Jesus O verão? Quando Jesus vier
para introduzir o Milênio, o povo de Israel que o transpassou o verá. Após o Milênio
e a derrota definitiva de Ha-Satan, todos os ímpios de todos os tempos ressuscitarão
e verão a Jesus, incluindo os soldados que o crucificaram e transpassaram.
O fato de Jesus ter sido transpassado (Jo 19.34-37) tinha por finalidade
provar que realmente Ele era humano, e não apenas espírito como muitos achavam
(1Jo 4.3). E o fato de sair sangue e água lembrava os dois métodos de
purificação simbólicos do Testamento da Lei.
As duas palavras usadas para terminar Ap 1.7 (“sim” e “amém”),
representam no original ,Jesus confirmando Sua própria palavra em grego (“sim”)
e em hebraico (“amém”), indicando que, embora o apocalipse seja um
desdobramento das profecias de Daniel para os israelitas, suas promessas também
se aplicam aos não-israelitas.
O “sim” e “amém” são para confirmar que Jesus vem e que todos irão
lamentar, uns por remorso, outros por arrependimento. Daí Jesus enxugar toda
lágrima dos eleitos. Também isto serve para lembrar que Jesus é o “sim” e o
“amém” para as promessas do Eterno (2Co 1.20).
Tudo que foi citado no apocalipse deveria acontecer de modo breve,
começando naquela geração a quem João estava testemunhando e se repetindo na
vida de cada um que crer em Jesus. Na época de Daniel a visão foi dita estar se
referindo aos últimos dias (Dn 2.28), logo nossa dispensação é o tempo do fim e
tudo acontecerá de modo breve (Ap 1.7; 4.1; 22.20).
Versiculo 8
·
“Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz
o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.” (Ap 1.8).
Apenas Daniel (Dn 7:28; 9:2;
10:2) e João fazem uso da expressão “eu, João”, “eu
Daniel”.
Vem a questão: quem pronunciou esta frase: o Pai ou Jesus Cristo?
Certamente é o Pai. E o fato de o Pai usar atributos que Jesus também advoga
para Si prova que Jesus é Deus:
· Alfa e Ômega (veja Cl 2.3) -> essência de todo o conhecimento. Toda
ciência começa e termina no Eterno. Jesus é o início e fim da revelação.
· Isto também aponta para o início da Escritura Sagrada, quando homem e
mulher estão em perfeita comunhão com o Criador, quando ambos estavam na
inocência (de modo natural). Mas, por mais maravilhoso que pareça, no final da
Escritura Sagrada, temos o homem e mulher em perfeita comunhão com o Eterno
após vencerem o conhecimento do bem e do mal originalmente ingerido. Ou seja,
trata-se de uma comunhão mais profunda, madura, espiritual.
Ou seja, embora conheceram o bem e o mal, também
conheceram melhor Jesus e perceberam o quão melhor Ele era. Não era mais uma
escolha ignorante (forçada), mas uma escolha consciente, resultado do trabalhar
do Espírito Santo nos corações. Após o juízo final, quando tudo se fizer novo
(Ap 21.1), aí então todo o mal desaparecerá da alma.
· Primeiro e Último (compare Ap 1.17; 21.6; 22.13; com Is 41.4; 44.6;
48.12) -> O Eterno é o principal e o menos importante de todos. Ou seja, em
todas as coisas e indivíduos, desde o maior até o mais insignificante, o Eterno
está agindo em tudo e todos (ver Ef 4.6). Ou seja, só Ele é alguma coisa (Êx
3.14).
· Aquele que é, que era e que há de vir -> Entendendo que quem há de
vir é Jesus, logo o Eterno está dizendo que Ele é Jesus encarnado.
· O Todo-Poderoso -> Este título, fora do Apocalipse (onde aparece nove
vezes: Ap 1.8; 4.8; 11.17; 15.3; 16.7,14; 19.6,15; 21.22) só aparece uma vez no
Testamento do Favor do Eterno (1 Coríntios 6.18) e é uma referência ao
Testamento da Lei com respeito ao Eterno (aparecendo 45 vezes).
Estes títulos significam que tudo que o Eterno começa Ele termina. Não
importa como as coisas começaram, muito menos que rumo estão tomando, nada
acontece sem a permissão de Eterno e, no final, Ele será glorificado. Tudo
acontecerá como Ele planejou (Jó 42.2).
Mais ainda: por aqui é combatida a heresia de achar que Jesus é alguém
separado do Pai. Afinal, uma vez que o Eterno é o Todo-Poderoso (Aquele que tem
todo poder), se Jesus não for um com o Eterno, então temos um contrassenso: como
alguém pode ser todo-poderoso (ver Ezequiel 1:24; 10.5, Salmos 91:1; Ap 16.14; 19:15; 21:22) se há mais alguém com
poder?
Versículo 9
·
“Eu, João, que também sou vosso irmão e companheiro
na aflição, e no Reino, e na paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada
Patmos, por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo.” (Ap
1.9).
Companheiro realmente significa “co-labor-ador”. Ou seja, João se coloca
no mesmo nível que os demais irmãos que estavam sendo atribulados, passando
grandes labores juntos com todos eles.
O Reino do Eterno vem acompanhado de duas palavras: tribulação e
paciência. Sendo o Eterno o Todo-Poderoso, devemos ter paciência em meio à
tribulação a fim de que possamos alcançar, em nossas vidas, o reinado do
Eterno.
Entenda: tribulação é o meio pelo qual vamos entrar no Reino do Eterno e
a paciência, o meio de trilharmos este caminho:
·
“Confirmando os ânimos dos
discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações
nos importa entrar no reino de Deus.” (Atos 14.22).
E quando fala em paciência, que fique claro: não se trata de uma
paciência passiva (de aceitar os males calado), mas sim uma paciência ativa
(perseverar até ver a vontade do Eterno cabalmente cumprida – ver Ap 3.10;
13.10; 14.11-12).
Quando somos testados, o objetivo é provar para todos, incluindo a nós e
a principados e potestades, que Jesus, Sua obra e Palavra funcionam. A
suficiência da vida de Jesus será provada através de nós. Devemos permanecer
nas situações que nos são trazidas, servindo de suporte àqueles que são do
Eterno (Ef 4.2), nos humilhando debaixo da potente mão Dele (Tg 4.6; 1Pe
5.5-7), mesmo quando a situação é desagradável. A perseverança é indispensável
para alcançar glória, honra e incorrupção (Romanos 2.7) e, com isto, ganharmos
nossa alma.
A trilogia tribulação, reino e paciência é também ressaltada em (2Ts
1.3-5), sendo algo que devemos compartilhar (Cl 1.24; Fp 3.8-10). Afinal, se o
único filho do Eterno é Jesus, logo só é filho Dele quem se aflige tal como Ele
pela Igreja com paciência (ou seja, com perseverança, sem desistir). Apenas
assim alguém poderá dizer que está sob o governo de Cristo. Sem isto, todos
estão condenados, já que, de uma forma ou de outra, acabarão ocupando o lugar
do Eterno como juízes.
Sofrimento não é algo que damos ao Eterno para glória Dele, mas um
privilégio que Ele concede aos que O amam (At 5.40,41; Cl 1.24; Fp 1.29;
3.8-10; 1Pe 4.12-14) de experimentar dentro de si o testemunho do Eterno (Ap
1.2).
João se coloca acima do leigo, mas ao mesmo tempo não usou nenhum título
extraordinário para se fazer impressionar pelos outros. João deixou o exemplo
se mostrando irmão e companheiro nos momentos difíceis (irmão é o maior título
que um seguidor de Jesus pode dar a outrem). Mesmo porque nosso chamado em
Cristo tem haver com aflições (At 14.22; Fp 1.7,29; 4.14; Cl 1.24; 2Tm 1.8;
2.12; Rm 8.17; 1Pe 2.18-24; 4.12-19).
Porém, João não foi um companheiro carnal, mas sim em Jesus. Ou seja,
ele pacientemente fortalecia a fé dos irmãos dentro de cada um deles enquanto
estavam a sofrer por amor a Jesus e ao Seu reino.
Por causa da Palavra do Eterno e do testemunho de Jesus Cristo são
ligados intimamente (daí não ser “por causa da Palavra do Eterno e por causa do
testemunho de Jesus Cristo”). No que Jesus testemunhou vivendo a Palavra do
Eterno, além de tornar os desobedientes condenáveis diante Dele, Jesus mostrou
aos Seus o privilégio de amar, a saber, aquilo para o quê realmente fomos
feitos.
João se achou numa ilha chamada Patmos (provavelmente ele foi levado
para lá inconsciente). Ali ele experimentou o mundo físico se fechar e ele
ficar completamente mergulhado no mundo espiritual, tal como ele seria no dia
do Senhor (quando Jesus vier para inaugurar o milênio). Note a ênfase da
expressão arrebatado no espírito (Ap 4.1-2; 17.3; 21.10), diferente do que se
deu com Pedro (At 10.10) que simplesmente teve uma visão no lugar onde ele
estava.
Versículo 10
·
“Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e
ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,” (Ap 1.10).
João foi transportado para o local da visão tal como Ezequiel (ver Ez
37.1). Afinal, o infinito não pode ser reconhecido pela mente. É preciso vivenciá-lo
internamente.
Há quatro referências no Apocalipse dizendo que João estava em espírito:
em Patmos (Ap 1.10), no céu (Ap 4.2), no deserto (Ap 17.3) e finalmente num
grande e alto monte (Ap 21.10).
A expressão “grande voz” ocorre, no Apocalipse, as seguintes vezes:
1.
“Eu fui arrebatado no Espírito no dia
do Senhor, e ouvi detrás de mim uma GRANDE VOZ, como de trombeta,”
(Apocalipse 1.10);
2.
“E vi um anjo forte, bradando com
GRANDE VOZ: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos?”
(Apocalipse 5.2);
3.
“Que com GRANDE VOZ diziam: Digno é o
Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força,
e honra, e glória, e ações de graças.” (Apocalipse 5.12);
4.
“E clamavam com GRANDE VOZ, dizendo:
Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue
dos que habitam sobre a terra?” (Apocalipse 6.10);
5.
“E vi outro anjo subir do lado do sol
nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com GRANDE VOZ aos quatro
anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar,” (Apocalipse 7.2);
6.
“E clamavam com GRANDE VOZ, dizendo:
Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.”
(Apocalipse 7.10);
7.
“E olhei, e ouvi um anjo voar pelo
meio do céu, dizendo com GRANDE VOZ: Ai! ai! ai! dos que habitam sobre a terra!
por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda
tocar.” (Apocalipse 8.13);
8.
“E clamou com GRANDE VOZ, como quando
ruge um leão; e, havendo clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes.”
(Apocalipse 10.3);
9.
“E ouviram uma GRANDE VOZ do céu, que
lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos
os viram.” (Apocalipse 11.12);
10.
“E ouvi uma GRANDE VOZ no céu, que
dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o
poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual
diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.” (Apocalipse 12.10);
11.
“E ouvi uma voz do céu, como a voz
de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de
harpistas, que tocavam com as suas harpas.” (Apocalipse 14.2);
12.
“Dizendo com GRANDE VOZ: temei a
Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que
fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” (Apocalipse 14.7);
13.
“E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com
GRANDE VOZ: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua
testa, ou na sua mão,” (Apocalipse 14.9);
14.
“E outro anjo saiu do templo,
clamando com GRANDE VOZ ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua
foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está
madura.” (Apocalipse 14.15);
15.
“E saiu do altar outro anjo, que
tinha poder sobre o fogo, e clamou com GRANDE VOZ ao que tinha a foice aguda,
dizendo: Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque
já as suas uvas estão maduras.” (Apocalipse 14.18);
16.
“E ouvi, vinda do templo, uma GRANDE
VOZ, que dizia aos sete anjos: Ide, e derramai sobre a terra as sete taças da
ira de Deus.” (Apocalipse 16.1);
17.
“E o sétimo anjo derramou a sua taça
no ar, e saiu GRANDE VOZ do templo do céu, do trono, dizendo: Está feito.”
(Apocalipse 16.17);
18.
“E clamou fortemente com GRANDE VOZ,
dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil
de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável.”
(Apocalipse 18.2).
19.
“E, depois destas coisas ouvi no céu
como que uma GRANDE VOZ de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! Salvação, e
glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor nosso Deus;” (Apocalipse 19.1);
20.
“E ouvi como que a voz de uma grande
multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes
trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina.”
(Apocalipse 19.6);
21.
“E vi um anjo que estava no sol, e
clamou com GRANDE VOZ, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu:
Vinde, e ajuntai-vos à ceia do grande Deus;” (Apocalipse 19.17);
22.
“E ouvi uma GRANDE VOZ do céu, que
dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e
eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.”
(Apocalipse 21.3).
Esta alta voz pode ser comparada ao som de trombeta, de um trovão e a
rugido de muitas águas. A voz de trombeta lembra quando o Eterno se manifestou
para Israel no Monte Sinai (Êx 19.17-19), a qual contém uma grande mensagem de
aviso (veja, por exemplo, 1Tessalonicenses 4.16).
João ouviu uma voz, como de trombeta, a qual era
usada como aviso para o povo parar tudo que estava fazendo para se reunir onde
tivesse ouvido o toque da trombeta (ver Nm 10.1-10) (seja para celebrar festa
ao Eterno, seja para tomar alguma decisão importante ou para avisar que a
guerra estava às portas).
Por aqui podemos aprender que o apocalipse deve ser
encarado como uma parada, uma saída completa do Sistema Babilônico que rege
este mundo para receber, entender e praticar a mensagem que estava sendo
transmitida. Afinal, todo dia, na vida do que crê, deve ser dia do Eterno.
Ninguém precisa mais fazer como os atenienses que ficavam por conta de dizer ou
ouvir novidades (At 17.21), pois passado, presente e futuro estão contidos no
apocalipse.
Quanto à grandeza da voz, não se trata de tentar
intimidar, mas sim de algo intrínseco à voz e à mensagem pregada. Para ser mais
exato: não é um ser se esforçando para gritar, mas, naturalmente falando, sua
voz era assim. A voz era grande, não porque necessariamente sua intensidade
fosse alta, mas sim porque tinha autoridade e poder.
Embora o império romano pudesse impedir João de
estar, fisicamente, em comunhão com a Igreja que se reunia nas sete províncias
da Ásia, não pôde impedir o contato de João com o céu. Aliás, o exílio e
solidão contribuíram para João melhor ver o mundo espiritual e, assim, melhorar
a comunhão entre os membros da Igreja.
João ouviu a voz por detrás dele (tal como foi sugerido
em Isaías 30.21). A finalidade disto era mostrar que o Eterno conduz Seu povo
com humildade, e não com o poderio carnal. Jesus vai com os últimos (Is 41.4)
para que os primeiros nunca se considerem superiores (Zc 12.7; 1Co 12.24-26),
mas sempre se preocupem com os demais.
Quanto ao “dia do Senhor”, vejamos o que diz a Escritura Sagrada:
1.
“Porque o dia do SENHOR dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e
contra todo o que se exalta, para que seja abatido;” (Isaías 2.12);
2.
“Clamai, pois, o dia do SENHOR está perto; vem do Todo-Poderoso como assolação.” (Isaías
13.6);
3.
“Eis que vem o dia do SENHOR, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em
assolação, e dela destruir os pecadores.” (Isaías 13.9);
4.
“Porque este dia é o dia do Senhor DEUS dos Exércitos, dia de vingança para ele se vingar
dos seus adversários; e a espada devorará, e fartar-se-á, e embriagar-se-á com
o sangue deles; porque o Senhor DEUS dos Exércitos tem um sacrifício na terra do
norte, junto ao rio Eufrates.” (Jeremias 46.10);
5.
“Não subistes às brechas, nem
reparastes o muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja no dia do SENHOR.” (Ezequiel 13.5);
6.
“Porque está perto o dia, sim, está
perto o dia do SENHOR; dia nublado; será o tempo dos gentios.” (Ezequiel 30.3);
7.
“Ai do dia! Porque o dia do SENHOR está perto, e virá como uma assolação do Todo-Poderoso.”
(Joel 1.15);
8.
“Tocai a trombeta em Sião, e clamai
em alta voz no meu santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já está perto;” (Joel 2.1);
9.
“E o SENHOR levantará a sua voz
diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque
poderoso é, executando a sua palavra; porque o dia do SENHOR é grande e mui terrível, e quem o poderá suportar?” (Joel
2.11);
10.
“O sol se converterá em trevas, e a
lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR.” (Joel 2.31);
11.
“Multidões, multidões no vale da
decisão; porque o dia do SENHOR está perto, no vale da decisão.” (Joel 3.14);
12.
“Ai daqueles que desejam o dia do SENHOR! Para que quereis vós este dia do SENHOR? Será de trevas e não de luz.” (Amós 5.18);
13.
“Não será, pois, o dia do SENHOR trevas e não luz, e escuridão, sem que haja resplendor?”
(Amós 5.20);
14.
“Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todos os gentios; como tu fizeste,
assim se fará contigo; a tua recompensa voltará sobre a tua cabeça.” (Obadias
1.15);
15.
“Cala-te diante do Senhor DEUS,
porque o dia do SENHOR está perto; porque o SENHOR preparou o sacrifício, e
santificou os seus convidados.” (Sofonias 1.7);
16.
“O grande dia do SENHOR está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é
a voz do dia do SENHOR; clamará ali o poderoso.” (Sofonias 1.14);
17.
“Eis que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se repartirão no meio de ti.”
(Zacarias 14.1);
18.
“Eis que eu vos enviarei o profeta
Elias, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR;” (Malaquias 4.5);
Observe como a expressão “dia do SENHOR” está sempre relacionada com juízo
e destruição. E quando Pedro prega para a multidão de quase três mil
indivíduos, ele faz a conexão entre o “dia do SENHOR” e o “dia do Senhor
Jesus”:
· “O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes
de chegar o grande e glorioso dia do Senhor;”
(Atos 2.20);
E não é para menos, já que o dia do Senhor Jesus implicará no sofrimento
e destruição dos ímpios (daí o uso da expressão “ladrão na noite”):
·
“Seja entregue a Satanás para
destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.” (I Coríntios 5.5);
·
“Como também já em parte
reconhecestes em nós, que somos a vossa glória, como também vós sereis a nossa
no dia do Senhor Jesus.” (II Coríntios 1.14);
·
“Porque vós mesmos sabeis muito bem
que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;” (I Tessalonicenses
5.2);
·
“Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual
os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a
terra, e as obras que nela há, se queimarão.” (II Pedro 3.10);
Logo, não há o que discutir: João foi transportado para a septuagésima
semana de Daniel e vivenciou, em sua carne, o que iremos passar durante estes
últimos sete anos desta era.
Não existe nenhum trecho da Escritura Sagrada que associa o dia do
Senhor com o domingo e apenas um trecho o associa com o sábado:
· “Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade
no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus
caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas
próprias palavras,” (Isaías 58.13);
E a única razão para esta associação é pelo fato de que depois dos seis
dias de trabalho árduo resultantes da maldição adâmica (Gênesis 3.19),
finalmente vem o dia que o homem deveria descansar das suas obras más e viver
da provisão sobrenatural do Eterno.
De igual modo, o dia do Senhor será o dia que Jesus virá para limpar o
mundo das obras dos homens e trazer os mil anos de descanso para o povo do
Eterno. Contudo, este processo de limpa trará grande angústia ao povo de Israel
(Jeremias 30.5-7; Daniel 12.1, Mateus 24:21).
Que o dia do Senhor não pode ser sábado ou domingo, basta pensar que, na
Escritura Sagrada, não se valoriza um dia mais do que o outro (Rm 14.5-8; Cl
2.16).
E considerando que o dia do Senhor é o dia em que Ele vem para reinar
neste mundo, logo todos que creem em Jesus devem viver já o dia do Senhor, o
qual traz punição a toda desobediência quando nossa obediência estiver cumprida
(2 Coríntios 10.3-6).
Ou seja, o dia do Senhor não é algo pontual (um mero dia de 24 horas),
mas, como para o Senhor um dia é como mil anos (2Pe 3.8), logo este dia, na
vida dos que creem, é maior que a passagem deles por este mundo. Em outras
palavras, o Apocalipse representa toda a vida daquele que crê em Jesus, embora
também represente o que irá acontecer nos sete últimos anos que antecederão a
vinda do milênio.
Em outras palavras, devemos abordar duas linhas de raciocínio no Apocalipse:
·
As etapas
a serem vividas pelos seguidores de Jesus;
·
Todos os
acontecimentos que irão compor a 70ª semana.
Diferentemente dos profetas que, embora ouvissem a
voz do Eterno, ainda assim permaneciam conectados com esta realidade, João se
achou por completo em espírito, ficando totalmente alheio a tudo que acontecia,
vivendo aquela realidade que estava sendo mostrada.
Que fique claro: João foi arrebatado no dia do
Senhor. Ou seja, João estava dentro deste dia, vivendo este dia e foi
arrebatado em espírito nesta realidade. Ou seja, esta é a vida de quem crê em
Jesus. Daí ser bem-aventurado quem crê no Apocalipse (Ap 1.3; 22.7) e maldito
qualquer que fizer qualquer alteração nele (Ap 22.18,19).
Versículo 11
·
“Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o
derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que
estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a
Filadélfia, e a Laodicéia.” (Ap 1.11).
Jesus, além de conhecer o fim desde o princípio,
nada existe antes Dele e nem existirá depois Dele (afinal, depois do Juízo Final,
só permanecerá aquilo em que o Eterno é tudo em todos – 1Coríntios 15.28).
João aqui deixa claro que ele escreveu o livro
mediante ordem divina e não o que lhe aprouve (ver Apocalipse 10:4). Era tão
importante a permanência desta palavra que, por mais de onze vezes, é ordenado
a João que escrevesse tudo (Apocalipse 1.19; 2:1,8,12,18; 3:1,7,14; 14:13;
19:9; 21:5). Isto prova que o livro do Apocalipse é para toda a Igreja em todos
os tempos (ver Hc 2.2,3). E, apesar de tanta ênfase por parte de Jesus, ainda
assim muitos (incluindo os que dizem crer em Jesus) ignoram este livro.
Curiosamente, Paulo também escreveu a sete Oholyao:
Roma, Corinto, Galácia, Eféso, Colossos, Filipos e Tessalônica.
E que o apocalipse não vale apenas para as sete
oholyao da Ásia, basta pensar que Jesus diz: “quem tem ouvidos, ouça o que o
espírito diz às igrejas” (Ap 2.7,11,17,29; 3.6,13,22).
Atente para o que a ALTA voz dizia. A mensagem
deveria ser pregada com fidelidade (daí Ap 22.18,19) e perpetuamente. Eis o
motivo de precisar ser escrita (Is 30.8).
Provavelmente, a ordem dada a João para escrever,
não só era uma autorização para escrever, mas também um estímulo e capacitação
para a escrita. Afinal, é bom lembrar que João era iletrado (Atos 4.13).
Versículo 12
·
“Voltei-me para ver a voz que falava comigo; assim
voltado, vi sete candeeiros de ouro” (Ap 1.12 – TB1917).
Como é possível um indivíduo ver a voz de outro?
A unidade expressa pelo castiçal de ouro no
Testamento da Lei era uma unidade meramente externa (e que mantinha todos os
não-judeus de fora), constituído de um só povo e um só lugar de adoração.
O Testamento do Favor do Eterno, por outro lado, é
constituído de adoração em qualquer lugar, a qualquer hora por qualquer
indivíduo (e isto com plena intensidade, como se os sete candeeiros estivessem
reunidos no mesmo lugar). O número sete para a Igreja (ver Ap 1.20) indica que,
hoje, cada grupo de irmãos em comunhão constitui um castiçal, de modo que a
Igreja não é e jamais será centralizada, mas está em toda parte, onde houver
dois ou três reunidos no nome de Jesus (Mt 18.20). Todavia, juntos, todos constituem
a Igreja de Cristo a qual, espiritualmente, mantém a perfeita unidade (Efésios
4.3-6).
Detalhe: no Santo Lugar a luz do dia não penetrava.
Logo, o mesmo era iluminado apenas pela luz do castiçal de ouro (Êx 25.37; ver
Zc 4.2). Isto nos ensina que a Igreja jamais deve ser iluminada pela sabedoria
deste mundo (1Co 2.4,5), mas apenas por aquilo que o Eterno Lhe permite saber
(ver Gn 3.11; Is 48.17,18).
É importante que fique claro que o castiçal, de si
mesmo não emite luz. Ele apenas abriga em seu interior óleo e fogo que, juntos,
produzirão a luz.
De igual modo, a Igreja em si não é luz e verdade.
Ela apenas permite que Jesus manifeste a luz (João 8.12; 9.5) da Sua verdade
(João 14.6) dentro de Si e, então, se ergue para que todos possam ver essa
graça, luz e vida (Mateus 5.14-16).
O ser feito de ouro indica o quão preciosa,
sagrada, celestial e divina é a Igreja quando permite que Cristo (Jo 8.12) seja
a sua luz (Mt 5.14-16; Fp 2.14,15), ou seja, Aquele que lhe faz enxergar
corretamente o mundo e tudo que nele acontece, bem como Aquele que a usa para
firmar Sua verdade e presença pelo mundo afora (1Timóteo 3.15).
Versículos 13 a 16
·
“e no meio dos candeeiros um semelhante a filho de
homem, vestido de uma roupa talar e cingido pelos peitos com uma cinta de ouro;
a cabeça e os cabelos eram brancos como lã branca, como a neve; os olhos eram
como uma chama de fogo; os pés eram semelhantes ao latão polido como se fosse
derretido na fornalha, e a voz era como a voz de muitas águas. Ele tinha na
destra sete estrelas; da boca saía uma espada de dois gumes, e o rosto era como
o sol quando brilha na sua força.” (Ap 1.13-16 TB1917).
Antes de tudo, compare as semelhanças entre a
descrição de Daniel e de João:
Características |
Daniel 10:5-6 |
Apocalipse 1:13-15 |
Aparência |
Um certo homem |
Semelhante ao Filho do Homem |
Roupa |
Vestido de linho |
Vestido com uma vestimenta |
Cinto |
Cintura cingida com ouro de Ufaz |
Cingido sobre os peitos com um cinto
de ouro |
Face |
Face como aparência de luz |
Cabelo e cabeça era brancos como lã e
neve |
Olhos |
Olhos como tochas de fogo |
Olhos como chamas de fogo |
Braços e pés |
Semelhantes
ao bronze polido |
Pés, semelhantes a latão reluzente,
como se tivessem sido refinados numa fornalha |
Voz |
Voz das suas palavras era como a voz de uma
multidão. |
Sua voz como a voz de muitas águas. |
Era trabalho do sumo-sacerdote manter o castiçal
aceso no tabernáculo continuamente.
Note como João começa vendo a roupa e o cinto de
ouro, depois os cabelos. Quando ele vê os olhos de Jesus, de certo o olhar
penetrante de Jesus o fez baixar sua cabeça e ele passou a ver os pés e, após
receber força interior, começa a levantar novamente sua cabeça. É quando então
ele vê as estrelas, a boca e o rosto. No entanto, o rosto, nesta altura, deve
ter aumentado sua glória, o que fez João desmaiar.
Detalhe: a voz de Jesus não é tão insuportável
quanto a glória do Seu rosto.
O fato de Jesus estar no meio dos 7 castiçais de
ouro (Ap 2.1) aponta para Sua presença contínua em incessante atividade no meio
da Igreja aqui na terra. Isto nos ensina que o lugar onde Ele pode ser
encontrado é no centro da comunhão da Igreja.
Ajuntando com o arco-íris ao redor do trono (Ap
4.3), isto comprova que Jesus não está alheio ao que acontece neste mundo.
E quando João vê Aquele que ia desposar o povo
eleito como Sua Noiva, ele não viu Jesus com os cabelos cheios de sangue, olhos
inchados, pés pregados na cruz, voz rouca pela língua seca que se pregava ao
céu da boca. Muito menos vê mãos perfuradas, rosto desfigurado, despido. Ao
invés disto ele vê Jesus de um modo semelhante ao que viu Daniel (Dn 10.6):
1 – semelhante
a filho de homem (Ap 1.13; 14.14; ver Ez 1.26; Dn 7.13; 10.16).
Embora Jesus tenha um corpo glorificado, será
possível ver os traços da Sua humanidade (contestado por muitos – 1Jo 4.2,3),
tal como Ele foi visto por Seus discípulos (Lc 24.15; Jo 20.27). Em contraste
com a agonia de Jesus no Getsêmani e Sua vergonha e sofrimento no Gólgota,
agora João vê Jesus em Sua glória.
Isto nos leva a concluir que Sua glória não é
simplesmente por ser Deus ou por ter herdado isto como Filho do Eterno, mas sim
o resultado de tudo que Ele viveu e sofreu como Filho do Homem. Ou seja, todos
os atributos abaixo têm haver com Sua vitória sobre o pecado, a morte e
Ha-Satan.
Uma vez que tanto o que santifica como os que são
santificados vêm de um só (Hb 2.11,12), não é uma desonra ser visto como um
“simples” homem (ao invés de ser visto em Sua forma divina), pois, embora o
Eterno seja Supremo, ainda assim Ele nunca projetou este isolamento que é
pregado nas religiões pagãs.
O título filho do homem foi dado principalmente a
Ezequiel e uma vez a Daniel (Dn 8.17). Ele se opõe à expressão “filho de Deus”
e significa aquele que tem em si toda a natureza humana. Ao usar isto para
Ezequiel e Daniel, o Eterno estava mostrando que estes dois homens não foram
consagrados pelo Eterno por serem uma classe de seres humanos especiais. Isto
significa que qualquer ser humano pode ser usado como eles foram.
No caso de Jesus, isto é para provar que Ele foi
100% homem (Romanos 8.3,4; Hebreus 4.13-15) e que, ao viver sem pecado, Ele se
tornou capaz de julgar ou perdoar pecados (João 5.27; Lucas 5.20,24).
Detalhe: na oferta dos magos que vieram do oriente,
o ouro reconhecia Jesus como Deus, o incenso lembra Jesus como o perfeito
sumo-sacerdote a mirra afirma Jesus como o Cordeiro sacrificial de cheio suave
ao Eterno.
2 – vestido
de uma roupa talar (Ap
1.13).
No Testamento da Lei, vestes sagradas foram feitas
a Arão (Lv 16.4,23,24) para glória e ornamento (Êx 28.2), para santificá-lo (Êx
28.3), conferindo-lhe uma posição de importância e autoridade (rei e
sacerdote).
Jesus, igualmente, está vestido de beleza e glória
(Is 4.2). Hoje, a justiça do Eterno é que deve nos vestir (Ef 6.14), ou seja,
nos diferenciar dos demais que vivem neste mundo.
Precisamos ser despidos dos poderes e glória deste
mundo (ver Sl 20.7; Is 30.1-3; 31.1-3) para sermos vestidos com a justiça e
glória do Eterno (ver Jo 5.44). Em lugar de veste luxuosa, devemos usar o pano
de saco do choro e lamentação pelas vidas que se perdem (ver Am 6.1,3-6; 2Co
11.28,29; Cl 1.24), incluindo a nossa (Lc 17.3; 21.34; 2Jo 8; Tg 4.8,9).
Devemos estar usando o incorruptível traje de um espírito manso e quieto (1Pe
3.3,4).
Posteriormente os sete anjos com os sete últimos
flagelos usam tais vestes (em Ap 15.6). Logo, esta veste seria como a beca de
um juiz.
3
– cingido pelos peitos com uma cinta de ouro (Ap 1.13).
Enquanto apenas parte do cinto de Arão era de ouro
(Êx 28.8), o de Jesus é todo feito de ouro. O cinto tem por finalidade manter a
veste de justiça mais apegada ao corpo. O que faz isto é a verdade (Ef 6.14). O
fato de ser cingido pelos peitos permite movimento majestático e calmo.
Ainda que os outros queiram nos escravizar, não
devemos resistir ao perverso, nem mesmo negar-lhe o que ele acredita ser dele
(Mt 5.39-44). Deixemos que a Verdade (Jo 14.6) fale mais alto (Sl 37.5,6).
4
– a cabeça e os cabelos eram brancos como lã branca, como a neve (Ap
1.14; ver Dn 7.9).
Considerando que cabelo branco era sinônimo de
muita idade e sabedoria, logo tais cabelos (que não eram grisalhos, mas
plenamente brancos) revelam a eternidade (Sua e do seu reino), bem como a
perfeição e pureza da Sua sabedoria. Estes cabelos ligam Jesus ao Ancião de
Dias em Daniel 7.9.
Enquanto neste mundo os cabelos brancos são símbolo
de enfraquecimento e feiura, no céu é símbolo de pureza e glória:
·
Primeiro,
porque é quando estamos fracos que somos fortes (2Co 12.9,10);
·
Segundo,
porque nossa cabeça deve caducar aos olhos do mundo para ter condições de assimilar
a verdadeira sabedoria (1Co 3.18-20; 2.1-5).
·
Terceiro,
porque em lugar da encrespadora de cabelos ou de fazê-lo brilhar pelo azeite, a
cabeça deve estar adornada com o capacete da salvação (Is 59.17; Ef 6.17).
·
Quarto,
porque quando o Eterno menciona lã e neve, Ele o faz com relação à purificação
do pecado (veja Isaías 1.18; Salmo 51.7).
Note também que lã e neve representam contrastes.
Afinal, a lã serve para preservar o calor do corpo contra a frieza da neve.
Assim, a cabeça Jesus se mantém fria, mas ao mesmo tempo aquecida pelo Seu
amor.
De igual modo, não devemos ser indiferentes ao
pecado que tão de perto nos rodeia (Hb 12.1), nem colocar o sol sobre nossa ira
(ver Ef 4.26). Devemos encarar tudo com serenidade, mas dispostos a fazermos
algo a respeito, sempre tendo prazer na salvação de Jesus (Sl 9.14; 13.5; 20.5;
21.1; 40.16; 51.12; 70.4).
5 – os
olhos eram como uma chama de fogo (Ap 1.14; 2.18; 19.12; ver Dn 10.6).
Os olhos de Jesus têm, ao mesmo tempo, luz e calor.
Seu amor, como chamas de fogo, é capaz de constranger qualquer pecador
(2Coríntios 5.14), fazendo brotar em seu coração um genuíno arrependimento pelo
pecado. Os olhos de Jesus penetram tão fundo que fazem o coração de quem O nega
chorar amargamente (Lc 22.61,62; ver 2Co 5.14).
Em contrapartida, com relação aos pecadores
impenitentes, os olhos de Jesus são uma expressão da Sua ira e vingança, tal
como Jesus vem em chamas de fogo a fim de tomar vingança contra os que não
conhecem ao Eterno e não obedecem ao evangelho do Senhor Jesus (2Ts 1.7,8; Ap
19.11,12).
De modo algum os olhos de Jesus expressam duas
coisas diferentes (ver Tiago 3.10-12). Jesus é apenas amor (1João 4.8,16).
Contudo, este perfume de amor pode ser percebido de duas formas diferentes
(dependendo do que existe no coração do pecador – 2Coríntios 2.14-16; Tito
1.15). É preciso se tornar cego para as coisas deste mundo para passar a
enxergar a verdadeira realidade (Jo 9.39-41).
Todavia, Seus olhos, além de não se contaminarem
com o pecado, são capazes de queimar o pecado na vida de quem permitir.
Os olhos em chamas de fogo também retratam que as
trevas não conseguem encobrir nada de Jesus (Sl 139.12). Jesus bem sabe o que
há no interior do homem (João 2.25), sendo deste modo apto para discernir os
pensamentos e intenções do coração (Ap 4.12).
Afinal:
·
“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes
todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de
tratar.” (Hebreus 4.13).
Jesus é juiz justo porque, como disse Isaías:
·
“E deleitar-se-á no temor do SENHOR; e não julgará segundo
a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos.”
(Isaías 11.3).
6
– os pés eram semelhantes ao latão polido como se fosse derretido na
fornalha (Ap 1.15; Ap 2.18).
Como o fogo está associado a julgamento (ver Mt
3.10-12; 5.22; 13.30; 2Pe 3.7), logo aqui mostra Jesus saindo do fogo do ourives
(ver Zc 13.9; Ml 3.1-3), a saber, da prova da Sua fé (1Pedro 1.6,7).
O bronze (latão) era associado com julgamento e
sacrifício. Basta lembrar do altar de bronze, onde o sacrifício pelos pecados
era feito. E sendo o bronze a liga metálica mais dura conhecida na antiguidade,
logo isto mostra que os passos de Jesus são firmes e estáveis.
Os pés tinham que ser de bronze derretido na
fornalha para que pudesse pisar qualquer terreno que o Eterno quisesse sem
sofrer a ação dos três principais elementos que machucam:
·
pó (Lucas
8.12);
·
pedras
(Lucas 8.13);
·
espinhos
(Lucas 8.14);
·
serpentes
e escorpiões (Lc 10.19).
O fato de o pé ser como latão reluzente indica que
o mesmo não se contamina (reluzente), nem se machuca com nada deste mundo
(latão). Algo semelhante foi visto em (Ez 1.7; Ap 10.1).
Não é em vão que o Eterno manda Moisés (Êx 3.5) e
Josué (Js 5.15) tirarem os sapatos dos pés. Afinal, o local onde o Eterno está
é santo e, além de não sujar nossos pés, faz com que os mesmos sejam
purificados.
Na presença do Eterno não há espaço para nada que
nos foi acrescentado deste mundo. Ele é suficiente. Considerando que não temos
autorização para colocar a planta do pé longe do Eterno, logo devemos tirar
toda a proteção provida por este mundo contra os seus maus tratos a fim de que
realmente possamos calçar nossos pés com a preparação do evangelho da paz (Ef
6.15).
Levando em conta que teremos que pisar serpentes e
escorpiões, calçar os pés calçados com a preparação do evangelho da paz é
imprescindível (Ef 6.15).
Preparar o evangelho da paz é buscar todos os
recursos necessários para que o pecador seja reconciliado com Jesus (2Co
5.18-20) ao invés de permanecer na condenação na qual ele está.
Mas, para isto, é preciso preparar o coração (Ed
7.9,10; Is 40.3; Mt 3.3) para não
estarmos sensíveis às investidas que certamente virão contra nós. Não podemos
sujar em nossa caminhada com ressentimento. Temos que estar prontos para quando
Jesus vier (Lc 12.36; Ap 3.20), não importa quem que Ele vai trazer na nossa
porta.
É esta preparação que permitirá a aproximação de
Cristo (ver Ed 7.9,10; Is 40.3; Mt 3.3) e que impedirá que nos machuquemos ou
sujemos enquanto caminhamos.
7
– e a voz era como a voz de muitas águas (Ap 1.15; Compare Ezequiel
1:24; Ezequiel 43:2; Isaías 17:12. Ver também Dn 10.6; Ap 14:2; Ap 19:6).
Contraste com a alta voz como de trombeta em Ap
1.10. A voz de Jesus é como um forte trovão, a voz de uma grande multidão (Dn
10.6; Ez 1.24; 43.2; Ap 14.2; 19.6), ou seja, é como se muitos estivessem
falando.
Lembre-se que na multidão de conselho vem a
verdadeira sabedoria (Pv 15.22; 24.6) e que em Jesus estão todos os tesouros da
sabedoria e da ciência (Cl 2.3). Logo, a voz de Jesus vale mais do que a de
todos os especialistas juntos. Mais ainda: Ele é a plena confirmação de toda a
verdade, como se uma multidão composta dos mais diferentes tipos de indivíduos
estivessem falando a mesma coisa.
Enquanto, para os que estão no mundo, a voz de
Jesus, de tão suave que é, só pode ser ouvida por poucos (1Rs 19.12), para quem
está no céu, a voz de Jesus é poderosa (Sl 29.3-9), capaz de ser ouvida longe por
todos e agir na vida de cada um que assim permite. Não há lugar em que a voz de
Jesus não possa ser ouvida (Sl 19.3,4).
Todavia, nem por isto Sua voz deixa de ser
aprazível aos ouvidos da Noiva (Ct 2.8; 5.2; João 3.29), nem passada
desapercebida pelas Suas ovelhas (Jo 10.2-5; Ap 3.20).
Se nos voltarmos para o Eterno e apartarmos o
precioso do vil, seremos a boca Dele próprio (Jr 15.19) ou, se preferir, Ele
será com nossa boca (Êx 4.12). Mas para isto precisamos deixar de falar as
nossas palavras (Is 58.13), falar coisas vãs (Mt 12.37) ou malignas (Sl 106.33;
Ef 4.29; Tg 3.10-12).
8
– tinha na destra sete estrelas (Ap 1.16,20, 2.1; 3.1).
Jesus tem em Sua mão todos os Seus mensageiros (Jo
10.28,29) como Sua coroa de glória, um diadema real (Is 62.3). Isto mostra que
Ele é o mantenedor e possuidor dos Seus servos. Isto é um consolo para os que
creem. Afinal, se nem o ser humano é capaz de desprezar algo valioso que é seu,
quão dirá Jesus
Isto mostra que nenhuma mensagem pode ser deturpada
quando saída da boca de um embaixador Seu (2Co 5.18-20). Também mostra que não
há risco de eles serem atingidos pelos inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18).
Se hoje existe tanta apostasia e heresia é porque,
infelizmente, os que dizem crer em Jesus não estão de fato procurando a Ele e à
Sua vontade. Ao invés de O quererem a fim de serem livres dos seus desejos (Sl
23.1 - KJV), buscam em Jesus a satisfação dos seus desejos. Até quando querem
exaltar Jesus, tentam conciliar isto com algo que corresponda aos seus desejos,
quando o correto é buscar que Jesus seja nossa satisfação (Salmos 37.4).
Para quem realmente aceita estar nas mãos de Jesus
(à Sua disposição imediata), não há mensagem deturpada.
Apenas quando nos dispusermos a seguir o exemplo
deixado por Cristo (1Pe 2.21-24) é que poderemos resplandecer Sua luz (Dn
12.3,4) e julgar Sua casa, guardar os Seus átrios e ter livre acesso aos que
são Dele (Zc 3.7).
O fato de estas estrelas estarem na mão direita de
Jesus quer dizer que as mesmas serão dotadas de poder (ver destra em Salmos
21.8), favor (ver destra em Salmos 44.3), honra e autoridade (ver destra em Salmo
110.1) a fim de poderem brilhar a Sua luz neste mundo (ver Is 9.1,2; Mt
4.15,16; 5.14-16; Fp 2.14,15).
A destra representa o poder de Cristo em ação (Êx
15.6; Sl 17.7; 44.3; 45.4; 60.5; 63.8; 74.11; 77.10; 78.54; 80.15,17; 89.13,42;
98.1; 108.16; 118.15,16; 138.7; 139.10; Is 41.10; 48.13; Lm 2.3,4; At 2.33;
5.31).
Ou seja, o modo de o Eterno proteger Sua Igreja é
colocando-a a serviço da boa obra (2Pe 1.5-8; ver o tratamento do Eterno para
com Elias em 1Rs 19.15-18).
Vem a questão: por que os anjos das sete oholyao
são comparados com estrelas? Afinal, o único que tem luz própria é o Eterno. A
explicação é que existe duas formas de Jesus manifestar Sua luz: fazendo-a
brilhar internamente (através do fruto do Espírito Santo) e fazendo-a brilhar
externamente através dos dons e talentos (o que faz de nós astros no mundo – Fp
2.14,15).
Perceba que Jesus, como sumo-sacerdote, é quem está
no meio da Igreja mantendo Sua luz acesa. Ou seja, isto não é tarefa nossa. Uma
das funções do sacerdote era zelar para que o castiçal de ouro estivesse sempre
aceso.
9
- da boca saía uma espada de dois gumes (Ap 1.16; 2.12,16; 19.15; ver Is
49.2).
A palavra espada aparece 378 vezes no Antigo
Testamento (por exemplo em Salmos 45:3; Salmos 57:4; Salmos
59:7; Salmos 64:3; Salmos 149:6; Provérbios 12:18; Isaías 11:4; Isaías 49:2,
etc.) e 33 vezes no Novo
Testamento (Apocalipse 2:12, 16; Apocalipse 19:15, 21; comp. Lucas 2:35; Efésios
6:17; Hebreus 4:12) e jamais nos estimulando a fazer uso dela para
prejudicarmos a vida de alguém.
Isto não quer dizer que João viu a língua de Jesus
como se fosse uma espada, mas sim que ele experimentou dentro de si a sensação
de uma espada penetrando sua alma e espírito ao ouvir as palavras de Jesus (ver
Sl 105.5).
Jesus é a própria Palavra do Eterno (analise Isaías
49.2) que é “soprada” como fogo, martelo (Jeremias 23.29) e espada (Hebreus
4.12). Note como o Eterno destrói Seus inimigos com o sopro da Sua boca (Isaías
11.4; 2Tessalonicenses 2.8).
Logo, Jesus é a própria espada de dois gumes, a
qual penetra nossa alma quando Ele fala conosco ou quando Ele nos sopra Seu
entendimento.
O fato de ser de dois gumes quer dizer que não há
como manipular esta espada sem ser ferido por ela. A espada saía da boca de
Cristo para destruir os inimigos da Igreja, tanto os internos como os externos.
A espada do Espírito Santo (Ef 6.17), sendo de dois
gumes (Hb 4.12), tanto traz condenação (ameaça) aos incrédulos, quanto salvação
(esperança) aos eleitos.
Os dois gumes lembram o Testamento da Lei que
servia para cortar a carne, a saber, os conceitos e valores errados que foram
alojados na alma (ver 1Tm 1.8-10) e o Testamento do Favor do Eterno que opera a
circuncisão no espírito (Cl 2.11), ou seja, a remoção da sabedoria, santidade,
retidão, justiça humana, bem como privilégios carnais. Ou seja, o gume da lei
remove as coisas más e o gume da graça, as coisas boas sem Cristo.
É preciso que a língua se apegue ao paladar,
principalmente na presença do ímpio, para que não venhamos a agredi-lo e, com
isto, passarmos a contar com a oposição do Eterno (Sl 22.15; 137.6; 1Pe 3.8-12).
Conosco deve ser como se deu com Ezequiel: só falava quando o Eterno permitia
(Ez 3.26-27).
Note que a espada não está na mão, mas na boca cuja
língua tem poder de bênção e maldição (Tg 3.10-12). Ou seja, a espada é a
língua, já que é com a Palavra que o Eterno tudo criou (incluindo o ser humano
– Gn 1.26). Ao criar o ser humano, era para que houvesse Sua imagem e
semelhança neste mundo. Ou seja, não era para ninguém ter desculpa que não vê o
Eterno (ver Sl 19.1; Rm 1.18-20).
10
– o rosto era como o sol quando brilha na sua força (Ap 1.16; ver At 26.13).
Analisemos estes trechos:
· “Porque o SENHOR Deus é um sol e escudo; o
SENHOR dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.”
(Salmos 84.11).
· “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e
habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual
seja honra e poder sempiterno. Amém.” (1Timóteo 6.16).
· “Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel
a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor
de Deus. E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens,
quando pelo seu resplendor e pela chuva a erva brota da terra.” (2Samuel
23.3,4)
A luz de Cristo é algo tão intenso que pode até
cegar (o que lembra o que Jesus disse em João 9.39), tal como a verdade pode
cegar de ódio, soberba, etc. quem não estiver preparado para ela (daí Jesus
dizer o que está em João 16.12).
O Eterno não irá mudar por nossa causa. Ele sempre
irá atuar como sol (Sl 84.11). Tanto Ele pode permitir que vejamos todas as
coisas, como obstruir nossa visão. Tudo depende de como nos posicionamos com
relação a Ele. Vale lembrar que é no semblante iluminado de Jesus como Rei dos
reis que está a nossa vida (Pv 16.15).
No entanto, considerando que ninguém pode ver o
rosto do Eterno e permanecer vivo (Êx 33.20), logo enquanto não olharmos para
Ele, aceitando morrer para nós mesmos, não conquistaremos nossa salvação (ver
Sl 80.3,7,19).
Não é em vão que, na transfiguração, Pedro, Tiago e
João viram a face de Jesus brilhando como sol (Mt 17.2). Afinal, Jesus estava
vindo para salvar Sua Igreja (arrebatando-a), a qual, nesta época estará
resplandecendo como Ele:
· “Assim, ó SENHOR, pereçam todos os teus
inimigos! Porém os que te amam sejam como o sol quando sai na sua força.”
(Juízes 5.31).
· “Então os justos resplandecerão como o sol,
no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mateus 13.43).
· “A sua linha se estende por toda a terra, e
as suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol, o qual é
como um noivo que sai do seu tálamo, e se alegra como um herói, a
correr o seu caminho.” (Salmos 19.4,5).
Todo servo do Eterno, como se vê na mulher de Ap
12.1, deve refletir a luz do Sol da Justiça (Ml 4.2; Lc 1.78), sem nenhuma
nuvem de incredulidade (2Pe 2.17; Jd 12) impelida por todo vento de doutrina
(Ef 4.14) para obscurecê-Lo. E isto cada um deve fazer com alegria e prontidão
de ânimo.
Temos que resplandecer nesta geração como astros no
mundo (Fp 2.14,15).
Esta característica pode ser vista nos anjos:
· “E eis que houvera um grande terremoto,
porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra da porta,
e sentou-se sobre ela. E o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes
brancas como neve.” (Mateus 28.2,3).
Até Moisés experimentou um vislumbre disto enquanto
esteve aqui vivo:
· “E aconteceu que, descendo Moisés do monte
Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando desceu do
monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara
com ele.” (Êxodo 34.29).
Quem dera que, ao invés de pensarmos em contemplar
as estrelas na mão de Jesus (sendo usadas por Ele), pensássemos em contemplar
Jesus, cuja luz faz o brilho de todas as estrelas desaparecer. Aliás, numa
verdadeira manifestação de Jesus, aquele que está a ser usado por Ele não é
visto. Se o pastor, apóstolo, evangelista, etc. for evidenciado, é sinal que não
é Jesus quem está a operar.
É preciso que não nos apoiemos na beleza e
formosura que interessa a este mundo (Is 53.3), a fim que a alegria de Jesus
aformoseie o nosso rosto (Pv 15.13).
Enfim, o rosto representa a identidade de Jesus, a
qual ilumina quem tem prazer no amor e piedade e cega quem quer obter vantagem
em tudo.
Embora Jesus tenha adquirido toda esta tremenda
mudança, ainda era possível enxergar as características de tudo aquilo que Ele
fez neste mundo.
Por fim, analisemos estas dez características à luz
do papel que Jesus irá exercer no Apocalipse (a saber, o de juiz):
1 – semelhante
a filho de homem (Ap 1.13; 14.14; ver Ez 1.26; Dn 7.13; 10.16) => Jesus não irá julgar como alguém superior a
nós, mas sim como alguém que viveu na nossa pela tudo que nós vivemos, mas sem
pecar (Hebreus 4.15);
2 – vestido
de uma roupa talar (Ap 1.13) => Jesus irá nos julgar com Sua veste de justiça. É Seu perfeito
testemunho de vida como nosso sumo-sacerdote que garante que ninguém tem
desculpa para dizer que não consegue servir ao Eterno (ver Salmos 23.6; Romanos
3.14; Colossenses 3.14);
3 – cingido
pelos peitos com uma cinta de ouro (Ap 1.13) => Jesus irá nos julgar com a verdade, a qual Ele viveu em prol da
justiça;
4 – a
cabeça e os cabelos eram brancos como lã branca, como a neve (Ap 1.14; ver Dn
7.9) => Jesus nos
julga com Sua mente sábia, pura e santa;
5 – os olhos eram como uma chama de fogo (Ap
1.14; 2.18; 19.12; ver Dn 10.6) => Jesus não julga segundo a aparência, mas conforme aquilo que Ele
vê no coração de cada um com Seu olhar puro (ver Tito 1.15)
6 – os pés
eram semelhantes ao latão polido como se fosse derretido na fornalha (Ap 1.15;
Ap 2.18) => Jesus julga
de acordo o evangelho da paz que Ele preparou, independente do tipo de terreno
onde Ele teve que pisar (Mateus 13.3-8).
7 – e a voz
era como a voz de muitas águas (Ap 1.15; Compare Ezequiel 1:24; Ezequiel 43:2;
Isaías 17:12. Ver também Dn 10.6; Ap 14:2; Ap 19:6) => Jesus nos julga com Seu sopro, o qual faz
soar Sua voz.
8 – tinha
na destra sete estrelas (Ap 1.16,20, 2.1; 3.1) => Jesus nos julga provando a todos que Ele
guarda os Seus mensageiros onde ninguém pode arrebatá-los: em Sua mão direita
(João 10.28,29).
9 – da boca
saía uma espada de dois gumes (Ap 1.16; 2.12,16; 19.15; ver Is 49.2) => Jesus nos julga com Sua boca, na qual nunca
se achou engano, injúria e ameaça (1Pedro 2.23).
10 – o rosto
era como o sol quando brilha na sua força (Ap 1.16; ver At 26.13) =>
Jesus nos julga com Sua face, ou seja, com Seu caráter, identidade.
Mas sobretudo, Jesus nos julga pelo fato de Ele
nunca ter abandonado Sua Igreja (Mateus 28.20), mas está sempre andando no meio
dos candeeiros de ouro.
Versículos 17 e 18
·
“Quando o
vi, caí aos seus pés como morto; e ele pôs a sua destra sobre mim, dizendo: Não
temas; eu sou o primeiro e o último e o que vivo; fui morto, mas eis que estou
vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do Hades.” (Ap
1.17,18).
A frase “não temas” é usado cerca de 80 vezes na Escritura Sagrada, e
normalmente é para aquietar os temores do ser humano na presença do Eterno.
Quando Jesus começa a falar, Ele só termina em Apocalipse 3.22,
mostrando que trata-se de uma única citação.
Não existe forma de estar mais vivo do que cair como morto aos pés de
Jesus. Melhor estar aí do que vivo em qualquer outro lugar (Salmos 84.10).
É bem verdade que o olhar de Jesus atemoriza, mas Sua Palavra fortalece.
Muitas vezes estamos vendo Jesus apenas como o Homem de Nazaré que
morreu por nós. Estamos ignorando que Ele ressuscitou dos mortos com todo poder
e autoridade, como o Homem do Apocalipse que João viu.
Para você ter uma ideia do que significa a visão de Jesus ressurreto,
compare o modo que João foi afetado pelo Seu encontro com Jesus, com o modo que
outros indivíduos foram afetados:
· Manoá ficou atemorizado, mas permaneceu acordado (Juízes 13.19-22);
· Isaías ficou atemorizado, mas permaneceu acordado (Isaías 6.1-5);
· Ezequiel caiu sobre seu rosto, mas conseguia ouvir o Eterno falar
(Ezequiel 1.28; 3.23; 43.3; 44.4);
· Daniel nesta passagem só ficou atemorizado e caiu sobre sua face (Daniel
8.17).
· Paulo caiu por terra, mas ouviu Jesus falando com ele (Atos 9.3,4;
22.6,7).
· Daniel teve seu semblante mudado em corrupção, perdeu as forças, ouviu
alguma coisa e, só então, desmaiou (Dn 10.7-9).
· João, por outro lado, já desmaiou de uma vez.
Daí você vê como a presença de Jesus glorificado é impactante e
poderosa!
O véu da escuridão tem sido retirado de nós (daí o significado do nome
Apocalipse), de modo que agora podemos ver Jesus como Aquele sentado no trono à
direita do Pai reinando.
O ser humano, por melhor que possa ser, é tão caído que ele não consegue
ficar de pé diante da gloriosa presença do Eterno. Aqueles que tiveram uma
experiência íntima com Ele, seja de uma forma ou de outra, acabaram se
prostrando diante Dele. Veja estes exemplos: Is 6:5; Ez 1:28; Dn 8:17,18;
10:9-11; Lc 5:8; At 9:3-4.
E tal como uma certa mão tocou em Daniel (Dn 10.9-11), e Jesus tocou nos
três discípulos lá no monte da transfiguração (dos quais João era um - Mt
17.7), dizendo: “não temas”, aqui novamente temos Jesus restaurando a força de
Seu servo com Sua palavra de ânimo (relacionada com “não temas”, já que muitos
se recusam a fazer o bem porque temem perder ou deixar de receber o benefício
na hora certa).
A mão que tocou João foi justamente a mão que mantinha as sete estrelas.
Detalhe: Jesus não chamou João pelo nome, tal como o anjo procedeu ao
falar com Zacarias e outros). Isto se deve, provavelmente, à profunda
intimidade de João com seu Mestre.
Esta expressão “não temas” (ou equivalente) pode ser vista em vários
lugares na Escritura Sagrada (por exemplo: Gn 15.1; 26.24; 46.3; Dt 1.21; Josué
1.9; 8.1; 11.6; Jz 6.10,23; 2Rs 1.15; 19.6; 2Cr 20.15; Is 7.4; 8.12; 10.24;
35.4; 37.6; 40.9; 41.10,13,14; 43.1,5; 44.2; 51.7; 54.4; Jr 1.8; 30.10;
46.27,28; Ez 2.6; Daniel 10.12,19; Sf 3.16,17; Ag 2.5; Zc 8.13,15; Mt 10.28,31;
14.27; 28.10; Lc 1.13,30; 2.10; 5.10; Lc 12.4,7,32; Atos 18.9; 1Pe 3.14).
Assim Cristo encorajou os apóstolos no Mar da Galiléia (João 6.20), na
transfiguração (Mt 17.7). E esta é a mensagem de Jesus para nós. Muitas das
vezes, a primeira coisa que era dito àquele que recebia a mensagem do Eterno
era “não temas”. Muitas vezes para aquietar o temor do homem com relação ao
Eterno.
E qual era o motivo do desânimo (medo) de João? Note como Jesus consolou
João se identificando com o Eterno (como em Êxodo 3.14):
1 - Eu sou o primeiro. Ou seja, foi
Jesus quem criou tudo. Nada existe antes Dele. É Dele que todas as coisas
procedem. Além disto, antes de Jesus, nenhum outro homem foi considerado Deus.
2 - Eu sou o último. Ou seja, é Jesus quem irá
retribuir a cada um. Após Jesus, jamais se levantará outro homem considerado
como Deus. E final, tudo convergirá a Ele (Efésios 1.10; Colossenses 1.20).
Jesus é o primeiro e o último (algo que está ligado ao Eterno - Is 41.4;
44.6; 48.12) e o caminho que liga o início ao fim (Jo 14.6). Ou seja, tudo
começa Nele, acontece Nele e chega até Ele (Rm 11.36). Ele faz tudo. A única
coisa que precisamos fazer é confiar Nele, fazendo apenas aquilo que Ele manda.
O primeiro e o
último também significa:
· de eternidade a
eternidade;
· o primeiro pela criação
e o último pela retribuição;
· o primeiro porque,
antes do Eterno, nenhum deus foi formado; o último porque, após Ele não há
outro Deus;
· o primeiro porque a
partir Dele são todas as coisas e o último porque para Ele todas as coisas
retornam.
Três vezes Jesus é
referenciado como “o primeiro e o último” em Apocalipse (Ap 1.17; 2.8; 22.13).
3 - Eu sou o que vivo. Ou seja, Jesus
é aquilo que Ele vive. Ao contrário do pecador que vive aquilo que ele deseja
ser, Jesus vive porque, antes de tudo, Ele é. O ser humano só é considerado
alguém (incluindo por ele mesmo) após ele fazer ou conquistar coisas. Jesus,
todavia, já é tudo que Ele tem que ser. Ele não vive para conquistar coisas,
mas sim para manifestar a todos aquilo que cada um precisa ser Nele.
Jesus é o único capaz de viver a vida, e isto porque Ele é a essência da
vida (João 5:26), “O Caminho, a Verdade e a Vida (João 14.6), o próprio “Deus
Vivo” (Salmos 42:2).
Quanto à ênfase de Jesus em dizer que Ele é, deve-se ao fato de que nós
só podemos ser algo de VERDADE (Jo 14.6) se Ele fizer de nós este alguém. Do
contrário, estaremos vivendo uma mentira e não teremos condição de ser nada na
vida de ninguém (Rm 3.11). Afinal, a melhor maneira de fazer alguém feliz é
sendo feliz. A felicidade não é para ser um estado de espírito, mas sim aquilo
que nos identifica.
4 - Fui morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos (ver Rm 6.9; Ap 4.9; 5.14). O contraste entre “eu sou” e “fui morto”
compara a morte física e passageira de Jesus com Sua vida eterna.
A mesma ideia é dita acerca do Pai (Dn 12.7; Ap 4.10; 10.6). Isto é
grande conforto para quem está em tribulação, pois significa que Jesus é
realmente Deus conosco (Mt 1.23), tal como Ele prometeu (Mt 28.20).
Embora Jesus tivesse a vida em Si mesmo (Jo 5.26), ainda assim Ele se
tornou morto para nos ensinar que, mesmo que nós entreguemos nossa vida por
amor aos irmãos (Jo 15.12,13), ainda assim nada pode roubar a nossa recompensa:
a vida eterna.
· “Sabendo que, tendo
sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem
domínio sobre ele.” (Romanos 6.9).
· “Na verdade, na
verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou,
tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a
vida.” (João 5.24).
Afinal, Jesus provou a morte por todos os homens a fim de ninguém
vivesse mais para si mesmo, mas fossem livres para servir os irmãos em Cristo
Jesus pelo resto de suas vidas:
· “Vemos, porém, coroado
de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os
anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a
morte por todos. Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e
mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas
aflições o príncipe da salvação deles. E, visto como os filhos participam da
carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte
aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos
os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.”
(Hebreus 2.9,10,14,15).
· “E ele morreu por
todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por
eles morreu e ressuscitou.” (II Coríntios 5.15).
Entende a razão de Jesus ter aceitado padecer nas mãos dos perversos? É
para nos mostrar que, quando algo é, nada pode mudar isto. Por exemplo: uma
manga sempre será manga, não importa o motivo da mesma ter sido cultivada, o
terreno no qual foi plantada ou nas mãos de quem ela está.
Em outras palavras, como Jesus realmente é a Ressurreição e a Vida (Jo
11.25), apesar de todo o esforço de Ha-Satan e sua corja, ainda assim não foi
possível extinguir isto em Jesus. E como aprouve ao Pai que tivéssemos vida em
Jesus (Jo 10.17,18), se permanecermos firmes Nele, nada poderá destruir aquilo
que o Eterno tem para nós.
Jesus, como homem, morreu, mas completou Sua missão (Jo 19.30; 17.4), de
modo que Ele venceu a batalha e agora vive para sempre (Ap 4.10; 10.6 - isto
oferece esperança para nós). Jesus trouxe a vida e a incorrupção à luz por meio
do evangelho (2 Timothy 1:10), ou seja, a confirmação de que a morte foi
abolida. E porque Jesus vive, nós viveremos também (Jo 14.19).
Pelos séculos dos séculos não quer dizer “através dos séculos”, mas sim
“para dentro da eternidade”. Afinal, uma vez que Jesus é a vida Eterna (Jo
17.3; 1Jo 5.20), a questão não é viver para sempre simplesmente, mas sim viver
numa eternidade progressiva, experimentando Jesus se movendo dentro de nós e
nos levando a um conhecimento cada vez mais profundo Dele indefinidamente.
Aliás, é oportuno deixar claro que Jesus não disse apenas que Ele vivia
no presente, mas pelos séculos dos séculos. Ou seja, não apenas Ele é eterno,
mas tem plena ciência de todos os acontecimentos que ainda estão por vir,
estando a vivenciá-los como se já fossem presente. Ou seja, a história não está
caminhando como um trem descarrilhado. Jesus está trabalhando um futuro
glorioso para a Igreja, ainda que, por alguns instantes, haverá duas bestas
dominando a humanidade.
5 – E tenho as chaves da morte e do inferno. Morte e inferno não estão em poder de Ha-Satan, mas sim do Eterno. Jesus
tem a chave de ambos, os quais serão banidos em Ap 20.11-14.
Jesus destruiu as obras do diabo (1João 3.8), ou seja, as obras do seu sistema
(ver João 12.31; 14.30; 16.11) cuja base é morte e inferno.
Considerando que Jesus tem a chave, logo, antes de tudo, existe porta.
Quais são as portas que existem na Escritura Sagrada?
Há 4 coisas que possuem porta:
· o coração dos indivíduos (Sl 24.7-10);
· a morte (Jó 38.17; Salmo 9.13);
· o Sheol (Mt 16.18), o qual é muitas vezes traduzido por sepultura (Isaías
38.10).
· o reino dos céus (Mateus 16.18,19).
Jesus tem a chave, ou seja, a autoridade para abrir e fechar qualquer
porta.
Logo, ninguém morre ou vai para o inferno, a menos que Jesus permita.
Aliás, o próprio Jesus é a chave de tudo, já que, quem crê em Jesus, já passou
da morte para a vida (Jo 5.24; 1Jo 3.14); quem não crê já está condenado (Jo
3.18). Nada há que alguém possa fazer para roubar a salvação daquele que crê,
nem para conceder vida a quem não crê.
No livro do apocalipse, morte e inferno também ganham vida (Ap 6.8;
20.13,14), como se o inferno tivesse uma imensa mandíbula que crescesse (Isaías
5.14) insaciável (Provérbios 27.20) para não deixar de receber nenhum dos que
lhe fossem enviados (Isaías 14.9).
Contudo, Hades é o lugar onde os mortos ficam até serem ressuscitados
por Cristo.
Ainda há mais uma coisa a ser observada: embora João já tivesse visto
Jesus ressuscitado, o fato de ver tantos irmãos em Cristo sendo martirizados e,
aparentemente, nada acontecer com os algozes, tudo parecia tempo perdido. Ainda
mais considerando que Jesus tinha prometido vir, mas até aquele momento mais de
50 anos tinha se passado e nada tinha acontecido.
Apesar de tudo que Ele viu e ouviu de Jesus enquanto Ele esteve em
carne, diante da visão correta acerca de Jesus, João ficou com medo. Como para
ter acesso a toda revelação celestial, a primeira coisa que precisa ser tratada
é a nossa concepção a respeito de Jesus, bem como nossa incredulidade, daí
Jesus primeiramente se mostrar a João e tratar seu medo. Não é possível
enxergar o Reino do Eterno com fé dúbia. Afinal, medo é sinal de que o amor não
está aperfeiçoado (1João 4.18).
Versículo 19
·
“Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são,
e as que hão de suceder depois destas” (Ap 1.19).
Por 38 vezes João afirma que viu os eventos tomando lugar.
Há conexão entre passado, presente e futuro.
O que viste (o que aconteceu em nossa vida com relação a tudo que está
escrito), as que são (o que está acontecendo na nossa vida) as que hão de
acontecer (o que irá acontecer na nossa vida com base em tudo isto).
O que viste também mostra que o Livro do Apocalipse é o relato de uma
testemunha ocular. João não imaginou ou sonhou o Apocalipse. Ele viveu todos os
acontecimentos escritos.
João deveria escrever:
1) As coisas que ele viu, ou seja, tudo que ele viu neste capítulo, a
saber, quem realmente é Jesus;
2) As coisas que são, ou seja: o conteúdo dos capítulos 2 e 3.
3) As que hão de acontecer, ou seja, o que está relatado nos capítulos 4 a
22.
O fato de dizer “escreve, pois”, deve-se ao fato de que João deveria
escrever o Apocalipse em virtude de tudo aquilo que Jesus é, em especial o fato
de Ele ter sido morto e voltado a viver por toda a eternidade, o que lhe
conferiu as chaves da morte e do Hades.
Em outras palavras, a razão de o Apocalipse ter sido escrito deve-se ao
total controle que Jesus tem sobre todos os acontecimentos da história, bem
como de determinar o destino de cada um. Ou seja, é para que cada um tenha
certeza de que não precisa brigar para tentar melhorar este mundo. Afinal, além
de isto jamais vir a acontecer nesta dispensação, nossa vitória está garantida
apesar de toda maldade que é possível vir à tona através de toda a humanidade.
Que possamos ter humildade para aceitar tudo isto e disposição para deixar
Jesus mostrar a todos tudo aquilo que Ele deseja através de nós.
O segredo não é o que somos ou deixamos de ser, tampouco o que temos ou
o que achamos que precisamos ter, mas sim o estar ou não ligado em Cristo.
Versículo 20
·
“Eis aqui o mistério das sete estrelas que viste na
minha destra, e dos sete candeeiros de ouro: as sete estrelas são os anjos das
sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.” (Ap 1.20).
Quem são os anjos? Considerando que a palavra anjo aparece 72 vezes no
apocalipse (65 + uma vez em cada uma das sete cartas) e em nenhuma das 65 vezes
está se referindo a seres humanos, muitos acreditam que se trate dos seres
celestiais enviados para ajudar aqueles que hão de herdar a salvação (ver Sl
34.7; Hb 1.14).
É bom lembrar que haviam anjos especializados em:
· Guardar a vida dos pequeninos (Mateus 18.10);
· Guardar a vida de Pedro (Atos 12.15);
· Guardar uma nação inteira (Daniel 10:13; Daniel 12:1).
Logo, para tais indivíduos, há um anjo (ser celestial) para cuidar de
cada oholyao?
Por outro lado, considere que Malaquias diz que o sacerdote é o anjo do
Senhor dos Exércitos (Ml 2.7 – ARA2) e que todos somos sacerdotes (1Pe 2.5; Ap
1.6; 5.10). Logo cada um que crê deve zelar uns dos outros (ver 1Co 12.25,26).
Ou seja: anjo NÃO são os pastores das instituições religiosas, mas cada
um que crê em Jesus.
O fato de os anjos (mensageiros) serem considerados como estrelas é
porque, aquele que é fiel a Cristo, manifesta a luz da sabedoria do Eterno por
onde passa (Dn 12.3; Fp 2.14,15), sendo por isto considerado nobre (ver Nm
24.17).
Note que:
· Quando Ha-Satan era o selo da medida (Ezequiel 28.12), ele era uma
estrela (Isaías 14.12-14). Logo, a estrela que caiu do céu (Ap 8.10) é Ha-Satan
a partir do momento que ele permitiu que sua sabedoria fosse corrompida (Ez
28.17);
· as estrelas que Ha-Satan conseguiu arrastar (Ap 12.4) são aqueles que
deveriam servir ao Criador, mas que preferiram ser arrastados pelos falsos
profetas (Is 9.15). O profeta que ensina falsidade é a cauda (Isaías 9.15), o
qual leva muitos mestres a despencarem na fé (Ap 12.4).
· as estrelas errantes (Jd 13) são os falsos profetas que, por estarem
corrompidos pelo pecado, tentam arrastar os discípulos de Jesus após si (At
20.30; Gl 4.17) com sua doutrina bíblica corrompida, levando os outros a
buscarem em Cristo os prazeres desta vida (Mt 16.23; 1Co 15.19).
· os falsos mestres também são estrelas errantes (Judas 13) e os mestres
que a muitos ensinam justiça, como as estrelas do firmamento (Daniel 12.3).
· Veja como estrela é símbolo de preeminência e autoridade:
o
“Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não
de perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel, que ferirá
os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete.” (veja Números
24.17).
· Devemos resplandecer como astros no mundo (Fp 2.14,15).
· Um profeta também pode ser considerado um anjo (Ml 3.1; Ag 1.13).
Com base em tudo isto, podemos concluir que o anjo, antes de tudo,
significa um mensageiro (profeta) proeminente que tem autoridade e que arrasta
pessoas após si.
Anjo aqui com certeza não é alguém escolhido pelos seguidores de Jesus
para governar a oholyao. É bem verdade que temos uma identificação de cada anjo
com sua oholyao. Afinal, assim como os filhos carregam consigo a identidade dos
pais, os irmãos que foram instruídos carregam dentro de si a identidade do
“anjo” que os instruiu e ensinou até que fosse chegado o tempo de “casarem” com
Jesus (ver Ezequiel 14; Atos 13.2,3; Efésios 4.11-14).
Assim, a união anjo-oholyao não é rígida. O Eterno traz os filhos Dele
de longe para serem tratados (veja estas ilustrações abaixo):
· “Assim diz o Senhor
DEUS: Eis que levantarei a minha mão para os gentios, e ante os povos arvorarei
a minha bandeira; então trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas
serão levadas sobre os ombros.” (Isaías 49.22)
· “Certamente as ilhas
me aguardarão, e primeiro os navios de Társis, para trazer teus filhos de
longe, e com eles a sua prata e o seu ouro, para o nome do SENHOR teu Deus, e
para o Santo de Israel, porquanto ele te glorificou.” (Isaías 60.9).
· “Não temas, pois,
porque estou contigo; trarei a tua descendência desde o oriente, e te ajuntarei
desde o ocidente. Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas; trazei meus
filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra.” (Isaías 43.5,6).
E, após tratados, os leva para todos os cantos da terra para espalhar
Sua glória (Isaías 11.9; Habacuque 2.14).
Além disto, note que qualquer um que tem ouvidos deve ouvir, não o que o
anjo diz às oholyao, mas sim o que o Espírito Santo diz às oholyao. Ou seja, o
verdadeiro papel de quem é maduro na fé não é apenas ouvir a voz do Eterno e
transmiti-la aos seus filhos espirituais, mas sim preparar todos a fim de que
possam ter comunhão direta com o Eterno. Tanto é assim que o Espírito Santo não
fala apenas com o anjo da oholyao, mas com toda a oholyao.
Você pode se perguntar: “mas então, qual a razão de se referir ao anjo
no singular? É porque cada um que crê deve zelar da Igreja de Cristo com zelo
do Eterno (ver Nm 25.11-13; Ap 3.19), ou seja, como se ele fosse o único
responsável por ela. Cada um deve ter a mensagem do Eterno para transmitir à
Igreja (Ag 1.13; 1Co 14.26), tal como fez João Batista (Ml 3.1), a saber,
permitindo que Jesus manifeste Sua singularidade que Ele colocou na vida de
cada um (ver Salmos 25.14).
Isto aponta para o cuidado amoroso de Jesus que tem os Seus em Sua mão
(Jo 10.28,29; ver Ap 2.1) e permanece entre eles.
Se formos analisar com calma, veremos que, tanto as sete estrelas como os
sete candeeiros, representam a Igreja. Jesus usa as sete estrelas que estão na
Sua mão para manter Suas sete tochas acesas nos sete candeeiros enquanto passa
por eles.
· Castiçal é algo criado pelo homem. Representam a vida daqueles que
querem ser coluna e baluarte da verdade (1Timóteo 3.15). Enquanto Jesus
“passeia” entre Suas oholyao, Ele mantém Sua Luz brilhando nelas (João 8.12;
9.5) através do Seu Espírito agindo em seus ministros com vistas a fazer da Igreja
uma referência neste mundo tenebroso. É o testemunho da Igreja na terra, a
manifestação do Espírito do Eterno externamente.
Ao contrário do castiçal que estava no Santo Lugar
(na presença do Eterno em espírito, o qual representa o aspecto legal), os sete
castiçais do Apocalipse estão na presença de Jesus glorificado que venceu o
pecado e a morte e alimenta os castiçais com Sua Verdade ao invés de azeite.
· as sete estrelas são fontes de luz natural (algo indispensável neste
mundo em trevas – Is 60.1). Elas representam o Favor divino na Igreja, bem como
o testemunho desta no céu. Trata-se daqueles em quem Jesus trabalhou
internamente Sua verdade (Dn 12.3; Fp 2.14,15) que irá servir para alimentar as
sete oholyao com o Espírito do Eterno.
Jesus mantém contato contínuo com cada um daqueles que permanecem
assentados nos lugares celestiais (Efésios 1.3; 2.6) a fim de conceder-lhes
tudo o que diz respeito à vida e piedade (2Pedro 1.3). Para tanto, Ele toma
alguns em Sua mão para ministrar na vida dos demais (João 10.28,29) (e
vice-versa).
Para reforçar esta ideia, note como o mistério tem haver com as sete
estrelas e os sete candeeiros de ouro. Considerando que o mistério de Cristo é Ele
presente na Igreja (Ef 5.32; Cl 1.26,27), logo os castiçais e estrelas representam
o modo de Jesus agir na Igreja.
Mistério é algo que exige a presença de Jesus e Sua igreja para ser
revelado.
Ninguém precisa comprar mensagem de outros povos ou buscar pregadores
estrangeiros para falar à congregação. O Eterno é quem sabe o que cada um
precisa ouvir.
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