quinta-feira, 30 de março de 2017

132 - Apocalipse 01

APOCALIPSE 1: QUEM É JESUS E PELO QUÊ ELE DEVE SER ADORADO?

Introdução

Uma vez que apocalipse é revelação, logo não se trata de um comentário do livro de Daniel, mas sim um revelar daquilo que ficou oculto no livro de Daniel.

Apocalipse 1 revela Jesus e os capítulos 21 e 22, nossa permanência eterna com Ele.

Obs: o capítulo um e do quatro ao vinte e dois, João escreveu do que viu. Os capítulos dois e três foram ditados por Jesus.

A Igreja é referenciada de sete maneiras no apocalipse:

 

1.    Homens de toda tribo e língua e povo e nação (Ap 5.9);

2.    Reis e sacerdotes (Ap 5.10);

3.    Servos (Ap 11.18; 19.2,5);

4.    Irmãos (Ap 12.10);

5.    Os filhos de Israel (Ap 12.17);

6.    Santos (Ap 13.7,10; 14.12; 18.20,24);

7.    Esposa do Cordeiro (Ap 19.7).

 

Grupos explícitos de sete elementos:

 

a.    Igrejas (Ap 1:4,11,20);

b.    Espíritos (Ap 1:4; 3:1; 4:5; 5:6);

c.      Castiçais de ouro (Ap 1:12,13,20; 2:1);

d.    Estrelas (Ap 1:16,20; 2:1; 3:1);

e.     Tochas de fogo (Ap 4:5);

f.      Selos (Ap 5:1; 5:5);

g.    Chifres (Ap 5:6);

h.     Olhos (Ap 5:6);

i.       Anjos que permanecem diante do Eterno (Ap 8:2,6);

j.       Trombetas (Ap 8:2,6);

k.     Trovões (Ap 10:3,4);

l.       Sete mil pessoas mortas (Ap 11:13);

m.   Cabeças (Ap 12:3; 13:1; 17:3,7,9);

n.     Coroas (Ap 12:3);

o.     Sete anjos derramam as sete pragas (Ap 15.8);

p.    Pragas (Ap 15:1,6,8; 21:9);

q.    Taças (Ap 15:7; 17:1; 21:9);

r.      Montes (Ap 17:9);

s.      Reis (Ap 17:10,11);

 

Grupos implícitos de sete elementos:

 

a.    Bem-aventuranças (Ap 1:3; 14:13; 16:15; 19:9; 20:6; 22:7; 22:14);

b.    Sete "Eu sou" de Cristo (Ap 1:8,11,17; 2.23; 21:6; 22:13,16);

c.      Grupos de doxologias no céu (Ap 4:9-11; 5:8-13; 7:9-12; 11:16-18; 14:2,3; 15:2-4; 19:1-6);

d.    Cada tribo, lingua, povo e nação (Ap 5:9; 7:9; 10:11; 11:9; 13:7; 14:6; 17:5);

e.     O Senhor Deus Todo-Poderoso (Ap 1:8; 4:8; 11:17; 15:3; 16:7; 19:6; 21:22);

f.      Profecia (Ap 1:3; 11:6; 19:10; 22:7,10,18,19);

g.    Aquele que está sentado no trono (Ap 4.2,9,10; 5:1,7,13; 6:16; 7:15; 21:5);

h.     O Alfa e o Ômega (Ap 1:8,17; 21:6; 22:13).

 

Durante a primeira vinda de Cristo, Ele viveu encobrindo Sua glória, ou seja, se esvaziando de Si mesmo (Fp 2.5-8). Quando, contudo, Jesus vier novamente, Ele manifestará a todos a plenitude da Sua glória (Mc 14:61-62; Ap 1:7).

Mas afinal, quem é Jesus? Parece uma pergunta boba. Contudo, pense: se a pergunta é tão boba assim, então porque o primeiro capítulo do livro da revelação dá uma descrição tão minuciosa de Jesus (Ap 1.13-18)?

 

1)    Suas Vestes (Ap 1.13) - vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. Isto revela a todos a sabedoria que há na justiça de Deus.

2)    Sua Cabeça e cabelos (Ap 1.14) – eram brancos como lã branca, como a neve. Jesus é aquele em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2.3).

3)    Seus Olhos (Ap 1.14) - são como chama de fogo. Jesus é Aquele que tudo vê e perscruta, de modo que nada há oculto que não venha a ser revelado (Mt 10.26; Mc 4.22; Lc 12.2).

4)    Seus Pés (Ap 1.15) - seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha:

a.    “E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém” (Rm 16.20);

b.    “E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que estou preparando, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Ml 4.3);

c.      “Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.” (1Co 15:25);

d.    “E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja” (Ef 1.22);

Enfim, tudo que não presta deve estar debaixo dos pés para ser queimado. Ou seja, Jesus é Aquele cujos passos (Caminho) aniquila com todo o poder das trevas (Js 1.6-9; Lc 10.19).

5)    Sua Voz (Ap 1.15) - como a voz de muitas águas (Sl 29.3-9). Quando ouvimos a voz do Eterno, o Espírito Santo pode fazer em nós muito mais do que toda a multidão existente no mundo.

6)    Sua Mão (Ap 1.16) - tinha na sua destra sete estrelas. Jesus é Aquele que tem autoridade e poder (Mt 28.18) para guardar de tropeçar (2Pe 2.9; Jd 24) e livrar da tentação os piedosos, de modo que ninguém pode arrebatar os Seus das Suas mãos (Jo 10:28).

7)    Sua Boca (Ap 1.16) - da sua boca saía uma aguda espada de dois fios. É com esta espada que Jesus irá ferir os ímpios (Ap 19.15). Com o sopro de Sua boca Jesus desfará o iníquo (2Ts 2.8). Ou seja, Jesus é Aquele cuja Palavra é viva e eficaz (Hb 4.12).

8)    Seu Rosto (Ap 1.16) - era como o sol, quando na sua força resplandece. A luz do sol ofusca o brilho dos candeeiros e estrelas, de modo que estas desaparecem e aqueles se tornam inúteis.

a.    Jesus não precisa de véu como Moisés (2Co 3.13). O véu não é o Eterno se separando do homem, mas é este se escondendo Dele e do próximo. O pecado faz com que qualquer ato de bondade seja superficial, carnal e passageiro e, por isto, a pessoa tem sempre que estar se cobrindo.

b.    Jesus, sendo a Verdade, não a esconde, nem mesmo em meio às maiores perseguições, mas sempre a manifesta, ofuscando a sabedoria de qualquer pessoa e acabando com toda cegueira (Jo 9.5,39-41; 2Co 4.3,4).

9)    Sua Perenidade - O Primeiro e o Último (Ap 1.17) – Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas (Rm 11.36). Nada escapa do controle Dele (Jó 42.2). Se Ele age, ninguém pode impedir (Is 43.13).

10)         Sua Vitória Triunfal (Ap 1.18) - fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre:

a.    A verdadeira vitória vem depois que morremos para nós mesmos (1Co 15.36). Aquele que morreu cessou do pecado (Rm 6.7; 1Pe 4.1);

b.    Jesus não apenas está vivo, mas vive para todo sempre.

c.      Além de ter ressuscitado, Jesus venceu a morte e tem autoridade sobre morte e o inferno, bem como no céu e na terra (Mt 28:18). Ou seja, nada mais acontece no céu ou na terra, seja em vida ou na morte, seja no paraíso ou no inferno, sem que Jesus permita.

 

Quanto à semelhança do livro do Apocalipse com as demais profecias:

 

·       a introdução e conclusão do livro do Apocalipse lembram o livro de Daniel;

·       a determinação dos tempos tem haver com Daniel;

·       a arquitetura da cidade santa tem relação com Ezequiel;

·       a descrição de um menino gerado e as promessas a Sião tem relação com Isaías;

·       o julgamento da Babilônia tem relação com Jeremias;

·       os cavalos, castiçais lembram a visão de Zacarias.

 

Também vale destacar que a expressão “reis da terra” é frequentemente usada no Apocalipse (Ap 1:5; 6:15; 16.14; 17:2,18; 18:3,9; 19:19; 21:24). Nenhuma profecia no Testamento da Lei se intitula revelação, o que nos ensina que seu objetivo é descobrir aquilo que a lei não foi capaz de descobrir.

Por isto pode-se dizer que o tema deste capítulo é mostrar com clareza quem é este quem revela mistérios.

O anticristo representa o maior e mais poderoso inimigo carnal que é possível surgir na face da terra. E uma vez que ele é derrotado por Jesus em Ap 19, isto significa que não existe inimigo grande o suficiente que seja capaz de destruir tudo que Jesus tem para nós.

As mais temidas pragas possíveis de existir são todas mandadas por Jesus conforme Sua vontade para o bem da Igreja. Logo, não importa qual praga que surja na tua vida, Jesus está bem acima dela e tudo permite para que você possa ser mais útil à Igreja Dele (Romanos 8.28). 

Embora o apocalipse contenha muitas das doutrinas preciosas da fé, o apocalipse não precisava ter sido escrito por isto, já que tais definições estão contidas em outras partes da Escritura Sagrada. Sendo assim, Seu propósito principal é revelar quem é Jesus e qual é Sua vontade para nossas vidas.

O livro do Apocalipse contém mais que 500 alusões ao Testamento da Lei, sendo que 278 dos 404 versículos (quase 70%) fazem alguma referência ao Testamento da Lei. Ele é caracterizado por ser um livro de contrastes:

 

·       Acontecimentos que breve devem acontecer e fatos cujo cumprimento está mui distante;

·       Coisas muito grandes e coisas muito pequenas;

·       Coisas terríveis e promessas agradáveis;

·       Palavras repetidas de velhas profecias e coisas novas;

 

Todas estas coisas estão entrelaçadas umas nas outras, opostas uma a outra, mas em total acordo e mutuamente envolvendo e desenvolvendo um ao outro. Fazem referência um ao outro a partir de um pequeno ou grande intervalo e, assim, às vezes desaparecem, param a narrativa e, mais adiante, inesperadamente, no momento adequado, retornam à vista.

Versículo 1

·        “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo;” (Ap 1.1 - ACF)”.

 

João não recebeu uma explicação teológica seca e morta de eventos futuros. Ele recebeu uma revelação profética poderosa e dinâmica capaz de transformar vidas.

João significou a mensagem do Apocalipse, ou seja, a comunicou por meio de sinais. E assim ele procedeu porque as coisas celestiais nem sempre podem ser expressadas por meio de palavras (2Coríntios 12.4).

O fato de chamar os seguidores do Eterno de filhos não significa que, de fato, eles sejam escravos. Ao invés disto, trata-se de um título de honra usado para mostrar que o indivíduo tem serventia para o Eterno.

Estamos dependendo do quê? Os outros têm dependido de nós para quê? O que estamos levando eles a esperarem de nós? Neste tempo tão difícil, não podemos continuar dependendo de quem não tem compromisso com Cristo, nem fazê-los pensar que podemos ser o suprimento de suas necessidades.

Com o surgimento da marca da besta (Ap 13.16,17), o menor envolvimento com o sistema que rege este mundo implica em morte eterna, de modo que teremos de viver pela fé (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Daí uma necessidade da revelação de quem é Jesus e daquilo que deve acontecer rapidamente (ou seja, sendo abreviado – Romanos 9.28).

Quando tudo isto começar a acontecer, Jesus vem sem demora.

Muitas vezes nos perguntamos se os apóstolos, ao escreverem seus livros, sabiam que estavam escrevendo uma palavra vinda do próprio Eterno. No caso de João ele sabia, visto que ele deixa isto claro, tal como faziam os profetas do Testamento da Lei.

A expressão “revelação de Jesus Cristo” ocorre somente em 1Pedro (1Pe 1.7,13) e Gálatas (Gl 1.12). Expressões semelhantes podem ser vista em (1 Pedro 4:13; 1 Coríntios 1:7; 2 Tessalonicenses 1:7; Gálatas 1:12).

Trata-se de revelação (e não revelações). Ou seja, isto não deve ser entendido como temas separados (embora possamos aprender várias coisas em várias áreas), mas sim como uma revelação de Jesus (corpo e cabeça) nas mais diversas áreas. Cristo é, ao mesmo tempo, o Mistério e o Revelador do mistério.

O melhor significado de revelação deveria ser velar de novo. E é isto que acontece com aqueles que tentam estudar o apocalipse por curiosidade ou para ostentar sabedoria mundana (ver 1Co 2.1-5) e seduzir a muitos.

Jesus, não só é o assunto do livro do apocalipse, mas também aquele que se mostra a todos. Repare como a maioria das coisas são transmitidas a João por meio de anjos. No entanto, quando era para falar de Jesus, nenhum anjo foi enviado para falar Dele. Ele próprio se mostrou a João. Isto porque nenhuma descrição acerca de Jesus seria tão exata e precisa. Nem o maior e melhor dos anjos é capaz de descrever Jesus com perfeição. E mesmo que fosse, jamais João poderia ter uma compreensão exata a não ser vendo Ele. Jesus é a realidade, e não apenas um comentário de uma figura histórica.

A revelação não é estática de algo que aconteceu, está acontecendo ou vai acontecer, mas sim uma revelação viva acerca de Jesus em meio a todo tipo de situação que a Igreja pode viver.

De igual modo, o foco da Igreja hoje jamais deve ser falar de Jesus, mas sim mostrá-Lo. A Igreja pode falar de outras coisas concernentes ao Reino do Eterno. No entanto, só Jesus pode falar de Si mesmo. E isto também mostra que só conheceremos Jesus direito quando O virmos. E considerando que Jesus disse que ia nos preparar lugar para que, onde Ele estivesse, nós pudéssemos estar também (Jo 14.1-3), logo não podemos nos conformar em ficarmos distante Dele.

O Pai deu revelação a Seu Filho que, por sua vez, a deu a Seu anjo, o qual, então, a deu a João que a escreveu a seus irmãos na fé.

O fato de a mensagem ser entregue a João por meio de um anjo significa que a mesma seria entregue na forma de sinais e símbolos. Todavia, as coisas que João viu não eram meros símbolos, mas sim a significação de todas as coisas que envolvem a vida do seguidor de Jesus.  Ou seja, não é o símbolo que significa alguma coisa; antes, o símbolo é um retrato do que realmente é esta alguma coisa. Ex: não é a besta que representa o império gentílico; antes, este império é uma besta (ver Tg 3.15).

Alguém pode se perguntar: mas se o Eterno quer tanto que a Igreja entenda a mensagem do Apocalipse, então por que tanto simbolismo? Estaria o Eterno fazendo um jogo tal como “adivinhe o mistério”?

Com certeza não! Como João está expressando coisas do ponto de vista celestial, ele necessita de símbolos, já que há coisas que são impossíveis de serem exprimidas (2Co 12.4). Faz-ne necessária a intercessão do Espírito Santo para que possamos entender (Romanos 8.26; 1Coríntios 14.2).

Observe também a expressão “as coisas que em breve devem acontecer” (alusão a Dn 2.28; cf. também Ap 4.1; 22.10). O Eterno, para manifestar aos Seus servos as coisas que deveriam acontecer brevemente (ver Ap 4.1), fez de Jesus uma revelação. O Eterno, em Jesus, revela quem Ele é, bem como aquilo que Ele deseja operar e as coisas que iriam caracterizar o fim dos tempos.

Isto, sobretudo, mostra que Jesus nunca falou por si mesmo, mas tão somente daquilo que o Eterno Lhe instruiu para falar (Jo 3.32; 5.19,20,30; 7.16,17,28; 8.26,28,38,40; 12.49).

Eis aqueles que falam com João:

 

        1º -    o próprio Jesus (Ap 1.10,11; 4.1);

        2º -    um dos anciãos (Ap 5.5);

        3º -    cada um dos quatro seres viventes chama João para vir e olhar (Ap 6.1);

        4º -    um dos anciãos (Ap 7.13);

        5º -    o Senhor e Seu anjo que tinha o pé sobre o mar e sobre a terra (Ap 10.8,9);

        6º -    Em Ap 17.1 o anjo fala com João para lhe fazer entender as coisas.

        7º -    Um dos sete anjos que tinham as sete taças (Ap 21.9).

 

Ainda há um detalhe a considerar: uma vez que Jesus enviou o livro do Apocalipse a João por meio do Seu anjo (singular), então como explicar tantas pessoas falando com João?

Versículo 2

·        “O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto.” (Ap 1.2 - ACF).

 

Acerca do quê João testificou?

 

1 – Da palavra de Deus. Esta expressão ocorre cinco vezes no Apocalipse (Ap 1:2,9; 6:9; 19:13; 20:4). Este é o nome de Jesus (Ap 19.13), bem como a causa da perseguição dos justos (Ap 1.9; 6.9; 20.4). João não testificou acerca da palavra do Eterno como se ela fosse um mero conjunto de regras a ser seguido, mas algo vivo e eficaz (Hebreus 4.12). João estava mostrando que a palavra do Eterno não é algo morto, muito menos a ser transformado em uma religião.

 

2 – Do testemunho de Jesus Cristo. A expressão “testemunho de Jesus” ocorre cinco vezes (Ap 1:2,9; 12:17; 19:10; 20:4). João não falou do Jesus que ele conheceu enquanto andava aqui, mas de Jesus em Sua glória e majestade que Ele estava conhecendo nesta visão chamada apocalipse, bem como de toda a atenção que Ele dedica a este mundo.

Mais ainda: João testificou do testemunho que Jesus deu enquanto estava neste mundo, bem como de toda a sua eficácia no presente.

Em outras palavras, João revelou o verdadeiro significado de tudo que Jesus fez neste mundo.

 

3 – E de tudo quanto viu. Finalmente, João testificou acerca do resultado de toda a obra de Jesus na cruz para todas as gerações.

 

João não foi uma testemunha simplesmente porque viu e ouviu o apocalipse, mas também porque recebeu em Si a palavra do Eterno e o testemunho que Jesus suportou da verdade. É bom lembrar que o testemunho de Jesus é o espírito da profecia (Ap 19.10).

João não apenas viu, mas viveu o apocalipse a fim de poder ser testemunha de Cristo. Ele pode experimentar dentro de si tudo que Cristo sente ao ver o mal.

Resumindo: o Eterno deu a Jesus a revelação, ou seja, fez Dele uma revelação e, por meio do Seu mensageiro (anjo), notificou Jesus a João (revelou a ele toda a grandeza de Jesus), o qual expôs tudo aos que servem ao Eterno. É isto que constitui as palavras desta profecia (Ap 1.3).

Para ser mais exato: o Eterno testificou a João acerca do testemunho de Jesus Cristo pelo qual ele estava preso em Patmos (Ap 1.9). Ou seja, permitiu que ele conhecesse com mais exatidão o que vinha a ser o testemunho de Jesus pelo qual ele e tantos outros vinham sendo atribulados.

Logo, o livro do Apocalipse é onde podemos ver o que realmente significa servir a Cristo.

Versículo 3

·        “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.” (Ap 1.3).

 

Apocalipse foi escrito à Igreja quando ela era ainda jovem. Hoje em dia, indivíduos dizem que o livro do Apocalipse é difícil de ser entendido. Mas se ele não fosse para ser entendido, para quê Jesus se daria ao trabalho de revelá-lo?

Note o uso das expressões: “aquele que lê” (singular), “os que ouvem e guardam” (plural). Como na época de João não havia imprensa, não era qualquer um que tinha uma cópia da Escritura Sagrada. Logo, o mais comum era simplesmente ler a Escritura Sagrada (como se vê em Neemias 8.8; Deuteronômio 31:11; Jeremias 36:6; Lucas 4:16; Atos 15:21; Colossenses 4:16; 1 Tessalonicenses 5:27).

Assim, o destaque estava em ouvir a Escritura Sagrada tal como ela estava escrita (diferente de hoje onde a prioridade é colocada na interpretação dada pelo líder religioso).

Quando a Igreja se reunia, um lia e os demais ficavam escutando. Ou seja, esta aparente dificuldade (de serem poucos que sabiam ler e que tinham a Escritura Sagrada consigo) servia para que cada um se concentrasse em ouvir a Escritura Sagrada purinha e, deste modo, dar lugar para o Eterno ministrar-lhe.

A bem-aventurança não é a de simplesmente ler, como faz o gnóstico que tem prazer no conhecimento (ver 1Coríntios 1.22). Afinal, só é bem-aventurado quem tem intimidade com Jesus (1Coríntios 2.9; Efésios 1.3). Ou seja, a bênção é deixar que Cristo viva Sua vida em nós (Lucas 11.28). Ou seja, o livro do apocalipse não é para mera especulação, mas para ser guardado, ou seja, para mudar a vida de todos os que o ouvem e leem.

E considerando que ninguém poderia se considerar bem-aventurado por ouvir palavras ininteligíveis, logo, o livro do apocalipse é possível ser entendido.

Entenda: o livro do Apocalipse tem por finalidade mostrar quem é Jesus e de esclarecer que a verdadeira razão de ser da profecia é dar lugar para que Ele possa dar testemunho de Si mesmo onde estamos. O Eterno nos dá uma profecia porque Ele tem uma obra a realizar em nós e por nós.

João não viu nada que não tivesse haver com um destes dois itens acima. Pode reparar que, não importa quantas profecias sejam dadas, todas tem por finalidade nos revelar quem o Eterno é, bem como aquilo que Ele quer fazer, por meio do que é mostrado.

Inclusive, esta questão do testemunho de Cristo é tão forte que Paulo destaca a importância do mesmo ter sido confirmado em meio aos coríntios (1Coríntios 1.6). Sem contar que os mártires foram justificados por terem sido mortos por amor da Palavra do Eterno e pelo testemunho que deram (Ap 6.9). Sem contar que toda a luta do dragão é contra os que guardam os mandamentos do Eterno e têm o testemunho de Jesus Cristo (Ap 12.17).

Feliz de quem lê a Escritura Sagrada (em particular esta profecia) para os outros ouvirem e feliz daqueles que se dispõem a ouvir o que a Escritura Sagrada tem a dizer sobre Jesus (esta é a primeira das sete bem-aventuranças do apocalipse - Ap 1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7,14).

Mas sobretudo, bem-aventurado quem decide guardar (isto inclui praticar) tudo que está escrito. Afinal, o tempo em que tudo isto vai se cumprir na vida de cada um de nós está próximo. Note como a brevidade da vinda de Jesus é bastante enfatizada (Rm 9.28; 13.11; Tg 5.8; 1Pe 4.7), principalmente no apocalipse (Ap 4.1; 22.6,7,10,20).

E é bem compreensível: para quem é de Jesus, o tempo de ser usado por Ele está na mão, ou seja, sempre o tempo para o cumprimento de todo o apocalipse na nossa vida está próximo de nós (tal como o Reino do Eterno estava e está - Lucas 1.15).

Inclusive, por aqui vê-se a importância do apocalipse: além de ser o único livro que carrega diretamente consigo uma promessa para quem o lê, ouve e guarda (embora isto não deixe de ser verdade para o restante da Escritura Sagrada – Sl 1.1,2; Lc 11.28), o anjo se apresenta como conservo daqueles que guardam as palavras deste livro (repare no quanto é enfatizado “as palavras da profecia” - Ap 19.10; 22.6-10,18-19).

Além disto, urge salientar o fato de ser ordenado a guarda dos mandamentos do livro de Apocalipse. Isto significa que trata-se de um livro com instruções preciosas acerca do caráter que os seguidores de Jesus devem ter.

A leitura do Apocalipse deve nos levar para mais perto de Jesus em fé, esperança e amor, bem como a entender esta dispensação em que estamos vivendo (ver Lucas 12.54-57).

Fica uma pergunta: qual é a finalidade de um anjo para revelar a palavra a João (Ap 22.16)? Por que Jesus não revelou tudo diretamente a ele?

O livro do apocalipse é uma revelação com relação a Cristo (o autor) e uma profecia, com relação a João que deveria entregá-la à Igreja.

Versículo 4

·        “João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono;” (Ap 1.4).

 

Ao assinar simplesmente “João”, ele estava certo de que não haveria confusão. Ou seja, mesmo que houvesse outro João em algum dos sete grupos a quem ele estava se dirigindo, ele estava certo de que não seria confundido. Com certeza, João tinha boa intimidade com cada um daqueles a quem ele estava escrevendo.

Isto é característica de alguém que tem um caráter santo e irrepreensível, que não precisa esconder sua identidade.

João escreve às sete oholyao a fim de nos mostrar o quão insidiosamente as 7 formas de  religião podem ameaçar a Igreja de Cristo, as quais devemos combater permitindo a vida de Cristo prevalecer.

Quanto ao número sete, este número é usado para designar totalidade, algo completo:

 

·       7º dia era o dia de descanso (Gn 2.3; Ez 20.13);

·       Era depois do 7º dia que o bebê era circuncidado (Gn 17.12);

·       O número de purificação e consagração era 7 (Leviticus 4:6, Leviticus 4:17; Leviticus 8:11, Leviticus 8:33; Numbers 19:12);

·       As 3 festas sagradas tinham duração de 7 dias (Dt 15.1; 16.9,13,15), sendo que no 7º mês havia 3 ocasiões especiais;

·       A cada sete anos a terra deveria descansar e após 7 x 7 anos, era o ano do jubileu, onde todos os escravos eram libertos e a terra voltava a pertencer aos seus donos;

·       Naamã deveria mergulhar sete vezes no Jordão (2Rs 5.10) a fim de reconhecer que o Eterno é o autor da cura;

·       Josué deveria rodear Jericó por sete dias, sendo que, no último dia deveria rodear sete vezes (Js 6.4,15,16) a fim de que Israel soubesse que a conquista da cidade era algo dado pelo Eterno.

·       Havia sete igrejas, sete castiçais de ouro, sete estrelas, sete espíritos de Deus, sete selos, sete trombetas, sete taças;

·       Sete era o número de recompensa para aqueles que eram fiéis à aliança (Deuteronômio 28:7; 1 Samuel 2:5).

·       Sete era o número de punições para quem era rebelde à aliança do Eterno (Levítico 26:21,24,28; Deuteronômio 28:25).

·       Sete era o número de punição para os que feriam  o próximo (Gênesis 4:15,24; Êxodo 7:25; Salmos 79:12).

·       Quando o Eterno quis exaltar José no Egito, Ele permitiu sete anos de fartura e sete anos de escassez (Gênesis 41.29,30).

·       Sete tempos se passaram sobre Nabucodonosor a fim de que Ele aprendesse que o Deus de Israel é rei sobre toda a terra (Daniel 4.25).

·       Há sete bem-aventuranças no apocalipse.

·       Há sete pedidos na oração de Jesus (Mateus 6.9-13).

·       Quando houve problema na reunião dos irmãos em Jerusalém, os apóstolos sugeriram que sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria viessem a ajudar.

·       A sabedoria do Eterno tem sete características (Tiago 3.17) e já lavrou suas sete colunas (Provérbios 9.1).

 

Tudo isto sem contar a quantidade de vezes que o número sete é destacado no Apocalipse:

 

·       sete espíritos diante do trono;

·       sete grupos de irmãos reunidos;

·       sete castiçais de ouro;

·       sete estrelas;

·       sete tochas de fogo;

·       sete chifres e sete olhos no Cordeiro;

·       sete selos, sete trombetas, sete taças;

·       sete trovões;

·       sete cabeças no dragão e na besta que sobe do mar;

·       sete anjos com as sete últimas pragas;

·       sete montes sobre os quais a Grande Babilônia está sentada.

 

Logo, as sete oholyao (grupo dos que criam em Jesus e se reuniam para conhecer melhor ao Eterno), representam os sete tipos de grupos que é possível existir, ou seja, representa toda a Igreja.

Por outro lado, quatro é o número do mundo organizado:

 

·       Quatro elementos: terra, ar, água e fogo;

·       Quatro estações;

·       Quatro anjos mantém seguros os quatro ventos do céu (por exemplo, Ap 7.1);

·       Quatro cantos da terra;

·       Quatro criaturas viventes, emblema da criação redimida (Ap 4.6);

·       Em Ezequiel, os querubins tinham quatro faces e quatro asas (Ez 1.5,6);

·       Quatro animais (Dn 2.32,33) e quatro metais (Dn 7.3) representando os quatro impérios mundiais que mais influenciaram a humanidade;

·       O vaso que Pedro viu parecia um lençol atado pelas quatro pontas (At 10.11);

·       Quatro chifres eram a soma das forças do mundo contra Israel (Zc 1.8);

·       Quatro evangelhos  foram destinados a ministrar aos quatro cantos da terra.

·       A Nova Jerusalém é quadrangular.

·       O quarto cavaleiro, chamado morte, tem poder para matar a quarta parte da terra por meio de quatro agentes (Ap 6.8).

·       João se identifica quatro vezes no apocalipse (Ap 1.1,4,9; 22.8).

 

O número três também merece destaque, pois há:

 

·       Três ais (Ap 8.13);

·       Três espíritos imundos semelhantes a rãs (Ap 16.13);

·       Três portas em cada lado da cidade celestial (Ap 21.13);

·       Três vezes o Eterno é declarado “santo” (Ap 4.8).

 

E quanto à expressão graça e paz (Rm 1.7; 1Co 1.3; Gl 1.3.)? O que significa? Numa época de grande tribulação (Ap 1.9) e com profecias apontando mais destruições e sofrimentos, como ele pôde saudar os irmãos em Cristo desta maneira?

A graça (Favor) do Eterno é a operação Dele dentro do homem (em contraste com os rituais religiosos). É justamente a capacidade de amar, mesmo num período tão difícil (ver 2Co 8.1-5).

Paz é o modo de Jesus unir Seus membros em contraste com a pretensa comunhão existente entre os membros nas instituições religiosas. É o fruto que surge quando somos libertos das coisas materiais. Afinal, a maior dor não é a material, mas sim a da rejeição e traição. É tal como um passarinho que, embora agonize em sua dor, não presta atenção no agente causador da mesma, mas espera no Eterno, seja pela cura ou pelo seu fim neste mundo.

Um dos maiores erros nossos é esperar que algo de bom possa vir deste mundo ou dos que nele estão. Temos que amar aqueles que são nascidos do Eterno (1Jo 5.1), em particular aqueles que são realmente próximos a nós, a saber, de quem realmente somos (e não daquilo que pensamos em ser ou que os outros insistem que sejamos).

Mas afinal, quem está saudando os irmãos (Ap 1.4)?

 

·       Aquele que é, que era e que há de vir, ou seja, Jesus, o Deus Eterno que virá para arrebatar Sua Igreja. Trata-se de uma alusão ao nome divino revelado em Êx 3.14-15. Ou seja, quem está saudando é Alguém que nunca muda (que sempre é – Êx 3.14), que jamais irá abandonar os Seus, mas espera com alegria pelo dia em que poderá trazê-los para junto de Si. Inclusive, isto condiz com (Hb 11.39,40), onde mostra que os santos não estão na companhia física do Pai, mas no Seol. E o arrebatamento representa o dia pelo qual Jesus vem esperando por toda a eternidade quando, finalmente, Ele poderá trazer a Igreja para junto de Si para contato físico a fim de, com isto, nunca mais, se separarem;

·       Os sete espíritos que estão diante do seu trono (ver Ap 3.1; 4.5; 5.6; Zc 3.9; 4.10), a saber, todos os centros de consciência que há no Eterno e que estão em conselho (Jr 23.18,22; At 20.27; Ef 1.11). Estes são os sete olhos que havia na pedra que foi colocada diante do sumo-sacerdote Josué (Zc 3.9). Eles mostram que o Deus Todo-Poderoso está envolvido por completo com Sua multiforme graça (1Pe 4.10) e sabedoria (Ef 3.10). Não fica só de longe olhando, nem opera apenas em parte, como que completando o trabalho do homem;

·       Jesus Cristo, ou seja, aquele que recebeu autorização e capacitação do Pai para ser o sacrifício perfeito que concederia salvação à Igreja com Sua presença contínua a guiá-la. Quando somos aquilo que o Eterno nunca pensou que fôssemos, tudo que fazemos não é por amor ao próximo, mas sim pensando em nossos desejos (ver Jo 14.28). O verdadeiro amor consiste em fazer pelo próximo o que o Eterno quer fazer na vida dele.

 

Ou seja, quem está saudando é o próprio Eterno, que faz questão de se envolver pessoalmente com aqueles que confiam plenamente Nele a fim de trabalhar neles a salvação contra o pecado, com vistas ao dia em que poderão estar o tempo todo juntos fisicamente.

Em particular, na frase “que é, que era e que há de vir”, esta última expressão foi citada ao invés de “que será” a fim de ficar claro que o Pai está no Filho (João 14.9,10). 

Vem a questão: como a igreja deve ver o seu Noivo?

Versículo 5

·         “e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados,” (Ap 1.5 – ARC1995).

 

A tarefa de uma testemunha não é contar uma estória e discutir acerca da mesma. Antes, seu papel é tão somente transmitir a todos aquilo que vivenciou (viu, ouviu, sentiu e experimentou). Jesus é a fiel testemunha porque Sua vida expressa com extrema fidelidade toda a realidade celestial (João 3.13).

Por qual motivo a Igreja deve adorar Jesus? Veja os títulos que Jesus recebe:

 

·       A fiel testemunha (Is 55.4; 1Tm 6.13).

·       O primogênito dos mortos (At 26.23; Cl 1.18).

·       O soberano dos reis da terra (Sl 89.27; Rm 14.9).

·       Aquele que nos ama;

·       Aquele que nos libertou dos nossos pecados pelo Seu sangue (Ap 7.14; 12.11; Rm 3.25; Hb 9.14; 1Pe 1.18-19; 1Jo 1.7). Veja a libertação dos pecados através do sangue (Êx 12.13,23).

 

a)          Como a Fiel Testemunha (Is 55.4) – Este título mostra o ofício profético.

 

Jesus é fiel testemunha porque Ele não é um mero mártir. Ele realmente tinha vida para dar, e uma vida pura. É Ele quem tira força da fraqueza, glória da vergonha, alegria do sofrimento, vida da morte.

O sistema religioso apenas apresenta dogmas religiosos.  É Jesus, e não o sistema religioso, quem realmente mostra o Eterno a todos. Afinal, apenas Ele estava no céu sendo, assim, o único capaz de mostrar com exatidão todas as coisas referentes ao Eterno e Seu reino.

Tudo quanto Jesus ouvia do Pai, transmitia fielmente para os seus discípulos (Jo 15.15 – ou seja, Ele era PROFETA). Ele não falava daquilo que Ele ouviu dos outros, mas daquilo que viu e ouviu o Pai fazendo (Jo 5.19,30; 7.28; 8.26,28,38,40; 12.49,50; 14.10). Uma vez que Ele sabia de onde veio e para onde ia (Jo 8.14), nunca deixou de testemunhar sobre o Pai, nem mesmo na hora do sofrimento e da morte (ver 1Tm 6.13). Nem mesmo sob pressão, pois Ele não buscava glória de homens (Jo 5.41,44), nem se intimidava por quem quer que seja, mas ensinava o caminho do Eterno firmado na verdade (Mt 22.16).

Tanto que o Eterno confirmava Sua Palavra com milagres (Mc 16.20; Hb 2.5). Por fim, no dia do juízo, Jesus se levantará como a fiel testemunha que desmascarará as más obras dos ímpios e, principalmente, dos obreiros da iniquidade;

Jesus é o único que fielmente pode testemunhar acerca de quem realmente converteu ou não.

 

b)          Primogênito dos Mortos (como sugere Sl 89.27; Rm 14.9) – Este título revela o ofício sacerdotal.

 

Jesus herdou a primogenitura que Adão perdeu.

Jesus não é simplesmente o primogênito dos mortos (primeiro a morrer – 1Pe 1.19,20), mas o primeiro a ser gerado a partir do mortos (Cl 1.18). Jesus foi o primeiro a morrer (1Pe 1.20) e ressuscitar (At 26.23; 1Co 15.20; Cl 1.18).  

A ressurreição de Jesus foi, na verdade, um nascimento (At 13.32,33 – note como “tu és meu filho, eu hoje te gerei” está relacionado com a ressurreição, e não com o nascimento de Jesus em carne). Ele se tornou o primeiro fruto daqueles que dormem (1Co 15.20). Ou seja, Jesus é o primogênito (primeiro gerado) entre muitos irmãos (Rm 8.29) através de Sua ressurreição.

Quando se fala em ressurreição, não estamos falando apenas de voltar a viver, mas sim ser finalmente adotados como filhos do Eterno (Rm 8.23). Enquanto aqui, somos filhos do Eterno por termos recebido Jesus (Jo 1.12). Sua presença em nosso espírito é a garantia de um viver segundo a vontade Dele (apesar da escravidão da alma ao pecado – Rm 7.25). Contudo, após a ressurreição, nosso corpo e alma também serão tocados pelo Espírito Santo. Daí Jesus ser nosso SUMO-SACERDOTE, ou seja, o exemplo de quem iremos ser (ver 1Co 15.48,49).

Inclusive, a prova de que a filiação tem haver com a ressurreição é que Jesus foi declarado Filho do Eterno em poder após ressuscitar (Rm 1.4). Daí ser dito que Jesus foi gerado como filho no dia em que ressuscitou (Sl 2.7; At 13.31-35). Ou seja, a ressurreição não é simplesmente voltar a viver, mas completar o processo de filiação que começou quando o Espírito Santo se uniu ao nosso espírito (1Co 6.17).

Vem a questão: se Jesus é o primogênito, como é possível que a Igreja seja constituída de primogênitos (Hb 12.23)?

Acontece que, quando alguém se entrega por completo em Cristo, ele revela uma particularidade de Cristo que ninguém mais revelou (ex: Abraão foi o primogênito em oferecer o filho em sacrifício, Jó foi o primogênito em sofrer por sua confiança no Eterno). E só há primogênito e primícias (Tg 1.18) na Igreja. Não há lugar para cópias.

 

c)           O Soberano dos Reis da Terra – Este título revela o ofício real.

 

Reis da terra é uma expressão muito usada no apocalipse (Ap 6:15; 17:2; 16.14; 18:3,9; 19:19; 21:24).

A soberania de Jesus é retratada:

 

·       (em Sl 2.7-9): Jesus tem as nações como herança;

·       (em Sl 89.27): Jesus é o primogênito, feito mais alto que todos os reis da terra;

·       (em Sl 110.2): Jesus irá reinar no meio dos inimigos.

·       (em Is 52.14,15): Jesus é o rei conquistador. É a vitória do reino de Cristo sobre os reinos religiosos.

 

d)          Aquele que nos ama (Jo 13.34; 15.9; Gl 2.20)

 

Nesta versão aparece “Àquele que nos ama” (presente); em outras, aparece “Àquele que nos amou” (passado). É importante que tenhamos consciência das duas coisas:

 

·       Temos que olhar para o passado, para a maior demonstração de amor do Eterno para com toda a Sua criação a fim de que não desanimemos diante das adversidades (ver Romanos 8.37);

·       Temos que ter certeza de que Seu amor é o mesmo ontem, hoje e sempre.

 

Não importa o que aconteça, jamais devemos perder de vista tudo que Jesus fez por nós na cruz.

O amor de Jesus por nós não é estático, mas sim um amor que nos capacita a amar. Implica em tomar sobre nós Sua retidão (ver 1Jo 5.3). Fique claro que não é a nossa purificação que faz com que o Eterno nos ame; ao invés disto, é o amor de Jesus por nós que O leva a nos lavar.

Ele nos ama porque, antes de tudo, isto é sua natureza (1Jo 4.8,16).

O fato de o verbo estar no presente significa que o amor de Cristo é algo presente e que permanece: Ele nos amou, nos ama e nos amará até o fim (Mt 28.20). A questão com o amor de Jesus envolve dois aspectos:

 

·         o que Ele fez por nós na cruz (Rm 5.8), que constitui a maior prova de amor que Ele pode dar a nós;

·         aquilo que Ele está fazendo por nós e que, muitas vezes, não nos importamos em ver. Embora nenhuma demonstração de amor seja superior ao que Ele fez por nós na cruz, é Sua presença contínua amando através de nós que nos capacita a vencer o mundo (1Jo 5.3,4).

 

Não se trabalha para conquistar o verdadeiro amor. Ele é apenas para ser recebido com ações de graças (ver Jo 1.12). Para ser mais exato: como Jesus é amor (1Jo 4.8,16), ao O recebermos, automaticamente estamos recebendo o amor.

O Eterno não projetou que Sua criação se esforçasse para ser alguma coisa. Antes, colocou no coração de cada um aquilo que o mesmo deve ser (Ez 28.13), bastando tão somente que cada um se alimente daquilo que o Eterno dá (Dt 8.3; Mt 4.4; Is 48.17,18) e siga Sua ministração. Isto fará cada um atingir naturalmente tudo aquilo para o quê foi criado. Infelizmente, muitos abortam este processo.

E qual o porquê disso? Pense no seguinte:

 

·        “Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.” (1Co 15.21,22).

·        “E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.” (Hb 7.9,10).

·        “De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.” (1Co 12.26).

·        “Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” (Êx 20.5)

·        “Saberás, pois, que o SENHOR teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos.” (Dt 7.9).

 

Existe a herança de bênção e de maldição. Por exemplo: quem crê em Cristo se torna herdeiro de Abraão pela fé (Rm 4.16-18). Ou seja, embora apenas Abraão tenha sacrificado Isaque, por meio dele todos oferecemos este sacrifício. De igual modo, por meio de Jó todos tivemos uma paciência incomparável. E assim Jesus quer atribuir a cada membro do Seu corpo a conquista de cada um. Daí o fato de devermos nos alimentar do corpo de Cristo (Jo 6.51-57).

Afinal, cada dom ou talento peculiar existente no mundo atinge sua excelência em algum dos membros de Cristo, e isto para usufruto dos Seus.

Ou seja, o Favor do Eterno não leva em conta leis (Rm 4.11-13; Gl 5.22,23); não está firmado naquilo que cada um é, mas naquilo que o Eterno é. Se estamos em Jesus, tudo que o Eterno é vem a nós; do contrário, se estamos desligados de Jesus, toda a maldição chega a nós naturalmente (ver Rm 11.22-24).

Para exemplificar: se alguém come só coisa ruim, todos os membros serão afetados, podendo, por exemplo, dar trombose. Não importa se o membro concorda com isto ou não, se ele estiver ligado no corpo, irá receber o que a cabeça ingerir. Logo, se o mesmo não quiser ser alvo de tal maldição, deve sair deste corpo (Ap 18.4).

Se de fato estamos em Cristo, não há desculpa, pois Ele já nos libertou. Basta tão somente que nos soltemos das amarras que fizemos para nós mesmos (tal como se deu com Israel que, após ter sido libertado por Ciro, insistia em se submeter à escravidão da Babilônia – Zc 2.7).

De igual modo, o amor não é algo pelo qual nos esforçamos para conquistar ou manter, mas aquilo que concordamos em permitir que seja desenvolvido em nós quando aceitamos Jesus.

Enquanto sacerdotes e reis não têm o privilégio de aproximar do Criador a qualquer momento, Seus filhos têm. Como só Jesus é filho legítimo, logo só podemos nos aproximar Dele ou daqueles que pertencem ao Criador quando Ele (com Seu estilo de vida) nos conduz.

 

e)          em seu sangue nos lavou dos nossos pecados

 

Jesus não morreu porque Ele falhou em Sua missão, mas sim porque Ele nos amou. Isto combate a heresia de que Jesus não veio em carne (1Jo 4.2,3).

Também isto nos mostra que não fomos nós que nos lavamos dos pecados por meio das boas obras, mas sim Jesus, através de Sua vida em nós. Sem Jesus (e não nós) nos lavar, não temos parte com Ele (Jo 13.8). Jesus, com Seu sangue, restaura nosso relacionamento com o Pai, nos salvando de andar vagando por este mundo procurando um sentido para a vida.

E o fato de o sacrifício de Cristo estar consumado (Jo 19.30) significa que não há mais volta: está tudo completo e todo o resultado de Sua obra está em andamento, não havendo possibilidade de o mesmo não ser concluído.

A única coisa que nos impede de ter os pecados lavados é o fato de nos considerarmos justos (1Jo 1.9). Enquanto nós achamos que temos razão, colocamos o Eterno na posição de mentiroso, injusto e devedor. Apenas vivendo a vida Dele é que nossos pecados serão perdoados. Confessar o pecado não é simplesmente dizer que cometeu um erro, mas sim reconhecer que andou agindo separadamente do Eterno.

Se, de fato, tivéssemos conhecendo com profundidade o amor do Eterno (Ef 3.19), enxergaríamos o quão terríveis são nossos pecados, bem como a grandiosidade da boa notícia (evangelho), a saber, que é possível comparecer diante de um Deus tão santo.

Homens querem sempre derramar o sangue dos outros para, supostamente, se verem livre dos seus pecados ou, então, dar fim a todas as guerras. Mas nenhum sangue, exceto o de Cristo, pode nos livrar de nós mesmos, pois somente Ele tem poder e caráter digno para viver em nós o que é para ser vivido e, além disso, nos suprir.

O amor de Cristo não implica em querermos ser amados por alguém, mas sim em querermos uma oportunidade para Jesus amar através de nós. Note que Jesus primeiro nos amou para depois nos lavar, ao invés de esperar que nós nos lavássemos para, então, nos amar.

De modo que ninguém tem desculpa para dizer que é difícil alcançar o Eterno. Só não é alcançado por Ele quem Dele foge (ver Atos 17.25-28; Rm 1.18-20). E o amor do Eterno é comprovado através do processo de lavagem da regeneração e renovação (Tt 3.4-6) de modo a nos possibilitar vencer o mundo (1Jo 5.3).

Jesus poderia destruir a humanidade e fazer seres prontos para receber Seu amor. No entanto, fomos criados justamente porque somos as criaturas mais adequadas (mais pecadoras) para Ele mostrar Sua imensa capacidade de amar, bem como a eficácia deste gesto em quem por Ele é alcançado.

O amor é ativo no coração, mas em repouso na carne. Ou seja, o amor consiste em se deixar transformar pelo Eterno através de quem Ele traz a nós e a estar disposto a permitir que o Eterno trabalhe no coração dos outros através daquilo que Ele fez de nós.

Não é como o mundo que acha que o amor deve ser passivo no coração (amar só quem convém à carne e estar disposto a receber amor só de quem dá o que deseja) e firmado em ações que consiste no esforço de fazer a relação dar certo.

Mas afinal, Jesus nos limpou, nos lavou ou nos libertou do pecado? A lavagem dos pecados, num sentido mais profundo, significa nos soltar do pecado (ver Ap 7.14; 12.11; Rm 3.25; Hb 9.14; 1Pe 1.18,19; 1Jo 1.7).

Isto lembra o fato de os sacerdotes terem que lavar suas mãos e pés antes de entrarem na tenda da congregação e quando fossem queimar ofertas no altar do holocausto (Êx 30.18-20), o que nos ensina que ninguém deve se aproximar de ninguém, nem ofertar nada ao Eterno, sem ter sido limpo e movido pela palavra de Jesus.

Entenda: o coração sujo impede os outros de aproximarem de nós. Temos como ir até eles, mas não seremos recebidos. O coração preso não consegue ir a ninguém, nem mesmo àqueles que querem entrar na nossa vida.

Isto nos revela o imenso amor de Jesus que, ao invés de imputar os nossos pecados (2Co 5.18-20), preferiu dar-nos Sua vida a fim de que, por meio Dele, fôssemos livres de pecar contra o próximo. E também nos ensina que, a menos que nos deixemos guiar pelo Espírito Santo, jamais seremos livres de pecar e, obviamente, capazes de ministrarmos na presença do Eterno.

Analisemos alguns destaques com relação ao sangue de Cristo:

 

·       O Eterno nos deu Jesus a fim de que nossa fé pudesse ser conduzida corretamente, ou, se preferir, para que pudéssemos ter “em quê” ter fé: “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;” (Rm 3.25);

·       Purificação da consciência das obras mortas: “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9.14);

·       Nos purifica do pecado dos outros, ou seja, não permite que a maldade deles afete nossa maneira de pensar e sentir: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” (1Jo 1.7).

·       Nos resgata de viver uma vida inútil: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1Pe 1.18,19).

 

Sem contar que é por meio do sangue de Cristo que a vitória nos é dada (Ap 7.14; 12.11).

Versículo 6

·        “E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém.” (Ap 1.6 - ACF).

 

f)        Nos constituiu reino e sacerdócio para Seu Deus e Pai (ver – Êx 19.6; Is 61.6; 1Pe 2.5,9; Ap 5.10; 20.6; cf. Ap 2.26; 3.21).

 

Jesus vai além de nos perdoar. Ele fez de nós reis e sacerdotes. Isto ia além do que Adão era. Adão era apenas rei. Nós, todavia, temos a faculdade de oferecer ao Eterno nossas vidas para que pessoas possam ser transformadas.

Há duas formas de se reinar: com o aval do príncipe deste mundo (Ha-Satan – Jo 14.30) ou pelo poder do Rei dos reis. Quando nos afastamos de Jesus, somos obrigados a nos sujeitamos aos poderes deste mundo e, com isto, apagamos todo o brilho que há no sacrifício de Jesus.

Ora, como podemos nos sujeitar aos poderes deste mundo, sendo que foram os tais que conspiraram contra o Senhor e contra o Seu Ungido (Sl 2.2; At 4.26)? Estes serão feitos em pedaços (Sl 2.9), enquanto que aqueles que beijam o Filho (O temem – Pv 9.10) entregarão a Ele sua glória quando Ele se manifestar com REI dos reis.

Não há nada que façamos para sermos reis e sacerdotes. Jesus já fez isto por nós. Sendo Jesus rei e sacerdote, no que Ele nos usa, acabamos desempenhando tal função. Que fique claro: não somos isto de nós mesmos, mas da ação Dele em nós.

Mas, o que implica ser sacerdote do Eterno?

O sacerdote era aquele que estava constantemente mantendo o fogo do Eterno aceso no tabernáculo:

 

·       Altar do holocausto -> uma demonstração do lago de fogo e enxofre, onde o verme não morre e o fogo não se apaga (Is 66.24; Mc 9.43-48) e da fumaça do tormento de cada um sobe para todo sempre (Ap 14.10,11). Tal como carne nova era oferecida no altar do holocausto, assim o verme da carnalidade nunca vai morrer, pois sempre haverá novos desejos brotando no coração, sem nunca encontrar a mínima satisfação (ao contrário do que se dá parcialmente neste mundo);

·       Castiçal de ouro -> a luz permanente que haverá sobre os que hão de herdar a salvação deveria ser vista de longe por todos os israelitas todas as vezes que olhasse em direção ao tabernáculo;

·       Altar do incenso -> o perfume da Palavra do Eterno (2Co 2.14-16) que deve brotar contínua e diretamente daqueles que dedicaram suas vidas a ter relacionamento vivo com o Criador através da oração (Ap 5.8; 8.3).

 

Uma característica fundamental do rei ou do sacerdote é que ambos estavam envolvidos em serviços:

 

·       O rei era o responsável por estabelecer as leis a serem seguidas, bem como zelar pelo cumprimento das mesmas em prol do amor ao próximo.

·       O juiz julgava os que transgrediam a lei e estabeleciam a sentença.

·       O sacerdote, por outro lado, era o responsável por restaurar a comunhão com o Eterno daqueles que falhassem em cumprir a lei.

 

Considerando que a lei opera a ira (Rm 4.15), o ofício de rei e sacerdote isoladamente serviria tão somente para encher de ira mútua: do rei-sacerdote para com os que não cumprissem as ordens do Eterno; destes para com e rei-sacerdote quando os repreendesse e, principalmente quando, por algum motivo, ele fizesse acepção de indivíduos na lei.

Por outro lado, quem for mais fundo no Espírito Santo, será reino e sacerdócio. Neste caso, não só o tal irá fazer a obra, mas a própria presença dele já será uma ministração na vida de quem se aproxima, visto que o mesmo será motivo para o Espírito Santo estimulá-lo à boa obra (ver 2Pe 1.5-8).

Uma vez que nós somos reino do Eterno, isto quer dizer que entrar no Reino do Eterno implica em entrar no coração daqueles que pertencem ao Eterno. Aqueles que se identificam com Cristo têm sido transferidos para dentro do reino do Filho do Seu amor (Cl 1.13), o qual não é deste mundo (João 18.36).

Jesus constrói Seu reino dentro de nós (Lucas 17.21) (somos cidadãos do céu - Fp 3.20; Ef 2.19; Hb 12.23) e nós reinamos em vida através Dele (Rm 5.17; 2Tm 2.12; Ap 2:26; 3:21: 5:10; 20:6).

Fazer de nós reino sacerdotal sempre foi a vontade do Eterno (Êx 19.6) e foi o que Ele prometeu para Israel no milênio (Is 61.6). Sempre foi desejo do Eterno que tivéssemos livre acesso à presença Dele a fim de podermos nos oferecer em sacrifício (Rm 12.1) para louvor Dele (Hb 13.15), sempre disponíveis para receber o caráter Dele a fim de que aqueles que Ele colocou na nossa vida pudessem ser reconciliados com Ele (2Co 5.18-20).

Ou seja, a vontade do Eterno não é simplesmente nos libertar da escravidão, mas sim nos santificar e nos usar para comandar as coisas à nossa volta (como era para ser originalmente – Gn 1.28). Cada membro da Igreja é um sacerdote, o faz da Igreja um reino sacerdotal.

Além de Jesus nos amar e livrar, ele nos fez capaz de reinar sobre o pecado e de nos usar para que os que nos rodeiam pudessem ter acesso ao Eterno e àquilo que Ele fez por nós e, deste modo, pudessem ser livres do pecado. Podemos, agora, buscar no Eterno, o que é preciso para cada um alcançar a libertação. Não só temos o benefício, como reis, de reinar sobre o pecado, mas temos a possibilidade de passar isto adiante (o sacerdócio é a semente).

Como sacerdotes, oferecemos sacrifícios de louvor (Hb 13.15). Temos o privilégio de acesso contínuo ao Favor do Eterno para com o próximo, ou seja, àquilo que Ele tem para aqueles que Ele traz até nós.

Entenda: temos que ser reis sobre o pecado, a fim de sermos testemunho vivo de que Jesus morreu e ressuscitou para que a justiça da lei se cumprisse em quem não anda segundo a carne, mas segundo o espírito (Rm 8.1-4). No entanto, se não formos sacerdócio, sermos como fruto sem semente ou virgens néscias sem azeite, a saber: sem a capacidade de promover mudança na vida de ninguém.

Como sacerdotes, somos instrumentos do Eterno para trabalhar a vida daqueles que Ele traz a nós. No entanto, se não formos reis, seremos como fruto sem polpa: iremos propagar o nada, ou seja, ainda que preguemos o evangelho para o mundo inteiro, ninguém será realmente alimentado pelo amor do Eterno e por ele transformado.

A igreja não foi amada e libertada em troca de nada. O alvo do amor é fazer de nós, não apenas reis e sacerdotes para o Eterno, mas reino e sacerdócio (1Pe 2.5,9; Ap 5.10; 20.6; Ap 2.26; 3.21) (como era para ser com Israel – Êx 19.6; Is 61.6). Ou seja, o Eterno quer preencher os vários cômodos do nosso coração com aqueles que Ele coloca na nossa vida para, em nosso espírito, conduzi-los ao lugar onde Ele os deseja a fim de poder, através deles, ministrar-lhes os serviços sagrados em nós.

Ao dizer que Seu reino não era deste mundo (Jo 18.36), o que Jesus estava dizendo é que Ele não reina por meio da imposição da lei (toda a Escritura Sagrada que o povo chama de Antigo Testamento prova que isto não funciona), mas no interior dos corações dia e noite (ver Ap 5.10; 7.15), pela virtude de tudo que Ele é, pelos laços de amor sobrepujando corações através da convicção e atração (Os 11.4).

Somos reis e sacerdotes para ajudar a direcionar e para ministrar no coração daqueles que o Eterno nos dá e, ao mesmo tempo, nosso coração é o lugar onde cada um poderá alcançar o sacerdócio e experimentar Jesus reinando sobre sua vida.

Entenda: ao contrário do mundo, onde alguém não é considerado algo até formar, no Reino do Eterno o indivíduo não é algo (só o Eterno é – Êx 3.14); antes, ele vai sendo formado a cada dia (Fp 2.12,13). Ou seja, ninguém é rei e sacerdote pronto; ao invés disso, vai sendo feito sacerdote e reinando sobre o pecado (Rm 5.17) com o passar dos dias.

No entanto, que fique claro: tudo isto é para o Deus e Pai, e não para proveito pessoal. Afinal, a honra, a glória e o poder pertencem apenas a Ele (1Tm 6.16; Hb 13.21; 1Pe 4.11; 5.11).

É claro que isto atingirá seu ápice depois do milênio, quando na Nova Jerusalém não haverá tempo, uma vez não existirá mais a distinção entre santo e profano. Ela toda é um templo (Ap 21.22). Mesmo porque, ouvir a palavra do Eterno é uma bênção. Cumpri-la é um privilégio.

Jesus recebe doxologia (que é um poema curto que atribui glória ao Pai) pelo Sua obra redentora em prol do Pai.

As doxologias ocupam lugar importante no apocalipse e, de modo crescente. Veja:

 

1 – No capítulo um, o Eterno é exaltado de 2 modos:

 

·       “e nos fez reino, sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.” (Ap 1.6)

 

2 – No capítulo quatro, o Eterno é exaltado de 3 modos:

 

·       “E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre, (Ap 4.9).

·       “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.” (Ap 4.11).

 

No capítulo cinco o Eterno é exaltado de 4 modos:

 

·       “E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.” (Ap 5.13).

·       “Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.” (Jd 25).

 

No capítulo sete, o Eterno é exaltado de 7 modos, sendo que, em Crônicas, de apenas 5 modos:

 

·       “Dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém.” (Ap 7.12).

·       “Tua é, SENHOR, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, SENHOR, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos.” (1Cr 29.11).

 

Note em Dn 7.14 a conexão entre reino, glória e domínio (citado por Jesus em Mt 24.30).

O fato de dar glória e domínio a Jesus não quer dizer que temos algo disto para oferecer a Ele. Antes, significa que reconhecemos ser Ele é a fonte de tudo isto. Ou seja, ao invés de irmos em busca de alguma destas coisas quando necessitarmos, devemos esperar e confiar que Ele seja tudo isto em nossas vidas.

Quando deixamos nossos interesses de lado e passamos a glorificar Jesus, receberemos muito mais do que precisamos. E isto deve ser pelos séculos dos séculos (Ap 1.6), ou seja, não é apenas por um momento, mas sempre, mesmo naqueles momentos que parecem insignificantes aos nossos olhos.

Eis o que devemos buscar do Eterno:

 

·       “Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo.” (2Co 6.4,8,9).

·       “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” (1Co 1.26-29).

 

Devemos buscar do Eterno força na fraqueza, bondade em meio à maldade, etc.; enfim, transformar pequenos momentos em algo grande e marcante, como se um momento significasse uma eternidade, algo que confirme a fé no coração dos outros.

Não há maior glória, honra, etc. que possamos receber, senão o próprio Jesus.

Quanto à expressão “para todo o sempre”, ela é bem usada no Apocalipse (Ap 1.6; 4.9,10; 5.13,14; 7.12; 10.6; 11.15; 14.11; 15.7; 19.3; 20.10; 22.5).

A distinção entre Deus e Pai deve-se ao fato de que, embora devamos ter intimidade com o Eterno, a ponto de termos liberdade em Sua presença (2Co 3.17), nem por isto devemos perder a elegância, o respeito e a reverência diante Dele.

Amém = que seja feito. E João cita no versículo seguinte porque deseja ver isto cumprido rápido.

Versículo 7

·        “Ei-lo que vem com as nuvens. Todo o olho o verá, e aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.” (Ap 1.7).

 

Nuvens são via de regra associadas com a presença e glória do Eterno (ver Êxodo 13:21-22; 16:10; 19:9; 24:15-18). A multidão dos que creem em Jesus também é considerada nuvem (Hebreus 12.1), já que o homem é a glória do Eterno (1Coríntios 11.7).

João não necessitava de uma visão especial para saber que Jesus virá nas nuvens. Isto já fora predito (Daniel 7:13-14; Mateus 26.64).

Nuvens, para os justos, é sinônimo de livramento, de bênçãos; para os ímpios, de repreensão. Por exemplo:

 

·       as águas do dilúvio: para Noé e sua família significou livramento, sendo o arco-íris nas nuvens um sinal disto (Gn 9.13,14,16); para os demais, morte (1Pe 3.20);

·       Nuvens serviram de temor para os que não queriam ter compromisso com Jesus (Êx 20.18-20; Hb 12.18-21);

·       O Eterno “cavalga” com a Sua majestade sobre as nuvens, algo que é boa notícia para quem espera Nele (Dt 33.26). É como se as nuvens fossem o trono do Eterno;

·       O Eterno, para dar livramento a Israel por meio de Débora e Baraque, fez as nuvens choverem (Jz 5.4);

·       O Eterno abençoa a colheita daqueles que alimentam o coração dos que pertencem a Jesus. Para isto, Ele lhes abre as janelas dos céus (Ml 3.10,11), ou seja, manda chuva (ver Gn 7.11).

 

Jesus, vindo nas nuvens (Dn 7.13; Mt 24.30; 26.64; Mc 13.26; 14.62; Lc 21.27; At 1.9,11; 1Ts 4.17), simboliza julgamento para os ímpios e salvação para os que Nele esperam. É oportuno lembrarmos que:

 

·       O papel de julgar é do Eterno na qualidade de Pai;

·       O papel de salvar é do Eterno na pessoa de Jesus Cristo (compare Jo 5.22 com 8.15);

·       O papel de convencer é do Eterno agindo no espírito de cada um, santificando-os.

 

As nuvens são símbolo da presença majestosa e gloriosa do Eterno (Êxodo 13:21-22; 16:10; 19:9;  24.15-18). Repare como Jesus é representado como aparecendo nesta maneira (Êx 19.18; Sl 18.11; Is 19.11).

As nuvens, figurativamente, também representam as multidões de testemunhas do Eterno que estão à nossa volta (Hb 12.1).

Note que não é dito que Jesus “virá” com as nuvens, mas sim que Ele “vem” com as nuvens (tempo presente, assim como em At 1.11: “há de vir” em vez de “haverá de vir”). Em outras palavras, desde que Jesus foi levado ao céu até sua volta, aos olhos do Eterno, é o mesmo dia, a saber, o sexto dia (embora para nós se passaram mais de 1.900 anos). No entanto, nossa denominação de tempo tem haver com o giro da terra, enquanto que o Eterno vê o tempo em termos mudanças de acontecimento.

Pense: se não houvesse sol, lua e estrelas, qual seria a nossa referência para determinar que houve mudança de tempo?

Perceba também que não é dito “Jesus vem novamente”. Isto porque, quando Jesus veio pela primeira vez, Ele não veio em toda Sua glória e majestade.

João não precisava de uma revelação especial para saber que:

 

·       Jesus viria com as nuvens (ele poderia ler isto em Dn 7.13-14 ou lembrar do que Jesus disse em Mt 24.64).

·       Todo olho verá Jesus vindo (bastava lembrar do que Jesus disse - Mt 24.26,27).

·       Mesmo os que transpassaram Jesus iriam vê-Lo (bastava ler Zc 12.10). Por aqui podemos ver que quem iria ver Jesus transpassado era o povo judeu;

·       Todas as tribos da terra se lamentariam ao ver Jesus vindo (bastava ler Zc 12.14 ou lembrar do que Jesus disse em Mt 24.30).

 

Urge salientar aqui que o povo verá Jesus vindo duas vezes nas nuvens.

Vem a questão: como é possível que Jesus venha nas nuvens duas vezes?

Da primeira vez, três dias e meio depois da primeira metade da 70ª semana. Jesus vem dos céus e vai para o Monte das Oliveiras (Zc 14.4). Nesta ocasião ressuscitão todos os que morreram em Cristo Jesus serão ressuscitados e os que estiverem vivos em Cristo serão transformados (1Ts 4.16,17).

Da segunda vez, no fim da Grande Tribulação. é de Josafá (Joel 3.12).

Mas, como é que todo olho verá Jesus, visto que a terra é redonda? Quando Jesus vier (três dias e meio depois da metade da 70ª semana), a terra ficará plana:

 

·       “E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares.” (Ap 6.14)

 

Entenda: quando você olha fora, você vê o sol girando em torno da terra no sentido anti-horário. Contudo, a verdade é que é a terra que gira em torno do seu eixo no sentido horário. De igual modo, quando a terra redonda se desenrolar para um lado e para o outro a partir do polo sul, a impressão que todos terão é que o céu é que está sendo enrolado pelas extremidades tal como se faz com um pergaminho. A terra ficará plana. Não haverá mais montes e vales (com exceção do Monte Sião – Is 2.2,3; Mq 4.1,2).

O fato de todo olho ver, implica que a vinda de Jesus será pessoal e visível quando Ele vier ao Vale de Josafá.

Como é mais bem-aventurado aquele que creu sem nunca ter visto (Jo 20.29), logo quem não creu até vir Jesus vindo nas nuvens sofrerá horrivelmente (Ap 6.16,17).

Por isto é que, quando Jesus vier, todas as famílias da terra irão lamentar (Zc 12.10-14; Mt 24.30):

 

·       Os justos, por perceberem o quão indignos são de receberem o amor de Jesus. Não só isto: irão também lamentar por verem milhões se perdendo, incluindo parentes seus;

·       Os perversos, pelo remorso de terem desprezado tão grande amor e, por isto, estarem condenados ao sofrimento eterno.

 

Como é que aqueles que transpassaram Jesus O verão? Quando Jesus vier para introduzir o Milênio, o povo de Israel que o transpassou o verá. Após o Milênio e a derrota definitiva de Ha-Satan, todos os ímpios de todos os tempos ressuscitarão e verão a Jesus, incluindo os soldados que o crucificaram e transpassaram.

O fato de Jesus ter sido transpassado (Jo 19.34-37) tinha por finalidade provar que realmente Ele era humano, e não apenas espírito como muitos achavam (1Jo 4.3). E o fato de sair sangue e água lembrava os dois métodos de purificação simbólicos do Testamento da Lei.

As duas palavras usadas para terminar Ap 1.7 (“sim” e “amém”), representam no original ,Jesus confirmando Sua própria palavra em grego (“sim”) e em hebraico (“amém”), indicando que, embora o apocalipse seja um desdobramento das profecias de Daniel para os israelitas, suas promessas também se aplicam aos não-israelitas.

O “sim” e “amém” são para confirmar que Jesus vem e que todos irão lamentar, uns por remorso, outros por arrependimento. Daí Jesus enxugar toda lágrima dos eleitos. Também isto serve para lembrar que Jesus é o “sim” e o “amém” para as promessas do Eterno (2Co 1.20).

Tudo que foi citado no apocalipse deveria acontecer de modo breve, começando naquela geração a quem João estava testemunhando e se repetindo na vida de cada um que crer em Jesus. Na época de Daniel a visão foi dita estar se referindo aos últimos dias (Dn 2.28), logo nossa dispensação é o tempo do fim e tudo acontecerá de modo breve (Ap 1.7; 4.1; 22.20).

Versiculo 8

·        “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.” (Ap 1.8).

 

Apenas Daniel (Dn 7:28; 9:2; 10:2) e João fazem uso da expressão “eu, João”, “eu Daniel”.

Vem a questão: quem pronunciou esta frase: o Pai ou Jesus Cristo? Certamente é o Pai. E o fato de o Pai usar atributos que Jesus também advoga para Si prova que Jesus é Deus:

 

·       Alfa e Ômega (veja Cl 2.3) -> essência de todo o conhecimento. Toda ciência começa e termina no Eterno. Jesus é o início e fim da revelação.

·       Isto também aponta para o início da Escritura Sagrada, quando homem e mulher estão em perfeita comunhão com o Criador, quando ambos estavam na inocência (de modo natural). Mas, por mais maravilhoso que pareça, no final da Escritura Sagrada, temos o homem e mulher em perfeita comunhão com o Eterno após vencerem o conhecimento do bem e do mal originalmente ingerido. Ou seja, trata-se de uma comunhão mais profunda, madura, espiritual.

Ou seja, embora conheceram o bem e o mal, também conheceram melhor Jesus e perceberam o quão melhor Ele era. Não era mais uma escolha ignorante (forçada), mas uma escolha consciente, resultado do trabalhar do Espírito Santo nos corações. Após o juízo final, quando tudo se fizer novo (Ap 21.1), aí então todo o mal desaparecerá da alma.

·       Primeiro e Último (compare Ap 1.17; 21.6; 22.13; com Is 41.4; 44.6; 48.12) -> O Eterno é o principal e o menos importante de todos. Ou seja, em todas as coisas e indivíduos, desde o maior até o mais insignificante, o Eterno está agindo em tudo e todos (ver Ef 4.6). Ou seja, só Ele é alguma coisa (Êx 3.14).

·       Aquele que é, que era e que há de vir -> Entendendo que quem há de vir é Jesus, logo o Eterno está dizendo que Ele é Jesus encarnado.

·       O Todo-Poderoso -> Este título, fora do Apocalipse (onde aparece nove vezes: Ap 1.8; 4.8; 11.17; 15.3; 16.7,14; 19.6,15; 21.22) só aparece uma vez no Testamento do Favor do Eterno (1 Coríntios 6.18) e é uma referência ao Testamento da Lei com respeito ao Eterno (aparecendo 45 vezes).

 

Estes títulos significam que tudo que o Eterno começa Ele termina. Não importa como as coisas começaram, muito menos que rumo estão tomando, nada acontece sem a permissão de Eterno e, no final, Ele será glorificado. Tudo acontecerá como Ele planejou (Jó 42.2).

Mais ainda: por aqui é combatida a heresia de achar que Jesus é alguém separado do Pai. Afinal, uma vez que o Eterno é o Todo-Poderoso (Aquele que tem todo poder), se Jesus não for um com o Eterno, então temos um contrassenso: como alguém pode ser todo-poderoso (ver Ezequiel 1:24; 10.5, Salmos 91:1;  Ap 16.14; 19:15; 21:22) se há mais alguém com poder?

Versículo 9

·        “Eu, João, que também sou vosso irmão e companheiro na aflição, e no Reino, e na paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo.” (Ap 1.9).

 

Companheiro realmente significa “co-labor-ador”. Ou seja, João se coloca no mesmo nível que os demais irmãos que estavam sendo atribulados, passando grandes labores juntos com todos eles.

O Reino do Eterno vem acompanhado de duas palavras: tribulação e paciência. Sendo o Eterno o Todo-Poderoso, devemos ter paciência em meio à tribulação a fim de que possamos alcançar, em nossas vidas, o reinado do Eterno.

Entenda: tribulação é o meio pelo qual vamos entrar no Reino do Eterno e a paciência, o meio de trilharmos este caminho:

 

·       “Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.” (Atos 14.22).

 

E quando fala em paciência, que fique claro: não se trata de uma paciência passiva (de aceitar os males calado), mas sim uma paciência ativa (perseverar até ver a vontade do Eterno cabalmente cumprida – ver Ap 3.10; 13.10; 14.11-12).

Quando somos testados, o objetivo é provar para todos, incluindo a nós e a principados e potestades, que Jesus, Sua obra e Palavra funcionam. A suficiência da vida de Jesus será provada através de nós. Devemos permanecer nas situações que nos são trazidas, servindo de suporte àqueles que são do Eterno (Ef 4.2), nos humilhando debaixo da potente mão Dele (Tg 4.6; 1Pe 5.5-7), mesmo quando a situação é desagradável. A perseverança é indispensável para alcançar glória, honra e incorrupção (Romanos 2.7) e, com isto, ganharmos nossa alma.

A trilogia tribulação, reino e paciência é também ressaltada em (2Ts 1.3-5), sendo algo que devemos compartilhar (Cl 1.24; Fp 3.8-10). Afinal, se o único filho do Eterno é Jesus, logo só é filho Dele quem se aflige tal como Ele pela Igreja com paciência (ou seja, com perseverança, sem desistir). Apenas assim alguém poderá dizer que está sob o governo de Cristo. Sem isto, todos estão condenados, já que, de uma forma ou de outra, acabarão ocupando o lugar do Eterno como juízes.

Sofrimento não é algo que damos ao Eterno para glória Dele, mas um privilégio que Ele concede aos que O amam (At 5.40,41; Cl 1.24; Fp 1.29; 3.8-10; 1Pe 4.12-14) de experimentar dentro de si o testemunho do Eterno (Ap 1.2).

João se coloca acima do leigo, mas ao mesmo tempo não usou nenhum título extraordinário para se fazer impressionar pelos outros. João deixou o exemplo se mostrando irmão e companheiro nos momentos difíceis (irmão é o maior título que um seguidor de Jesus pode dar a outrem). Mesmo porque nosso chamado em Cristo tem haver com aflições (At 14.22; Fp 1.7,29; 4.14; Cl 1.24; 2Tm 1.8; 2.12; Rm 8.17; 1Pe 2.18-24; 4.12-19).

Porém, João não foi um companheiro carnal, mas sim em Jesus. Ou seja, ele pacientemente fortalecia a fé dos irmãos dentro de cada um deles enquanto estavam a sofrer por amor a Jesus e ao Seu reino.

Por causa da Palavra do Eterno e do testemunho de Jesus Cristo são ligados intimamente (daí não ser “por causa da Palavra do Eterno e por causa do testemunho de Jesus Cristo”). No que Jesus testemunhou vivendo a Palavra do Eterno, além de tornar os desobedientes condenáveis diante Dele, Jesus mostrou aos Seus o privilégio de amar, a saber, aquilo para o quê realmente fomos feitos.

João se achou numa ilha chamada Patmos (provavelmente ele foi levado para lá inconsciente). Ali ele experimentou o mundo físico se fechar e ele ficar completamente mergulhado no mundo espiritual, tal como ele seria no dia do Senhor (quando Jesus vier para inaugurar o milênio). Note a ênfase da expressão arrebatado no espírito (Ap 4.1-2; 17.3; 21.10), diferente do que se deu com Pedro (At 10.10) que simplesmente teve uma visão no lugar onde ele estava.

Versículo 10

·        “Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,” (Ap 1.10).

 

João foi transportado para o local da visão tal como Ezequiel (ver Ez 37.1). Afinal, o infinito não pode ser reconhecido pela mente. É preciso vivenciá-lo internamente.

Há quatro referências no Apocalipse dizendo que João estava em espírito: em Patmos (Ap 1.10), no céu (Ap 4.2), no deserto (Ap 17.3) e finalmente num grande e alto monte (Ap 21.10).

A expressão “grande voz” ocorre, no Apocalipse, as seguintes vezes:

 

1.        “Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma GRANDE VOZ, como de trombeta,” (Apocalipse 1.10);

2.        “E vi um anjo forte, bradando com GRANDE VOZ: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos?” (Apocalipse 5.2);

3.        “Que com GRANDE VOZ diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças.” (Apocalipse 5.12);

4.        “E clamavam com GRANDE VOZ, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Apocalipse 6.10);

5.        “E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com GRANDE VOZ aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar,” (Apocalipse 7.2);

6.        “E clamavam com GRANDE VOZ, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.” (Apocalipse 7.10);

7.        “E olhei, e ouvi um anjo voar pelo meio do céu, dizendo com GRANDE VOZ: Ai! ai! ai! dos que habitam sobre a terra! por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda tocar.” (Apocalipse 8.13);

8.        “E clamou com GRANDE VOZ, como quando ruge um leão; e, havendo clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes.” (Apocalipse 10.3);

9.        “E ouviram uma GRANDE VOZ do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram.” (Apocalipse 11.12);

10.    “E ouvi uma GRANDE VOZ no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.” (Apocalipse 12.10);

11.    “E ouvi uma voz do céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas.” (Apocalipse 14.2);

12.    “Dizendo com GRANDE VOZ: temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” (Apocalipse 14.7);

13.     “E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com GRANDE VOZ: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão,” (Apocalipse 14.9);

14.    “E outro anjo saiu do templo, clamando com GRANDE VOZ ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está madura.” (Apocalipse 14.15);

15.    “E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e clamou com GRANDE VOZ ao que tinha a foice aguda, dizendo: Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras.” (Apocalipse 14.18);

16.    “E ouvi, vinda do templo, uma GRANDE VOZ, que dizia aos sete anjos: Ide, e derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus.” (Apocalipse 16.1);

17.    “E o sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu GRANDE VOZ do templo do céu, do trono, dizendo: Está feito.” (Apocalipse 16.17);

18.    “E clamou fortemente com GRANDE VOZ, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável.” (Apocalipse 18.2).

19.    “E, depois destas coisas ouvi no céu como que uma GRANDE VOZ de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor nosso Deus;” (Apocalipse 19.1);

20.    “E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina.” (Apocalipse 19.6);

21.    “E vi um anjo que estava no sol, e clamou com GRANDE VOZ, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, e ajuntai-vos à ceia do grande Deus;” (Apocalipse 19.17);

22.    “E ouvi uma GRANDE VOZ do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.” (Apocalipse 21.3).

 

Esta alta voz pode ser comparada ao som de trombeta, de um trovão e a rugido de muitas águas. A voz de trombeta lembra quando o Eterno se manifestou para Israel no Monte Sinai (Êx 19.17-19), a qual contém uma grande mensagem de aviso (veja, por exemplo, 1Tessalonicenses 4.16).

João ouviu uma voz, como de trombeta, a qual era usada como aviso para o povo parar tudo que estava fazendo para se reunir onde tivesse ouvido o toque da trombeta (ver Nm 10.1-10) (seja para celebrar festa ao Eterno, seja para tomar alguma decisão importante ou para avisar que a guerra estava às portas).

Por aqui podemos aprender que o apocalipse deve ser encarado como uma parada, uma saída completa do Sistema Babilônico que rege este mundo para receber, entender e praticar a mensagem que estava sendo transmitida. Afinal, todo dia, na vida do que crê, deve ser dia do Eterno. Ninguém precisa mais fazer como os atenienses que ficavam por conta de dizer ou ouvir novidades (At 17.21), pois passado, presente e futuro estão contidos no apocalipse.

Quanto à grandeza da voz, não se trata de tentar intimidar, mas sim de algo intrínseco à voz e à mensagem pregada. Para ser mais exato: não é um ser se esforçando para gritar, mas, naturalmente falando, sua voz era assim. A voz era grande, não porque necessariamente sua intensidade fosse alta, mas sim porque tinha autoridade e poder.

Embora o império romano pudesse impedir João de estar, fisicamente, em comunhão com a Igreja que se reunia nas sete províncias da Ásia, não pôde impedir o contato de João com o céu. Aliás, o exílio e solidão contribuíram para João melhor ver o mundo espiritual e, assim, melhorar a comunhão entre os membros da Igreja.

João ouviu a voz por detrás dele (tal como foi sugerido em Isaías 30.21). A finalidade disto era mostrar que o Eterno conduz Seu povo com humildade, e não com o poderio carnal. Jesus vai com os últimos (Is 41.4) para que os primeiros nunca se considerem superiores (Zc 12.7; 1Co 12.24-26), mas sempre se preocupem com os demais.

Quanto ao “dia do Senhor”, vejamos o que diz a Escritura Sagrada:

 

1.        “Porque o dia do SENHOR dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido;” (Isaías 2.12);

2.        “Clamai, pois, o dia do SENHOR está perto; vem do Todo-Poderoso como assolação.” (Isaías 13.6);

3.        “Eis que vem o dia do SENHOR, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores.” (Isaías 13.9);

4.        “Porque este dia é o dia do Senhor DEUS dos Exércitos, dia de vingança para ele se vingar dos seus adversários; e a espada devorará, e fartar-se-á, e embriagar-se-á com o sangue deles; porque o Senhor DEUS dos Exércitos tem um sacrifício na terra do norte, junto ao rio Eufrates.” (Jeremias 46.10);

5.        “Não subistes às brechas, nem reparastes o muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja no dia do SENHOR.” (Ezequiel 13.5);

6.        “Porque está perto o dia, sim, está perto o dia do SENHOR; dia nublado; será o tempo dos gentios.” (Ezequiel 30.3);

7.        “Ai do dia! Porque o dia do SENHOR está perto, e virá como uma assolação do Todo-Poderoso.” (Joel 1.15);

8.        “Tocai a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já está perto;” (Joel 2.1);

9.        “E o SENHOR levantará a sua voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque poderoso é, executando a sua palavra; porque o dia do SENHOR é grande e mui terrível, e quem o poderá suportar?” (Joel 2.11);

10.    “O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR.” (Joel 2.31);

11.    “Multidões, multidões no vale da decisão; porque o dia do SENHOR está perto, no vale da decisão.” (Joel 3.14);

12.    “Ai daqueles que desejam o dia do SENHOR! Para que quereis vós este dia do SENHOR? Será de trevas e não de luz.” (Amós 5.18);

13.    “Não será, pois, o dia do SENHOR trevas e não luz, e escuridão, sem que haja resplendor?” (Amós 5.20);

14.    “Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todos os gentios; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua recompensa voltará sobre a tua cabeça.” (Obadias 1.15);

15.    “Cala-te diante do Senhor DEUS, porque o dia do SENHOR está perto; porque o SENHOR preparou o sacrifício, e santificou os seus convidados.” (Sofonias 1.7);

16.    “O grande dia do SENHOR está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz do dia do SENHOR; clamará ali o poderoso.” (Sofonias 1.14);

17.    “Eis que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se repartirão no meio de ti.” (Zacarias 14.1);

18.    “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR;” (Malaquias 4.5);

 

Observe como a expressão “dia do SENHOR” está sempre relacionada com juízo e destruição. E quando Pedro prega para a multidão de quase três mil indivíduos, ele faz a conexão entre o “dia do SENHOR” e o “dia do Senhor Jesus”:

 

·       “O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor;” (Atos 2.20);

 

E não é para menos, já que o dia do Senhor Jesus implicará no sofrimento e destruição dos ímpios (daí o uso da expressão “ladrão na noite”):

 

·          “Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.” (I Coríntios 5.5);

·          “Como também já em parte reconhecestes em nós, que somos a vossa glória, como também vós sereis a nossa no dia do Senhor Jesus.” (II Coríntios 1.14);

·          “Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;” (I Tessalonicenses 5.2);

·          “Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.” (II Pedro 3.10);

 

Logo, não há o que discutir: João foi transportado para a septuagésima semana de Daniel e vivenciou, em sua carne, o que iremos passar durante estes últimos sete anos desta era.

Não existe nenhum trecho da Escritura Sagrada que associa o dia do Senhor com o domingo e apenas um trecho o associa com o sábado:

 

·       “Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras,” (Isaías 58.13);

 

E a única razão para esta associação é pelo fato de que depois dos seis dias de trabalho árduo resultantes da maldição adâmica (Gênesis 3.19), finalmente vem o dia que o homem deveria descansar das suas obras más e viver da provisão sobrenatural do Eterno.

De igual modo, o dia do Senhor será o dia que Jesus virá para limpar o mundo das obras dos homens e trazer os mil anos de descanso para o povo do Eterno. Contudo, este processo de limpa trará grande angústia ao povo de Israel (Jeremias 30.5-7; Daniel 12.1, Mateus 24:21).

Que o dia do Senhor não pode ser sábado ou domingo, basta pensar que, na Escritura Sagrada, não se valoriza um dia mais do que o outro (Rm 14.5-8; Cl 2.16).

E considerando que o dia do Senhor é o dia em que Ele vem para reinar neste mundo, logo todos que creem em Jesus devem viver já o dia do Senhor, o qual traz punição a toda desobediência quando nossa obediência estiver cumprida (2 Coríntios 10.3-6).

Ou seja, o dia do Senhor não é algo pontual (um mero dia de 24 horas), mas, como para o Senhor um dia é como mil anos (2Pe 3.8), logo este dia, na vida dos que creem, é maior que a passagem deles por este mundo. Em outras palavras, o Apocalipse representa toda a vida daquele que crê em Jesus, embora também represente o que irá acontecer nos sete últimos anos que antecederão a vinda do milênio.

Em outras palavras, devemos abordar duas linhas de raciocínio no Apocalipse:

 

·       As etapas a serem vividas pelos seguidores de Jesus;

·       Todos os acontecimentos que irão compor a 70ª semana.

 

Diferentemente dos profetas que, embora ouvissem a voz do Eterno, ainda assim permaneciam conectados com esta realidade, João se achou por completo em espírito, ficando totalmente alheio a tudo que acontecia, vivendo aquela realidade que estava sendo mostrada.

Que fique claro: João foi arrebatado no dia do Senhor. Ou seja, João estava dentro deste dia, vivendo este dia e foi arrebatado em espírito nesta realidade. Ou seja, esta é a vida de quem crê em Jesus. Daí ser bem-aventurado quem crê no Apocalipse (Ap 1.3; 22.7) e maldito qualquer que fizer qualquer alteração nele (Ap 22.18,19).

Versículo 11

·        “Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia.” (Ap 1.11).

 

Jesus, além de conhecer o fim desde o princípio, nada existe antes Dele e nem existirá depois Dele (afinal, depois do Juízo Final, só permanecerá aquilo em que o Eterno é tudo em todos – 1Coríntios 15.28).

João aqui deixa claro que ele escreveu o livro mediante ordem divina e não o que lhe aprouve (ver Apocalipse 10:4). Era tão importante a permanência desta palavra que, por mais de onze vezes, é ordenado a João que escrevesse tudo (Apocalipse 1.19; 2:1,8,12,18; 3:1,7,14; 14:13; 19:9; 21:5). Isto prova que o livro do Apocalipse é para toda a Igreja em todos os tempos (ver Hc 2.2,3). E, apesar de tanta ênfase por parte de Jesus, ainda assim muitos (incluindo os que dizem crer em Jesus) ignoram este livro.

Curiosamente, Paulo também escreveu a sete Oholyao: Roma, Corinto, Galácia, Eféso, Colossos, Filipos e Tessalônica.

E que o apocalipse não vale apenas para as sete oholyao da Ásia, basta pensar que Jesus diz: “quem tem ouvidos, ouça o que o espírito diz às igrejas” (Ap 2.7,11,17,29; 3.6,13,22).

Atente para o que a ALTA voz dizia. A mensagem deveria ser pregada com fidelidade (daí Ap 22.18,19) e perpetuamente. Eis o motivo de precisar ser escrita (Is 30.8).

Provavelmente, a ordem dada a João para escrever, não só era uma autorização para escrever, mas também um estímulo e capacitação para a escrita. Afinal, é bom lembrar que João era iletrado (Atos 4.13).

Versículo 12

·        “Voltei-me para ver a voz que falava comigo; assim voltado, vi sete candeeiros de ouro” (Ap 1.12 – TB1917).

 

Como é possível um indivíduo ver a voz de outro?

A unidade expressa pelo castiçal de ouro no Testamento da Lei era uma unidade meramente externa (e que mantinha todos os não-judeus de fora), constituído de um só povo e um só lugar de adoração.

O Testamento do Favor do Eterno, por outro lado, é constituído de adoração em qualquer lugar, a qualquer hora por qualquer indivíduo (e isto com plena intensidade, como se os sete candeeiros estivessem reunidos no mesmo lugar). O número sete para a Igreja (ver Ap 1.20) indica que, hoje, cada grupo de irmãos em comunhão constitui um castiçal, de modo que a Igreja não é e jamais será centralizada, mas está em toda parte, onde houver dois ou três reunidos no nome de Jesus (Mt 18.20). Todavia, juntos, todos constituem a Igreja de Cristo a qual, espiritualmente, mantém a perfeita unidade (Efésios 4.3-6).

Detalhe: no Santo Lugar a luz do dia não penetrava. Logo, o mesmo era iluminado apenas pela luz do castiçal de ouro (Êx 25.37; ver Zc 4.2). Isto nos ensina que a Igreja jamais deve ser iluminada pela sabedoria deste mundo (1Co 2.4,5), mas apenas por aquilo que o Eterno Lhe permite saber (ver Gn 3.11; Is 48.17,18).

É importante que fique claro que o castiçal, de si mesmo não emite luz. Ele apenas abriga em seu interior óleo e fogo que, juntos, produzirão a luz.

De igual modo, a Igreja em si não é luz e verdade. Ela apenas permite que Jesus manifeste a luz (João 8.12; 9.5) da Sua verdade (João 14.6) dentro de Si e, então, se ergue para que todos possam ver essa graça, luz e vida (Mateus 5.14-16).

O ser feito de ouro indica o quão preciosa, sagrada, celestial e divina é a Igreja quando permite que Cristo (Jo 8.12) seja a sua luz (Mt 5.14-16; Fp 2.14,15), ou seja, Aquele que lhe faz enxergar corretamente o mundo e tudo que nele acontece, bem como Aquele que a usa para firmar Sua verdade e presença pelo mundo afora (1Timóteo 3.15).

Versículos 13 a 16

·        “e no meio dos candeeiros um semelhante a filho de homem, vestido de uma roupa talar e cingido pelos peitos com uma cinta de ouro; a cabeça e os cabelos eram brancos como lã branca, como a neve; os olhos eram como uma chama de fogo; os pés eram semelhantes ao latão polido como se fosse derretido na fornalha, e a voz era como a voz de muitas águas. Ele tinha na destra sete estrelas; da boca saía uma espada de dois gumes, e o rosto era como o sol quando brilha na sua força.” (Ap 1.13-16 TB1917).

 

Antes de tudo, compare as semelhanças entre a descrição de Daniel e de João:

 

Características

Daniel 10:5-6

Apocalipse 1:13-15

Aparência

Um certo homem

Semelhante ao Filho do Homem

Roupa

Vestido de linho

Vestido com uma vestimenta

Cinto

Cintura cingida com ouro de Ufaz

Cingido sobre os peitos com um cinto de ouro

Face

Face como aparência de luz

Cabelo e cabeça era brancos como lã e neve

Olhos

Olhos como tochas de fogo

Olhos como chamas de fogo

Braços e pés

Semelhantes ao bronze polido

Pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha

Voz

Voz das suas palavras era como a voz de uma multidão.

Sua voz como a voz de muitas águas.

 

Era trabalho do sumo-sacerdote manter o castiçal aceso no tabernáculo continuamente.

Note como João começa vendo a roupa e o cinto de ouro, depois os cabelos. Quando ele vê os olhos de Jesus, de certo o olhar penetrante de Jesus o fez baixar sua cabeça e ele passou a ver os pés e, após receber força interior, começa a levantar novamente sua cabeça. É quando então ele vê as estrelas, a boca e o rosto. No entanto, o rosto, nesta altura, deve ter aumentado sua glória, o que fez João desmaiar.

Detalhe: a voz de Jesus não é tão insuportável quanto a glória do Seu rosto.

O fato de Jesus estar no meio dos 7 castiçais de ouro (Ap 2.1) aponta para Sua presença contínua em incessante atividade no meio da Igreja aqui na terra. Isto nos ensina que o lugar onde Ele pode ser encontrado é no centro da comunhão da Igreja.

Ajuntando com o arco-íris ao redor do trono (Ap 4.3), isto comprova que Jesus não está alheio ao que acontece neste mundo.

E quando João vê Aquele que ia desposar o povo eleito como Sua Noiva, ele não viu Jesus com os cabelos cheios de sangue, olhos inchados, pés pregados na cruz, voz rouca pela língua seca que se pregava ao céu da boca. Muito menos vê mãos perfuradas, rosto desfigurado, despido. Ao invés disto ele vê Jesus de um modo semelhante ao que viu Daniel (Dn 10.6):

 

1      – semelhante a filho de homem (Ap 1.13; 14.14; ver Ez 1.26; Dn 7.13; 10.16).

 

Embora Jesus tenha um corpo glorificado, será possível ver os traços da Sua humanidade (contestado por muitos – 1Jo 4.2,3), tal como Ele foi visto por Seus discípulos (Lc 24.15; Jo 20.27). Em contraste com a agonia de Jesus no Getsêmani e Sua vergonha e sofrimento no Gólgota, agora João vê Jesus em Sua glória.

Isto nos leva a concluir que Sua glória não é simplesmente por ser Deus ou por ter herdado isto como Filho do Eterno, mas sim o resultado de tudo que Ele viveu e sofreu como Filho do Homem. Ou seja, todos os atributos abaixo têm haver com Sua vitória sobre o pecado, a morte e Ha-Satan.

Uma vez que tanto o que santifica como os que são santificados vêm de um só (Hb 2.11,12), não é uma desonra ser visto como um “simples” homem (ao invés de ser visto em Sua forma divina), pois, embora o Eterno seja Supremo, ainda assim Ele nunca projetou este isolamento que é pregado nas religiões pagãs.

O título filho do homem foi dado principalmente a Ezequiel e uma vez a Daniel (Dn 8.17). Ele se opõe à expressão “filho de Deus” e significa aquele que tem em si toda a natureza humana. Ao usar isto para Ezequiel e Daniel, o Eterno estava mostrando que estes dois homens não foram consagrados pelo Eterno por serem uma classe de seres humanos especiais. Isto significa que qualquer ser humano pode ser usado como eles foram.

No caso de Jesus, isto é para provar que Ele foi 100% homem (Romanos 8.3,4; Hebreus 4.13-15) e que, ao viver sem pecado, Ele se tornou capaz de julgar ou perdoar pecados (João 5.27; Lucas 5.20,24).

Detalhe: na oferta dos magos que vieram do oriente, o ouro reconhecia Jesus como Deus, o incenso lembra Jesus como o perfeito sumo-sacerdote a mirra afirma Jesus como o Cordeiro sacrificial de cheio suave ao Eterno.

 

2      – vestido de uma roupa talar (Ap 1.13).

 

No Testamento da Lei, vestes sagradas foram feitas a Arão (Lv 16.4,23,24) para glória e ornamento (Êx 28.2), para santificá-lo (Êx 28.3), conferindo-lhe uma posição de importância e autoridade (rei e sacerdote).

Jesus, igualmente, está vestido de beleza e glória (Is 4.2). Hoje, a justiça do Eterno é que deve nos vestir (Ef 6.14), ou seja, nos diferenciar dos demais que vivem neste mundo.

Precisamos ser despidos dos poderes e glória deste mundo (ver Sl 20.7; Is 30.1-3; 31.1-3) para sermos vestidos com a justiça e glória do Eterno (ver Jo 5.44). Em lugar de veste luxuosa, devemos usar o pano de saco do choro e lamentação pelas vidas que se perdem (ver Am 6.1,3-6; 2Co 11.28,29; Cl 1.24), incluindo a nossa (Lc 17.3; 21.34; 2Jo 8; Tg 4.8,9). Devemos estar usando o incorruptível traje de um espírito manso e quieto (1Pe 3.3,4).

Posteriormente os sete anjos com os sete últimos flagelos usam tais vestes (em Ap 15.6). Logo, esta veste seria como a beca de um juiz.

 

3      – cingido pelos peitos com uma cinta de ouro (Ap 1.13).

 

Enquanto apenas parte do cinto de Arão era de ouro (Êx 28.8), o de Jesus é todo feito de ouro. O cinto tem por finalidade manter a veste de justiça mais apegada ao corpo. O que faz isto é a verdade (Ef 6.14). O fato de ser cingido pelos peitos permite movimento majestático e calmo.

Ainda que os outros queiram nos escravizar, não devemos resistir ao perverso, nem mesmo negar-lhe o que ele acredita ser dele (Mt 5.39-44). Deixemos que a Verdade (Jo 14.6) fale mais alto (Sl 37.5,6).

 

4      – a cabeça e os cabelos eram brancos como lã branca, como a neve (Ap 1.14; ver Dn 7.9).

 

Considerando que cabelo branco era sinônimo de muita idade e sabedoria, logo tais cabelos (que não eram grisalhos, mas plenamente brancos) revelam a eternidade (Sua e do seu reino), bem como a perfeição e pureza da Sua sabedoria. Estes cabelos ligam Jesus ao Ancião de Dias em Daniel 7.9.

Enquanto neste mundo os cabelos brancos são símbolo de enfraquecimento e feiura, no céu é símbolo de pureza e glória:

 

·       Primeiro, porque é quando estamos fracos que somos fortes (2Co 12.9,10);

·       Segundo, porque nossa cabeça deve caducar aos olhos do mundo para ter condições de assimilar a verdadeira sabedoria (1Co 3.18-20; 2.1-5).

·       Terceiro, porque em lugar da encrespadora de cabelos ou de fazê-lo brilhar pelo azeite, a cabeça deve estar adornada com o capacete da salvação (Is 59.17; Ef 6.17).

·       Quarto, porque quando o Eterno menciona lã e neve, Ele o faz com relação à purificação do pecado (veja Isaías 1.18; Salmo 51.7).

 

Note também que lã e neve representam contrastes. Afinal, a lã serve para preservar o calor do corpo contra a frieza da neve. Assim, a cabeça Jesus se mantém fria, mas ao mesmo tempo aquecida pelo Seu amor.

De igual modo, não devemos ser indiferentes ao pecado que tão de perto nos rodeia (Hb 12.1), nem colocar o sol sobre nossa ira (ver Ef 4.26). Devemos encarar tudo com serenidade, mas dispostos a fazermos algo a respeito, sempre tendo prazer na salvação de Jesus (Sl 9.14; 13.5; 20.5; 21.1; 40.16; 51.12; 70.4).

 

5      – os olhos eram como uma chama de fogo (Ap 1.14; 2.18; 19.12; ver Dn 10.6).

 

Os olhos de Jesus têm, ao mesmo tempo, luz e calor. Seu amor, como chamas de fogo, é capaz de constranger qualquer pecador (2Coríntios 5.14), fazendo brotar em seu coração um genuíno arrependimento pelo pecado. Os olhos de Jesus penetram tão fundo que fazem o coração de quem O nega chorar amargamente (Lc 22.61,62; ver 2Co 5.14).

Em contrapartida, com relação aos pecadores impenitentes, os olhos de Jesus são uma expressão da Sua ira e vingança, tal como Jesus vem em chamas de fogo a fim de tomar vingança contra os que não conhecem ao Eterno e não obedecem ao evangelho do Senhor Jesus (2Ts 1.7,8; Ap 19.11,12).  

De modo algum os olhos de Jesus expressam duas coisas diferentes (ver Tiago 3.10-12). Jesus é apenas amor (1João 4.8,16). Contudo, este perfume de amor pode ser percebido de duas formas diferentes (dependendo do que existe no coração do pecador – 2Coríntios 2.14-16; Tito 1.15). É preciso se tornar cego para as coisas deste mundo para passar a enxergar a verdadeira realidade (Jo 9.39-41).

Todavia, Seus olhos, além de não se contaminarem com o pecado, são capazes de queimar o pecado na vida de quem permitir.

Os olhos em chamas de fogo também retratam que as trevas não conseguem encobrir nada de Jesus (Sl 139.12). Jesus bem sabe o que há no interior do homem (João 2.25), sendo deste modo apto para discernir os pensamentos e intenções do coração (Ap 4.12).

Afinal:

 

·          “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.” (Hebreus 4.13).

 

Jesus é juiz justo porque, como disse Isaías:

 

·          “E deleitar-se-á no temor do SENHOR; e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos.” (Isaías 11.3).

 

6      – os pés eram semelhantes ao latão polido como se fosse derretido na fornalha (Ap 1.15; Ap 2.18).

 

Como o fogo está associado a julgamento (ver Mt 3.10-12; 5.22; 13.30; 2Pe 3.7), logo aqui mostra Jesus saindo do fogo do ourives (ver Zc 13.9; Ml 3.1-3), a saber, da prova da Sua fé (1Pedro 1.6,7).

O bronze (latão) era associado com julgamento e sacrifício. Basta lembrar do altar de bronze, onde o sacrifício pelos pecados era feito. E sendo o bronze a liga metálica mais dura conhecida na antiguidade, logo isto mostra que os passos de Jesus são firmes e estáveis.

Os pés tinham que ser de bronze derretido na fornalha para que pudesse pisar qualquer terreno que o Eterno quisesse sem sofrer a ação dos três principais elementos que machucam:

 

·       pó (Lucas 8.12);

·       pedras (Lucas 8.13);

·       espinhos (Lucas 8.14);

·       serpentes e escorpiões (Lc 10.19).

 

O fato de o pé ser como latão reluzente indica que o mesmo não se contamina (reluzente), nem se machuca com nada deste mundo (latão). Algo semelhante foi visto em (Ez 1.7; Ap 10.1).

Não é em vão que o Eterno manda Moisés (Êx 3.5) e Josué (Js 5.15) tirarem os sapatos dos pés. Afinal, o local onde o Eterno está é santo e, além de não sujar nossos pés, faz com que os mesmos sejam purificados.

Na presença do Eterno não há espaço para nada que nos foi acrescentado deste mundo. Ele é suficiente. Considerando que não temos autorização para colocar a planta do pé longe do Eterno, logo devemos tirar toda a proteção provida por este mundo contra os seus maus tratos a fim de que realmente possamos calçar nossos pés com a preparação do evangelho da paz (Ef 6.15).

Levando em conta que teremos que pisar serpentes e escorpiões, calçar os pés calçados com a preparação do evangelho da paz é imprescindível (Ef 6.15).

Preparar o evangelho da paz é buscar todos os recursos necessários para que o pecador seja reconciliado com Jesus (2Co 5.18-20) ao invés de permanecer na condenação na qual ele está.

Mas, para isto, é preciso preparar o coração (Ed 7.9,10; Is 40.3; Mt 3.3) para  não estarmos sensíveis às investidas que certamente virão contra nós. Não podemos sujar em nossa caminhada com ressentimento. Temos que estar prontos para quando Jesus vier (Lc 12.36; Ap 3.20), não importa quem que Ele vai trazer na nossa porta.

É esta preparação que permitirá a aproximação de Cristo (ver Ed 7.9,10; Is 40.3; Mt 3.3) e que impedirá que nos machuquemos ou sujemos enquanto caminhamos.

 

7      – e a voz era como a voz de muitas águas (Ap 1.15; Compare Ezequiel 1:24; Ezequiel 43:2; Isaías 17:12. Ver também Dn 10.6; Ap 14:2; Ap 19:6).

 

Contraste com a alta voz como de trombeta em Ap 1.10. A voz de Jesus é como um forte trovão, a voz de uma grande multidão (Dn 10.6; Ez 1.24; 43.2; Ap 14.2; 19.6), ou seja, é como se muitos estivessem falando.

Lembre-se que na multidão de conselho vem a verdadeira sabedoria (Pv 15.22; 24.6) e que em Jesus estão todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2.3). Logo, a voz de Jesus vale mais do que a de todos os especialistas juntos. Mais ainda: Ele é a plena confirmação de toda a verdade, como se uma multidão composta dos mais diferentes tipos de indivíduos estivessem falando a mesma coisa.

Enquanto, para os que estão no mundo, a voz de Jesus, de tão suave que é, só pode ser ouvida por poucos (1Rs 19.12), para quem está no céu, a voz de Jesus é poderosa (Sl 29.3-9), capaz de ser ouvida longe por todos e agir na vida de cada um que assim permite. Não há lugar em que a voz de Jesus não possa ser ouvida (Sl 19.3,4).

Todavia, nem por isto Sua voz deixa de ser aprazível aos ouvidos da Noiva (Ct 2.8; 5.2; João 3.29), nem passada desapercebida pelas Suas ovelhas (Jo 10.2-5; Ap 3.20).

Se nos voltarmos para o Eterno e apartarmos o precioso do vil, seremos a boca Dele próprio (Jr 15.19) ou, se preferir, Ele será com nossa boca (Êx 4.12). Mas para isto precisamos deixar de falar as nossas palavras (Is 58.13), falar coisas vãs (Mt 12.37) ou malignas (Sl 106.33; Ef 4.29; Tg 3.10-12).

 

8      – tinha na destra sete estrelas (Ap 1.16,20, 2.1; 3.1).

 

Jesus tem em Sua mão todos os Seus mensageiros (Jo 10.28,29) como Sua coroa de glória, um diadema real (Is 62.3). Isto mostra que Ele é o mantenedor e possuidor dos Seus servos. Isto é um consolo para os que creem. Afinal, se nem o ser humano é capaz de desprezar algo valioso que é seu, quão dirá Jesus

Isto mostra que nenhuma mensagem pode ser deturpada quando saída da boca de um embaixador Seu (2Co 5.18-20). Também mostra que não há risco de eles serem atingidos pelos inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18).

Se hoje existe tanta apostasia e heresia é porque, infelizmente, os que dizem crer em Jesus não estão de fato procurando a Ele e à Sua vontade. Ao invés de O quererem a fim de serem livres dos seus desejos (Sl 23.1 - KJV), buscam em Jesus a satisfação dos seus desejos. Até quando querem exaltar Jesus, tentam conciliar isto com algo que corresponda aos seus desejos, quando o correto é buscar que Jesus seja nossa satisfação (Salmos 37.4).

Para quem realmente aceita estar nas mãos de Jesus (à Sua disposição imediata), não há mensagem deturpada.

Apenas quando nos dispusermos a seguir o exemplo deixado por Cristo (1Pe 2.21-24) é que poderemos resplandecer Sua luz (Dn 12.3,4) e julgar Sua casa, guardar os Seus átrios e ter livre acesso aos que são Dele (Zc 3.7).

O fato de estas estrelas estarem na mão direita de Jesus quer dizer que as mesmas serão dotadas de poder (ver destra em Salmos 21.8), favor (ver destra em Salmos 44.3), honra e autoridade (ver destra em Salmo 110.1) a fim de poderem brilhar a Sua luz neste mundo (ver Is 9.1,2; Mt 4.15,16; 5.14-16; Fp 2.14,15).

A destra representa o poder de Cristo em ação (Êx 15.6; Sl 17.7; 44.3; 45.4; 60.5; 63.8; 74.11; 77.10; 78.54; 80.15,17; 89.13,42; 98.1; 108.16; 118.15,16; 138.7; 139.10; Is 41.10; 48.13; Lm 2.3,4; At 2.33; 5.31).

Ou seja, o modo de o Eterno proteger Sua Igreja é colocando-a a serviço da boa obra (2Pe 1.5-8; ver o tratamento do Eterno para com Elias em 1Rs 19.15-18).

Vem a questão: por que os anjos das sete oholyao são comparados com estrelas? Afinal, o único que tem luz própria é o Eterno. A explicação é que existe duas formas de Jesus manifestar Sua luz: fazendo-a brilhar internamente (através do fruto do Espírito Santo) e fazendo-a brilhar externamente através dos dons e talentos (o que faz de nós astros no mundo – Fp 2.14,15).

Perceba que Jesus, como sumo-sacerdote, é quem está no meio da Igreja mantendo Sua luz acesa. Ou seja, isto não é tarefa nossa. Uma das funções do sacerdote era zelar para que o castiçal de ouro estivesse sempre aceso.

 

9      - da boca saía uma espada de dois gumes (Ap 1.16; 2.12,16; 19.15; ver Is 49.2).

 

A palavra espada aparece 378 vezes no Antigo Testamento (por exemplo em Salmos 45:3; Salmos 57:4; Salmos 59:7; Salmos 64:3; Salmos 149:6; Provérbios 12:18; Isaías 11:4; Isaías 49:2, etc.) e 33 vezes no Novo Testamento (Apocalipse 2:12, 16; Apocalipse 19:15, 21; comp. Lucas 2:35; Efésios 6:17; Hebreus 4:12) e jamais nos estimulando a fazer uso dela para prejudicarmos a vida de alguém.

Isto não quer dizer que João viu a língua de Jesus como se fosse uma espada, mas sim que ele experimentou dentro de si a sensação de uma espada penetrando sua alma e espírito ao ouvir as palavras de Jesus (ver Sl 105.5).

Jesus é a própria Palavra do Eterno (analise Isaías 49.2) que é “soprada” como fogo, martelo (Jeremias 23.29) e espada (Hebreus 4.12). Note como o Eterno destrói Seus inimigos com o sopro da Sua boca (Isaías 11.4; 2Tessalonicenses 2.8).

Logo, Jesus é a própria espada de dois gumes, a qual penetra nossa alma quando Ele fala conosco ou quando Ele nos sopra Seu entendimento.

O fato de ser de dois gumes quer dizer que não há como manipular esta espada sem ser ferido por ela. A espada saía da boca de Cristo para destruir os inimigos da Igreja, tanto os internos como os externos.

A espada do Espírito Santo (Ef 6.17), sendo de dois gumes (Hb 4.12), tanto traz condenação (ameaça) aos incrédulos, quanto salvação (esperança) aos eleitos.

Os dois gumes lembram o Testamento da Lei que servia para cortar a carne, a saber, os conceitos e valores errados que foram alojados na alma (ver 1Tm 1.8-10) e o Testamento do Favor do Eterno que opera a circuncisão no espírito (Cl 2.11), ou seja, a remoção da sabedoria, santidade, retidão, justiça humana, bem como privilégios carnais. Ou seja, o gume da lei remove as coisas más e o gume da graça, as coisas boas sem Cristo.

É preciso que a língua se apegue ao paladar, principalmente na presença do ímpio, para que não venhamos a agredi-lo e, com isto, passarmos a contar com a oposição do Eterno (Sl 22.15; 137.6; 1Pe 3.8-12). Conosco deve ser como se deu com Ezequiel: só falava quando o Eterno permitia (Ez 3.26-27).

Note que a espada não está na mão, mas na boca cuja língua tem poder de bênção e maldição (Tg 3.10-12). Ou seja, a espada é a língua, já que é com a Palavra que o Eterno tudo criou (incluindo o ser humano – Gn 1.26). Ao criar o ser humano, era para que houvesse Sua imagem e semelhança neste mundo. Ou seja, não era para ninguém ter desculpa que não vê o Eterno (ver Sl 19.1; Rm 1.18-20).

 

10  – o rosto era como o sol quando brilha na sua força (Ap 1.16; ver At 26.13).

 

Analisemos estes trechos:

 

·       “Porque o SENHOR Deus é um sol e escudo; o SENHOR dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.” (Salmos 84.11).

·       “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém.” (1Timóteo 6.16).

·       “Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus. E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando pelo seu resplendor e pela chuva a erva brota da terra.” (2Samuel 23.3,4)

 

A luz de Cristo é algo tão intenso que pode até cegar (o que lembra o que Jesus disse em João 9.39), tal como a verdade pode cegar de ódio, soberba, etc. quem não estiver preparado para ela (daí Jesus dizer o que está em João 16.12).

O Eterno não irá mudar por nossa causa. Ele sempre irá atuar como sol (Sl 84.11). Tanto Ele pode permitir que vejamos todas as coisas, como obstruir nossa visão. Tudo depende de como nos posicionamos com relação a Ele. Vale lembrar que é no semblante iluminado de Jesus como Rei dos reis que está a nossa vida (Pv 16.15).

No entanto, considerando que ninguém pode ver o rosto do Eterno e permanecer vivo (Êx 33.20), logo enquanto não olharmos para Ele, aceitando morrer para nós mesmos, não conquistaremos nossa salvação (ver Sl 80.3,7,19).

Não é em vão que, na transfiguração, Pedro, Tiago e João viram a face de Jesus brilhando como sol (Mt 17.2). Afinal, Jesus estava vindo para salvar Sua Igreja (arrebatando-a), a qual, nesta época estará resplandecendo como Ele:

 

·       “Assim, ó SENHOR, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que te amam sejam como o sol quando sai na sua força.” (Juízes 5.31).

·       “Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mateus 13.43).

·       “A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol, o qual é como um noivo que sai do seu tálamo, e se alegra como um herói, a correr o seu caminho.” (Salmos 19.4,5).

 

Todo servo do Eterno, como se vê na mulher de Ap 12.1, deve refletir a luz do Sol da Justiça (Ml 4.2; Lc 1.78), sem nenhuma nuvem de incredulidade (2Pe 2.17; Jd 12) impelida por todo vento de doutrina (Ef 4.14) para obscurecê-Lo. E isto cada um deve fazer com alegria e prontidão de ânimo.

Temos que resplandecer nesta geração como astros no mundo (Fp 2.14,15).

Esta característica pode ser vista nos anjos:

 

·       “E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra da porta, e sentou-se sobre ela. E o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas como neve.” (Mateus 28.2,3).

 

Até Moisés experimentou um vislumbre disto enquanto esteve aqui vivo:

 

·       “E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com ele.” (Êxodo 34.29).

 

Quem dera que, ao invés de pensarmos em contemplar as estrelas na mão de Jesus (sendo usadas por Ele), pensássemos em contemplar Jesus, cuja luz faz o brilho de todas as estrelas desaparecer. Aliás, numa verdadeira manifestação de Jesus, aquele que está a ser usado por Ele não é visto. Se o pastor, apóstolo, evangelista, etc. for evidenciado, é sinal que não é Jesus quem está a operar.

É preciso que não nos apoiemos na beleza e formosura que interessa a este mundo (Is 53.3), a fim que a alegria de Jesus aformoseie o nosso rosto (Pv 15.13).

Enfim, o rosto representa a identidade de Jesus, a qual ilumina quem tem prazer no amor e piedade e cega quem quer obter vantagem em tudo.

Embora Jesus tenha adquirido toda esta tremenda mudança, ainda era possível enxergar as características de tudo aquilo que Ele fez neste mundo.

Por fim, analisemos estas dez características à luz do papel que Jesus irá exercer no Apocalipse (a saber, o de juiz):

 

1      – semelhante a filho de homem (Ap 1.13; 14.14; ver Ez 1.26; Dn 7.13; 10.16) => Jesus não irá julgar como alguém superior a nós, mas sim como alguém que viveu na nossa pela tudo que nós vivemos, mas sem pecar (Hebreus 4.15);

2      – vestido de uma roupa talar (Ap 1.13) => Jesus irá nos julgar com Sua veste de justiça. É Seu perfeito testemunho de vida como nosso sumo-sacerdote que garante que ninguém tem desculpa para dizer que não consegue servir ao Eterno (ver Salmos 23.6; Romanos 3.14; Colossenses 3.14);

3      – cingido pelos peitos com uma cinta de ouro (Ap 1.13) => Jesus irá nos julgar com a verdade, a qual Ele viveu em prol da justiça;

4      – a cabeça e os cabelos eram brancos como lã branca, como a neve (Ap 1.14; ver Dn 7.9) => Jesus nos julga com Sua mente sábia, pura e santa;

5        os olhos eram como uma chama de fogo (Ap 1.14; 2.18; 19.12; ver Dn 10.6) => Jesus não julga segundo a aparência, mas conforme aquilo que Ele vê no coração de cada um com Seu olhar puro (ver Tito 1.15)

6      – os pés eram semelhantes ao latão polido como se fosse derretido na fornalha (Ap 1.15; Ap 2.18) => Jesus julga de acordo o evangelho da paz que Ele preparou, independente do tipo de terreno onde Ele teve que pisar (Mateus 13.3-8).

7      – e a voz era como a voz de muitas águas (Ap 1.15; Compare Ezequiel 1:24; Ezequiel 43:2; Isaías 17:12. Ver também Dn 10.6; Ap 14:2; Ap 19:6) => Jesus nos julga com Seu sopro, o qual faz soar Sua voz.

8      – tinha na destra sete estrelas (Ap 1.16,20, 2.1; 3.1) => Jesus nos julga provando a todos que Ele guarda os Seus mensageiros onde ninguém pode arrebatá-los: em Sua mão direita (João 10.28,29).

9      – da boca saía uma espada de dois gumes (Ap 1.16; 2.12,16; 19.15; ver Is 49.2) => Jesus nos julga com Sua boca, na qual nunca se achou engano, injúria e ameaça (1Pedro 2.23).

10  – o rosto era como o sol quando brilha na sua força (Ap 1.16; ver At 26.13) => Jesus nos julga com Sua face, ou seja, com Seu caráter, identidade.

 

Mas sobretudo, Jesus nos julga pelo fato de Ele nunca ter abandonado Sua Igreja (Mateus 28.20), mas está sempre andando no meio dos candeeiros de ouro.

Versículos 17 e 18

·         “Quando o vi, caí aos seus pés como morto; e ele pôs a sua destra sobre mim, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último e o que vivo; fui morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do Hades.” (Ap 1.17,18).

 

A frase “não temas” é usado cerca de 80 vezes na Escritura Sagrada, e normalmente é para aquietar os temores do ser humano na presença do Eterno.

Quando Jesus começa a falar, Ele só termina em Apocalipse 3.22, mostrando que trata-se de uma única citação.

Não existe forma de estar mais vivo do que cair como morto aos pés de Jesus. Melhor estar aí do que vivo em qualquer outro lugar (Salmos 84.10).

É bem verdade que o olhar de Jesus atemoriza, mas Sua Palavra fortalece.

Muitas vezes estamos vendo Jesus apenas como o Homem de Nazaré que morreu por nós. Estamos ignorando que Ele ressuscitou dos mortos com todo poder e autoridade, como o Homem do Apocalipse que João viu.

Para você ter uma ideia do que significa a visão de Jesus ressurreto, compare o modo que João foi afetado pelo Seu encontro com Jesus, com o modo que outros indivíduos foram afetados:

 

·       Manoá ficou atemorizado, mas permaneceu acordado (Juízes 13.19-22);

·       Isaías ficou atemorizado, mas permaneceu acordado (Isaías 6.1-5);

·       Ezequiel caiu sobre seu rosto, mas conseguia ouvir o Eterno falar (Ezequiel 1.28; 3.23; 43.3; 44.4);

·       Daniel nesta passagem só ficou atemorizado e caiu sobre sua face (Daniel 8.17).

·       Paulo caiu por terra, mas ouviu Jesus falando com ele (Atos 9.3,4; 22.6,7).

·       Daniel teve seu semblante mudado em corrupção, perdeu as forças, ouviu alguma coisa e, só então, desmaiou (Dn 10.7-9).

·       João, por outro lado, já desmaiou de uma vez.

 

Daí você vê como a presença de Jesus glorificado é impactante e poderosa!

O véu da escuridão tem sido retirado de nós (daí o significado do nome Apocalipse), de modo que agora podemos ver Jesus como Aquele sentado no trono à direita do Pai reinando.

O ser humano, por melhor que possa ser, é tão caído que ele não consegue ficar de pé diante da gloriosa presença do Eterno. Aqueles que tiveram uma experiência íntima com Ele, seja de uma forma ou de outra, acabaram se prostrando diante Dele. Veja estes exemplos: Is 6:5; Ez 1:28; Dn 8:17,18; 10:9-11; Lc 5:8; At 9:3-4.

E tal como uma certa mão tocou em Daniel (Dn 10.9-11), e Jesus tocou nos três discípulos lá no monte da transfiguração (dos quais João era um - Mt 17.7), dizendo: “não temas”, aqui novamente temos Jesus restaurando a força de Seu servo com Sua palavra de ânimo (relacionada com “não temas”, já que muitos se recusam a fazer o bem porque temem perder ou deixar de receber o benefício na hora certa).

A mão que tocou João foi justamente a mão que mantinha as sete estrelas.

Detalhe: Jesus não chamou João pelo nome, tal como o anjo procedeu ao falar com Zacarias e outros). Isto se deve, provavelmente, à profunda intimidade de João com seu Mestre.

Esta expressão “não temas” (ou equivalente) pode ser vista em vários lugares na Escritura Sagrada (por exemplo: Gn 15.1; 26.24; 46.3; Dt 1.21; Josué 1.9; 8.1; 11.6; Jz 6.10,23; 2Rs 1.15; 19.6; 2Cr 20.15; Is 7.4; 8.12; 10.24; 35.4; 37.6; 40.9; 41.10,13,14; 43.1,5; 44.2; 51.7; 54.4; Jr 1.8; 30.10; 46.27,28; Ez 2.6; Daniel 10.12,19; Sf 3.16,17; Ag 2.5; Zc 8.13,15; Mt 10.28,31; 14.27; 28.10; Lc 1.13,30; 2.10; 5.10; Lc 12.4,7,32; Atos 18.9; 1Pe 3.14).

Assim Cristo encorajou os apóstolos no Mar da Galiléia (João 6.20), na transfiguração (Mt 17.7). E esta é a mensagem de Jesus para nós. Muitas das vezes, a primeira coisa que era dito àquele que recebia a mensagem do Eterno era “não temas”. Muitas vezes para aquietar o temor do homem com relação ao Eterno.

E qual era o motivo do desânimo (medo) de João? Note como Jesus consolou João se identificando com o Eterno (como em Êxodo 3.14):

 

1 - Eu sou o primeiro. Ou seja, foi Jesus quem criou tudo. Nada existe antes Dele. É Dele que todas as coisas procedem. Além disto, antes de Jesus, nenhum outro homem foi considerado Deus.

2 - Eu sou o último. Ou seja, é Jesus quem irá retribuir a cada um. Após Jesus, jamais se levantará outro homem considerado como Deus. E final, tudo convergirá a Ele (Efésios 1.10; Colossenses 1.20).

Jesus é o primeiro e o último (algo que está ligado ao Eterno - Is 41.4; 44.6; 48.12) e o caminho que liga o início ao fim (Jo 14.6). Ou seja, tudo começa Nele, acontece Nele e chega até Ele (Rm 11.36). Ele faz tudo. A única coisa que precisamos fazer é confiar Nele, fazendo apenas aquilo que Ele manda.

O primeiro e o último também significa:

 

·       de eternidade a eternidade;

·       o primeiro pela criação e o último pela retribuição;

·       o primeiro porque, antes do Eterno, nenhum deus foi formado; o último porque, após Ele não há outro Deus;

·       o primeiro porque a partir Dele são todas as coisas e o último porque para Ele todas as coisas retornam.

 

Três vezes Jesus é referenciado como “o primeiro e o último” em Apocalipse (Ap 1.17; 2.8; 22.13).

 

3 - Eu sou o que vivo. Ou seja, Jesus é aquilo que Ele vive. Ao contrário do pecador que vive aquilo que ele deseja ser, Jesus vive porque, antes de tudo, Ele é. O ser humano só é considerado alguém (incluindo por ele mesmo) após ele fazer ou conquistar coisas. Jesus, todavia, já é tudo que Ele tem que ser. Ele não vive para conquistar coisas, mas sim para manifestar a todos aquilo que cada um precisa ser Nele.

Jesus é o único capaz de viver a vida, e isto porque Ele é a essência da vida (João 5:26), “O Caminho, a Verdade e a Vida (João 14.6), o próprio “Deus Vivo” (Salmos 42:2).

Quanto à ênfase de Jesus em dizer que Ele é, deve-se ao fato de que nós só podemos ser algo de VERDADE (Jo 14.6) se Ele fizer de nós este alguém. Do contrário, estaremos vivendo uma mentira e não teremos condição de ser nada na vida de ninguém (Rm 3.11). Afinal, a melhor maneira de fazer alguém feliz é sendo feliz. A felicidade não é para ser um estado de espírito, mas sim aquilo que nos identifica.

 

4 - Fui morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos (ver Rm 6.9; Ap 4.9; 5.14). O contraste entre “eu sou” e “fui morto” compara a morte física e passageira de Jesus com Sua vida eterna.

A mesma ideia é dita acerca do Pai (Dn 12.7; Ap 4.10; 10.6). Isto é grande conforto para quem está em tribulação, pois significa que Jesus é realmente Deus conosco (Mt 1.23), tal como Ele prometeu (Mt 28.20).

Embora Jesus tivesse a vida em Si mesmo (Jo 5.26), ainda assim Ele se tornou morto para nos ensinar que, mesmo que nós entreguemos nossa vida por amor aos irmãos (Jo 15.12,13), ainda assim nada pode roubar a nossa recompensa: a vida eterna.

 

·       “Sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele.” (Romanos 6.9).

·       “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” (João 5.24).

 

Afinal, Jesus provou a morte por todos os homens a fim de ninguém vivesse mais para si mesmo, mas fossem livres para servir os irmãos em Cristo Jesus pelo resto de suas vidas:

 

·       “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos. Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o príncipe da salvação deles. E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” (Hebreus 2.9,10,14,15).

·       “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (II Coríntios 5.15).

 

Entende a razão de Jesus ter aceitado padecer nas mãos dos perversos? É para nos mostrar que, quando algo é, nada pode mudar isto. Por exemplo: uma manga sempre será manga, não importa o motivo da mesma ter sido cultivada, o terreno no qual foi plantada ou nas mãos de quem ela está.

Em outras palavras, como Jesus realmente é a Ressurreição e a Vida (Jo 11.25), apesar de todo o esforço de Ha-Satan e sua corja, ainda assim não foi possível extinguir isto em Jesus. E como aprouve ao Pai que tivéssemos vida em Jesus (Jo 10.17,18), se permanecermos firmes Nele, nada poderá destruir aquilo que o Eterno tem para nós.

Jesus, como homem, morreu, mas completou Sua missão (Jo 19.30; 17.4), de modo que Ele venceu a batalha e agora vive para sempre (Ap 4.10; 10.6 - isto oferece esperança para nós). Jesus trouxe a vida e a incorrupção à luz por meio do evangelho (2 Timothy 1:10), ou seja, a confirmação de que a morte foi abolida. E porque Jesus vive, nós viveremos também (Jo 14.19).

Pelos séculos dos séculos não quer dizer “através dos séculos”, mas sim “para dentro da eternidade”. Afinal, uma vez que Jesus é a vida Eterna (Jo 17.3; 1Jo 5.20), a questão não é viver para sempre simplesmente, mas sim viver numa eternidade progressiva, experimentando Jesus se movendo dentro de nós e nos levando a um conhecimento cada vez mais profundo Dele indefinidamente.

Aliás, é oportuno deixar claro que Jesus não disse apenas que Ele vivia no presente, mas pelos séculos dos séculos. Ou seja, não apenas Ele é eterno, mas tem plena ciência de todos os acontecimentos que ainda estão por vir, estando a vivenciá-los como se já fossem presente. Ou seja, a história não está caminhando como um trem descarrilhado. Jesus está trabalhando um futuro glorioso para a Igreja, ainda que, por alguns instantes, haverá duas bestas dominando a humanidade.

 

5 – E tenho as chaves da morte e do inferno. Morte e inferno não estão em poder de Ha-Satan, mas sim do Eterno. Jesus tem a chave de ambos, os quais serão banidos em Ap 20.11-14.

Jesus destruiu as obras do diabo (1João 3.8), ou seja, as obras do seu sistema (ver João 12.31; 14.30; 16.11) cuja base é morte e inferno.

Considerando que Jesus tem a chave, logo, antes de tudo, existe porta. Quais são as portas que existem na Escritura Sagrada?

Há 4 coisas que possuem porta:

 

·       o coração dos indivíduos (Sl 24.7-10);

·       a morte (Jó 38.17; Salmo 9.13);

·       o Sheol (Mt 16.18), o qual é muitas vezes traduzido por sepultura (Isaías 38.10).

·       o reino dos céus (Mateus 16.18,19).

 

Jesus tem a chave, ou seja, a autoridade para abrir e fechar qualquer porta.

Logo, ninguém morre ou vai para o inferno, a menos que Jesus permita. Aliás, o próprio Jesus é a chave de tudo, já que, quem crê em Jesus, já passou da morte para a vida (Jo 5.24; 1Jo 3.14); quem não crê já está condenado (Jo 3.18). Nada há que alguém possa fazer para roubar a salvação daquele que crê, nem para conceder vida a quem não crê.

No livro do apocalipse, morte e inferno também ganham vida (Ap 6.8; 20.13,14), como se o inferno tivesse uma imensa mandíbula que crescesse (Isaías 5.14) insaciável (Provérbios 27.20) para não deixar de receber nenhum dos que lhe fossem enviados (Isaías 14.9).

Contudo, Hades é o lugar onde os mortos ficam até serem ressuscitados por Cristo.

Ainda há mais uma coisa a ser observada: embora João já tivesse visto Jesus ressuscitado, o fato de ver tantos irmãos em Cristo sendo martirizados e, aparentemente, nada acontecer com os algozes, tudo parecia tempo perdido. Ainda mais considerando que Jesus tinha prometido vir, mas até aquele momento mais de 50 anos tinha se passado e nada tinha acontecido.

Apesar de tudo que Ele viu e ouviu de Jesus enquanto Ele esteve em carne, diante da visão correta acerca de Jesus, João ficou com medo. Como para ter acesso a toda revelação celestial, a primeira coisa que precisa ser tratada é a nossa concepção a respeito de Jesus, bem como nossa incredulidade, daí Jesus primeiramente se mostrar a João e tratar seu medo. Não é possível enxergar o Reino do Eterno com fé dúbia. Afinal, medo é sinal de que o amor não está aperfeiçoado (1João 4.18).

Versículo 19

·        “Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de suceder depois destas” (Ap 1.19).

 

Por 38 vezes João afirma que viu os eventos tomando lugar.

Há conexão entre passado, presente e futuro.

O que viste (o que aconteceu em nossa vida com relação a tudo que está escrito), as que são (o que está acontecendo na nossa vida) as que hão de acontecer (o que irá acontecer na nossa vida com base em tudo isto).

O que viste também mostra que o Livro do Apocalipse é o relato de uma testemunha ocular. João não imaginou ou sonhou o Apocalipse. Ele viveu todos os acontecimentos escritos.

João deveria escrever:

 

1)    As coisas que ele viu, ou seja, tudo que ele viu neste capítulo, a saber, quem realmente é Jesus;

2)    As coisas que são, ou seja: o conteúdo dos capítulos 2 e 3.

3)    As que hão de acontecer, ou seja, o que está relatado nos capítulos 4 a 22.

 

O fato de dizer “escreve, pois”, deve-se ao fato de que João deveria escrever o Apocalipse em virtude de tudo aquilo que Jesus é, em especial o fato de Ele ter sido morto e voltado a viver por toda a eternidade, o que lhe conferiu as chaves da morte e do Hades.

Em outras palavras, a razão de o Apocalipse ter sido escrito deve-se ao total controle que Jesus tem sobre todos os acontecimentos da história, bem como de determinar o destino de cada um. Ou seja, é para que cada um tenha certeza de que não precisa brigar para tentar melhorar este mundo. Afinal, além de isto jamais vir a acontecer nesta dispensação, nossa vitória está garantida apesar de toda maldade que é possível vir à tona através de toda a humanidade. Que possamos ter humildade para aceitar tudo isto e disposição para deixar Jesus mostrar a todos tudo aquilo que Ele deseja através de nós.

O segredo não é o que somos ou deixamos de ser, tampouco o que temos ou o que achamos que precisamos ter, mas sim o estar ou não ligado em Cristo.

Versículo 20

·        “Eis aqui o mistério das sete estrelas que viste na minha destra, e dos sete candeeiros de ouro: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.” (Ap 1.20).

 

Quem são os anjos? Considerando que a palavra anjo aparece 72 vezes no apocalipse (65 + uma vez em cada uma das sete cartas) e em nenhuma das 65 vezes está se referindo a seres humanos, muitos acreditam que se trate dos seres celestiais enviados para ajudar aqueles que hão de herdar a salvação (ver Sl 34.7; Hb 1.14).

É bom lembrar que haviam anjos especializados em:

 

·       Guardar a vida dos pequeninos (Mateus 18.10);

·       Guardar a vida de Pedro (Atos 12.15);

·       Guardar uma nação inteira (Daniel 10:13; Daniel 12:1).

 

Logo, para tais indivíduos, há um anjo (ser celestial) para cuidar de cada oholyao?

Por outro lado, considere que Malaquias diz que o sacerdote é o anjo do Senhor dos Exércitos (Ml 2.7 – ARA2) e que todos somos sacerdotes (1Pe 2.5; Ap 1.6; 5.10). Logo cada um que crê deve zelar uns dos outros (ver 1Co 12.25,26).

Ou seja: anjo NÃO são os pastores das instituições religiosas, mas cada um que crê em Jesus.

O fato de os anjos (mensageiros) serem considerados como estrelas é porque, aquele que é fiel a Cristo, manifesta a luz da sabedoria do Eterno por onde passa (Dn 12.3; Fp 2.14,15), sendo por isto considerado nobre (ver Nm 24.17).

Note que:

 

·       Quando Ha-Satan era o selo da medida (Ezequiel 28.12), ele era uma estrela (Isaías 14.12-14). Logo, a estrela que caiu do céu (Ap 8.10) é Ha-Satan a partir do momento que ele permitiu que sua sabedoria fosse corrompida (Ez 28.17);

·       as estrelas que Ha-Satan conseguiu arrastar (Ap 12.4) são aqueles que deveriam servir ao Criador, mas que preferiram ser arrastados pelos falsos profetas (Is 9.15). O profeta que ensina falsidade é a cauda (Isaías 9.15), o qual leva muitos mestres a despencarem na fé (Ap 12.4).

·       as estrelas errantes (Jd 13) são os falsos profetas que, por estarem corrompidos pelo pecado, tentam arrastar os discípulos de Jesus após si (At 20.30; Gl 4.17) com sua doutrina bíblica corrompida, levando os outros a buscarem em Cristo os prazeres desta vida (Mt 16.23; 1Co 15.19).

·       os falsos mestres também são estrelas errantes (Judas 13) e os mestres que a muitos ensinam justiça, como as estrelas do firmamento (Daniel 12.3).

·       Veja como estrela é símbolo de preeminência e autoridade:

o   “Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete.” (veja Números 24.17).

·       Devemos resplandecer como astros no mundo (Fp 2.14,15).

·       Um profeta também pode ser considerado um anjo (Ml 3.1; Ag 1.13).

 

Com base em tudo isto, podemos concluir que o anjo, antes de tudo, significa um mensageiro (profeta) proeminente que tem autoridade e que arrasta pessoas após si.

Anjo aqui com certeza não é alguém escolhido pelos seguidores de Jesus para governar a oholyao. É bem verdade que temos uma identificação de cada anjo com sua oholyao. Afinal, assim como os filhos carregam consigo a identidade dos pais, os irmãos que foram instruídos carregam dentro de si a identidade do “anjo” que os instruiu e ensinou até que fosse chegado o tempo de “casarem” com Jesus (ver Ezequiel 14; Atos 13.2,3; Efésios 4.11-14).

Assim, a união anjo-oholyao não é rígida. O Eterno traz os filhos Dele de longe para serem tratados (veja estas ilustrações abaixo):

 

·       “Assim diz o Senhor DEUS: Eis que levantarei a minha mão para os gentios, e ante os povos arvorarei a minha bandeira; então trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros.” (Isaías 49.22)

·       “Certamente as ilhas me aguardarão, e primeiro os navios de Társis, para trazer teus filhos de longe, e com eles a sua prata e o seu ouro, para o nome do SENHOR teu Deus, e para o Santo de Israel, porquanto ele te glorificou.” (Isaías 60.9).

·       “Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua descendência desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente. Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra.” (Isaías 43.5,6).

 

E, após tratados, os leva para todos os cantos da terra para espalhar Sua glória (Isaías 11.9; Habacuque 2.14).

Além disto, note que qualquer um que tem ouvidos deve ouvir, não o que o anjo diz às oholyao, mas sim o que o Espírito Santo diz às oholyao. Ou seja, o verdadeiro papel de quem é maduro na fé não é apenas ouvir a voz do Eterno e transmiti-la aos seus filhos espirituais, mas sim preparar todos a fim de que possam ter comunhão direta com o Eterno. Tanto é assim que o Espírito Santo não fala apenas com o anjo da oholyao, mas com toda a oholyao.

Você pode se perguntar: “mas então, qual a razão de se referir ao anjo no singular? É porque cada um que crê deve zelar da Igreja de Cristo com zelo do Eterno (ver Nm 25.11-13; Ap 3.19), ou seja, como se ele fosse o único responsável por ela. Cada um deve ter a mensagem do Eterno para transmitir à Igreja (Ag 1.13; 1Co 14.26), tal como fez João Batista (Ml 3.1), a saber, permitindo que Jesus manifeste Sua singularidade que Ele colocou na vida de cada um (ver Salmos 25.14).

Isto aponta para o cuidado amoroso de Jesus que tem os Seus em Sua mão (Jo 10.28,29; ver Ap 2.1) e permanece entre eles.

Se formos analisar com calma, veremos que, tanto as sete estrelas como os sete candeeiros, representam a Igreja. Jesus usa as sete estrelas que estão na Sua mão para manter Suas sete tochas acesas nos sete candeeiros enquanto passa por eles.

 

·       Castiçal é algo criado pelo homem. Representam a vida daqueles que querem ser coluna e baluarte da verdade (1Timóteo 3.15). Enquanto Jesus “passeia” entre Suas oholyao, Ele mantém Sua Luz brilhando nelas (João 8.12; 9.5) através do Seu Espírito agindo em seus ministros com vistas a fazer da Igreja uma referência neste mundo tenebroso. É o testemunho da Igreja na terra, a manifestação do Espírito do Eterno externamente.

Ao contrário do castiçal que estava no Santo Lugar (na presença do Eterno em espírito, o qual representa o aspecto legal), os sete castiçais do Apocalipse estão na presença de Jesus glorificado que venceu o pecado e a morte e alimenta os castiçais com Sua Verdade ao invés de azeite.

·       as sete estrelas são fontes de luz natural (algo indispensável neste mundo em trevas – Is 60.1). Elas representam o Favor divino na Igreja, bem como o testemunho desta no céu. Trata-se daqueles em quem Jesus trabalhou internamente Sua verdade (Dn 12.3; Fp 2.14,15) que irá servir para alimentar as sete oholyao com o Espírito do Eterno.

 

Jesus mantém contato contínuo com cada um daqueles que permanecem assentados nos lugares celestiais (Efésios 1.3; 2.6) a fim de conceder-lhes tudo o que diz respeito à vida e piedade (2Pedro 1.3). Para tanto, Ele toma alguns em Sua mão para ministrar na vida dos demais (João 10.28,29) (e vice-versa).

Para reforçar esta ideia, note como o mistério tem haver com as sete estrelas e os sete candeeiros de ouro. Considerando que o mistério de Cristo é Ele presente na Igreja (Ef 5.32; Cl 1.26,27), logo os castiçais e estrelas representam o modo de Jesus agir na Igreja.

Mistério é algo que exige a presença de Jesus e Sua igreja para ser revelado.

Ninguém precisa comprar mensagem de outros povos ou buscar pregadores estrangeiros para falar à congregação. O Eterno é quem sabe o que cada um precisa ouvir.

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