Porque a oferta de Caim não foi aceita? Quão
terrível é julgar entre bem e mal
1 - INTRODUÇÃO
Muitos
indivíduos acham que a maior preocupação no Reino do Eterno é se aquilo que
estamos fazendo é certo ou errado. No entanto, muitas vezes as coisas certas
nos afastam mais do Eterno do que as erradas. Sei que isto parece esquisito. No
entanto, se a questão de bem e mal, certo e errado fosse tão importante, o
Eterno não teria proibido Adão e Eva de provarem do fruto da Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal.
Além
disto, note como é muito mais difícil alguém que é 99% de Jesus converter
integralmente a Ele do que alguém que está atolado no pecado, já que tal
indivíduo se considera mais justo do que as demais pessoas. A prova disto é o
caminho adotado por Caim para se ver livre do desconforto que tomou conta do
seu coração. Considerando-se melhor do que Abel, ele achava que todos tinham
que aceitar sua forma de expressar amor e gratidão. Como o Eterno não aceitou
sua oferta, ele se revolta e inventa o assassinato como forma de resolver
conflitos.
Hoje,
como muitas vezes o Eterno não atenta para aquilo que conquistamos, mas permite
que outros logrem êxito contra nós, ficamos revoltados. Quer gostemos ou não,
toda nossa vida é uma oferta ao Eterno (independente
da forma como cremos Nele).
A grande questão é: o que temos ofertado ao Eterno? Quando alguma catástrofe
nos atinge, nada mais é do que a natureza clamando contra nós por não estarmos
usando os dons do Eterno para libertá-la do cativeiro da corrupção para a
liberdade da glória dos filhos do Eterno (medite
em Hc 2.11; Rm 8.19-22; Tg 5.3,4).
No
final, todos os males da sociedade se resumem na oferta de Caim, em querer
ofertar ao Eterno aqui que Ele não pediu, nem passou pela mente ou coração Dele
(ver Jr 7.31; 19.5).
Na
expectativa de que os indivíduos percebam que o mais importante é ser guiado
por Jesus DIRETAMENTE e usado por Ele, escrevo este artigo. Para adiantar,
basta pensar que não existe obra mais perfeita, poderosa e eficaz do que a que
Ele faz. Haja visto que Ele é o único que convence do pecado, da justiça e do
juízo (Jo 16.8).
2 – SEM JESUS, BEM E MAL SÃO DUAS FACES DA MESMA MOEDA
A
questão não é se o que estamos fazendo é bem ou mal, certo ou errado. Se não
estivermos com Cristo, ouvindo Sua voz e seguindo-O por amor a Ele, à Sua
Palavra e ao próximo, já estamos contra Ele (Mt
12.30).
Em primeiro lugar: seja bem ou mal, ambos são projetados pelo Eterno
[ “O SENHOR fez todas as
coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do
mal.” (Pv
16.4);
[ “Eis que bem-aventurado é o
homem a quem Deus repreende; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso.
Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam.
Em seis angústias te livrará; e na sétima o mal não te tocará.” (Jó 5.17-19).
[ “Eu formo a luz, e crio as
trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas
coisas.” (Is
45.7);
[ “Eis que eu criei o
ferreiro, que assopra as brasas no fogo, e que produz a ferramenta para a sua
obra; também criei o assolador, para destruir.” (Is 54.16);
[ “Tocar-se-á a trombeta na
cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o
SENHOR o tenha feito?” (Am 3.6);
Isto pode ser visto
quando o Eterno projetou o mal contra Acabe:
[ “Então ele disse: Ouve,
pois, a palavra do SENHOR: Vi ao SENHOR assentado sobre o seu trono, e todo o
exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda. E disse
o SENHOR: Quem induzirá Acabe, para que suba, e caia em Ramote de Gileade? E um
dizia desta maneira e outro de outra. Então saiu um espírito, e se apresentou
diante do SENHOR, e disse: Eu o induzirei. E o SENHOR lhe disse: Com quê? E
disse ele: Eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus
profetas. E ele disse: Tu o induzirás, e ainda prevalecerás; sai e faze assim.
Agora, pois, eis que o SENHOR pôs o espírito de mentira na boca de todos estes
teus profetas, e o SENHOR falou o mal contra ti.” (1Rs 22.19-23).
Sem contar que é o
Eterno quem elege os governantes para executar Seus propósitos:
[ “Porque agora tenho
estendido minha mão, para te ferir a ti e ao teu povo com pestilência, e para
que sejas destruído da terra; mas, deveras, para isto te mantive, para mostrar
meu poder em ti, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra.” (Êx 9.15,16).
[ “Pois diz a Moisés:
Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver
misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas
de Deus, que se compadece. Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te
levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado
em toda a terra. Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem
quer.” (Rm
9.15-18).
[ “E os dez chifres que viste
na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e
comerão a sua carne, e a queimarão no fogo. Porque Deus tem posto em seus
corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma idéia, e que dêem à besta
o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus.” (Ap 17.16,17).
[ “Toda a alma esteja sujeita
às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as
potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste
à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más.
Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque
ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz
debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz
o mal. Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo
castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos,
porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.” (Rm 13.1-6).
Nabucodonosor, rei da
Babilônia, por exemplo, foi chamado pelo Eterno de servo Dele pelo menos três
vezes:
[ “Eis que eu enviarei, e
tomarei a todas as famílias do norte, diz o SENHOR, como também a
Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta
terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor, e os
destruirei totalmente, e farei que sejam objeto de espanto, e de assobio, e de
perpétuas desolações.” (Jeremias 25.9).
[ “E agora eu entreguei todas
estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo; e
ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam.” (Jeremias 27.6);
[ “E dize-lhes: Assim diz o
SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu enviarei, e tomarei a
Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e porei o seu trono sobre
estas pedras que escondi; e ele estenderá a sua tenda real sobre elas.” (Jeremias 43.10).
Sei que isto soa
esquisito, mas o mal, muitas vezes, é o próprio Eterno quem prova a nossa obra
a fim de eliminar tudo que não é Dele das nossas vidas:
[ “Vede que não rejeiteis ao
que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os
advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus; A voz do
qual moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei,
não só a terra, senão também o céu. E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a
mudança das coisas móveis, como coisas feitas, para que as imóveis permaneçam.”
(Hb
12.25-27).
[ “E, se alguém sobre este
fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno,
palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque
pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a
obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se
a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia
como pelo fogo.” (1Co 3.12-15).
[ “E também agora está posto o
machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é
cortada e lançada no fogo. E eu, em verdade, vos batizo com água, para o
arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas
alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com
fogo. Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu
trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.” (Mt 3.10-12).
Ou
seja, o mal é uma ferramenta para que o espírito seja salvo do dia do Senhor
Jesus (1Co 5.3-5). Quando, todavia, o
indivíduo não quer ser salvo do erro, mas nele tem prazer, Ele próprio faz
questão de enganar o profeta e quem o consulta, bem como envia a operação do
erro para enganar os que têm prazer na maldade:
[ “Filho do homem, estes
homens levantaram os seus ídolos nos seus corações, e o tropeço da sua maldade
puseram diante da sua face; devo eu de alguma maneira ser interrogado por eles?
Portanto fala com eles, e dize-lhes: Assim diz o Senhor DEUS: Qualquer homem da
casa de Israel, que levantar os seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço
da sua maldade diante da sua face, e vier ao profeta, eu, o SENHOR, vindo ele,
lhe responderei conforme a multidão dos seus ídolos; para que eu possa apanhar
a casa de Israel no seu coração, porquanto todos se apartaram de mim para
seguirem os seus ídolos. Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor
DEUS: Convertei-vos, e tornai-vos dos vossos ídolos; e desviai os vossos rostos
de todas as vossas abominações; porque qualquer homem da casa de Israel, e dos
estrangeiros que peregrinam em Israel, que se alienar de mim, e levantar os
seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço da sua maldade diante do seu rosto,
e vier ao profeta, para me consultar por meio dele, eu, o SENHOR, lhe
responderei por mim mesmo. E porei o meu rosto contra o tal homem, e o
assolarei para que sirva de sinal e provérbio, e arrancá-lo-ei do meio do meu
povo; e sabereis que eu sou o SENHOR. E se o profeta for enganado, e falar
alguma coisa, eu, o SENHOR, terei enganado esse profeta; e estenderei a minha
mão contra ele, e destruí-lo-ei do meio do meu povo Israel. E levarão sobre si
o castigo da sua iniqüidade; o castigo do profeta será como o castigo de quem o
consultar. Para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se
contamine com todas as suas transgressões; então eles serão o meu povo, e eu
lhes serei o seu Deus, diz o Senhor DEUS.” (Ez 14.3-11)
[ “Porque já o mistério da injustiça opera;
somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e então será
revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e
aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia
de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o
engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade
para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que
creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade,
antes tiveram prazer na iniqüidade.” (2Ts 2.7-12).
Deste
modo, podemos concluir que nem sempre o erro ou o mal é pecado, e nem sempre
ajudar é virtude. Quer um exemplo disto?
Veja
alguém que foi punido por querer ajudar ou por se recusar a fazer o mal:
[ “E, chegando à eira de
Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e pegou nela; porque os bois a
deixavam pender. Então a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu
ali por esta imprudência; e morreu ali junto à arca de Deus.” (2Sm 6.6,7);
[ “Então um dos homens dos
filhos dos profetas disse ao seu companheiro, pela palavra do SENHOR: Ora
fere-me. E o homem recusou feri-lo. E ele lhe disse: Porque não obedeceste à
voz do SENHOR, eis que, em te apartando de mim, um leão te ferirá. E como dele
se apartou, um leão o encontrou e o feriu. Depois encontrou outro homem, e
disse-lhe: Ora fere-me. E aquele homem deu-lhe um golpe, ferindo-o.” (1Rs 20.35-37);
[ “E Jeú, filho de Hanani, o
vidente, saiu ao encontro do rei Jeosafá e lhe disse: Devias tu ajudar ao
ímpio, e amar aqueles que odeiam ao SENHOR? Por isso virá sobre ti grande ira
da parte do SENHOR.” (2Cr 19.2).
Por
outro lado, veja alguém que fez algo mau e foi congratulado pelo Eterno:
[ “Vendo isso Finéias, filho
de Eleazar, o filho de Arão, sacerdote, se levantou do meio da congregação, e
tomou uma lança na sua mão; e foi após o homem israelita até à tenda, e os
atravessou a ambos, ao homem israelita e à mulher, pelo ventre; então a praga
cessou de sobre os filhos de Israel. E os que morreram daquela praga foram
vinte e quatro mil. Então o SENHOR falou a Moisés, dizendo: Finéias, filho de
Eleazar, o filho de Arão, sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de
Israel, pois foi zeloso com o meu zelo no meio deles; de modo que, no meu zelo,
não consumi os filhos de Israel. Portanto dize: Eis que lhe dou a minha aliança
de paz; E ele, e a sua descendência depois dele, terá a aliança do sacerdócio
perpétuo, porquanto teve zelo pelo seu Deus, e fez expiação pelos filhos de
Israel.” (Nm
25.7-13);
Tem
também o caso de Jeú que foi abençoado pelo Eterno por ter matado todos os
servos de baal e extirpado de Israel esta idolatria (2Rs 10.18-30). Não é em vão que o Eterno, por meio
de Jeremias, diz que aquele que retém sua espada do sangue é maldito:
[ “Maldito aquele que fizer a
obra do Senhor relaxadamente! Maldito aquele que retém a sua espada do sangue!”
(Jr
48.10 – ARA2).
Enfim,
só ouvindo do Eterno para sabermos o que realmente deve ser feito. Do
contrário, podemos ser acusados de fazer a obra do Eterno relaxadamente.
Além disto, pior do que errar é fazer a coisa certa esperando recompensa
Já
parou para pensar no motivo pelo qual Jesus disse:
·
“Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros
serão os primeiros.” (Mateus 19.30).
·
“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se
arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento.” (Lc 15.7);
O
motivo é simples: é muito mais difícil para um indivíduo que é justo usar de
misericórdia do que um pecador. Já observaste que a raiz de amargura brota
justamente no coração daquele que acha que está com a razão? Você pode
questionar: mas, e se indivíduo estiver certo? Isto não muda o fato de que ele agiu
esperando algo em troca. E no que suas expectativas não são correspondidas,
brota a revolta (tal como se deu com Caim). O que tal indivíduo não entendeu é que,
se ele teve capacidade de fazer algo bom, é que esta é sua real vocação (ver
Lc 9.55). Ele foi
vocacionado para fazer o bem, mas não enxergou o privilégio de viver isto. Tal
indivíduo ainda não percebeu a verdadeira beleza, virtude e recompensa que há
no trabalho em si (ainda mais quando o mesmo é feito
por amor ao Eterno).
Além
disto, já reparaste como, em toda separação, é a parte justa que pede o
divórcio ou que rompe com o relacionamento?
Isto
não é tudo! Quem foi que colocou Jesus na cruz? Não foram justamente os que
eram considerados mais certinhos (os líderes judeus)? Jesus mesmo chegou a dizer que
publicanos e meretrizes os precediam no Reino do Eterno (Mt
21.31).
Repare
como, em momento algum se vê Jesus debatendo contra bandidos, adoradores de
templos pagãos ou contra o império romano. Não se vê nenhum deles perseguindo
Jesus. Quem assim fazia eram justamente os que, supostamente, melhor conheciam
a Escritura Sagrada.
E
não podia ser diferente! Quem não é com Jesus já está contra Ele (Mt
12.30). Logo, a pior
coisa que existe é fazer a coisa certa sem Jesus. Não há nada mais diabólico do
que seguir um mandamento de Jesus pela metade, de modo distorcido ou com a
motivação errada. Isto porque tais indivíduos acham que estão servindo ao
Eterno e, portanto, possuem condições de decidir quem vai para o céu, quem
merece ou não ser abençoado, etc.
Resumindo:
a única razão para alguém não aceitar a reconciliação é por se considerar bom demais
para ter sido desprezado ou traído. E o pior é que este tipo de indivíduo é o
que mais há em nossos dias (2Tm 3.3)
E
para ilustrar isto, vejamos alguns exemplos:
1.
Veja
o caso de Esaú. Embora Jacó tivesse errado em roubar a bênção do irmão, ainda
assim Esaú não achou lugar para o arrependimento (e para a
verdadeira bênção)
dentro de si. E Esaú não tinha do que queixar, já que ele profanou a bênção.
Aqui aprendemos que não adianta reclamar das injustiças dos outros, quando nós
mesmos fomos os primeiros a errar;
2.
E
quanto Abel e Caim? Se pensarmos isoladamente na oferta de Caim, ele não fez
nada errado. E foi isto que deixou Caim indignado. Apesar do esforço dele em
tentar agradar ao Eterno, ele não foi recompensado. Isto o deixou revoltado com
o Eterno. Perceba que o problema de Caim não era com Abel, mas com o Eterno,
por não considerar justa a atitude Dele (tal como o povo de
Israel, num dado momento, chegou a não considerar Ele justo – Ez 18.25,29). Daqui aprendemos que, quem tem
problema com algum ser humano é porque, antes de tudo, está com problemas com o
Eterno;
3.
Outro
que esteve magoado com o Eterno quando esteve aqui em carne foram os discípulos
de Emaús. A revolta deles foi pelo fato de eles terem agido certo seguindo
Jesus e aquilo que eles esperavam não aconteceu do jeito que eles queriam (Lc
24.21). Daqui
aprendemos que devemos descobrir qual a esperança da nossa vocação (Ef
4.4);
4.
E
não para aí! Marta também chegou a ficar magoada com Jesus pelo fato de Ele
deixá-la trabalhar só, enquanto sua irmã ficava parada simplesmente ouvindo Sua
palavra sentada aos Seus pés (Lc 10.38-42). Lição: é muito melhor primeiro ouvir
o Eterno do que oferecer sacrifício de tolos, pois os mesmos não sabem que
fazem mal (Ec 5.1).
5.
Outro
a ficar indignado com o pai (que simbolicamente representa o
Eterno) foi o irmão
mais velho do filho pródigo. Enquanto ele fez tudo certinho, o filho pródigo
tão somente desperdiçou os bens do seu pai. No entanto, o pai preferiu
comemorar a volta do filho pródigo do que a permanência do filho mais
velho. Lição a ser aprendida: não basta
ter fé em Jesus e não desviar da presença Dele. A questão é: que tipo de fé
agrada Ele? Milhões acham que estão agradando a Ele (como os obreiros
da iniquidade – Mt 7.21-23; Lc 13.23-28), mas ainda não conseguiram enxergá-Lo como galardoador
dos que o buscam (Hb 11.6). Daí Jesus dizer profeticamente:
Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (Lc
18.8)?
6.
E
com relação à parábola do publicano e do fariseu (Lc 18.9-14)? Note que o fariseu certinho não foi
justificado. Isto nos ensina que a questão fundamental não é se o que fazemos é
certo ou errado, mas sim ouvir a voz do Eterno. Quem confia em si mesmo, se
julgando justo, fatalmente irá desprezar o próximo e acabará orando de si para
si mesmo (mas achando que está se dirigindo ao Eterno – Lc 18.11);
7.
E
quanto aos trabalhadores da vinha?
·
“Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família,
que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, ajustando
com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E,
saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça, e
disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles
foram. Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo. E, saindo
perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos, e perguntou-lhes:
Por que estais ociosos todo o dia? Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos
assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for
justo. E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama
os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros, até aos
primeiros. E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um
dinheiro cada um. Vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber
mais; mas do mesmo modo receberam um dinheiro cada um. E, recebendo-o,
murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes derradeiros trabalharam só
uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e a calma do dia.
Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço agravo; não
ajustaste tu comigo um dinheiro? Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a
este derradeiro tanto como a ti. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é
meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? Assim os derradeiros serão
primeiros, e os primeiros derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos
escolhidos.” (Mt 20.8-16).
Observe
que os primeiros trabalhadores se sentiram injustiçados por receberem a mesma
quantia que os que foram contratados no final do dia. Ficaram revoltados contra
o pai de família em virtude de terem trabalhado duro e certinho. Eles não
consideravam a possibilidade de poderem agradar ao Eterno por meio de algo como
um privilégio. É triste quando alguém não enxerga a possibilidade de ser livre
do pecado (fazer algo movido pelo poder, glória e virtude do Eterno) como uma dádiva em si mesma. Daqui
aprendemos que o importante, para o Eterno, não é a quantidade de trabalho
feito ou o resultado obtido, mas sim o ato de nos submetermos ao Seu processo
de tratamento (Tt 3.4-6).
Considerando
que os últimos receberam o que era justo e que esta quantia foi a mesma paga
aos demais trabalhadores, podemos também aprender que a justiça do Eterno não
tem haver com o nosso esforço em fazer o que é certo, mas sim em ouvir e
aceitar o chamado Dele. Ou seja, a ênfase não está naquilo que nós fazemos, mas
na bondade que o Eterno é capaz de manifestar através de nosso trabalho, seja
diretamente ou indiretamente. Ou seja, os primeiros trabalhadores deveriam
ficar felizes de que a bondade do Eterno ficou evidente justamente no fato de
que, os que não tiveram o privilégio de serem chamados primeiro, no final,
receberam a mesma recompensa. Também não perceberam a bênção que é ter mais
indivíduos por meio de quem podem desfrutar do amor do Eterno.
Aqueles
que trabalharam mais tiveram mais tempo de desfrutar da bondade e sabedoria do
Eterno, mas não enxergaram nisto um privilégio (como enxergava a
rainha de Sabá – 1Rs 10.8).
Não entenderam que a verdadeira bênção está em servir em prol de algo digno,
nobre e excelso.
Para
ilustrar tudo isto, vejamos a lição de Caim.
3 – A OFERTA, AMOR E CAMINHO DE CAIM
[ “E aconteceu ao cabo de
dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel
também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e
atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua
oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. E
o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se
bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado
jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” (Gn 4.3-7).
A oferta de Caim era boa
O
sistema religioso, visando arrancar dinheiro das pessoas, afirma
inescrupulosamente que a oferta de Caim era de má qualidade e a de Abel era boa
porque ele ofereceu o melhor.
Não
é verdade! Em primeiro lugar, as primícias oferecidas por Abel não são os
melhores do rebanho, mas sim os primogênitos, como está nesta versão da
Escritura Sagrada.
Além
disto, é bom lembrar que Caim se sentiu injustiçado pelo Eterno. Se Adão
tivesse ofertado porcaria, ele não teria presumido que o Eterno certamente
ficaria feliz com sua oferta.
Não
tenho dúvida de que os frutos eram de boa qualidade (não
havia estragado, envenenado, podre, etc.). Provavelmente eram os melhores frutos.
Afinal, como Caim pôde ser tomado de tamanho ódio de uma hora para outra, a
ponto de desejar matar o próprio irmão? Afinal, nada é mencionado acerca de
algum conflito entre Caim e Abel.
Aliás,
visto que este foi o primeiro assassinato, ele teve que aprender a matar. Não
pense que Caim queria apenas agredir o irmão. Ou seja, Abel não morreu como
consequência de tantas agressões. A Escritura Sagrada é clara: sua intenção era
matar.
Além
disto, você já parou para pensar em todo o esforço de Caim para conseguir
aqueles frutos? Basta pensar que, por causa de Adão, a terra seria obrigada a
oferecer resistência ao trabalho do homem (Gn
3.17-19).
Repare
que a revolta principal de Caim era com o Eterno, e não com Caim.
O que Caim esperava obter do Eterno por sua oferta?
Vem
a questão: exatamente o quê Caim estava buscando do Eterno? Com certeza não era
a presença Dele, já que, quando o Eterno lhe deu a sentença de maldição, ele
não pensou sequer na hipótese de experimentar uma mudança de vida. Aliás, por
conta própria ele decidiu se afastar do Eterno (Gn
4.13,14).
Eu
só consigo pensar em uma hipótese: Caim achava que o Eterno tinha obrigação de
reconhecer o esforço dele e, deste modo, dar-lhe o que desejava (por exemplo uma promoção), tal como fazem os religiosos.
O
detalhe é que, quando algo não brota do amor, então é originado pelo medo, cuja
obra resulta em duas coisas:
[ Distanciamento do
verdadeiro amor (1Jo 4.18);
[ Incredulidade, ou
seja, fé na coisa errada, da qual brota o duplo ânimo (ou ânimo dobre),
que nada mais é do que a pessoa crendo em duas coisas antagônicas ao mesmo
tempo, mas tentando de todos os modos conciliar ambas.
Qual o problema com a oferta de Caim?
1º: O próprio Caim era um problema
Repare
como é dito que o Eterno não atentou para Caim e para a sua oferta. Ou seja, o problema não estava apenas
na oferta de Caim, mas nele em pessoa.
Vem
a questão: o que será que Caim vinha fazendo que tanto desagradara ao Eterno?
[ “Porque esta é a mensagem
que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim,
que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque
as suas obras eram más e as de seu irmão justas.” (1Jo 3.11,12);
O
problema não era exatamente o que ele fazia, mas sim que ele era do maligno.
Quando alguém não está bem com o Eterno, nada que ele faz lhe agrada. Veja
alguns exemplos disto:
[ “Mas ao ímpio diz Deus: Que
fazes tu em recitar os meus estatutos, e em tomar a minha aliança na tua boca?
Visto que odeias a correção, e lanças as minhas palavras para detrás de ti.” (Sl 50.16,17) – Quem não aceita a
correção nem a disiciplina não deve pregar nem meditar na Escritura Sagrada.
[ “Odeio, desprezo as vossas
festas, e as vossas assembléias solenes não me exalarão bom cheiro. E ainda que
me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem
atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o
estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas.
Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso.” (Am 5.21-24) - sem justiça nenhuma
oferta é válida. Até o louvor soa como barulho diante do Eterno.
[ “Portanto, se trouxeres a
tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra
ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com
teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.” (Mt 5.23,24) – se o indivíduo não está bem com o
próximo, o Eterno não recebe a oferta dele;
[ “E, quando estiverdes
orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que
está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.” (Marcos 11.25);
[ “Igualmente vós, maridos,
coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco;
como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam
impedidas as vossas orações.” (1Pe 3.7) –
se marido e mulher não têm relação sexual com entendimento, até as orações são
bloqueadas;
[ “Ouvi a palavra do SENHOR,
vós poderosos de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra. De
que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o SENHOR? Já estou
farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me
agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes
para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a
pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim
abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não
posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e
as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou
cansado de as sofrer. Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós
os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei,
porque as vossas mãos estão cheias de sangue.” (Is 1.10-15) – Se o individuo está na prática do mal,
até as orações são uma abominação ao Eterno;
[ “Ainda fazeis isto outra
vez, cobrindo o altar do SENHOR de lágrimas, com choro e com gemidos; de sorte
que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E
dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua
mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher
da tua aliança. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E
por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto
guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua
mocidade. Porque o SENHOR, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele
que encobre a violência com a sua roupa, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto
guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais.” (Ml 2.13-16) – se o indivíduo não
está bem com o cônjuge, até seu ministério (que
é um oferta ao Eterno)
é anulado;
[ “Porque qualquer homem da
casa de Israel, e dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que se alienar de
mim, e levantar os seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço da sua maldade
diante do seu rosto, e vier ao profeta, para me consultar por meio dele, eu, o
SENHOR, lhe responderei por mim mesmo. E porei o meu rosto contra o tal homem,
e o assolarei para que sirva de sinal e provérbio, e arrancá-lo-ei do meio do
meu povo; e sabereis que eu sou o SENHOR. E se o profeta for enganado, e falar
alguma coisa, eu, o SENHOR, terei enganado esse profeta; e estenderei a minha
mão contra ele, e destruí-lo-ei do meio do meu povo Israel. E levarão sobre si
o castigo da sua iniqüidade; o castigo do profeta será como o castigo de quem o
consultar. Para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se
contamine com todas as suas transgressões; então eles serão o meu povo, e eu
lhes serei o seu Deus, diz o Senhor DEUS.” (Ez 14.7-11) – se alguém fosse consultar ao Eterno
pensando nos seus interesses, seriam punidos o profeta e quem o consultou;
Enfim,
primeiro o indivíduo tem que se acertar com o Eterno e com o próximo. Só então
suas orações, louvor, etc. serão agradáveis a Ele.
2º: Ele deu algo que não era dele
Repare
que, enquanto Abel deu dos primogênitos das suas ovelhas, Caim deu do fruto da
terra. Abel deu algo que tinha tudo haver com ele. Como a ovelha é muito
apegada ao pastor, isto cria um vínculo sentimental muito grande entre pastor e
ovelha. Por mais que possamos gostar das plantas, jamais conseguimos
desenvolver um vínculo afetivo tão grande quanto com um animal.
E
para piorar as coisas, Caim não deu algo em que ele investira sua vida (ver 2Sm 24.24).
Por mais que ele pudesse ser trabalhador e por mais que se esforçara para dar
frutos excelentes ao Eterno, ele Lhe deu algo que não carregava sua identidade (ver Lv 1.4).
Com certeza, das duas uma:
·
ou
ele ofertou algum fruto que encontrara na terra naturalmente (que não fazia parte da sua lavoura)
·
ou
senão Caim, por ter dado sequência ao trabalho do pai, ofertou tais frutos, mas
nunca cuidou da plantação como se fosse sua.
Inclusive,
o fato de a Escritura Sagrada dizer que a oferta de Caim foi trazida “ao cabo
de dias” (Gn 4.3), é mais um indício de
que Caim não trabalhou a semente desde o início. É bom lembrar que Adão foi
lançado fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado (Gn 3.23).
Abel,
por outro lado, não ofertou “ao cabo de dias”, mas após nascer os primogênitos.
Ele ofertou algo que tinha sido gerado dentro dele (ver
Gl 4.19).
3º: Ele deu algo que o Eterno nunca pedira (o caminho de Caim)
[ “Ai deles! porque foram
pelo caminho de Caim, e por amor do lucro se atiraram ao erro de Balaão,
e pereceram na rebelião de Coré.” (Jd 11).
Vem
a questão: qual é o caminho de Caim? Considerando que o verdadeiro caminho que
conduz ao Pai é Jesus (Jo 14.6), logo o caminho de
Caim é aquele adotado pelos que não suportam a verdade (2Tm 4.3,4),
bem como a cruz de Cristo (Fp 3.18), mas querem a todo
custo o paraíso.
A
vontade do Eterno é muito simples:
[ “E, respondendo ele, disse:
Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de
todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti
mesmo.” (Lc
10.27).
No
entanto, a grande maioria acha isto muito difícil. Como ninguém quer ir para o
inferno, tais indivíduos preferem inventar um conjunto de regras que os faça
sentir bem consigo mesmos e, ao mesmo tempo, os convença de que são justos e
merecedores de bênçãos e de ir para o céu. A este conjunto de regras damos o
nome de religião.
Foi
exatamente o que aconteceu com Caim. Pense: de onde Caim tirou a ideia de que,
se ele oferecesse frutos, agradaria ao Eterno? Considerando que o Eterno nunca
mencionou nada parecido, logo a oferta de Caim teve origem na imaginação da
cabeça dele (tal como fez
Jeroboão (1Rs 12.33) e imaginam os povos (Sl 2.1)).
Ele
não quis seguir o Eterno, reconhecendo Sua perfeição e superioridade (como manda Mt 16.24).
Antes, preferiu tentar justificar a si mesmo, exatamente como prefere a maioria
dos indivíduos.
O
esforço de Caim consistia em tentar melhorar o que o Eterno criou, seja por sua
capacidade física e moral, seja tentando agradar ao Eterno com seu suor. Era o
ser humano lutando para conseguir de volta o paraíso perdido.
E
desde que Adão pecou, todo esforço do ser humano tem sido desenvolver mais e
mais tecnologia para tentar ocupar o lugar do Eterno e não precisar mais Dele.
O auge desta arrogância se dará com o anticristo, quando todos vão achar que
finalmente a paz e a segurança foram alcançados (1Ts
5.3).
Agora
você entende o que Caim queria do Eterno?
A
princípio parece ser algo digno o indivíduo trabalhar duro para conseguir o
melhor deste mundo a fim de ofertar, para o Eterno, o melhor possível. No
entanto, quem foi que disse que o Eterno quer algo físico? O que agradou ao
Eterno em Abel não foi o trabalho dele em si, mas seu relacionamento com Ele e
com suas ovelhas.
Veja
o que Eterno disse para o sistema religioso?
[ “... Dai pois a César o que
é de César, e a Deus o que é de Deus.” (Mt 22.21).
O
que fez o sacrifício de Abel agradável foi o fato de ele ter oferecido ao
Eterno aquilo que era Dele (dar a Deus o que é
de Deus - Mt 22.21; Mc 12.17; Lc 20.25). E o que era do Eterno que deveria lhe
ser dado? A vida, visto que Jesus é a vida (Jo
11.25).
Enquanto Caim deu algo morto (do fruto da terra), Abel deu do fruto do
ventre, algo em que havia vida.
O
que era de César (o dinheiro, o qual
foi invenção do homem para tentar fazer a sociedade funcionar sem precisar do
amor do Eterno)
deveria ser dado a César, e não a Deus (Mt
22.21; Mc 12.17; Lc 20.25).
Ou seja, o que é produzido com o nosso suor pode até ser útil para um ser
humano (Jó 35.6-8), mas em nada glorifica
ao Eterno (Jo 5.34,41; At 19.24,25).
A
prova disto pode ser visto no que se deu com o fariseu hipócrita? A oração dele
era firmada em tudo que ele supunha que era, e isto em virtude daquilo que ele
fazia. No entanto, embora tudo fosse verdade, ele não saiu justificado diante
do Eterno.
Talvez você diga: “mas não é bom o indivíduo
se esforçar para ofertar coisas boas ao Eterno?”.
O
problema com as obras da carne e que elas conseguem atingir o espírito (Jo 3.6).
[ “O que é nascido da carne é
carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” (Jo 3.6).
O
espírito do ser humano só pode ser alcançado pelo próprio Eterno. Aliás, foi
para isto que o espírito foi feito (Pv 20.27). Como nenhuma obra da
carne consegue levar o indivíduo a se aproximar mais do Eterno, logo não há proveito
nenhum nelas (Jo 6.63): não conseguem
agradar ao Eterno (Rm 8.8). Tanto é assim que
todos que tentaram fazer aquilo que o Eterno não lhes ordenara foram duramente
punidos.
Veja,
por exemplo, o caso de Nadabe e Abiú:
[ “E os filhos de Arão,
Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e
colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o
que não lhes ordenara. Então saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e
morreram perante o SENHOR.” (Lv 10.1,2).
Isto
porque as obras da carne, no fundo, são resultado da maldade que há dentro de
nós:
[ “Porque as obras da carne
são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia,
idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas,
dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas
semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que
os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gl 5.19-21).
A
prova disto pode ser vista no comportamento adotado pelo sistema religioso em
várias passagens:
[ Difamando os
discípulos por colherem espigas no dia de sábado (Mt
12.1),
sendo que eles exaltavam Davi que cometer maior sacrilégio (Mt 12.3,4);
[ Condenando Jesus por
curar no dia de sábado (Mt 12.10-13; Lc
13.14,16; 14.1-5; Jo 5.8,9; 9.14)
e as multidões por buscarem a Jesus no sábado para serem curados (Lc 13.14),
sendo que eles, em dia de sábado, desprendiam da manjedoura cada um o seu boi,
ou jumento, e o levava a beber (Lc 13.15), bem como tinham a
capacidade tirar do poço seu jumento ou boi caso nele caísse em dia de sábado (Lc 14.5);
[ Mataram Jesus, os
profetas e perseguiam Seus seguidores, impedindo-os de pregar aos gentios as
palavras da salvação (1Ts 2.15,16).
Note
como o que é da carne sempre persegue o que é do espírito (Gl 4.29; 1Ts 2.16).
Ou
seja, a oferta de Caim pode até ser bela (um
arranjo de frutas é perfumado, colorido) e ter boa aparência diante dos
indivíduos, a ponto de os que fazem uso de tais sacrifícios se considerarem ricos
e abastados (Ap 3.16), com nome de quem
vive (Ap 3.1). Este véu da lei até
parece ser uma boa cobertura para os pecados (ver
2Co 3.13-16) (tal como pensou Adão com as folhas de figueira – Gn 3.7). Jesus, porém, está
de fora disto (Ap 3.20). Tais pessoas estão
carregando a si e aos outros de um jugo pesado nas costas (Mt 11.28)
e o pior: sem se darem contas de que estão, na verdade, se separando cada vez
mais de Cristo (Gl 5.4).
Para
agravar ainda mais o mal, até hoje as pessoas não enxergaram que, se desde
Moisés até a época do Testamento do Favor do Eterno, ninguém conseguiu suportar
o jugo (At 15.10) do sistema religioso,
então é muita burrice insistir em fazer isto dar certo.
Por
aqui podemos ver que, nem sempre o que é agradável aos olhos é o que agrada a
Deus. Caim, infelizmente, não tinha aprendido a lição. Mesmo sabendo de tudo
que aconteceu com seus pais e o mundo pelo fato de eles terem cobiçado um fruto
agradável à vista (Gn 3.6), ainda assim ele
insistiu no assunto. E, como é bem sabido por todos, o sistema religioso se
apoia naquilo que o homem considera melhor, como se isto fosse agradar ao
Eterno, como se Ele pensasse como o ser humano (tentam
fazer do Eterno a imagem e semelhança do ser humano).
A
verdadeira oferta não vem de trabalho, mas do relacionamento e de ouvir à voz
do Eterno. Tanto é assim que quando o Eterno quis salvar a humanidade (Jo 3.15,16),
Ele enviou alguém que pudesse se relacionar perfeitamente com ela.
Pense:
como Jesus veio para salvar do pecado (de
querer ser justo através de leis, fazendo uso do arbítrio)? Não foi constituindo
para nós um corpo onde pudéssemos servir uns aos outros sem precisar de lei (pecado e lei são amigos íntimos - Rm 5.20; 7.9-11; Hb 10.3)? Tanto que onde
Espírito Santo habita não há necessidade do véu da lei para cobrir a cabeça,
pois o Favor do Eterno livra da lei (2Co 3.17) e nos cobre com a
justiça de Jesus.
É
exatamente isto que representa o sacrifício de Abel: só se veste com “sangue” (note como o Eterno vestiu Adão com peles de animais – Gn 3.21). É bem verdade que a
oferta de Abel era suja e até um ato cruel (matar
um animalzinho dócil, amoroso e inocente), mas era o que imitava exatamente o que
o Eterno fez (e isto para
mostrar que só a morte pode conter o avanço do pecado). Abel, ao invés de
ofertar do fruto da terra, ofertou do fruto do ventre das suas
ovelhas.
Enquanto
a oferta de Caim vem da terra, a de Abel cai na terra. Afinal, no que diz que
Ele ofertou da gordura significa que ele sacrificou o animal e seu sangue foi
derramado (imitando o que Deus fez outrora – Gn
3.21; 4.4).
O
detalhe é que apenas a terra foi amaldiçoada por causa de Adão. Nenhuma
maldição foi lançada no ventre dos animais.
Mas
afinal, qual o caminho de Caim? O mesmo que aprendeu de Adão: inventar algo que
possa eliminar o problema:
·
Adão
inventou roupas de folhas de figueira para tentar encobrir sua nudez (Gn 3.7);
·
Caim
inventou uma religião na expectativa de tentar controlar o Eterno ou pelo menos
convencê-lo a ficar afastado de si (ele temia a ira do
Eterno);
·
Caim
inventou um modo de remover Abel da face da terra.
Não
cabe a nós inventar, mas tão somente fazer aquilo que nos faz lembrar o Eterno (Lc 22.19; 1Co 11.24,25).
Se
você ainda não está convencido disto, pense: qual foi o motivo principal de
Abel ter agradado ao Eterno?
[ “Pela fé Abel
ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de
que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto,
ainda fala.” (Hb 11.4);
Ora,
se Abel agradou ao Eterno porque ele tinha fé, a conclusão que se chega é que
Caim não tinha fé (pelo menos não uma
fé que agradasse ao Eterno).
Considerando que fé é uma confiança firmada no conhecimento (intimidade)
que temos no Eterno (ver Gl 4.9), logo Caim não tinha
intimidade com o Eterno, e muito menos confiança.
Agora
você entende por que sem fé é impossível agradar ao Eterno (Hb 11.6)?
Caim
se aproximava do Eterno porque tinha medo, não confiava Nele. Não cria que ele
tinha presença viva para o bem, mas apenas para punir pecados. Não era capaz de
enxergar o bem no Eterno e, assim, tudo que fazia era na expectativa de
mantê-Lo afastado de si, a não ser quando precisava dos favores Dele.
Exatamente
como acontece no mundo. Quando se precisa dos favores de alguém, vai-se em
encontro deste com presentes ou dinheiro para suborná-lo; quando não, coloca-se
uma série de empecilhos para impedi-lo de chegar (casa,
sistema de alarmes, etc.).
4º: O amor de Caim
A
palavra “amor” tem conotação positiva na mente de todos. Contudo, nem toda
expressão de amor ou misericórdia é boa:
[ “O justo tem consideração
pela vida dos seus animais, mas as afeições dos ímpios são cruéis.” (Pv 12.10).
Mas
como isto pode ser possível?
Veja
o caso de Caim. Muitos acham que ele não tinha amor. Ora, João, implicitamente
disse que tinha (1Jo 3.11,12). Claro que não era
amor verdadeiro (pois só o Eterno é
amor - 1Jo 4.8,16),
como também não o é o amor que os rapazes expressam para as moças através do
namoro.
Infelizmente,
dentro do sistema religioso, é dito existir muitas fontes de amor fora de Deus (1Jo 4.8,16):
“amor entre irmãos”, “amor erótico”, “amor de mãe”, “amor ágape”, etc. Embora é
dito que este último se refere ao amor do Eterno, não é verdade, pois o Eterno
não tem amor para dar. Antes, Ele próprio é O amor. Logo, este amor ágape é o
amor do deus que os religiosos inventaram.
Mas
e o “amor” de Caim? Como era?
Exatamente
como se vê no sistema religioso que, tomando emprestado as ideias divulgadas pelo
paganismo, insiste em continuar comendo do fruto da árvore do conhecimento do
bem e do mal (Gn 2.17).
Como
assim? Exatamente como na época de Miquéias:
[ “Assim diz o SENHOR acerca
dos profetas que fazem errar o meu povo, que mordem com os seus dentes, e
clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra.” (Mq 3.5).
Contudo,
tal como Deus orientou a Labão, a ideia não é falarmos bem ou mal (Gn 31.24).
Afinal, não cabe a nós fazer nenhum julgamento contra alguém (Mt 7.1; Lc 6.37),
nem tentar convencer os indivíduos a se interessarem por nós, muito menos sair
por aí imputando pecado às pessoas (2Co 5.18-20). Mesmo porque, como
podemos achar que temos competência para tais assuntos (Mt 7.1-4),
se conhecemos o amor e a verdade apenas em parte (1Co
13.9)?
Não
se esqueça da verdadeira natureza do pecado:
[ “Qualquer que comete
pecado, também comete iniqüidade; porque o pecado é iniquidade” (1Jo 3.4).
“Iniquidade”
é “não equidade” ou, se preferir desequilíbrio, tombar uma balança de dois
pratos para um dos lados. Afinal, sem Cristo, é impossível abençoarmos alguém
sem prejudicarmos a outrem. Para um ganhar, outro tem que perder. Por isto a
misericórdia do ímpio é cruel.
Sem
contar que, no final, o que o ímpio quer é que a balança na vida de cada um
tombe para o seu lado.
Você
pode constatar isto na fala de Caim:
[ “E disse o SENHOR a Caim:
Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu
irmão?” (Gn 4.9).
No
que Abel não estava contribuindo para que Caim conseguisse aquilo que era do
seu agrado, ele logo tratou de eliminá-lo. No entanto, a verdadeira oferta que
o Eterno queria de Caim não era frutos ou animais, mas zelar do seu irmão (veja Ap 3.19).
Prepará-lo para ser apresentado ao Eterno (2Co
11.2).
Ainda
sobre o amor de Caim, veja o que é dito acerca de Abel e Caim: Abel deu das
suas ovelhas (Gn 4.4) e Caim, do fruto da
terra (Gn 4.3). Isto quer dizer que
Caim não tinha intimidade com as plantas que ele cultivava. Apenas fazia um
serviço pensando em recompensa (dívida (Rm 4.4),
já que ele fez por merecer ser restituído (Is 40.13,14; Rm 4.2; 11.35)).
Já
o relacionamento de Abel era bom:
? considerava as ovelhas
como parte de si (Pv 27.23);
? com certeza tinha bom
relacionamento com seus pais. Afinal, apenas através de seus pais é que ele
poderia ficar sabendo como as folhas de figueira que eles fizeram não foram
suficientes para vesti-los. Daí ele sacrificar uma ovelha: por saber que foi
através do sacrifício de um animal que o homem pode verdadeiramente ter sua
nudez coberta. A partir daí, ficou manifesto que nada que qualquer ser humano
possa fazer é capaz de cobrir suas falhas. Apenas Deus é capaz de providenciar
a verdadeira cobertura para nossa alma (Gn
3.21);
? considerava o Eterno
maravilhoso, a ponto de não ter dúvida de que nada que ele inventasse poderia
ser tão belo aos olhos Dele do que Ele próprio. Logo, a melhor forma de
agradá-Lo é imitando-O.
Ou
seja, a oferta de Abel reflete uma fé que busca relacionamento e vida, cuja
soma produz como resultado o amor.
4 - Conclusão
Enfim,
a questão não é se algo é certo ou errado. Cada coisa tem o seu propósito
determinado. Cabe a você decidir de que lado você quer ficar: tentando arbitrar
entre certo e errado de acordo com tua limitada sabedoria e conhecimento ou
procurando ouvir do Eterno o que fazer em cada situação e o que podemos
aprender dele em meio a esta. Queres ser vaso de honra ou desonra, para ira ou
para a glória do Eterno (Rm 9.21-24)?
Se
você sabe que algo está fora da direção do Eterno, saia disto (Ap 18.4)!
Como Babilônia não tem cura (Jr 51.9), não perca tempo
lutando contra ela (seja criticando,
difamando, etc.),
nem tentando burlar seu esquema ou consertá-la. Mesmo porque, como você já viu,
estará lutando contra o próprio Eterno (Rm
13.1,2).
Simplesmente saia do caminho de Caim (o
sistema religioso)
e prepare-se para a volta de Cristo que vem sem demora (Mt 15.14; Ap 22.20).