APOCALIPSE 05
·
“E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro
escrito por dentro e por fora, selado com sete selos.” (Ap 5.1).
Na
mão do Eterno estava o livro contendo a história do mundo. Este livro é de tal
importância que os quatro seres viventes, os vintes e quatro anciãos, todos os
anjos, bem como toda criatura que há no céu, na terra, debaixo da terra e no
mar parou o que estava fazendo para louvar Jesus quando Ele pegou o livro. Que livro
era este, senão o livro do apocalipse?
Toda
a Escritura Sagrada é importantíssima. No entanto, o apocalipse, em particular,
é exaltado de duas maneiras:
·
“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta
profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está
próximo.” (Ap 1.3).
·
“Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da
profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará
vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar
quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da
vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro.” (Ap
22.18,19).
Embora
feliz seja aquele que medita na lei de dia e de noite (Sl 1.1,2) e nenhuma
vírgula ou til da Escritura Sagrada deva ser alterado (Mt 5.18; Lc 16.17),
ainda assim há um destaque especial para o apocalipse. Ele foi escrito para
consolo (Ap 1.9) e, mesmo diante de tudo isto, a maioria dos indivíduos não dão
a devida importância a ele.
O
Eterno estava assentado no trono, ou seja, em repouso reinando, ou seja, certo
de que nenhuma de Suas palavras iria falhar (Js 23.14; 1Rs 8.56; Jó 42.2). Embora
muitas vezes não vemos o Eterno reinando (Hb 2.8), mas Ele está no controle absoluto
de toda a história da humanidade. Daí o livro estava na mão direita,
confirmando que era algo direito, certo.
É
bem verdade que o mundo jaz no maligno (1Jo 5.19), sendo conduzido por ele (Ef
2.1,2) e que Ha-Satan é o príncipe do mundo (Jo 14.30). No entanto, ainda que a
humanidade caída tenha dado a glória de todos os reinos mundanos a Ha-Satan (Lc
4.6), tudo isto foi projetado pelo Eterno. Ele está assentado no trono chegando
o Seu momento de agir (projetado por Ele próprio).
Este
livro da história do mundo começou a ser revelado a Daniel. No entanto, como o mesmo
haveria de se cumprir na dispensação atual, o Eterno ordenou que o mesmo fosse
selado em sua época (Dn 12.4,9). O fato de ele estar selado quer dizer a
revelação completa ainda não fora autorizada (Is 29.11), de modo que quem
quisesse entender o livro só teria uma ideia superficial do mesmo (ver Is
29.11), relacionada apenas com aquilo que era de interesse para a época de
Daniel.
Isto
significa que, se hoje temos a revelação completa, é porque o mesmo diz
respeito a nós. Do contrário, se fosse algo apenas relacionado ao passado, o
Eterno tinha mandado retirar da Escritura Sagrada. Se fosse algo só para o
futuro, o Eterno faria o mesmo que fez com Daniel: iria deixar selado até o
momento oportuno.
Logo,
o apocalipse é para nós hoje!
Como
o livro na mão do Eterno estava escrito por dentro e por fora, isto significa
que não havia espaço para se acrescentar mais nada nele. Ele estava completo.
Ele estava selado com sete selos, ou seja, de modo perfeito. Ele não estava
parcialmente selado, mas todo selado, pertencendo apenas ao Eterno (Dt 29.29).
·
“E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir
o livro e de desatar os seus selos? “ (Ap 5.2).
Um
anjo forte, ou seja, que é digno de ser o porta voz a Palavra do Eterno, brada
com grande voz, ou seja, com voz potente o suficiente para ser ouvida no céu,
na terra e até mesmo debaixo da terra (no mundo dos mortos – Ap 5.3). Ou seja,
o que este anjo tinha para falar era de tal importância que precisava ser
ouvida em todo o universo. Sua mensagem tinha que ir longe, o que exigia muita
força (não força física, mas espiritual – ver Sl 103.20; Mt 5.19).
·
“Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém
podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele;” (Ap 5.3 – ARA2).
Contudo,
ninguém podia sequer olhar para ele? Vem a questão: qual a necessidade de sete
selos, já que ninguém podia olhar para o livro, tampouco abri-lo? Se o problema
com os selos era impedir que outros lessem o conteúdo do livro, logo os selos
eram desnecessários.
O
que de fato está sendo perguntado pelo anjo: “quem é digno de abrir o livro e
desatar os selos?”. Além disso, considerando que o céu está muito bem guardado
pelo Eterno e Seus anjos, quem poderia chegar perto do livro ou lê-lo sem
autorização?
Os
anjos não fariam isto, já que são fiéis ao Eterno. E os demônios não
conseguiriam se aproximar, mesmo que quisessem. Logo, para que estes selos?
O
selo tinha quatro finalidades:
·
Propriedade:
servia para indicar que alguém é dono: Por exemplo, para confirmar a compra e
venda de uma propriedade:
o “Comprei, pois, a
herdade de Hanameel, filho de meu tio, a qual está em Anatote; e pesei-lhe o dinheiro,
dezessete siclos de prata. E assinei a escritura, e selei-a, e fiz confirmar
por testemunhas; e pesei-lhe o dinheiro numa balança. E tomei a escritura da
compra, selada segundo a lei e os estatutos, e a cópia aberta.” (Jr 32.9-11).
·
Veracidade:
para confirmar que algo era verídico. Por exemplo, ao emitir um decreto:
o “Então chamaram os
escrivães do rei no primeiro mês, no dia treze do mesmo e, conforme a tudo
quanto Hamã mandou, se escreveu aos príncipes do rei, e aos governadores que
havia sobre cada província, e aos líderes, de cada povo; a cada província
segundo a sua escrita, e a cada povo segundo a sua língua; em nome do rei
Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou.” (Et 3.12).
·
Mistério:
para conservar algo em segredo.
o “Por isso toda a
visão vos é como as palavras de um livro selado que se dá ao que sabe ler,
dizendo: Lê isto, peço-te; e ele dirá: Não posso, porque está selado.” (Is
29.11).
·
Imutabilidade:
para impedir que uma decisão seja mudada.
o “Então o rei
ordenou que trouxessem a Daniel, e lançaram-no na cova dos leões. E, falando o
rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te
livrará. E foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova; e o rei a selou
com o seu anel e com o anel dos seus senhores, para que não se mudasse a
sentença acerca de Daniel.” (Dn 6.16,17).
o “Manda, pois, que o
sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não se dê o caso que
os seus discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou
dentre os mortos; e assim o último erro será pior do que o primeiro. E
disse-lhes Pilatos: Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes. E, indo
eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra.” (Mt 27.64-66).
Os
sete selos com certeza reuniam em si as quatro propriedades: servia para que
ninguém tivesse dúvida de que toda a história da humanidade foi o Eterno quem
tudo estabeleceu, sendo tudo verdade, irrevogável (que ninguém, nem nada,
poderia mudá-la) e possível de ser entendido apenas pelos sábios (a saber, a
Igreja que tem a mente do Eterno – Dn 12.10; 1Co 3.15,16) poderia entendê-la.
Como
o único que é digno de entender e mudar a história jamais fará qualquer
alteração (Ml 3.6; Hb 13.8; 2Tm 2.13), logo toda história da humanidade está
sob a liderança do Eterno e não há como os que são Dele serem derrotados. Não
está nada desgovernado, como muitos pensam.
A
maldade irá aumentar (Mt 24.12) para que os justos possam resplandecer a luz de
Cristo (Mt 5.14-16; Jo 8.12; 9.5) como astros no mundo (Dn 12.3; Fp 2.14,15) de
um modo único e especial.
Mas
ainda há mais um motivo de o livro estar selado. E isto tem haver com o motivo
de João chorar muito.
·
“E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o
livro, nem de o ler, nem de olhar para ele.” (Ap 5.4).
Observe
que, à medida que os selos iam sendo abertos, as coisas iam acontecendo
profeticamente. O Eterno projetou toda a história da humanidade e guardou-a em
segredo para que ninguém se vangloriasse de tal conhecimento (ver Is 48.7,8).
Se não houvesse ninguém digno de abrir o livro e desatar os selos, não haveria
um instrumento por meio do qual a história poderia se cumprir e, com isto, toda
a glória que o Eterno reservou para os eleitos não seria alcançada.
Logo,
a obra do apocalipse está, antes de tudo, firmada e relacionada com Cristo.
·
“E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de
Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete
selos.” (Ap 5.5).
Por
que Jesus pode abrir o livro e desatar os seus selos? Por que Ele venceu (Ap
3.21). Note como, uma das razões que o motivou a vencer foi o justamente a
possibilidade de poder abrir o livro e desatar seus selos. Sem isto, a história
da humanidade se tornaria sem sentido.
Vem
a questão: Jesus venceu o quê? O mundo (Jo 16.33). Mas como Jesus venceu o
mundo, se este continua aí atuando com toda força? Analise a característica de
Jesus que o levou a vencer:
·
Leão
da tribo de Judá: este
título lhe foi dado por ser Ele da tribo de Judá (Hb 7.14), bem como o cumprimento
da profecia de Jacó acerca de Judá (Gn 49.9,10). Jesus subiu da presa, ou seja,
subiu ao céu saído das mandíbulas de Ha-Satan que tentou devorá-lo na cruz (Ap
12.4,5). Jesus, como leão experiente e forte, se encurva se deita, ou seja, se
submete à vontade do Eterno, sem haver ninguém capaz de fazê-lo mudar desta
posição. Apesar de todas as afrontas de Ha-Satan por meio do povo que o
rodeava, Ele não cedeu (Mt 27.34-44). Ou seja, Jesus, como leão reina sobre as
circunstância (não cede - Rm 5.17) descansando e esperando no Eterno (Sl 37.7),
resistindo até o sangue (Hb 12.3), até à morte (Fp 2.5-8).
·
Raiz
de Davi: Jesus é a raiz
(Is 11.1,10; Rm 15.12) e a geração de Davi (Ap 22.16). Ou seja, a origem dele e
a verdadeira descendência que viria dele e fora profetizada (2Sm 7.12-16), a
descendência que construiria o verdadeiro templo do Eterno. O fato de Jesus ser
a raiz de Davi significa que antes de Jesus ter vindo da descendência de
Israel, foi Ele que deu origem a Israel. Para os israelitas isto era altamente
já que, na mente deles, os gentios não passavam de gentalha (ver At 10.28;
11.2,3).
Lembre-se
que foi em Davi que a promessa de dar a terra prometida a Israel atingiu seu
ápice. Ao mostrar Jesus como raiz de Davi, o Eterno quebra esta ideia de um
reino exclusivista para Israel.
Ou
seja, estas duas características são voltadas para Israel, o qual cria na
teologia da prosperidade e de um reino só para Israel.
·
“E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais
viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete
chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a
terra.” (Ap 5.6).
Mas
também há outra característica fundamental, esta voltada para a Igreja: a de um
Cordeiro (ver Is 53.7; Jo 1.29,36; 1Pe 1.19) que fora morto (Ap 5.9,12).
Detalhe Cordeiro é o termo mais usado para designar Jesus no Apocalipse (Ap
5.6,7; 12.11; 15.3; 17.14; 21.22; 22.1,3).
Parece
um contraste entre Leão e Cordeiro. No entanto, a força de Jesus está na Sua
humildade e sujeição ao Pai. Jesus venceu o mundo, não levando-o a mudar, mas
sim permanecendo imutável e dócil apesar de todas as circunstâncias.
Entenda:
o desafio é do mundo para com Jesus, e não o contrário. Ou seja, o mundo queria
mudar Jesus, mas não conseguiu (Jo 17.14). Ele venceu o desafio dando Sua vida
por amor a nós, para nos ensinar como vencer o pecado. Serão julgados todos os
que rejeitarem o sacrifício de Cristo, ou seja, não aceitarem a ideia de serem
e viverem como Jesus (Jo 14.12).
O
Cordeiro estava:
·
No
meio do trono: no centro da vontade do Eterno;
·
No
meio dos quatro seres viventes: Ele é a essência do evangelho;
·
Entre
os anciãos: Ele é o foco da Igreja, para quem todos devem estar posicionados
(sem tirar os olhos Dele – ver Ez 1.12,17; Hb 12.1,2). Não importa para onde
formos (seja, frente, traz, de lado), não podemos tirar os olhos de Jesus.
O
cordeiro tinha:
·
Sete
olhos, que são os sete espíritos do Eterno enviados a toda a terra (Zc 3.9;
4.10), ou seja, a plenitude dos centros de consciência que há no Eterno, que em
conjunto atuam de sete formas (ver Is 11.2). A diferença entre as sete tochas
que estão diante do trono (Ap 4.5) e os sete olhos do Cordeiro é que estes representam
o Eterno indo por toda a terra para tomar ciência de tudo, enquanto que aquelas
representam o Eterno no céu conservando a soberania e justiça sobre tudo e
todos. Ou seja, apesar de ser humilde e cordial como um Cordeiro, isto não lhe
tira a soberania. Nem toda a sujeira do mundo que o Cordeiro vê em Seu espírito
pode contaminar o trono do Eterno, ou seja, fazê-Lo mudar (Ml 3.6; Hb 13.8).
Tudo é queimado. Por mais dramática e desgovernada que parece a situação neste
mundo, toda dúvida é queimada quando se entra no santuário do Eterno (Sl
73.17).
·
Sete
chifres, que simbolizam força e autoridade (ver 1 Rs 22.11; Dn 7.24; Ap
17.3,7). E é bem sabido que toda autoridade foi dada a Jesus (Mt 28.18; 1Co
1.24).
O
mundo como todo é uma verdadeira prova para Jesus e Sua Palavra. Mesmo tudo
conspirando contra o Eterno, ainda assim Ele se mantém repousando em Seu trono
sem abrir mão de Seu caráter e vontade e, ainda assim, nada escapa do Seu
controle (Jó 42.2). A verdadeira força do Eterno consiste em conservar a Si (através
da Sua Igreja – 1Ts 5.23; Jd 24; 1Co 1.8; 2Ts 3.3; 1Pe 5.10) puro, mesmo com o
pecado abundando no mundo (Rm 5.20).
·
“E veio, e tomou o livro da destra do que estava assentado no
trono.” (Ap 5.7).
Note
que o livro estava nas mãos daquele que estava assentado no trono. Mais uma
razão pela qual não precisaria de selo, já que ninguém é capaz de arrebatar
nada nem ninguém das mãos do Pai (Jo 10.28,29). Mas o que tem nas mãos do
Eterno:
o
Os
que Lhe pertencem (Jo 10.28,29);
o
O
livro contendo a história do mundo.
o
Os
cravos que foram colocados nas mãos de Jesus;
o
Estamos
gravados nas palmas das mãos do Eterno (Is 49.16);
Ou
seja, nós e a história do mundo no qual estamos, incluindo o sacrifício de
Cristo por nós, estamos sempre no foco das ações do Eterno, num plano
inacessível ao inimigo ou à mente humana (1Co 2.14,15).
O
único ser criado com autoridade para intervir na história humana é Ele próprio
em carne. Ou seja, a história tem como se cumprir no humano e sem qualquer
possibilidade de sofrer alteração.
·
“E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro
anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de
ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.” (Ap 5.8).
Quando
o Cordeiro tomou o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos se
prostraram diante Dele, ou seja, a Igreja e o evangelho que a salva confirmam
sua harmonia com tudo que Jesus viveu neste mundo, confirmando que a história
deste mundo tem tudo haver com esta submissão do Cordeiro ao plano do Eterno.
Eles
têm em suas mãos:
o
Harpas
de ouro: eles, juntamente com os que saíram vitoriosos da besta, da sua imagem
e da sua marca (Ap 15.2), tinham harpas nas mãos, retratando sua função de
louvar. A harpa é associada à alegria (ver Jó 21.12; 30.31; Sl 43.4; Is 24.8),
ou seja, o ato do Cordeiro de governar a história com Sua vida sacrificial é
motivo de alegria para a Igreja e o evangelho vivo do Eterno. Quem quiser tomar
posse desta liderança dada por Cristo (Gn 1.28; Mt 28.18,19; Ef 1.21-23; Gl
4.1-3) deve aceitar ALEGREMENTE este estilo de vida para si.
o
Salvas
de ouro cheias de incenso: note, em Ap 8.3, que o incenso é oferecido com as
orações dos santos. Considerando que o incenso é perfume e que todos devemos
orar de acordo com a vontade do Eterno (1Jo 5.14), logo o incenso é a Palavra
do Eterno (1Co 2.14-16), a qual deve ser a nossa oração (daí Sl 141.2), ou
seja, nossa vida e expressão de relacionamento com o Eterno.
Detalhe:
os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos, embora tivessem salvas de
ouro cheias de incenso, isto de forma alguma significa que eles ou o anjo de
(Ap 8.3) intercediam pelos santos. Eles são tão somente guardiães das orações
dos santos. Isto não significa que eles ouvem as orações dos santos, mas tão
somente guardam todas as orações que são trazidas pelos anjos (ver Gn 28.12).
Para
ser mais exato: os anjos anotam nossas orações e as entrega aos quatro seres
viventes e os vinte e quatro anciãos, que as guardam.
No
entanto, o ministério deles é de louvar ao Eterno alegremente pelos feitos
Dele.
·
“E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e
de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para
Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação;” (Ap 5.9).
Neste
momento aqui, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos dirigem seu
louvor ao Cordeiro. Daí ser um novo cântico. Afinal, até então, o Eterno é quem
era louvado (ver Ap 4.11). Agora o Eterno é louvado pelo que Ele conquistou como
homem.
Entenda
sempre que a Escritura Sagrada cita novo cântico (por exemplo: Sl 33.3; 40.3; 98.1;
Is 42.10; Ap 14.3), não quer dizer que a letra ou melodia sejam inéditas, mas
sim a forma de se perceber as coisas. No que o Cordeiro pegou o livro, algo
inédito aconteceu.
Pelo
choro de João podemos ver que, até então, parecia impossível que alguma
criatura fosse capaz de mudar o curso da história (ou, se preferir, cumprir
todo o propósito pré-estabelecido pelo Eterno). Quando, então, o Cordeiro pega
o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos passaram a sentir
e entender os acontecimentos de um modo inédito.
Note
como, logo a seguir, o Cordeiro recebe a mesma adoração dirigida ao Eterno
(compare Ap 4.11 com Ap 5.13).
Veja,
então o motivo pelo qual Jesus foi digno de tomar o livro a abrir os seus selos.
Pelo fato de Ele ter sido morto e, através disto, ter sido capaz de comprar
para o Eterno homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação.
Analisemos
esta expressão. Veja como ela aparece em outros trechos da Escritura Sagrada:
·
“Nabucodonosor rei, a todos os povos, nações e línguas, que moram em toda a
terra: paz vos seja multiplicada.” (Dn 4.1).
·
“Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra:
a paz vos seja multiplicada.” (Dn 6.25).
Note
que aqui não aparece a palavra “tribos” e as outras estão no plural. Como
aqueles a quem o rei da Babilônia estava se dirigindo eram escravos, não havia
a divisão em tribos. Os membros de cada nação estavam unidos. Por exemplo, no
caso de Israel, ao invés de alguém dizer que era da tribo de Judá ou Ruben,
etc., dizia simplesmente que era israelita.
No
entanto, cada povo insistia em manter sua identidade, separado dos demais.
·
“Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os
vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; (Ap 13.7 - ARA2)
·
“Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho
eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua,
e povo,” (Ap
14.6 – ARA2).
Aqui
aparecem as quatro palavras no singular. No primeiro caso, o anticristo terá
autoridade personalizada, aparentemente atendendo os anseios de cada um, por
mais diferente que este pareça diferente dos demais. Em outras palavras, ao
invés de se impor a todos, ele tentará conquistar a todos, se mostrando como a
solução de cada um na realidade que se encontra.
Quanto
à pregação do anjo, embora o evangelho eterno seja o mesmo para todos, ele se
encaixa perfeitamente dentro da realidade de cada um, independentemente de sua
raça, língua, condição social, etc.
·
“Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém
podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro,
vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos;” (Ap 7.9 – ARA2)
·
“Então, muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas
testemunhas, por três dias e meio, e não permitem que esses cadáveres sejam
sepultados” (Ap 11.9 – ARA2).
Aqui
aparecem as quatro palavras no plural. No primeiro caso, não há porque separar
os povos no céu. Eles estão todos misturados como irmãos em Cristo,
independente de onde vieram e em que condições viveram quando estavam neste
mundo.
·
“Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está
assentada, são povos,
multidões, nações e línguas.” (Ap 17.15 – ARA2.)
Aqui
todas as palavras estão no plural e, no lugar de “tribos” aparece multidões. O
que acontece aqui é que a meretriz está assentada, entre outras coisas, em
amontoados de indivíduos que não possuem mais uma identidade como tribos, mas
que, ao mesmo tempo, não estão unidos uns com os outros. Todos aí estão
adorando a besta, mas por motivos egoístas. Daí uma multidão aqui, outra ali,
outra lá, separadas geograficamente umas das outras.
·
“Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito
de muitos povos,
nações, línguas e reis.” (Ap 10.11 – ARA2).
Aqui
todas as palavras estão no plural e, no lugar de “tribos” aparece reis. A
profecia, ao invés de ser dirigidas às tribos em si, era dirigida apenas aos
líderes delas.
No
que diz respeito ao louvor dos quatro seres viventes e os vinte e quatro
anciãos, Jesus comprou indivíduos de modo particular e único, não como um
pescador que lança a vara ao mar para pescar qualquer coisa, mas como alguém
que escolhe a dedo e conhece um por um daqueles que são Seus.
Para
entender a diferença, pense em Israel. O povo da nação de Israel era
constituída de tribos que falavam a língua hebraica. Ou seja:
·
Nação
é o espaço físico-geográfico de uma dada localidade;
·
Povo
são os indivíduos que compõem esta nação;
·
Tribo
são os grupos de indivíduos que compõem este povo (nos dias de hoje equivale
aos estados);
·
Língua
são os sinais gráficos e sonoros que os indivíduos desta nação usam para se
comunicar.
Ou
seja, o que está sendo dito ao afirmar que Jesus comprou indivíduos de toda (o):
·
Tribo
é que Ele se identifica com os pormenores de cada indivíduo. Mais ainda: não
existe um grupo social (seja prostituta, drogado, político, etc.) que não seja
possível ser alcançado pelo Favor do Eterno.
·
Língua
é que não importa a linguagem usada pelo indivíduo: Jesus sempre consegue
alcançar alguém da mesma, por mais estranha e peculiar que seja o modo de ela
falar (mesmo aqueles que, lamentavelmente, usam linguagem impura).
·
Povo
é que Ele só salva alguém que é ama o povo da sua nação, tal como Ele usou
Débora para salvar Israel quando ela recebeu os israelitas em seu coração como
se fossem seus filhos (Jz 5.7).
·
Nação
e que Ele só salva quem ama a nação da qual faz parte, sendo sujeito às
autoridades (Rm 13.1,2), estando disposto a zelar por ela como se fosse seu
“jardim do Éden” (ver Gn 2.15).
Jesus
nos comprou com Seu sangue (ver At 20.28; Rm 3.24; 1Co 6.20; 7.23; Ef 1.7; Cl
1.14; Hb 9.12; 1Pe 1.18,19; 2Pe 2.1; 1Jo 1.7), ou seja, com Sua vida, por ter
sido capaz de viver uma vida completamente pura enquanto passou por este mundo,
sendo obediente até à morte (Fp 2.5-8).
Enfim,
Jesus não comprou amontados de indivíduos, lembrando o que faz alguém quando
mete a mão num cesto de frutas para comprar. Ele levou em conta a peculiaridade
de cada um. Todavia, Ele não escolheu indivíduos alienados do lugar e do povo
no qual vive, mas alguém que, com sua individualidade, se importa com o lugar
onde está.
Jesus
fez isto quando em vida.
Vem
a questão: mas como Jesus fez isto, se Ele não saiu dos arredores de Israel?
Considerando o que João disse (Jo 21.25), é bem provável que Jesus teve contato
com indivíduos de todo o mundo que andavam peregrinando em Israel (veja, por
exemplo, Mt 8.15; 15.22; Mc 5.1; At 2.8-11).
·
"E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles
reinarão sobre a terra.” (Ap 5.10).
Jesus
nos resgatou com Seu sangue para fazer de nós:
·
Reis
-> para reinar sobre o pecado (Rm 5.17) e mostrar aos que estão nas trevas o
caminho a seguir;
·
Sacerdotes
-> para interceder (altar do incenso), ensinar as leis (pães da proposição)
e aproximar os irmãos uns dos outros através palavra profética (castiçal de
ouro) (2Pe 1.19; 1Jo 1.7; 2.9-11), buscando com isto o perdão dos pecados
(altar do holocausto) dos que são do Eterno, mas ainda se encontram em trevas
(Is 9.1,2; Mt 4.15,16), a fim de serem reconciliado com Ele (2Co 5.18-20).
Enfim,
o papel do sacerdote é preparar o indivíduo para a comunhão plena com o Eterno,
despertando nele o desejo por isto.
Sempre
foi este o plano do Eterno para Seu povo (ver Êx 19.6; Is 61.6; 1Pe 2.5,9; Ap
1.6; 2.26,27; 3.21; 20.6; 22.5). No entanto, o que confere isto ao indivíduo é
o fato de pertencer ao corpo do Eterno e estar a Seu serviço.
Tais
indivíduos reinarão sobre a terra com Cristo durante o milênio:
·
“E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos
animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de
milhares,” (Ap 5.11).
Veja
que havia uma quantidade inconcebível de anjos prestando culto ao Eterno (ver Sl
68.17; Dn 7.10; Hb 12.22). Eles estavam divididos em dois grupos: um grande e
um “pequeno”. Havia uma quantidade “pequena” de grupos pequenos e uma grande
quantidade de grandes grupos. Todos estavam ao redor do trono, dos animais e
dos vinte e quatro anciãos, constituindo um círculo de proteção para os que
estavam localizados mais internamente.
·
“Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de
receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações
de graças” (Ap 5.12).
Note
a ênfase no fato de que Jesus é digno por ter sido morto. Afinal, apenas quem é
alguém, é capaz de dar sua vida por amor a outrem (1Co 5.7), como Jesus fez (Jo
1.29). Tanto é assim que Jesus disse que temos de dar a vida pelos irmãos (Jo
15.12,13).
Jesus
não é digno só porque Ele é Deus, mas porque, mesmo sendo tudo, não se deixou
abater pelos que nada são. Antes, deu Sua vida para que os outros fossem
alguém.
Por
isto Ele é digno de receber:
·
Poder.
·
Riquezas.
·
Sabedoria.
·
Força.
·
Honra.
·
Glória.
·
Ações
de graças.
Afinal,
se Jesus receber tudo isto de nós, Ele irá usar tais coisas em favor do
próximo. Ou seja, Ele irá usá-las na nossa vida para frutificar.
Entenda:
todos nós recebemos dons e talentos os quais, de uma forma ou de outra,
entregamos àqueles que estão próximos a nós (por exemplo, sorriso, abraço,
etc.). Se não os entregarmos a Cristo, com certeza os mesmos serão usados para
o mal, de modo egoísta.
Se
dinheiro ou escola fossem importantes, nós teríamos nascido com eles. O
conhecimento, bem como tudo aquilo que necessitamos para o corpo, alma e
espírito deveriam ser adquiridos no contato uns com os outros, na medida que
cada um compartilhasse seus talentos naquilo que o próximo realmente precisa.
O
problema é que, como sem Cristo não existe causa nobre, ninguém se preocupa em
ajudar o próximo.
·
“E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da
terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está
assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e
glória, e poder para todo o sempre.” (Ap 5.13).
Aqui
vemos todos os seres vivos no mundo (bem como todas as coisas inanimadas)
confessando que Jesus é digno (como profetizado em Is 45.23; Rm 14.11; Fp 2.10,11)
de receber tudo que há de melhor em nós (1Cr 29.11; Rm 9.5; 16.27; 1Tm 6.16;
1Pe 4.11; 5.11). Todas as obras do Eterno devem render-Lhe graças (Sl 103.22;
145.10).
Sei
que isto parece esquisito, mas o salmista é bem claro que até mesmo os objetos
criados pelo Eterno tem como louvá-Lo (Sl 147.4; 148.3-9).
Que
fique claro: as criaturas que estão no céu, aqui, se refere às aves, já que o
louvor celestial foi dado acima. A prova disto é que, abaixo, vemos os quatro
animais confirmando o louvor da criação terrestre. Se não fosse assim, tal
louvor não teria sentido, já que eles estariam confirmando algo que acabou de
sair da boca deles.
Inclusive,
note como os anjos adoram o Eterno por sete motivos (número de perfeição),
enquanto que as criaturas do planeta louvam ao Eterno por quatro (número que
simboliza toda a extensão do planeta).
Observe
que todos os atributos que devem ser dados ao Eterno têm haver com aquilo que
há dentro de nós (incluindo a riqueza). Lembre-se que ao Eterno devemos dar
apenas aquilo que é Dele (ou seja, os sete atributos acima) na nossa vida. Nada
há para darmos ao Eterno que, antes de tudo, não tenhamos recebido. Nem mesmo o
amor (1Co 4.7; 1Jo 4.19).
Não
é em vão que toda a criação espera ser liberta do cativeiro da corrupção para a
liberdade da glória dos filhos do Eterno (Rm 8.20,21). Note como eles querem
louvar ao Eterno.
·
“E os quatro animais diziam: Amém. E os vinte e quatro anciãos
prostraram-se, e adoraram ao que vive para todo o sempre.” (Ap 5.14).
Finalmente
temos os quatro animais confirmando o louvor da criação terrestre (como que
dizendo que seu louvor estava de acordo com o evangelho). E por fim os vinte e
quatro anciãos se prostram e adoram a Jesus, confirmando que a Igreja se
submete a este louvor para todo o sempre (já que é a esta característica do
Eterno que eles se rendem).