segunda-feira, 11 de setembro de 2017

156 - A SANTA CEIA

A SANTA CEIA

INTRODUÇÃO

Muita dúvida há acerca das questões envolvendo a santa ceia. Embora a quase totalidade dos seguidores de Jesus defendam o ritual da santa ceia, vem a questão: até que ponto este ritual é realmente importante? E se é, qual a finalidade do mesmo?

Espero neste artigo despertar você para o verdadeiro objetivo e significado da santa ceia.

A ORDEM DOS ACONTECIMENTOS NA SANTA CEIA

Antes de tudo, é importante conciliarmos os relatos acerca da santa ceia nos quatro evangelhos.

Eis a ordem dos relatos:

 

"E, no primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa? E ele disse: Ide à cidade, a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos. E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa. E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze. E, comendo eles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair. E eles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe: Porventura sou eu, SENHOR? E ele, respondendo, disse: O que põe comigo a mão no prato, esse me há de trair. Em verdade o Filho do homem vai, como acerca dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido. E, respondendo Judas, o que o traía, disse: Porventura sou eu, Rabi? Ele disse: Tu o disseste.” (Mateus 26.17-25).

“E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” (Lucas 22.14-20).

“Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim. E, acabada a ceia, tendo o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse, Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.  Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos. Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos. Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes. Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar. Desde agora vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou. Na verdade, na verdade vos digo: Se alguém receber o que eu enviar, me recebe a mim, e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou. Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de trair. Então os discípulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem ele falava.

Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus. Então Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele falava. E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é? Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão. E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa. E nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isto. Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres. E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já noite.” (João 14.1-30).

“E houve também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior. E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve. E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou, Para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.” (Lucas 22.24-30).

“E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai. E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras.” (Mateus 26.29-30).

 

Com base nisto, alguns pontos é importantíssimo enfatizarmos:

 

1.    Em momento algum é dito que no cálice havia vinho. Pelo contrário: como Jesus disse que, desde aquele momento em diante não beberia mais do “fruto da videira”, logo o mais lógico de pensar é que era suco de uva:

·         “Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide, até àquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.” (Marcos 14.25).

2.    Há dois tipos de ceia sendo partilhadas: uma é a refeição pascal. Jesus estava cumprindo com um dia de antecedência este ritual e, em seguida, dando um novo sentido a ele (que é o que ficou conhecido como santa ceia).

Logo, a expressão depois da ceia quer dizer depois da refeição pascal, a qual incluía também o pão (pães ázimos). Logo, a santa ceia é constituída do último alimento que foi comido na refeição pascal (o pão) e do beber do cálice (o qual, embora tomado durante a refeição pascal (Lc 22.17), não fazia parte da mesma).

Daí Lucas mostrar primeiro o suco de uva sendo repartido (Lc 22.17). Mas uma coisa é o suco de uva ministrado na refeição pascal (primeiro ritual instituído na Antiga Aliança); outra, é o suco de uva da santa ceia (a amostra da verdadeira essência da Nova Aliança). Este é tomado depois do pão a fim de aprendermos que o sangue purificador só é aplicado nas nossas vidas após entrarmos em comunhão com os irmãos:

·         “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” (1João 1.7)

3.    Todos, incluindo Judas Iscariotes, comeram e beberam da santa ceia:

·         “E, comendo eles, tomou Jesus pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho; e todos beberam dele. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é derramado.” (Marcos 14.22-24).

4.    O anúncio da traição ocorreu duas vezes: durante a santa ceia e depois dela. Da primeira vez que Jesus falou, embora os discípulos se entristecessem com medo de serem o tal, ninguém ficou curioso para saber quem era. Da segunda vez, embora Jesus já tivesse dado a dica de que era Judas (Mt 26.25), ninguém captou a mensagem. Então Pedro, curioso, pediu ao discípulo que Jesus amava que perguntasse a Jesus quem era.

5.    Note que o destaque da santa ceia era com relação à partilha e o serviço por amor ao próximo. Afinal, Jesus sabia o que havia no coração dos discípulos. E o pior é que eles não entenderam mensagem (e até hoje nunguém anda entendendo). Mesmo após Jesus ter efetuado a partilha do pão e suco de uva e ter lavado os pés, eles continuavam brigando para verem quem era o maior (Lucas 22.24).

 

ENTENDENDO 1CORÍNTIOS 11.17-31

·         Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior.” (1Co 11.17).

 

Antes de tudo, urge salientar que neste trecho Paulo está chamando a atenção deles acerca de um costume errado que estava a ser praticado pelos Coríntios.

 

·        “Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.” (1Co 11.17-19).

 

E o problema, antes de tudo, é o fato de haver heresias (divisões) entre os irmãos, levando uns irmãos a serem privilegiados e outros, desprezados.

 

·        “De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor.” (1Co 11.20).

 

Naquela época, um dos costumes dos irmãos era se reunirem para comerem juntos:

 

·          “E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,” (At 2.46).

 

Contudo, em Corinto, eles não estavam sabendo discernir entre a santa ceia que Jesus realizou na véspera de Sua morte e as refeições que eles faziam juntos ao anoitecer. Achavam que, só porque estavam reunidos para orar, louvar, etc., que a refeição que comiam juntos era a santa ceia.

A fim de mostrar que o que caracteriza a santa ceia não é a refeição em si, mas o modo de a comermos, Paulo então escreve este trecho:

 

·         “Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se.” (1Co 11.21).

 

Observe a ligação entre a santa ceia (que será explicada a seguir) e o modo de eles comerem e beberem. Eles não entendiam que a essência da santa ceia é a comunhão, de modo a uns suprirem as necessidades dos outros.

 

·         “Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo.” (1Co 11.22).

 

No que eles estavam realizando uma reunião de líderes (composta dos mais privilegiados na comunidade), uns comiam regaladamente do bom e do melhor e os menos favorecidos, do que sobejava (exatamente como se dava em Israel):

 

·         “E quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes. Acaso não vos basta pastar os bons pastos, senão que pisais o resto de vossos pastos aos vossos pés? E não vos basta beber as águas claras, senão que sujais o resto com os vossos pés? E quanto às minhas ovelhas elas pastarão o que haveis pisado com os vossos pés, e beberão o que haveis sujado com os vossos pés. Por isso o Senhor DEUS assim lhes diz: Eis que eu, eu mesmo, julgarei entre a ovelha gorda e a ovelha magra. Porquanto com o lado e com o ombro dais empurrões, e com os vossos chifres escorneais todas as fracas, até que as espalhais para fora. Portanto livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas.” (Ez 34.17-22).

 

Paulo então questiona:

 

·        Não tendes porventura casas para comer e para beber? Como se a casa onde eles se reuniam fosse um restaurante ou a reunião dos irmãos fosse um piquenique.

·        Acaso vocês estão desprezando a igreja do Eterno? Como se os irmãos fossem pessoas comuns.

·        Têm vocês prazer em envergonhar os que nada têm? É bom ver os outros serem envergonhados, tal como fazem as pessoas do mundo?

 

Veja a orientação de Jesus:

 

·        “Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso retribuído. Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos; e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos” (Lc 14:12-14).

 

·         “Porque eu recebi do SENHOR o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.” (1Co 11.23-25 - ACF).

 

Primeira coisa a observar aqui é que Paulo deixa bem claro que ele não aprendeu isto dos apóstolos, mas sim diretamente de Jesus (provavelmente na ocasião em Ele foi arrebatado até o terceiro céu e ouviu palavras inefáveis – 2Co 12.1-4).

Observe a expressão “fazei isto” em “fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”. A questão é: fazer o quê todas vezes que bebermos ou comermos?

Partilhar.

Afinal, é isto, antes de tudo, que nos faz lembrar de Jesus e que manifesta a todos que Jesus é quem Ele diz ser:

 

·         Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.” (João 17.21-23).

 

A essência de tudo é compartilharmos o que temos todas as vezes que nos encontrarmos com alguém, não apenas quando comermos e bebermos, mas em todos os momentos e lugares:

 

·         “E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui.” (Gl 6.6).

 

Vale destacar que algumas versões traduzem: “fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim”. Contudo, nas versões mais sérias, este artigo vem em itálico, confirmando que o mesmo não consta no original.

É lógico que não devemos ter Jesus na memória e compartilharmos apenas nos poucos minutos de um ritual específico que ocorre na Instituição religiosa de tempos em tempos, mas continuamente.

 

·         “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha. (1Co 11.26).

 

Mas então, como explicar aqui a expressão “este pão” e “este cálice”? Se isto for literal, não faz sentido, já que o pão que Jesus partiu e o cálice que Ele deu para beber não estão mais presentes. Além disto, é bom lembrar que o pão que Jesus repartiu foi apenas um (e não vários).

Logo, não tem como isto estar se referindo aos pães de padaria que os líderes religiosos compram para distribuírem nas cerimônias religiosas.

Sendo assim, o que é o pão?

 

·         “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão.” (1Co 10.16,17)

·        Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer? Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.” (João 6.51-57).

 

Pense: o corpo físico de Jesus não foi partido (João 19.36). Mas então por que o pão foi partido? Logo, o que foi representado na santa ceia é outra coisa.

O simbolismo do corpo e do sangue visa manter em nossa mente que Jesus quer dar uns aos outros como dom todos aqueles que se devotaram a Ele:

 

·         “Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens. Ora, isto ele subiu que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas.  E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” (Ef 4.7-12).

 

Ao dar Seu corpo e sangue para nós, o que na verdade Ele fez foi nos dar a Si mesmo por completo a nós: Seu corpo é a Igreja; Seu sangue é Sua vida. E o uso do termo comer e beber é porque, quando nos alimentamos de algo, isto passa a fazer parte do nosso ser.

Ou seja, a ideia é que os irmãos em Cristo comessem e bebessem juntos, orando e mantendo vivo na mente tudo que Jesus fez, ou seja:

 

·        a cada vez que fossem beber algo (independente do que seja), cada um compartilhasse esta bebida uns com os outros, lembrando da única vida que Jesus derramou pela Igreja. Que jamais nos esqueçamos que Jesus não derramou uma vida diferente para cada um que crê Nele, mas uma única vida (um só estilo de vida, uma só razão de viver, um só foco). Note que o cálice é único: sua bebida não era despejada em outros cálices, mas apenas em um só corpo;

·        a cada vez que fossem comer algo (independente do que fosse), cada um compartilhasse esta comida uns com os outros, lembrando do único corpo (com Seus dons e talentos) que foi oferecido à Igreja. Que jamais nos esqueçamos que Jesus não concedeu a cada um habilidades individuais e recursos à parte para vivermos nossa vidinha egoísta. Antes, o que Jesus fez foi dar a cada um os membros que precisa para ser alguém completo.

Veja: quando o Eterno criou Adão, Ele o criou completo. Contudo, para que ele pudesse cumprir sua missão, o Eterno tirou-lhe uma costela, de modo que, agora, ele só seria completo junto com a mulher.

De igual modo, para que Sua Igreja pudesse ser formada em nós, Jesus tirou cada um de nossos membros e fez dele uma nova criatura (ver 2Co 5.17), de modo que cada indivíduo, agora, pode encontrar lugar na nossa vida e nós, em contrapartida, podemos ver a importância de cada um deles em nós.

 

O Reino dos céus não consiste em um grupo compartilhando dons e talentos para viver seus sonhos particulares; tampouco consiste de cada um com seus dons e talentos vivendo individualmente a vida de Cristo. Antes, é um grupo compartilhando dons e talentos para, juntos, permitirem que Cristo se mostre presente neste mundo.

Resumindo:

 

·        ao comerem juntos, toda a comida deve ser vista como um único pão e compartilhado uns com os outros, de modo que, todas as mentes e sentimentos possam reter as lembranças uns dos outros e o espírito de cada um possa se apegar aos demais;

·        ao beberem juntos, toda bebida deve ser vista como um único cálice e compartilhada uns com os outros a fim de que nossa mente e sentimento retenham as lembranças de tudo que o Espírito Santo faz através de nós na vida deles e nosso espírito possa guardar a lembrança de tudo que o Espírito Santo faz em nós através deles.

 

·         “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.” (1Co 11.27).

 

Qualquer um que faz da Igreja o seu alimento e da vida sacrificial de Cristo sua bebida deve fazer isto com dignidade, ou seja, como alguém que age de modo apropriado. Considerando que só Jesus é digno (Ap 4.11; 5.9,12), logo a única forma de se fazer isto é se entregando completamente a Ele.

Quem busca o Reino dos Céus pensando nos próprios interesses será considerado culpado no que diz respeito a tudo que Jesus fez na cruz (torna-se inimigo da cruz de Cristo – Fp 3.18).

Mesmo com relação ao ato de comer e beber, todas as vezes que desvirtuamos este momento tão sagrado da vida humana, estando cometendo violência às coisas sagradas do Eterno. Isto, inclusive é uma das coisas que irá caracterizar estes últimos dias (Lc 17.26-30). Assim como nos dias de Noé a terra se encheu de violência com relação às coisas sagradas (Gn 6.5,11,13), hoje os indivíduos comem, bebem e se casam pensando apenas na satisfação da carne.

 

·         “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.” (1Co 11.28).

 

Por isto é que cada um deve examinar-se a si mesmo antes de ter relacionamento com alguém (principalmente para comer). Afinal, se entramos na presença de tal indivíduo apenas pensando no nosso bem, com certeza iremos lhe trazer algum prejuízo e acabaremos despertando neles o desejo de nos condenar.

Pense, por exemplo, quando estamos em uma relação comercial. Isto não muda a tensão que há em ambas as partes: quem compra quer o serviço bem feito; quem vende quer se ver logo da prestação do serviço para conseguir mais dinheiro com outro cliente.

Quem, de igual modo, come junto de outros irmãos sem amar a Cristo e eles está, na verdade, despertando ódio e, com isto, vindo a ser alvo de condenação.

Logo, sempre que formos comer, beber, ou fazer outra coisa, devemos examinar a nós mesmos a fim de que possamos fazer tudo para glória do Eterno ao invés de fazermos para nossa glória (1Co 10.31).

Contudo, que fique claro: o autoexame não é para que o indivíduo fique separado do contato com os outros, mas para que ele busque em Jesus a purificação e santificação necessária para não perder a oportunidade de ter contato com mais alguém e, assim, colocar mais um tijolo de qualidade no edifício do Eterno que está a ser construído dentro dele (ver 1Pe 2.5).

Entenda: nós, como seguidores de Cristo, jamais devemos nos alimentar de algo que não provenha Dele. Lembre-se que foi justamente aí que Adão caiu:

 

·         “E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gn 3.9-11).

 

Logo, o único pão e cálice que pode alimentar, seja nosso corpo, mente, sentimento e espírito, é o alimento que Jesus proveu para nós lá na cruz do Gólgota. E que sempre nos examinemos para tomarmos consciência da real motivação nossa ao buscarmos isto para nossa vida.

 

·        “Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do SENHOR.” (1Co 11.29).

 

Assim como Adão e Eva, ao comerem do fruto proibido, trouxeram condenação a eles e a toda humanidade, quem come e bebe de modo que não confirma a dignidade que só é possível ser encontrada em Cristo, está se alimentando da sua própria condenação, visto estar atraindo a atenção dos outros para si. É uma tragédia atrairmos a atenção dos outros, é uma carga maior do que podemos suportar. Afinal, estaremos induzindo as pessoas a depositarem suas esperanças e desejos em nós.

 

·         “Tudo isto vi quando apliquei o meu coração a toda a obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem, para desgraça sua.” (Ec 8.9).

 

Quem não é capaz de discernir o corpo de Cristo, ou seja, de enxergar a diferença entre o corpo de Cristo (o único capaz de vencer o mundo – João 16.33; 1Jo 5.3) e os demais corpos existentes neste mundo (empresas, sociedades, lojas, etc.), irá condenar-se a carregar as expectativas dos outros nas suas costas e, assim, a permanecer preso no mundo e seus negócios (contrariando 1Co 7.32-35).

Inclusive é por isto que muitos casamentos dão errado: no namoro, um faz o outro acreditar que a felicidade está em sua companhia.

 

·        “Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.” (1Co 11.30).

                                                    

Quando a Igreja perde o discernimento do que é ser o corpo de Cristo neste mundo, o resultado é inevitável é a fraqueza (imaturidade), doença e morte dos membros, seja no corpo, mente, sentimento ou espírito.

 

·         “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” (1Co 11.31).

 

·         “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” (1Co 2.14-16).

 

Se nos examinássemos, ninguém seria capaz de nos julgar, tal como se deu com Jesus:

 

·         “Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte; e não o achavam; apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas, não o achavam. Mas, por fim chegaram duas testemunhas falsas,” (Mt 26.59,60).

 

Constantemente os indivíduos estão se julgando uns aos outros (algo condenado por Jesus – Mt 7.1). Contudo, quem se entrega ao julgamento de Jesus (1Co 4.3-5; como fez Davi – Sl 139.23,24) fica além de todo julgamento, já que ninguém conseguirá lhe entender.

Mais ainda: se nos examinássemos e julgássemos, jamais iríamos condenar inocentes (Mt 12.7). Iríamos primeiro tirar a trava do nosso olho (Mt 7.1-6) a fim de podermos ver claramente (Mt 6.22,23) e assim, ao invés de atirarmos a primeira pedra (Jo 8.7), usarmos de misericórdia a fim de experimentarmos em nós o conhecimento do Eterno (Mt 9.12,13).

 

·         “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (1Co 11.32).

 

Quando, todavia, somos julgados, o que no fundo está a acontecer é nosso julgamento da parte do Eterno. Ele usa os vasos de ira para nos repreender a fim de não sermos condenados com o mundo.

 

·         “Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.” (1Co 11.33).

 

Logo, os momentos em que nos encontramos com alguém (em particular para comer), têm em vista exercitar a comunhão (comum união) em busca do que cada um necessita da parte de Jesus para cumprir Sua missão.

Nada de filas e de ansiedade para ser o primeiro.

 

  • “ Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for.” (1Co 11.34).

 

Se alguém tem desejo ardente de algo, busque em Jesus o suprimento de suas necessidades e carências antes de ir ao encontro de alguém. Só vá quando tiver algo para lhe oferecer, seja no corpo, mente, sentimento ou espírito (Êx  23.15; 34.20; Dt 16.16).

SIGNIFICADO DE SANTA CEIA

A esmagadora maioria dos indivíduos creem que o importante é o ritual.

Um dos grandes problemas com os rituais é o uso dos mesmos para estimularem a fé dos indivíduos. Nossa fé não deve estar em imagens mortas (seja de pessoas, coisas, acontecimentos ou mesmo do próprio Eterno), mas naquilo que Jesus ministra a nós agora.

O ritual em si não significa nada. A ordem de Jesus não é para manter viva a memória Dele (como se Ele fosse um morto qualquer). Antes, o objetivo é que todas as vezes que formos nos reunir com alguém, nos lembremos Dele e, assim, pensemos em compartilhar ao invés de sugar. Ao fazer isto, daremos lugar para Jesus manifestar tudo aquilo que Ele foi, é e sempre será, mantendo isto tudo vivo na memória daqueles com quem tivemos contato.

O ritual, no Testamento da Lei, era utilizado em virtude de apenas o profeta manter contato com o Eterno. Como ninguém mais tinha comunhão com Ele, nada mais indicado do que haver algum ritual para que os sacerdotes pudessem manter vivo tudo que o Eterno é (embora isto nunca funcionou, já que os sacerdotes sempre se apostatavam do Eterno).

Em particular, no que se refere à santa ceia, a presença do ritual leva os indivíduos a considerarem o mesmo como algo sagrado, quando o correto é considerarmos cada refeição como sagrada, bem como cada momento da nossa vida.

O vinho nos lembra a morte de Jesus; o pão, Jesus ressuscitado (pois Jesus está vivo sem sangue).

A santa ceia serve para anunciar a morte do Senhor Jesus até que Ele venha, na medida em que ela coroa a vida de Jesus, o qual viveu uma vida de constante vitória sobre o pecado. Enquanto os sacrifícios do Antigo Testamento eram uma celebração de pecados (Hb 10.1-3), o sacrifício de Cristo é o testemunho da vitória sobre o pecado.

O cálice de Jesus representa o Testamento do Favor do Eterno. Ou seja, é como se o cálice fosse o papel contendo o testamento de Jesus com suas cláusulas e beneficiários, uma manifestação do Seu último desejo. Trata-se das bênçãos a nós destinadas aqui, bem como o modo que devemos viver para continuarmos a Sua missão aqui.

A santa ceia também comprova que Jesus foi 100% humano. Ela é um memorial da expiação concluída dos nossos pecados, uma figura da Sua presença constante junto conosco (Mt 28.20) e uma profecia acerca da Sua segunda vinda.

O segredo da santa ceia é a partilha da mesma comida e bebida. Cada um estava trazendo sua própria comida e comendo sua própria ceia, ao invés de, juntos, prepararem uma só refeição e compartilharem a ceia uns com os outros.

Pensemos: nossa alegria está firmada em quê? Em querer ajudar os outros a vencerem suas falhas ou a não querer que suas falhas se manifestem conosco? Neste caso, e como fica com as outras pessoas?

A santa ceia é o modo de Jesus encher as almas desesperadas, a saber, com pureza e santidade, libertando-os deste mundo.

PRA QUE SERVE A SANTA CEIA?

O próprio Jesus deu a resposta: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22:19).

Se todos se lembrassem de tudo que Ele fez por nós lá na cruz, da Sua presença contínua junto a nós (afinal, somos parte do Seu corpo), da promessa da Sua vinda e da vida eterna em comunhão plena com o Pai e aqueles que hão de herdar a salvação (Mt 26.29), não ficaríamos limitando o poder de perdão de Jesus na nossa vida (tal como Pedro – ver Mt 18:23-35).

Se os fiéis pensassem naquilo que é necessário para que Seu reino possa encontrar lugar neles (amar ao próximo do jeito que Jesus nos amou a fim de ajuntarmos tesouros no céu e sermos ricos para com Ele – Jo 13.34,35; Mt 6.19,20; Lc 12.21), não haveria espaço para diversões mundanas, brigas, fofocas, sórdida ganância, sede de poder, etc.

Quando a Igreja esquece de tudo isto, começa a beber e embriagar-se com ébrios, espancar os conservos seus (as ovelhas de Jesus), não se preocupa mais em orar e vigiar, manter-se pura como virgens incontaminadas com suas lâmpadas acesas (Mt 25:1-13).

Como Pedro, muitas vezes nos esquecemos da imensa dívida que o Eterno nos perdoou, do lamaçal do pecado do qual Ele nos tirou. Estávamos sem forças para reagir ou sair dessa situação, nosso destino era o inferno e a perdição. Nada em nós prestava, éramos como cegos.

Jesus chegou e nos chamou dessas densas trevas para sua maravilhosa luz, cancelou nossa dívida, apagou nosso opróbrio, nos deu nova vida Nele.

Resumindo: no que os irmãos vivem a santa ceia em suas vidas, eles mostram que:

 

·        Como um ser 100% humano, Jesus morreu para mostrar que, embora não merecesse a morte (por não ter pecado), ainda assim quis passar por tudo que qualquer ser humano passa a fim de que Ele pudesse servir de exemplo para todo e qualquer ser humano em todas as circunstâncias da vida;

·        Como um ser 100% divino, Jesus ressuscitou para comprovar que em tudo em venceu o mundo, sem jamais pecar.

 

A partir do momento que cada um aceita receber a vida de Cristo dentro de si e a compartilhá-la a todo instante com cada irmão, fica manifesto que, mesmo se alguém conseguisse ser tão bom quanto Cristo, ainda assim não conseguiria achar o Seu lugar neste mundo. Pelo contrário: quanto mais bom, puro e verdadeiro alguém quiser ser neste mundo, mais o tal será desprezado, torturado e, por fim, morto. Afinal, num sistema que jaz no maligno (1Jo 5.19), só consegue achar sua vida sendo mais perverso do que os demais. Daí o justo ter que viver pela fé (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).

Para se ter ideia da importância disso, a igreja de Corinto foi a que mais se corrompeu. Sabe qual foi a raiz do problema? A incredulidade acerca da ressurreição dos mortos (1Co 15).

Entendido isso, fica fácil responder às demais perguntas:

QUEM DEVE MINISTRAR E PARTICIPAR DA SANTA CEIA?

Todo mundo que crê de verdade em Jesus e em tudo que Ele fez por nós deve viver a santa ceia em cada momento da sua vida.

A PARTIR DE QUE IDADE A PESSOA DEVE PARTICIPAR?

A partir do momento que alguém crê plenamente em tudo que Jesus fez por ele, deve começar a viver a santa ceia. Desde bebê os pais já devem ensinar o filho a aceitar que Jesus viva nele (Gl 2.20) e o ensine a compartilhar, a todo instante, Cristo e Sua verdade por meio dos seus dons e talentos.

Quanto mais cedo a criança aprender tudo isso, mais ela aprenderá a temer a Jesus e crescerá nesse temor, sem jamais dele se desviar (Pv 22:6). Afinal, se não é para ensinar isto às crianças, é para ensinar o quê? A dançar, cantar música mundana, assistir TV (cheio de pornografia, programas infantis com ensinamento de doutrina de demônios, filmes eróticos, jogo), colorir, brincar de esconde-esconde?

Se é assim, tome vergonha na cara! Foi Jesus quem disse:

 

 

o   (Mc 9:42): “Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar”.

o   (Mt 5:19): “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”.

o   (Dt 18:10): “Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha...”. Este fogo pode ser o desprezo e maltrato dos coleguinhas, a falta de diálogo, compreensão e amor que expõe a criança à prostituição, farra e drogas. A mesma lei que vale para o adultério vale para pais e filhos (“Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera” (Mt 5:32)). Ou seja, aquele que não cuida bem de seus filhos os expõe a tornarem-se rebeldes a sociedade e ao Eterno. Jamais permita que a glória do Eterno seja tirada dos teus filhos (Mq 2.9).

COMO DEVE SER MINISTRADA A SANTA CEIA?

Não há necessidade de se realizar o ritual.

Todavia, para os que insistem em afirmar que o ritual é importante, eu pergunto: então por que vocês não cumprem o ritual com total fidelidade? Afinal, se é para recordar o episódio (e não os ensinamentos), tal como um teatro, como teimam em afirmar, que sigam tudo à risca.

Em primeiro lugar, a santa ceia aconteceu de noite.

Segundo: os discípulos preparam toda a refeição juntos.

Terceiro: primeiro os discípulos jantaram juntos e, só quando todos estavam fartos é que Jesus celebrou a santa ceia.

Quarto: Jesus tomou “o” pão (e não “os” pães), e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: “tomai, comei, isto é o meu corpo (Mt 26:26). Fazei isto em memória de mim” (1Co 11:24). O partir do pão também lembrava o corpo de Cristo sendo ferido por nossas transgressões e moído por nossas iniquidades (Is 53.4-6).

Quinto: Depois que o pão foi repartido entre os discípulos e, então, comido, Jesus pegou “o” cálice (e não os cálices), e dando graças, deu-lho, dizendo: bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados (Mt 26:28). Eu vos digo que, desta hora em diante, não bebereis deste fruto da videira, até aquele dia em que hei beber novamente, convosco do reino de meu Pai (Mt 26:29). Fazei isso todas as vezes que o beberdes em memória de mim (1Co 11:25).

Note que todos beberam do mesmo cálice.

Entenda: uma coisa foi o cálice da refeição pascal. Este foi repartido (Lc 22.17). Todavia, o cálice da santa ceia não foi repartido. Foi bebido no mesmo cálice. Afinal, o cálice é o testamento e o sangue, o que valida o testamento. Não é para cada um beber o sangue de Cristo no seu cálice (usando tudo para construção do seu reino egoísta), mas no cálice Dele (por reconhecimento de que apenas a vontade Dele é boa, perfeita e agradável – Rm 12.2).

Sexto: Após todos terem bebido do cálice, Jesus lavou os pés dos discípulos e deixou bem claro: “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.” (João 13.14).

DE QUANTO EM QUANTO TEMPO DEVE SER MINISTRADA A SANTA CEIA?

Como ritual, como já dito, ela não precisa ser ministrada, visto que a melhor forma de ensinarmos alguém acerca de tudo que se deu nesta ocasião é vivendo a mensagem que é ensinada na santa ceia, a saber: quem é Jesus, tudo o que Ele fez por nós, Sua vinda inesperada como ladrão na noite, nossa recompensa no céu, além da ordem Dele para nos mantermos em comunhão com Ele no Espírito Santo em um só corpo, o de Cristo.

SOFISMAS EXISTENTES ENTRE AS PESSOAS DA IGREJA COM RESPEITO A SANTA CEIA

            De um modo geral, há muita invenção acerca deste assunto.

 

         E Uns atribuem um significado místico à santa ceia, dizendo que o pão e o vinho, literalmente, se transformam no corpo e no sangue de Cristo (teoria da transubstanciação). A cada missa, para os católicos, Jesus está sendo novamente crucificado e morto. Isso é um absurdo, visto que Jesus morreu uma vez por todas por nossos pecados (Hb 7:27; 9:12, 26). Seu sacrifício foi perfeito, eterno.

         E Outros consideram a santa ceia como necessária para a salvação. Ou seja, quem não participa dela, não vai para o céu.

         E Outros ainda afirmam até que quem está em pecado “grave” (como se o Eterno tivesse medidor de pecado) não pode participar, pois estará comendo para juízo seu.

         Há instituições religiosas que só permitem participar da ceia se for um membro fiel desta. Eu conheço uma instituição religiosa que, só porque o membro fez algumas visitas a outra igreja, não o permitiu participar da santa ceia (ora, se cada instituição religiosa evangélica é corpo de Cristo e o corpo de Cristo é um só, qual o problema?).

         Mas afinal, de onde vem estes conceitos errados?

         Basicamente, de dois trechos da Escritura Sagrada.

         Primeiro, (Jo 6:53-56): “Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.”.

         Os adeptos da transubstanciação afirmam que, na santa ceia, o pão se transforma literalmente na carne de Cristo e o suco de uva, no sangue. Para a maioria dos evangélicos, embora essa transformação não seja literal, ela é espiritual, ou seja, quem não participa da santa ceia, não tem parte no corpo de Cristo.

         Porém, não é nada disso que Jesus quis dizer.

         O sangue é o instrumento que Deus usou para nos salvar, para manifestar sua justiça (Rm 3:23-26). Por meio do sangue, o Eterno demonstrou seu caráter justo e santo, cumprindo a lei com todo o rigor, mas ao mesmo tempo fez conhecer:

 

o   Seu amor e misericórdia, vindo Ele mesmo em carne e sangue para morrer no nosso lugar;

o   Sua sabedoria, por ser o único capaz de pensar numa forma tão inteligente para livrar seus filhos (todos que creem em Jesus) a quem tanto ama, sem comprometer Sua santidade.

 

         A carne representa a Igreja.

         Uma observação é importante ser feita. A páscoa teve seu início quando o povo estava para sair do Egito. Deus a instituiu a fim de que o povo de Israel lembrasse, de geração em geração, do dia que Deus os livrou do cativeiro no Egito. A carne era comida para lhes dar sustância, já que a caminhada seria sobremodo longa até o Mar Vermelho e o sangue serviria como sinal diante do Eterno, de sorte que, quando Ele viesse para ferir os primogênitos do Egito, PASSARIA POR CIMA das casas onde houvesse sangue na verga e nos umbrais da porta.

         A carne é símbolo de alimento e o sangue, de livramento. Diferente do sangue dos animais que não era bebido (visto que o mesmo não era perfeito para o perdão dos pecados, eram vidas imperfeitas), o sangue de Cristo tem que ser bebido pois é a vida perfeita que cada um deve viver para glorificar a Jesus.

         O fato dele ter sido crucificado fora de Jerusalém indica que o regime judaico de adoração baseado em leis e cerimônias estava descartado. A partir de então, nossa adoração é firmada na gratidão por tudo que Jesus fez por nós, em espírito e em verdade (Jo 4.23,24).

         Entendido tudo isso, fica fácil entendermos o que Jesus quis dizer em (Jo 6:53-56). Nossa sede de amor e misericórdia deve ser saciada no sangue de Cristo. Sempre devemos lembrar de Cristo e tomar como referência para as nossas vidas todo aquilo que Ele viveu. “... se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados(Hb 10:26).

         Ou seja, antes de tomarmos qualquer atitude, devemos lembrar que Jesus teve que morrer justamente por causa das nossas transgressões. Logo, a ideia é despertar nossa gratidão e amor por Jesus, ao ponto de decidirmos, voluntariamente, servi-lo fielmente, com vistas a abandonar a prática de todo e qualquer mal para fazer o que é bom.

         Mas não basta beber o sangue. Este impede que a morte nos alcance (tal como se deu em (Êx 12)) na nossa vida diária. Contudo, se não nos alimentarmos da carne de Cristo, não teremos forças para sair do mundo e suportar a longa caminhada que temos que percorrer neste mundo até o dia que pudermos, finalmente, estar com Jesus na glória.

Sendo nós o corpo de Cristo, o que João 6:53-56 diz é que devemos permanecer unânimes DIARIAMENTE partindo o pão de casa em casa (At 2.46), visto que a comunhão com os irmãos é o que mantém nossa alma e espírito fartos e nos dá forças para manter sepultado com Cristo o velho homem, de sorte que Jesus possa reinar sem reservas na nossa vida.

O suco de uva nos revela a sabedoria do Eterno que, em Seu amor, manifestou Sua justiça em Si mesmo a fim de que fôssemos livres da tirania do pecado.

MAS AFINAL, A SANTA CEIA TRAZ CONDENAÇÃO OU NÃO PARA AQUELES QUE A COMEM INDIGNAMENTE?

Qualquer coisa que fizermos no reino do Eterno de forma relaxada e sem compromisso com a palavra traz maldição sobre as nossas vidas (Jr 48:10):

 

·        “Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado” (2Pe 2:21).

·        “Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia” (Mt 7:26).

 

Veja o caso de Nadabe e Abiú. Ao inventarem uma forma de adoração, o Eterno os consumiu por meio do fogo.

Assim, participar das obras do Eterno e adquirir conhecimento sem estar disposto a ter compromisso com Ele traz juízo e condenação.

Muitos poderiam pensar: “então é melhor ficar no mundo”. Porém, é bom lembrar que nosso lar não é aqui na terra e que o único caminho para o céu é Jesus. Jesus não é a melhor opção de vida (como muitos pensam). JESUS É A ÚNICA OPÇÃO, O ÚNICO CAMINHO RUMO AO PAI. Não há outro. Há atalhos, mas todos conduzem ao inferno.

Logo, aceite a vida de Jesus em ti e viva-a, visando compartilhá-la com todos em cada situação.

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