APOCALIPSE 04 (ARA2)
A
grande cidade se chama, espiritualmente, Sodoma por sua prosperidade (Ezequiel
16.49) e clamor egoísta (Gênesis 18.20,21), e Egito porque mantém o povo do
Eterno escravo usando-o para ajuntar riqueza material. Israel tem infiltrado o
judaísmo em várias instituições religiosas evangélicas e mantido muitas mentes
cativas deste sistema religioso. Quando chagar o momento, Jerusalém irá assumir
o controle de todo o sistema religioso, o qual, por causa dos grandes sinais
feitos pelo falso profeta que irá liderá-la, irá inicialmente enganar a muitos
eleitos (Mateus 24.4,24), o qual irá transformar em comércio a fé deles (2Pedro
2.1-3) e converter em libertinagem a graça de Jesus (Judas 4) a fim de poder
assumir o controle das grandes corporações do mundo.
Uma
vez que os religiosos estiverem seduzidos com o vinho da sua prostituição (Apocalipse
18.3), os que creem em Jesus serão também induzidos a buscarem em Jesus a
teologia da prosperidade e a orarem em prol de sucesso financeiro e da
destruição de todos que se opõem ao seu crescimento espiritual. É claro que a
venda das inúmeras mercadorias para este público religioso será altamente rentável
para os mercadores (Gênesis 18.11-18).
Imagine
alguém controlando a fé de todos. Afinal, o falso profeta irá convencer todos
de que o anticristo é o Messias esperado por cada uma das religiões. Ou seja,
embora os dez chifres assumam o poder político através do poder econômico e
concedam isto ao anticristo, a grande força do anticristo vem da fé religiosa
das pessoas que irão crer cegamente que ele é o Cristo.
Por
isto Jerusalém, liderada espiritualmente pelo falso profeta, através das
grandes instituições religiosas, irá assumir o controle das grandes corporações
financeiras e irá lucrar absurdo com este comércio religioso.
Porém,
o anticristo não quer continuar recebendo este poder da religião judaica que,
então, será a única. É quando o anjo derrama a quinta taça sobre o trono da
besta (Ap 16.10). Nesta hora o Eterno está pondo no coração dele e dos dez
chifres que cumpram o intento Dele e tenham uma mesma ideia (Ap 17.17 – o
contrário do que Ele fez em Babel). O povo queria tanto ter uma única religião
e sistema político (Gênesis 11.4), só que ainda não era o momento. Agora,
finalmente, chegou a hora das pessoas virem o que significa uma comunidade
unida sem Jesus e sua palavra.
Quando,
então, a plena unidade se cumpre, o anticristo (que nesta altura já rompera o
acordo com os judeus desde a metade da 70ª semana) e os dez chifres destroem
Jerusalém, assassinam todos os líderes das grandes corporações e, num ritual
macabro, comem as carnes deles, destroem todo o sistema religioso (exigindo
adoração apenas ao anticristo) e político de propriedade privada,
oficializando, então, a Nova Ordem Mundial onde apenas aqueles ligados
diretamente ao anticristo são honrados (Daniel 11.39), estando todos os outros
sujeitos à escravidão. É o reino do anticristo se tornando tenebroso (sem
qualquer luz espiritual – tal como se deu na 9ª praga do Egito, a que antecedeu
à libertação do povo de Israel - Êxodo 10.21-23).
INTRODUÇÃO
Com
relação ao trono, as coisas estavam dispostas da seguintes forma:
·
Os
quatro animais estavam no meio do trono e ao redor dele (Apocalipse 4.6).
·
O
Cordeiro estava no meio do trono (Apocalipse 5.6).
·
Os
vinte e quatro anciãos estão ao redor do trono (Apocalipse 4.4);
·
Rio
de Vida procede do trono (Apocalipse 22.1).
·
Diante
do trono ardem sete lâmpadas (Apocalipse 4.5).
·
Diante
do trono estava o mar de vidro (Apocalipse 4.6).
·
Diante
do trono no mar de vidro estavam as virgens néscias (Apocalipse 15.2) adorando
ao Eterno e mostrando Sua justiça, juízos, caminhos e feitos a todos os que
irão nascer no milênio.
·
Diante
do trono os gentios que morreram das taças na Grande Tribulação servindo ao
Eterno no santuário Dele (Apocalipse 7.15).
·
Ao
redor do trono, dos 24 anciãos e dos 4 seres viventes estão os anjos
(Apocalipse 5.11) sobrevoando toda a assembleia dos justos, cobrindo-a com sua
sombra.
Antes
de tudo, façamos uma comparação entre o arrebatamento dos que creem em Jesus e
o arrebatamento espiritual de João:
Arrebatamento da Igreja (I Tessalonicenses
4:13-18) |
Arrebatamento de João (Apocalipse 4.1) |
No fim
da era da Igreja |
No fim
das sete cartas à Igreja |
A voz
do arcanjo chama os eleitos |
Jesus
chama João para cima |
Trombeta
do Eterno |
Voz
como de trombeta |
Igreja está
na terra |
João está
na terra |
Arrebatamento
imediato |
Imediatamente
João ficou em espírito |
Igreja
levada para a presença do Eterno. |
João é
levado para a presença de Jesus. |
Agora
façamos um paralelo entre os capítulos um e quatro do Apocalipse:
Apocalipse
4 |
Apocalipse
1 |
4:1 – Era
a primeira voz, como de trombeta. |
1:10 – Ouviu
uma grande voz como de trombeta. |
4:2 – João ficou em espírito. |
1:10 – João ficou em espírito. |
4:2-3 – Descrição
do Pai |
1:12-17 –
Descrição de Cristo |
4:5 – Sete
tochas de fogo |
1:12 – Sete castiçais de ouro |
4:5 – Diante do trono estão sete espíritos do
Eterno. |
1:4 – João
escreve da parte dos sete espíritos que estão diante do trono |
4:4; 5:10 –
O Eterno fez da Igreja reis e sacerdotes. |
1:6 –
O Eterno fez da Igreja reis e sacerdotes. |
4:1 – Eu
te mostrarei as coisas que depois destas devem acontecer. |
1:19 – Escreve
as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de
acontecer; |
5:1-5 – Uma
introdução aos sete selos |
1:20 – Uma
introdução às sete oholyao. |
Com
tanta semelhança, conclui-se que o capítulo “um” foi uma introdução às coisas
que eram na época de João (referente às 7 oholyao) e os capítulos quatro e
cinco, uma introdução às coisas que iriam acontecer às 7 oholyao em seguida.
Embora
o Apocalipse virá a ter um cumprimento literal, ele é escrito em símbolos para
comunicar uma mensagem para Sua Igreja agora. Cada um tem o seu Apocalipse. Daí
ser tão bem-aventurado quem lê, ouve e guarda as palavras do Apocalipse.
Afinal, só assim para conhecermos:
·
Quem
é Jesus;
·
Quem
somos nós, o que Jesus quer de nós e para nós, e qual o significado de tudo que
estamos passando;
·
O
que está para acontecer na nossa vida e como devemos lidar com tudo isto.
SUBINDO RUMO À PORTA ABERTA PARA VER O FIM DE TUDO
o “Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta
no céu; e a primeira voz que, como de trombeta, ouvira falar comigo, disse:
Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer.” (Ap
4.1 - ACF).
o
O
livro do apocalipse consiste de três pontos:
o “Escreve as coisas que tens visto, e as
que são, e as que depois destas hão de acontecer:” (Ap 1.19).
o
As
coisas que João tinha visto se refere a Apocalipse 1.
o
As
que são se refere à revelação do real estado espiritual das sete oholyao (grupo
de indivíduos que creem em Jesus e são reunidos por Ele num dado lugar) da
Ásia.
o
As
coisas que iriam acontecer brevemente na vida da Igreja e que começa a ser
mostradas deste capítulo em diante (Ap 22.16).
Em três separadas ocasiões João é
convidado a ir “em espírito” a
um lugar para ver a revelação:
o
Ap
4.1 -> Foi arrebatado em espírito passando pela porta aberta no céu (Ap 4.2)
para ver o trono do Eterno, a saber, a partir de onde sai as diversas oportunidades
de misericórdia para todos antes da condenação (seja através de mensagens,
alertas ou juízos) após uma grande expressão de clamor, louvor, serviço ou
adoração (a saber, oração apaixonada) diante do trono;
o
Louvor: (Ap
4 e 5);
o
Sinal de alerta para salvar a IGREJA da Grande Tribulação: quatro primeiros selos (Ap 6.1-8):
o
Três
primeiros selos ajudam a identificar o anticristo. Mostra-o como enganador
espiritual, mestre de intrigas e agitador da economia;
o
Quarto
selo mostra o anticristo após ser possuído por Ha-Satan (depois da queda dele –
Ap 12.7-10) e tendo sua ferida de morte curada;
o
Clamor: quinto
selo mostra o que se passa no coração dos fiéis que foram assassinados por amor
a Cristo sem ser parte da Igreja (Ap 6.9-11);
o
Sinal de alerta para salvar a IGREJA da Grande Tribulação: sexto selo (Ap 6.12-17). É o alarido
alertando a Igreja da vinda do Noivo (1Ts 4.16).
o
Mensagem pregada para salvar ISRAEL da Grande Tribulação: os primeiros 144.000 Israelitas são convertidos
(Ap 7.1-8) pelo ministério das duas testemunhas. Eles passam a seguir Jesus no
monte Sião movido pela mensagens angélicas que recebem (Ap 14.1-13). Eles
ajudam as duas testemunhas a confirmar o evangelho em Israel.
o
Serviço celestial:
Os gentios que morrem de morte natural na Grande Tribulação (Ap 7.9-17) são
vistos servindo no trono celestial.
o
Adoração: as
orações de todos os santos são oferecidas ao Eterno (Ap 8.1-5);
o
Sinal de alerta para salvar a IGREJA da Grande Tribulação: as seis trombetas soam para avisar a
Igreja acerca da chegada da Grande Tribulação (Ap 8.6-13,9);
o
Mensagem pregada para salvar o MUNDO da Grande Tribulação: as duas testemunhas testemunham o
evangelho devorado por João, alertando todos da apostasia que conduz à Grande
Tribulação e do arrebatamento prestes a acontecer (Ap 10,11).
o
Sinal de alerta para salvar ISRAEL da Grande Tribulação: A perseguição ao remanescente fiel de
Israel durante a primeira metade da 70ª semana (Ap 12.1-6).
o
Sinal de alerta para salvar ISRAEL condenação eterna: A perseguição ao remanescente fiel de
Israel durante a segunda metade da 70ª semana (Ap 12.7-17).
o
Sinal de alerta para salvar a Igreja da Grande Tribulação: Sistema político e religioso de
Ha-Satan assume o controle de toda população por meio da religião (Ap 13);
o
Adoração: Os
judeus que morreram de morte natural na Grande Tribulação (Ap 15.1-4) são
vistos louvando o Eterno;
o
Sinal de alerta para salvar os ÍMPIOS da condenação eterna: as taças do juízo são lançadas: esta é a
última oportunidade de arrependimento para a população da terra. Este é a aviso
do Eterno para o mundo (ver Is 26.9,10).
o
Ap 17.1
-> Foi levado em espírito para um deserto (Ap 17.3) para ver a condenação:
o
da
prostituta e da Grande Babilônia (começando logo após o arrebatamento e
terminando um pouco antes da Batalha do Armagedom);
o
das
forças do anticristo (na Batalha do Armagedom);
o
do
anticristo e de falso profeta (no fim da Batalha do Armagedom);
o
dos
seguidores de Ha-Satan (após o milênio);
o
do
Ha-Satan (e provavelmente de todos os seus demônios);
o
de
todos os ímpios no Grande Trono Branco;
o
Ap
21.9 -> Foi levado em espírito a um grande e alto monte (Ap 21.10) para ver
a Igreja glorificada, a recompensa dos fiéis.
É
importante observar a expressão “depois destas coisas”. Expressão semelhante é
achada em (Ap 7:1,9; 15:5 e 18:1). Isto nos informa que o apocalipse pode ser
separado da seguinte forma:
o
Primeira
unidade: Apocalipse 1.1-3.22;
o
Segunda
unidade: Apocalipse 4.1-6.17;
o
Terceira
unidade: Apocalipse 7.1-7.8;
o
Quarta
unidade: Apocalipse 7.9-15.4;
o
Quinta
unidade: Apocalipse 15.5-17.18;
o
Sexta
unidade: Apocalipse 18.1-22.21.
“Após
estas coisas” combinadas com “eu olhei”, “eu vi”, ou “eu ouvi” implica uma
mudança de visão ou de perspectiva. Olhar significa direcionar da visão e ver, receber
a visão.
Não
só isto! O uso destas expressões indicam que João não está citando apenas
metáforas, mas relatando uma realidade que ele viveu.
Além
disto, repare como várias vezes alguma coisa é aberta:
o
Aqui
tem-se um porta aberta;
o
Depois
sete selos são abertos;
o
Mais
adiante o santuário do Eterno no céu é aberto (Ap 11.19; 15.5);
o
Por
fim o céu é aberto (Ap 19.11).
Contudo,
repare a diferença aqui em Ap 4 com o que aconteceu em Atos 7.56; 10.11, Ap
11.19; Ezequiel 1.1; Mateus 3.16. Nestas passagens os céus se abriram e as pessoas
tiveram visões. Aqui, contudo, João foi transportado para o Dia do Senhor Jesus
(Ap 1.10) e vivenciou (experimentou dentro de si) tudo que nele irá suceder.
João
não viu a porta se abrindo. Ela já estava aberta. João, ao entrar por esta
porta, vê os céus e, ao mesmo tempo, o que acontece na terra em resposta ao que
se dá no céu. A alegria e calma do céu é intercalada com a agonia de tudo que
acontece na terra.
E
o detalhe é que esta porta não foi aberta exclusivamente para João (como se
deu, por exemplo, em Ez 1.1; Mt 3.16; At 7.56; 10.11). Jesus é esta porta, a
qual se abriu a partir do momento que Ele gritou “está consumado” (Jo 19.30; Mt
27.51). Desde então o tempo passou a estar “na mão” (Ap 1.3) para todos que
creem. Infelizmente, na versão ARA diz “NÃO somente uma porta aberta”, como se
houvesse várias portas abertas.
Contudo,
a única porta aberta para o céu é Cristo: não existe outra (Jo 10.9). Se
houvesse várias portas, por qual delas João iria passar?
Esta
porta está aberta para quem recebe Jesus. Infelizmente são poucos os que
conseguem enxergar isto em suas vidas. A porta da revelação está aberta (ver
1Co 2.9-12), mas poucos há que a encontrem e entrem por ela (ver Mt 7.14,15).
Esta
é a porta pela qual todos temos que passar a fim de que possamos viver o Dia do
Senhor Jesus, a saber, o dia em que Ele reina sobre nós (ver Ap 11.17; 19.6).
Não há como ser salvo sem vivenciarmos este dia, ou seja, sem sairmos do
sistema que rege este mundo, bem como tudo a ele atrelado (besta, falsos
profetas, marcas da besta, etc.) (ver Ap 12.7-10).
Fique
claro: uma vez que João viu uma porta aberta no céu e foi chamado para subir até
lá, logo isto significa que João ainda não tinha subido ao céu. Ele estava
vendo o Dia do Senhor em espírito aqui da terra. Apenas a partir do capítulo 4
é que seu espírito é transportado para o céu e passa a ver tudo de lá até o
capítulo 17.
Ao
subir, João se acha na sala do trono celestial (tal como em Is 6.1-5; Ez 1; At
7.56). Observe que o santuário é aberto duas vezes (Ap 11.19; 15.5). Ora, qual
era a diferença entre sala do trono e o santuário? Afinal, o Eterno é louvado e
cultuado na sala do trono e o tabernáculo era um lugar o sangue do cordeiro era
levado em misericórdia pelos pecados nossos:
o “O SENHOR está no seu santo templo, o trono do SENHOR
está nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras provam os
filhos dos homens.” (Sl 11.4).
o
“Na angústia invoquei
ao SENHOR, e clamei ao meu Deus; desde o seu templo ouviu a minha voz,
aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face.” (Sl 18.6).
o “A voz do SENHOR faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no
seu templo cada um fala da sua glória.” (Sl 19.9).
João
foi chamado ao céu por uma voz como de trombeta, tal como se dará no
arrebatamento (1Ts 4.16,17). Voz como de trombeta lembra as trombetas de prata hebraicas
usadas para avisar o povo de Israel de que era necessário largar tudo para
atender ao chamado (Nm 10.2). A primeira voz, como de trombeta, era do próprio
Jesus (Ap 1.10,11). A voz de Jesus lembrava uma trombeta, o que significa que a
mensagem do Apocalipse é urgente. Logo, devemos largar tudo para conhecer Jesus,
ouvi-Lo, ver o que Ele tem para nos mostrar, segui-Lo a fim de discernimos este
tempo em que estamos vivendo através do Apocalipse (Lc 12.54-57) e nos
prepararmos, já que a qualquer momento Ele pode nos chamar, seja para nos usar
ou para nos chamar de volta.
Tão
logo Jesus fala, as coisas acontecem na nossa vida (e ai de nós se não tivermos
preparados! Perderemos nossa oportunidade – Ec 9.11; Lc 19.44). Veja, por
exemplo, o que se deu com as duas testemunhas (Ap 11.12 – compare com Jo
4.24,25). A verdade é que o homem pode fazer planos, mas o que de fato vai
acontecer na nossa vida é determinado por Jesus – Pv 3.5-8; 4.26,27;
16.1,4,6,10,18,33; Jr 10.23; Pv 20.24; 21.1).
Finalmente
repare a expressão “as coisas que depois destas devem acontecer”. Note a
mudança de tempo verbal entre presente e passado de modo tão rápido no mesmo
capítulo (em particular, em Ap 1.20, muda de “viste” para “são”, “são” no mesmo
versículo – veja abaixo).
Além
disto, as expressões “brevemente devem acontecer”, “depois destas hão de
acontecer”, “depois destas devem acontecer” mostram que passado, presente e
futuro estão bem conectados.
Veja:
o “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos
seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as
enviou, e as notificou a João seu servo;” (Ap 1.1).
o
“Que dizia: Eu sou o
Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num
livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a
Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. Escreve as
coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer;
o mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete
castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os
sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.” (Ap 1.11,19,20).
o
“Depois destas coisas,
olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz que, como de
trombeta, ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois
destas devem acontecer.” (Ap 4.1)
o “E disse-me: Estas palavras são fiéis e verdadeiras; e o Senhor, o
Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus servos as
coisas que em breve hão de acontecer.” (Ap 20.6).
Quando
vemos a partir da terra, temos a tendência de ver o aqui e agora. Do ponto de
vista celestial, no entanto, não há esta distinção de tempo.
Perceba
que, como João disse, as coisas reveladas a partir do capítulo quatro iriam
acontecer depois do que estava acontecendo nas oholyao. Logo, as mesmas não se
alegóricas, nem aconteceram apenas no passado. Antes, vêm acontecendo ao longo
da história e continuarão se cumprindo até Jesus vir. E como as mesmas estão
relacionadas com Daniel, logo o livro de Daniel, embora possa ter tido um
cumprimento parcial no passado, seu cumprimento cabal ainda está por se
cumprir.
O TRONO ARMADO NO CÉU
o “Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um
trono, e, no trono, alguém sentado;” (Ap 4.2).
Ao
ouvir a voz do Eterno, imediatamente João foi desligado do mundo físico,
passando a contemplar apenas as regiões celestiais (como em Ap 1.10 e Ap 17.3 e
Ap 21.10).
Note
como os tronos já estavam postos no céu e alguém já estava sentado no trono
principal. Em Isaías 6.1, Isaías vê apena um alto e sublime trono, e o Eterno
assentado nele.
No
entanto em Daniel 7 vê-se tronos sendo postos e o Eterno se assentando no
trono:
o “Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um
ancião de dias se assentou; a sua veste era branca como a neve, e o cabelo
da sua cabeça como a pura lã; e seu trono era de chamas de fogo, e as suas
rodas de fogo ardente.” (Dn 7.9).
Ora,
o que fez o Eterno se levantar? Alguém só levanta diante de alguém importante.
Veja:
o “Então proferirás este provérbio contra o rei de Babilônia, e
dirás: Como já cessou o opressor, como já cessou a cidade dourada! O inferno
desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda;
despertou por ti os mortos, e todos os chefes da terra, e fez levantar dos
seus tronos a todos os reis das nações.” (Isaías 14.4,9).
Assim
como o inferno se levantou para receber um rei, só existe uma pessoa importante
o suficiente para fazer o Eterno se levantar: a Noiva do Cordeiro, já que ela é
um só corpo com Jesus. Além disto, é bom lembrar que o julgamento começa
primeiro pela casa do Eterno (Sua Igreja – 1Pedro 4.17). Mesmo porque a igreja
será usada para servir de testemunho contra as demais nações. A Igreja vem
sendo julgada aqui mesmo neste mundo, de modo que, quando finalmente é chamada ao
céu, ela já está pronta por tudo que Cristo operou nela quando aqui na terra
(João 5.24; 1João 3.14).
Ou
seja, Apocalipse 4 é uma continuação de Daniel 7, quando tronos foram postos
(os tronos para os vinte e quatro anciãos) e o Ancião de Dias se assentou.
Entenda:
em Isaías 6 nenhum julgamento estava sendo feito. Apenas estava sendo
profetizado que, embora a terra estivesse cheia da glória do Eterno (Is 6.3),
Israel, desde aquele instante até a Batalha do Armagedom (imediatamente antes
da qual cumprir-se-á Isaías 6.11,12), iria ficar completamente cego e surdo a toda
obra do Eterno (Is 6.9,10), sem reconhecer Ele no passado (Aquele que era), no
presente (Aquele que é) e no futuro (Aquele que há de vir). Só reconhecê-Lo-á
os 144.000 (primícias – Ap 14.1-4) e remanescente fiel, e isto quando Ele vier
para a Batalha do Armagedom (Zc 12.10-14).
Em
Daniel 7.9 mostra o Eterno iniciando o julgamento sobre os quatro impérios
mundiais. Em Dn 7.13,14, vemos Jesus vindo nas nuvens para arrebatar Sua Noiva.
Embora, espiritualmente falando, ela já estava no céu (por meio daqueles que tinham
morrido em Cristo quando o julgamento começou), agora finalmente ela está
completa. Cristo então começa a reinar julgando todo reino da besta, bem como
todos que não foram fiéis a Ele antes de Sua vinda.
Em
Apocalipse 4.10 temos o término do julgamento com os vinte e quatro anciãos
entregando suas coroas de volta para o Eterno (ver 1Co 15.28).
No
entanto, antes do livro ser aberto em Apocalipse 5, João nem imagina tudo que
ocorreu entre Daniel 7.13,14 e Apocalipse 4.10.
Esta
visão do trono do Eterno é importante, pois, além de nos dar a certeza de que há
um Deus no controle de tudo (não somos vítimas das circunstâncias ou pessoas),
combate o ateísmo que afirma que tudo acontece por acaso ou por evolução. Não
pensam que, se destronarem Jesus, fatalmente irão colocar, ou a si mesmo, ou a
algum outro no trono. Afinal, é necessário alguma ordem. Do contrário, fica uma
busca selvagem com ninguém se conformando em ficar por baixo de ninguém.
Vem
a questão: quem está inicialmente assentado no trono? Não é Jesus, mas sim o
Pai (note como o Apocalipse faz questão de citar a diferença entre o Eterno e
Jesus):
o O Cordeiro vai pegar o livro da mão
Daquele sentado no trono (Ap 5.6,7). Isto é semelhante ao que se deu em Daniel
7.9 quando o domínio do milênio foi entregue pelo Ancião de Dias ao Filho do
Homem;
o O cântico diz que o Cordeiro comprou
para o Eterno indivíduos (Ap 5.9,10);
o O cântico distingue: ao que está
assentado no trono e ao Cordeiro (Ap 5.13);
Por
que esta distinção é feita? Para mostrar que temos que servir ao Eterno, mas
vivendo a vida de Cristo, ao invés de vivermos para nós mesmos. Não adianta
adotar o estilo de vida de Cristo sem pensar em glorificar o Eterno (buscando
apenas glória e recompensa espiritual para si), nem servir o Eterno pensando em
viver a própria vida.
O
trono é símbolo da misericórdia e do julgamento do Eterno, sendo mencionado quatorze
vezes neste capítulo. E esta questão do trono é tão importante que, ao subir ao
céu para ver o futuro, a primeira coisa que João contempla é o trono do Eterno
armado no céu (como em Is 6.1; Ez 1.26; 10.1). Tudo mais no apocalipse tem
haver com este trono. Tudo está centralizado de acordo com o trono do Eterno, o
qual é um trono de glória (Jr 17.12) que demonstra Sua autoridade.
Uma
das razões para o nome do Eterno não ser mencionado aqui é porque para João,
assim como para a Igreja, o Eterno, além de ser um, não é estranho. A proposta
não é buscar um Deus estranho. Tal como ao entrar na casa de um amigo íntimo
não há necessidade de apresentações, assim também se dá no céu.
Também
revela a ignorância de João em não saber distinguir o Eterno de Jesus. Afinal,
uma vez que Jesus é Deus, quem é este que está assentado no trono?
O ARCO-ÍRIS DE ESMERALDA QUE SURGE A PARTIR DA LUZ DE JASPE E SARDÔNIO
o “e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra
de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no
aspecto, a esmeralda.” (Ap 4.3).
o
O
arco-íris lembra a justiça do Eterno que:
o como rei justo, não deixa o pecado
passar impune;
o como rei misericordioso, como sacerdote
humilde e dócil, para com aqueles que são Dele e guardam Sua aliança, Ele provê
um escape na hora da provação (1Co 10.13) e uma esperança que possa ancorar
nossa alma no Seu trono (Hb 6.18-20).
Ou seja, embora Jesus, como leão da tribo de
Judá, não abra mão da Sua justiça, como cordeiro do Eterno Ele provê um meio
para que a justiça Dele se cumpra em nós (Rm 8.1-4). Jesus não é rei tirano que
obriga os outros a lutar para fazer Sua vontade, nem um sacerdote promíscuo que
arruma uma série de desculpas para fazer você se livrar da lei e das suas
consequências. Antes, Jesus dá os dons Dele (Sua Igreja) para que o indivíduo
seja capaz de amar (ver Os 11.4) e, assim, ser um cumprimento da lei. Basta
entregar a própria vida para que tudo isto nos alcance e, assim, possamos ser
usados por Jesus para comunicar Seu nome e glória, mesmo diante das situações
mais extremas.
O
trono mostra a soberania do Eterno, o qual pode fazer o que deseja; o arco-íris
representa a promessa, a qual o Eterno, em Sua fidelidade a Si mesmo (2Tm
2.13), se propõe a cumprir. Isto nos ensina que se Ele, sendo perfeito, limita
a Si mesmo, o que sobra para nós? No meio da ira (relâmpagos, vozes e trovões),
Ele faz questão de lembrar a si mesmo da misericórdia (Lm 3:22-23).
O
mesmo dilúvio que foi símbolo de ira do Eterno para os desobedientes, foi a
salvação para Noé e sua família, sendo o batismo símbolo das duas coisas (1Pe
3.20,21): do fim de tudo que prendia Noé à sua antiga vida, bem como da
disposição em começar do zero uma nova vida.
Para
entender isto, basta lembrar que o arco-íris, aqui, é um sinal da aliança do
Eterno com toda a humanidade de que o mundo não acabaria mais em água (Gn
9.12-14).
Observe
que o arco-íris surge quando o sol brilha após as nuvens derramarem chuva na
terra.
o “E disse Deus: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós,
e entre toda a alma vivente, que está convosco, por gerações eternas. O meu
arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a
terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o
arco nas nuvens. Então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós,
e entre toda a alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em
dilúvio para destruir toda a carne. E estará o arco nas nuvens, e eu o verei,
para me lembrar da aliança eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a
carne, que está sobre a terra. E disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança
que tenho estabelecido entre mim e entre toda a carne, que está sobre a terra.”
(Gn 9.12-17).
Vem
a questão: por que o Eterno fez questão de mudar as leis da natureza só para se
lembrar desta aliança que Ele fez com Noé? Porque não existe nada que traga
mais satisfação ao Eterno que manifestar Sua graça. E durante os cem anos que
Noé gastou para construir a arca, o Eterno teve como manifestar Sua graça
àquela geração perdida:
o “Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR.” (Gn 6.8).
Infelizmente,
durante todos estes cem anos o povo recusou esta generosa oferta, a começar
pelos crentes que, ao invés de darem lugar para a transformação do Eterno a
partir de suas vidas, persistiram em orar em prol do fim do mundo (Gn 6.13).
Em
outras palavras, o arco-íris representa a graça do Eterno, a qual constitui a
essência da Sua glória:
o “Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva,
assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da
glória do SENHOR; e, vendo isto, caí sobre o meu rosto, e ouvi a voz de
quem falava.” (Ez 1.28).
O
arco-íris é uma promessa confortante em meio aos anúncios de julgamento a vir
(representado pelos relâmpagos, vozes e trovões – Ap 4.5).
E
este arco-íris que rodeia o trono do Eterno tem uma vantagem adicional: ele é
completo, enquanto que o nosso arco-íris se mostra pela metade acima das nuvens
do céu. Em outras palavras: enquanto nosso arco-íris é um consolo parcial (o
mundo não será destruído por água, mas acabará em fogo), o arco-íris ao redor
do trono representa consolo pleno para quem se achega ao trono da graça (Hb
4.16). O tal estará protegido (rodeado) por todos os lados pela misericórdia do
Eterno e ninguém poderá arrebatá-lo de Suas mãos (Jo 10.28,29).
E
o objetivo desta misericórdia do Eterno é nos estimular a temê-Lo (Sl 130.4).
Note que não é o medo da punição que nos leva a temer o Eterno; antes é Seu
amor que nos constrange (2Co 5.14; 1Jo 4.18).
Lembre-se
que é a graça do Eterno que, no final, triunfa sobre o julgamento (Tg 2:13), e
não a Sua ira (e muito menos a ira do homem – Tg 1.20). Daí o trono inteiro
estar rodeado (no plano horizontal) pelo arco-íris: para fixar a distância
entre Ele e aqueles que tentam chegar perto Dele. Só consegue chegar no Eterno
quem é capaz de penetrar na Sua graça, a saber, quem é trazido por Jesus até
Ele (Mt 11.27; Jo 6.44,45).
Outro
aspecto importante a ser observado é a semelhança do arco-íris com a esmeralda.
O verde representa a esperança de uma nova vida:
o “Sua carne se reverdecerá mais do que era na mocidade, e tornará
aos dias da sua juventude.” (Jó 33.25).
o “Aquele que confia nas suas riquezas cairá, mas os justos
reverdecerão como a folhagem.” (Provérbios 11.28).
Vem
a questão: como este arco-íris surge ao redor do trono?
Quando
o Sol da Justiça (Jesus – Ml 4.2; Lc 1.78) brilha após as águas do Seu
julgamento serem derramadas, então aparece então o sinal e significado da Sua
graça e glória (o arco-íris semelhante a esmeralda). E do que é constituído o
Sol da Justiça? Da verdade pura e santa (jaspe) mais o sacrifício para livrar
da ira aqueles que creem (sárdio).
Jaspe
era:
·
A
última pedra no peitoral do sumo-sacerdote (Êx 28.20; 39.13);
·
O
primeiro fundamento da Nova Jerusalém (Ap 21.19).
·
Pedra
preciosíssima como cristal resplandecente (Ap 21.11).
Sárdio era:
·
A
primeira pedra no peitoral do sumo-sacerdote (Êx 28.17; 39.10);
·
O
sexto fundamento da Nova Jerusalém (Ap 21.20).
·
Pedra
preciosa vermelha cor de sangue.
Sárdio
representa a fúria sangrenta da ira do Eterno por causa do pecado, bem como o
sacrifício necessário para expurgá-lo, a saber, o sangue de Cristo.
Jaspe
representa a luz da verdade que liberta do pecado e nos livra da ira vindoura
(Jo 8.32; 1Ts 1.10).
·
Quando
o indivíduo recebe a verdade dentro de si (Jo 1.12) e aceita em sua vida o
sacrifício que Jesus fez pelos pecados seus e daqueles que estão á sua volta, ele
é livre da ira do Eterno e toma conhecimento da aliança que o Eterno fez
consigo (Salmo 25.14).
·
Quando
o indivíduo rejeita a verdade e tenta se sacrificar para ter direitos (seja
nesta vida ou na vindoura), ele é levada pela ira do Eterno rumo ao abismo eterno.
Tal
como Noé, cada um teu o seu próprio arco-íris (sua intimidade, segredo,
concerto com o Eterno). Mas ele só aparecerá na nossa vida após passarmos pela
tentação (1Co 10.13) da tormenta e tempestade (Na 1.3) sem abrir mão da verdade
sagrada.
Quando
vencermos nossos olhos verão o Eterno (tal como se deu com Jó – Jó 42.5) e a
verdadeira glória sendo revelada em nós (Rm 8.19-22; 2Co 4.10,11) por meio do
consolo recebido na tempestade (2Co 1.3-6).
Note
que o Eterno não é descrito aqui com traços humanos, mas como metáforas que
ressaltam o brilho transcendental da Sua glória e Seu efeito na vida de todos
aqueles que permanecem crendo enquanto passam pela tribulação.
VINTE E QUATRO ANCIÃOS
o “Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados
neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas
de ouro.” (Ap 4.4).
o
Características
dos vinte e quatro anciãos:
o Estão vestidos de branco -> As vestes
brancas são algo intimamente relacionado aos seguidores do Eterno (Ap 3.4-5; 6.11;
7.9; 19.8,14) (Sua Noiva), a qual representa os atos de justiça dos santos (Ap
19.8). Trata-se daqueles que conseguiram ser alvo da justiça do Eterno (por
meio da Sua Igreja – Mt 5.6,10-12; 1Pe 2.18-21; 4.12-19) ao invés de precisarem
ser disciplinados pelo mundo (1Pe 2.20; 4.15). Detalhe: só se veste alguém que
está sem a roupagem de justiça do mundo (ou seja, está sendo vítima de
injustiça).
o Com coroas de ouro sobre suas cabeças
-> Estas coroas não foram conquistas deles, mas dadas a eles pelo Eterno:
o
“Desde agora, a coroa
da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia;
e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” (2Tm 4.8).
Eles receberam estas coroas porque
conseguiram alcançar a vitória a eles proposta (ver Hb 12.1). São de ouro porque
eles não venceram pela própria força, mas pelo Espírito do Eterno (Zc 4.6). Daí
ser incorruptível (1Co 9.25).
o Assentados em tronos -> Ou seja, eles
têm autoridade para julgar. As coroas, aqui, não são para reinar, mas para
testificar que eles têm competência para julgar com retidão.
Que
fique claro: Jesus é o Rei dos reis e Juiz dos Juízes. Os vinte e quatro anciãos
compõem o júri que irá participar do veredito do Eterno. Eles estão ao redor do
trono, de costas para o mesmo, logo após os animais e as sete tochas de fogo,
olhando para aqueles que estão sendo julgados.
Eles
são os que melhor conheceram os caminhos do Eterno, vindo a entrar mais
intimamente no seu descanso (Sl 95.11; Hb 3.11; 4.3,5). Agora podem contemplar
o Eterno sem nenhuma nuvem para embaçar a visão (tal como acontecia com o
sumo-sacerdote ao entrar no Santo dos Santos – Lv 16.12,13). Eles são mais que
juízes: são amigos do Eterno:
o “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o
seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai
vos tenho feito conhecer.” (Jo 15.15).
Mas,
quem são estes anciãos? São representantes da Igreja. Afinal:
o Eles são reis (têm coroa) e sacerdotes
(possuem harpa e salvas de ouro cheias de incenso – Ap 5.8), , algo que condiz
com a Igreja (Ap 1.6; 5.10; 1Pe 2.9).
o Eles têm coroa, a qual é prometida aos
vencedores que compõem a Igreja (Rev 2:10; 3:11; 1 Cor 9:25; 1 Thess 2:19; 2
Tim 4:8; Jas 1:12; 1 Pet 5:4). Anjo não usa coroa de rei (eles são conservos da
Igreja – Hb 1.14; 19.10; 22.9), muito menos de vencedores (já que eles nunca
foram maculados pelo pecado).
o O termo ancião (presbítero) era usado
para designar os líderes da Israel no Testamento da Lei e os supervisores da
Oholyao no Testamento do Favor do Eterno (Tg 5.14; 1Pe 5.1; At 15.2; 20.17; 1Tm
3.1-7; Tt 1.5-9). A nível celestial, apenas o Eterno recebe também este título
(Dn 7.9,13,22) ou é visto como tendo tal característica (Dn 7.9; Ap 1.14).
Logo, os anciãos são indivíduos que
sentem o peso da idade (as mudanças de saúde e vigor), bem como são
identificados fisicamente com sua sabedoria e experiência (ver Jó 32.7), algo
que é próprio exclusivamente dos seres humanos. O Eterno se apresenta com esta
aparência porque nos fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1.25,26) e faz questão
de mostrar em Si a maturidade à qual todos devemos chegar.
o O que eles recebem do Eterno têm haver
com as promessas dadas à Igreja:
o
“Nada temas das coisas
que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que
sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e
dar-te-ei a coroa da vida.” (Ap 2.10).
o
“E ao que vencer, e
guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e
com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como
também recebi de meu Pai.” (Ap 2.26).
o
“O que vencer será
vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do
livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus
anjos.” (Ap 3.5).
o
“Ao que vencer lhe
concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me
assentei com meu Pai no seu trono.” (Ap 3.21).
o Os indivíduos são condenados ou salvos ao
olhar para a Igreja (ajunte estes versículos 2Co 10.3-6; Ef 3.8-10; Hb 12.1),
tal como se dará com todos os que comparecem no tribunal de Cristo ao olhar
para os anciãos.
Além
disto, eles sempre são vistos louvando o Eterno (não é em vão que muitos
associam o número vinte e quatro ao número de turmas em que foi dividido o
sacerdócio – 1Cr 24.7-18):
o “Os vinte e quatro anciãos prostravam-se
diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o
sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo:” (Apocalipse
4.10).
o
“E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro
anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e
salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.”
(Apocalipse 5.8)
o
“E os quatro animais diziam: Amém. E os vinte e quatro anciãos prostraram-se,
e adoraram ao que vive para todo o sempre.” (Apocalipse 5.14)
o
“E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos
diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus,”
(Apocalipse 11.16).
o “E os vinte e quatro anciãos, e os quatro
animais, prostraram-se e adoraram a Deus, que estava assentado no trono,
dizendo: Amém. Aleluia!” (Apocalipse 19.4).
Mas
afinal, qual a identidade destes vinte e quatro anciãos? De acordo com esta
descrição, há dois grupos que se encaixam nesta categoria:
·
as
doze tribos de Israel, já que inicialmente o Eterno expressou Seu desejo de
fazer deles reis e sacerdotes (Êx 19.6). Como bem sabemos, os dons e a vocação
de Deus são irrevogáveis (Rm 11.29). Tanto que o nome das doze tribos de Israel
está escrito nas doze portas de Nova Jerusalém (Ap 21.12).
·
os
doze apóstolos (Ap 1.6; 5.10) que constituem fundamento da Nova Jerusalém (Ap
21.14).
Junto
eles totalizam vinte e quatro anciãos.
Que
os doze apóstolos compõem o grupo de anciãos, basta ver a promessa de Cristo:
o “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo
que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar
no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar
as doze tribos de Israel.” (Mt 19.28).
Mas,
e quanto aos anciãos referente a Israel?
Embora
vários servos do Eterno se destacaram no Testamento da Lei, apenas doze recebem
o selo do Eterno (Seu nome (Ap 14.1) ou Seu Espírito (Ef 1.13)):
1.
Enoque
– O Eterno o tomou para si (Gn 5.24);
2.
Elias
– O Eterno o tomou (2Rs 2.3,5);
3.
Abraão
– O Eterno usa o nome dele para assinar o Seu (Êx 3.15);
4.
Isaque
– O Eterno usa o nome dele para assinar o Seu (Êx 3.15);
5.
Jacó
– O Eterno usa o nome dele para assinar o Seu (Êx 3.15);
6.
Moisés
– O Eterno usa o nome dele como exemplo do que é se colocar diante Dele (Jr
15.1);
7.
Samuel
– O Eterno usa o nome dele como exemplo do que é se colocar diante Dele (Jr
15.1);
8.
Noé
– O Eterno usa o nome dele como exemplo de justiça (Ez 14.14,20);
9.
Daniel
– O Eterno usa o nome dele como exemplo de justiça (Ez 14.14,20);
10. Jó – O Eterno usa o nome dele como
exemplo de justiça (Ez 14.14,20);
11. Josué – O Eterno declarou que ele
possuía o Espírito Santo (Nm 27.18)
12. João Batista – Além de ser cheio do
Espírito Santo desde o ventre (Lc 1.15), depois de Jesus foi o maior homem
nascido de mulher (Mt 11.11; Lc 7.28).
Talvez
você questione: mas há também Davi. Depois de Jesus, é o nome mais citado na
Escritura Sagrada (Sl 51.11; Ez 34.23,24; Os 3.5). No entanto, há um papel especial
para Davi nas profecias.
Juntos
os vinte e quatro anciãos são os escolhidos da Igreja que, por terem tido
contato direto com o Eterno (tendo intimidade com Ele, ouvindo Sua voz e sendo
guiado e usado por Ele), receberam o direito de julgar a Igreja e os que vieram
da Grande Tribulação no tribunal de Cristo.
Para
finalizar, quem vai julgar quem e por que?
o Os doze apóstolos vão julgar as doze
tribos de Israel (tanto que fazem parte da Igreja, quanto os que vieram da
Grande Tribulação). Assim eles poderão ver o que Jesus é capaz de fazer, mesmo
debaixo do regime da lei, quando alguém se entrega de verdade a Ele. O que eles
sabiam acerca da lei era somente a hipocrisia dos líderes religiosos (ver Gl
2.14-20).
o Os doze servos do Eterno do Testamento
da Lei que desejaram ver o que os apóstolos viram e ouvir o que eles ouviram,
mas não puderam (Mt 13.17) julgarão os gentios (tanto que fazem parte da
Igreja, quanto os que vieram da Grande Tribulação).
AS SETE TOCHAS DE FOGO E OS RELÂMPAGOS, VOZES E TROVÕES
o “Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono,
ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.” (Ap 4.5).
Relâmpagos,
vozes e trovões representam ira do Eterno, a qual é suscitada por causa da lei:
o “Porque a lei opera a ira. Porque
onde não há lei também não há transgressão.” (Romanos 4.15).
Note
que a ira procede do trono do Eterno. Ou seja, não somos nós, nem os outros,
que deixamos o Eterno irado. Sua ira procede do Seu plano de conduzir todos à
verdadeira sabedoria. É claro que ele aproveita nossos erros para mostrar o
motivo pelo qual Ele se ira quando Sua lei é transgredida, bem como a razão de
não haver remissão sem derramamento de sangue (Hb 9.22).
Entretanto,
é Sua ira que dá lugar ao pecado na nossa vida, e não o contrário (ver 2Sm
24.1).
Analisemos
os três componentes da ira do Eterno:
1.
Relâmpagos. Isto tem haver com a velocidade
com que a ira do Eterno se manifesta quando a medida dos pecados é atingida (Gn
15.16; Dn 5.26-28; 1Ts 2.16), bem como a luz que isto traz quando Seu juízo é
executado (Is 26.9):
o “E os seres viventes corriam, e
voltavam, à semelhança de um clarão de relâmpago.” (Ezequiel 1.14).
o
“Os carros correrão furiosamente nas ruas, colidirão um contra o
outro nos largos caminhos; o seu aspecto será como o de tochas, correrão
como relâmpagos.” (Naum 2.4).
o “Um fogo vai adiante dele, e abrasa os seus
inimigos em redor. Os seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra viu e
tremeu.” (Sl 97.3,4).
2.
Trovões (símbolo de repreensão). Retrata quão
poderosa é a contenda do Eterno na vida daqueles que decidiram se justificar
com base na lei (Lv 18.5; Ez 20.11,13,21; Rm 10.5).
o “Eis que isto são apenas as orlas dos seus
caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele! Quem, pois, entenderia o
trovão do seu poder?” (Jó 26.14).
o
“Não é hoje a sega do trigo? Clamarei, pois, ao SENHOR, e dará trovões
e chuva; e sabereis e vereis que é grande a vossa maldade, que tendes
feito perante o SENHOR, pedindo para vós um rei.” (I Samuel 12.17).
o
“Os que contendem com o SENHOR serão quebrantados, desde os
céus trovejará sobre eles; o SENHOR julgará as extremidades da terra; e
dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.” (I Samuel 2.10).
o
“Ou tens braço como Deus, ou podes trovejar com voz como ele
o faz?” (Jó 40.9).
o
“Clamaste na angústia, e te livrei; respondi-te no lugar oculto dos
trovões; provei-te nas águas de Meribá. ( Selá. )” (Salmos 81.7).
o “E todo o povo viu os trovões e os
relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso
retirou-se e pôs-se de longe.” (Êx 20.18)
– do lugar oculto dos trovões o Eterno lhes deu o Testamento da Lei para que
eles temessem e optassem por se apegarem ao Eterno. Infelizmente aconteceu o
contrário (Êx 20.19,20; Dt 5.22-27; Hb 12.18-21).
3.
Vozes. São as vozes daqueles que o Eterno uso
para nos repreender, a saber, os profetas. Contudo, quando estes se calam, o
Eterno pode usar pedras e, por que não, um jumento?
o “Por não terem conhecido a este, os que
habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as vozes
dos profetas que se lêem todos os sábados.” (Atos 13.27);
o
“E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem,
as próprias pedras clamarão.” (Lucas 19.40);
o “Os quais, deixando o caminho direito,
erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da
injustiça; mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo jumento,
falando com voz humana, impediu a loucura do profeta.” (2Pe 2.15,16).
As
vozes emitidas a partir do trono saíam velozmente por toda a terra, tal como
faz os elétrons quando se movem de uma nuvem para outra ou em direção à terra:
o atrito dos elétrons com o ar produz luz (relâmpago) e barulho (trovão).
o “O que envia o seu mandamento à terra; a
sua palavra corre velozmente.” (Salmos 147.15)
Quando
o Eterno envia Seu mandamento e Palavra, os profetas saem velozmente
propagando-a, gerando rebuliço (por exemplo, Jr 36.10-17; Am 7.10; At 19.23) e,
ao mesmo tempo, iluminando:
o “E temos, mui firme, a palavra dos
profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em
lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos
corações.” (2Pe 1.19).
Repare
como estes três elementos (vozes, trovões e relâmpagos) estão presentes no
sétimo selo (Ap 8.5), sétima trombeta (Ap 11.19) e sétima taça (Ap 16.18). Ou
seja, isto mostra que estes três fenômenos são uma confirmação do reinado do
Eterno nos selos, trombetas e taças, vindo diretamente Dele (sendo Sua
vontade).
Repare
como a indignação do Eterno é vista na combinação destes quatro elementos:
relâmpagos, vozes, trovões e como tremores (sejam internos ou terremotos):
o “E aconteceu que, ao terceiro dia, ao
amanhecer, houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um
sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no
arraial. E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e
puseram-se ao pé do monte. E todo o monte Sinai fumegava, porque o SENHOR
descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e
todo o monte tremia grandemente. E o sonido da buzina ia crescendo cada
vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta.” (Êx 19.16-19).
o
“SOBRE isto também treme o meu coração, e salta do seu
lugar. Atentamente ouvi a indignação da sua voz, e o sonido que sai da
sua boca. Ele o envia por debaixo de todos os céus, e a sua luz até aos confins
da terra. Depois disto ruge uma voz; ele troveja com a sua voz majestosa; e ele
não os detém quando a sua voz é ouvida. Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente;
faz grandes coisas, que nós não podemos compreender.” (Jó 37.1-5)
o “A voz do teu trovão estava no céu; os
relâmpagos iluminaram o mundo; a terra se abalou e tremeu.”
(Salmos 77.18).
Em síntese:
o
Relâmpagos afetam a visão;
o
Vozes
afetam a audição (e, consequentemente, a fé – Rm 10.17);
o
Trovões
produzem tremor (e, quem sabe, até temor).
Resumindo:
os relâmpagos, vozes e trovões representam a contenda que o Eterno tem com
todos os habitantes da terra:
o “Ouvi a palavra do SENHOR, vós filhos de
Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na
terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus.” (Os 4.1).
No
entanto, como o Eterno não tem prazer na morte do ímpio (Ez 33.11), Ele espera
que nós façamos como ordenado em Ezequiel, tal como fez Finéias:
o “Finéias, filho de Eleazar, o filho de
Arão, sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois foi
zeloso com o meu zelo no meio deles; de modo que, no meu zelo, não consumi os
filhos de Israel. Portanto dize: Eis que lhe dou a minha aliança de paz;” (Nm
25.11,12).
o “E busquei dentre eles um homem que
estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra,
para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei.” (Ez 22.30).
É
justamente aí que entram as sete tochas de fogo. Elas são os sete espíritos do
Eterno (Ap 1.4; 3.1) que estão presentes nos chifres do Cordeiro (Ap 5.6)
percorrendo toda a terra (Zc 3.4; 4.10). Esta não é a primeira vez que o Eterno
se manifesta com fogo (Exodus 3:2) e é comparado com fogo (em Hebreus 12:28-29).
Não podemos esquecer que o Eterno é a luz da Nova Jerusalém (Ap 21.23) e Sua
Palavra é lâmpada para nossos pés e luz para nosso caminho (Sl 119.105).
Estes
sete espíritos querem enviar a Igreja por todo o mundo (At 1.8; Rm 10.14,15) a
fim de ministrarem a salvação de Cristo a quantos há espalhado no mundo.
Aliás,
qual o melhor lugar para colocar estas sete tochas senão no castiçal (que
representa a Igreja – Ap 1.20) a fim de iluminar a todos (Mt 5.14-16) com a luz
do mundo (Jo 8.11,12)? E assim como os querubins em Ezequiel 1.13 se
comportavam como lâmpadas, nós também devemos dar lugar para que o fogo do
juízo divino se mova em nós, resplandecendo Seus mandamentos (fogo da lei – Dt
33.2) e verdade.
Afinal,
não é com força ou violência que venceremos, mas pelo poder do Espírito do
Eterno (Zc 4.6). E a Igreja tem uma vantagem: enquanto os profetas de Israel
(2Pe 1.19) eram representados por um único castiçal (Zc 4.2), a Igreja é
representado por sete castiçais, ou seja, livres para percorrerem o mundo
enchendo a terra da glória do Eterno (Is 11.9; Hc 2.14) em cada circunstância
que lhes vêm. A Igreja, ao invés de temer as circunstâncias, deveria ter prazer
nas mais adversas e complicadas, na esperança de ser usada para mostrar cada
vez sinais mais profundos do Seu poder, amor e perfeição.
E
isto não é tudo! Enquanto o castiçal de Israel estava localizado no lado sul do
tabernáculo (Êx 37.23; 2Cr 4.20) (sendo alvo constante da oposição de Ha-Satan
que queria, a todo custo, se assentar no monte da congregação, aos lados do
norte - Is 14.13), a Igreja está diante do trono do Eterno.
É
uma lástima que, infelizmente, a Igreja tem se deixando prender pelo Sistema
Babilônico que rege este mundo. De tão enraizadas neste mundo, não está
conseguido contemplar as religiões celestiais (o local onde deveríamos estar
passando nossos momentos – Sl 91.1,2; Ef 1.3; 2.6).
É
nisto que consiste a base do julgamento no tribunal de Cristo para sua Igreja (que
é onde isto tudo está se passando – Rm 14.10; 2Co 5.10), a saber, na disposição
(ou falta dela) do indivíduo em ser usado pelo Eterno para salvar as ovelhas
perdidas.
Entenda
a diferença: os ímpios são julgados pelo mal que praticaram; os que comparecem
no tribunal de Cristo, pelo bem que deixaram de fazer.
SÓ PODE CHEGAR AO TRONO DO ETERNO QUEM SE LIMPOU EM SUA PALAVRA E SACIOU SUA SEDE EM SEU ESPÍRITO
o “Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao
cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes
cheios de olhos por diante e por detrás.” (Ap 4.6).
Lembre-se
de que o tabernáculo foi feito como sombra das coisas celestiais (Hb 8.5). A
pia de bronze era uma alusão ao mar semelhante ao vidro que há no céu. Ela era
usada para purificação física dos sacerdotes, sendo o lugar onde eles lavavam
as mãos e os pés (Êx 30.18,19).
Entretanto,
é importante que seja feita uma diferença:
o “Mas quando apareceu a benignidade e amor
de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que
houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração
e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós
por Jesus Cristo nosso Salvador;” (Tt 3.4-6).
Uma
coisa é a lavagem da regeneração, a qual é feita por meio do sangue de Cristo.
Não é desta lavagem que está sendo tratada. Afinal, quem entrava no tabernáculo
era um sacerdote, ou seja, alguém não só autorizado, mas até obrigado a exercer
o serviço sagrado dos vinte e cinco até os cinquenta anos (Nm 8.24,25). Além do
mais, a purificação dos pecados do sacerdote era feita pelo sangue dos animais.
Sem
contar que, no céu, só entra quem já foi regenerado através do sangue de Cristo.
Note
também que, enquanto a pia de bronze ficava no pátio do tabernáculo para limpar
fisicamente, o mar do vidro fica diante do trono (equivalente ao Santo dos
Santos) para purificação da consciência.
Trata-se
da lavagem da renovação feita por meio da Palavra do Eterno:
o “Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado
não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós
estais limpos, mas não todos.” (Jo 13.10).
o Vós já estais limpos, pela palavra que vos
tenho falado (Jo 15.2).
Afinal,
todos que comparecem diante do tribunal de Cristo, apesar de serem fiéis
seguidores do Eterno, estarão com uma série de dúvidas acerca do que passaram
neste mundo. Enquanto prestando contas, eles estarão no mar de vidro com vistas
a ter a consciência purificada.
Enquanto
a água da pia de bronze sujava à medida que os sacerdotes se lavavam, o mar de
vidro conservava sua pureza. Enquanto as muitas águas em cima das quais a
grande meretriz estava assentada (Ap 17.15) são como mar bravo impossível de
aquietar e que lança de si lama e lodo (Is 57.19-21), as águas vindas do Rio da
Água da Vida (Ap 22.1) são quietas e trazem apenas paz, alegria e tranquilidade
para as mentes ainda perturbadas pela lei (a qual suscita a ira – Rm 4.15).
Enquanto
a meretriz está assentada sobre um povo misto (multidões, povos, nações e
línguas), sujo, perturbado (Ap 17.15), o trono do Eterno está apoiado em um corpo
puro e firme (por descansar e esperar Nele – Sl 37.7).
Note
que a Igreja:
o
é o
trono que confirma o reinado do Eterno, a saber, Sua justiça, amor,
misericórdia, verdade e juízo;
o
é o
“mar de vidro” que sai de dentro dela (Jo 4.14,15; 7.37,39), já que é através
da Igreja que o Espírito do Eterno usa Sua Palavra para purificar os que vieram
da Grande Tribulação;
o
é o
castiçal de ouro que, sendo um com as sete tochas (1Co 6.17), se identifica tão
harmoniosamente com a luz do mundo (Jo 8.12; 9.5) que acaba, ela mesma sendo a
manifestação da luz do amor (1Jo 1.7) e verdade para o mundo (Mt 5.14-16). A
Igreja é coluna e baluarte da verdade (1Tm 3.14).
Enfim,
esta coisa parecendo mar de vidro tem haver com a purificação dos que nele
estão em pé. Aqui João vê apenas o “mar de vidro”. Em apocalipse 22.1, João vê
o Rio de Vida fluindo do trono do Eterno:
o “E mostrou-me o rio puro da água da vida,
claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.” (Ap 22.1).
Ou
seja, o “mar de vidro” seria como que o lugar por onde o Rio de Vida flui do
trono, gerando uma imensa poça ao redor do trono, de modo que todos que estão
defronte do trono, inicialmente paravam em suas margens e, então, iam aos
poucos entrando nele para serem purificados (isto lembra Ez 47.3-5).
E
como sabemos, a Água Viva representa a Palavra de Jesus e o Espírito Santo que
confirma esta palavra:
o “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como
também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a
santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,” (Ef 5.25,26).
o “E no último dia, o grande dia da festa,
Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.
Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu
ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem;
porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido
glorificado.” (Jo 7.37-39).
O
firmamento que Ezequiel, bem como Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos
anciãos de Israel viram foi este “mar de vidro” (o qual tem haver com o juízo e
justiça quem compõem a base do Reino do Eterno - Salmos
97:2):
o “E sobre as cabeças dos seres viventes
havia uma semelhança de firmamento, com a aparência de cristal terrível,
estendido por cima, sobre as suas cabeças.” (Ez 1.22).
o “E viram o Deus de Israel, e debaixo de
seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira, que se parecia com
o céu na sua claridade.” (Êx 24.10 - ACF).
Vem
a questão: mas afinal, porque é usado a expressão “mar de vidro semelhante ao
cristal”?
Embora
o que João viu seja como uma poça d’água que está diante do trono de todos os
lados, a mente do Espírito do Eterno (Rm 11.33,34; 1Co 2.10,11,14,16), Sua
Palavra (amor – 1Jo 5.3; Ef 3.19) e Sua Igreja (1Co 2.15) são insondáveis de
tão profundos que são. Daí a palavra “mar”.
O
vidro é caracterizado pela sua transparência (ver Ap 21.22) e o cristal, pela
sua capacidade de resplandecer (brilhar intensamente, refletindo a luz). Ou
seja, o mar de vidro, ao mesmo tempo que refletia perfeitamente a Luz da
Verdade, ele também era perfeitamente transparente, sendo possível ver todo o
seu interior.
É
exatamente assim que o Espírito de Jesus, Sua Palavra (amor) e Sua Igreja são:
ao mesmo tempo que eles refletem toda a glória do Eterno externamente (sem
reter nada), eles são totalmente transparentes a ponto de quem desejar possa
ver tudo que a glória do Eterno opera no interior deles (a saber, o testemunho
de Cristo – 1Jo 5.7-12).
Enfim,
“mar de vidro semelhante a cristal” mostra o quanto o Espírito de Jesus, Sua
Palavra (amor) e Igreja estão abertos para todos quantos desejam ver a verdade
operando externa e internamente, bem como em experimentá-la interiormente
limpando e libertando (Jo 8.32).
É
neste “mar de vidro” que são purificados judeus (Ap 15.2) e gentios (Ap 7.9)
que morreram naturalmente na Grande Tribulação.
OS QUATRO EVANGELHOS QUE MANTÊM O TRONO DO ETERNO
o “O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante
a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é
semelhante à águia quando está voando.” (Ap 4.7).
A
primeira coisa a ser notada é a aparência dos quatro seres viventes. Comparemos
com o que viu Ezequiel (Ez 1:10; 10.14):
Em Apocalipse 4.7 |
Em Ezequiel 1.10 |
Em Ezequiel 10.14 |
Semelhante
a leão. |
Tem
rosto de leão, o qual fica à direita. |
Este
é o rosto do terceiro ser vivente. |
Semelhante
a novilho. |
Tinha
rosto de boi, qual fica à esquerda. |
O
rosto do 1º ser era de querubim. Aliás, aqui os seres são chamados de
querubins (Ez 10.20). |
Tem
rosto como de homem. |
Todos
os rostos eram semelhantes ao de homem. |
Este
é o rosto do segundo ser vivente. |
Semelhante
à águia voando. |
Tinham
rosto de águia. |
Este
é o rosto do quarto ser vivente. |
Em
Ez 1.5, todos os quatro querubins eram semelhantes a homem (inclusive o rosto).
Ou seja, embora três das faces fosse de leão, boi e águia, elas eram capazes de
expressar emoções (por exemplo, rir) tão bem quanto um ser humano.
Já
em Ez 10.14, dá a entender que cada ser vivente tinha quatro rostos iguais.
Quanto
aos quatro animais, eis o significado deles:
Animal |
Significado |
Evangelho que retrata isto |
Leão. |
Indica
Jesus como Rei dos reis. |
Mateus.
|
Boi. |
Indica
Jesus como o Servo fiel em toda a casa do Pai. |
Marcos. |
Homem. |
Indica
Jesus como o Homem perfeito. |
Lucas. |
Águia
voando. |
Indica
Jesus como Deus Eterno que veio do céu e volta ao céu. |
João. |
A
razão de ser usado estes quatro animais deve-se ao fato de eles serem os mais
proeminentes em sua esfera de ação:
LEÃO
O
leão é o animal que melhor expressa as características que um rei deve ter:
1.
Ele
não pode temer fazer justiça diante do ímpio (Pv 24.23-25; 25.26; 28.21).
Sempre deve ter bom ânimo para guardar toda a palavra do Eterno (Js 1.6-9).
o “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos
são ousados como um leão.” (Pv 28.1).
o “O leão, o mais forte entre os animais, que não foge de
nada;” (Pv 30.30).
2.
Ele
deve servir de exemplo e respeito para todos (ver 1Tm 4.12; Tt 2.15). Afinal, o
leão é o que melhor tem acesso entre os animais selvagens. Seu rugido é
respeitado por todos, tal como o bramido do Eterno:
o “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor DEUS, quem não
profetizará?” (Am 3.8).
o
“E o SENHOR bramará
de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão,
mas o SENHOR será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel.”
(Jl 3.16).
3.
Como
bom soldado de Jesus, não pode se deixar prender por nada:
o
“Judá é um leãozinho,
da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um
leão velho; quem o despertará? O cetro não se arredará de Judá, nem o
legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os
povos.” (Gn 49.9.10).
o “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus
Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de
agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é
coroado se não militar legitimamente.” (2Tm 2.3-5).
O
leão expressa a força e coragem que o ministro de Cristo deve ter, a ponto de
levar a cabo toda a vontade do Eterno para si e para os que o Eterno lhe
confiou. Ele deve ser ousado para sofrer todas as aflições dos irmãos como bom
soldado de Jesus, sem jamais abandonar Jesus e os princípios da Escritura
Sagrada.
BOI
O
boi é o animal que melhor expressa as qualidades que um servo deve ter. Ele
dever ser firme, paciente, forte:
o “Não havendo bois o estábulo fica limpo, mas pela força do boi há
abundância de colheita.” (Pv 14.4).
Tal
como o boi trilha o trigo, os servos de Cristo devem trilhar a semente da
palavra do Eterno, de modo que ela seja sempre agradável e temperada com o sal
da aliança do Eterno (ver Lv 2.3):
o “Não atarás a boca ao boi, quando trilhar.” (Deuteronômio 25.4).
o
“Porque na lei de
Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem
Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós
está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve
debulhar com esperança de ser participante.” (1Co 9.9,10).
o “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de
duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina;
porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o
obreiro do seu salário.” (1Tm 5.17,18).
O
objetivo do estudo da Escritura Sagrada é estimular cada um a buscar enxergar a
aliança que o Eterno fez consigo (Sl 25.14) e a conquistar o que realmente é necessário
ao seu espírito.
Daí
ser necessário ao ministro do Eterno saber manejar a Escritura Sagrada
corretamente:
o “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2Tm 2.15).
Sobretudo,
ele deve suportar as debilidades dos fracos (Rm 14.1; 15.1) com mansidão e
temor (em incansável paciência e submissão):
o “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus
lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade,” (II Timóteo 2.25).
o
“Por isso, rejeitando
toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em
vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas.” (Tiago 1.21).
o “Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai
sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir
a razão da esperança que há em vós,” (I Pedro 3.15)
HOMEM
O
ser humano é o que melhor expressa sabedoria e inteligência, bem como a imagem
e semelhança do Eterno:
o “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre
o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e
enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves
dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gn 1.26-28).
Seu
papel é gerar filhos cheios do fruto do Espírito do Eterno a fim de que,
juntos, possam sujeitar (com compaixão e prudência) toda terra ao domínio do
Eterno e enchê-la toda da glória Dele (Is 11.9; Hc 2.14).
ÁGUIA
A
águia, como rainha das aves, é a que voa mais alto (Jó 39.27; Jr 49.16) e rápido (2Sm 1.23; Jr
4.13; Lm 4.19).
É
o melhor animal para nos lembrar de atividade e vigor, bem como o cuidado
maternal que o ministro do Eterno deve ter para com aqueles que Jesus lhe
confiou.
o “Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas
de águias, e vos trouxe a mim;” (Êx 19.4).
o
“Como a águia desperta
a sua ninhada, move-se sobre os seus filhos, estende as suas asas, toma-os, e
os leva sobre as suas asas, assim só o SENHOR o guiou; e não havia com ele deus
estranho.” (Dt 32.11,12).
o
“Guarda-me como à
menina do olho; esconde-me debaixo da sombra das tuas asas,” (Sl 17.8).
o “Porque tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das tuas asas
me regozijarei.” (Sl 63.7).
O
verdadeiro ministro do Eterno, ao invés de ser um peso na vida dos irmãos, lhes
alivia:
o “E não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda
que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados; antes fomos brandos
entre vós, como a ama que cria seus filhos. Assim nós, sendo-vos tão
afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de
Deus, mas ainda as nossas próprias almas; porquanto nos éreis muito queridos.”
(1Ts 2.6-8).
o “Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco, e
não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas sim a vós: porque
não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais para os filhos. Eu de
muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que,
amando-vos cada vez mais, seja menos amado.” (2Co 12.14,15).
Ele
deve conduzir os irmãos àquilo que eles realmente precisam, tal como Débora acolheu
Israel como seu filhos e conquistou a vitória sua e deles:
o “Cessaram as aldeias em Israel, cessaram; até que eu, Débora, me
levantei, por mãe em Israel me levantei.” (Juízes 5.7).
o “Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas.”
(Salmo 23.2).
Estes
quatro seres viventes retratam como é o governo do Eterno: enérgico e ousado,
mas manso e repleto de compaixão e serviço humilde; espiritual e rápido na
execução (como o voo desimpedido da águia), manifestando o cuidado zeloso do
Eterno pelos Seus filhos (Lc 18.8), mas também físico, sem desrespeitar os
limites que Ele estabeleceu para o homem ou mesmo para toda a natureza. Mas
sobretudo, o governo do Eterno manifesta a perfeita imagem e semelhança Dele.
Por
isto é que, na visão de Ezequiel (Ez 1.10), os rostos aparecem distribuídos da
seguinte forma:
o
Leão
à direita e boi à esquerda -> Retrata Jesus como o servo humilde e perfeito
que se sujeitou a toda a lei que Ele estabeleceu como Rei dos reis;
o
Águia
e homem -> Retrata Jesus como o Deus único e verdadeiro que foi tentado em
todas as coisas como qualquer ser humano, mas sem pecar (Hb 4.15); pelo
contrário: Ele, condenou o pecado em Sua carne (Rm 8.3,4).
A
Escritura Sagrada associa face com indivíduos (1Cr 12.8; 2Cr 29.6; Is 3.15;
13.8). Considerando que os querubins em Ezequiel tinha quatro faces, logo isto
significa que, espiritualmente, um ser é capaz de ter mais de uma identidade.
Aliás,
cada membro da Igreja deve saber equilibrar as quatro virtudes de Cristo em si:
·
Como
reis (Gn 1.28; Ap 1.6; 5.10) devemos julgar retamente os fatos e espíritos
(1João 4.1) e conduzir todos pelo caminho certo rumo à justiça eterna.
Sobretudo, devemos reinar sobre o pecado (Rm 5.17)
·
Como
servos do Eterno devemos nos entregar ao trabalho que Ele confiou a nós de
corpo, alma e espírito, com todas as nossas forças, nem mais, nem menos (Ec
9.10; Fp 2.14,15; 1Pe 4.10,11), servindo com mansidão e temor (1Pe 3.15);
·
Como
homens devemos nos identificar com aqueles que o Eterno nos dá (tal como Ele se
fez carne pecaminosa para nos salvar – Rm 8.3,4; 2Co 5.21). Devemos ser homens
de verdade (Êx 18.21; Mc 12.14);
·
Como
sacerdotes, filhos do Eterno em Cristo, carregamos em nós Sua imagem e
semelhança (Gn 1.25,26), cabendo a nós servir para que aqueles que nos cercam
vejam as regiões celestiais. Devemos ser indivíduos espirituais vivendo as
verdades sagradas na carne, sempre sendo o templo em que o Eterno possa ser
visto (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16).
Os
quatro seres viventes também lembram a forma como as tribos de Israel se
organizavam em volta do tabernáculo (lembrando que quatro também lembra os
quatro cantos da terra ou de qualquer outro objeto). Como os filhos de Levi
eram responsáveis pela guarda do santuário e por ministrarem na tenda da
congregação, eles ficavam ao redor dele (Nm 3.7,8), da seguinte forma:
o ao oriente (diante do tabernáculo) ->
Moisés, Arão e seus filhos (Nm 3.38).
o ao sul -> coatitas (Nm 3.29);
o ao ocidente -> gersonitas (Nm 3.23);
o
ao
norte -> meraritas (Nm 3.35).
Ao
redor deles todo o povo de Israel se posicionava da seguinte forma:
o ao oriente -> Judá, Issacar e Zebulom
(Nm 2.3-7);
o ao sul -> Rúben, Simão e Gade (Nm
2.10-14);
o ao ocidente -> Efraim, Manassés e
Benjamim (Nm 2.18-22);
o ao norte -> Dã, Aser e Naftali (Nm
2.25-29).
O
detalhe é que:
o ao oriente (frente), considerando que é
por aí que o homem no tabernáculo, é bem provável que o rosto de homem se
encontra nesta posição;
o ao sul (direita) , de acordo com
Ezequiel, estava o animal com rosto de
leão;
o ao ocidente (fundo), considerando que é
no mais interior do tabernáculo (no seu fundo) que o Eterno ministra, logo é
bem provável que o rosto de águia esteja nesta posição.
o ao norte (esquerda), de acordo com
Ezequiel, estava o animal com rosto de boi;
Esquematizando,
fica assim:
POSIÇÃO |
FAMÍLIA DE LEVI |
TRIBOS DE ISRAEL |
ROSTO |
Oriente. |
Moisés,
Arão e seus filhos. |
Judá,
Issacar e Zebulom. |
Homem. |
Sul. |
Coatitas. |
Rúben,
Simão e Gade. |
Leão. |
Ocidente. |
Gersonitas. |
Efraim,
Manassés e Benjamim. |
Águia. |
Norte. |
Meraritas. |
Dã,
Aser e Naftali |
Boi. |
Assim
como Israel estava ao redor do tabernáculo para protegê-lo, os quatro seres viventes
aqui fazem o mesmo papel.
Embora
estes seres viventes sejam os mesmos de Ez 1, Ez 10 e Is 6, em cada uma destas
passagens eles executam papéis diferentes. Daí eles assumirem formas diferentes
(ou seja, serem seres metamórficos). E não é de admirar, já que o próprio
Ha-Satan, que era querubim (Ez 28.14), é capaz de se transformar até em anjo de
luz (2Co 11.13-15). Além disto, veja os querubins assumindo alguns papéis:
o
Eles
são vistos em companhia de uma espada flamejante colocada na entrada do jardim
do Éden (Gênesis 3.24);
o
O
Eterno tinha comunhão com Seu povo de entre os querubins, os quais tinham duas
asas (Êx 25.22);
o
O
Eterno é o pastor de Israel que mora entre os querubins (Sl 80.1).
Em
Ezequiel os querubins estão junto às rodas do trono (Ez 1.15; 10.9; Dn 7.9)
movendo-as. Como estas rodas estão na terra, daí o Eterno dizer que o céu é o
trono Dele e a terra o estrado dos seus pés (Is 66.1).
Daí
também ser dito que o Eterno monta sobre querubins (2 Samuel 22:11; Sl 18.10). Aliás, os anjos como um
todo são os carros do Eterno (Sl 68.17), o meio de transporte usado por Ele, já
que o Eterno faz, de Seus anjos, ventos (Hb 1.7).
Já
em Isaías, os querubins são chamados de serafins e o papel deles é coroar o
Eterno de beleza e glória. Daí estarem voando em cima do trono. No entanto,
aqui eles são vistos com pés e rostos cobertos, pois o evangelho estará coberto
a Israel até a volta de Cristo para instituir o milênio (Is 6.9-12; Mt
13.13-15; Zc 12.10-14), de modo que a verdade não será pregada entre eles (Is
52.7; 61.1) e, mesmo se for, eles não vão enxergá-la.
Em outras palavras, como Isaías ia ser usado
como sinal profético a Israel (Is 8.3; 20.2-5), ele não vê os rostos e pés do
“evangelho” para profetizar a rejeição do Messias por Israel.
Já
aqui em Apocalipse os seres viventes estão no meio do trono e à volta do trono.
Ou seja, eles estavam sobrevoando o trono no centro do trono (com relação à sua
altura) e girando ao redor dele.
A
função deles aqui é manifestar a verdade do Eterno e Sua glória, de modo que
todos vejam, de todos os ângulos, o motivo pelo qual estão sendo julgados.
Para
ser mais exato: uma vez que os quatro seres viventes representam os quatro
evangelhos:
o
Em
Ezequiel os evangelhos transportam a majestade e soberania do Eterno por todo o
mundo. Aqui são quatro asas porque elas representam a glória do Eterno saindo
do templo e de Jerusalém e indo por todo este mundo (Ez 11.22,23);
o
Em
Isaías os evangelhos manifestam quem o Eterno é, a saber, Aquele que, com a
brasa viva tirada do altar da oração, purifica os Seus (Is 6.6,7). É exatamente
isto que Jesus e Seu evangelho faz por nós. Aqui os querubins têm seis asas
porque a identidade de quem o Eterno é, bem como os pés formosos do que
anunciam a paz estão encobertos (Is 52.7; Rm 10.15);
Isto
nos ensina que, embora sejamos purificados pela vida de Cristo em nós (1Jo
1.7), esta purificação só se efetiva quando intercedemos pelos irmãos (Ez
22.30; Jr 5.1), ou seja, quando nos dispomos nas mãos do Eterno para
comunicarmos aos outros o evangelho que cremos (Sl 116.10; 2Co 4.13; Rm 10.6-10),
de modo que seus “pés” possam ser limpos (Jo 13.14).
o
Em
Apocalipse os evangelhos protegem a santidade e justiça do Eterno mostrando a
todos o significado de tudo que cada um passou aqui na terra, bem como
mostrando o motivo pelo qual muitos foram ou não salvos. Aqui os que estão
sendo julgados estão vendo o caráter do evangelho (rosto) e o quanto ele foi
pregado mundo afora (Mt 24.13).
Note
que, embora os anjos sejam servos da Igreja, os quatro seres viventes ficam
mais perto do trono que os vinte e quatro anciãos. Isto porque, quem mais serve
ao Eterno, mais próximo fica Dele. Isto é bem compreensível já que o Eterno,
sendo rei, é quem mais serve. Basta pensar que é Ele quem alimenta toda a
criação (veja isto em Jó 38 e 39).
Além
disto, não podemos esquecer o que disse Jesus:
o “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo
que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus.”
(Mateus 18.10).
Em
outras palavras, estes anjos são os anjos dos pequeninos, a quem aprouve ao
Eterno revelar Seu evangelho:
o “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece
o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o
Filho o quiser revelar.” (Mateus 11.27).
Enfim,
estes anjos especiais retratam o aquilo que o Eterno veio manifestar ao mundo em
Sua carne. Ao fazer isto, Ele se tornou a cabeça de todo principado e potestade
e congregou em Si todas as coisas que há no céu e na terra (Cl 1.15,16; 2.10;
Ef 1.10). Afinal, Ele veio para redimir toda a criação (Rm 8.19-22). E é isto
que vai ser visto no milênio: o prazer de toda criatura em servir o Messias
(ver Is 11.6-8; 65.25; Ez 34.25; Os 2.18).
Logo,
os quatro seres viventes lembram a reconciliação do Eterno com a natureza
(descrita em Is 11:6-8; 65:25; Ez 34:25; Os 2:18).
De
mais a mais, os quatro seres viventes são representantes de toda classe
angelical e, ao mesmo tempo, da criação redimida. Cada um carrega em si algo do
caráter de Cristo e de Sua obra aqui no mundo. Juntos eles representam Jesus, a
Palavra viva que tem poder para nos salvar do pecado e de nós mesmos (Rm 1.17).
A PROPOSTA DO EVANGELHO
o “E os quatro seres viventes, tendo cada um deles,
respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não
têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o
Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.” (Ap 4.8).
Estes seres tem olhos “por diante e por
detrás”. Isto significa que eles podem:
o
voltar
no passado (observar todos os sacrifícios e sombras, predições e promessas do
Testamento da Lei);
o
olhar
para o futuro mostrando o cumprimento de todo o Testamento da Lei em Cristo e
Sua Igreja;
Estes olhos simbolizam vigilância e
vitalidade para olharem o rebanho entregue a eles. Eles olham para si mesmos
(sua doutrina, conversação) para expiar inimigos e perigos, bem como dar
notícia deles às oholyao. Estes olhos também olham para o Eterno em Seu trono e
para o Cordeiro no meio dele, em busca de suprimentos de dádivas e graça, mas
têm olhos atrás para olharem para os vinte e quatro anciãos e aqueles que hão
de ser julgados.
Resumindo:
eles estão cheios de olhos por diante e por detrás, ao redor e por dentro. Logo,
ninguém pode pegar eles de surpresa. Eles estão atentos a tudo que acontece em
volta deles. Não deixa escapar nenhuma oportunidade. Também enxergam
interiormente, ou seja, os membros que os compõem.
A
propósito: o fato de os seres viventes estarem cheios de olhos e se encontrarem
louvando o Eterno mostra que a verdadeira adoração não é algo cego, mas repleto
de sabedoria e conhecimento, tanto interior quanto exteriormente.
Enfim,
estes seres viventes mostrar toda a eficácia do evangelho:
·
trabalha
o passado do indivíduo, de modo que ele possa viver o futuro como se ele fosse
presente;
·
permite
o indivíduo enxergar os problemas no interior da alma e, ao mesmo tempo os
perigos externos;
·
leva
o indivíduo a contemplar o Pai e o Filho, mas sem jamais deixar de atentar para
os indivíduos e o julgamento que está para cair sobre eles;
·
revela
a verdade do Eterno, bem como Sua misericórdia para quem se dispõe a vivê-la e
o juízo para todos quantos a rejeitam.
Perceba
que os seres viventes vivem para proclamar a santidade do Eterno em todas as
eras. Seu papel é conciliar o onipotência do Eterno com Sua santidade. Entenda:
no que cada indivíduo passa por algum tipo de luta, sua tendência é contestar a
bondade do Eterno. Afinal, como um Deus bom pode permitir coisas más? Muitos
enxergam a bondade do Eterno apenas para o futuro. No entanto, o papel dos
quatro seres viventes é mostrar a santidade do Eterno tanto naquilo que vivemos
no passando, quanto naquilo que estamos vivendo e naquilo que ainda está por
vir.
A QUEM NÓS DEVEMOS LOUVAR E COMO
De
um modo geral, estes seres viventes aparecem conduzindo os vinte e quatro
anciãos no louvor e adoração ao Eterno. Há, todavia, um diferencial muito
importante: são estes quatro animais que chamam os quatro cavaleiros do
apocalipse (Ap 6.1,3,5,7) e é um deles que entrega aos sete anjos as sete taças
da cólera do Eterno (Ap 15.7).
Quanto
à adoração promovida por estes seres viventes, isto nos ensina como devemos
louvar o Eterno:
·
De
modo constante e ininterrupto;
·
Unidos
com os irmãos, sem jamais nos dividirmos.;
·
Repleto
de gratidão e amor ao invés de ser frio e formal;
·
Em
mais profunda humildade, reconhecendo nossa real situação espiritual ao invés
de vangloriamos de nossos talentos.
Assim
como os adoradores de Ha-Satan não têm descanso nem de dia, nem de noite (Ap
14.10,11), estes seres viventes também não. A diferença, porém, é que estes
nunca descansam de fazer aquilo que agrada ao Eterno, enquanto que aqueles não
se cansam de fazer e sofrer o mal, atormentar e ser atormentado. Com a desculpa
de que querem alcançar o bem, os adoradores da besta estão sempre fazendo o
mal, já que, sem Jesus, a única forma de alguém receber algo é tirando de
alguém (Provérbios 12.12).
Compare
com o louvor dos serafins:
o “E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR
dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” (Is 6.3).
Aqui
eles louvavam o Eterno por Sua santidade em conduzir cada um dos Seus
exércitos:
o O exército das coisas inanimadas (ver Sl
148.3,4,8);
o O exército dos vasos de ira (Ha-Satan e
seus seguidores – ver Rm 9.22,23)
o O exército dos vasos de honra (os anjos
e os seguidores do Eterno);
o O exército de animais e plantas (Sl
148.7,9,10).
O
detalhe é que, mesmo na época de Isaías, era possível ver a glória do Eterno em
todos os lugares (ver Sl 33.5; 40.5). Tudo dependia de ter bons olhos (ver Mt
6.22,23; Lc 11.33-36; Tt 1.15). Quão dirá hoje que o Eterno é visto como o Deus
Todo-Poderoso!
Talvez
você questione: mas Ele já era visto desta forma! Contudo, havia uma coisa que
o Eterno podia fazer, mas que ninguém conseguia acreditar: transformar vidas.
Foi através do evangelho proclamado que esta verdade se tornou conhecida e mais
aceita. Tanto que, agora, a ênfase do louvor é “aquele que era, que é e que há
de vir”.
Inclusive,
note como esta característica de Jesus (que era, que é e que há de vir) é muito
ressaltada no apocalipse (Ap 1.4,8).
Você
pode questionar: “mas o Eterno é caracterizado pelo que Ele é no presente”. Daí
Ele ser o “Eu sou” (Êx 3.14), o que implica que Ele não muda (não tem o que
mudar, muito menos motivo para isto).
Mas
então, o que os seres viventes estavam louvando? O Eterno “era” significa que Ele
é o mesmo Deus do Testamento da Lei. E o motivo de não dizer “e o que será” é
porque o Eterno não vai ser diferente no futuro, muito menos revelar um novo
tipo de aliança.
Daí
Ele ser exaltado novamente quanto à Sua santidade:
Os
três “santo” aqui se refere a:
o Passado (que era): Aquele que mostrou
Sua misericórdia (Rm 3.25);
o Presente (que é): Aquele que tem
mostrado Sua justiça em Si mesmo;
o Futuro (que há de vir): Aquele que
mostrará Sua majestade.
Detalhe:
santidade é glória coberta e glória é a revelação da santidade.
O EVANGELHO PURIFICADOR E SANTIFICADOR DE DEUS
A
santidade do Eterno é mostrada progressivamente e revela, não só Sua separação
do pecado, mas também o quanto este mantém a criação separada dele. Só Sua
santidade pode nos revelar nosso grau de impureza, a ponto de despertar em nós
o desejo de ser purificado a fim de podermos nos aproximar Dele. Tanto que
Isaías, ao ouvir os serafins proclamando a santidade do Eterno, ficou
amedrontado (Is 6.5).
Talvez
você questione: mas se é assim, porque João não ficou amedrontado. Ele ficou em
Ap 1.17, só que foi purificado, não apenas por uma brasa viva do altar, mas
pelo próprio toque purificador de Jesus (ver Mt 8.2,3). Agora o único
sentimento que podia brotar era o de se prostrar diante do Eterno em profunda
adoração.
Comparemos
o papel dos seres viventes:
·
Em
Isaías 6.6 os serafins são vistos pegando brasas vivas do altar da oração para
purificar os lábios;
·
Em
Ezequiel 1.13 e 10.5,6 vê-se o fogo subindo e descendo por entre os querubins e
brasas de juízo sendo lançadas contra a cidade de Jerusalém (Ez 10.2).
·
Em
Ap 4.6-8 os seres viventes desempenham tanto o papel de querubim (semelhança
expressa em Ap 4.7) como o papel de serafim (semelhança expressa em Ap 7.8).
Isto acontece porque o sacrifício de Jesus manifesta ambos os papéis:
purificação e juízo.
Primeiro
temos a purificação perfeita e completa através da brasas vivas da intercessão
de Jesus, resultante da Sua oferta por nós na cruz do Gólgota (representado
pelo serafim). Depois nós temos o juízo sobre todos que desprezam tal
purificação (representado pelo querubim). O trono do Eterno, que ao mesmo tempo
é o assento da misericórdia, é também o lugar do juízo. E os seres viventes,
tanto veem externamente (para o pecador) como internamente (para o sangue de
Jesus “salpicado” no trono do Eterno).
Note
que os seres viventes, na função de querubim, têm quatro asas, enquanto que, na
função de serafim, seis, o que nos ensina que o Eterno é mais rápido para
purificar alguém do pecado do que para julgar (ver Ez 33.11).
Contudo,
a misericórdia do Eterno não implica em negligenciar o pecado do pecador, mas
sim em receber em si todo o juízo que deveria cair sobre nós (Is 53.4-6) a fim
de que todos pudessem enxergar Seu imenso amor por nós, bem como Sua capacidade
de viver neste mundo toda e qualquer situação sem pecar (Hb 4.15). A ideia é
que, deste modo, todos desejassem este tipo de vida pura, santa e repleta de
bondade real em si mesmos e, assim, dessem lugar para Jesus levar o fardo
pesado de suas necessidades e desejos malignos a fim de que Sua vida pudesse se
manifestar em nossa carne mortal (Mt 11.28-30; 2Co 4.10,11).
·
“Quando esses seres
viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no
trono, ao que vive pelos séculos dos séculos,” (Ap 4.9).
·
Primeira
coisa a ser observada é que a proclamação dos seres viventes de Apocalipse 4.8
não é um louvor físico. Primeiro porque isto contraria a ordem de Jesus (Mateus
6.6). Além disto, note o que é dito aqui: “quando esses seres viventes derem
glória...”. Infelizmente há uma diferença nesta versículo: a versão ACF e
AR1967 aparece escrito “davam glória e honra e ações de graças”,
enquanto que na ARA2 e TB1917 aparece escrito “derem glória e honra e
ações de graças”. “Davam” parece mais coerente, visto que os quatro seres
viventes permanecem o tempo todo louvando o Eterno.
Logo,
a proclamação de Apocalipse 4.8 representa, não meras palavras proferidas, mas
sim a essência da mensagem do evangelho.
Quando
todo o evangelho tiver sido pregado (ver Mateus 24.13) e a plenitude dos
gentios, entrado no Reino do Eterno, os vinte e quatro anciãos darão ao Eterno:
o Glória, ou seja, lugar para que todos O
conheçam plenamente;
o Honra, ou seja, continuidade a tudo que
Ele é ao longo das gerações;
o Ações de graças, ou seja, expressarão a
gratidão em nome de todos os anjos (a quem eles representam) pelo privilégio de
tê-Lo conhecido por meio da Igreja (Efésios 3.8-10; 1Pedro 1.10-12);
Vem
a questão: a quem os seres viventes estão louvando:
·
ao
que se encontra sentado no trono -> ao que está atento a tudo que acontece
neste mundo, sempre concedendo misericórdia e amor a quantos desejarem receber
e enviar Seu juízo àqueles que, vezes após vezes se recusam a se arrepender.
·
ao
que vive pelos séculos dos séculos (ver Apocalipse 1.18; 4.9,10; 5.14; 7.12;
10.6; 15.7) -> o Deus Vivo (Josué 3:10; Salmo 42:2; 84:2), que é capaz de
viver inúmeros séculos dentro de um século, ou seja, de nos levar a viver em um
único dia aquilo que nem em mil anos seríamos capazes de viver (1Pedro 3.8).
Mais
ainda: Ele é Aquele que sustenta a vida e se mantém presente, vivendo junto com
cada ser vivente cada complexo segundo seu (dando-lhe mantimento, fôlego,
coordenando seus órgãos, etc.).
Todas
as expressões de louvor e adoração no céu servem para nos mostrar como devemos
cultuar ao Eterno. E quem tem mais motivo para louvar o Eterno? Os anjos, as
aves ou nós? No entanto, note que os quatro seres viventes é que estão
estimulando o louvor dos vinte e quatro anciãos. O detalhe é que os anjos não
foram redimidos pelo sacrifício de Cristo como nós. Isto deveria servir de
vergonha a nós.
Ainda
há outro ponto a considerar: Apocalipse 4.8 é a primeira manifestação de louvor
no apocalipse. E perceba que ela não está relacionada com aquilo que o Eterno
criou ou fez, mas sim com quem Ele é. Embora a característica do Eterno como
Criador seja destacada no apocalipse (Apocalipse 4.11; 10.6; 14.7 – e também ao
longo da Escritura Sagrada (Gênesis 1.1; Salmo 89.11-12; 148.5; Atos 17.24; Efésios
3.9; Colossenses 1.16)), o fundamento do louvor tem que ser Apocalipse 4.8:
·
quem
Ele é: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era,
que é e que há de vir”.
·
Sua
constante presença em nossa vida, sustentando-a e dando sentido a ela (Atos
17.25,28): “ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos
séculos”.
o “os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se
encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão
as suas coroas diante do trono, proclamando:” (Apocalipse 4.10).
Uma
coisa importante de ser observada é o comum consenso entre os vinte e quatro
anciãos. Todos, ao mesmo tempo, depositaram suas coroas. Este consenso tem que
haver na Igreja do Eterno (1Coríntios 1.10; Atos 4.32; Filipenses 4.2).
Note
como os quatro animais sempre são seguidos pelos vinte e quatro anciãos no
louvor (veja Apocalipse 4.8 e 4.9; Apocalipse 5.8-10; Apocalipse 5.14 – perceba
que os quatro animais são mencionados primeiro, seguido imediatamente pelos
vinte e quatro anciãos).
Os
vinte e quatro anciãos se prostram diante do Eterno, o qual se encontra
descansando em Sua obra concluída (Jo 19.30). Ao contrário do rei mundano que
se senta no trono por causa do cansaço do corpo, o sentar do Eterno mostra Sua
certeza de que Sua obra não falha. Embora Ele não pare de agir, Ele também não
fica ansioso tentando fazer as coisas funcionar.
Três
sinais da divina honra dada pelos vinte e quatro anciãos ao Eterno são:
o Curvar e se prostrar diante do Eterno.
o Humilhar-se, a saber, entregando suas
coroas ao Eterno, reconhecendo que, agora que sua missão está cumprida, é hora
de devolver ao Eterno toda a faculdade de julgar.
o Adoração;
Por
aqui também aprendemos que nós devemos depositar diante do Eterno tudo aquilo
que nos separa uns dos outros e Dele. Se fôssemos nós nos lugar dos anciãos,
provavelmente iríamos querer continuar usando as coroas quando nossa função
tivesse terminado, nem que seja para nos exibirmos diante dos outros. Não!
Apenas o Eterno deve ser tudo em todos (1Coríntios 15.28).
A
prova disto é vista no versículo seguinte. Quando os vinte e quatro anciãos depositam
suas coroas diante do trono e explicam o motivo pelo qual estão fazendo isto:
o “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra
e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade
vieram a existir e foram criadas.” (Ap 4.11).
O
Eterno é digno de receber honra, glória, etc. por três motivos:
o Porque tudo foi criado por Ele;
o Porque tudo veio a existir e permanece
por causa da vontade Dele;
o Porque tudo foi criado novamente por
causa da vontade Dele.
Vem
a questão: por que “vieram e existir” vem primeiro do que “e foram criadas”?
Porque, ao contrário do mundo que só consegue experimentar algo após o mesmo se
concretizar, o Eterno é capaz de viver todo o Seu plano antes mesmo de isto se
tornar real. Por exemplo, Ele já conhecia Jeremias desde a madre (Jeremias
1.5). O sangue de Cristo era conhecido antes mesmo da fundação do mundo (1Pedro
1.20; Apocalipse 13.8; 17.8).
Ou
seja, o Eterno é louvado, por ter criado tudo em projeto, por ter vivido toda
Sua criação antes mesmo de colocar Seu plano em execução e por, finalmente,
trazer este plano à existência e mantê-lo (Hebreus 1.3; ver 2Pedro 3.5-7).
Deste
modo, Ele pode ter certeza de que nenhum dos planos Dele iria ser frustrado (Jó
42.2; Salmos 139.13-16). E por meio de Jesus é possível viver o futuro que o
Eterno projetou para nós como se ele já fosse presente.
Também
podemos pensar da seguinte forma:
o Primeiro, o Eterno criou todas as coisas
(ou seja, projetou todas elas);
o Posteriormente Ele as trouxe à
existência (Gn 1.1).
o Depois da rebelião de Ha-Satan, o Eterno
recriou tudo (Gn 1.2).
Considerando
que o Eterno não precisa de nada, logo a razão de Ele ter criado tudo e de
manter tudo em perfeita ordem é porque em tudo Ele tem um propósito
(Eclesiastes 3.1-9). Em outras palavras, uma lição que podemos para aprender:
como tudo que acontece conosco foi projetado pelo Eterno, testado por Ele,
trazido a existência por Ele e mantido por Ele, logo, a atitude mais sensata em
cada situação é conceder ao Eterno:
o Glória -> deixar que os indivíduos
conheçam a Jesus (e não a nós) através da nossa vida;
o Honra -> ser capaz de transmitir tudo
aquilo que Jesus é à gerações seguintes. Ou seja, ao invés de tentar deixar o
próprio nome para a história da humanidade (pelos nossos belos feitos), que
seja o nome de Jesus ser propagado por tudo que Ele fez através de nós.;
o Poder -> dar lugar para que o poder de
Jesus aconteça na nossa vida, permitindo que tudo seja resolvido com base na
excelência celestial. Ao invés de ser o nosso poder (ou o poder do mundo) a nos
dar vitória, que seja Jesus vencendo nossa carne pecaminosa e nos concedendo,
não aquilo que o mundo é capaz de dar, mas sim o que o Eterno para tem para os
que O amam.
Enfim,
a ideia do apocalipse é mostrar a todos os fiéis atribulados que o Eterno é
digno, independente das circunstâncias que experimentam. O mal que o Eterno
permite é para que Ele possa dar a conhecer as riquezas da Sua graça e
misericórdia neles que são vasos de honra (Rm 9.22,23). Tudo veio a existir na
vida deles pela vontade do Eterno e permanece pelo poder Dele.
Assim
sendo, não temos direito de brigar com ninguém, muito menos destruir-lhes a
vida. Não louvamos ao Eterno apenas quando e porque as circunstâncias são
favoráveis, mas sim porque Ele é digno disto.
Em
nossa sociedade, o mais comum é adorar as coisas criadas em lugar de adorar o Criador.
Inclusive, quando assistimos alguma coisa ou alguém, de certa forma estamos
cultuando isto. Todavia, enquanto não enxergarmos o quão digno é Aquele que criou
nós e aquilo que estamos vivendo, não seremos capazes de dar o devido louvor.
Não é em vão que a dignidade do Eterno é bem destacada nos hinos do apocalipse
(seja explicitamente (Ap 4.11; 5.9,12) ou implicitamente (Ap 5.13; 7.10,12)).
O
verdadeiro louvor exalta o Eterno, não apenas por aquilo que Ele fez, mas pela
certeza de que não existe outra alternativa que verdadeiramente funciona. Inclusive,
o fato de os vinte e quatro anciãos entregarem a glória, a honra e o poder ao
Eterno em virtude de ter sido Ele quem criou todas as coisas é porque ninguém
melhor do que Ele para administrar tais atributos. Ainda mais considerando que toda
criação suporta o autógrafo do Eterno (Romanos 1.20).
RESUMO DE COMO AS COISAS ESTAVAM DISPOSTAS COM RELAÇÃO AO TRONO DO ETERNO
Com
relação ao trono, as coisas estavam dispostas da seguintes forma:
·
Os
quatro animais estavam no meio do trono e ao redor dele (Apocalipse 4.6).
·
O
Cordeiro estava no meio do trono (Apocalipse 5.6).
·
Os
vinte e quatro anciãos estão ao redor do trono (Apocalipse 4.4);
·
Rio
de Vida procede do trono (Apocalipse 22.1).
·
Diante
do trono ardem sete lâmpadas (Apocalipse 4.5).
·
Diante
do trono estava o mar de vidro (Apocalipse 4.6).
·
Diante
do trono no mar de vidro estavam as virgens néscias (Apocalipse 15.2) adorando
ao Eterno e mostrando Sua justiça, juízos, caminhos e feitos a todos os que
irão nascer no milênio.
·
Diante
do trono os gentios que morreram das taças na Grande Tribulação servindo ao
Eterno no santuário Dele (Apocalipse 7.15).
·
Ao
redor do trono, dos 24 anciãos e dos 4 seres viventes estão os anjos (Apocalipse
5.11) sobrevoando toda a assembleia dos justos, cobrindo-a com sua sombra.
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