sábado, 30 de setembro de 2017

160 - Apocalipse 04

APOCALIPSE 04 (ARA2)

 

A grande cidade se chama, espiritualmente, Sodoma por sua prosperidade (Ezequiel 16.49) e clamor egoísta (Gênesis 18.20,21), e Egito porque mantém o povo do Eterno escravo usando-o para ajuntar riqueza material. Israel tem infiltrado o judaísmo em várias instituições religiosas evangélicas e mantido muitas mentes cativas deste sistema religioso. Quando chagar o momento, Jerusalém irá assumir o controle de todo o sistema religioso, o qual, por causa dos grandes sinais feitos pelo falso profeta que irá liderá-la, irá inicialmente enganar a muitos eleitos (Mateus 24.4,24), o qual irá transformar em comércio a fé deles (2Pedro 2.1-3) e converter em libertinagem a graça de Jesus (Judas 4) a fim de poder assumir o controle das grandes corporações do mundo.

Uma vez que os religiosos estiverem seduzidos com o vinho da sua prostituição (Apocalipse 18.3), os que creem em Jesus serão também induzidos a buscarem em Jesus a teologia da prosperidade e a orarem em prol de sucesso financeiro e da destruição de todos que se opõem ao seu crescimento espiritual. É claro que a venda das inúmeras mercadorias para este público religioso será altamente rentável para os mercadores (Gênesis 18.11-18).

Imagine alguém controlando a fé de todos. Afinal, o falso profeta irá convencer todos de que o anticristo é o Messias esperado por cada uma das religiões. Ou seja, embora os dez chifres assumam o poder político através do poder econômico e concedam isto ao anticristo, a grande força do anticristo vem da fé religiosa das pessoas que irão crer cegamente que ele é o Cristo.

Por isto Jerusalém, liderada espiritualmente pelo falso profeta, através das grandes instituições religiosas, irá assumir o controle das grandes corporações financeiras e irá lucrar absurdo com este comércio religioso.

Porém, o anticristo não quer continuar recebendo este poder da religião judaica que, então, será a única. É quando o anjo derrama a quinta taça sobre o trono da besta (Ap 16.10). Nesta hora o Eterno está pondo no coração dele e dos dez chifres que cumpram o intento Dele e tenham uma mesma ideia (Ap 17.17 – o contrário do que Ele fez em Babel). O povo queria tanto ter uma única religião e sistema político (Gênesis 11.4), só que ainda não era o momento. Agora, finalmente, chegou a hora das pessoas virem o que significa uma comunidade unida sem Jesus e sua palavra.

Quando, então, a plena unidade se cumpre, o anticristo (que nesta altura já rompera o acordo com os judeus desde a metade da 70ª semana) e os dez chifres destroem Jerusalém, assassinam todos os líderes das grandes corporações e, num ritual macabro, comem as carnes deles, destroem todo o sistema religioso (exigindo adoração apenas ao anticristo) e político de propriedade privada, oficializando, então, a Nova Ordem Mundial onde apenas aqueles ligados diretamente ao anticristo são honrados (Daniel 11.39), estando todos os outros sujeitos à escravidão. É o reino do anticristo se tornando tenebroso (sem qualquer luz espiritual – tal como se deu na 9ª praga do Egito, a que antecedeu à libertação do povo de Israel - Êxodo 10.21-23).

INTRODUÇÃO

Com relação ao trono, as coisas estavam dispostas da seguintes forma:

 

·         Os quatro animais estavam no meio do trono e ao redor dele (Apocalipse 4.6).

·         O Cordeiro estava no meio do trono (Apocalipse 5.6).

·         Os vinte e quatro anciãos estão ao redor do trono (Apocalipse 4.4);

·         Rio de Vida procede do trono (Apocalipse 22.1).          

·         Diante do trono ardem sete lâmpadas (Apocalipse 4.5).

·         Diante do trono estava o mar de vidro (Apocalipse 4.6).

·         Diante do trono no mar de vidro estavam as virgens néscias (Apocalipse 15.2) adorando ao Eterno e mostrando Sua justiça, juízos, caminhos e feitos a todos os que irão nascer no milênio.

·         Diante do trono os gentios que morreram das taças na Grande Tribulação servindo ao Eterno no santuário Dele (Apocalipse 7.15).

·         Ao redor do trono, dos 24 anciãos e dos 4 seres viventes estão os anjos (Apocalipse 5.11) sobrevoando toda a assembleia dos justos, cobrindo-a com sua sombra.

 

Antes de tudo, façamos uma comparação entre o arrebatamento dos que creem em Jesus e o arrebatamento espiritual de João:

 

Arrebatamento da Igreja (I Tessalonicenses 4:13-18)

Arrebatamento de João (Apocalipse 4.1)

No fim da era da Igreja

No fim das sete cartas à Igreja

A voz do arcanjo chama os eleitos

Jesus chama João para cima

Trombeta do Eterno

Voz como de trombeta

Igreja está na terra

João está na terra

Arrebatamento imediato

Imediatamente João ficou em espírito

Igreja levada para a presença do Eterno.

João é levado para a presença de Jesus.

 

Agora façamos um paralelo entre os capítulos um e quatro do Apocalipse:

 

Apocalipse 4

Apocalipse 1

4:1    Era a primeira voz, como de trombeta.

1:10      Ouviu uma grande voz como de trombeta.

4:2   João ficou em espírito.

1:10      João ficou em espírito.

4:2-3 – Descrição do Pai

1:12-17 – Descrição de Cristo

4:5    Sete tochas de fogo

1:12      Sete castiçais de ouro

4:5   Diante do trono estão sete espíritos do Eterno.

1:4 – João escreve da parte dos sete espíritos que estão diante do trono

4:4; 5:10 – O Eterno fez da Igreja reis e sacerdotes.

1:6        O Eterno fez da Igreja reis e sacerdotes.

4:1 – Eu te mostrarei as coisas que depois destas devem acontecer.

1:19      Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer;

5:1-5 – Uma introdução aos sete selos

1:20      Uma introdução às sete oholyao.

 

Com tanta semelhança, conclui-se que o capítulo “um” foi uma introdução às coisas que eram na época de João (referente às 7 oholyao) e os capítulos quatro e cinco, uma introdução às coisas que iriam acontecer às 7 oholyao em seguida.

Embora o Apocalipse virá a ter um cumprimento literal, ele é escrito em símbolos para comunicar uma mensagem para Sua Igreja agora. Cada um tem o seu Apocalipse. Daí ser tão bem-aventurado quem lê, ouve e guarda as palavras do Apocalipse. Afinal, só assim para conhecermos:

 

·         Quem é Jesus;

·         Quem somos nós, o que Jesus quer de nós e para nós, e qual o significado de tudo que estamos passando;

·         O que está para acontecer na nossa vida e como devemos lidar com tudo isto.

SUBINDO RUMO À PORTA ABERTA PARA VER O FIM DE TUDO

o   “Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz que, como de trombeta, ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer.” (Ap 4.1 - ACF).

o

O livro do apocalipse consiste de três pontos:

 

o   “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer:” (Ap 1.19).

 

o   As coisas que João tinha visto se refere a Apocalipse 1.

o   As que são se refere à revelação do real estado espiritual das sete oholyao (grupo de indivíduos que creem em Jesus e são reunidos por Ele num dado lugar) da Ásia.

o   As coisas que iriam acontecer brevemente na vida da Igreja e que começa a ser mostradas deste capítulo em diante (Ap 22.16).

 

Em três separadas ocasiões João é convidado a ir “em espírito” a um lugar para ver a revelação:

 

o   Ap 4.1 -> Foi arrebatado em espírito passando pela porta aberta no céu (Ap 4.2) para ver o trono do Eterno, a saber, a partir de onde sai as diversas oportunidades de misericórdia para todos antes da condenação (seja através de mensagens, alertas ou juízos) após uma grande expressão de clamor, louvor, serviço ou adoração (a saber, oração apaixonada) diante do trono;

o   Louvor: (Ap 4 e 5);

o   Sinal de alerta para salvar a IGREJA da Grande Tribulação: quatro primeiros selos (Ap 6.1-8):

o   Três primeiros selos ajudam a identificar o anticristo. Mostra-o como enganador espiritual, mestre de intrigas e agitador da economia;

o   Quarto selo mostra o anticristo após ser possuído por Ha-Satan (depois da queda dele – Ap 12.7-10) e tendo sua ferida de morte curada;

o   Clamor: quinto selo mostra o que se passa no coração dos fiéis que foram assassinados por amor a Cristo sem ser parte da Igreja (Ap 6.9-11);

o   Sinal de alerta para salvar a IGREJA da Grande Tribulação: sexto selo (Ap 6.12-17). É o alarido alertando a Igreja da vinda do Noivo (1Ts 4.16).

o   Mensagem pregada para salvar ISRAEL da Grande Tribulação: os primeiros 144.000 Israelitas são convertidos (Ap 7.1-8) pelo ministério das duas testemunhas. Eles passam a seguir Jesus no monte Sião movido pela mensagens angélicas que recebem (Ap 14.1-13). Eles ajudam as duas testemunhas a confirmar o evangelho em Israel.

o   Serviço celestial: Os gentios que morrem de morte natural na Grande Tribulação (Ap 7.9-17) são vistos servindo no trono celestial.

o   Adoração: as orações de todos os santos são oferecidas ao Eterno (Ap 8.1-5);

o   Sinal de alerta para salvar a IGREJA da Grande Tribulação: as seis trombetas soam para avisar a Igreja acerca da chegada da Grande Tribulação (Ap 8.6-13,9);

o   Mensagem pregada para salvar o MUNDO da Grande Tribulação: as duas testemunhas testemunham o evangelho devorado por João, alertando todos da apostasia que conduz à Grande Tribulação e do arrebatamento prestes a acontecer (Ap 10,11).

o   Sinal de alerta para salvar ISRAEL da Grande Tribulação: A perseguição ao remanescente fiel de Israel durante a primeira metade da 70ª semana (Ap 12.1-6).

o   Sinal de alerta para salvar ISRAEL condenação eterna: A perseguição ao remanescente fiel de Israel durante a segunda metade da 70ª semana (Ap 12.7-17).

o   Sinal de alerta para salvar a Igreja da Grande Tribulação: Sistema político e religioso de Ha-Satan assume o controle de toda população por meio da religião (Ap 13);

o   Adoração: Os judeus que morreram de morte natural na Grande Tribulação (Ap 15.1-4) são vistos louvando o Eterno;

o   Sinal de alerta para salvar os ÍMPIOS da condenação eterna: as taças do juízo são lançadas: esta é a última oportunidade de arrependimento para a população da terra. Este é a aviso do Eterno para o mundo (ver Is 26.9,10).

o   Ap 17.1 -> Foi levado em espírito para um deserto (Ap 17.3) para ver a condenação:

o   da prostituta e da Grande Babilônia (começando logo após o arrebatamento e terminando um pouco antes da Batalha do Armagedom);

o   das forças do anticristo (na Batalha do Armagedom);

o   do anticristo e de falso profeta (no fim da Batalha do Armagedom);

o   dos seguidores de Ha-Satan (após o milênio);

o   do Ha-Satan (e provavelmente de todos os seus demônios);

o   de todos os ímpios no Grande Trono Branco;

o   Ap 21.9 -> Foi levado em espírito a um grande e alto monte (Ap 21.10) para ver a Igreja glorificada, a recompensa dos fiéis.

 

É importante observar a expressão “depois destas coisas”. Expressão semelhante é achada em (Ap 7:1,9; 15:5 e 18:1). Isto nos informa que o apocalipse pode ser separado da seguinte forma:

 

o   Primeira unidade: Apocalipse 1.1-3.22;

o   Segunda unidade: Apocalipse 4.1-6.17;

o   Terceira unidade: Apocalipse 7.1-7.8;

o   Quarta unidade: Apocalipse 7.9-15.4;

o   Quinta unidade: Apocalipse 15.5-17.18;

o   Sexta unidade: Apocalipse 18.1-22.21.

 

“Após estas coisas” combinadas com “eu olhei”, “eu vi”, ou “eu ouvi” implica uma mudança de visão ou de perspectiva. Olhar significa direcionar da visão e ver, receber a visão.

Não só isto! O uso destas expressões indicam que João não está citando apenas metáforas, mas relatando uma realidade que ele viveu.

Além disto, repare como várias vezes alguma coisa é aberta:

 

o   Aqui tem-se um porta aberta;

o   Depois sete selos são abertos;

o   Mais adiante o santuário do Eterno no céu é aberto (Ap 11.19; 15.5);

o   Por fim o céu é aberto (Ap 19.11).

 

Contudo, repare a diferença aqui em Ap 4 com o que aconteceu em Atos 7.56; 10.11, Ap 11.19; Ezequiel 1.1; Mateus 3.16. Nestas passagens os céus se abriram e as pessoas tiveram visões. Aqui, contudo, João foi transportado para o Dia do Senhor Jesus (Ap 1.10) e vivenciou (experimentou dentro de si) tudo que nele irá suceder.

João não viu a porta se abrindo. Ela já estava aberta. João, ao entrar por esta porta, vê os céus e, ao mesmo tempo, o que acontece na terra em resposta ao que se dá no céu. A alegria e calma do céu é intercalada com a agonia de tudo que acontece na terra.

E o detalhe é que esta porta não foi aberta exclusivamente para João (como se deu, por exemplo, em Ez 1.1; Mt 3.16; At 7.56; 10.11). Jesus é esta porta, a qual se abriu a partir do momento que Ele gritou “está consumado” (Jo 19.30; Mt 27.51). Desde então o tempo passou a estar “na mão” (Ap 1.3) para todos que creem. Infelizmente, na versão ARA diz “NÃO somente uma porta aberta”, como se houvesse várias portas abertas.

Contudo, a única porta aberta para o céu é Cristo: não existe outra (Jo 10.9). Se houvesse várias portas, por qual delas João iria passar?

Esta porta está aberta para quem recebe Jesus. Infelizmente são poucos os que conseguem enxergar isto em suas vidas. A porta da revelação está aberta (ver 1Co 2.9-12), mas poucos há que a encontrem e entrem por ela (ver Mt 7.14,15).

Esta é a porta pela qual todos temos que passar a fim de que possamos viver o Dia do Senhor Jesus, a saber, o dia em que Ele reina sobre nós (ver Ap 11.17; 19.6). Não há como ser salvo sem vivenciarmos este dia, ou seja, sem sairmos do sistema que rege este mundo, bem como tudo a ele atrelado (besta, falsos profetas, marcas da besta, etc.) (ver Ap 12.7-10).

Fique claro: uma vez que João viu uma porta aberta no céu e foi chamado para subir até lá, logo isto significa que João ainda não tinha subido ao céu. Ele estava vendo o Dia do Senhor em espírito aqui da terra. Apenas a partir do capítulo 4 é que seu espírito é transportado para o céu e passa a ver tudo de lá até o capítulo 17.

Ao subir, João se acha na sala do trono celestial (tal como em Is 6.1-5; Ez 1; At 7.56). Observe que o santuário é aberto duas vezes (Ap 11.19; 15.5). Ora, qual era a diferença entre sala do trono e o santuário? Afinal, o Eterno é louvado e cultuado na sala do trono e o tabernáculo era um lugar o sangue do cordeiro era levado em misericórdia pelos pecados nossos:

 

o   “O SENHOR está no seu santo templo, o trono do SENHOR está nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras provam os filhos dos homens.” (Sl 11.4).

o   “Na angústia invoquei ao SENHOR, e clamei ao meu Deus; desde o seu templo ouviu a minha voz, aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face.” (Sl 18.6).

o   “A voz do SENHOR faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no seu templo cada um fala da sua glória.” (Sl 19.9).

 

João foi chamado ao céu por uma voz como de trombeta, tal como se dará no arrebatamento (1Ts 4.16,17). Voz como de trombeta lembra as trombetas de prata hebraicas usadas para avisar o povo de Israel de que era necessário largar tudo para atender ao chamado (Nm 10.2). A primeira voz, como de trombeta, era do próprio Jesus (Ap 1.10,11). A voz de Jesus lembrava uma trombeta, o que significa que a mensagem do Apocalipse é urgente. Logo, devemos largar tudo para conhecer Jesus, ouvi-Lo, ver o que Ele tem para nos mostrar, segui-Lo a fim de discernimos este tempo em que estamos vivendo através do Apocalipse (Lc 12.54-57) e nos prepararmos, já que a qualquer momento Ele pode nos chamar, seja para nos usar ou para nos chamar de volta.

Tão logo Jesus fala, as coisas acontecem na nossa vida (e ai de nós se não tivermos preparados! Perderemos nossa oportunidade – Ec 9.11; Lc 19.44). Veja, por exemplo, o que se deu com as duas testemunhas (Ap 11.12 – compare com Jo 4.24,25). A verdade é que o homem pode fazer planos, mas o que de fato vai acontecer na nossa vida é determinado por Jesus – Pv 3.5-8; 4.26,27; 16.1,4,6,10,18,33; Jr 10.23; Pv 20.24; 21.1).

Finalmente repare a expressão “as coisas que depois destas devem acontecer”. Note a mudança de tempo verbal entre presente e passado de modo tão rápido no mesmo capítulo (em particular, em Ap 1.20, muda de “viste” para “são”, “são” no mesmo versículo – veja abaixo).

Além disto, as expressões “brevemente devem acontecer”, “depois destas hão de acontecer”, “depois destas devem acontecer” mostram que passado, presente e futuro estão bem conectados.

Veja:

 

o   “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo;” (Ap 1.1).

o   “Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer; o mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.” (Ap 1.11,19,20).

o   “Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz que, como de trombeta, ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer.” (Ap 4.1)

o   “E disse-me: Estas palavras são fiéis e verdadeiras; e o Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer.” (Ap 20.6).

 

Quando vemos a partir da terra, temos a tendência de ver o aqui e agora. Do ponto de vista celestial, no entanto, não há esta distinção de tempo.

Perceba que, como João disse, as coisas reveladas a partir do capítulo quatro iriam acontecer depois do que estava acontecendo nas oholyao. Logo, as mesmas não se alegóricas, nem aconteceram apenas no passado. Antes, vêm acontecendo ao longo da história e continuarão se cumprindo até Jesus vir. E como as mesmas estão relacionadas com Daniel, logo o livro de Daniel, embora possa ter tido um cumprimento parcial no passado, seu cumprimento cabal ainda está por se cumprir.

O TRONO ARMADO NO CÉU

o   “Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado;” (Ap 4.2).

 

Ao ouvir a voz do Eterno, imediatamente João foi desligado do mundo físico, passando a contemplar apenas as regiões celestiais (como em Ap 1.10 e Ap 17.3 e Ap 21.10).

Note como os tronos já estavam postos no céu e alguém já estava sentado no trono principal. Em Isaías 6.1, Isaías vê apena um alto e sublime trono, e o Eterno assentado nele.

No entanto em Daniel 7 vê-se tronos sendo postos e o Eterno se assentando no trono:

 

o   “Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou; a sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como a pura lã; e seu trono era de chamas de fogo, e as suas rodas de fogo ardente.” (Dn 7.9).

 

Ora, o que fez o Eterno se levantar? Alguém só levanta diante de alguém importante. Veja:

 

o   “Então proferirás este provérbio contra o rei de Babilônia, e dirás: Como já cessou o opressor, como já cessou a cidade dourada! O inferno desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda; despertou por ti os mortos, e todos os chefes da terra, e fez levantar dos seus tronos a todos os reis das nações.” (Isaías 14.4,9).

 

Assim como o inferno se levantou para receber um rei, só existe uma pessoa importante o suficiente para fazer o Eterno se levantar: a Noiva do Cordeiro, já que ela é um só corpo com Jesus. Além disto, é bom lembrar que o julgamento começa primeiro pela casa do Eterno (Sua Igreja – 1Pedro 4.17). Mesmo porque a igreja será usada para servir de testemunho contra as demais nações. A Igreja vem sendo julgada aqui mesmo neste mundo, de modo que, quando finalmente é chamada ao céu, ela já está pronta por tudo que Cristo operou nela quando aqui na terra (João 5.24; 1João 3.14).

Ou seja, Apocalipse 4 é uma continuação de Daniel 7, quando tronos foram postos (os tronos para os vinte e quatro anciãos) e o Ancião de Dias se assentou.

Entenda: em Isaías 6 nenhum julgamento estava sendo feito. Apenas estava sendo profetizado que, embora a terra estivesse cheia da glória do Eterno (Is 6.3), Israel, desde aquele instante até a Batalha do Armagedom (imediatamente antes da qual cumprir-se-á Isaías 6.11,12), iria ficar completamente cego e surdo a toda obra do Eterno (Is 6.9,10), sem reconhecer Ele no passado (Aquele que era), no presente (Aquele que é) e no futuro (Aquele que há de vir). Só reconhecê-Lo-á os 144.000 (primícias – Ap 14.1-4) e remanescente fiel, e isto quando Ele vier para a Batalha do Armagedom (Zc 12.10-14).

Em Daniel 7.9 mostra o Eterno iniciando o julgamento sobre os quatro impérios mundiais. Em Dn 7.13,14, vemos Jesus vindo nas nuvens para arrebatar Sua Noiva. Embora, espiritualmente falando, ela já estava no céu (por meio daqueles que tinham morrido em Cristo quando o julgamento começou), agora finalmente ela está completa. Cristo então começa a reinar julgando todo reino da besta, bem como todos que não foram fiéis a Ele antes de Sua vinda.

Em Apocalipse 4.10 temos o término do julgamento com os vinte e quatro anciãos entregando suas coroas de volta para o Eterno (ver 1Co 15.28).

No entanto, antes do livro ser aberto em Apocalipse 5, João nem imagina tudo que ocorreu entre Daniel 7.13,14 e Apocalipse 4.10.

Esta visão do trono do Eterno é importante, pois, além de nos dar a certeza de que há um Deus no controle de tudo (não somos vítimas das circunstâncias ou pessoas), combate o ateísmo que afirma que tudo acontece por acaso ou por evolução. Não pensam que, se destronarem Jesus, fatalmente irão colocar, ou a si mesmo, ou a algum outro no trono. Afinal, é necessário alguma ordem. Do contrário, fica uma busca selvagem com ninguém se conformando em ficar por baixo de ninguém.

Vem a questão: quem está inicialmente assentado no trono? Não é Jesus, mas sim o Pai (note como o Apocalipse faz questão de citar a diferença entre o Eterno e Jesus):

 

o   O Cordeiro vai pegar o livro da mão Daquele sentado no trono (Ap 5.6,7). Isto é semelhante ao que se deu em Daniel 7.9 quando o domínio do milênio foi entregue pelo Ancião de Dias ao Filho do Homem;

o   O cântico diz que o Cordeiro comprou para o Eterno indivíduos (Ap 5.9,10);

o   O cântico distingue: ao que está assentado no trono e ao Cordeiro (Ap 5.13);

 

Por que esta distinção é feita? Para mostrar que temos que servir ao Eterno, mas vivendo a vida de Cristo, ao invés de vivermos para nós mesmos. Não adianta adotar o estilo de vida de Cristo sem pensar em glorificar o Eterno (buscando apenas glória e recompensa espiritual para si), nem servir o Eterno pensando em viver a própria vida.

O trono é símbolo da misericórdia e do julgamento do Eterno, sendo mencionado quatorze vezes neste capítulo. E esta questão do trono é tão importante que, ao subir ao céu para ver o futuro, a primeira coisa que João contempla é o trono do Eterno armado no céu (como em Is 6.1; Ez 1.26; 10.1). Tudo mais no apocalipse tem haver com este trono. Tudo está centralizado de acordo com o trono do Eterno, o qual é um trono de glória (Jr 17.12) que demonstra Sua autoridade.

Uma das razões para o nome do Eterno não ser mencionado aqui é porque para João, assim como para a Igreja, o Eterno, além de ser um, não é estranho. A proposta não é buscar um Deus estranho. Tal como ao entrar na casa de um amigo íntimo não há necessidade de apresentações, assim também se dá no céu.

Também revela a ignorância de João em não saber distinguir o Eterno de Jesus. Afinal, uma vez que Jesus é Deus, quem é este que está assentado no trono?

O ARCO-ÍRIS DE ESMERALDA QUE SURGE A PARTIR DA LUZ DE JASPE E SARDÔNIO

o   “e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda.” (Ap 4.3).

o

O arco-íris lembra a justiça do Eterno que:

 

o   como rei justo, não deixa o pecado passar impune;

o   como rei misericordioso, como sacerdote humilde e dócil, para com aqueles que são Dele e guardam Sua aliança, Ele provê um escape na hora da provação (1Co 10.13) e uma esperança que possa ancorar nossa alma no Seu trono (Hb 6.18-20).

 

 Ou seja, embora Jesus, como leão da tribo de Judá, não abra mão da Sua justiça, como cordeiro do Eterno Ele provê um meio para que a justiça Dele se cumpra em nós (Rm 8.1-4). Jesus não é rei tirano que obriga os outros a lutar para fazer Sua vontade, nem um sacerdote promíscuo que arruma uma série de desculpas para fazer você se livrar da lei e das suas consequências. Antes, Jesus dá os dons Dele (Sua Igreja) para que o indivíduo seja capaz de amar (ver Os 11.4) e, assim, ser um cumprimento da lei. Basta entregar a própria vida para que tudo isto nos alcance e, assim, possamos ser usados por Jesus para comunicar Seu nome e glória, mesmo diante das situações mais extremas.

O trono mostra a soberania do Eterno, o qual pode fazer o que deseja; o arco-íris representa a promessa, a qual o Eterno, em Sua fidelidade a Si mesmo (2Tm 2.13), se propõe a cumprir. Isto nos ensina que se Ele, sendo perfeito, limita a Si mesmo, o que sobra para nós? No meio da ira (relâmpagos, vozes e trovões), Ele faz questão de lembrar a si mesmo da misericórdia (Lm 3:22-23).

O mesmo dilúvio que foi símbolo de ira do Eterno para os desobedientes, foi a salvação para Noé e sua família, sendo o batismo símbolo das duas coisas (1Pe 3.20,21): do fim de tudo que prendia Noé à sua antiga vida, bem como da disposição em começar do zero uma nova vida.

Para entender isto, basta lembrar que o arco-íris, aqui, é um sinal da aliança do Eterno com toda a humanidade de que o mundo não acabaria mais em água (Gn 9.12-14).

Observe que o arco-íris surge quando o sol brilha após as nuvens derramarem chuva na terra.

 

o   “E disse Deus: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre toda a alma vivente, que está convosco, por gerações eternas. O meu arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens. Então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós, e entre toda a alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne. E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar da aliança eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que está sobre a terra. E disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança que tenho estabelecido entre mim e entre toda a carne, que está sobre a terra.” (Gn 9.12-17).

 

Vem a questão: por que o Eterno fez questão de mudar as leis da natureza só para se lembrar desta aliança que Ele fez com Noé? Porque não existe nada que traga mais satisfação ao Eterno que manifestar Sua graça. E durante os cem anos que Noé gastou para construir a arca, o Eterno teve como manifestar Sua graça àquela geração perdida:

 

o   “Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR.” (Gn 6.8).

 

Infelizmente, durante todos estes cem anos o povo recusou esta generosa oferta, a começar pelos crentes que, ao invés de darem lugar para a transformação do Eterno a partir de suas vidas, persistiram em orar em prol do fim do mundo (Gn 6.13).

Em outras palavras, o arco-íris representa a graça do Eterno, a qual constitui a essência da Sua glória:

 

o   “Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da glória do SENHOR; e, vendo isto, caí sobre o meu rosto, e ouvi a voz de quem falava.” (Ez 1.28).

 

O arco-íris é uma promessa confortante em meio aos anúncios de julgamento a vir (representado pelos relâmpagos, vozes e trovões – Ap 4.5).

E este arco-íris que rodeia o trono do Eterno tem uma vantagem adicional: ele é completo, enquanto que o nosso arco-íris se mostra pela metade acima das nuvens do céu. Em outras palavras: enquanto nosso arco-íris é um consolo parcial (o mundo não será destruído por água, mas acabará em fogo), o arco-íris ao redor do trono representa consolo pleno para quem se achega ao trono da graça (Hb 4.16). O tal estará protegido (rodeado) por todos os lados pela misericórdia do Eterno e ninguém poderá arrebatá-lo de Suas mãos (Jo 10.28,29).

E o objetivo desta misericórdia do Eterno é nos estimular a temê-Lo (Sl 130.4). Note que não é o medo da punição que nos leva a temer o Eterno; antes é Seu amor que nos constrange (2Co 5.14; 1Jo 4.18).

Lembre-se que é a graça do Eterno que, no final, triunfa sobre o julgamento (Tg 2:13), e não a Sua ira (e muito menos a ira do homem – Tg 1.20). Daí o trono inteiro estar rodeado (no plano horizontal) pelo arco-íris: para fixar a distância entre Ele e aqueles que tentam chegar perto Dele. Só consegue chegar no Eterno quem é capaz de penetrar na Sua graça, a saber, quem é trazido por Jesus até Ele (Mt 11.27; Jo 6.44,45).

Outro aspecto importante a ser observado é a semelhança do arco-íris com a esmeralda. O verde representa a esperança de uma nova vida:

 

o   “Sua carne se reverdecerá mais do que era na mocidade, e tornará aos dias da sua juventude.” (Jó 33.25).

o   “Aquele que confia nas suas riquezas cairá, mas os justos reverdecerão como a folhagem.” (Provérbios 11.28).

 

Vem a questão: como este arco-íris surge ao redor do trono?

Quando o Sol da Justiça (Jesus – Ml 4.2; Lc 1.78) brilha após as águas do Seu julgamento serem derramadas, então aparece então o sinal e significado da Sua graça e glória (o arco-íris semelhante a esmeralda). E do que é constituído o Sol da Justiça? Da verdade pura e santa (jaspe) mais o sacrifício para livrar da ira aqueles que creem (sárdio).

Jaspe era:

 

·         A última pedra no peitoral do sumo-sacerdote (Êx 28.20; 39.13);

·         O primeiro fundamento da Nova Jerusalém (Ap 21.19).

·         Pedra preciosíssima como cristal resplandecente (Ap 21.11).

 

Sárdio era:

 

·         A primeira pedra no peitoral do sumo-sacerdote (Êx 28.17; 39.10);

·         O sexto fundamento da Nova Jerusalém (Ap 21.20).

·         Pedra preciosa vermelha cor de sangue.

 

Sárdio representa a fúria sangrenta da ira do Eterno por causa do pecado, bem como o sacrifício necessário para expurgá-lo, a saber, o sangue de Cristo.

Jaspe representa a luz da verdade que liberta do pecado e nos livra da ira vindoura (Jo 8.32; 1Ts 1.10).

 

·         Quando o indivíduo recebe a verdade dentro de si (Jo 1.12) e aceita em sua vida o sacrifício que Jesus fez pelos pecados seus e daqueles que estão á sua volta, ele é livre da ira do Eterno e toma conhecimento da aliança que o Eterno fez consigo (Salmo 25.14).

·         Quando o indivíduo rejeita a verdade e tenta se sacrificar para ter direitos (seja nesta vida ou na vindoura), ele é levada pela ira do Eterno rumo ao abismo eterno.

 

Tal como Noé, cada um teu o seu próprio arco-íris (sua intimidade, segredo, concerto com o Eterno). Mas ele só aparecerá na nossa vida após passarmos pela tentação (1Co 10.13) da tormenta e tempestade (Na 1.3) sem abrir mão da verdade sagrada.

Quando vencermos nossos olhos verão o Eterno (tal como se deu com Jó – Jó 42.5) e a verdadeira glória sendo revelada em nós (Rm 8.19-22; 2Co 4.10,11) por meio do consolo recebido na tempestade (2Co 1.3-6).

Note que o Eterno não é descrito aqui com traços humanos, mas como metáforas que ressaltam o brilho transcendental da Sua glória e Seu efeito na vida de todos aqueles que permanecem crendo enquanto passam pela tribulação.

VINTE E QUATRO ANCIÃOS

o   “Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro.” (Ap 4.4).

o

Características dos vinte e quatro anciãos:

 

o   Estão vestidos de branco -> As vestes brancas são algo intimamente relacionado aos seguidores do Eterno (Ap 3.4-5; 6.11; 7.9; 19.8,14) (Sua Noiva), a qual representa os atos de justiça dos santos (Ap 19.8). Trata-se daqueles que conseguiram ser alvo da justiça do Eterno (por meio da Sua Igreja – Mt 5.6,10-12; 1Pe 2.18-21; 4.12-19) ao invés de precisarem ser disciplinados pelo mundo (1Pe 2.20; 4.15). Detalhe: só se veste alguém que está sem a roupagem de justiça do mundo (ou seja, está sendo vítima de injustiça).

o   Com coroas de ouro sobre suas cabeças -> Estas coroas não foram conquistas deles, mas dadas a eles pelo Eterno:

o   “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” (2Tm 4.8).

Eles receberam estas coroas porque conseguiram alcançar a vitória a eles proposta (ver Hb 12.1). São de ouro porque eles não venceram pela própria força, mas pelo Espírito do Eterno (Zc 4.6). Daí ser incorruptível (1Co 9.25).

o   Assentados em tronos -> Ou seja, eles têm autoridade para julgar. As coroas, aqui, não são para reinar, mas para testificar que eles têm competência para julgar com retidão.

 

Que fique claro: Jesus é o Rei dos reis e Juiz dos Juízes. Os vinte e quatro anciãos compõem o júri que irá participar do veredito do Eterno. Eles estão ao redor do trono, de costas para o mesmo, logo após os animais e as sete tochas de fogo, olhando para aqueles que estão sendo julgados.

Eles são os que melhor conheceram os caminhos do Eterno, vindo a entrar mais intimamente no seu descanso (Sl 95.11; Hb 3.11; 4.3,5). Agora podem contemplar o Eterno sem nenhuma nuvem para embaçar a visão (tal como acontecia com o sumo-sacerdote ao entrar no Santo dos Santos – Lv 16.12,13). Eles são mais que juízes: são amigos do Eterno:

 

o   “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” (Jo 15.15).

 

 

Mas, quem são estes anciãos? São representantes da Igreja. Afinal:

 

o   Eles são reis (têm coroa) e sacerdotes (possuem harpa e salvas de ouro cheias de incenso – Ap 5.8), , algo que condiz com a Igreja (Ap 1.6; 5.10; 1Pe 2.9).

o   Eles têm coroa, a qual é prometida aos vencedores que compõem a Igreja (Rev 2:10; 3:11; 1 Cor 9:25; 1 Thess 2:19; 2 Tim 4:8; Jas 1:12; 1 Pet 5:4). Anjo não usa coroa de rei (eles são conservos da Igreja – Hb 1.14; 19.10; 22.9), muito menos de vencedores (já que eles nunca foram maculados pelo pecado).

o   O termo ancião (presbítero) era usado para designar os líderes da Israel no Testamento da Lei e os supervisores da Oholyao no Testamento do Favor do Eterno (Tg 5.14; 1Pe 5.1; At 15.2; 20.17; 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). A nível celestial, apenas o Eterno recebe também este título (Dn 7.9,13,22) ou é visto como tendo tal característica (Dn 7.9; Ap 1.14).

Logo, os anciãos são indivíduos que sentem o peso da idade (as mudanças de saúde e vigor), bem como são identificados fisicamente com sua sabedoria e experiência (ver Jó 32.7), algo que é próprio exclusivamente dos seres humanos. O Eterno se apresenta com esta aparência porque nos fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1.25,26) e faz questão de mostrar em Si a maturidade à qual todos devemos chegar.

o   O que eles recebem do Eterno têm haver com as promessas dadas à Igreja:

o   “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Ap 2.10).

o   “E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai.” (Ap 2.26).

o   “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.” (Ap 3.5).

o   “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono.” (Ap 3.21).

o   Os indivíduos são condenados ou salvos ao olhar para a Igreja (ajunte estes versículos 2Co 10.3-6; Ef 3.8-10; Hb 12.1), tal como se dará com todos os que comparecem no tribunal de Cristo ao olhar para os anciãos.

 

Além disto, eles sempre são vistos louvando o Eterno (não é em vão que muitos associam o número vinte e quatro ao número de turmas em que foi dividido o sacerdócio – 1Cr 24.7-18):

 

o   “Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo:” (Apocalipse 4.10).

o   “E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.” (Apocalipse 5.8)

o   “E os quatro animais diziam: Amém. E os vinte e quatro anciãos prostraram-se, e adoraram ao que vive para todo o sempre.” (Apocalipse 5.14)

o   “E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus,” (Apocalipse 11.16).

o   “E os vinte e quatro anciãos, e os quatro animais, prostraram-se e adoraram a Deus, que estava assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia!” (Apocalipse 19.4).

 

Mas afinal, qual a identidade destes vinte e quatro anciãos? De acordo com esta descrição, há dois grupos que se encaixam nesta categoria:

 

·         as doze tribos de Israel, já que inicialmente o Eterno expressou Seu desejo de fazer deles reis e sacerdotes (Êx 19.6). Como bem sabemos, os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11.29). Tanto que o nome das doze tribos de Israel está escrito nas doze portas de Nova Jerusalém (Ap 21.12).

·         os doze apóstolos (Ap 1.6; 5.10) que constituem fundamento da Nova Jerusalém (Ap 21.14).

 

Junto eles totalizam vinte e quatro anciãos.

Que os doze apóstolos compõem o grupo de anciãos, basta ver a promessa de Cristo:

 

o   “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.” (Mt 19.28).

 

Mas, e quanto aos anciãos referente a Israel?

Embora vários servos do Eterno se destacaram no Testamento da Lei, apenas doze recebem o selo do Eterno (Seu nome (Ap 14.1) ou Seu Espírito (Ef 1.13)):

 

1.    Enoque – O Eterno o tomou para si (Gn 5.24);

2.    Elias – O Eterno o tomou (2Rs 2.3,5);

3.    Abraão – O Eterno usa o nome dele para assinar o Seu (Êx 3.15);

4.    Isaque – O Eterno usa o nome dele para assinar o Seu (Êx 3.15);

5.    Jacó – O Eterno usa o nome dele para assinar o Seu (Êx 3.15);

6.    Moisés – O Eterno usa o nome dele como exemplo do que é se colocar diante Dele (Jr 15.1);

7.    Samuel – O Eterno usa o nome dele como exemplo do que é se colocar diante Dele (Jr 15.1);

8.    Noé – O Eterno usa o nome dele como exemplo de justiça (Ez 14.14,20);

9.    Daniel – O Eterno usa o nome dele como exemplo de justiça (Ez 14.14,20);

10.  Jó – O Eterno usa o nome dele como exemplo de justiça (Ez 14.14,20);

11.  Josué – O Eterno declarou que ele possuía o Espírito Santo (Nm 27.18)

12.  João Batista – Além de ser cheio do Espírito Santo desde o ventre (Lc 1.15), depois de Jesus foi o maior homem nascido de mulher (Mt 11.11; Lc 7.28).

 

Talvez você questione: mas há também Davi. Depois de Jesus, é o nome mais citado na Escritura Sagrada (Sl 51.11; Ez 34.23,24; Os 3.5). No entanto, há um papel especial para Davi nas profecias.

Juntos os vinte e quatro anciãos são os escolhidos da Igreja que, por terem tido contato direto com o Eterno (tendo intimidade com Ele, ouvindo Sua voz e sendo guiado e usado por Ele), receberam o direito de julgar a Igreja e os que vieram da Grande Tribulação no tribunal de Cristo.

Para finalizar, quem vai julgar quem e por que?

 

o   Os doze apóstolos vão julgar as doze tribos de Israel (tanto que fazem parte da Igreja, quanto os que vieram da Grande Tribulação). Assim eles poderão ver o que Jesus é capaz de fazer, mesmo debaixo do regime da lei, quando alguém se entrega de verdade a Ele. O que eles sabiam acerca da lei era somente a hipocrisia dos líderes religiosos (ver Gl 2.14-20).

o   Os doze servos do Eterno do Testamento da Lei que desejaram ver o que os apóstolos viram e ouvir o que eles ouviram, mas não puderam (Mt 13.17) julgarão os gentios (tanto que fazem parte da Igreja, quanto os que vieram da Grande Tribulação).

AS SETE TOCHAS DE FOGO E OS RELÂMPAGOS, VOZES E TROVÕES

o   “Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.” (Ap 4.5).

 

Relâmpagos, vozes e trovões representam ira do Eterno, a qual é suscitada por causa da lei:

 

o   Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão.” (Romanos 4.15).

 

Note que a ira procede do trono do Eterno. Ou seja, não somos nós, nem os outros, que deixamos o Eterno irado. Sua ira procede do Seu plano de conduzir todos à verdadeira sabedoria. É claro que ele aproveita nossos erros para mostrar o motivo pelo qual Ele se ira quando Sua lei é transgredida, bem como a razão de não haver remissão sem derramamento de sangue (Hb 9.22).

Entretanto, é Sua ira que dá lugar ao pecado na nossa vida, e não o contrário (ver 2Sm 24.1).

Analisemos os três componentes da ira do Eterno:

 

1.    Relâmpagos. Isto tem haver com a velocidade com que a ira do Eterno se manifesta quando a medida dos pecados é atingida (Gn 15.16; Dn 5.26-28; 1Ts 2.16), bem como a luz que isto traz quando Seu juízo é executado (Is 26.9):

 

o   “E os seres viventes corriam, e voltavam, à semelhança de um clarão de relâmpago.” (Ezequiel 1.14).

o   “Os carros correrão furiosamente nas ruas, colidirão um contra o outro nos largos caminhos; o seu aspecto será como o de tochas, correrão como relâmpagos.” (Naum 2.4).

o   “Um fogo vai adiante dele, e abrasa os seus inimigos em redor. Os seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra viu e tremeu.” (Sl 97.3,4).

 

2.    Trovões (símbolo de repreensão). Retrata quão poderosa é a contenda do Eterno na vida daqueles que decidiram se justificar com base na lei (Lv 18.5; Ez 20.11,13,21; Rm 10.5).

 

o   “Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele! Quem, pois, entenderia o trovão do seu poder?” (Jó 26.14).

o   “Não é hoje a sega do trigo? Clamarei, pois, ao SENHOR, e dará trovões e chuva; e sabereis e vereis que é grande a vossa maldade, que tendes feito perante o SENHOR, pedindo para vós um rei.” (I Samuel 12.17).

o   “Os que contendem com o SENHOR serão quebrantados, desde os céus trovejará sobre eles; o SENHOR julgará as extremidades da terra; e dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.” (I Samuel 2.10).

o   “Ou tens braço como Deus, ou podes trovejar com voz como ele o faz?” (Jó 40.9).

o   “Clamaste na angústia, e te livrei; respondi-te no lugar oculto dos trovões; provei-te nas águas de Meribá. ( Selá. )” (Salmos 81.7).

o   “E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso retirou-se e pôs-se de longe.” (Êx 20.18) – do lugar oculto dos trovões o Eterno lhes deu o Testamento da Lei para que eles temessem e optassem por se apegarem ao Eterno. Infelizmente aconteceu o contrário (Êx 20.19,20; Dt 5.22-27; Hb 12.18-21).

 

3.    Vozes. São as vozes daqueles que o Eterno uso para nos repreender, a saber, os profetas. Contudo, quando estes se calam, o Eterno pode usar pedras e, por que não, um jumento?

 

o   “Por não terem conhecido a este, os que habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as vozes dos profetas que se lêem todos os sábados.” (Atos 13.27);

o   “E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.” (Lucas 19.40);

o   “Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça; mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta.” (2Pe 2.15,16).

 

As vozes emitidas a partir do trono saíam velozmente por toda a terra, tal como faz os elétrons quando se movem de uma nuvem para outra ou em direção à terra: o atrito dos elétrons com o ar produz luz (relâmpago) e barulho (trovão).

 

o   “O que envia o seu mandamento à terra; a sua palavra corre velozmente.” (Salmos 147.15)

 

Quando o Eterno envia Seu mandamento e Palavra, os profetas saem velozmente propagando-a, gerando rebuliço (por exemplo, Jr 36.10-17; Am 7.10; At 19.23) e, ao mesmo tempo, iluminando:

 

o   “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações.” (2Pe 1.19).

 

Repare como estes três elementos (vozes, trovões e relâmpagos) estão presentes no sétimo selo (Ap 8.5), sétima trombeta (Ap 11.19) e sétima taça (Ap 16.18). Ou seja, isto mostra que estes três fenômenos são uma confirmação do reinado do Eterno nos selos, trombetas e taças, vindo diretamente Dele (sendo Sua vontade).

Repare como a indignação do Eterno é vista na combinação destes quatro elementos: relâmpagos, vozes, trovões e como tremores (sejam internos ou terremotos):

 

o   “E aconteceu que, ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial. E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. E todo o monte Sinai fumegava, porque o SENHOR descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente. E o sonido da buzina ia crescendo cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta.” (Êx 19.16-19).

o   “SOBRE isto também treme o meu coração, e salta do seu lugar. Atentamente ouvi a indignação da sua voz, e o sonido que sai da sua boca. Ele o envia por debaixo de todos os céus, e a sua luz até aos confins da terra. Depois disto ruge uma voz; ele troveja com a sua voz majestosa; e ele não os detém quando a sua voz é ouvida. Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não podemos compreender.” (Jó 37.1-5)

o   “A voz do teu trovão estava no céu; os relâmpagos iluminaram o mundo; a terra se abalou e tremeu.” (Salmos 77.18).

 

Em síntese:

 

o   Relâmpagos afetam a visão;

o   Vozes afetam a audição (e, consequentemente, a fé – Rm 10.17);

o   Trovões produzem tremor (e, quem sabe, até temor).

 

Resumindo: os relâmpagos, vozes e trovões representam a contenda que o Eterno tem com todos os habitantes da terra:

 

o   “Ouvi a palavra do SENHOR, vós filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus.” (Os 4.1).

 

No entanto, como o Eterno não tem prazer na morte do ímpio (Ez 33.11), Ele espera que nós façamos como ordenado em Ezequiel, tal como fez Finéias:

 

o   “Finéias, filho de Eleazar, o filho de Arão, sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois foi zeloso com o meu zelo no meio deles; de modo que, no meu zelo, não consumi os filhos de Israel. Portanto dize: Eis que lhe dou a minha aliança de paz;” (Nm 25.11,12).

o   “E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei.” (Ez 22.30).

 

É justamente aí que entram as sete tochas de fogo. Elas são os sete espíritos do Eterno (Ap 1.4; 3.1) que estão presentes nos chifres do Cordeiro (Ap 5.6) percorrendo toda a terra (Zc 3.4; 4.10). Esta não é a primeira vez que o Eterno se manifesta com fogo (Exodus 3:2) e é comparado com fogo (em Hebreus 12:28-29). Não podemos esquecer que o Eterno é a luz da Nova Jerusalém (Ap 21.23) e Sua Palavra é lâmpada para nossos pés e luz para nosso caminho (Sl 119.105).

Estes sete espíritos querem enviar a Igreja por todo o mundo (At 1.8; Rm 10.14,15) a fim de ministrarem a salvação de Cristo a quantos há espalhado no mundo.

Aliás, qual o melhor lugar para colocar estas sete tochas senão no castiçal (que representa a Igreja – Ap 1.20) a fim de iluminar a todos (Mt 5.14-16) com a luz do mundo (Jo 8.11,12)? E assim como os querubins em Ezequiel 1.13 se comportavam como lâmpadas, nós também devemos dar lugar para que o fogo do juízo divino se mova em nós, resplandecendo Seus mandamentos (fogo da lei – Dt 33.2) e verdade.

Afinal, não é com força ou violência que venceremos, mas pelo poder do Espírito do Eterno (Zc 4.6). E a Igreja tem uma vantagem: enquanto os profetas de Israel (2Pe 1.19) eram representados por um único castiçal (Zc 4.2), a Igreja é representado por sete castiçais, ou seja, livres para percorrerem o mundo enchendo a terra da glória do Eterno (Is 11.9; Hc 2.14) em cada circunstância que lhes vêm. A Igreja, ao invés de temer as circunstâncias, deveria ter prazer nas mais adversas e complicadas, na esperança de ser usada para mostrar cada vez sinais mais profundos do Seu poder, amor e perfeição.

E isto não é tudo! Enquanto o castiçal de Israel estava localizado no lado sul do tabernáculo (Êx 37.23; 2Cr 4.20) (sendo alvo constante da oposição de Ha-Satan que queria, a todo custo, se assentar no monte da congregação, aos lados do norte - Is 14.13), a Igreja está diante do trono do Eterno.

É uma lástima que, infelizmente, a Igreja tem se deixando prender pelo Sistema Babilônico que rege este mundo. De tão enraizadas neste mundo, não está conseguido contemplar as religiões celestiais (o local onde deveríamos estar passando nossos momentos – Sl 91.1,2; Ef 1.3; 2.6).

É nisto que consiste a base do julgamento no tribunal de Cristo para sua Igreja (que é onde isto tudo está se passando – Rm 14.10; 2Co 5.10), a saber, na disposição (ou falta dela) do indivíduo em ser usado pelo Eterno para salvar as ovelhas perdidas.

Entenda a diferença: os ímpios são julgados pelo mal que praticaram; os que comparecem no tribunal de Cristo, pelo bem que deixaram de fazer.

SÓ PODE CHEGAR AO TRONO DO ETERNO QUEM SE LIMPOU EM SUA PALAVRA E SACIOU SUA SEDE EM SEU ESPÍRITO

o   “Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás.” (Ap 4.6).

 

Lembre-se de que o tabernáculo foi feito como sombra das coisas celestiais (Hb 8.5). A pia de bronze era uma alusão ao mar semelhante ao vidro que há no céu. Ela era usada para purificação física dos sacerdotes, sendo o lugar onde eles lavavam as mãos e os pés (Êx 30.18,19).

Entretanto, é importante que seja feita uma diferença:

 

o   “Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador;” (Tt 3.4-6).

 

Uma coisa é a lavagem da regeneração, a qual é feita por meio do sangue de Cristo. Não é desta lavagem que está sendo tratada. Afinal, quem entrava no tabernáculo era um sacerdote, ou seja, alguém não só autorizado, mas até obrigado a exercer o serviço sagrado dos vinte e cinco até os cinquenta anos (Nm 8.24,25). Além do mais, a purificação dos pecados do sacerdote era feita pelo sangue dos animais.

Sem contar que, no céu, só entra quem já foi regenerado através do sangue de Cristo.

Note também que, enquanto a pia de bronze ficava no pátio do tabernáculo para limpar fisicamente, o mar do vidro fica diante do trono (equivalente ao Santo dos Santos) para purificação da consciência.

Trata-se da lavagem da renovação feita por meio da Palavra do Eterno:

 

o   “Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.” (Jo 13.10).

o   Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado (Jo 15.2).

 

Afinal, todos que comparecem diante do tribunal de Cristo, apesar de serem fiéis seguidores do Eterno, estarão com uma série de dúvidas acerca do que passaram neste mundo. Enquanto prestando contas, eles estarão no mar de vidro com vistas a ter a consciência purificada.

Enquanto a água da pia de bronze sujava à medida que os sacerdotes se lavavam, o mar de vidro conservava sua pureza. Enquanto as muitas águas em cima das quais a grande meretriz estava assentada (Ap 17.15) são como mar bravo impossível de aquietar e que lança de si lama e lodo (Is 57.19-21), as águas vindas do Rio da Água da Vida (Ap 22.1) são quietas e trazem apenas paz, alegria e tranquilidade para as mentes ainda perturbadas pela lei (a qual suscita a ira – Rm 4.15).

Enquanto a meretriz está assentada sobre um povo misto (multidões, povos, nações e línguas), sujo, perturbado (Ap 17.15), o trono do Eterno está apoiado em um corpo puro e firme (por descansar e esperar Nele – Sl 37.7).

Note que a Igreja:

 

o   é o trono que confirma o reinado do Eterno, a saber, Sua justiça, amor, misericórdia, verdade e juízo;

o   é o “mar de vidro” que sai de dentro dela (Jo 4.14,15; 7.37,39), já que é através da Igreja que o Espírito do Eterno usa Sua Palavra para purificar os que vieram da Grande Tribulação;

o   é o castiçal de ouro que, sendo um com as sete tochas (1Co 6.17), se identifica tão harmoniosamente com a luz do mundo (Jo 8.12; 9.5) que acaba, ela mesma sendo a manifestação da luz do amor (1Jo 1.7) e verdade para o mundo (Mt 5.14-16). A Igreja é coluna e baluarte da verdade (1Tm 3.14).

 

Enfim, esta coisa parecendo mar de vidro tem haver com a purificação dos que nele estão em pé. Aqui João vê apenas o “mar de vidro”. Em apocalipse 22.1, João vê o Rio de Vida fluindo do trono do Eterno:

 

o   “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.” (Ap 22.1).

 

Ou seja, o “mar de vidro” seria como que o lugar por onde o Rio de Vida flui do trono, gerando uma imensa poça ao redor do trono, de modo que todos que estão defronte do trono, inicialmente paravam em suas margens e, então, iam aos poucos entrando nele para serem purificados (isto lembra Ez 47.3-5).

E como sabemos, a Água Viva representa a Palavra de Jesus e o Espírito Santo que confirma esta palavra:

 

o   “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,” (Ef 5.25,26).

o   “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.” (Jo 7.37-39).

 

O firmamento que Ezequiel, bem como Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel viram foi este “mar de vidro” (o qual tem haver com o juízo e justiça quem compõem a base do Reino do Eterno - Salmos 97:2):

 

o   “E sobre as cabeças dos seres viventes havia uma semelhança de firmamento, com a aparência de cristal terrível, estendido por cima, sobre as suas cabeças.” (Ez 1.22).

o   “E viram o Deus de Israel, e debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade.” (Êx 24.10 - ACF).

 

Vem a questão: mas afinal, porque é usado a expressão “mar de vidro semelhante ao cristal”?

Embora o que João viu seja como uma poça d’água que está diante do trono de todos os lados, a mente do Espírito do Eterno (Rm 11.33,34; 1Co 2.10,11,14,16), Sua Palavra (amor – 1Jo 5.3; Ef 3.19) e Sua Igreja (1Co 2.15) são insondáveis de tão profundos que são. Daí a palavra “mar”.

O vidro é caracterizado pela sua transparência (ver Ap 21.22) e o cristal, pela sua capacidade de resplandecer (brilhar intensamente, refletindo a luz). Ou seja, o mar de vidro, ao mesmo tempo que refletia perfeitamente a Luz da Verdade, ele também era perfeitamente transparente, sendo possível ver todo o seu interior.

É exatamente assim que o Espírito de Jesus, Sua Palavra (amor) e Sua Igreja são: ao mesmo tempo que eles refletem toda a glória do Eterno externamente (sem reter nada), eles são totalmente transparentes a ponto de quem desejar possa ver tudo que a glória do Eterno opera no interior deles (a saber, o testemunho de Cristo – 1Jo 5.7-12).

Enfim, “mar de vidro semelhante a cristal” mostra o quanto o Espírito de Jesus, Sua Palavra (amor) e Igreja estão abertos para todos quantos desejam ver a verdade operando externa e internamente, bem como em experimentá-la interiormente limpando e libertando (Jo 8.32).

É neste “mar de vidro” que são purificados judeus (Ap 15.2) e gentios (Ap 7.9) que morreram naturalmente na Grande Tribulação.

OS QUATRO EVANGELHOS QUE MANTÊM O TRONO DO ETERNO

o   “O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando.” (Ap 4.7).

 

A primeira coisa a ser notada é a aparência dos quatro seres viventes. Comparemos com o que viu Ezequiel (Ez 1:10; 10.14):

 

Em Apocalipse 4.7

Em Ezequiel 1.10

Em Ezequiel 10.14

Semelhante a leão.

Tem rosto de leão, o qual fica à direita.

Este é o rosto do terceiro ser vivente.

Semelhante a novilho.

Tinha rosto de boi, qual fica à esquerda.

O rosto do 1º ser era de querubim. Aliás, aqui os seres são chamados de querubins (Ez 10.20).

Tem rosto como de homem.

Todos os rostos eram semelhantes ao de homem.

Este é o rosto do segundo ser vivente.

Semelhante à águia voando.

Tinham rosto de águia.

Este é o rosto do quarto ser vivente.

 

Em Ez 1.5, todos os quatro querubins eram semelhantes a homem (inclusive o rosto). Ou seja, embora três das faces fosse de leão, boi e águia, elas eram capazes de expressar emoções (por exemplo, rir) tão bem quanto um ser humano.

Já em Ez 10.14, dá a entender que cada ser vivente tinha quatro rostos iguais.

Quanto aos quatro animais, eis o significado deles:

 

Animal

Significado

Evangelho que retrata isto

Leão.

Indica Jesus como Rei dos reis.

Mateus.

Boi.

Indica Jesus como o Servo fiel em toda a casa do Pai.

Marcos.

Homem.

Indica Jesus como o Homem perfeito.

Lucas.

Águia voando.

Indica Jesus como Deus Eterno que veio do céu e volta ao céu.

João.

 

A razão de ser usado estes quatro animais deve-se ao fato de eles serem os mais proeminentes em sua esfera de ação:

LEÃO

O leão é o animal que melhor expressa as características que um rei deve ter:

 

1.    Ele não pode temer fazer justiça diante do ímpio (Pv 24.23-25; 25.26; 28.21). Sempre deve ter bom ânimo para guardar toda a palavra do Eterno (Js 1.6-9).

 

o   “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” (Pv 28.1).

o   “O leão, o mais forte entre os animais, que não foge de nada;” (Pv 30.30).

 

2.    Ele deve servir de exemplo e respeito para todos (ver 1Tm 4.12; Tt 2.15). Afinal, o leão é o que melhor tem acesso entre os animais selvagens. Seu rugido é respeitado por todos, tal como o bramido do Eterno:

 

o   “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor DEUS, quem não profetizará?” (Am 3.8).

o   “E o SENHOR bramará de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão, mas o SENHOR será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel.” (Jl 3.16).

 

3.    Como bom soldado de Jesus, não pode se deixar prender por nada:

 

o   “Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará? O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.” (Gn 49.9.10).

o   “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente.” (2Tm 2.3-5).

 

O leão expressa a força e coragem que o ministro de Cristo deve ter, a ponto de levar a cabo toda a vontade do Eterno para si e para os que o Eterno lhe confiou. Ele deve ser ousado para sofrer todas as aflições dos irmãos como bom soldado de Jesus, sem jamais abandonar Jesus e os princípios da Escritura Sagrada.

BOI

O boi é o animal que melhor expressa as qualidades que um servo deve ter. Ele dever ser firme, paciente, forte:

 

o   “Não havendo bois o estábulo fica limpo, mas pela força do boi há abundância de colheita.” (Pv 14.4).

 

Tal como o boi trilha o trigo, os servos de Cristo devem trilhar a semente da palavra do Eterno, de modo que ela seja sempre agradável e temperada com o sal da aliança do Eterno (ver Lv 2.3):

 

o   “Não atarás a boca ao boi, quando trilhar.” (Deuteronômio 25.4).

o   “Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante.” (1Co 9.9,10).

o   “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.” (1Tm 5.17,18).

 

O objetivo do estudo da Escritura Sagrada é estimular cada um a buscar enxergar a aliança que o Eterno fez consigo (Sl 25.14) e a conquistar o que realmente é necessário ao seu espírito.

Daí ser necessário ao ministro do Eterno saber manejar a Escritura Sagrada corretamente:

 

o   “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2Tm 2.15).

 

Sobretudo, ele deve suportar as debilidades dos fracos (Rm 14.1; 15.1) com mansidão e temor (em incansável paciência e submissão):

 

o   “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade,” (II Timóteo 2.25).

o   “Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas.” (Tiago 1.21).

o   “Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,” (I Pedro 3.15)

HOMEM

O ser humano é o que melhor expressa sabedoria e inteligência, bem como a imagem e semelhança do Eterno:

 

o   “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gn 1.26-28).

 

Seu papel é gerar filhos cheios do fruto do Espírito do Eterno a fim de que, juntos, possam sujeitar (com compaixão e prudência) toda terra ao domínio do Eterno e enchê-la toda da glória Dele (Is 11.9; Hc 2.14).

ÁGUIA

A águia, como rainha das aves, é a que voa mais alto (Jó 39.27; Jr 49.16) e rápido (2Sm 1.23; Jr 4.13; Lm 4.19).

É o melhor animal para nos lembrar de atividade e vigor, bem como o cuidado maternal que o ministro do Eterno deve ter para com aqueles que Jesus lhe confiou.

 

o   “Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim;” (Êx 19.4).

o   “Como a águia desperta a sua ninhada, move-se sobre os seus filhos, estende as suas asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas, assim só o SENHOR o guiou; e não havia com ele deus estranho.” (Dt 32.11,12).

o   “Guarda-me como à menina do olho; esconde-me debaixo da sombra das tuas asas,” (Sl 17.8).

o   “Porque tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das tuas asas me regozijarei.” (Sl 63.7).

 

O verdadeiro ministro do Eterno, ao invés de ser um peso na vida dos irmãos, lhes alivia:

 

o   “E não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados; antes fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos. Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias almas; porquanto nos éreis muito queridos.” (1Ts 2.6-8).

o   “Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco, e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas sim a vós: porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais para os filhos. Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado.” (2Co 12.14,15).

 

Ele deve conduzir os irmãos àquilo que eles realmente precisam, tal como Débora acolheu Israel como seu filhos e conquistou a vitória sua e deles:

 

o   “Cessaram as aldeias em Israel, cessaram; até que eu, Débora, me levantei, por mãe em Israel me levantei.” (Juízes 5.7).

o   “Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas.” (Salmo 23.2).

 

 

Estes quatro seres viventes retratam como é o governo do Eterno: enérgico e ousado, mas manso e repleto de compaixão e serviço humilde; espiritual e rápido na execução (como o voo desimpedido da águia), manifestando o cuidado zeloso do Eterno pelos Seus filhos (Lc 18.8), mas também físico, sem desrespeitar os limites que Ele estabeleceu para o homem ou mesmo para toda a natureza. Mas sobretudo, o governo do Eterno manifesta a perfeita imagem e semelhança Dele.

Por isto é que, na visão de Ezequiel (Ez 1.10), os rostos aparecem distribuídos da seguinte forma:

 

o   Leão à direita e boi à esquerda -> Retrata Jesus como o servo humilde e perfeito que se sujeitou a toda a lei que Ele estabeleceu como Rei dos reis;

o   Águia e homem -> Retrata Jesus como o Deus único e verdadeiro que foi tentado em todas as coisas como qualquer ser humano, mas sem pecar (Hb 4.15); pelo contrário: Ele, condenou o pecado em Sua carne (Rm 8.3,4).

 

A Escritura Sagrada associa face com indivíduos (1Cr 12.8; 2Cr 29.6; Is 3.15; 13.8). Considerando que os querubins em Ezequiel tinha quatro faces, logo isto significa que, espiritualmente, um ser é capaz de ter mais de uma identidade.

Aliás, cada membro da Igreja deve saber equilibrar as quatro virtudes de Cristo em si:

 

·         Como reis (Gn 1.28; Ap 1.6; 5.10) devemos julgar retamente os fatos e espíritos (1João 4.1) e conduzir todos pelo caminho certo rumo à justiça eterna. Sobretudo, devemos reinar sobre o pecado (Rm 5.17)

·         Como servos do Eterno devemos nos entregar ao trabalho que Ele confiou a nós de corpo, alma e espírito, com todas as nossas forças, nem mais, nem menos (Ec 9.10; Fp 2.14,15; 1Pe 4.10,11), servindo com mansidão e temor (1Pe 3.15);

·         Como homens devemos nos identificar com aqueles que o Eterno nos dá (tal como Ele se fez carne pecaminosa para nos salvar – Rm 8.3,4; 2Co 5.21). Devemos ser homens de verdade (Êx 18.21; Mc 12.14);

·         Como sacerdotes, filhos do Eterno em Cristo, carregamos em nós Sua imagem e semelhança (Gn 1.25,26), cabendo a nós servir para que aqueles que nos cercam vejam as regiões celestiais. Devemos ser indivíduos espirituais vivendo as verdades sagradas na carne, sempre sendo o templo em que o Eterno possa ser visto (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16).

 

Os quatro seres viventes também lembram a forma como as tribos de Israel se organizavam em volta do tabernáculo (lembrando que quatro também lembra os quatro cantos da terra ou de qualquer outro objeto). Como os filhos de Levi eram responsáveis pela guarda do santuário e por ministrarem na tenda da congregação, eles ficavam ao redor dele (Nm 3.7,8), da seguinte forma:

 

o   ao oriente (diante do tabernáculo) -> Moisés, Arão e seus filhos (Nm 3.38).

o   ao sul -> coatitas (Nm 3.29);

o   ao ocidente -> gersonitas (Nm 3.23);

o   ao norte -> meraritas (Nm 3.35).

Ao redor deles todo o povo de Israel se posicionava da seguinte forma:

 

o   ao oriente -> Judá, Issacar e Zebulom (Nm 2.3-7);

o   ao sul -> Rúben, Simão e Gade (Nm 2.10-14);

o   ao ocidente -> Efraim, Manassés e Benjamim (Nm 2.18-22);

o   ao norte -> Dã, Aser e Naftali (Nm 2.25-29).

 

O detalhe é que:

 

o   ao oriente (frente), considerando que é por aí que o homem no tabernáculo, é bem provável que o rosto de homem se encontra nesta posição;

o   ao sul (direita) , de acordo com Ezequiel,  estava o animal com rosto de leão;

o   ao ocidente (fundo), considerando que é no mais interior do tabernáculo (no seu fundo) que o Eterno ministra, logo é bem provável que o rosto de águia esteja nesta posição.

o   ao norte (esquerda), de acordo com Ezequiel, estava o animal com rosto de boi;

 

Esquematizando, fica assim:

 

POSIÇÃO

FAMÍLIA DE LEVI

TRIBOS DE ISRAEL

ROSTO

Oriente.

Moisés, Arão e seus filhos.

Judá, Issacar e Zebulom.

Homem.

Sul.

Coatitas.

Rúben, Simão e Gade.

Leão.

Ocidente.

Gersonitas.

Efraim, Manassés e Benjamim.

Águia.

Norte.

Meraritas.

Dã, Aser e Naftali

Boi.

 

Assim como Israel estava ao redor do tabernáculo para protegê-lo, os quatro seres viventes aqui fazem o mesmo papel.

Embora estes seres viventes sejam os mesmos de Ez 1, Ez 10 e Is 6, em cada uma destas passagens eles executam papéis diferentes. Daí eles assumirem formas diferentes (ou seja, serem seres metamórficos). E não é de admirar, já que o próprio Ha-Satan, que era querubim (Ez 28.14), é capaz de se transformar até em anjo de luz (2Co 11.13-15). Além disto, veja os querubins assumindo alguns papéis:

 

o   Eles são vistos em companhia de uma espada flamejante colocada na entrada do jardim do Éden (Gênesis 3.24);

o   O Eterno tinha comunhão com Seu povo de entre os querubins, os quais tinham duas asas (Êx 25.22);

o   O Eterno é o pastor de Israel que mora entre os querubins (Sl 80.1).

 

Em Ezequiel os querubins estão junto às rodas do trono (Ez 1.15; 10.9; Dn 7.9) movendo-as. Como estas rodas estão na terra, daí o Eterno dizer que o céu é o trono Dele e a terra o estrado dos seus pés (Is 66.1).

Daí também ser dito que o Eterno monta sobre querubins (2 Samuel 22:11; Sl 18.10). Aliás, os anjos como um todo são os carros do Eterno (Sl 68.17), o meio de transporte usado por Ele, já que o Eterno faz, de Seus anjos, ventos (Hb 1.7).

Já em Isaías, os querubins são chamados de serafins e o papel deles é coroar o Eterno de beleza e glória. Daí estarem voando em cima do trono. No entanto, aqui eles são vistos com pés e rostos cobertos, pois o evangelho estará coberto a Israel até a volta de Cristo para instituir o milênio (Is 6.9-12; Mt 13.13-15; Zc 12.10-14), de modo que a verdade não será pregada entre eles (Is 52.7; 61.1) e, mesmo se for, eles não vão enxergá-la.

 Em outras palavras, como Isaías ia ser usado como sinal profético a Israel (Is 8.3; 20.2-5), ele não vê os rostos e pés do “evangelho” para profetizar a rejeição do Messias por Israel.

Já aqui em Apocalipse os seres viventes estão no meio do trono e à volta do trono. Ou seja, eles estavam sobrevoando o trono no centro do trono (com relação à sua altura) e girando ao redor dele.

A função deles aqui é manifestar a verdade do Eterno e Sua glória, de modo que todos vejam, de todos os ângulos, o motivo pelo qual estão sendo julgados.

Para ser mais exato: uma vez que os quatro seres viventes representam os quatro evangelhos:

 

o   Em Ezequiel os evangelhos transportam a majestade e soberania do Eterno por todo o mundo. Aqui são quatro asas porque elas representam a glória do Eterno saindo do templo e de Jerusalém e indo por todo este mundo (Ez 11.22,23);

o   Em Isaías os evangelhos manifestam quem o Eterno é, a saber, Aquele que, com a brasa viva tirada do altar da oração, purifica os Seus (Is 6.6,7). É exatamente isto que Jesus e Seu evangelho faz por nós. Aqui os querubins têm seis asas porque a identidade de quem o Eterno é, bem como os pés formosos do que anunciam a paz estão encobertos (Is 52.7; Rm 10.15);

Isto nos ensina que, embora sejamos purificados pela vida de Cristo em nós (1Jo 1.7), esta purificação só se efetiva quando intercedemos pelos irmãos (Ez 22.30; Jr 5.1), ou seja, quando nos dispomos nas mãos do Eterno para comunicarmos aos outros o evangelho que cremos (Sl 116.10; 2Co 4.13; Rm 10.6-10), de modo que seus “pés” possam ser limpos (Jo 13.14).

o   Em Apocalipse os evangelhos protegem a santidade e justiça do Eterno mostrando a todos o significado de tudo que cada um passou aqui na terra, bem como mostrando o motivo pelo qual muitos foram ou não salvos. Aqui os que estão sendo julgados estão vendo o caráter do evangelho (rosto) e o quanto ele foi pregado mundo afora (Mt 24.13).

 

Note que, embora os anjos sejam servos da Igreja, os quatro seres viventes ficam mais perto do trono que os vinte e quatro anciãos. Isto porque, quem mais serve ao Eterno, mais próximo fica Dele. Isto é bem compreensível já que o Eterno, sendo rei, é quem mais serve. Basta pensar que é Ele quem alimenta toda a criação (veja isto em Jó 38 e 39).

Além disto, não podemos esquecer o que disse Jesus:

 

o   “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus.” (Mateus 18.10).

 

Em outras palavras, estes anjos são os anjos dos pequeninos, a quem aprouve ao Eterno revelar Seu evangelho:

 

o   “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Mateus 11.27).

 

Enfim, estes anjos especiais retratam o aquilo que o Eterno veio manifestar ao mundo em Sua carne. Ao fazer isto, Ele se tornou a cabeça de todo principado e potestade e congregou em Si todas as coisas que há no céu e na terra (Cl 1.15,16; 2.10; Ef 1.10). Afinal, Ele veio para redimir toda a criação (Rm 8.19-22). E é isto que vai ser visto no milênio: o prazer de toda criatura em servir o Messias (ver Is 11.6-8; 65.25; Ez 34.25; Os 2.18).

Logo, os quatro seres viventes lembram a reconciliação do Eterno com a natureza (descrita em Is 11:6-8; 65:25; Ez 34:25; Os 2:18).

De mais a mais, os quatro seres viventes são representantes de toda classe angelical e, ao mesmo tempo, da criação redimida. Cada um carrega em si algo do caráter de Cristo e de Sua obra aqui no mundo. Juntos eles representam Jesus, a Palavra viva que tem poder para nos salvar do pecado e de nós mesmos (Rm 1.17).

A PROPOSTA DO EVANGELHO

o   “E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.” (Ap 4.8).

 

Estes seres tem olhos “por diante e por detrás”. Isto significa que eles podem:

 

o   voltar no passado (observar todos os sacrifícios e sombras, predições e promessas do Testamento da Lei);

o   olhar para o futuro mostrando o cumprimento de todo o Testamento da Lei em Cristo e Sua Igreja;

 

Estes olhos simbolizam vigilância e vitalidade para olharem o rebanho entregue a eles. Eles olham para si mesmos (sua doutrina, conversação) para expiar inimigos e perigos, bem como dar notícia deles às oholyao. Estes olhos também olham para o Eterno em Seu trono e para o Cordeiro no meio dele, em busca de suprimentos de dádivas e graça, mas têm olhos atrás para olharem para os vinte e quatro anciãos e aqueles que hão de ser julgados.

Resumindo: eles estão cheios de olhos por diante e por detrás, ao redor e por dentro. Logo, ninguém pode pegar eles de surpresa. Eles estão atentos a tudo que acontece em volta deles. Não deixa escapar nenhuma oportunidade. Também enxergam interiormente, ou seja, os membros que os compõem.

A propósito: o fato de os seres viventes estarem cheios de olhos e se encontrarem louvando o Eterno mostra que a verdadeira adoração não é algo cego, mas repleto de sabedoria e conhecimento, tanto interior quanto exteriormente.

Enfim, estes seres viventes mostrar toda a eficácia do evangelho:

 

·         trabalha o passado do indivíduo, de modo que ele possa viver o futuro como se ele fosse presente;

·         permite o indivíduo enxergar os problemas no interior da alma e, ao mesmo tempo os perigos externos;

·         leva o indivíduo a contemplar o Pai e o Filho, mas sem jamais deixar de atentar para os indivíduos e o julgamento que está para cair sobre eles;

·         revela a verdade do Eterno, bem como Sua misericórdia para quem se dispõe a vivê-la e o juízo para todos quantos a rejeitam.

 

Perceba que os seres viventes vivem para proclamar a santidade do Eterno em todas as eras. Seu papel é conciliar o onipotência do Eterno com Sua santidade. Entenda: no que cada indivíduo passa por algum tipo de luta, sua tendência é contestar a bondade do Eterno. Afinal, como um Deus bom pode permitir coisas más? Muitos enxergam a bondade do Eterno apenas para o futuro. No entanto, o papel dos quatro seres viventes é mostrar a santidade do Eterno tanto naquilo que vivemos no passando, quanto naquilo que estamos vivendo e naquilo que ainda está por vir.

A QUEM NÓS DEVEMOS LOUVAR E COMO

De um modo geral, estes seres viventes aparecem conduzindo os vinte e quatro anciãos no louvor e adoração ao Eterno. Há, todavia, um diferencial muito importante: são estes quatro animais que chamam os quatro cavaleiros do apocalipse (Ap 6.1,3,5,7) e é um deles que entrega aos sete anjos as sete taças da cólera do Eterno (Ap 15.7).

Quanto à adoração promovida por estes seres viventes, isto nos ensina como devemos louvar o Eterno:

 

·         De modo constante e ininterrupto;

·         Unidos com os irmãos, sem jamais nos dividirmos.;

·         Repleto de gratidão e amor ao invés de ser frio e formal;

·         Em mais profunda humildade, reconhecendo nossa real situação espiritual ao invés de vangloriamos de nossos talentos.

 

Assim como os adoradores de Ha-Satan não têm descanso nem de dia, nem de noite (Ap 14.10,11), estes seres viventes também não. A diferença, porém, é que estes nunca descansam de fazer aquilo que agrada ao Eterno, enquanto que aqueles não se cansam de fazer e sofrer o mal, atormentar e ser atormentado. Com a desculpa de que querem alcançar o bem, os adoradores da besta estão sempre fazendo o mal, já que, sem Jesus, a única forma de alguém receber algo é tirando de alguém (Provérbios 12.12).

Compare com o louvor dos serafins:

 

o   “E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” (Is 6.3).

 

Aqui eles louvavam o Eterno por Sua santidade em conduzir cada um dos Seus exércitos:

 

o   O exército das coisas inanimadas (ver Sl 148.3,4,8);

o   O exército dos vasos de ira (Ha-Satan e seus seguidores – ver Rm 9.22,23)

o   O exército dos vasos de honra (os anjos e os seguidores do Eterno);

o   O exército de animais e plantas (Sl 148.7,9,10).

 

O detalhe é que, mesmo na época de Isaías, era possível ver a glória do Eterno em todos os lugares (ver Sl 33.5; 40.5). Tudo dependia de ter bons olhos (ver Mt 6.22,23; Lc 11.33-36; Tt 1.15). Quão dirá hoje que o Eterno é visto como o Deus Todo-Poderoso!

Talvez você questione: mas Ele já era visto desta forma! Contudo, havia uma coisa que o Eterno podia fazer, mas que ninguém conseguia acreditar: transformar vidas. Foi através do evangelho proclamado que esta verdade se tornou conhecida e mais aceita. Tanto que, agora, a ênfase do louvor é “aquele que era, que é e que há de vir”.

Inclusive, note como esta característica de Jesus (que era, que é e que há de vir) é muito ressaltada no apocalipse (Ap 1.4,8).

Você pode questionar: “mas o Eterno é caracterizado pelo que Ele é no presente”. Daí Ele ser o “Eu sou” (Êx 3.14), o que implica que Ele não muda (não tem o que mudar, muito menos motivo para isto).

Mas então, o que os seres viventes estavam louvando? O Eterno “era” significa que Ele é o mesmo Deus do Testamento da Lei. E o motivo de não dizer “e o que será” é porque o Eterno não vai ser diferente no futuro, muito menos revelar um novo tipo de aliança.

Daí Ele ser exaltado novamente quanto à Sua santidade:

Os três “santo” aqui se refere a:

 

o   Passado (que era): Aquele que mostrou Sua misericórdia (Rm 3.25);

o   Presente (que é): Aquele que tem mostrado Sua justiça em Si mesmo;

o   Futuro (que há de vir): Aquele que mostrará Sua majestade.

 

Detalhe: santidade é glória coberta e glória é a revelação da santidade.

O EVANGELHO PURIFICADOR E SANTIFICADOR DE DEUS

A santidade do Eterno é mostrada progressivamente e revela, não só Sua separação do pecado, mas também o quanto este mantém a criação separada dele. Só Sua santidade pode nos revelar nosso grau de impureza, a ponto de despertar em nós o desejo de ser purificado a fim de podermos nos aproximar Dele. Tanto que Isaías, ao ouvir os serafins proclamando a santidade do Eterno, ficou amedrontado (Is 6.5).

Talvez você questione: mas se é assim, porque João não ficou amedrontado. Ele ficou em Ap 1.17, só que foi purificado, não apenas por uma brasa viva do altar, mas pelo próprio toque purificador de Jesus (ver Mt 8.2,3). Agora o único sentimento que podia brotar era o de se prostrar diante do Eterno em profunda adoração.

Comparemos o papel dos seres viventes:

 

·         Em Isaías 6.6 os serafins são vistos pegando brasas vivas do altar da oração para purificar os lábios;

·         Em Ezequiel 1.13 e 10.5,6 vê-se o fogo subindo e descendo por entre os querubins e brasas de juízo sendo lançadas contra a cidade de Jerusalém (Ez 10.2).

·         Em Ap 4.6-8 os seres viventes desempenham tanto o papel de querubim (semelhança expressa em Ap 4.7) como o papel de serafim (semelhança expressa em Ap 7.8). Isto acontece porque o sacrifício de Jesus manifesta ambos os papéis: purificação e juízo.

 

Primeiro temos a purificação perfeita e completa através da brasas vivas da intercessão de Jesus, resultante da Sua oferta por nós na cruz do Gólgota (representado pelo serafim). Depois nós temos o juízo sobre todos que desprezam tal purificação (representado pelo querubim). O trono do Eterno, que ao mesmo tempo é o assento da misericórdia, é também o lugar do juízo. E os seres viventes, tanto veem externamente (para o pecador) como internamente (para o sangue de Jesus “salpicado” no trono do Eterno).

Note que os seres viventes, na função de querubim, têm quatro asas, enquanto que, na função de serafim, seis, o que nos ensina que o Eterno é mais rápido para purificar alguém do pecado do que para julgar (ver Ez 33.11).

Contudo, a misericórdia do Eterno não implica em negligenciar o pecado do pecador, mas sim em receber em si todo o juízo que deveria cair sobre nós (Is 53.4-6) a fim de que todos pudessem enxergar Seu imenso amor por nós, bem como Sua capacidade de viver neste mundo toda e qualquer situação sem pecar (Hb 4.15). A ideia é que, deste modo, todos desejassem este tipo de vida pura, santa e repleta de bondade real em si mesmos e, assim, dessem lugar para Jesus levar o fardo pesado de suas necessidades e desejos malignos a fim de que Sua vida pudesse se manifestar em nossa carne mortal (Mt 11.28-30; 2Co 4.10,11).

 

·         “Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos,” (Ap 4.9).

·

Primeira coisa a ser observada é que a proclamação dos seres viventes de Apocalipse 4.8 não é um louvor físico. Primeiro porque isto contraria a ordem de Jesus (Mateus 6.6). Além disto, note o que é dito aqui: “quando esses seres viventes derem glória...”. Infelizmente há uma diferença nesta versículo: a versão ACF e AR1967 aparece escrito “davam glória e honra e ações de graças”, enquanto que na ARA2 e TB1917 aparece escrito “derem glória e honra e ações de graças”. “Davam” parece mais coerente, visto que os quatro seres viventes permanecem o tempo todo louvando o Eterno.

Logo, a proclamação de Apocalipse 4.8 representa, não meras palavras proferidas, mas sim a essência da mensagem do evangelho.

Quando todo o evangelho tiver sido pregado (ver Mateus 24.13) e a plenitude dos gentios, entrado no Reino do Eterno, os vinte e quatro anciãos darão ao Eterno:

 

o   Glória, ou seja, lugar para que todos O conheçam plenamente;

o   Honra, ou seja, continuidade a tudo que Ele é ao longo das gerações;

o   Ações de graças, ou seja, expressarão a gratidão em nome de todos os anjos (a quem eles representam) pelo privilégio de tê-Lo conhecido por meio da Igreja (Efésios 3.8-10; 1Pedro 1.10-12);

 

Vem a questão: a quem os seres viventes estão louvando:

 

·         ao que se encontra sentado no trono -> ao que está atento a tudo que acontece neste mundo, sempre concedendo misericórdia e amor a quantos desejarem receber e enviar Seu juízo àqueles que, vezes após vezes se recusam a se arrepender.

·         ao que vive pelos séculos dos séculos (ver Apocalipse 1.18; 4.9,10; 5.14; 7.12; 10.6; 15.7) -> o Deus Vivo (Josué 3:10; Salmo 42:2; 84:2), que é capaz de viver inúmeros séculos dentro de um século, ou seja, de nos levar a viver em um único dia aquilo que nem em mil anos seríamos capazes de viver (1Pedro 3.8).

Mais ainda: Ele é Aquele que sustenta a vida e se mantém presente, vivendo junto com cada ser vivente cada complexo segundo seu (dando-lhe mantimento, fôlego, coordenando seus órgãos, etc.).

 

Todas as expressões de louvor e adoração no céu servem para nos mostrar como devemos cultuar ao Eterno. E quem tem mais motivo para louvar o Eterno? Os anjos, as aves ou nós? No entanto, note que os quatro seres viventes é que estão estimulando o louvor dos vinte e quatro anciãos. O detalhe é que os anjos não foram redimidos pelo sacrifício de Cristo como nós. Isto deveria servir de vergonha a nós.

Ainda há outro ponto a considerar: Apocalipse 4.8 é a primeira manifestação de louvor no apocalipse. E perceba que ela não está relacionada com aquilo que o Eterno criou ou fez, mas sim com quem Ele é. Embora a característica do Eterno como Criador seja destacada no apocalipse (Apocalipse 4.11; 10.6; 14.7 – e também ao longo da Escritura Sagrada (Gênesis 1.1; Salmo 89.11-12; 148.5; Atos 17.24; Efésios 3.9; Colossenses 1.16)), o fundamento do louvor tem que ser Apocalipse 4.8:

 

·         quem Ele é: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”.

·         Sua constante presença em nossa vida, sustentando-a e dando sentido a ela (Atos 17.25,28): “ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos”.

 

o   “os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando:” (Apocalipse 4.10).

 

Uma coisa importante de ser observada é o comum consenso entre os vinte e quatro anciãos. Todos, ao mesmo tempo, depositaram suas coroas. Este consenso tem que haver na Igreja do Eterno (1Coríntios 1.10; Atos 4.32; Filipenses 4.2).

Note como os quatro animais sempre são seguidos pelos vinte e quatro anciãos no louvor (veja Apocalipse 4.8 e 4.9; Apocalipse 5.8-10; Apocalipse 5.14 – perceba que os quatro animais são mencionados primeiro, seguido imediatamente pelos vinte e quatro anciãos).

Os vinte e quatro anciãos se prostram diante do Eterno, o qual se encontra descansando em Sua obra concluída (Jo 19.30). Ao contrário do rei mundano que se senta no trono por causa do cansaço do corpo, o sentar do Eterno mostra Sua certeza de que Sua obra não falha. Embora Ele não pare de agir, Ele também não fica ansioso tentando fazer as coisas funcionar.

Três sinais da divina honra dada pelos vinte e quatro anciãos ao Eterno são:

 

o   Curvar e se prostrar diante do Eterno.

o   Humilhar-se, a saber, entregando suas coroas ao Eterno, reconhecendo que, agora que sua missão está cumprida, é hora de devolver ao Eterno toda a faculdade de julgar.

o   Adoração;

 

Por aqui também aprendemos que nós devemos depositar diante do Eterno tudo aquilo que nos separa uns dos outros e Dele. Se fôssemos nós nos lugar dos anciãos, provavelmente iríamos querer continuar usando as coroas quando nossa função tivesse terminado, nem que seja para nos exibirmos diante dos outros. Não! Apenas o Eterno deve ser tudo em todos (1Coríntios 15.28).

A prova disto é vista no versículo seguinte. Quando os vinte e quatro anciãos depositam suas coroas diante do trono e explicam o motivo pelo qual estão fazendo isto:

 

o   “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.” (Ap 4.11).

 

O Eterno é digno de receber honra, glória, etc. por três motivos:

 

o   Porque tudo foi criado por Ele;

o   Porque tudo veio a existir e permanece por causa da vontade Dele;

o   Porque tudo foi criado novamente por causa da vontade Dele.

 

Vem a questão: por que “vieram e existir” vem primeiro do que “e foram criadas”? Porque, ao contrário do mundo que só consegue experimentar algo após o mesmo se concretizar, o Eterno é capaz de viver todo o Seu plano antes mesmo de isto se tornar real. Por exemplo, Ele já conhecia Jeremias desde a madre (Jeremias 1.5). O sangue de Cristo era conhecido antes mesmo da fundação do mundo (1Pedro 1.20; Apocalipse 13.8; 17.8).

Ou seja, o Eterno é louvado, por ter criado tudo em projeto, por ter vivido toda Sua criação antes mesmo de colocar Seu plano em execução e por, finalmente, trazer este plano à existência e mantê-lo (Hebreus 1.3; ver 2Pedro 3.5-7).

Deste modo, Ele pode ter certeza de que nenhum dos planos Dele iria ser frustrado (Jó 42.2; Salmos 139.13-16). E por meio de Jesus é possível viver o futuro que o Eterno projetou para nós como se ele já fosse presente.

Também podemos pensar da seguinte forma:

 

o   Primeiro, o Eterno criou todas as coisas (ou seja, projetou todas elas);

o   Posteriormente Ele as trouxe à existência (Gn 1.1).

o   Depois da rebelião de Ha-Satan, o Eterno recriou tudo (Gn 1.2).

 

Considerando que o Eterno não precisa de nada, logo a razão de Ele ter criado tudo e de manter tudo em perfeita ordem é porque em tudo Ele tem um propósito (Eclesiastes 3.1-9). Em outras palavras, uma lição que podemos para aprender: como tudo que acontece conosco foi projetado pelo Eterno, testado por Ele, trazido a existência por Ele e mantido por Ele, logo, a atitude mais sensata em cada situação é conceder ao Eterno:

 

o   Glória -> deixar que os indivíduos conheçam a Jesus (e não a nós) através da nossa vida;

o   Honra -> ser capaz de transmitir tudo aquilo que Jesus é à gerações seguintes. Ou seja, ao invés de tentar deixar o próprio nome para a história da humanidade (pelos nossos belos feitos), que seja o nome de Jesus ser propagado por tudo que Ele fez através de nós.;

o   Poder -> dar lugar para que o poder de Jesus aconteça na nossa vida, permitindo que tudo seja resolvido com base na excelência celestial. Ao invés de ser o nosso poder (ou o poder do mundo) a nos dar vitória, que seja Jesus vencendo nossa carne pecaminosa e nos concedendo, não aquilo que o mundo é capaz de dar, mas sim o que o Eterno para tem para os que O amam.

 

Enfim, a ideia do apocalipse é mostrar a todos os fiéis atribulados que o Eterno é digno, independente das circunstâncias que experimentam. O mal que o Eterno permite é para que Ele possa dar a conhecer as riquezas da Sua graça e misericórdia neles que são vasos de honra (Rm 9.22,23). Tudo veio a existir na vida deles pela vontade do Eterno e permanece pelo poder Dele.

Assim sendo, não temos direito de brigar com ninguém, muito menos destruir-lhes a vida. Não louvamos ao Eterno apenas quando e porque as circunstâncias são favoráveis, mas sim porque Ele é digno disto.

Em nossa sociedade, o mais comum é adorar as coisas criadas em lugar de adorar o Criador. Inclusive, quando assistimos alguma coisa ou alguém, de certa forma estamos cultuando isto. Todavia, enquanto não enxergarmos o quão digno é Aquele que criou nós e aquilo que estamos vivendo, não seremos capazes de dar o devido louvor. Não é em vão que a dignidade do Eterno é bem destacada nos hinos do apocalipse (seja explicitamente (Ap 4.11; 5.9,12) ou implicitamente (Ap 5.13; 7.10,12)).

O verdadeiro louvor exalta o Eterno, não apenas por aquilo que Ele fez, mas pela certeza de que não existe outra alternativa que verdadeiramente funciona. Inclusive, o fato de os vinte e quatro anciãos entregarem a glória, a honra e o poder ao Eterno em virtude de ter sido Ele quem criou todas as coisas é porque ninguém melhor do que Ele para administrar tais atributos. Ainda mais considerando que toda criação suporta o autógrafo do Eterno (Romanos 1.20).

 

RESUMO DE COMO AS COISAS ESTAVAM DISPOSTAS COM RELAÇÃO AO TRONO DO ETERNO

Com relação ao trono, as coisas estavam dispostas da seguintes forma:

 

·         Os quatro animais estavam no meio do trono e ao redor dele (Apocalipse 4.6).

·         O Cordeiro estava no meio do trono (Apocalipse 5.6).

·         Os vinte e quatro anciãos estão ao redor do trono (Apocalipse 4.4);

·         Rio de Vida procede do trono (Apocalipse 22.1).          

·         Diante do trono ardem sete lâmpadas (Apocalipse 4.5).

·         Diante do trono estava o mar de vidro (Apocalipse 4.6).

·         Diante do trono no mar de vidro estavam as virgens néscias (Apocalipse 15.2) adorando ao Eterno e mostrando Sua justiça, juízos, caminhos e feitos a todos os que irão nascer no milênio.

·         Diante do trono os gentios que morreram das taças na Grande Tribulação servindo ao Eterno no santuário Dele (Apocalipse 7.15).

·         Ao redor do trono, dos 24 anciãos e dos 4 seres viventes estão os anjos (Apocalipse 5.11) sobrevoando toda a assembleia dos justos, cobrindo-a com sua sombra.

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