domingo, 10 de setembro de 2017

148 - Irai-vos e não pequeis. O que isto significa?

Irai-vos e não pequeis

 

A ira, como qualquer outro sentimento, não é pecado. A questão é: pelo que estamos irados e como procedemos diante da ira?

O próprio Eterno se ira:

 

·        “Deus é juiz justo, um Deus que se ira todos os dias.” (Sl 7.11).

·        “Então se acendeu a ira do SENHOR contra Moisés, e disse: Não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele falará muito bem; e eis que ele também sai ao teu encontro; e, vendo-te, se alegrará em seu coração.” (Êx 4.14).

·        “O SENHOR é Deus zeloso e vingador; o SENHOR é vingador e cheio de furor; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos. O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.” (Na 1.2,3).

·        “E a ira de Deus acendeu-se, porque ele se ia; e o anjo do SENHOR pôs-se-lhe no caminho por adversário; e ele ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus servos com ele.” (Números 22.22).

·        “Quando a ira de Deus desceu sobre eles, e matou os mais robustos deles, e feriu os escolhidos de Israel.” (Salmos 78.31).

 

Note que a ira é um atributo divino. A ira do Eterno mostra que tudo que acontece neste mundo mexe com Ele. Todavia, há diferença entre a ira do Eterno e a ira do homem:

 

              o Eterno fica irado porque Ele ama o pecador e não quer ser obrigado a permitir o mal que Sua justiça requer que caia sobre ele; nós, todavia, temos prazer no mal e queremos que este caia sobre aqueles que achamos merecê-lo;

              enquanto a ira do Eterno está relacionada com a manifestação de tudo que é contrário à sua natureza (pureza e santidade), a ira de cada ser humano está relacionada com tudo aquilo que não tem a ver consigo (com seus conceitos e valores egoístas e maus).

 

Não é em vão que Tiago diz:

 

·        “Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.” (Tg 1.20).

 

Veja, por exemplo, a ira de Jesus:

 

·        “E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra.” (Mc 3.5).

 

Jesus, entristecendo-se com a dureza do coração dos indivíduos, ficou irado. E veja como Ele procedeu: ao invés de enviar alguma praga contra os duros de coração, Ele preferiu curar aquele que tinha a mão mirrada.

De igual modo, somos convidados a irar:

 

·        “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” (Ef 4.26,27).

 

E o motivo disto é simples:

 

·        “Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado.” (Lv 19.17).

·        “Filho do homem: Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha boca ouvirás a palavra e avisá-los-ás da minha parte. Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; e tu não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do seu mau caminho, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua iniqüidade, mas o seu sangue, da tua mão o requererei. Mas, se avisares ao ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu mau caminho, ele morrerá na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma. Semelhantemente, quando o justo se desviar da sua justiça, e cometer a iniqüidade, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá: porque tu não o avisaste, no seu pecado morrerá; e suas justiças, que tiver praticado, não serão lembradas, mas o seu sangue, da tua mão o requererei.” (Ez 3.17-20).

·        “Maldito aquele que fizer a obra do SENHOR fraudulosamente; e maldito aquele que retém a sua espada do sangue.” (Jr 48.10)

 

Não podemos dar lugar para Ha-Satan e seus acusadores, deixando o sol se pôr sobre a nossa ira. Ou seja, ninguém pode deixar que uma situação mal resolvida seja negligenciada. Se ela for deixada para o dia seguinte, a ira pode crescer com o passar dos anos e, além de atormentar o indivíduo e interferir nos seus outros relacionamentos, tal indivíduo pode, com o passar do tempo, cometer até mesmo um crime hediondo.

Temos que repreender o próximo quando ele peca (Mt 18.15-17), a fim de dar-lhe oportunidade para se arrepender, converter e ser salvo. Do contrário, estamos sendo cúmplice em suas más obras (contrariando Ef 5.11) e incentivando o mesmo a continuar em tal prática.

Vem a questão: como, então, resolver o seguinte impasse:

 

·        “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Rm 12.19-21).

 

Ao invés de sermos nós nos irando por motivos egoístas, devemos dar lugar para que a ira do Eterno se manifeste através de nós. Em outras palavras, devemos amar o próximo do jeito que Jesus o amou e ama a fim de que, quando cumprida a nossa obediência (2Co 10.3-6), Jesus possa fazer vingar a Sua Palavra e caráter.

Ao invés de reagirmos como robôs ou bestas irracionais, devemos buscar a ação do Eterno em meio ao que nos foi feito.

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