APOCALIPSE 3
Carta aos Convertidos de Sardes (os robóticos)
Característica
·
Sei as tuas obras; que tens nome de que vives, e estás
morto. (Ap 3.1);
Sardes foi
a capital do antigo reino de Lídia. Foi situada numa planície regada pelo rio
Pactolus, a trinta milhas a sudoeste de Tiatira. Foi conquistada por Ciro e
depois por Alexandre, o Grande.
Este grupo
de irmãos tinha um nome. A questão é: diante dos homens ou do Eterno? Conforme
as frase “de maneira nenhuma riscarei o
seu nome do livro da vida” (Ap 3.5), estes irmãos tinham nome diante do Eterno. Eram
indivíduos que nasceram de novo e tinham seus nomes no livro da vida, ou seja,
estavam sendo usadas pelo Eterno.
Nada é
mencionado acerca das outras seis oholyao. Isto não quer dizer que eles não
tivessem o nome de Cristo na vida deles. Contudo, enquanto os outros seis tinha
nome apenas por serem filhos do Eterno, Sardes havia também recebido o nome do
Cordeiro ao se comprometer com Ele em casamento. Ou seja, os irmãos de Sardes
foram os que mais se aprofundaram no relacionamento com o Eterno.
Daí Jesus
dizer “lembra-te de como tens recebido e ouvido”. Ou seja, eles receberam Jesus,
Sua Palavra, dons e talentos com um amor puro de uma noiva apaixonada.
Contudo,
num dado momento, eles começaram se afastar da comunhão com o Altíssimo, o que
resultou na corrupção da sabedoria Dele (tal como se
deu com Ha-Satan – Ez 28.16,17) e em obras incompletas (estéreis - Ap 3.2).
Contudo,
passado algum tempo, eles praticamente pararam de ouvir a voz de Jesus e
passaram a viver com base na justiça que é pela lei (Rm 10.5). Eles morreram espiritualmente, embora alguns
ainda permanecessem na justiça que é pela fé (Rm 9.30 – Ap
3.4).
A maioria
das obras se tornaram mecânicas (sem a intervenção direta de Jesus). Ainda havia algumas obras que eram feitas com
base naquilo que Jesus dizia (a voz de Jesus era rara, mas ainda
uns poucos a ouviam). Para o
mundo, Sardes parece uma estrela. Contudo, Aquele que tem o Espírito sem medida
e as sete estrelas sabe diferenciar entre brilho e brilho.
Mas o que
poderia tirar a vida espiritual de alguém?
·
“Mas a que vive em deleites, vivendo está morta.” (1Tm 5.6) -> prazeres da carne;
·
“Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.
Destes afasta-te.” (2Tm 3.5) -> deixar que os cuidados da vida nos
leve a desprezar a eficácia da piedade, de modo a nos levar a passar por cima
dos sentimentos dos indivíduos;
·
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados.
Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo”
(pela graça
sois salvos) (Ef 2.1,5)” -> soberba da vida, a qual nos leva a
brigar com os indivíduos na medida que buscamos as demais ambições;
·
“Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te
dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” (Ef 5.14) -> estar com os olhos fechados para a
verdadeira bondade e fazendo vista grossa para o mal.
Embora os
irmãos de Sardis e Laodicéia não tivessem inimigos internos (não havia heresia, como Jezabel, Balaão e os falsos judeus) ou externos (não havia
perseguição, como em Esmirna e em Pérgamo (Ap 2.13)), não permaneceram na comunhão com Jesus.
Três tipos
de pessoas estavam havendo em Sardes:
·
Os que
morreram, mas tinham nome de que viviam (Ap 3.1);
·
Os que
estavam vivos, mas prestes a morrer (Ap 3.2). Estavam como que sonolentos (Ef 5.14);
·
Os que
estavam cheios de vida (Ap 3.4).
Não podemos
descansar no nosso passado. A Igreja vive daquilo que Jesus fala no presente.
Como Jesus se apresenta?
·
Isto diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as
sete estrelas (Ap 3.1).
Os sete
espíritos de Deus que estão diante do trono (Ap 4.1) são representados por:
·
Sete olhos (Ap 5.6) que
percorrem toda a terra (Zc 3.9; 4.10);
·
Sete
lâmpadas de fogo (Ap 4.5).
O Filho tem
o Espírito, não como alguém que recebe-O do Pai, mas como Alguém que pode
imputá-Lo aos homens.
Para
Sardes, que estava morta (incapaz de passar a Palavra do
Eterno de modo vivo e fértil), Jesus se mostra como:
·
Aquele que
tem os sete Espíritos do Eterno, ou seja:
o que pode
ressuscitar os crentes da morte para a vida e levá-los por toda a terra;
o Jesus é Aquele que queima toda a impureza e traz à
luz as coisas ocultas (1Co 4.5);
·
Aquele que
tem as sete estrelas, ou seja, que detém em seu poder os Seus mensageiros que concordam
em resplandecer como astros no mundo (Fp 2.14,15). Logo, sem estar nas mãos de Jesus, ninguém consegue
fazer algo que transmita vida.
Sardes
fazia muitas coisas (tinha aparência de que vive), mas nenhuma mudança trazia ao lugar onde
habitava. Para resolver então este problema da obra estéril, Jesus se mostra
como Aquele que realmente revela o que há oculto nos corações (1Co 14.24,25), tendo poder para queimar todo este lixo, resplandecer nova vida (Rm 6.7; 1Co 15.17) e guiar quem crê pelo mundo afora (Mc 16.15).
Quais qualidades podem ser vistas?
·
Mas tens umas poucas pessoas em Sardes que não
contaminaram as suas vestes (Ap 3.4).
Enquanto em
Pérgamo (Ap 2.14) e Tiatira (Ap 2.20) havia poucos maus entre os bons, em Sardes havia
uns poucos bons entre os maus.
Havia um
pequeno grupo de pessoas que permaneceu confiando no Eterno e Naquele que Ele
enviou (Jo 6.28,29), de modo que seus atos de justiça não ficaram contaminados (Is 64.6) como se
deu com o sumo-sacerdote Josué (Zc 3.1-3). Eram perfeitos (Gn 17.1; Mt
5.48) e santos (1Pe 1.16), na medida
em que eles buscavam a justiça que vem do alto pela fé (Rm 9.32; 10.6).
Não podemos
contaminar nossa justiça com os conceitos, valores, poderes e autoridades deste
mundo.
Qual a queixa de Jesus?
·
não tenho achado tuas obras completas diante de meu Deus (Ap 3.2)
Em Sardes
as coisas funcionavam como um robô programado.
Sardis nada
tinha do espírito das duas testemunhas de Ap 11.10, as quais atormentaram os
que moravam na terra por meio do seu fiel testemunho (sua presença não era vista pelo mundo como uma ameaça). Muito menos tinham o espírito de Cristo que
resistiu até o sangue lutando contra o pecado (Hb 12.3), vindo por isto a ser crucificado (Fp 2.5-8).
O que vem a
ser uma obra morta (ou, se preferir, imperfeita, incompleta)? Trata-se de uma obra estéril. Pense numa árvore
estéril. Ainda que ela possa crescer e produzir folhas, flores e frutos,
todavia se os frutos que ela produzir não tiverem semente, tudo que ela fizer
ficará restrito a ela própria.
Trata-se da
filosofia comercial que encheu o interior de Ha-Satan de violência (Ez 28.16), a saber:
concentrar os recursos em si a fim de atrair todos para sua volta (tal como se deu com Babilônia). Ignoram que a boa dádiva vem do alto (Tg 1.16,17).
A obra do
Eterno para o lar consiste em gerar uma semente de piedosos (Ml 2.15), ou seja:
não basta apenas ser piedoso; é necessário transmitir esta qualidade para todos
aqueles com quem temos contato. Não basta apenas ajudar: temos que levar os
indivíduos a ajudarem a si e aos outros.
Os irmãos
de Sardes, embora fizessem muitas obras, embora provavelmente pregassem o
evangelho a toda criatura (Mc 16.15), não conseguiam transmitir a essência do
evangelho, ou seja, a Palavra Viva de Cristo. É bom lembrar que a verdadeira fé
é a de Cristo (Ef 2.8,9; Gl 2.20), a qual nada tem a ver com nossa natureza carnal (2Co 5.16). Antes,
são feitas dentro do espírito de cada um (2Co 3.1-3) e movidos pela verdade (Jo 4.23,24).
Qual a consequência do pecado?
·
Pois se não vigiares, virei como um ladrão,
e não saberás a que hora sobre ti virei. (Ap 3.3).
Esta
advertência é muito mencionada na Escritura Sagrada:
·
“Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há
de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a
que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a
sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de
vir à hora em que não penseis.” (Mt 24.42-44);
·
“Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas
candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando
houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam
abrir-lhe. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier,
achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à
mesa e, chegando-se, os servirá. E, se vier na segunda vigília, e se vier na
terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos.
Sabei, porém, isto: que, se o pai de família soubesse a que hora havia de
vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa. Portanto, estai
vós também apercebidos; porque virá o Filho do homem à hora que não imaginais” (Lc 12.35-40);
·
“Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor
virá como o ladrão de noite; pois que, quando disserem: há paz e
segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto
àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão.” (1Ts 5.2,3);
·
“Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;
no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se
desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.” (2Pe 3.10);
·
“Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele
que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam
as suas vergonhas.” (Ap 16.15).
É bom notar
que Jesus promete vir como um ladrão (e não como um
assaltante – Ap 16.15; Mt 24.43; Lc 12.39; 1Ts 5.2; 2Pe 3.10). Ou seja, a ênfase aqui não está em ameaçar os
que estão vivos separados de Cristo, mas sim em livrar os que pertencem ao
Eterno.
Vale,
contudo, observar que Jesus vem como ladrão do ponto de vista de quem não é Dele.
Na verdade, nós é quem somos os ladrões, os injustos. Contudo, em nossa perspectiva,
Jesus tem sido o juiz iníquo (Lc 18.1-7) e o ladrão (ver Sl
50.9-12), já que nos
recusarmos a aceitar a retirada de qualquer
coisa sem o nosso consentimento (muitas vezes somos capazes de
intentar o mal contra outrem, seja diretamente ou pelas mãos de terceiros).
Já reparou
como Jesus disse que viria a nós enquanto estivéssemos neste mundo (Mt 25.34-46)? É sempre na forma de alguém que veio requerer algo de nós (Mt 21.33,34). Pode acontecer de Jesus vir, por exemplo, na forma de um bandido a
fim de que, por meio de nós, Ele possa mostrar Sua força (2Cr 16.9).
Logo, se
procedermos como os irmãos de Laodicéia (que não
tinham zelo pelos seus irmãos, não se importavam com o opróbrio (Sl 15.2)
e a fraqueza deles (ver Am 6.3-6; Ez 16.49; 2Co
11.28,29; Rm 14.1; 15.1)) ou os de
Sardes (que não eram capazes de comunicar às gerações vindouras
a natureza justa dos que creem (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38; Pv 12.12), mesmo que Jesus venha de modo previsível (repleto de sinais como que para anunciar a vinda do Rei), não conseguiremos discernir o tempo que estamos
a viver (Lc 12.56).
Mas, o que
é vigilância? É zelar daquilo que nos foi confiado.
O que temos
que vigiar?
· “E sede vós
semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das
bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe.” (Lc 12.36).
Sobre o que
devemos vigiar?
·
“Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o
tempo. É como se um homem, partindo para fora da terra, deixasse a sua casa, e
desse autoridade aos seus servos, e a cada um a sua obra, e mandasse ao
porteiro que vigiasse. Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da
casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para
que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. E as coisas que vos digo,
digo-as a todos: Vigiai.” (Mc 13.33-37).
E como
devemos exercer a vigilância? Devemos estar atentos à obra que nos foi dada
para fazermos, de modo que elas sempre permaneçam vivas.
Mas, o que
a vigilância tem a ver com estar preparado? A questão é que, quanto mais nos
envolvemos com algo, mas ficamos familiarizados com o mesmo. Por exemplo: uma
pessoa envolvida com medicina, ao presenciar um acidente de trânsito, focará
mais os danos físicos dos envolvidos; já o policial, seu foco será as infrações
de trânsito; o advogado, os recursos legais para cada um defender seus
direitos; o mecânico, a gravidade dos estragos nos veículos, bem como a
estimativa do prejuízo.
De igual
modo, quem não estiver familiarizado com as coisas celestiais não será capaz de
reconhecer Jesus, nem mesmo se Ele se manifestar cara a cara (como se deu em Lc 24.15,16). A ideia da vigilância é nos afinar cada vez mais com os valores do
Reino dos Céus, de modo que, quando Jesus vier (na figura do
amigo importuno de Lc 13.6-9), saibamos reconhecê-Lo (Lc 19.44) e possamos estar preparados para sermos Dele (ver 2Tm 2.19-21).
O que é prometido aos fiéis?
·
estas andarão comigo em vestes brancas, porque são
dignas. (Ap 3.4)
Andar de
branco, algo enfatizado no apocalipse (Ap 3.18; 4.4;
6.17; 7.9,13,14; 19.14).
As vestes
sujam representam o mundanismo ou as boas obras quando feitas sem integridade,
ou seja, com o caráter deturpado e motivações que não levam em conta a vontade e
propósito do Eterno, ou seja, que não são santas, mas visam apenas interesses
pessoais.
Como homem,
Jesus recebeu as vestes brancas; como Deus, Ele as dá.
As palavras
“andarão comigo” implica em triunfo, companheirismo e progresso. O fato de eles
caminharem com Jesus implica que eles terão a companhia constante de Cristo
lhes concedendo vida e liberdade, uma glória que não se corrompe, mas sempre
triunfa progressivamente.
Inclusive,
a religião pura e sem mácula consiste em mantermos nossas vestes
incontaminadas, ou seja, não permitirmos que o mundo nos torne indivíduos
perversos (a saber, nos levando a adotar seu sistema de justiça
como o modo de solucionar as coisas).
E isto eles
terão por causa dos méritos de Cristo neles (ver Ez 16.14;
Ap 7.14), a saber, em
virtude da Sua justiça manifesta na vida deles, cuja graça os levou a amar o
próximo do jeito que Jesus nos amou (João 13.34,35).
Mas, o que
são estas vestes? Os atos de justiça dos santos (Ap 19.8). Ou seja, os que creem vão sendo vestidos com
base naquilo que os indivíduos, com quem convivem, manifestam de Cristo e da
Sua Palavra em consequência do ministério deles.
Note a
semelhança entre o que é prometido aos vencedores e o modo de vestir dos que
permaneceram puros (Ap 3.4). Logo, as vestes brancas (como em Zc 3.3) profeticamente simbolizam o
corpo glorificado que os que creem hão de receber (2Co 5.1,4).
Quem for
indo de vitória em vitória, estará sempre
trajando vestes brancas, andando na luz (1Jo 1.7) e “bebendo” o sangue do Cordeiro (Jo 6.51-57) (ou seja, recebendo Sua vida dentro deles – Gl 2.20) até o dia em que receberão um corpo que os
permitirá experimentar a companhia contínua de Jesus enchendo-os de obras de
justiça (algo desejado por Jesus – Lc 23.43; Jo 17.24).
Exortação
·
Sê vigilante, e confirma
o que ainda permanece, que estava prestes a morrer (Ap 3.2)
·
Lembra-te,
portanto, como recebeste e ouviste, guarda-o e arrepende-te. (Ap 3.3)
Cinco ordens
de Jesus para Sua igreja:
1)
Sê
vigilante.
Sardes caiu porque não vigiou, ou seja, deixou de
se preocupar com a sanidade espiritual dos irmãos, vinda a executar cargas vãs
e motivos de expulsão (como em Lm 2.14).
2)
Fortaleça
ou consolida o que ainda vive.
Note
que, embora eles estivessem mortos, deveriam confirmar aquilo que estava para
morrer. Mas como é possível a um morto fazer alguma coisa? A ideia não é que
eles saíssem fazendo coisas, mas sim que percebessem o quão impotente eram para
fazerem coisas boas (Rm 3.11) e, assim, buscassem o único
que pode conceder a vida que restaura e completa.
Mas
afinal, o que estava para morrer? As obras que eles estavam fazendo. Ao invés
de permanecerem escutando a voz de Jesus e seguindo Suas orientações, eles
estavam começando a fazer tudo automaticamente, supondo não precisarem mais de
ouvir a voz de Jesus.
3)
Lembre-se
do modo que vocês receberam e ouviram:
·
“Como,
pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim
também andai nele,” (Cl 2.6);
·
“Finalmente,
irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus, que assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a
Deus, assim andai, para que possais progredir cada vez mais.” (1Ts 4.1);
·
“E
louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei.” (1Co 11.2);
Os irmãos de
Sardes deveriam se lembrar:
• Dos dons e talentos que eles
receberam, bem como dos ensinamentos que eles ouviram;
• De como eles receberam Jesus
e ouviram Sua Palavra. Isto não é tudo! Eles deveriam também se lembrar de que
receberam a Palavra do Eterno de bom grado, com coração fervoroso e zeloso,
visto a serem testemunhas da demonstração de espírito e poder (1Co 2.4,5).
Como
os Efésios, os irmãos de Sardes são relembrados da melhor condição a partir da
qual eles tinham recuado.
Os
poucos justos que havia em Sardes estavam como os justos que haviam na época de
Noé ou de Sodoma e Gomorra. Embora eles estivessem habitando no meio dos
ímpios, nenhum destes estavam se convertendo ao evangelho (Ez 14.14,16,18,20).
Muitos
deles estavam perecendo na fé, tal como muitos daqueles que eram da linhagem de
Enoque (na época do dilúvio) ou dos que entraram com Ló em
Sodoma.
Devemos
ter sempre em mente quem é este Jesus em quem cremos, qual é a Sua vontade, o
que Ele preparou para nós e, principalmente, o modo como acolhemos tudo isto em
nossa vida. Afinal, a singularidade do chamado de Cristo em nossas vidas (ver Sl 25.14; Is 65.1), bem como no fervor que tínhamos quando recebemos
a boa notícia (ver Jr 2.2), não é algo banal.
4)
Obedeça e
guarde (Jo 14.21,23);
·
“Ó
Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos
e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência” (1Tm 6.20);
·
“O
discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o
seu mestre.” (Lc 6.40).
Note
como o objetivo não é inventar coisas para fazer em favor de Jesus, mas tão
somente segui-Lo (Mt 16.24; Lc
9.23; 15.20),
mesmo que seja em meio ao deserto (Jr 2.2).
Não
é em vão que Paulo diz para Timóteo se lembrar do bom depósito (2Tm 1.14) que o Eterno colocou no coração dele (despensa – 1Co 4.1,2; 1Pe 4.10). Os irmãos de Sardes estavam
perdendo tudo que o Eterno depositara no interior deles. Este depósito (dons, talentos, Palavra, testemunho e, principalmente, irmãos
em Cristo) não
deveria morrer, ou seja, ficar como um monte de filosofia inútil e sem vida.
5)
Arrepende-te
Ou
seja, sentir tristeza em virtude dos prazeres da carne (Tg 4.8,9), pois é com a tristeza de rosto que o coração se
faz melhor (Ec 7.3). Só então quem crê voltará a
ser capaz de ter zelo por aquilo que é bom.
Qual a recompensa aos vencedores?
·
O vencedor será assim vestido de vestes brancas: não
apagarei o seu nome no livro da vida, e confessarei o seu nome diante de meu
Pai e diante dos seus anjos. (Ap 3.5).
Três
recompensas:
·
Ser vestido
de vestes brancas:
Ou seja, ser repleto da justiça de Cristo (que nada tem haver com os trapos de imundície nossos e do mundo
– Is 64.6), a saber, sendo
usando por Jesus para manifestar Sua graça na vida daqueles que o Eterno
colocou na nossa vida.
Uma diferença é oportuna ser feita: os fiéis
conservaram suas vestes brancas, ou seja, permaneceram na justiça de Cristo
enquanto vivendo neste corpo pecaminoso. Como eles conseguiram isto? Os
vencedores são vestidos dia a dia de vestes brancas (ver Lm
3.22,23 – ao invés de usar sempre a mesma veste, o Eterno lhes dá cada dia uma
nova veste) até o dia em que
hão de ter um corpo incorruptível que naturalmente clama pela justiça de
Cristo.
·
Não ter o
nome riscado do livro que retrata a vida de Jesus (que é a ressurreição e a vida - Jo
11.25):
Veja a
importância do livro da vida:
·
“Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os
espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.” (Lc 10:20).
Veja outras referências sobre o livro da vida (Êx 32.32,33; Sl 69.28; Dn 12.1; Lc 10.20; Fp 4.3; Ap 13.8;
17.8; 20.12,15; 21.27).
Para um grupo de convertidos estéreis, é dada aos
vencedores a promessa de terem os nomes escritos no livro da vida, ou seja, de
poderem ser usados por Cristo para fazerem história neste mundo. Lembre-se que
Ele possui os sete espíritos do Eterno enviados por toda a terra.
Para entender a importância disto, pense: quando
alguém se destaca no futebol, seu nome é escrito como o rei do futebol; quando
se destaca como prefeito, seu nome passa ser destaque ou referência de um
logradouro público. Quando alguém se destaca no Reino dos Céus ele passa a ser
como estrela no céu (Dn 12.3) e seu nome fica registrado como pertencente aos
negócios do Pai (Lc 2.49). Lembre-se que Jesus é Aquele que tem todas as
estrelas, ou seja, sem Ele qualquer brilho que vier de nós e ilusório e
transitório (como se deu com Moisés – 2Co 3.13).
Ser apagado do livro da vida significa que, muitos
dos que foram usados por Jesus, não serão lembrados na Sua história de atuação
neste mundo (Ez 3.20). Ou seja, as maravilhas que o Eterno faz através
daqueles que se desviam Dele e da Sua Palavra não contam para glória Sua.
A ideia é a mesma que se dá quando se assiste a um
filme. Existe a personagem central e os figurantes ou personagens que só
aparecem uma ou duas vezes para algo tão singular que quase ninguém se lembra
do mesmo. Quando o indivíduo nega a fé em Cristo, ele deixa de ser personagem
central.
No passado o nome de cada cidadão de uma dada
cidade era registrado. Quando o mesmo morria, seu nome era apagado. Muitos de
Sardes, embora ainda não tivessem tido seus nomes apagados do livro da vida (referente à cidade celestial), estavam mortos espiritualmente e em breve seus nomes iriam ser
apagados de vez do livro da vida do Cordeiro. Isso também prova que é possível
o nome de um crente ser riscado do Livro.
Obs: o livro da vida pode muito bem ser ilustrado
pelo registro do povo na Aliança da Lei (ver Is 4.3;
Ez 13.9).
·
Jesus
promete confessar o nome do indivíduo:
“Diante dos anjos de Deus” (como em Lc 12.8,9) “diante do Meu Pai” (como em Mt 10.32,33). A diferença é que, neste caso, aparece a
expressão “que está no céu” é usada para distinguir entre os que estão no céu e
os que estão na terra. Já aqui no Apocalipse, não há distinção, pois a visão
ocorre no céu.
Mas que importância tem isto? Para alguém ser
reconhecido em uma firma, o dono tem que confirmar seu nome entre o rol dos
funcionários. Isto lhe confere certos direitos e deveres (por exemplo: a cooperação dos demais funcionários).
Ao confessar o nome dos vitoriosos diante dos
anjos, Jesus estava dizendo que iria usá-lo e que ele contaria com a cooperação
dos anjos e da Igreja.
Como para os anjos é um privilégio ter acesso às
riquezas incompreensíveis de Cristo (1Pe 1.12), ao saber isto, eles passam a ter prazer de acampar
junto a esta pessoa (Sl 34.7). Tal indivíduo passa a ter autoridade espiritual (ver At 19.13-16).
Isto também nos ensina que, se nem os anjos que
são maior em poder e sabedoria ousam dizer quem é santo ou condenado (ver Jd 1.9), quão dirá
nós. Só a confissão de Jesus é a garantia de quem realmente somos. Afinal,
apenas nas mãos de Jesus os Seus podem ser encontrados e só Ele é quem sabe em
quem Seus sete espíritos estão agindo.
Eis o motivo pelo qual, para Paulo, era pouca
coisa ser julgado por algum tribunal humano:
·
“Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por
vós, ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. Porque em
nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me
julga é o SENHOR.” (1Co 4.3,4).
Afinal, o que importa é o que Jesus pense a nosso
respeito.
Urge
salientar que a expressão “Meu Deus” (ou meu pai,
como aparece aqui) aparece
cinco vezes em Apocalipse (uma vez aqui e quatro vezes em Ap
3.12). Jesus usa tal
expressão também em (Jo 20.17; Mt 27.46). A expressão “diante de Deus” é comum no
Apocalipse, em Lucas e nas epístolas de Paulo (mas não
ocorre em Mateus e Marcos).
Vem a
questão: qual a importância disto? Jesus torna público o nome do vencedor a
quem o Pai realmente é (e não a quem os indivíduos pensam que o Pai é). Ou
seja, esta promessa implica em ser conhecido por quem realmente é o Pai (e não por quem queremos que Ele seja).
Resumindo:
para um grupo de irmãos estéreis, Jesus quer tê-los em Suas mãos a fim de que
eles possam receber Seus sete espíritos que verdadeiramente concedem a real
vida a quem é humilde para recebê-la e, deste modo, eles possam manifestar Sua
justiça na vida do próximo e, com isto, serem usados para confirmar Sua palavra
a principados e potestades nos céus (Ef 3.10).
Identidade
Este grupo
representa aqueles que nasceram de novo, mas com o tempo deixam de ouvir a voz
de Jesus e passam a fazer obras e mais obras em prol do Reino dos Céus firmados
apenas nos seus conceitos e valores.
Para que
fique claro:
·
quando uma
pessoa dorme, ela fica alheia a tudo que acontece. Não toma consciência de
nada;
·
quando uma
pessoa fica anestesiada em todos os membros, embora fique consciente a tudo,
não consegue reagir a nada, mas só vê as coisas acontecer;
·
quando
alguém morre, além de ela ficar completamente desligada deste mundo, não têm
possibilidade de voltar.
Todas estas
pessoas têm algo em comum: não conseguem conservar todo o Favor que receberam do
Eterno. O que receberam vai se perdendo, sendo roubado pelo inimigo de nossas
almas, até nada restar.
Diferente
de Pérgamo (onde muitos queriam ver só o que
lhes interessava e do jeito deles) e de Tiatira (onde muitos viam a apostasia
acontecer, sabiam que estava errado, mas nada faziam porque gostavam dos
prazeres trazidos – como em 1Sm 1.29), Sardes tinha perdido toda a espiritualidade. Tornou-se puramente
carnal, sem qualquer ligação com as coisas espirituais. Todo mundanismo se
tornara normal (apenas em Laodicéia algo semelhante
aconteceu).
Hoje, este
grupo representa parte da Igreja dispersa que, por estar se alimentando de
informações negativas emitidas pela mídia, têm perdido a esperança de ver a
bondade do Eterno na terra dos viventes (Sl 27.13,14) e, por isto, se apegado aos recursos e poderes
deste mundo para combater o mal, como se a Igreja de Cristo fosse mais uma
religião, filosofia de vida ou seita radical em meio a tantas.
Resumo
Carta aos Convertidos de Filadélfia (os fracos na fé)
Característica
Filadélfia
recebeu este nome em homenagem ao seu fundador (Attalus
Philadelphus). Fica a setenta e
sete milhas a sudoeste de Sardes. É a segunda cidade de Lídia.
Jesus usa
nesta carta três símbolos que regem toda a mensagem:
·
uma porta
aberta;
·
a chave de
Davi;
·
ser coluna
no santuário de Deus.
Uma casa ou
edifício possui estes três elementos. Jesus é a porta do santuário do Eterno (Jo 10.9) que é
aberta pela chave que está em Suas mãos.
Como Jesus se apresenta?
·
Isto diz o Santo, o Verdadeiro, o que tem a chave de
Davi, o que abre e ninguém fechará, o que fecha e ninguém abre (Is 3.7)
Antes de
tudo, precisamos saber em que consiste a casa de Davi:
·
“Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com
teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o
qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. Eu lhe
serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei
com vara de homens, e com açoites de filhos de homens. Mas a minha benignidade
não se apartará dele; como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém
a tua casa e o teu reino serão firmados para
sempre diante de ti; teu trono será firme
para sempre.” (2Sm 7.12-16)
Considerando
que a única coisa digna de ser eterna é aquilo que pertence ao Criador (Hc 3.6), logo a
casa de Davi é a própria casa do Criador (a Igreja). Com relação a esta chave, é oportuno analisarmos
a profecia acerca de Eliaquim:
·
“E será naquele dia que chamarei a meu servo Eliaquim,
filho de Hilquias; e vesti-lo-ei da tua túnica, e cingi-lo-ei com o teu cinto,
e entregarei nas suas mãos o teu domínio, e será como pai para os moradores de
Jerusalém, e para a casa de Judá. E porei a chave da casa de Davi sobre o seu
ombro, e abrirá, e ninguém fechará; e fechará, e ninguém abrirá. E fixá-lo-ei
como a um prego num lugar firme, e será como um trono de honra para a casa de
seu pai. E nele pendurarão toda a honra da casa de seu pai, a prole e os
descendentes, como também todos os vasos menores, desde as taças até os
frascos. Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, o prego fincado em lugar
firme será tirado; e será cortado, e cairá, e a carga que nele estava se
desprenderá, porque o SENHOR o disse.” (Is 22.20-25).
Eliaquim
foi usado profeticamente para ilustrar o dia em que Jesus iria conduzir
pessoalmente Seu povo. Inicialmente, os primeiros seguidores (israelitas) tentaram
lançar sobre a Igreja toda a carga do Testamento da Lei. Contudo, Jesus foi
crucificado por meio da lei (Dt 21.23; Gl 3.13) a fim de que toda esta carga da chamada Antiga
Aliança se desprendesse.
Hoje Jesus
tem a chave da morte e do inferno, bem como a chave da Igreja.
A chave,
neste caso, é um símbolo de controle. Ou seja, Jesus tem o controle de toda a
casa de Davi (a casa é Dele). E como a porta que Ele abre ninguém fecha (e vice-versa), logo ninguém mais tem esta chave. A chave da casa de Davi estar sobre
os ombros de Jesus, ou seja, no lugar mais seguro que existe, onde ninguém
poderia ter acesso para roubar (tal segurança é repetida em Jo
10.28,29), era motivo de
grande alegria para irmãos fracos na fé (Rm 14.1;
15.1), pois era sinal
de que ninguém poderia mudar o destino deles.
Vem a
questão: qual a diferença entre esta chave e a chave do Reino dos Céus que
Jesus deu a Pedro?
·
“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra
será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos
céus.” (Mt 16.18,19).
Jesus deu
as chaves do perdão e do evangelho a Pedro a fim de que ele pudesse ligar os
indivíduos uns aos outros em Cristo e, assim, proporcionar a edificação da
Igreja. Estas duas chaves deveriam ligar os irmãos bem intencionados e desligar
aqueles que estavam na Igreja pensando apenas em bênçãos egoístas (a verdade deveria ser pregada e o perdão exercitado a fim de conservar
apenas o que é de Jesus).
Jesus é a
própria chave da Igreja, a essência do perdão e do evangelho, o qual deve ser
conservado a todo custo, de modo que toda porta do inferno não prevaleça dentro
da Igreja impedindo a entrada daquilo que é de Cristo ou permitindo a entrada
daquilo que não é Dele.
Nas coisas espirituais
e eternas, se Jesus não for a chave que abre e fecha a porta, certamente o que
está a ser guardado não é algo bom.
Para um
grupo de irmãos fracos na fé, Jesus se apresenta como sendo:
·
O santo. No
Testamento da Lei, “o Santo” é um nome frequente do Eterno (Jó 6.10; Sl 16.10; 89.18; 145.17; Is 1.4; 5.9,24; 6.3; 10.7,20;
12.6; 30.11; 41.14,16,20; 47.4; 48.17; 49.7; 54.5; 55.5; Jr 1.1-19; 51.5; Ez
39.7; Os 11.9; Hc 3.3; Mc 1.24; Lc 4.34; At 3.14; Ap 4.8; 6.10). Ou seja, Jesus foi Aquele que, mesmo sendo pobre
(ver Fp 2.5-8), não tendo onde reclinar a cabeça (Mt 8.20; Lc
9.58), ainda assim Ele
e seus doze apóstolos conseguiram viver por quase quatro anos sem trabalhar e
sem ceder às imposições do sistema (como muitos fazem, alegando que,
como precisam sustentar sua família, têm que ser tão corruptos quanto seus
patrões).
·
O
verdadeiro (Ap 1.5; 3.14; 6.10; 15.3; 16.7;
19.2,11; 21.5; Mt 24.35; Jo 14.6; 1Jo 5.20 – em oposição aos ídolos (2Cr 15.3;
Sl 31.5; Jr 10.10; 1Ts 1.9; 1Jo 5.20)). Ou seja, mesmo diante das perseguições, ameaças, torturas e morte,
ainda assim Ele conservou a verdade em Sua boca e modo de viver. Sem contar que
Jesus é a única testemunha que retrata fielmente o Eterno (em contraste com os embusteiros de Ap 3.9).
·
O que tem a
chave de Davi. Ou seja, o único capaz de abrir a porta da fé dos corações:
o “E, quando chegaram e reuniram a
igreja, relataram quão grandes coisas Deus fizera por eles, e como abrira aos
gentios a porta da fé” (At 14.27).
o “Porque uma porta grande e eficaz
se me abriu; e há muitos adversários” ( 1Co 16.9).
o “Ora, quando cheguei a Trôade para
pregar o evangelho de Cristo, e abrindo-se-me uma porta no SENHOR,” (2Co 2.12).
o “Orando também juntamente por nós,
para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério
de Cristo, pelo qual estou também preso;” (Cl 4.3).
Ou seja, Jesus é o único realmente capaz de
colocar os indivíduos certos na nossa vida, transformar corações e retirar de
perto de nós aqueles que nada têm a ver conosco e com a missão a nós confiada.
Em outras palavras, não temos que nos modificar para agradarmos os indivíduos (Jr 15.19).
Para os
convertidos de Filadélfia que são fracos, o fato de que apenas Cristo pode
abrir ou fechar o coração das pessoas, decidindo quem entra e quem fica de fora,
é grande conforto.
Quando
temos contato com alguém, quatro são as hipóteses:
1º-
A pessoa fica sendo indiferente a nós: nem nos lembramos dela (relacionamento morno);
2º-
Ficamos com boa impressão dela, mas ela fica ali encostada num cantinho
do coração: não a desprezamos, mas também não aproximamos até precisarmos delas
novamente (relacionamento morno);
3º-
A pessoa passa a ocupar um lugar de honra na nossa vida, alguém que
realmente faz parte da nossa vida (relacionamento
quente);
4º-
Ele termina fazendo parte da nossa lista negra (relacionamento frio).
A partir do
momento que Jesus permitiu que alguém entrasse na nossa vida, devemos cuidar
para que o indivíduo não nos acuse diante de Jesus no dia do juízo (Mt 5.23-26; Lc 12.58,59). Ou seja, a ideia é que cada um tenha, não apenas bons sentimentos a
nosso respeito, mas principalmente boas coisas que dizer acerca daquilo em cima
do que está baseada a nossa fé (1Jo 2.28; 1Pe 2.12).
Não podemos
ficar permitindo que alguém continue machucando nosso coração. É sinal que
existem indivíduos que tem algo contra nós. Já pensou tal pessoa tendo do que
nos acusar no dia do juízo? O destino final é o lago de fogo e enxofre, onde
teremos que pagar por tudo que fizemos contra esta pessoa.
Quanto mais
mal uma pessoa faz contra o próximo, mais receberá dela tormento (Mt 18.33-35). E como o verme que há dentro do agressor nunca morre e fogo que há no
interior do agredido nunca se apaga (ver Ez 28.18), a pessoa jamais conseguirá achar a paz.
Entenda:
para indivíduos fracos na fé, o fato de Jesus ser o abridor de corações, ou
seja, Aquele que une indivíduos a fim de que eles encontrem toda a força para
sofrer a verdade e santidade de Cristo, de modo a permanecerem no amor Dele (João 15.9; Rm 11.22) é tremendamente consolador, já que é garantia de vitória rumo à vida
eterna.
Isto, aos
olhos do mundo, parece loucura, pois este valoriza apenas os fortes, ágeis e
espertos. Contudo, Jesus não requer super-homens, pois nunca foi Seu intento
que o homem trabalhasse por Ele (Jo 5.34,41; At 17.25). Antes, o que Jesus quer é fortalecer os Seus
através do Seu Espírito agindo na vida uns dos outros.
Veja o caso
de Gideão (Jz 6.14,15). Embora sua família fosse a mais pobre em Manassés e ele o mais fraco,
como o poder do Criador se aperfeiçoa na fraqueza (2Co 12.9,10), logo era o mais adequado a ser usado para unir
indivíduos rumo à vitória (2Cr 16.9) (afinal, quem tem que crescer é
Jesus, e não o homem - Jo 3.30; 2Co 4.7) (veja Jz 7.2).
Enfim,
enquanto para a rica Laodicéia Jesus estava de fora, para a pobre Filadélfia o
amor de Jesus estava sempre disponível. Em Filadélfia Jesus tinha uma porta
aberta e em Laodicéia, a porta estava fechada para Jesus.
Quais qualidades podem ser vistas?
·
Guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome (Ap 3.8)
·
Guardaste a palavra da minha paciência (Ap 3.10)
Os de
Filadélfia não se agarraram à Escritura Sagrada. Eles se apegaram ao aspecto do
evangelho que revela Jesus no exercício de toda a Sua paciência. Lembre-se que Jesus
suportou tudo por amor ao Pai e a nós (Rm 3.24-26;
1Pe 2.21-24).
Acreditar
em Jesus e em Sua Palavra até Ha-Satan acredita e treme (Tg 2.19). Mas a
questão é: “vede, pois, como ouvis” (Lc 8.18). Ou seja, temos que guardar a Escritura Sagrada
tendo em vista o conceito e a visão corretos. Temos que ver Jesus e as pessoas
de modo espiritual (2Co 5.16), entender Sua Palavra com base nos conceitos do
Reino dos Céus, e não do ponto de vista do sistema que rege este mundo (1Co 2.1-5).
Que você pense
que é negar o nome de Jesus? Não é simplesmente ignorá-Lo ou falar mal Dele,
mas principalmente falar bem Dele, mas com base nas coisas deste mundo (ver Mt 16.22,23). A palavra a ser guardada não é persuasão baseada na sabedoria humana,
como se o Eterno tivesse que se adequar à lógica doida deste mundo (1Co 3.18-20). Devemos exaltar Cristo crucificado (1Co 2.1,2), segundo o qual o mundo com sua força, justiça,
sabedoria e recursos tem que estar crucificado para nós e nós para o mundo (Gl 6.14).
Devemos
exaltar a morte do Senhor Jesus até que Ele venha (1Co 11.26), aceitando:
·
Comer do
corpo de Cristo, ou seja, fazer dos pecadores perdidos nosso alimento (Mt 9.12,13; Lc 15.3-10). Devemos construir nossos relacionamentos, não em cima das qualidades
dos outros, mas sim dos defeitos, certos de que:
o A quem mais se perdoa maior é a capacidade de amar
(Lc 7.47), pois ao invés de nos importarmos com as falhas delas ou nossa, nos
importaremos com aquilo que Jesus quer trabalhar nela.
o A lei veio para que a ofensa aumentasse, mas onde
abundou o pecado, o Favor do Eterno superabundou (Rm 5.20).
·
Beber a
vida de Cristo, ou seja, deixar que Jesus viva a vida que Ele viveu neste mundo
em nós (Gl 2.20; 1Pe 2.21-24).
Qual a queixa de Jesus?
·
tendo pouca força, guardaste
a minha palavra, e não negaste o meu nome. (Ap 3.8)
Isto pode não parecer defeito. No entanto, perceba
a conjunção “contudo” pode ser visualizada de modo subentendido. Isto indica
que, se o termo escrito em vermelho é qualidade, logo o termo em azul é um
defeito.
Além disto, cada um deve:
·
prosseguir rumo ao que é perfeito (Fp 3.13,14);
·
aprofundar suas raízes (Lc 8.13) até achar o Rio de Água Viva (Jr 17.7,8);
·
edificarem uns aos outros na fé santíssima (Jd 20) até atingirem a unidade da fé
(Ef 4.11-14);
·
andar de fé em fé (Rm 1.17), de glória em glória (2Co 3.18), de Favor em Favor do Eterno (Jo 1.16);
·
progredir cada vez mais (1Ts 4.1) no amor e no fruto do
Espírito Santo (2Pe 1.5-8);
·
ter fé como um grão de mostarda (Lc 17.6) a qual, embora seja a menor
das sementes, se torna a maior das hortaliças (Mt 13.31,32);
·
encher-se do Espírito Santo (Ef 5.18);
·
estar exercitado na fé (1Pe 1.6,7) e na palavra a fim de poder discernir tanto o bem quanto o mal (Hb 5.12-14).
Ou seja, eles estavam como que a figueira da
parábola (Lc 13.6-9) que não havia
sido adubada direito. Embora esta não dava frutos como era possível ver em
Filadélfia, com certeza eles tinham um potencial muito maior para o bem.
Repare como Jesus tinha posto uma porta aberta
para eles. Contudo, considerando que logo a seguir Jesus cita a pouca força
deles, logo dá a entender que eles não estavam conseguindo entrar por esta
porta estreita e caminhar por este caminho apertado. Eles estavam porfiando por
entrar pela porta (Lc 13.23), já que estavam guardando a palavra de Jesus e não estavam negando Seu
nome. Contudo, eles estavam usando a desculpa de que a carne é fraca para
justificar sua indisposição de vencer o pecado.
Qual a consequência do pecado?
·
para que ninguém tome a tua coroa. (Ap 3.11).
Quem não quiser perder o privilégio de coroar o
Rei dos reis (como os 24 anciãos – Ap 4.10,11), entregando-lhe o poder, riquezas, sabedoria, força, honra, glória, e
ações de graças (Ap 5.12) jamais deve se render ao mal. O mal só vence o Favor de Cristo quando
aquele que o tem se entrega à maldade (Pv 28.4).
Ser fraco não é desculpa para a negligência
espiritual. Foi isto que o cidadão do Reino dos Céus da parábola alegou (Mt 25.24,25; Lc 19.20,21). Ele
conhecia o Senhor, recebera algo Dele, mas ainda assim preferiu negligenciar
Seu dom como se o mesmo fosse algo comum (ver Ml 1.12;
At 10.15).
Ou seja, a fraqueza não deve ser cultuada, nem
usada como desculpa.
Alguém poderia alegar que o poder do Eterno se
aperfeiçoa na fraqueza (2Co 12.9,10). Isto, todavia, quer dizer que devemos ser gratos ao Eterno pela nossa
incapacidade de resolver, por nossa própria conta, as adversidades, visto serem
elas que dão ocasião a Jesus de evidenciar em nós Sua virtude.
Todavia, jamais devemos nos conformar com fraqueza
de vontade ou caráter, pois ela nos rouba toda vitalidade necessária para que
as pessoas possam desfrutar da plenitude do Espírito Santo através de nós.
Apesar da intensidade das lutas e de eles não
terem condições de fazer nada para se salvarem (a pouca força
deles também implica nisto), eles não deveriam desistir
de Cristo, mas permanecerem confiando Nele e na Sua Palavra.
Logo, ao
dizer “conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa", Jesus estava
falando da possibilidade de perder-se o galardão (os
indivíduos, os quais são nossa coroa – 1Ts 2.19) e, obviamente, a salvação, já que ninguém pode
comparecer diante de Criador de mãos vazias (ver Êx 23.15;
34.20; Dt 16.16).
Jesus será coroado por nós pelo amor com que
amamos uns aos outros (Jo 13.34,35; 17.11,21-23).
O que é prometido aos fiéis?
·
(eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, que ninguém
pode fechar) (Ap 3.8);
·
Eis que farei que alguns da sinagoga de Satanás, que
dizem ser judeus, e não o são, mas mentem, eis que farei que venham prostrar-se
aos teus pés e conheçam que eu te amei. (Ap 3.9);
·
Te guardarei na hora da provação que há de vir sobre o
mundo inteiro, para provar os que habitam na terra. (Ap 3.10);
·
Venho sem demora; (Ap 3.11)
Estes que são da sinagoga de Ha-Satan são cristãos
judaizantes ou judeus perseguidores?
Trata-se de judeus que, embora se vangloriassem de
serem judeus, não se comportavam como tais (Rm 2.28,29).
Note que Jesus não promete aos irmãos de Esmirna
que os da sinagoga de Ha-Satan iriam adorar prostrado aos pés deles. Esta
promessa foi dada a Filadélfia em virtude da fraqueza espiritual deles.
Infelizmente eles precisavam ter certeza de que Jesus estava perto deles, bem
como do Seu amor para com eles.
Assim, o fato de Jesus levar os da sinagoga de
Ha-Satan adorar aos pés dos irmãos de Filadélfia era uma forma de testificar Sua
presença no meio deles. Note que quem é adorado é Jesus em virtude de Seu amor
unindo os irmãos de Filadélfia.
Estes da sinagoga de Ha-Satan experimentam dentro
de si o amor de Jesus pelos irmãos de Filadélfia e, então, passam a adorar o
Eterno junto com eles.
Note como esta promessa é bem mais excelente do
que se dava no Testamento da Lei (Is 45.14):
·
“E os reis serão os teus aios, e as suas rainhas as tuas
amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra, e lamberão o pó
dos teus pés; e saberás que eu sou o SENHOR, que os que confiam em mim não
serão confundidos.” (Is 49.23);
·
“Também virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te
oprimiram; e prostrar-se-ão às plantas dos teus pés todos os que te
desprezaram; e chamar-te-ão a cidade do SENHOR, a Sião do Santo de Israel.” (Is 60.14).
O curioso é que tais passagens eram promessas aos
judeus e, aqui Jesus diz que não é a Igreja que vai se dobrar ao judaísmo, mas
sim este que vai se curvar ante a ela.
Para os irmãos que guardarem a Palavra da
paciência de Cristo, Ele promete livrá-los “na hora da tentação”
que há de vir sobre todo o mundo.
Não pode ser “provação” porque jamais o mundo
inteiro será provado pelo Criador. Afinal, não tem sentido provar alguém que
nada tem a ver com o Reino do Eterno.
Não pode ser “tribulação” porque o evangelho, que
é a Palavra que mostra a paciência de Jesus, em momento algum retrata Jesus
tendo paciência em alguma tribulação. Afinal, tribulação é consequência do
pecado humano e Jesus não teve pecado.
Também não pode ser “da hora da tentação”
porque todos são exortados a não se deixarem enganar pelo anticristo (Mt 24.4). Isto significa que toda a
Igreja entra na 70ª semana de Daniel. No entanto, nesta época onde o anticristo
irá tentar toda a humanidade com seus sinais e prodígios da mentira (2Ts 2.10-12), Jesus promete
evidenciar a Verdade de modo tão claro para aqueles que, embora estejam
passando por momentos difíceis, ainda assim não cedem à tentação, mas
permanecem esperando com paciência no Eterno (Sl 40.1). Como eles não querem soluções enganosas, Jesus não os deixa ser
enganados.
Note como a fraqueza da fé não é desculpa para
negar Jesus e Seu nome ou para negligenciar Sua palavra. Quem guarda a palavra
de modo correto e permanecesse confessando o nome de Jesus receberá o auxílio
necessário para superar até mesmo a maior das tentações e, no final, ter a fé
fortalecida.
A ideia é nos ensinar que, ao invés de sofrermos em
prol de conquistarmos ou mantermos compromissos e facilidades, devemos sofrer
por amor a Jesus e Seu nome.
Não é em vão que o Criador colocou uma porta
aberta justamente na vida daqueles que têm pouca força. Afinal, para quem é
fraco, nada mais indicado do que exercitar a fé passando pela porta estreita e
pelo caminho apertado. É claro que os da sinagoga de Ha-Satan não querem, de
modo algum, que tais irmãos passem por esta porta e, por isto, fazem de tudo
para fechá-la, ou seja, para nos fazer desistir daquelas pérolas que realmente
são para nós (ver Mt 7.6).
Todavia, como a porta que Jesus abre ninguém
fecha, só não conquistaremos o coração daqueles que o Eterno nos deu se
desistirmos deles. Afinal, Jesus tem a chave da salvação.
É claro que, para aqueles que tentam buscar a
Cristo com base nos preceitos da carne, pode parecer mais conveniente crer que
a chave está nas mãos de um ser humano (para
arrumarem uma desculpa caso fracassem em sua missão).
Mas, que porta é esta? Como já visto, são aqueles
que pertencem a Jesus e que o Eterno nos deu. Tentar entrar quando as portas
estão fechadas é rebeldia. Deixar de entrar quando estão abertas é insensatez.
Mas, que desculpa os irmãos de Filadélfia poderiam
arrumar para não quererem passam pela porta aberta?
a) Sua fraqueza (Ap 3.8).
b) A oposição de inimigos como os falsos judeus (Ap 3.9)
c) A ameaça de futura tentação (Ap 3.10)
Em compensação, o que Jesus lhes promete?
·
Ninguém tem força para fechar a porta que pus
diante de ti (Ap 3.8). Quando o Eterno age (Is 43.13), nenhum plano pode ser frustrado (Jó 42.2). Se o Criador é por nós, quem será contra nós (Rm 8.31)?
·
Os da sinagoga de Ha-Satan irão se prostrar aos
teus pés (Ap 3.9). Não importa o
quão forte eles pareçam ser, no final terão que se curvar (Rm 14.11);
·
Eu amo vocês (Ap 3.9). Logo, não lhes deixarái órfãos (Jo 14.18), mas estará convosco todos os dias até à consumação dos séculos (Mt 28.20).
·
Te guardarei na hora da tentação que virá sobre
todo o mundo (Ap 3.10). Esta atingirá apenas os que habitam sobre a terra (esta expressão refere-se àqueles que se recusaram a aceitar
Cristo e Seu estilo de vida - veja também Ap 6.10; 8.13; 11.10; 13.8,12,14;
17.2,8). Os que estão assentados nas regiões celestiais (Ef 1.3; 2.6) nenhum mal
experimentarão;
·
Venho sem demora (Ap 3.11). Ou seja, as aflições do tempo presente não são para comparar com a
glória que em nós o Criador quer revelar (Rm 8.18; 2Co
4.16). O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem
pelo amanhecer (Sl 30.5). Só a estes irmãos
Jesus promete voltar. Logo, eles O esperavam com ansiedade (o que mostra que a tribulação que eles estavam passando era
intensa).
Exortação
·
Guarda bem o que tens (Ap 3.11).
Não
precisamos inventar nada, mas tão somente guardar o que temos. Quanto mais as
pessoas tentam achar um caminho melhor que o caminho do Eterno, pior fica.
Infelizmente ninguém leva Jesus a sério:
·
“Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior
do que o seu SENHOR. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós;
se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.” (Jo 15.20);
·
“Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo
mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo
como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos
seus domésticos?” (Mt 10.24-26);
·
“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em
mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque
eu vou para meu Pai.” (Jo 14.12).
A maioria
dos seguidores de Cristo querem ser melhores do que Ele, como se o Altíssimo
tivesse criado a humanidade para tirar umas férias ou usasse os que Nele creem
para se exibir e incentivar as pessoas a renunciarem seus desejos carnais só
para cumprir Seus caprichos.
Embora seja
verdade que todos devamos fazer morrer nossa natureza terrena (Cl 3.1,2), o motivo
disto não é cumprir regras ou fazer coisas, mas sim eliminar da nossa vida tudo
que pode nos distrair com relação às pessoas, de modo que possamos ser o dom do
Criador na vida delas (Sl 68.18; Ef 4.8).
É bem
provável que, tal como hoje, muitos estavam achando que o problema estava no
fato de eles não terem recursos para combater o mundo de igual para igual.
Contudo, o que ninguém para pra pensar é: por que alguém iria querer tomar
nossa coroa? Com certeza não é para poder usá-la, já que ela é pessoal e
intransferível. Sem contar que não é a coroa que confere autoridade a alguém.
Antes, ela é a confirmação de uma autoridade adquirida.
E para que
eles não tivessem a coroa tomada, eles tinham que guardar o que tinham. E o que
é que eles deveriam tinham para ser guardado? A palavra da paciência de Cristo.
Jesus e Seu
corpo são a nossa coroa. Se renunciarmos aos princípios da Escritura Sagrada, tudo
que Jesus é se torna sem sentido. Não consegue fazer diferença na vida de quem
crê.
Qual a recompensa aos vencedores?
·
Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus,
donde jamais sairá; escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade
do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu da parte do meu Deus, e também
o meu novo nome. (Ap 3.12).
Coluna no
templo – Estas lembram as belas colunas do templo de Salomão, a saber, Jaquim (ele (ou isto) será estabelecido) e Boaz (Nele está a
força). O que significa
esta promessa já que não haverá templo na Nova Jerusalém, visto que, nela, não
há distinção entre santo e profano (nossa vida é para ser sagrada – 1Co
3.16)?
Pedro,
Tiago e João eram considerados colunas da Igreja (Gl 2.9). A coluna serve para sustentar, ornamentar e ser
usada como referência. Como colunas, os que creem são um suporte para conservar
a verdade na Nova Jerusalém (1Tm 3.15) de modo reto, firme, constante e inabalável,
tanto no coração quanto nas palavras e atitudes a fim de fortalecer os fracos
na fé.
Isto parece
um paradoxo! Como alguém com fé tão frágil pode servir, por exemplo, de
sustentação? Todavia, ao contrário do mundo, onde cada um tem que entrar na
forma do sistema (ver Rm 12.2) para poder ser algo (pois o mundo
não quer investir em seres humanos, mas nas máquinas que movem o sistema) no Reino do Eterno Ele escolhe aqueles por meio
dos quais Ele pode operar sem reservas. Afinal, para um fraco aguentar o peso
de um edifício, só pela força do Eterno.
Para
exemplificar isto:
o Quando a viúva de Sarepta se encontrou diante de
uma seca terrível, com apenas um pouquinho de azeite e farinha, ao invés de
mandar alguém para lhe dar água ou cesta básica, ele enviou um esfomeado;
o Quando a viúva de 2Reis 4.1-7 estava só com um
pouquinho de azeite e prestes a perder seus filhos, ao invés de o Eterno enviar
alguém para pagar a dívida da viúva, Ele ordenou que ela buscasse mais vasilhas
vazias para serem enchidas com este pouquinho de azeite.
Isto é para
nos ensinar que Seu objetivo não é construir coisas sólidas através de
indivíduos perfeitos, mas sim através de indivíduos fracos, limitados e cheios
de defeitos a fim de que ficasse evidente a excelência da Sua virtude.
Muitos não
têm a resposta às suas orações porque buscam no Eterno serem independentes
Dele. Pedem pão para carregá-lo para dentro das câmaras e, assim, comê-lo de
modo egoísta; pedem poder para poderem sujeitarem todos a si; entram na
presença do Eterno, o adoram por um momento para receberem e depois saem para
gastarem e esbanjarem no seu paraíso.
O correto é
permanecer junto a Cristo e ali permanecer a fim de ser livre do pecado e,
obviamente, de tudo que nos separa Dele (Is 59.1,2). Os tais amam estar com Jesus (Sl 37.4) e só saem
quando enviados por Ele ao vale da sombra da morte para resgatar perdidos (Sl 23.4; Is 9.1,2; Mt 4.15,16) e, então, desfrutar da felicidade na presença
Dele.
Considerando
que cada um que crê em Jesus é o templo do Eterno (1Co 3.16;
6.19; 2Co 6.16), nosso
papel é servir de suporte na vida da Igreja que está sendo construída dentro do
próximo (Ef 4.2; Cl 3.13). Mas como servir de suporte a esta Nova Jerusalém que está sendo
construída dentro?
Ao
contrário do mundo, onde o consolo e o suporte (ativo) dado a alguém é passivo, o consolo (2Co 1.3-6) e suporte
do Eterno é algo ativo. Ou seja, quando a Escritura Sagrada diz que é para
carregarmos as cargas uns dos outros (Gl 6.2), isto não quer dizer carregar os indivíduos nas
nossas costas, mas sim servir de estímulo na vida deles para a prática do bem.
A ideia é que nossa presença lhes conceda os recursos e o estímulo necessários
para o bom exercício da vida e da piedade (2Pe 1.3).
Mas para
isto temos que enxergar o irmão como o templo do Deus de Jesus, ou seja, não é
o Deus que nós queremos que Ele seja, mas quem Ele realmente é.
A quem
vencer, ou seja, tiver a paciência que Cristo teve ao lidar com o próximo,
permanecerá eternamente na vida daqueles que o Eterno lhe deu.
E para que
o irmão tenha certeza de que está recebendo a coluna certa em sua vida (apesar da mesma ser fraca e parecer não ser uma boa referência), o Eterno sela o indivíduo com:
• o
nome do Deus de Jesus (o nome do Pai). A verdadeira identidade do único Deus;
• o
nome da cidade do Deus de Jesus (da Igreja, a Nova Jerusalém, nossa mãe
– Gl 4.26; Mt 12.48-50). A
identidade da cidade que é usada pelo Eterno para fazer de nós filhos Dele (Jo 1.12).
O termo Nova Jerusalém implica aquilo que, não
apenas é novo, mas diferente, superando a velha Jerusalém e sua política.
A Nova
Jerusalém é chamada:
o Por João de a grande e santa (Ap 21.10);
o Por Mateus, a santa cidade (Mt 4.5);
o Por Paulo, Jerusalém a qual é de cima (Gl 4.6).
o Para o escritor de Hebreus, a cidade do Deus vivo,
a Jerusalém celestial (Hb 12.22).
Ela desce do céu,
ou seja, ela não é deste mundo. Ela será arrebatada três dias e meio após a
primeira metade da septuagésima semana e
permanecerá lá até por ocasião do juízo final.
• o
novo nome de Cristo (o nome do nosso irmão, a essência
do que vem a ser o cidadão perfeito na cidade celestial). Após o juízo final, Jesus não terá mais do que
redimir os Seus, visto que todos terão sido libertos do corpo do pecado e não
haverá mais dúvidas acerca da necessidade de Jesus e Sua Palavra para fazeres
as coisas funcionarem. Jesus, então, entregará todo o domínio ao Pai (1Co 15.28) e desempenhará
um novo papel na vida daqueles que hão de herdar a salvação (2Co 5.17).
Jesus prometeu escolher Seu novo nome na vida dos
vencedores que foram elogiados justamente por não negarem o nome Dele.
Ou seja, eis
o que estava sendo gravado sobre o vencedor:
O nome do Criador |
O dono e Senhor a quem
prestar contas |
O nome da cidade do Criador. |
O lugar onde o vencedor deve
permanecer |
O nome do cidadão perfeito
(Jesus) |
O papel do vencedor |
Há uma dúvida:
quantos nomes serão escritos no indivíduo?
o Um novo nome (o qual contém
os três);
o Um novo nome que representa os três ou
o Três nomes?
Eu creio
que é a segunda hipótese.
Seja como
for, estes nomes mostram como é identificado aquele que crê em Jesus, a saber,
com base na família celestial. Ou seja, somos gerados pelo Criador dentro da
Igreja a fim sermos filhos Dele, livres de tudo aquilo que nos impede de
manifestar Sua imagem e semelhança.
Esta é a
identidade do vencedor, que assegura que estamos na missão certa.
Quando
alguém entra para a Igreja, ele é registrado com um nome (o nome de Jesus) que representa os três papéis que o Eterno manifestou na história do
universo:
o como Pai Ele criou todas as coisas;
o como Filho Ele, em pessoa, obedeceu a tudo que Ele
estabeleceu;
o como Espírito Santo, Ele faz Sua Palavra funcionar
em cada ser humano que isto permite.
Contudo, a
vitória diária de quem crê permite a escrita nele de um nome mais preciso, o
qual O identifica com Sua missão na vida dos irmãos. Quando nasce de novo, o
indivíduo passa a crer em Jesus e a servir na Igreja de modo carnal (nome do Pai, Filho e Espírito Santo - 2Co 5.16); quando amadurece, passa a pertencer à Noiva de
Cristo e a ver Jesus e a Noiva de modo espiritual (novo nome).
A ideia
deste nome é confirmar que pertencemos para sempre ao Criador (somos propriedade exclusiva Dele – 1Pe 2.9), a Cristo e ao Seu povo. Detalhe: Cristo se
refere a Deus como sendo Deus Dele, o que nos ensina que Deus só é nosso Deus
porque, antes de tudo, é de Cristo e nós pertencemos a Ele.
Isto lembra
a lâmina de ouro puro que ficava na frente da mitra do sumo-sacerdote (Êx 28.36-38). Nela estava escrita “santidade ao Senhor”, como que testemunhando a
todos de que ele deveria ser para uso exclusivo do Eterno, não devendo jamais
ser procurado para qualquer outra proposta. O mesmo acontecerá no milênio:
·
“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18);
·
“E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião,
e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o
nome de seu Pai.” (Ap 14.1);
·
“E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado
o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho
de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem,
e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram
com Cristo durante mil anos.” (Ap 20.1).
Tal como
também prometera outrora:
·
“Também lhes darei na minha casa e dentro dos meus muros um lugar e um nome, melhor
do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se
apagará.” (Is 56.5);
·
“E os gentios verão a tua justiça, e todos os reis a tua
glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do SENHOR
designará.” (Is 62.2).
Como
Ha-Satan sempre tenta dissimular o que o Eterno faz:
·
A besta (Ap 13.16,17) instituirá sua marca nos seus seguidores;
·
A Grande
Babilônia terá um nome escrito na sua testa (Ap 17.5).
Para que se
entenda a importância desta promessa, veja o que é dito a Daniel: “... mas,
naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no
livro" (Dn 12.1). O povo de Daniel é todo aquele que é achado
inscrito no livro da vida, a saber, o Israel verdadeiro, composto de judeus e
gentios que, em espírito e em verdade, adoram o Criador (Jo 4.23,24).
Devida à
fraqueza dos irmãos de Filadélfia, nada mais indicado do que receber a promessa
de ser coluna no santuário de Deus (Ap 3.12). Sendo a coluna aquilo que sustenta o santuário,
isto confirma que o Eterno os estava fazendo firmes e fortes diante Dele (Ef 5.25-27).
Identidade
Este grupo
representa os fracos na fé (Rm 14.1; 15.1). Trata-se de indivíduos que, embora sinceros, não
pesquisam a fundo a Escritura Sagrada. Vivem apenas na superficialidade (ver Jr 17.5-9). Tais indivíduos, embora guardem a Palavra de Cristo, não conseguem
mantê-la firme em meio às circunstâncias que vivem. A convicção da verdade
ainda não é grande o suficiente para passarem pelas portas que Jesus abriu em
suas vidas (pessoas abertas ao evangelho). Ainda se prendem às circunstâncias trazidas a
eles.
Ou seja, a
fé deles não é suficiente para entrarem por estas vidas difíceis de conviver e
andarem em meio às circunstâncias apertadas nas quais elas se encontram (Mt 7.13,14) com vistas
a confirmar a Palavra do Eterno.
Embora
guardem a palavra de paciência de Jesus e não neguem o nome Dele, ainda assim
fazem um esforço tremendo para conservarem tudo que receberam de Jesus. Para os
tais, os métodos de Jesus não são suficientes. É preciso recursos do mundo para
o sucesso do evangelho.
Tais irmãos
não possuem uma fé madura, que aprofundou as raízes o suficiente para encontrar
o Rio de Vida e não estar mais sujeitos às intempéries deste mundo (Sl 1.1-3; Jr 17.6,7). Não estão tão superficiais quanto a semente que caiu nos pedregais (Mt 13.5,6,20,21), mas necessitam de um a palavra de ânimo proferida pela boca do
Senhor, a fim de não virem a perder a coroa (Ap 3.11).
Eles não
conseguiam enxergar a Palavra do Eterno como algo vivo que produz em nosso
interior a ação desejada pelo Eterno (a menos que
resistamos a ela). Ou seja,
quando o indivíduo lê a Escritura Sagrada sem o Espírito Santo, sua lei vai
matando tudo que há de bom na vida dela (2Co 3.6). Quando, todavia, é o Espírito Santo quem
pronuncia Sua Palavra na vida da pessoa, Sua Graça começa a trabalhar o seu
interior.
Resumo
Em relação
à casa do Eterno, vejamos o que Jesus faz:
1.
É somente
por Cristo que alguém é admitido na casa de Davi, ou seja, na Igreja. Embora
haja uma organização externa que insiste em se denominar igreja (na verdade são instituições religiosas), a verdadeira Igreja é invisível, construída
internamente no coração de quem crê.
É claro que, em
cada grupo de irmãos (oholyao), há imperfeições: sempre haverá um Jonas em cada
navio, um Acã em cada acampamento ou um Judas em cada grupo de discípulos. E
não há leis e regras capazes de deixar um grupo puro (ver Ef 2.8,9). Contudo, se em organizações humanas sempre há impurezas, na
verdadeira Igreja só se entra por meio de Cristo, sendo impossível negar ou
questionar a autenticidade de tal membresia.
2.
Jesus
concede os dons e talentos necessários para o serviço na Igreja (Ef 4.7-13; Rm 12.6-8; 1Co 12.4-11; 1Pe 4.10,11), bem como trabalhadores para o exercício do
ministério (1Co 3.10,22).
3.
Cristo abre
a porta para a pregação do evangelho nos corações (ver At
16.9,10; 18.9-11).
4.
Cristo quer
que Seus servos sejam responsíveis a Ele somente (Mt 25.14-30;
Rm 14.10-12; 1Co 4.1-5),
exclusivamente a Seu comando (Lc 14.33), em total fidelidade (Lc 16.10; 1Co
4.2; Ap 2.10).
5.
Ele aponta
a disciplina a ser aplicada à oholyao (ver 1Co
12.23,24), a qual jamais
deve ser vista como instrumento de vingança e criancice (ver 1Co 5.1-13; Mt 16.19; 18.17-20; 1Tm 4.1-16; 1Tm 1.19,20).
6.
Jesus
aponta a recompensa de cada um aqui e na eternidade, com base em três
princípios: proporcionalidade, graça e equidade, amor envolvido ao executar
cada serviço (Mt 5.19; 25.1-46; 19.27-20.16).
7.
Jesus
continua mantendo os Seus em Suas mãos, mesmo após Sua partida neste mundo (Mt 16.18; Rm 14.8; 1Ts 5.10; Ap 1.18).
8.
Quando
Jesus vier em glória, Ele se manifestará também naqueles que são Dele (Cl 3.4).
Nenhum comentário:
Postar um comentário