domingo, 10 de setembro de 2017

147 - Parábola do Juiz Iníquo - Quem é este juiz?

Parábola do juiz iníquo

 

·         “E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer,” (Lc 18.1).

 

Jesus não está dizendo que os homens devem sempre orar sem esmorecer porque o Eterno é relutante em fazer o bem aos Seus escolhidos e, assim, necessita de estímulo e instrução para atender aos que Nele creem.

Pelo contrário: é justamente porque Ele está interessado em dar aos que creem o que há de melhor, que eles jamais devem deixar de orar.

Nosso erro é orar tentando convencer Jesus a corrigir o erro que os indivíduos cometeram contra nós. Quando assim procedemos, eis o que, na verdade, estamos fazendo:

 

·         “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.” (Tg 4.11).

 

Ou seja, estamos acusando Jesus de fraco, incompetente, insensível ou injusto. Afinal, por que Ele foi permitir o mal contra nós? E por que até agora não fez nada a nosso favor?

Temos que aceitar que tudo que acontece a nós é a vontade do Eterno (1Ts 5.16-18) e que nossa missão é sofrer a sã doutrina até o fim (Fp 1.29; Cl 1.24; 2Tm 4.3,4; 1Pe 2.18-25; 3.13-18; 4.12-19), até que toda a verdade e justiça se cumpra em nós e através de nós. É justamente neste ponto que os sinceros são diferenciados dos hipócritas.

Daí Jesus dizer:

 

·        “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” (Mt 24.13).

 

Vem a questão: perseverar em quê?

 

·        “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” (Tg 2.13).

 

Perseverar em exercer a misericórdia, ou seja, em entregar a vida para que os indivíduos cresçam em caráter e atinjam o nível daqueles que creem em Jesus.

Muitos pensam que se a oração não é capaz de mudar a mente do Eterno, então é inútil.

Absolutamente! Se o Eterno mudasse Ele seria corruptível (Nm 23.19; Hb 13.8), o que acabaria resultando em nossa destruição (Ml 3.6).

Sempre devemos ter em mente a nossa insignificância em fazer o bem (Rm 3.12), visto que o máximo que conseguimos fazer é cumprir com nossa obrigação (Lc 17.10), e isto muito mal feito (como trapo de imundície – Is 64.6).

Além disto, se nossa causa é justa, porque paramos no meio do caminho? Um bom indivíduo não folga com a injustiça (1Co 13.6), mas sempre busca no Eterno meios de trazer para a presença Dele o Seu desterrado (ver 2Sm 14.13).

Devemos lutar, não por recompensas materiais, mas por aquilo que o Eterno nos designou em prol de vê-Lo trabalhar mentes e corações.

Como você pensa que venceremos o mundo (1Jo 5.4)? Seguindo o exemplo de Jesus (Jo 16.33), a saber, suportando as aflições (2Tm 2.3) até o fim (Mt 24.13) (ao invés de fugir delas ou de querer afastá-las de nós) até que tudo que Jesus quer operar em nós e através de nós se cumpra.

Jamais devemos ceder à importunação do mal, tal como o Eterno não cede.

Que fique claro: jamais o Eterno irá atender a súplica insistente de um coração mau:

 

·        “Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá;” (Salmos 66.18).

·        “Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.” (João 9.31).

·        “Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (Tiago 4.6).

 

O problema onde muitas orações não são respondidas é porque muitos buscam, nos milagres de Jesus, se verem livres da obrigação de se tornarem indivíduos melhores e de buscarem tal mudança para aqueles com quem têm contato. Querem se isolar em seu egoísmo.

Contudo, sem as dificuldades, como a fé no impossível e invisível (a saber, crer Naquele que é capaz de justificar o ímpio – Rm 4.5) pode ser desenvolvida?

Logo, não é a relutância do Eterno em fazer o bem que precisa ser vencida, mas sim a nossa. O bem que Jesus quer fazer consiste em nos aproximar mais daqueles que Ele colocou na nossa vida.

Veja exemplos de perseverança em oração:

 

              Nos tempos do Testamento da Lei, era usual orar três vezes ao dia (Sl 55.17; Dn 6.10).

              Jesus, orou três vezes (Mt 26.44) porque Ele queria que todos os principados e potestades vissem que não havia possibilidade de salvação sem beber o cálice do Eterno o qual, no caso de Jesus, era a cruz do Calvário;

              Paulo orou também três vezes (2Co 12.8), porque queria entender como um Deus tão bom estava permitindo o mensageiro de Ha-Satan esbofeteá-lo (2Co 12.9,10).

 

·        “Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem.” (Lc 18.2).

·        “Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.” (Lc 18.3).

 

Contudo, perceba que a mulher não queria vingança contra o adversário, mas justiça. A mulher queria receber a justiça do Eterno a fim de que o adversário visse e ficasse envergonhado.

Foi exatamente assim que Ha-Satan, o maior dos adversários, foi derrotado por Jesus: Ele, mesmo diante do maior sofrimento, afronta, desprezo e opressão que um ser humano é capaz de sofrer, ainda assim Ele não cedeu:

 

·        “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.” (Cl 2.14,15).

 

Muitas vezes achamos que o problema é o adversário. Contudo, o grande problema é nossa persistência em afirmarmos que nossa causa é justa.

Antes de tudo, temos que pensar: será que isto é verdade? Se nossa causa é justa, por que paramos de lutar no meio do caminho? Se não é, então por que teimamos em forçar os outros a fazer o que queremos?

Por que você acha que a viúva ficou pelejando com o juiz? Porque ela conseguia entrar em acordo com o adversário. E o motivo disto é simples: só é possível haver acordo verdadeiro quando os dois envolvidos estão com o coração puro lutando pela verdade e justiça (ver Mt 18.18-20). Do contrário, o máximo que pode haver é conchavo político ou econômico com vistas a conquista de vantagens.

Considerando que o acordo não era possível, então pelo menos um deles estava em iniquidade. Como Jesus foi claro em afirmar que era o juiz quem não estava querendo fazer a justiça (Lc 18.6), logo a causa da viúva era justa.

 

·        “E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,” (Lc 18.4).

·        “Todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito.” (Lc 18.5).

 

Que fique claro: a parábola não aponta para uma fórmula mágica para obrigar o Eterno a fazer o que queremos que Ele faça. Lembre-se que o juiz só atendeu a causa da viúva porque esta era justa.

Você pode estar se perguntando: mas o que levou ele a atender? Afinal de contas, como ele não temia homem algum e nem ao Eterno (o que mostra que ele tinha muita influência e poder), ele poderia muito bem matar esta viúva completamente desamparada e acabar com a importunação?

O que o juiz temia era a importunação que a justiça estava lhe trazendo. Ele e muitos  já estavam tendo o desejo de entregarem suas vidas a Jesus. Quanto mais a viúva perseverava na busca da justiça, mais ela ficava impregnada desta e isto era um incômodo na consciência do juiz, já que ele queria viver como um deus.

A busca da mulher por bondade, justiça e amor por fim atormentaria eternamente o juiz com remorso (considere que esta mulher sempre manifestava isto tudo para com o juiz).

Você pode se perguntar: como sei disto?

Primeiro: fonte de água doce não pode jorrar água amarga (Tg 3.10-12). Como o juiz queria viver egoisticamente para seu prazer, o amor era considerado uma importunação.

Segundo, por causa do que diz a Escritura Sagrada:

 

·        “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão para comer; e se tiver sede, dá-lhe água para beber; porque assim lhe amontoarás brasas sobre a cabeça; e o SENHOR to retribuirá.” (Pv 25.21,22).

·        “Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.” (Rm 12.20).

 

·        “E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.” (Lc 18.6).

·        “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (Lc 18.7).

 

Note que, quando nossa causa é justa, até o mais injusto e insensível dos juízes não consegue resistir (Pv 16.7).  Nem mesmo o mais sonolento dos amigos consegue permanecer em paz na cama sem dar o que o justo precisa para ter suas necessidades satisfeitas (Lc 11.5-8).

Diante da Verdade e justiça ninguém consegue permanecer imóvel sem fazer nada:

 

·        “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,” (Fp 2.10).

 

Deus é Aquele que causa e Aquele que vem a ser.

 

·        “Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18.8).

 

Quando Jesus vier, Ele vai encontrar a graça e a verdade que vem com a fé, ou apenas uma religiosidade vazia, consistindo apenas de regras e mais regras (Is 28.10,13), a qual é um peso na vida de Jesus (Mt 17.17)?

A menos que nós conheçamos quem o Eterno é e, com base nisto, nos tornemos indivíduos que jamais desanimam de orar, jamais teremos a fé que agrada a Jesus.

O QUE PODEMOS APRENDER COM TUDO ISTO?

 

Quando a Escritura Sagrada diz que o Eterno faz justiça aos Seus escolhidos, não está falando meramente de eleitos, como se eles tivessem sido escolhidos por sua bondade e fé, mas sim por pertencerem a Ele.

Vem a questão: por que Jesus usou a figura da viúva? Em primeira instância, a viúva desamparada é Israel que, por ter sido rejeitada pelo Eterno (Is 50.1), ficou por cerca de 400 anos sem receber qualquer profecia da parte Dele. E como Israel não soube reconhecer o tempo da visitação do Eterno (Lc 19.44), ainda continuava vivendo como viúva.

A causa de Israel era justa: queria que o Messias viesse e libertasse Israel e reinasse por todo o mundo Todavia, Israel achava que o Eterno estava demorando em cumprir esta promessa.

Jesus finalmente veio para eles, mas eles não O receberam.

E quando Jesus vier novamente, porventura achará fé na terra de Israel? Bem pouco!

O Eterno manifesta Sua justiça bem mais rápido do que imaginamos. Todavia, quem é idôneo para reconhecer isto?

Embora os fiéis esperam que Jesus manifeste Sua justiça com muito zelo, quando finalmente o dia chega, quase ninguém está devidamente preparado. Isto vem a nos mostrar que, tão importante quanto orar a Jesus, é se preparar para a resposta de Jesus a esta oração.

 É bom lembrarmos que:

 

·        “Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo.” (Salmos 68.5).

 

Considerando que nós somos (ou pelo menos temos que ser) o lugar santo do Eterno, logo o que o Eterno deseja operar através de nós tem a ver com aqueles que estão desamparados neste mundo, seja:

 

              Por não terem quem proveja para eles suas necessidades (órfãos);

              Por não terem quem lhes dê aquilo que o Eterno lhes concedeu (viúvas).

 

Todavia, assim como Jacó lutou com o Eterno para ser abençoado (Gn 32.30), muitas vezes temos que lutar contra Ele a fim de que Sua bênção possa encontrar lugar na nossa vida.

Entenda: uma vez que todo ser humano é pecador, ele naturalmente jamais busca o Eterno (Rm 3.11). Isto porque nossa natureza carnal não é capaz de receber nem praticar o que O agrada (Rm 8.5-8; At 16.20,21). Isto faz com que Jesus e Sua vontade sejam um tormento para nós: trata-se de um obstáculo para que nós não venhamos a conquistar o que nos convém.

Para ser mais exato: para quem é viciado no pecado (maldade, injustiça, etc.), toda expressão de amor, bondade e justiça é vista como discriminação (preconceito), crueldade e iniquidade.

Enfim, o juiz iníquo desta parábola simboliza o modo que todos os pecadores sem Cristo (incluindo religiosos) veem Jesus. Pelo fato de Jesus não estar sujeito a nenhuma falsa divindade (Is 44.8) e não respeitar o desejo do ser humano (tudo que Ele faz é por amor do Seu nome), logo todos veem Jesus como um juiz iníquo.

Daí a razão de pecarem. Quando algo acontece, muitos até buscam ao Eterno em busca de ajuda. Como, na grande maioria das vezes, as orações não são como deveriam ser (Rm 8.26; Tg 4.1-3) (não são fruto de confiarmos em tudo que Jesus realmente é), o Eterno não as atende.

Resultado: ao invés de buscarem o concerto do Eterno, preferem agir independente Dele e de Sua Palavra e vontade. Em outras palavras, pecam.

Todavia, para quem ama Jesus e Seu caráter, e deseja isto em sua vida (1Jo 3.2,3), a oração é bem prazerosa ainda mais considerando que Jesus é um juiz justo e cheio de amor.

Veja o contraste entre a situação da viúva na parábola e a da Igreja na vida real:

 

A viúva na parábola:

A Igreja na vida real:

a viúva era um estranha para o juiz iníquo.

a Igreja é a Noiva amada, escolhida e salva pelo Criador.

a viúva pedia sozinha.

a Igreja pede em comunhão (Mt 18.18-20).

a viúva foi ao juiz que se mantinha distante. A presença da viúva era considerada uma importunação.

a Igreja vai ao Pai, que quer que nos aproximemos ao máximo Dele (Hb 4.16; 1Pe 3.8-12). A presença da Noiva nunca é considerada uma importunação, de modo que ela pode procurá-Lo sem vergonha e temor a todo instante.

a viúva foi obrigada a recorrer a um juiz injusto e mau.

a Igreja é convidada a recorrer a um Pai Justo e Bondoso.

a viúva foi a um juiz que não tinha interesse em resolver o seu problema.

a Igreja vai ao Eterno que quer ser a solução de tudo e nos dar o que realmente precisamos.

a viúva comparece sozinha perante o juiz.

a Igreja vai à presença do Eterno acompanhada de Jesus, o verdadeiro advogado.

a viúva não tinha motivo algum para crer que o juiz iníquo quisesse lhe ajudar.

a Igreja conta com a garantia das promessas registradas na Escritura Sagrada.

a viúva só poderia comparecer diante do juiz com audiência marcada.

a Igreja pode e deve encontrar-se com Jesus em qualquer lugar e a qualquer momento.

 

Enfim, ao invés de considerarmos Jesus como juiz iníquo e sairmos por aí pecando, vamos buscar crer em quem Jesus realmente é (e não em quem queremos que ele seja) e, então, orar de acordo com aquilo que Ele quer fazer na nossa vida e na vida daqueles que Ele colocou em contato conosco.

Que todos possam enxergar que o Eterno vem estabelecer Sua justiça bem mais rápido do que imaginam (1Ts 5.2; 2Pe 3.10) e, assim, se preparem devidamente para Sua vinda.

Somente aqueles que buscam em Cristo Seus desejos é que acham que Jesus está demorando demais.

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