sábado, 30 de setembro de 2017

158 - Apocalipse 2 (Parte 1)

APOCALIPSE 2

Introdução

As sete cartas obedecem a um mesmo padrão:

 

·         O destinatário é o mensageiro da Igreja;

·         Jesus se apresenta de modo peculiar à oholyao, de acordo com o problema dela;

·         Jesus mostra que conhece Sua oholyao e cita o que existe de bom nela;

·         Jesus repreende a oholyao;

·         A consequência do pecado é manifesta;

·         Promessa é dada aos fiéis;

·         Jesus exorta Seu povo a ouvir a voz do Espírito Santo. Logo, o Espírito Santo confirma o que Jesus fala e faz (Jo 16.12). Do contrário Jesusa  não nos ordenaria que ouvíssemos a voz do Espírito Santo.

·         Qual a recompensa aos vencedores.

 

A primeira e a sétima oholyao formam um par, onde a legalidade de Éfeso é a semente e a mornidão de Laodicéia, o fruto.

A segunda e a sexta oholyao formam um par, onde o medo da morte de Esmirna é a semente e a fraqueza na fé de Filadélfia, o fruto.

A terceira e a quinta oholyao formam um par, onde os que assalariam líderes para exercer o amor ao próximo em lugar deles é a semente (Pérgamo) e a robotização de Sardes, o fruto.

A quarta oholyao é singular. O ministério feminino é a semente e a prostituição física e espiritual, o fruto (ver Rm 1.26).

A frase “quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” precede a promessa nas três primeiras cartas (como que chamando atenção para a mesma) e sucede a promessa nas quatro últimas (como que ratificando a promessa a quem a considerasse maravilhosa demais para se acreditar).

Vários elementos contidos no início do apocalipse têm correspondente no final:

 

·         Árvore de Vida (Ap 2.7; Ap 22.2,14);

·         O livramento da segunda morte (Ap 2.11; Ap 20.14; 21.8);

·         O novo nome (Ap 2.17; Ap 14.1);

·         Poder sobre as nações (Ap 2.26; Ap 20.4);

·         Estrela da manhã (Ap 2.28; Ap 22.16);

·         Veste branca (Ap 3.5; Ap 4.4; 6.11; 16.15; 19.8);

·         O nome no livro da vida (Ap 3.5; Ap 13.8; 20.15).

·         Habitar na Nova Jerusalém e ser cidadão dela (Ap 3.12; Ap 21.10).

 

Ou seja, João vê quase todas as promessas aos sete grupos de convertidos se cumprirem na vida dos vencedores.

A mensagem de Jesus à oholyao é contextualizada. Jesus conhecia a oholyao e a cidade.

O linguajar usado no Apocalipse é bem diferente daquele usado no quarto evangelho ou nas cartas supostamente escritas por João..

A diferença entre Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia é que:

 

·         Tiatira conhece bem a Palavra do Eterno (têm ânimo para as coisas celestiais), quer viver as coisas espirituais, mas sem deixar as carnais.

·         Sardes conhece o próprio Eterno em pessoa, mas aos poucos foram voltando para os próprios interesses e começaram a viver o evangelho sem qualquer fé e interesse em ver indivíduos sendo transformados pelo amor do Eterno e salvos de si mesmos. Passaram a executar meros rituais para aliviar a consciência e se acharem merecedores de bênçãos, sem se preocuparem se os mesmos estavam ou não agradando ao Criador.

·         Filadélfia conhece o Eterno superficialmente e, embora estavam muito apegado aos apelos da carne, lutam contra eles. Perdem muito tempo nesta luta e, assim, acabam não passando pela porta aberta;

·         Laodicéia vive plenamente na carne (como em 1Co 15.19);

 

A maior parte das promessas têm a ver com vida eterna.

A palavra “vencer” aparece com mais frequência nos escritos de João (principalmente no Apocalipse) do que nos demais livros do Novo Testamento.

As palavras “guerra” e “fazer guerra” ocorrem com mais frequência em Apocalipse do que em outro livro do Testamento do Favor do Eterno.

Cinco das sete oholyao são ordenadas ao arrependimento.

Carta aos convertidos de Éfeso (os legalistas)

Característica

Éfeso era uma cidade grande, famosa pelo templo da deusa Diana (Atos 19.35). Era o centro das artes mágicas (ver Atos 19.19) e dos cultos de mistérios. Nesta cidade Áquila, Priscila e Apolo evangelizaram (Atos 18.24-28). Foi onde Timóteo evangelizou (1Tm 1.3) e João pregou na velhice.

Paulo visitou Éfeso no final da 2ª viagem apostólica (At 18.19-21). Em sua 3ª viagem, passou lá três anos (At 20.31). O Eterno operou ali maravilhosamente:

 

1)    caiu temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. (At 19.17).

2)    muitos dos que tinham crido vinham, confessando e publicando os seus feitos. (At 19.18)

3)    muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata. (At 19.19);

4)    Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia (At 19.20) ao ponto de se espalhar por toda a Ásia (At 19.26).

 

Nesta época, era um grupo muito amoroso (Ef 1.15). No entanto, os vários avisos de Paulo de que os seguidores de Jesus nesta localidade seriam confrontados pelos falsos irmãos (Mt 7.15-20; At 20.35) e induzidos por eles a adotarem para si suas ideias e costumes pervertidos, os levou a um zelo exagerado pela pureza da Escritura Sagrada. Embora esta seja importante, é tão somente um guia para nos levar à intimidade profunda com Cristo.

Infelizmente, muitos (naquela época e hoje) perderam este referencial e ficaram brigando teologicamente, sem sequer se preocuparem se estão realmente em Cristo ou tão somente enganando a si mesmos. Não pensavam que nenhuma finalidade há em conhecer todos os mistérios e ciência da Escritura Sagrada e realizar grandiosas obras com base nelas, se isto não os aproxima de Cristo, nem dos que estão próximos de si.

A atitude dos irmãos de Éfeso em batalhar pelo princípio das sete unidades (Ef 4.3-6), ao invés de se deixar levar em círculos por todo vento de doutrina (Ef 4.11-14) era nobre (algo que ela fez, mesmo em meio a ataques físicos e heréticos). Todavia, jamais deve induzir os que se engajam nesta luta a fecharem o foco, de modo a não serem capazes mais de enxergar que a lei foi feita por causa do homem, e não o homem por causa da lei (expandindo o raciocínio de – Marcos 2.27).

Ainda mais hoje, quando muitos convertidos querem a coroa sem a cruz, a riqueza sem descansar e esperar no Eterno (Sl 37.7), a salvação sem arrependimento, as bênçãos do Eterno sem o Deus das bênçãos, nada mais indicado que seguir o conselho de Judas: batalhar diligentemente pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 3).

No entanto, jamais devemos esquecer que o papel da Igreja não é zelar pela perpetuação de ideias ou filosofias mortas (como o faz a história, geografia, etc.), mas sim batalhar para que a Palavra do Eterno seja viva e ativa em nossos dias como código do amor que rege, não uma sociedade, mas o dia a dia de cada um que crê, mesmo em meio aos ensinamentos corrompidos do Sistema Babilônico que rege este mundo. O objetivo da Igreja não é ensinar a Palavra do Eterno (não existe ministério de professor na Escritura Sagrada), mas sim vivê-la, mostrando-a a todos através dos Seus efeitos agindo onde ela é aplicada.

Como Jesus se apresenta?

Isto diz aquele que tem as sete estrelas na sua destra, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro (Ap 2.1).

 

Quando a Igreja é alimentada secretamente no tabernáculo do Eterno, ela é castiçal de ouro.

Para os irmãos que perderam o seu primeiro amor, Jesus se apresenta como aquele que mantém a comunhão  da Igreja e segura em Sua mão cada um que se dispõe a resplandecer como astro no mundo (Fp 2.14,15), ensinando a todos a justiça do Reino dos Céus (Dn 12.3). Ou seja, Jesus está mostrando que Ele enxerga tudo que está se passando em toda a terra e que, deste modo, não necessita de ninguém que fique fiscalizando o comportamento da Igreja.

Logo, não precisamos ficar julgando e condenando os outros (Mt 7.1; 1Co 4.5), pois todos vamos comparecer diante do tribunal de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10).

Fisicamente, os mensageiros do Eterno são tidos como estrelas (Mt 5.14-16), já que o mundo todo jaz no maligno (1Jo 5.19) e está em trevas (Is 60.1,2). Contudo, tais pessoas refletem a luz de Cristo (Jo 8.12). E no que Jesus as possui, não precisamos ficar vigiando no sentido de querer controlar os pensamentos e sentimentos das pessoas. Basta tão somente ficarmos atentos àquilo que Deus quer fazer na vida de cada uma delas.

Jesus mostrou aos irmãos que não estavam mais enxergando o valor do amor, ou seja, a importância de Sua presença na Igreja, que o que o diferencia Ele dos demais deuses é o fato de Ele se manifestar na vida de cada um que crê, bem como de protegê-los e guiá-los. Aliás, é esta a maior necessidade da Igreja: perceber dentro de si a segurança de pertencer a Ele (Rm 8.14). Afinal, é a certeza de que Ele está sempre por perto e que nada pode nos separar do amor Dele (Rm 8.39 – ninguém pode nos arrebatar das mãos Dele – Jo 10.28,29) que nos conforta num mundo onde só há injustiça, dor, tragédia, miséria, etc.

A maioria daqueles que creem, só conseguem ver Jesus no sentado no céu a direita por Pai reinando sobre tudo e todos, mas à distância (tal como os pagãos cultuam seus ídolos). É a intimidade com o Criador que faz o Deus verdadeiro diferente daquele apresentado pelas religiões, seitas e denominações evangélicas.

Sei que isto parece duro de engolir. Contudo, entenda: a ideia não é fazer algo para agradar o Eterno ou ficar elogiando-O, mas sim ouvi-Lo e deixar que Ele cumpra toda Sua vontade em nós e através de nós.

Quais qualidades podem ser vistas?

1ª -    Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.

2ª -   E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste. (Ap 2.2,3 - ACF).

3ª -   Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. (Ap 2.6).

 

Antes de tudo, obras é uma das palavras favoritas de João e normalmente está relacionada à total conduta do indivíduo.

Perceba que as mesmas coisas que são mencionadas no versículo 2 são vistas no versículo 3, só que em ordem invertida. Uma hipótese para isto é nos mostrar que não há bem que façamos (versículo dois), nem mal que soframos (versículo três) que passe desapercebido dos olhos do Eterno.

Analisemos uma por uma:

 

·         Sei as tuas obras, o teu trabalho e a tua paciência -> estes irmãos eram repletos de boas obras, nas quais eles se esforçavam sem esmorecer para que ficassem perfeitas.

·         não podes suportar os maus -> se pudessem, prendiam ou matavam todos os perversos para eliminar o mal da face da terra;

·         E sofreste e tens paciência -> Paciência não é passividade em meio aos problemas. Trata-se suportar com firme e forte perseverança as aflições impostas por um sistema demoníaco que quer a todo custo provar a não veracidade da Escritura Sagrada e de Cristo.

·         e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste -> Trabalho, aqui, tem haver com um esforço repleto de ânimo, e não uma mera execução de tarefas robóticas. Queriam fazer obras que pudessem levar o Eterno a ser glorificado. Mesmo diante das perseguições, não se cansam de serem fiéis àquilo em que creem.

·         aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço -> Nicolaítas, segundo dizem, vem do grego “nikao” (conquistar) + “laos” (pessoas).  Ou seja, trata-se de um membro se elevando sobre os demais e, deste modo, semeando contendas (Pv 6.19) ou querendo dominar sobre eles. Nesta carta a ênfase está nas obras que visam proporcionar isto, enquanto que na carta aos irmãos de Pérgamo, aos ensinamentos que almejam isto. Hoje, o líderes religiosos se exaltam sobre a congregação destas duas formas: alegando serem teólogos e serem responsáveis pela realização de grandes feitos.

·         puseste à prova os que se dizem ser apóstolos, e não o são, e os achaste falsos -> eram implacáveis com os hereges e falsos ministros.

 

Um dos principais cuidados de Jesus, ao dirigir sua mensagem final às sete igrejas, foi preveni-las da apostasia por tolerar falsos mestres, profetas ou apóstolos, os quais enfraqueciam Seu poder e autoridade entre os membros da Igreja.

 

·         “Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; andam adormecidos, estão deitados, e gostam do sono. E estes cães são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte.” (Is 56.10,11).

·         “Porque ímpios se acham entre o meu povo; andam espiando, como quem arma laços; põem armadilhas, com que prendem os homens. Como uma gaiola está cheia de pássaros, assim as suas casas estão cheias de engano; por isso se engrandeceram, e enriqueceram;” (Jr 5.26,27).

·         “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” (Efésios 4.11-14).

 

De fato, o fato de alguém querer reivindicar para si o direito de dominar a vida de outros indivíduos é um problema sério. Veja quanta guerra denominacional existe. Por que cada dia surgem novas denominações? Por que os teólogos nunca se entendem? Não estão todos servindo ao mesmo Jesus (Ef 4.3-6)? A fé, o Espírito Santo e a Escritura Sagrada não são, cada um, apenas um? Então para que esta disputa?

Só existe uma explicação: os líderes religiosos não têm nenhum interesse em ajudar o povo, muito menos em conduzi-los ao Criador, de modo que possam servi-Lo do modo correto, ou seja, confiando Nele e sendo por Ele usados (Jo 6.28,29; At 13.1,2).

Não existe interesse em acabar a confusão, mas sim em aumentar a confusão.

Que fique claro: a repreensão não é somente para os nicolaítas, mas sobretudo para os fiéis seguidores do Cordeiro que, embora conheçam a verdade, por comodismo, preferem que alguém busque ao Eterno e faça boas obras por eles. E tudo isto para que eles possam se dedicar aos prazeres da carne e a seguir o falso deus (por exemplo, o deus do passado) que melhor e mais facilmente pode ser manipulado. Toda falsa adoração, no final, é uma exaltação ao próprio ego (ver Lucas 18.11 – ARA2)

Vem a questão: como eles reivindicavam ser apóstolos? No início da era cristã, quando os contemporâneos dos apóstolos eram abundantes, a reivindicação para ser um apóstolo podia, com alguma razão, ser feita (já que nem todo mundo conhecia pessoalmente os doze apóstolos). Todavia, quando João escreveu o Apocalipse, esta afirmação seria uma mentira muito grosseira (já que os apóstolos que ainda não tinham morrido estavam bem velhos). Neste caso, existem quatro hipóteses possíveis:

 

1)    Eles reivindicavam que tinham sido chamados de modo sobrenatural por Jesus após Ele ter ascendido aos céus, tal como se deu com Paulo. Neste caso, para verificar a veracidade disto, deve-se observar o fruto do indivíduo (Mateus 7.15-20).

2)    Eles declaravam que foram eleitos pelos apóstolos, tal como se deu com Matias (Atos 1.23-26). Para confirmar isto, bastava checar se este costume continuou a ser propagado. É claro que não, visto que a eleição de Matias tinha por finalidade suprir o lugar deixado por Judas Iscariotes (pelo menos é isto que eles pensavam).

3)    Eles proclamavam que eram sucessores dos apóstolos, possuindo a autoridade deles, bem como a capacidade de transmitir esta autoridade. Ou seja, neste caso eles estariam afirmando que os apóstolos ordenaram eles como sucessores e que, assim, eles também tinham tal autoridade. É claro que isto é impossível, já que o ministério de alguém não é constituído pela vontade de nenhum ser humano, mas um chamado divino (Gálatas 1.1; Colossenses 1.1).

4)    Eles afirmavam que, tal como Barnabé (Atos 14.14), saíam pelo mundo afora lançando as bases da fé evangélica. Para isto, era necessário checar se eles realmente realizavam este trabalho pelo mundo afora.

 

Com tantas qualidades memoráveis, como Jesus pode ser tão radical em repreender estes irmãos? O problema é que o foco disto mudou. Ao invés de buscarem a verdade para estar mais perto de Eterno e uns dos outros, o alvo deles passou a ser o estabelecimento de uma religião perfeita (cujo alvo é sempre agradar o Eterno a fim de  se acharem no direito de receberem Suas bênçãos, tal como se vê nas instituições religiosas de hoje).

No entanto, Jesus não é como um dispositivo a ser acionado por um conjunto de regras, como se Ele pudesse ser controlado pelo ser humano por meio de rituais e sacrifícios. Há quem ache, inclusive, que Jesus merece uma chance de provar que Ele é quem os outros dizem que Ele é. Jesus, todavia não tem compromisso com obras humanas, muito menos com pessoas que vivem no mundo.

Detalhe: fidelidade é concebido como um tesouro que deve ser possuído e guardado (veja Ap 2.25; 3.2,11).

Qual a queixa de Jesus?

·         Eu, porém, tenho contra ti que deixaste o teu primeiro amor (Ap 2.4).

 

O que está acontecendo aqui é que estes irmãos começaram a odiar mais o mal do que amar o bem. É bem verdade que o Eterno ordena odiar o mal e amar o bem (Amós 5.15). Todavia, odiar o mal deve ser uma consequência de amar o bem, e não um alvo em si mesmo como faz a sociedade.

Repare como todo sistema jurídico, teoricamente, é firmado nesta premissa. Contudo, como não há amor ao Criador e pelos indivíduos, o alvo disto é manter o Sistema Babilônico funcionando para beneficiar, apenas, uma elite privilegiada. Trata-se de um sistema mesquinho, cruel, onde uns intentam o mal contra os outros alegando que é para combater o mal (quando, na verdade, é apenas para satisfazer o prazer de ver os outros sofrerem). Este sistema está repleto de indivíduos uns contra os outros.

Repare, todavia, a frase “tenho, porém, contra ti”:

 

·         “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.” (Mateus 5.23,24).

 

Ninguém estava se preocupando se Jesus tinha algo contra eles, muitos menos em tentar se reconciliar com Ele.

Hoje a história se repete. Muitos querer sair ofertando coisas a Jesus e se esquecem de ver se, antes de tudo, estão conciliados com Ele. Sem isto, é como tentar fazer propaganda de uma empresa sem sua autorização: pode acabar preso.

E a conciliação com Cristo não é apenas na área espiritual. Antes, é em todas as áreas. Se uma única área da nossa vida não tiver conciliada com Jesus, então na verdade não estamos permanecendo no amor Dele (João 15.9).

Enquanto os irmãos de Éfeso lutavam para conservar a sã doutrina (conceito certo), eles abandonaram o primeiro amor (visão correta). Isto é equivalente a uma esposa que não trai o marido, mas também não lhe devota amor (2:2-4). O fato de a esposa ser fiel ao marido e até obediente, não significa que ela o ama a ponto de negar-se a si mesma para se unir à vida de Jesus na vida do marido e, com isto, auxiliá-lo em todas as áreas.

Ela pode cumprir com os seus deveres simplesmente por mera obrigação, com vistas a alguma recompensa, seja na terra ou no céu. Vive lado a lado com ele ao invés de ser o corpo por meio do qual ele irá ver todos os planos que Jesus lhe deu concretizados.

O fato de a Igreja ser a Noiva de Cristo implica que Ele se deleita nela, sendo Seu maior desejo viver Nela através de Sua Palavra e Seu Espírito. Tanto é assim que o próprio Jesus está preparando a Sua noiva para o grande banquete de núpcias (a chamada festa das bodas do Cordeiro – Ap 19.7,9).

Esta ocasião é semelhante à que se deu quando o rei Assuero, desejando apresentar a rainha Vasti a todos (Et 1.11), ordenou que ela fosse introduzida. A diferença é que, lá, a rainha é que se preparava, enquanto que, aqui, é o próprio Jesus quem a prepara (Ef 5.25-27). É claro que Ele usa Seus servos (2Co 11.2) para vestir a Noiva que se deixa preparar por Ele (daí dizer que ela se preparou – Ap 19.7,8). No entanto, é Ele em pessoa que enfeita a Noiva Consigo mesmo (Ez 16.14), de modo que, nela, todos possam ver quem Ele é e o modo como Ele trabalha na vida dos Seus.

Para ser mais exato: hoje, o que os anjos veem de Cristo é o trabalho Dele na vida de quem crê (Efésios 3.8-10). Quando toda a Igreja estiver salva, os anjos poderão, então, ver tudo que Jesus fez desde Adão até Sua vinda, como se fosse um grande filme, com tudo se encaixando perfeitamente.

O Eterno nunca projetou um sistema religioso auto-suficiente para substituí-Lo, ou seja, que trabalhasse por Ele na vida uns dos outros. Jesus está mais interessado em nós (no que Ele pode mostrar de Si mesmo através de nós), e não naquilo que podemos fazer por Ele ou para Ele. Mesmo porque, sendo tão limitados, impotentes, ignorantes e pecadores, não há como fazermos nada que presta (Is 64.4).Embora seja importante odiar o erro e o mal, isto não é o mesmo que amar a Cristo.

Veja a diferença: ao invés de odiarem a maldade e tentarem combatê-la por suas próprias forças, o que os irmãos de Éfeso deveriam ter buscado é que a bondade de Cristo se manifestasse e superabundasse em meio a toda maldade (Romanos 5.20).

Pense: o que é o primeiro amor?

 

·         “Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o SENHOR: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se semeava.” (Jeremias 2.2).

·         “Saí, ó filhas de Sião, e contemplai ao rei Salomão com a coroa com que o coroou sua mãe no dia do seu desposório e no dia do júbilo do seu coração.” (Cantares 3.11).

 

Não é a satisfação de ver Jesus resolver tudo através do poder da piedade (ver 1Timóteo 3.16; 2Timóteo 3.5)?

Além disto, pense: que sentido tem em dizermos que o Criador é todo-poderoso se, quando surge o mal, passamos por cima de Sua vontade para exterminá-lo ao invés de esperarmos Ele nos mostrar o que devemos fazer para que Ele possa agir? Falarmos que ele é amável, mas não temos prazer em ter intimidade com Ele através da oração.

A luta pela ortodoxia, o intenso trabalho e as perseguições levaram a igreja de Éfeso à aridez. Eles começaram valorizando o amor (Ef 1.15), mas deixaram que isto se perdesse com seus trabalhos e ódio pelo mal.

Qual a consequência do pecado?

·         venho a ti, e removerei o teu candeeiro do seu lugar, se não te arrependeres. (Ap 2.5).

 

Se estes irmãos não se arrependessem, eles perderiam de vez a luz da comunhão (afinal, o castiçal servia para iluminar as casas onde os irmãos se reuniam – Mateus 5.14-16).

 

·         “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” (1João 1.7).

·         “Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas. Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo. Mas aquele que odeia a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos.” (1João 2.9-11).

 

Eles poderiam até continuar manifestando a luz da sabedoria (Dn 12.3). Todavia, tais conceitos pareceriam mera utopia, já que a sabedoria só é possível ser revelada através do mistério do Eterno, que é Cristo e Sua Igreja (1Co 2.7).

Note que Cristo Sempre chama os escolhidos de “Minhas ovelhas”, “Meus Cordeiros” (João 21.15-17). Todavia, Ele se refere ao castiçal como sendo “teu castiçal” (o que lembra quando o Eterno disse a Moisés: que o povo de Israel era povo dele - Êxodo 32.7). Ou seja, quando o povo permanece no pecado, o Eterno muda seu modo de lidar com os que professam servi-Lo:

 

·         “E Deus disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ami; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus.” (Oséias 1.9).

 

Fique claro que o candeeiro de Éfeso seria removido do seu lugar, e não destruído. Afinal, o mesmo é santo (veja algo análogo em Nm 16.37,38). O candeeiro (a luz da comunhão) seria estabelecida em outro lugar, na vida de indivíduos que valorizassem a Escritura Sagrada e Jesus. Isto lembra o que Jesus disse aos fariseus:

 

·         “Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos.” (Mateus 21.43).

 

É importante que fique claro que o candeeiro se apagou, não por falta de azeite (verdade), mas por valorizarem mais a verdade do que o “fogo” que faz esta verdade brilhar e levar os indivíduos a enxergarem com clareza os desígnios do coração, de modo a poderem se relacionarem uns com os outros de modo mais preciso.

 

·         “Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor.” (1 Coríntios 4.5).

O que é prometido aos fiéis?

Não é mencionada promessas para os fiéis daquela época, mas somente aos vercedores.

Exortação

·         Lembra-te, pois, donde caíste, arrepende-te e pratica as primeiras obras (Ap 2.5).

 

A cura para o erro encontrado entre os irmãos de Éfeso pode ser vista abaixo:

 

              I.        Lembra-te, pois donde caíste;

            II.        Arrepende-te;

          III.         Pratica as primeiras obras.

 

A partir do momento que não queremos “subir”, mas nos contentamos com o que já conquistamos, já caímos. A lâmpada que não continua a queimar, vai diminuindo sua chama até apagar.

A Igreja não está sendo chamada a recordar seu pecado. Não está sendo dito: “lembra em que situação caíste” (ou lembra-te do motivo que te fez cair),  mas “de onde caíste”. Ou seja, lembra-te de que altura tens caído e onde foi que você caiu. Eles deveriam se lembrar onde estavam quando iniciaram sua caminhada com Jesus (ver Jr 6.16) e a partir de onde eles começaram a se desviar do amor.

Para se entender a importância disto, pense no filho pródigo. Ele começou a ser restaurado quando se lembrou da casa do seu pai e do imenso amor dele, tão grande que até os trabalhadores de seu pai estavam em melhor situação do que ele, em sua suposta liberdade (Lc 15.17).

Mas de nada adianta enxergar onde estava, se não estiver disposto a se arrepender; assim como não adianta querer se arrepender sem saber para onde voltar. É o que acontece em muitos casamentos: sabem que algo precisa ser mudado, mas não sabem “o que” mudar, nem “em que” direção mudar.

A ordem era para voltar à prática das primeiras obras. Mas, do que se trata isto? Pensando no casamento, a mulher deveria voltar à época em que a submissão ao marido era algo voluntário em sua vida. Ou seja, voltar ao tempo em que, ao invés de simplesmente obedecer leis ou fazer coisas, havia prazer em estar na companhia do marido pela expectativa de tudo que Jesus iria revelar ou fazer através dele.

Logo, as primeiras obras são as celestiais (de onde eles caíram – daí a menção de “lugares celestiais” três vezes na carta aos Efésios – Ef 1.3; 2.6; 6.12), de onde vem toda a boa dádiva e todo o dom perfeito (Tg 1.16,17). Ou seja, aquelas obras que tinham em vista ver Jesus se manifestar.  Buscar, pensar e praticar as primeiras obras é manter a mente e o coração fixos no céu (Cl 3.1,2), habitando no esconderijo do Altíssimo (Sl 91.1) pelo prazer na companhia Dele (Sl 37.4,7; Mt 11.28,29) e dos irmãos que fazem parte do Seu corpo.

Jesus mandou os irmãos de Éfeso a corrigirem suas obras (obras de amor, que visa unir os irmãos) ao invés de ficar esperando que uma visitação do alto os mudasse internamente como por mágica. Afinal, o que tem valor é a fé que opera pelo amor (Gálatas 5.6).

Qual a recompensa aos vencedores?

·         Ao vencedor darei a comer da árvore da vida, que está no Paraíso de Deus. (Ap 2.7).

 

Há diferença entre o Jardim do Éden e a Nova Jerusalém:

 

JARDIM DO ÉDEN

NOVA JERUSALÉM

Banhado por quatro rios

Regado pelo Rio de Vida (João 7.37-39)

Tinha ouro

Ruas e praças serão feitas de ouro.

Tinha o sol e a lua para brilhar

Tem o Eterno e o Cordeiro (sem contar que não tem noite)

Havia a obediência pela inocência

Haverá obediência pelo conhecimento da supremacia de Jesus.

É o começo do presente mundo

É o começo do verdadeiro mundo.

 

Na Escritura Sagrada há quatro coisas que são consideradas árvores de vida:

 

·         “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; é árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm.” (Provérbios 3.13,18).

·         “O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio.” (Provérbios 11.30)

·         “A esperança adiada desfalece o coração, mas o desejo atendido é árvore de vida.” (Provérbios 13.12).

·         “A língua benigna é árvore de vida, mas a perversidade nela deprime o espírito.” (Provérbios 15.4).

 

A importância do desejo atendido é tão importante que Jesus disse para buscarmos que Seu gozo se cumpra:

 

·         “ Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo(João 15.11).

·         “Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra.” (João 16.24).

·         “Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra.” (I João 1.4).

 

Jesus descreve a comunhão com Deus de um modo que traz à memória o relacionamento com o homem no jardim do Éden. Jesus Cristo é nossa Árvore de Vida (João 6.51; 15.1), a qual confere a nós sabedoria, frutos, desejo atendido, língua benigna, de modo que passamos a ter vida em nós.

Logo, buscar Jesus (nossa verdadeira árvore de vida – João 15.1) implica em buscar sua sabedoria a fim de que a lei da beneficência esteja na nossa língua (Pv 31.26) e, assim, possamos dar o fruto do Espírito Santo e ver o desejo Dele em nós sendo cumprido.

Alimentar-se da árvore da vida é fazer da vida de Cristo a nossa vida, o tipo de vida a ser vivido (João 6.57; 2Co 5.15).

Detalhe: a Árvore da Vida é regada pelo Rio de Vida. E o vencedor irá se alimentar de tudo isto.

Mas, quem é o vencedor aqui? Só se dá alimento a quem não se saciou com o prato de Ha-Satan (a recompensa tem a ver com a fidelidade manifestada). Em outras palavras, irá comer da árvore da vida aquele que, por ter fome de Cristo, vence a tendência do mundo de querer se ver livre do mal a qualquer custo. Isto porque o tal só se satisfaz quando vê Jesus manifestando Seu amor e piedade para solucionar os problemas.

Observe a diferença:

 

Ø  Aos irmãos de Éfeso é prometido se alimentar da comunhão íntima com Jesus e Sua Igreja, já que era disto que eles tinham falta. Os ensinamentos corretos eles tinham;

Ø  Aos irmãos de Pérgamo, como estavam carentes da doutrina correta, Jesus promete lhes dar do maná escondido.

 

Onde estava a Árvore de Vida?

 

·         No Éden estava no meio do jardim (Ap 2.9);

·         Na Nova Jerusalém está no meio da praça (Ap 22.2);

 

Aqui, embora implícito em algumas versões, está subentendido que era no meio do paraíso de Deus. Talvez não houve preocupação em dizer a posição exata da Árvore do Eterno em virtude de ser a única mencionada. No Éden outras árvores eram necessárias para que toda a vontade do Eterno se cumprisse na vida e Adão (para saciá-lo, de modo que ele não sentisse vontade de se alimentar de nada que não tivesse haver com o próprio Eterno). No milênio haverá outras árvores com a mesma propriedade de cura do apocalipse (talvez por estarem sendo nutridas pelo que sai do santuário do Eterno.):

 

·         “E junto ao rio, à sua margem, de um e de outro lado, nascerá toda a sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem acabará o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de comida e a sua folha de remédio.” (Ez 47.12);

 

Após o milênio, todavia, a única árvore necessária é a da vida, cujo acesso foi perdido pelo homem no Éden, mas agora foi restaurado pelo Eterno.

Identidade

Este grupo representa aqueles que querem combater o mal, sem se preocuparem com os meios a serem usados para isto. Querer estabelecer o bem sem Jesus é querer ocupar o lugar Dele. Daí este ser o único grupo que é ameaçado de ter o candeeiro removido.

Quase todo mundo começa nascendo em um ambiente de amor, mas, tão logo cresce um pouquinho, a criança é ensinada pelos pais a crescer na mesma condição de Ismael: brigando com tudo e com todos (Gn 16.12). Que choque de conceitos toma conta da criança! Era isto que estava acontecendo aos irmãos de Éfeso (e também com os Gálatas – Gl 3.1-3).

Para os ortodoxos, Cristo se mostra como sendo Aquele que está vendo tudo que se passa na Igreja (passa no meio Delas) e conserva na Sua mão direita cada um dos que Lhe pertencem. Isto significa que ninguém precisa ficar fiscalizando os membros para evitar que falsas doutrinas sejam disseminadas e contaminem os membros.

O próprio Jesus faz isto. E mesmo que não fizesse, não vai ser nosso esforço carnal em tentar fazer rígidas as leis (como faziam os fariseus – Mt 23.4) que irá impedir o avanço do pecado. E, ainda que sim, de que resolveria eliminar o pecado do mundo, se isto não promovesse a aproximação entre o Criador e Sua criação, mas mantém cada um isolado no seu egoísmo?

Ou seja, embora seja importante zelar para que os membros estejam todos retos aos olhos do Eterno, como todos vão comparecer perante o tribunal de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10), não cabe a nós julgar ninguém, tampouco ser áspero com os pecadores. A punição deles já está garantida. Deixe o julgamento para Deus (Mt 7.1)!

Nosso papel é evitar que o julgamento aconteça.

Embora os nicolaítas, os seguidores de Balaão, de Jezabel ou os da sinagoga de Satanás sejam problemas, o maior problema é a falta de zelo em buscar ser unido uns aos outros em Cristo e Sua Palavra.

As cartas não são uma repreensão apenas aos falsos líderes e mestres, mas também àqueles que os seguem ou toleram seus ensinos.

Resumo

Estes irmãos começaram bem na fé (Ef 1.15). Com o passar do tempo, eles deixaram de se preocupar em preservar a comunhão no Espírito Santo pelo vínculo da paz (ver Ef 4.3). Começaram a se preocupar em punir os falsos ministros e combater o mal, ao invés de buscar no Eterno a salvação deles.

Esqueceram que o objetivo da Igreja não é aglomerar santos para realizarem rituais perfeitos, mas sim buscarem uns nos outros o aperfeiçoamento da mente, caráter e espírito.

Diante disto, Jesus mostra que Ele mantém seguro em Sua mão os escolhidos e deseja se mover no meio dos que são Dele e mostra que a verdadeira recompensa é justamente viver Seu amor na vida uns dos outros (ver 1João 4.7-12).

Se eles recusassem a se aprofundarem na comunhão com Cristo, eles iriam perder a comunhão uns com os outros e, obviamente, a purificação dos pecados (1João 1.7). Consequentemente, perderiam sua utilidade, mesmo contando com a sabedoria adquirida.

Carta à Convertidos de Esmirna (os perseguidos)

Característica

·         “Conheço ... a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás.” (Ap 2.9).

 

Primeiramente, vamos definir blasfêmia:

 

·         “E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo, perdoados te são os teus pecados. E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Ele blasfema.” (Mateus 9.2,3).

·         “Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia.” (Mateus 26.63-65).

 

Note que blasfêmia, aqui, não é “falar mal de”, mas sim “se colocar em lugar de”.

Perceba que os falsos judeus não estão na Igreja, mas na sinagoga. Embora os rebeldes insistam em dizer que eles são a Igreja do Eterno (como se deu na época de Moisés, onde eles se consideravam a congregação do Eterno – Nm 16.3; 20.4), todas as vezes que a Escritura Sagrada se refere aos judeus rebeldes eles são chamados sinagoga (ou um mero ajuntamento - ver Tg 2.2).

Havia sinagoga de Satanás no meio deles (Ap 2.9), ou seja, aqueles que se faziam passar por judeus (não pecadores entre os gentios), mas não eram:

 

·         “Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão? E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará porventura a ti, que pela letra e circuncisão és transgressor da lei? Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.” (Romanos 2.25-29).

 

Muitos judeus insistiam em achar que eram uma raça especial. Paulo, então, mostra que a condição de judeu só era proveitosa se os judeus fossem capazes de guardar a lei. Felizmente, nenhum era:

 

·         “E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; e não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também.” (Atos 15.8-11).

 

Assim sendo, não há diferença entre judeus e gentios. Qualquer um que permitir Jesus circuncidar seu coração e deixar que Ele o use para cumprir toda a justiça que é possível existir na lei (Romanos 8.1-4) é um verdadeiro israelita (descendente de Abraão pela fé).

Muitos, querendo mostrar boa aparência na carne, obrigavam os gentios a circuncidarem a fim de não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo (Gl 2.3-5; 4.17):

 

·         “Eu, porém, irmãos, se prego ainda a circuncisão, por que sou, pois, perseguido? Logo o escândalo da cruz está aniquilado.” (Gálatas 5.11).

·         “Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.” (Gálatas 6.12,13).

 

Entenda: muitos dos que acreditavam mentalmente em Jesus, não queriam, todavia, serem perseguidos pelo fato de que Jesus nos livrou da maldição da lei. Assim, eles cometiam o mesmo erro que Pedro cometeu:

 

·         “Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus? Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos também somos achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus.” (Gálatas 2.19).

 

É claro que, com relação a Pedro, foi apenas um deslize. Mas a maioria dos judeus que diziam ter convertido, na verdade, eram convertidos apenas exteriormente. Queriam a salvação proporcionada por Cristo, mas não queriam ser perseguidos pelos judeus ortodoxos (ver João 12.42).

Veja alguns exemplos da oposição dos judeus (1Ts 2.14-16):

 

o   em Antioquia da Pisídia, os judeus incitaram algumas mulheres religiosas e honestas, e os principais da cidade, os quais levantaram perseguição contra Paulo e Barnabé, e os lançaram fora dos seus termos. (At 13:50);

o   em Icônio, judeus se combinaram com os gentios para insultarem e apedrejarem Paulo (At 14:2,5);

o   em Listra, Paulo foi apedrejado pela multidão que se deixou convencer pelos judeus (At 14:19);

o   em Tessalônica (At 17:2,5), os judeus invadiram a casa de Jasom esperando achar Paulo para fazer algo contra ele;

o   em Corinto, os judeus resistiram e blasfemaram, até que Paulo tomou a decisão de deixar os judeus e ir para os gentios (At 18:5,6);

o   quando Paulo retornou para Jerusalém, os judeus o prenderam no templo e quase o mataram (At 21.30-32);

o   O livro de Atos termina com os judeus tendo grande contenda com Paulo em Roma (At 28.25-29).

 

Assim, os que queriam Cristo, mas sem perseguições, incitavam todos os membros da oholyao onde participavam que aceitassem os costumes judaicos (era preciso calar isto – Tito 1.10,11). Os tais não estavam sendo fiéis a Cristo, nem ao judaísmo tradicional. Daí serem sinagoga de Ha-Satan.

Enfim, os irmãos de Esmirna estavam sendo oprimidos pelos falsos judeus que ficavam obrigando os gentios a se circuncidarem (At 15.1) e guardarem a lei de Moisés (analise At 15.19-21). Eram dois os tipos de perseguição contra a Igreja de Cristo: física (como citado acima) e espiritual (tentando converter o Jesus da Escritura Sagrada ao judaísmo, de modo a convencer os gentios a se sujeitarem aos judeus).

Hoje o sistema religioso, embora diga que a salvação é por meio de Jesus, luta para prender as pessoas debaixo do jugo dos líderes religiosos e de suas exigências para se manter a pompa dos cultos modernos.

Embora a maioria dos irmãos de Esmirna não se deixaram contaminar por tais doutrinas, antes estavam sofrendo perseguições dos que as defendiam, estes princípios estavam no meio deles, ameaçando a perseverança de muitos.

Como Jesus se apresenta?

·         Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e tornou a viver (Ap 2.8).

 

Para a igreja de Esmirna, que estava passando pelo sofrimento, perseguição, morte, Jesus se apresenta como Aquele que esteve morto e tornou a viver. Afinal, este fato fez com que morrer com Jesus se tornasse a chave para a vida eterna.

Não só isto! Jesus passou a ter condição de ser nosso perfeito sumo-sacerdote (Hb 2.17,18). Afinal, o que todo ser humano sofre Ele experimentou em Seu ser:

 

o   Enfrentou tribulação;

o   Foi homem de dores e experimentado nos trabalhos (Is 53.3);

o   Foi afrontado pelo inferno, sendo obediente até à morte, e morte de cruz (Fp 2.5-8);

o   Suportou pobreza, a ponto de não ter nem onde reclinar a cabeça (Mt 8.20; Lc 9.58).

o   Ele foi caluniado, chegando a ser chamado de comilão e beberrão (Lc 7.34), impostor (Mt 27.36), blasfemo (Mt 26.65) e príncipe dos demônios (Mt 12.24; Lc 11.15).

o   Foi preso e tremendamente maltratado (açoitado, cuspido, pregado na cruz);

o   Passou pelo vale da sombra da morte e venceu aquele que tem o poder sobre ela (Hb 2.14,15) sem, em momento algum, pecar (Hb 4.15).

 

Considerando que Ele nunca muda (Ml 3.6; Hb 13.8), Ele tem como prometer a coroa da vida para os fiéis, pois é capaz de garantir a vitória completa na vida daqueles que realmente quiserem vencer o pecado.

Em suma, Ele estava mostrando para os Seus que estavam perdendo sua vida neste mundo (Mt 10.39) que a morte com Ele não é prejuízo, mas o maior de todos os lucros. Como Ele é o primeiro e o último, não existe nada de bom antes Dele parecer, nem depois, mas tão somente Nele.

Muitos têm medo da morte porque ainda não entenderam o que é a vida eterna. Não se trata de viver para si perto de Jesus, mas sim de viver em Cristo (Jo 17.3; 1Jo 5.20) e para Ele (1João 4.9). O tempo é uma dimensão que existe apenas fora de Cristo. Quando o Todo-Poderoso e o Cordeiro são o nosso templo (Ap 21.22), não existe mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor (Ap 21.4). Fazer coisas se torna sem sentido (ou, se preferir, ganham um novo significado, uma nova dimensão), pois não há necessidade a ser suprida.

Aqui neste mundo, todo trabalho é uma luta constante para combater o mal que grassou por este mundo com o pecado e impede a qualquer um sem Jesus de galgar uma concepção elevada de si mesmo, do ser humano, da vida, do universo e do próprio Deus (amor – 1João 4.8,16).

Vem a questão: por que Jesus se intitula o primeiro e o último? Em primeiro lugar, Ele quer mostrar que tudo está sob controle (limitado) por Ele.

Quais qualidades podem ser vistas?

·         Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico) (Ap 2.9).

 

Repare como Esmirna e Filadélfia são as únicas oholyao da qual Jesus nada fala a respeito das obras delas. Ele só diz “conheço as tuas obras”. Isto porque o indivíduo não é salvo pelas obras, mas pelo Favor do Eterno mediante nossa confiança em Jesus.

Jesus está ciente de quem somos, da nossa situação e de tudo o que acontece conosco, o que é grande consolo e segurança para nós. Afinal, uma das grandes necessidades nos momentos de tribulação é ter alguém com quem partilhá-las e, principalmente, em quem nos apoiar.

Embora a tribulação possa parecer, a princípio, um castigo, na verdade ela é a alavanca para que sejamos cheios da riqueza celestial:

 

·         “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança.” (Rm 5.3,4);

·         “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tg 1.2-4);

·         “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo;” (1Pe 1.6,7);

·         “E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” (Hb 12.11).

 

Basta pensar que é aos pobres que pertencem o Reino dos Céus (Lc 6.20). É a eles que o Eterno escolheu para serem ricos na fé e herdeiro do Seu Reino (Tg 2.5). Em contraste com os que se achavam ricos e abastados (Ap 3.17), mas não eram ricos para com Deus (Lc 12.21).

Daí Paulo considerar toda sua glória passada como refugo para poder alcançar a Cristo (Fp 3.4-8). Pois só assim ele seria capaz de ser todo de Jesus:

 

·         “Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; e assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal.” (2Co 4.10,11);

·         “Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo.” (2Co 6.4-10)

Qual a queixa de Jesus?

·         Não temas o que estás para sofrer; (Ap 2.10).

 

Deus sempre exortou a que não temêssemos o ser humano (Nm 4.14; Dt 3.22; 20.1; Js 10.8; Jr 1.17; Ez 2.6; 3.9; Mt 10.26). Talvez você questione: mas diante de tantas ameaças e perseguições, é normal ou natural que a pessoa tenha medo. Sim, é algo carnal! Contudo, considerando que é o espirito que vivifica (a carne para nada aproveita – Jo 6.63), então quando algo não é espiritual deve ser combatido.

Mesmo porque:

 

·         “... os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” (Rm 8.9).

 

Além disto, considere que: “no amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” (1Jo 4.18). Logo, jamais o poder do Eterno poderá ser aperfeiçoado enquanto a pessoa estiver com medo. Sem contar que o medo serve de tropeço (por exemplo, leva a pessoas a terem respeito pelos injustos, vindo a deturpar o julgamento – Pv 24.23-25).

A razão de não haver uma repreensão direta é porque este pecado era involuntário.

O que parece ser algo natural, simplesmente limita o indivíduo, de modo que ele se recusa a aceitar os desafios propostos por Cristo. Por exemplo:

 

o   Andar pelo vale da sombra da morte para resgatar os perdidos (Sl 23.4; Is 9.1,2; Mt 4.15,16);

o   Habitar no esconderijo do Altíssimo caso o mesmo esteja num lugar repleto de inimigos e pestes (Sl 91.1,2,5-10).

Qual a consequência do pecado?

Não há.

O que é prometido aos fiéis?

·         e eu te darei a coroa da vida.  (Ap 2.10).

 

O que vem a ser está coroa?

Há vários tipos de coroa:

 

·         Coroa de glória (Is 62.3; 1Ts 2.19; 1Pe 5.4);

·         Coroa de soberba (Is 28.1);

·         Coroa da vida (Tg 1.12);

·         Coroa da justiça (2Tm 4.8).

 

Coroa ou prêmio era algo concedido nos jogos esportivos (1Co 9.24-27; Tg 1.12), os quais foram usados como alegoria para que os irmãos enxergassem que a dedicação na busca ao Reino do Eterno deve exceder à do competidor de uma olimpíada que deseja alcançar o primeiro lugar.

Contudo, havia também a coroa real:

 

Ø  Em Apocalipse 3.21, é concedido aos eleitos a promessa de assentar-se com Jesus no trono real.

Ø  Em Apocalipse 4.4,10 os vinte e quatro anciãos se assentam em vinte e quatro tronos e cada um tem a sua coroa real (Apocalipse 5.12).

 

Por outro lado:

 

Ø  Em Apocalipse 19.12 Jesus tem em Sua cabeça muitos diademas (termo usado para coroa real):

Ø  Em Apocalipse 12.3 Ha-Satan tem diademas nas suas sete cabeças;

Ø  Em Apocalipse 13.1 a besta tem diademas nas dez cabeças.

 

Vem a questão: qual das duas coroas está sendo referida (a de vitória ou a de realeza)? As duas.

A coroa real era concedida normalmente por direito,  a quem era filho do rei. A coroa da vitória normalmente era concedida por mérito.

No nosso caso, nos é concedido a coroa real por sermos filhos do Eterno por meio de Cristo e a coroa da vitória por Jesus ter nos feito mais do que vencedores sobre o pecado, o mundo e Ha-Satan.

O uso de coroa serve para mostrar que nossa recompensa é:

 

·         Preciosa – uma coroa;

·         Gloriosa – coroa de vida;

·         Durável – vida;

·         Pessoal – “Eu te darei”;

 

Mas o que seria a coroa da vida?

Entendendo que Jesus é a vida eterna, o que está sendo prometido, EM VIDA, aos fiéis é o privilégio de ser identificado diante de todos com a paz, a felicidade e o amor que nunca mínguam.

No entanto, é necessário ser fiel até a morte. Veja que não é simplesmente ser fiel até o último dia de vida, mas ser fiel até o ponto de darmos nossa vida por amor a Jesus. Ou seja, tão importante quando a duração da fidelidade é a qualidade da mesma. De pouco resolve uma fidelidade que cede nos momentos difíceis. A fidelidade que glorifica o Eterno é aquela que leva o indivíduo a reinar, em vida, através de Jesus (Rm 5.17) a fim de que, onde o pecado abundou, o Favor do Eterno tenha condição de superabundar (Rm 5.20).

Enfim, no céu e na terra, esta coroa é o sinal do conflito que Jesus travou dentro de nós e venceu. A coroa na nossa vida quer dizer que Jesus conquistou Sua Noiva (ver Cantares 3.11).

Exortação

·         Não temas o que estás para sofrer (Ap 2.10)

·         Sê fiel até a morte (Ap 2.10).

 

Não é em vão que Jesus se apresentou como Aquele (o único) que estava morto e que tornou a viver. Isto confirma que o único ser humano que subiu ao céu foi Jesus (João 3.13).

A mensagem que Jesus estava transmitindo aos fiéis de Esmirna é que não existe nenhum ser humano que se livra da morte. Nem Ele escapou. Logo, é inútil ter medo de morrer: isto vai ocorrer inevitavelmente. Assim sendo, nada mais nobre do que morrer pelo nome de Jesus e, deste modo, herdar o direito de voltar a viver.

 

·         eis que o Diabo está para meter alguns de vós em prisão para serdes provados, e passareis por uma tribulação de dez dias. (Ap 2.10).

 

A carta de Esmirna é a prova de que ser fiel a Cristo não implica em ser livre das tribulações:

 

1º -         o sofrimento é certo. Jesus confirma que eles iam realmente sofrer e ir para a prisão. Apesar de toda a fidelidade deles, Jesus não ia poupá-los disto. Isto acaba com a ideia de que o Eterno é obrigado a abençoar quem é fiel a Ele. Ser fiel não implica em ser livre de problemas;

2º -         o sofrimento é limitado (2Co 4.16);

3º -         o sofrimento é breve (Rm 8.19-22). Aliás, uma das coisas que os dez dias de tribulação representam é justamente o curto período de tempo (veja, por exemplo, Gn 24.55) que os de Esmirna iriam sofrer.

 

Jesus mesmo disse que isto iria acontecer:

 

·         “Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; e sereis até conduzidos à presença dos governadores, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho a eles, e aos gentios.” (Mt 10.17,18);

·         “E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.  Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem.” (Mt 10.22,23);

·         “Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus.” (Jo 16.2).

 

Mas, como diz na Escritura Sagrada, é melhor sofrer por amor a Jesus e Sua Palavra do que como malfeitor (1Co 6.7-9; 1Pe 4.14-19). Afinal:

 

·         “E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis. Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança alcanceis a bênção. Porque Quem quer amar a vida, E ver os dias bons, Refreie a sua língua do mal, E os seus lábios não falem engano. Aparte-se do mal, e faça o bem; Busque a paz, e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal.” (1Pe 3.8-12).

 

Embora seja desagradável termos que sofrer por causa da maldade ou falhas dos outros, temos que glorificar ao Eterno por não sermos nós os autores da maldade. A pior escravidão é ser obrigado pelo pecado a fazer o mal (mesmo não querendo – Rm 7.13-21).

Por outro lado, receber as afrontas dos outros para que o Pai possa ser glorificado é um privilégio no Reino dos Céus (veja At 5.40,41; 14.22; Cl 1.24; Fp 1.29; At 15.2,3; 20.4). Este é o exemplo que Jesus deixou (1Pe 2.21-24).

Talvez você ainda esteja inconformado! Mas afinal, por que Jesus não livra os justos do mal? O problema com os indivíduos é que eles acham que o grande problema são as lutas e tribulações. Todavia, e antes das mesmas os alcançarem? Como estava a situação deles? De que adianta ser livre de todos os problemas, mas não conseguir alcançar a felicidade, a paz e o amor? Tudo continua sem sentido, o que acabará induzindo o indivíduo a arrumar problemas maiores.

Por outro lado, se o indivíduo estiver em Cristo sendo preenchido pela graça Dele, o tal será tomado pela felicidade e paz sobrenaturais (Jo 14.27).

 

·         “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;” (Rm 5.20).

 

E quanto maior é o problema, maior a graça que nos é concedida para vencer. Isto pode ser visto em Atos 5.40,41. Embora Pedro e os demais apóstolos estivessem sentindo a dor dos açoites, a felicidade no coração deles era tão grande que eles saíram regozijando-se por terem sido considerados dignos de padecer afrontas pelo nome de Jesus.

Paulo e Silas, embora acusados injustamente, estavam louvando ao Eterno em plena meia-noite mesmo estando cheio de vergões e com os pés amarrados no tronco (At 16.22-25).

Estêvão, de modo semelhante, foi tomado de tal paz e amor ao ver Jesus à direita do Pai, ou seja, ao experimentar todo o amor de Jesus pelas pessoas que o estavam apedrejando que ele não queria a condenação delas, vindo a pedir a Jesus que não lhes tirasse a salvação por aquilo que estava sendo feito com ele (Atos 7.60).

Daí a Escritura Sagrada dizer:

 

·         “Porque a tua benignidade é melhor do que a vida, os meus lábios te louvarão.” (Sl 63.3)

 

Quer coisa melhor do que ver Jesus manifestar Seu Favor a toda a humanidade? Tanto é assim que Jesus, em Sua humanidade, sentia aquele desejo ardente de ver cumprido em Si o perfeito sacrifício do Eterno em prol de salvar os Seus escolhidos do poder do pecado (Lucas 12.50). Daí Paulo gloriar-se nas suas fraquezas (2Co 12.9,10):

 

·         “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; e assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal.” (2Co 4.8-11).

·         “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” (2Co 4.16-18).

 

Além disto, se o próprio Jesus, que foi perfeito, sofreu, o que nos faz pensar que teremos condições de sermos isentos do sofrimento (Mt 10.24,25; João 15.19,20)? Aliás, quanto mais fiel é o servo do Eterno, mais ele sofre e mais também ele é agraciado com a felicidade de Cristo.

Veja o caso de Jesus, por exemplo. Foi o único ser humano perfeito e foi justamente o que mais sofreu, mas também aquele que mais foi agraciado com o óleo de alegria do Eterno (Hb 1.9).

Muitas vezes pensamos que sofrimento é coisa para perversos (isto é assim no que se refere à tristeza segundo o mundo – 2Co 7.9,10). Todavia, é bom lembrar que todos os animais que eram sacrificados como aroma suave de cheiro agradável ao Eterno eram sem defeito (medite em Fp 1.29).

Não é em vão que o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis: como nós não sabemos pedir o que convém, Ele ajuda as nossas fraquezas a fim de se unir em coro com o nosso espírito enquanto ele está a gemer aguardando a adoção, a saber, a redenção do corpo (Rm 8.23,26).

Ele se une a nós para gemer de um modo impossível de se expressar (que muitas vezes parece lábios gaguejantes que lembram alguém que está bêbado – ver 1Sm 1.13,14; At 2.13-15) para quem tem mente carnal (1Co 2.14) a fim de que possamos ansiar pela salvação de Cristo, mesmo não sendo a mesma agradável à nossa carne.

As lutas com Cristo visam nos livrar dos nossos caminhos de morte (Pv 14.12; da destruição que causamos a nós mesmos e a quem está perto – Pv 11.17) a fim de que possamos ser feitos filhos do Eterno (João 1.12). Sem os desafios do Eterno, Sua virtude não é desenvolvida em nós (ver 2Pe 1.3-8). Nos acostumamos ao estado de agitação do mundo (Ap 3.15,16) e sujeitos a pecar como Davi (ver 2Sm 11.1), visto que, se a fé não for alimentada pelas obras de Cristo em nós (Tg 2.17), ela morrerá.

É necessário a provação a fim de que os fiéis sejam libertos do medo e, deste modo, se tornem capazes de serem aperfeiçoados no amor (1Jo 4.18), bem como de assumir a postura de Eliseu (2Rs 5.7,8): mostrar a todos que o Eterno é real (ver Jd 3) a fim de que todos os que acomodaram à morte que tomou conta deste mundo possam ver a luz (Is 9.1,2; Mt 4.15,16).

Tudo o que acontece e vem à nossa mão é nosso (1Co 3.18-23), ou seja, é para nosso tratamento e edificação, para que nossa vitória (1Co 9.24-27) seja coroada (vista) diante de todos (1Pe 5.4).

Isto pode parecer loucura. Todavia, raciocine: o mundo não conseguiu identificar Jesus através da Sua sabedoria (1Co 1.17-23). Pelo senso de justiça deste mundo, cada um é levado a ir gradativamente para mais longe de Jesus e do próximo, visto que na sabedoria do mundo cada um deve buscar para si, enquanto que na sabedoria do Eterno nós recebemos Dele o que precisamos para trabalharmos em prol do próximo (não trabalhamos para obter coisas, mas porque já as obtivemos – Ef 4.28).

Mas quem é este diabo que iria meter alguns na prisão para serem provados e atribulados por dez dias? Diabo significa acusador. Em conexão com o vs 9, o diabo aqui é o sistema religioso representado pelos membros da sinagoga de Ha-Satan.

Quanto à tribulação por dez dias, veja alguns exemplos envolvendo o período de dez dias:

 

·         Daniel, Ananias, Misael e Azarias foram experimentado por dez dias sem provar das iguarias do rei:

Ø  “Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, e que se nos dêem legumes a comer, e água a beber. E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores, e eles estavam mais gordos de carne do que todos os jovens que comiam das iguarias do rei.” (Dn 1.12,15).

·         Os quatro amados citados acima com frequência e intensamente foram considerados dez vezes mais doutos que os demais:

Ø  “E em toda a matéria de sabedoria e de discernimento, sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos astrólogos que havia em todo o seu reino.” (Dn 1.20)

·         Labão mudou o salário de Jacó dez vezes:

Ø  “Mas vosso pai me enganou e mudou o salário dez vezes; porém Deus não lhe permitiu que me fizesse mal.” (Gn 31.7);

Ø  “Tenho estado agora vinte anos na tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho; mas o meu salário tens mudado dez vezes.” (Gn 31.37).

·         O povo que saiu do Egito tentou o Eterno dez vezes (ou seja, com frequência e gravemente):

Ø  “E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz,” (Nm 14.22).

·         Frequentemente e de modo intensamente amedrontador, os judeus que habitavam no meio dos inimigos tentavam alertar o povo que estava edificando o muro acerca do plano de invasão dos inimigos dez vezes:

Ø  E sucedeu que, vindo os judeus que habitavam entre eles, dez vezes nos disseram: De todos os lugares, tornarão contra nós.” (Ne 4.12).

·         Os amigos de Jó o acusaram frequentemente de modo grave dez vezes:

Ø  “Até quando afligireis a minha alma, e me quebrantareis com palavras? Já dez vezes me vituperastes; não tendes vergonha de injuriar-me.” (Jó 19.2,3)

·         O período de provação é curto, mas a felicidade é para sempre:

Ø  “Então disseram seu irmão e sua mãe: Fique a donzela conosco alguns dias, ou pelo menos dez dias, depois irá.” (Gn 24.55).

 

Embora o período de dez dias possa parecer pequeno, quando em meio a um sofrimento intenso, este período pode parecer uma eternidade.

Dez também lembra a união dos poderes deste mundo, cujo príncipe é Ha-Satan (Jo 14.30), contra a Igreja. Enquanto o Eterno peneira a Igreja para eliminar dela a palha, Ha-Satan a peneira para eliminar todo o trigo (ver Lc 22.31,32).

Qual a recompensa aos vencedores?

·         O vencedor nada sofrerá da segunda morte. (Ap 2.11).

 

Há duas peculiaridades acerca da promessa feita a esta oholyao: esta é a única promessa negativa e nela não há menção direta de Jesus (por exemplo: “dar-lhe-ei a comer da árvore da vida”).

Esta recompensa, diferentemente da anterior (coroa da vida), se dará depois do juízo final.

Ao dizer que o vencedor não sofrerá o dano da segunda morte, está dizendo que a teoria do aniquilacionismo (que a alma do pecador será aniquilada para sempre no Juízo Final) está errada. Afinal, os perversos vão sofrer o dano da separação eterna. Se houvesse uma destruição total, não haveria dano, mas apenas o fim de tudo.

Mas, qual é a segunda morte? A primeira é esta que todo mundo nasce nela. Ou seja, implica em estar separado fisicamente do Eterno por causa de pecado. A pessoa começa morta espiritualmente e termina morta fisicamente. A morte se desenvolve na vida da pessoa, até se consumar quando ela deixa este mundo. A primeira morte é uma criança que nasce, cresce, reproduz e morre.

A segunda morte vem após o Juízo Final, quando o indivíduo, embora esteja continuamente diante dos santos anjos e do Cordeiro (2Ts 1.9; Ap 14.10,11), não consegue usufruir disto em seu ser. Antes, é este o fogo que os queima por toda a eternidade sem jamais se apagar (tal como se deu no episódio da sarça ardente – Êx 3.2), pois o amor é um tormento para quem se apega à iniquidade.

Identidade

Esmirna representa os convertidos que, embora não possuam nenhuma falha externa visível aos olhos dos indivíduos, internamente estão com medo das perseguições por amor do nome Dele em virtude de um sentimento incontrolável de auto-defesa. Nenhuma instituição religiosa se enquadra neste perfil.

Resumo

O inferno é a incapacidade de o indivíduo de receber dentro de si a graça e o amor do Eterno.

Assim sendo, é necessário recebermos em nós o tratamento do Eterno para sermos livres de tudo aquilo que nos aprisiona e impede de amar o próximo (medo, amargura, etc.).

Aqui, Jesus promete expor os irmãos de Esmirna a uma tribulação maior do que a que eles já estavam sofrendo. Tal sofrimento muitas vezes é comparado a dores de parto: contínua e que vai aumentando gradativamente até Cristo estar formado no indivíduo (Gl 4.19). As mesmas são constituídas de um complô dos poderes do mundo contra os fiéis.

E isto justamente para que os fiéis, ao verem o livramento do Jesus, possam perder de vez o medo e serem coroados com um estilo de vida que glorifica a Cristo (que confirma que Seu modo de viver é o único capaz de dar a cada um de nós verdadeiros relacionamentos).

Afinal, a felicidade não consiste em sermos livres dos problemas, mas em recebermos em nós a presença viva de Cristo preenchendo nosso coração, nos dando o que precisamos e nos livrando do todo pensamento, sentimento, plano ou desejo que nos separa de Cristo e daqueles que são Seus na nossa vida.

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