sexta-feira, 29 de setembro de 2017

157 - HEBREUS 6.4-6 (Quem não tem chance de salvação e por que?)

HEBREUS 6.4-6

 

·         “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.” (Hebreus 6.4-6).

 

Muita confusão há acerca deste trecho da Escritura Sagrada. Afinal, muitos julgam que o perdão de Jesus está disponível sempre para qualquer tipo de indivíduo.

Isto, até certo ponto, não deixa de ser verdade. Contudo, para que haja salvação é necessário, antes de tudo, haver arrependimento:

 

·         “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;” (Atos 2.38)

·         Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR,” (Atos 3.19)

 

E o verdadeiro arrependimento surge através da benignidade (uma das faces do amor).

 

·         “Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” (Rm 2.4).

 

E o amor, por sua vez, constrange com base em um sacrifício feito.

 

·         “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.” (2Co 5.14).

 

Qualquer um que for capaz de se arrepender de ter vivido para si mesmo e se converter a Jesus pode ser salvo. Vem a questão: existe a possibilidade de alguém não se arrepender?

 

·         “Eles, porém, não quiseram escutar, e deram-me o ombro rebelde, e ensurdeceram os seus ouvidos, para que não ouvissem. Sim, fizeram os seus corações como pedra de diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o SENHOR dos Exércitos enviara pelo seu Espírito por intermédio dos primeiros profetas; daí veio a grande ira do SENHOR dos Exércitos.” (Zc 7.11,12).

·         “E sucedeu que, depois que Amazias veio da matança dos edomitas e trouxe consigo os deuses dos filhos de Seir, tomou-os por seus deuses, e prostrou-se diante deles, e queimou-lhes incenso. Então a ira do SENHOR se acendeu contra Amazias, e mandou-lhe um profeta que lhe disse: Por que buscaste deuses deste povo, os quais não livraram o seu próprio povo da tua mão? E sucedeu que, falando ele ao rei, este lhe respondeu: Puseram-te por conselheiro do rei? Cala-te! Por que haveria de ser ferido? Então parou o profeta, e disse: Bem vejo eu que já Deus deliberou destruir-te; porquanto fizeste isto, e não deste ouvidos ao meu conselho.” (2Cr 25.14-16).

·         “Semelhantemente, quando o justo se desviar da sua justiça, e cometer a iniqüidade, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá: porque tu não o avisaste, no seu pecado morrerá; e suas justiças, que tiver praticado, não serão lembradas, mas o seu sangue, da tua mão o requererei.” (Ez 3.20).

·         “Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens.” (Mt 12.31).

·         “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.” (Hb 12.16,17)

·         “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu. E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” (Hb 10.24-29).

·         “Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda a iniqüidade é pecado, e há pecado que não é para morte.” (1João 5.16,17)

 

Como você pode ver, há pecados que são para morte, ou seja, porque não há mais possibilidade de arrependimento.

Mas o que estes indivíduos fizeram para terem os seus corações endurecidos como diamante de um modo que ficou impossível achar algum lugar de arrependimento dentro deles?

No caso de Amazias, veja o que é dito a respeito dele:

 

·         “Sucedeu que, sendo-lhe o reino já confirmado, matou a seus servos que mataram o rei seu pai;” (2Cr 25.3).

·         “E sucedeu que, depois que Amazias veio da matança dos edomitas e trouxe consigo os deuses dos filhos de Seir, tomou-os por seus deuses, e prostrou-se diante deles, e queimou-lhes incenso.” (2Cr 25.14).

 

Note como ele tinha o costume de, uma vez confirmada a vitória sobre o problema, dar vazão aos seus pensamentos e sentimentos. Ou seja, o que ele servia era ocupar o lugar de Jesus diante do povo de Israel, tal como os fariseus (os lavradores da parábola abaixo):

 

·         “Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança.” (Mateus 21.38)

 

Amazias não queria a bondade de Jesus que acabara de experimentar, mas sim o controle absoluto da nação de Israel a fim de receber glórias para si e dominar tudo e todos.

Já com relação ao justo de (Ez 3.20), ele se desviou da justiça do Eterno. Perceba que não estamos tratando de um religioso, mas alguém cujo nome estava escrito no livro da vida (como será visto abaixo), um justo. Ora, se ele se desviou daquilo que O Eterno tinha feito nele, então é porque ele, no fundo, amava o prêmio da injustiça.

Com relação à blasfêmia contra o Espírito Santo, é bom lembrar que Jesus disse isto para os fariseus após Ele ter usado de bondade para com um endemoninhado cego e mudo:

 

·         “Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via. E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.” (Mt 12.22-24).

 

E quem eram os fariseus? Um pouco que realmente sabia, sem qualquer sombra de dúvida, que Jesus é o Cristo:

 

·         “E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.” (João 3.1,2).

·         “Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga. Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” (João 12.42,43).

·         “Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei. Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não se dê o caso que os seus discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou dentre os mortos; e assim o último erro será pior do que o primeiro. E disse-lhes Pilatos: Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes. E, indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra.” (Mateus 27.63-66).

·         “Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte; e não o achavam; apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas, não o achavam...” (Mateus 26.59,60).

·         “Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus.” (Atos 4.13).

 

Note que os fariseus sabiam e criam que Jesus é mestre vindo do Eterno. Eles tanto criam nisto que, ao tentarem acabar com Jesus, nem perderam tempo tentando achar um testemunho verdadeiro, pois sabiam que Ele era irrepreensível. Sem contar que, enquanto os próprios apóstolos não criam na palavra de Jesus acerca da Sua ressurreição, eles criam veementemente, a ponto de guardarem com todo zelo e força o sepulcro. Sem contar que, ao verem a intrepidez de Pedro e João, eles não tiveram dúvidas que eles haviam estado com Jesus, confirmando que eles sabiam e criam que Jesus não estava morto, mas ressuscitado.      

Em outras palavras, os fariseus sabiam exatamente quem era Jesus e, ainda assim, fizeram de tudo para mudar a opinião do povo contra Ele em virtude de não terem prazer na Sua bondade. Afinal, isto lhes roubava o controle sobre a população. Preferiam o regime legal do Antigo Testamento que lhes conferia domínio.

Quanto a Esaú, eis os problemas dele: não confiava no amor do pai, nem no amor do Eterno, muito menos sabia valorizar aquilo que lhe era de direito:

 

·         “E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo, e estava ele cansado; e disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso se chamou Edom. Então disse Jacó: Vende-me hoje a tua primogenitura. E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer; para que me servirá a primogenitura? Então disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó. E Jacó deu pão a Esaú e o guisado de lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e saiu. Assim desprezou Esaú a sua primogenitura.” (Gn 25.29-34).

 

Por mais cansado que Esaú estivesse, ele poderia ter esperado que o Eterno tocasse no coração do seu pai e este, imediatamente, lhe proveria a comida necessária. Mas Esaú tentou, a todo custo, obter e que queria por sua própria capacidade, ainda que isto significasse jogar bênçãos verdadeiras fora.

Quem despreza o melhor do Eterno para si não tem prazer na Sua bondade. Afinal, o direito de primogenitura não era mero costume de homens, mas algo instituído pelo Eterno.

Entenda: o problema não está simplesmente na rejeitar a primogenitura, mas sim naquilo que isto realmente significa: ele rejeitou aquilo que o Eterno lhe outorgou e que já tinha colocado no coração de seu pai para dar-lhe (ver Gn 27).

Mas, e quanto a este povo de Hebreus 6.4-6)? Vejamos o que este povo tinha experimentado:

 

·        já uma vez foram iluminados – receberam a capacidade de amar (1João 1.7; 2.8-11);

·        provaram o dom celestial – foram assentados nos lugares celestiais (Ef 1.3; 2.6) receberam as bênçãos espirituais, a saber, tudo que diz respeito à vida e piedade (2Pe 1.3), coisas que ninguém viu, ouviu ou sequer imaginou existir (1Co 2.9).

·        se tornaram participantes do Espírito Santo – foram tratados interiormente por Jesus (Tt 3.4-6) e chegaram a dar o fruto do Espírito Santo (Gl 5.22).

·        provaram a boa palavra de Deus – ouviram a voz de Jesus e viram o cumprimento da mesma;

·        provaram as virtudes do século futuro – foram usados por Jesus para operar sinais, prodígios e maravilhas, bem como viram Seus dons ministeriais e espirituais agindo neles, no meio deles e através deles.

 

Os tais têm seus nomes escritos no livro da vida (conheciam plenamente a Seus e a tudo que Ele é e representa, mas ainda assim eles:

 

·        pisaram o Filho de Deus – afinal, uma vez a bondade e a misericórdia do Eterno estão a seguir os que creem (Sl 23.6), alguém só pode rejeitar a Graça de Jesus retroceder para a perdição se passar por cima da bondade e misericórdia do Eterno, que é o próprio Jesus;

·        tiveram por profano o sangue da aliança com que foram santificados – consideraram o sangue de Jesus como se fosse o sangue de um simples cordeiro e a purificação efetuada por Jesus como algo banal.

·        fizeram agravo ao Espírito da graça – ultrajaram o Espírito da Graça, como se a justiça que há na lei fosse mais eficaz do que o amor de Jesus.

 

Percebe agora o crime que eles cometeram?

 

·         “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.” (Gl 5.4).

 

A queda mencionada em Hb 6.6 não é um “pecado qualquer”, muito menos a saída do indivíduo da instituição religiosa a qual ele se filiou.

O problema é que eles, como bodes queriam dominar sobre o rebanho (Jr 50.8) e sobre as circunstâncias. Assim, nada mais indicado, para eles, que buscarem ser justos com base em leis para terem direito ao que o mundo tem de melhor para oferecer e, assim, poderem usar a rede dos maus para conseguirem o que desejavam (Pv 12.12).

Estes tais, embora tivessem seus nomes escritos no livro da vida, serão riscados, pois rejeitaram tudo que a Graça representa:

 

·        Humildade (Tg 5.5-7);

·        Seguir o exemplo de Jesus (1Pe 2.21-24);

·        Servir de exemplo para os irmãos em Cristo (1Pe 5.1-3).

·        Perdão (Lc 17.3,4).

 

Quem abandona a graça está concordando com o que os judeus fizeram com Jesus. Isto os leva a crucificarem Jesus e expô-Lo à ignomínia (já que isto dá margem para os outros considerarem Ele e tudo que Ele diz como utopia – ver 2Tm 3.5).

A proposta de toda semeadura é a colheita. Quem se apostata de Jesus e Sua graça, está desprezando o modo pelo qual o divino poder trabalha mentes e corações, preferindo confiar no ministério da condenação e da morte (2Co 3.7,9).

Para você visualizar isto: nós partilhamos da comida quando a compartilhamos com diferentes indivíduos. Nós partilhamos do prazer quando nos regozijamos junto com os outros. Nós partilhamos dos espólios de guerra quando os dividimos com os outros. Assim, nós partilhamos do Espírito Santo quando compartilhamos tudo que Ele é e faz com aqueles que são de Jesus.

Compaixão é sofrer junto. Ao invés de criticar os outros pelos erros ou absolvê-los, cada um deve se unir aos outros para ajudar uns aos outros a não caírem na fé, mas sim estimular uns aos outros às boas obras (Hb 3.13; 10.24).

Talvez você ainda esteja com dúvida: mas afinal, não há mesmo a menor possibilidade de pelo menos um destes serem renovados para arrependimento? Renovação é o trabalho do Espírito Santo, e não do homem (Tt 3.4-6). E arrependimento é dádiva do Eterno, não está no poder do homem (2Tm 2.25).

Após terem certeza absoluta de quem era Jesus, eles estavam crucificando-O para eles mesmos, como se eles estivessem lá na cruz cientes de tudo que Jesus fez e falou e, ainda assim, desejando que tudo que Ele é sumisse do mundo a fim de poderem se apoderar da herança de Jesus (tal como os fariseus da parábola):

 

·         “Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo, e a herança será nossa.” (Marcos 12.7).

·         “Mas, vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa.” (Lucas 20.14)

 

Renovar para arrependimento nos lembra do batismo para arrependimento de João, o qual era uma figura que apontava para o verdadeiro batismo, a saber, o batismo com o Espírito Santo (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16), o qual haveria de batizar o indivíduo nos ensinamentos de Jesus.

Como, porém, fazer isto com alguém que deliberadamente não tem prazer em tudo que Jesus é?

Como arrependimento é o primeiro passo que um pecador deve tomar a fim de retornar para o Eterno, e como a tristeza pelo pecado é inútil quando não há uma oferta sacrificial adequada, logo não há possibilidade de arrependimento quando o único sacrifício válido é rejeitado.

A partir do momento que alguém que conhece bem a Jesus e a tudo que Ele significa, só O rejeita quem tem prazer no mal (João 3.19-21). Como Jesus veio para libertar aqueles que eram escravos do mal (ou seja que estavam a praticá-lo, não porque tinham prazer, mas porque eram impelidos a isto), como salvá-los? O que eles querem é que todo mundo tenha vergonha de pregar coisas como virgindade, piedade, bondade, etc.

Pode acreditar: quem não crê que apenas Jesus é digno de todo poder, terá prazer em qualquer coisa que lhe faça ter a sensação de que está no controle de todas as coisas.

Quem detém o poder do mal em suas mãos, não quer que ninguém ame ao próximo como Jesus amou (Jo 13.34,35), pois assim fica mais fácil de controlar a multidão. Para tanto, eles semeiam a contenda entre o povo (Pv 6.19) e levam os indivíduos a crerem que podem fazer uso da maldade para se safarem.

O que eles não percebem é que apenas um pouco da maldade do sistema político-religioso é colocada à disposição deles (e isto para prejudicarem o próximo). Ao caírem da graça, são enredados nesta cilada e não conseguem mais sair das mãos e políticos e líderes religiosos, estando condenados a serem usados pelos perversos conforme bem lhes parece (ver Cl 2.18-23).

Tudo porque, ao invés de crucificarem o mundo por meio da cruz de Cristo, eles preferem crucificar Jesus para eles mesmos.

Veja a diferença:

 

·        um é o grupo dos que sacrificam Jesus para se verem livres Dele;

·        outro é o grupo do que recebem o sacrifício de Jesus e aceitam crucificarem a carne com suas paixões e concupiscências a fim de que Jesus continue vivendo através Deles.

 

Muitos acham um absurdo o que os judeus fizeram com Jesus. Contudo, ao ressuscitar, o que Jesus provou é que nem mesmo Sua morte pode separá-Lo de nós. Nada, nem ninguém pode nos separar do amor do Eterno que está em Cristo Jesus (Rm 8.39). Apenas nós mesmos com nossos pecados e raiz de amargura (Is 59.1,2; Hb 12.15).

Para ser mais exato (Rm 4.25):

 

·        do ponto de vista dos malfeitores, Jesus se entregou como Cordeiro para ser crucificado pelos malfeitores em favor dos seus pecados, ou seja, para que eles pudessem continuar a pecar;

·        do ponto de vista dos justo, Jesus ressuscitou para justificar-lhes.

 

Ao invés de consertar os pecadores por fora, Jesus conserta os justos por dentro, a saber, aqueles que veem em Jesus o privilégio de viver uma vida de pleno amor ao próximo.

Alguém pode objetar: “mas há várias promessas na Escritura Sagrada onde Jesus promete guardar os Seus”:

 

·         “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.” (1João 5.18).

·         “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.” (Jd 24,25).

·         “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.” (João 10.28,29).

 

É claro que, no que depender do Eterno, ninguém pode nos separar de Cristo. Todavia, ao projetar o mundo, o Eterno criou alguns que, embora fossem reagir bem ao chamado de Jesus, no final iriam se apartar da Graça. O Eterno, sabendo disto, colocou-os em uma posição especial no Seu plano. É o caso, por exemplo, de Judas e dos bodes de Mateus 25.40-46):

 

·         “Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.” (Jo 17.12).

 

Mas afinal, o que estava contribuindo para que os irmãos hebreus voltassem para o judaísmo?

Muitos, por estarem passando por momentos difíceis (Hb 10.34), estavam passando a preferir ver os inimigos sofrendo todo o rigor da lei (mesmo tendo sua liberdade restringida e sofrendo as consequências dos seus pecados e das suas limitações) a permanecer buscando nos erros das pessoas a oportunidade para se ligar a elas na verdade em Cristo Jesus.

Outros estavam preferindo voltar para o regime legal e não serem perseguidos pela cruz de Cristo (Fp 3.18).

Sem contar aqueles que estavam preferindo viver pelas promessas físicas dadas a quem obedecia a lei (Lv 18.5; Ez 20.11,13,21; Rm 10.5) a viver sendo perseguidos pela graça em prol de recompensas principalmente espirituais (esquecendo que ninguém pode ser salvo pelas obras da lei, visto que ninguém é capaz de cumpri-la – Gl 2.16; At 15.10).

Qual a mensagem? Hebreus 5.14-16 e Hebreus 6 constituem um parênteses. O autor de Hebreus estava mostrando a excelência do sacrifício do Cristo quando, no meio da explanação, sentiu necessidade de interromper para tratar da imaturidade dos hebreus.

 

 

·         “Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.

 

A mensagem principal do trecho (Hb 6.4-6) é: buscar arrumar lugar para a Graça de Jesus na nossa vida.

 

·         “Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. E isto faremos, se Deus o permitir.” (Hb 6.1-3)

 

·         “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada. Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos. Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis.” (Hb 6.7-10).

 

Note a expressão usada pelo escritor de Hebreus: “isto faremos se Deus o permitir”. Como os hebreus tinham se feito negligentes em ouvir a Escritura Sagrada (se aprofundar no conhecimento da mesma e praticá-la), ele temia que o Eterno não lhe permitisse ensinar os hebreus mais profundamente.

Afinal, o indivíduo que recebe da parte do Eterno Sua presença e bênçãos, mas ainda assim se recusa a perdoar os que lhe ofenderam e a buscar na Graça a provisão necessária para restaurar o próximo na Verdade junto a si, está cada vez mais endurecendo seu coração. O seguidor de Jesus que permanece se apoiando em leis para condenar o irmão (Sl 94.20), para conquistar aquilo que não é para ser seu, para se colocar acima dos outros, perto está da maldição e da queda definitiva

Ao invés de ficar esperando receber recompensas deste mundo e ficar ressentido quando as mesmas não vêm, o que cada um deve esperar na Graça é a transformação de caráter do pecador.

Alguém poderia questionar:

 

·         “Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus. E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se? E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.” (Mt 19.23-26).

 

É óbvio que só o Eterno pode nos conceder Sua salvação.  Pela obediência à lei, ninguém pode receber benefício, seja físico ou espiritual:

 

·         “Pois, qual é mais fácil? dizer: Perdoados te são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados ( disse então ao paralítico ): Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa.” (Mt 9.5,6).

 

Paulo foi muito claro neste sentido:

 

·         “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne;” (Rm 8.3,4).

 

Contudo, Jesus não se deixa escarnecer (Gl 6.7).

Veja o caso de Ha-Satan. Ele é alguém que preenche todos os requisitos de Hebreus 6.4-6. No que ele decidiu ocupar o lugar do Eterno na vida dos anjos, ele nunca mais conseguiu se arrepender e converter. Mesmo sabendo que ele já está derrotado e do destino que lhe está reservado, mesmo vendo ao longo dos séculos a eficácia da obra do Eterno, ele ainda assim não consegue mais ter prazer na bondade do Eterno.

De igual modo, o Eterno não vai salvar o indivíduo que insiste em ser guiado pela lei a fim de manter tudo sob seu controle. Ele não vai salvar quem deseja confiar nas suas habilidades para colocar todos (incluindo o próprio Jesus) sob Seu comando.

Enfim, o que Hebreus 6.4-6 está dizendo é que jamais devemos abandonar a Graça de Jesus quando as coisas parecem não estar funcionando. Devemos sempre nos lembrar que nossa recompensa não está aqui e que a lei serve apenas para mostrar a condenação que paira sobre aqueles que nos rodeiam caso recusemos deixar Jesus nos usar para salvá-los. E se deixarmos de dar erva proveitosa para Jesus que nos semeou, antes produzirmos espinhos e abrolhos, estaremos condenados ao fogo eterno.

 

 

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