segunda-feira, 8 de setembro de 2014

72 - Estudo da Carta de Judas

ESTUDO DO LIVRO DE JUDAS

Introdução

 

Tema Principal: comum salvação.

Tema Secundário: Batalhar diligentemente pela fé a fim de que os falsos mestres sejam desmascarados.

 

                Palavras Chave:

 

·         Impiedade

·         Comum salvação (Jd 3).

·         ido após outra carne (Jd 7).

 

Versículo Chave:

 

·         “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.” (Jd 4).

 

Objetivo:

 

Muitas pessoas estavam se infiltrando dentro da Igreja, alegando que tinham se convertido quando, na verdade, ainda estavam presos aos prazeres da carne (Jd 16,18,19). Com isto, estavam pervertendo a verdadeira fé em Jesus e introduzindo uma série de práticas não bíblicas que, aos poucos, estavam convertendo em dissolução o Favor de Deus e negando Jesus (Jd 4).

E o pior é que muitos, que estavam escapando das contaminações do mundo (2Pe 2.18), estavam voltando ao pecado (2Pe 2.21,22) e ainda achando que estavam servindo a Deus.

Para combater estas heresias, Judas escreve esta carta a fim de levar as pessoas a não se deixarem levar pelos falsos mestres, mas permanecerem firmes na verdadeira fé como soldados, batalhando veementemente pela verdade (como sugere 1Tm 3.15). A ideia é que as pessoas percebessem que, ao invés de esperar que alguém buscasse a Deus por eles, cada um deve ter intimidade com a Verdade (Jo 8.32,36), conhecê-La dentro de si (Gl 4.9) e lutar diligentemente para que a fé de Jesus (e não a fé despertada pelo sistema religioso) seja vivida dentro de cada um.

O livro de Judas mostra que não há uma salvação individual, como se o importante fosse tão somente buscar verdade para nós e nela permaneceremos. Antes, a verdadeira salvação é comum, ou seja, só se torna real na nossa vida quando todos á nossa volta passam a crer nela, ainda que a maioria não a queira para si (At 16.20,21) pelo prazer que tem nas más obras.

A verdade, todavia, é que a verdadeira Igreja é construída dentro de nós na medida em que deixamos a bondade de Deus nos conduzir à tristeza (Rm 2.4) em vermos tantas pessoas sendo consumidas no pecado (2Co 7.9,10; Tg 4.8). Por isto é que Tiago ora a Deus para que Sua misericórdia (Favor), paz (harmonia com as pessoas com base na Palavra de Deus) e amor (dedicarmos a Jesus nossa vida a fim de que Ele possa ligar pessoas a Si e na Sua Palavra dentro de nós – 2Co 3.1-3) do Criador nos sejam multiplicados (Jd 2). Em outras palavras, ao invés de buscarmos Jesus por motivos egoístas, devemos dedicar nossa vida para servirmos a Jesus (Jd 1) na vida daqueles que foram chamados pelo Espírito Santo a fim de serem santificados no Pai e, em seguida, conservados por Jesus, o Messias (Jd 1).

Pior do que não crer em Jesus é dizer que crer Nele, mas sem confiar no poder da piedade (2Tm 3.5). Isto é uma incoerência, já que Jesus é a manifestação de mistério da piedade (1Tm 3.16). Eles acabam indo após outra carne (2Tm 3.5) e o pior: querendo ocupar o lugar de Cristo na vida dos outros (1Jo 2.18,19).

Isto, todavia, acontece porque, antes de tudo, os que os seguem não querem ser piedosos, mas querem terceirizar o amor, como se fosse possível existir salvação separado do amor ao próximo. É para combater este tipo de ideia (que caracterizou a base da Antiga Aliança – Êx 20.18-20) que Judas escreve: para mostrar que, sem comum união (comunhão) a salvação não faz sentido.

Quem são os anjos que pecaram?

Entendendo que o foco é a “comum salvação”, analisemos os versículos:

 

·         Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram; e aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia; assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” (Jd 5-7).

·         “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; e não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios;” (2Pe 2.4,5).

 

Vejamos o que Jesus diz acerca das pessoas que foram punidas:

 

1º: Os hebreus que saíram do Egito:

·         “havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram” (Jd 5).

 

Ao invés de permanecerem junto ao povo de Deus partilhando da “comum salvação” que Deus providenciou para toda a nação israelita, eles preferiram voltar ao Egito para viver segundo os seus interesses, ainda que vivendo sob o jugo da escravidão egípcia.

Eles preferiam ficar escravos, mas ter seus desejos mesquinhos atendidos a serem livres para amar o próximo como a si mesmo e viver como família. Em outras palavras, a escravidão egípcia era uma desculpa para eles não precisarem se dedicar o próximo (afinal, que tempo sobrava para abençoar o próximo quando tinha que cumprir as exigências de faraó?).

O problema não era só o prazer na comida egípcia (Nm 11.4-6), nem a falta de confiança no poder de Deus (Nm 13.27-33). A verdade é que eles não queriam em suas vidas o compromisso de Deus (ver Êx 20.18-20). Por isto infamaram a terra (Nm 13.32; 14.3), ou seja, levaram o povo a desacreditar da promessa de Deus.

2º: O povo de Sodoma e Gomorra

·         “Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno” (Jd 7);

·         “E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; e livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis ( Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas ) (2Pe 2.6-8);

 

Note que eles fornicaram, ou seja, foram após outra carne. Mas o que significa isto?

Quando a pessoa tem relação sexual com alguém, ela está se tornando um só corpo com a pessoa (1Co 6.15,16). Assim, quando alguém casa (tem relação sexual com uma pessoa) e depois tem relação com outra pessoa, ela está indo após outra carne (afinal, deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne (Gn 2.24)). Tal pessoa está prostituindo, ou seja, corrompendo a semente de Deus em sua vida. A cada relação, tudo aquilo que o cônjuge é vai sendo adulterado na vida dela, de modo que a descendência de piedosos projetada por Deus não tem lugar (Ml 2.15,16).

A prova disto é que eles foram postos como exemplo ao que vivem impiamente (sem piedade – 2Pe 2.6). Quando não há esforço para manter o casamento, todo sentimento se perde, a falta de misericórdia aumenta, a injustiça se torna algo natural (bem como a iniquidade, já que cada um vê apenas o seu lado – negligenciando  Mt 7.12) e o pior: a pessoa se entrega à dissolução e ao vício (Ef 4.17-19). O pecado tornou tão natural que passou até a ser cultuado e ostentado (Is 3.9).

Tanto é assim que os servos de Deus ali (lembre-se que Ló entrou com uma multidão ali – ver Gn 13.6) começaram a cometer adultérios, andar com falsidade e fortalecer a mão dos pecadores para que não se convertessem:

 

·         “Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os seus moradores como Gomorra.” (Jr 23.14).

 

E Judá, mais adiante, começou a cultuar a Deus do mesmo jeito que o pessoal de Sodoma e Gomorra (Is 1.10-17). Já não há mais a “comum salvação” que é concedida no casamento (ver 1Pe 3.7), mas cada um, como o povo que saiu do Egito, quer salvar a si mesmo, vivendo no conforto, segurança e prazeres da carne.

3º: O povo que vivia na época de Noé

·         “não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios” (2Pe 2.5);

 

Não é segredo que a terra se enchera de violência na época de Noé (Gn 6.11,13). Mas a questão é: que espécie de violência estava acontecendo? Toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra (Gn 6.12). Tal como os habitantes de Sodoma e Gomorra, eles foram após outra carne. Tanto que, quando Jesus cita os dias de Noé, declara que a violência destes dias tinha haver com comer e beber (prosperidade carnal – tal como Sodoma, Gomorra (Ez 16.49) e Jerusalém (Am 6.1,3-6) que chega a ser chamada de Sodoma e Egito (Ap 11.8)), bem como casar e dar em casamento (Lc 17.26,27). Considerando que Gn 6 diz que toda “carne” (e não apenas pessoas) haviam corrompido o seu caminho, é bem provável que este povo estivesse fazendo sexo até com os animais.

Pelo fato de ter relação com uma mulher (casar ou, se preferir, acasalar) e depois ficar se dando em casamento, a impiedade cresceu tanto que aquele tempo ficou conhecido como mundo dos ímpios (2Pe 2.5). Afinal, se até os filhos de Deus (aqueles que tinham intimidade com o Criador, tal como Enoque, mas que deixaram morrer este primeiro amor em decorrência das paixões da mocidade (ver 2Tm 2.22)) ficaram encantados com as filhas dos homens a ponto de tomarem várias para si (Gn 6.2), quão dirá os demais mundanos.

Resultado: até o clamor dos crentes a Deus (incluindo destes filhos de Deus) ficou corrompido, a ponto de começarem a pedir a Deus pela destruição do mundo (Gn 6.13). Eles já não viam mais lugar para o arrependimento (como se deu com Esaú – Hb 12.16,17) e piedade (tal como se deu também com Sodoma e Gomorra, já que Deus desceu para ver o clamor deles – Gn 18.20,21).

Ou seja, ao invés de se apegarem à “comum salvação”, eles queriam a comum destruição. Eles não conseguiam mais enxergar bondade em ninguém. Não conseguiam aceitar o poder enorme que há na piedade (2Tm 3.1-5), nem na verdade (tal como se dá nos dias de hoje – 2Tm 4.1-4).

 

·         “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água;” (1Pe 3.18-20).

 

Inclusive, aqui cabe uma pergunta a ser feita: por que o Eterno fez questão de destacar estes espíritos na prisão? O que fazia destes uma classe especial de crentes? Afinal, assim como o Espírito de Cristo esteve em Noé anunciando o evangelho aos anti-diluvianos, o Espírito de Cristo também estava também nos demais profetas pregando o evangelho aos da sua época (1Pe 2.11). Aliás, a palavra “pregou” normalmente está relacionada com proclamar a mensagem de Cristo. Isto vem a mostrar que, já na época da Aliança da Lei, o Favor do Eterno já estava disponível. Infelizmente a maioria dos indivíduos só conseguiam enxergar a lei.

Enfim, com tanta gente sendo evangelizada ao longo da história, e com tantos espíritos na prisão do inferno por terem negado a Cristo, por que estes que viveram na época de Noé receberam um destaque especial? Com certeza esta geração foi a única que pediu o fim do mundo.

Inclusive, cabe aqui a pergunta: o que levou todos estes crentes a pedirem o fim do mundo (o fim de toda carne)? É possível encontrar indivíduos que queiram:

 

·         se suicidar;

·         matar ou desejam a morte daqueles que procedem injustamente;

·         que Jesus venha para inaugurar o milênio;

·         nunca terem existido.

 

Eventualmente pode até ser que haja alguém que queira o fim do mundo, mas isto é coisa rara. Afinal, para desejar tal coisa, o indivíduo tem que ser revoltado com tudo e com todos (incluindo bebezinhos e aqueles que são sinceros em Cristo), não ter amor no coração por ninguém.

 Por mais pervertidos que possam ser os crentes de hoje, dificilmente vê-se alguém orando pelo fim do mundo. Vê-se orando por conquistas materiais egoístas, mas não pela destruição de toda a humanidade.

Enfim, a única explicação razoável para isto é o extremo grau de maldade que havia tomado o coração de todos estes crentes. Inclusive, por aqui podemos ver como a Escritura Sagrada pode cegar os indivíduos mais do que qualquer coisa na vida daqueles que não entregam verdadeiramente ao Eterno (ver 2Pe 2.20-22). Tal coração fica tão endurecido que não existe mais possiblidade de arrependimento para tal indivíduo (Hb 6.4-6).

E o motivo é simples: a revolta de tal indivíduo é contra aquilo que constitui a verdadeira essência do Eterno, a saber, contra Sua bondade (como se deu com os fariseus – Mt 12.25-32). Eles estavam tão revoltados com a humanidade toda (provavelmente até contra seus progenitores, cônjuges, filhos) que para eles era inaceitável qualquer demonstração de compaixão da parte do Eterno por eles (tal como se deu com Jonas – Jn 4.1-3).

Que fique claro: não é uma “simples” revolta contra o Eterno, visto que, no fundo, todos estão revoltados com Ele porque acham que Ele vê o mal triunfar e, aparentemente, não faz nada (tal como se deu com Habacuque (Hc 1.2-4, 12-17) e Asafe (Sl 73.1-15)).

Todavia, ao contrário da maioria que deseja ver o Eterno se manifestando (tal como toda a criação do Eterno – Rm 8.19-22), estes queriam que o Eterno não agisse. Por isto eles receberam um destaque especial.

4º: Os anjos que não guardaram o principado e fornicaram, indo após outra carne

·         “aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia. Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” (Jd 6).

·         “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo;” (2Pe 2.4);

 

Estes anjos são aqueles que seguiram Ha-Satan quando este se rebelou contra o Criador (Is 14.12-14; Ez 28.15-18). Você pode questionar: mas eles estão presos? Com certeza.

Entenda: prisão nada mais é do que qualquer coisa que impede alguém de fazer o bem, estando nas mãos dele a capacidade para efetuá-lo (ver Pv 3.27). O medo, por exemplo, é uma prisão, já que deixa o indivíduo imobilizado para tudo que diz respeito à vida e piedade (daí 1Jo 4.18).

Os tais ficaram acorrentados na escuridão (ou seja, impossibilitados de enxergarem a Verdade, bondade, misericórdia, etc.), numa prisão eterna, ou seja, sem qualquer possibilidade de arrependimento ou conversão. Estes anjos estão condenados ao ódio eterno contra tudo e todos (1Jo 2.9-11).

Daí o termo inferno em Pedro, que indica, antes de tudo, um estado de espírito onde não há possibilidade de mudança, no qual a pessoa está presa no seu próprio tormento que, como verme (que devora o que ainda resta de bom) e fogo (que evapora a menor gota da Água da Vida em nós), a atormenta até o dia do juízo (ver Ez 28.18; Is 66.24; Mc 9.43-48).

Mas o que eles fizeram para merecer tal repreensão?

Primeiro, eles abandonaram o seu principado, ou seja, ao invés de se contentarem em servir aqueles que Deus lhes deu, passaram a querer dominar. E o pior: não apenas sobre os que Deus lhes deu, mas até sobre o que Ele não lhes deu. Ao invés de se comportarem como príncipes de Deus (servindo para que todos à sua volta pudessem aferir sua medida, ou seja, verificar se estavam retos aos olhos de Deus – Ez 28.12), eles passaram a olhar para si mesmos, se achando tão bons quantos o Eterno, a ponto de se acharem no direito de estarem acima de todos aqueles que brilham com a sabedoria do Eterno (Is 14.12-14; ver Dn 12.3).

Segundo, eles fornicaram indo após outra carne.

Como assim? Acaso anjo faz sexo?

Muitos, por causa de uma citação de Enoque (Jd 14), acham que devem considerar um suposto livro escrito por ele como inspirado por Deus. Será que isto é verdade?

Neste livro é dito que duzentos anjos (que alguns teólogos interpretam como sendo os filhos de Deus de Gn 6.2) se relacionaram com as filhas dos homens e geraram gigantes (Gn 6.4). Trata-se de uma corrupção diabólica da Escritura Sagrada:

 

·         “Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.” (Gn 6.4).

 

Note que, antes do sexo entre os filhos de Deus e as filhas dos homens, já havia gigantes. E estes eram assim chamados, não necessariamente por causa da sua estatura, mas por serem valentes e homens de fama. Ou seja, é uma metáfora para indicar pessoas que eram abomináveis aos olhos de Deus por serem elevadas diante dos homens (Lc 16.15), ou seja, por serem valentes e resolverem tudo por sua capacidade e força (obviamente, não pelo poder do Espírito Santo – Zc 4.6). Ou seja, eram seres humanos e não anjos. Mesmo porque nunca foi usada a expressão “filhos de Deus” para se referir a anjos (Hb 1.5 – mais adiante destrincho isto num tópico).

Tudo isto foi instigado por causa do livro APÓCRIFO de Enoque.

Vem a questão: “o que significa a citação de Enoque?”. Embora algo parecido apareça no livro apócrifo de Enoque, não é nisto que Judas se baseou ao fazer tal afirmação. É bom lembrar que Enoque foi transladado (Gn 5.22-24) por ter alcançado testemunho de que havia agradado a Deus (Hb 11.5). Note como ele não apenas agradou a Deus, mas alcançou testemunho que confirmava isto, ou seja, por andar 300 anos com Deus, fora usado por Ele para mostrar à sua geração, através de sua vida, o quanto eles estavam desagradando a Deus.

E a transladação, por si só, já falava forte ao coração das pessoas.

 

·         “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos;” (Jd 14).

 

Em outras palavras, sua transladação apontava para o arrebatamento que acontecerá por ocasião da 2ª volta de Cristo e proclamava, na sua época, que Deus viria para julgar aquele mundo iníquo das sua época através do dilúvio.

Você pode me questionar: “mas o dilúvio só ocorreu depois de 569 anos que Enoque morrera”.

Contudo, analise as genealogias:

 

 

     Quando Enoque nasceu:

·         Jarede tinha 162 anos (Gn 5.18).

 

 

     Quando Matusalém nasceu:

·         Enoque tinha 65 anos (Gn 5.21);

·         Jarede tinha 227 anos.

 

 

     Quando Lamaque nasceu:

 

·         Matusalém tinha 187 anos (Gn 5.25);

·         Enoque tinha 252 anos.

·         Jarede tinha 414 anos.

 

    

     Quando Noé nasceu:

 

·         Lameque tinha 182 anos;

·         Matusalém tinha 369 anos;

·         Enoque tinha morrido há 69 anos.

·         Jarede tinha 596 anos.

 

 

     Quando veio o dilúvio a Noé:

 

·         Noé tinha 600 anos (Gn 7.11);

·         Lameque tinha morrido apenas há 5 anos (Gn 5.31);

·         Matusalém tinha 969 anos (Gn 5.27), ou seja, morreu um pouquinho antes;

·         Enoque havia morrido há 669 anos.

·         Jarede havia morrido há 234 anos (Gn 5.20).

 

 

Ou seja, embora não tenha conhecido Enoque pessoalmente, ele conviveu diretamente por muito tempo com parentes de Enoque que vivenciaram sua transladação, a saber, com:

 

·         Seu pai Lameque, por 595 anos;

·         Seu avô Matusalém por 600 anos;

·         Seu bisavô Jarede por 366 anos.

 

Em outras palavras, havia várias testemunhas vivas, por ocasião do dilúvio, do que aconteceu com Enoque, que retratava, não só o imenso amor de Deus por Enoque, mas o quanto Ele estava descontente com aquela geração e que, logo, viria enviar o dilúvio para levar a todos os ímpios para o juízo e deixar somente o piedoso Noé.

E que isto tem conexão com o arrebatamento, basta lembrar a citação de Jesus (Lc 17.26-30), onde podemos ver o Eterno salvando Sua Igreja na arca do arrebatamento, levando os ímpios para o juízo e, em seguida, deixando aqui Sua Igreja para reinar com Ele durante todo o milênio.

Enfim, a pregação de Enoque foi sua transladação.

Mas afinal, como foi que os anjos fornicaram e foram após outra carne?

Note como tudo está associado com a “comum salvação”. E qual é a “comum salvação” apresentada por Deus a todos. Não é Jesus (Jo 3.16)? Lembre-se que a nossa comunhão é com o corpo e sangue de Cristo (1Co 10.16,17). Não temos que comer a carne Dele e beber Seu sangue (Jo 6.51-57)?

Logo, a partir do momento que abandonamos a Cristo e passamos a nos alimentar de outra doutrina, por meio de outro grupo de pessoas que compromisso algum tem com Jesus (1Co 10.17), estamos indo após outra carne. Este é o erro que cometeu Eva: buscou conhecimento de fonte alheia a Deus. Daí Deus perguntar a Adão: “quem te mostrou que estavas nu?” (Gn 3.11).

Repare se não é disto que a carta de Judas trata. Introduziram-se ímpios dentro da Igreja e muitos, ao invés de permanecerem na carne de Cristo, estavam indo após estes supostos líderes espirituais (outra carne, outro alimento).

O mesmo se deu em Sodoma e Gomorra. De toda a multidão que entrou com Ló nestas cidades, apenas Ló e suas duas filhas se salvaram. Os demais abandonaram o Eterno e passaram a clamá-Lo de um modo totalmente corrupto, fazendo Dele um deus completamente diferente (ver Gn 18.20,21).

Analise:

 

Quais as características dos falsos líderes?

Por estarem adormecidos, contaminam a própria carne (Jd 8) Como? Indo após outra carne. Ajunte Jd 4 com Jd 7 e veja que não foram só os anjos desobedientes que foram após outra carne, mas também os homens ímpios de Jd 4 (daí a expressão aqueles de Jd 7 que aponta para alguém que foi citado distante):

 

·         “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” (Jd 4).

 

Note que estes falsos mestres tinham duas marcas:

 

·         Convertiam o Favor de Deus em dissolução, ou seja, mudava a carne (ou alimento sólido, se preferir – 1Co 3.1-3; Hb 5.12-14);

·         Rejeitavam a autoridade e a ideia de que Jesus era dono de tudo (como diz Jo 17.2; 2Pe 2.9-10).

 

É os primeiros sintomas deste mal se vê na continuação do vs 8:

 

·         “E, contudo, também estes, semelhantemente adormecidos, contaminam a sua carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as dignidades. Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda.” (Jd 8,9).

 

Se até o arcanjo Miguel que, além de ser maior em força e poder (o que, implicitamente tem haver com pureza e santidade) (2Pe 2.11) não teve a audácia de proferir juízo nem mesmo contra Ha-Satan, que além de não ter conserto (2Pe 2.4), merecia todos os insultos, maldições, etc., quem somos nós para nos acharmos no direito de proferir juízo contra um ser humano tão falho como nós e que tem conserto e por quem Cristo morreu?

 

·         “Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem.” (Jd 10).

 

O arcanjo Miguel não pronunciou juízo de maldição contra Ha-Satan porque, mesmo sendo muito maior em conhecimento e sabedoria como nós, não ousou achar que tinha uma compreensão completa do plano de Deus. E, assim, preferiu deixar que o Senhor repreendesse quando Seu plano tivesse sido cumprido.

Como, então, podemos falar mal dos líderes perversos, se não sabemos o motivo (Jd 10) pelo qual o Criador lhes outorgou este posto (ver Jo 19.10,11; Rm 13.1,2)? E o pior de tudo é que quem se intromete nestes protestos (Pv 24.21), acaba se corrompendo até mesmo naquilo que entendem, vindo a se tornarem como animais irracionais.

A maldição toma conta deles de tal modo que acabam (Jd 11):

 

·         entrando pelo caminho de Caim (matam o que é bom) -> perseguindo e matando os verdadeiros servos de Deus, tal como fez o sistema religioso com Jesus, os apóstolos e todos aqueles cuja oferta realmente fala aos corações das pessoas (Hb 11.4);

·         sendo levados pelo engano do prêmio de Balaão (negam a verdade) -> em troca de recompensas materiais, ensinam os líderes religiosos a armarem ciladas a fim de que os verdadeiros servos do Criador caiam e possam ser acusados (Jr 20.10; Mt 12.10; Mc 3.2; Lc 6.7; 11.54; Jo 8.6 Ap 2.14);

·         perecendo na contradição de Coré (nega autoridade) -> que acham que não são obrigados a se sujeitarem a ninguém, visto que ninguém é melhor que ninguém (Nm 16.1,2).

 

Veja a influência que tais líderes têm na Igreja se nada for feito (Jd 12,13):

 

·         Estes são manchas em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco -> Eles mancham até aquilo que deveria ser um motivo de alegria e bênção (ver 1Co 10.29-30; 11.18-22).

·         Apascentam-se a si mesmos sem temor -> não apascentam a Igreja de Cristo. Antes, induzem a proverem o alimento para o seu apetite insaciável;

·         São nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte -> vão após todo vento de doutrina (Ef 4.14), sem jamais saciar a alma de alguém. Embora façam muito barulho e alimentem muitas expectativas, no final acabam trazendo mais frustrações;

·         São como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas;

o   Murchas -> sem vitalidade, beleza. Suas folhas não servem para cura, nem para sombra;

o   Infrutíferas -> não alimentam ninguém;

o   Duas vezes mortas;

o   Desarraigadas -> sem raiz em si mesmo (Mt 13.21). São crentes superficiais que não sabem o que dizem (tal como se deu com Jó antes do encontro vivo com Deus – Jó 42.3).

·         Ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações -> pelos ventos de doutrina vão levados pelos desejos do povo, ou seja, espumam suas abominações conforme aquilo que é do interesse do povo (Jd 16);

·         Estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas -> note aqui o mesmo castigo destinado aos anjos (Jd 6). Tais pessoas fazem os outros errarem (como se deu em Is 19.14). Deste modo passarão o restante de seus dias sem luz, só vendo angústia e escuridão, sem jamais ver o bem (Jr 17.5,6); antes, sendo empurrados para as trevas (Is 8.20-22), ao invés de serem estrelas brilhantes (Dn 12.3).

 

Enfim, tais líderes, pensando apenas no próprio ventre (Rm 16.17,18; Fp 3.17-19; 1Tm 6.3-5), fazem as pessoas andarem errantes (Os 9.17), sempre insatisfeitas (contrariando Jo 4.13,14).

E o pior é que as pessoas gostam de ser governadas por este tipo de pessoa.

 

·         “Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admirando as pessoas por causa do interesse.” (Jd 16).

 

Note como estão sempre reclamando insatisfeitos. Queixam-se com sua sorte, por não poderem sempre andar segundo seus desejos.

E isto não é tudo! Note como possuem a mesma característica do anticristo:

 

·         “Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes coisas.” (Dn 7.8);

·         “Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras que o chifre proferia; estive olhando até que o animal foi morto, e o seu corpo desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo;” (Dn 7.11);

·         “Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro e as suas unhas de bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobrava; e também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça, e do outro que subiu, e diante do qual caíram três, isto é, daquele que tinha olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e cujo parecer era mais robusto do que o dos seus companheiros.” (Dn 7.19,20).

·         “E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu.” (Ap 13.5,6).

 

Como o Reino de Deus é para os pequeninos (Mt 11.25,26; Mc 10.14,15) e não para os intelectuais, então temos que satisfazer a eles, e não aos intelectuais deste mundo (1Co 1.18-25; 2.1-5).

Quem deseja este tipo de pessoa, se cerca de mestres conforme o seu desejo. Por terem prazer nas suas más obras (Jo 3.19-21), não suportam mais a verdade (2Tm 4.3-4), tal como na época de Isaías (Is 30.9-11), Amós (Am 2.11,12), Jeremias (Jr 2.25,30; 5.3; 6.10,16; 7.28; 8.4,5; 9.5,6) e Oséias (Os 11.5).

Note como isto se encaixa no perfil de hoje: como as pessoas são admiradas por causa do interesse.

Foi justamente contra este tipo de pessoa que profetizou Enoque, dizendo, através da sua transladação que Jesus viria para estabelecer Sua justiça e condenar todos os que não têm piedade em virtude de usarem seus talentos para fazer obras que incentivam a desculpa para não serem piedosos. E não pense que fizeram isto por acaso ou necessidade. Antes, foi porque não tinham prazer na piedade (ver 2Tm 3.5), a menos que pudessem lucrar com isto (1Tm 6.5 – tal como se dá com políticos por ocasião da campanha que ajudam alguns pobres para se auto-promoverem).

Isto, sem contar as duras coisas que estas pessoas falam contra Deus, como se eles fossem melhores do que Ele. Tentam mostrar que são piedosos, como que dizendo que Deus é injusto e não faz nada por ninguém, mas deixa todos à mercê da “boa vontade” dos seres humanos.

É nisto que consiste o aviso de Judas:

 

·         “Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais vos diziam que nos últimos tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências. Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.” (Jd 17-19 – AR 1967).

 

Estas pessoas, com o pretexto que estão fazendo a obra de Deus, estão, na verdade, escarnecendo do Seu nome, usando Seu nome apenas para se promoverem e poderem se alimentar do que é seu e se vestirem com o tipo de justiça que lhes é conveniente (Is 4.1).

Na verdade, todo que se levanta como líder religioso não tem o Espírito Santo, mas querem ocupar o lugar que deveria ser de Cristo na vida de cada um (sendo um anticristo - 1Tm 2.5; 1Jo 2.18). Causam divisões e promovem a sensualidade para que o zelo de cada um seja a favor deles (Gl 4.17). Dizendo que querem glorificar a Deus, induz as pessoas a lançarem suas coisas santas e pérolas para eles (Mt 7.6), sem de darem conta que eles estão andando em seu próprio nome (e não no nome de Jesus – Jo 5.43).

Por isto é Judas expressamente diz:

 

·         “Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, e orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.” (Jd 20,21– TB 1917).

 

Note que, ao invés de ficarem indo atrás de líderes religiosos, eles deveriam edificarem pessoalmente uns aos outros.

Mas por que edificando? Deus nos considera como um edifício a ser habitado pelas pessoas que Ele preparou para nós a fim de poder nos usar para oferecer-lhes Seus sacrifícios espirituais agradáveis (1Co 3.9; Ef 3.15-19; 1Pe 2.5). Sendo nós a casa do Pai que possui muitas moradas (Jo 14.1,2; 1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16), precisamos dar espaço para que Jesus nos construa sua Nova Jerusalém dentro de nós.

Entenda: sempre foi desejo de Deus habitar com a humanidade (Ap 21.3). E para que Seu reino pudesse estar entre os homens, Ele o “escondeu” dentro de nós (Lc 17.20,21). Tudo que precisa agora é edificarmo-nos sobre a fé santíssima que Deus nos concedeu.

Mas, o que seria esta fé santíssima? Uma coisa é a fé humana no Criador; outra é a fé de Jesus:

 

·         “Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.” (Jo 20.17).

 

Se o nosso modo de enxergar o Criador fosse o mesmo de Jesus, não precisava de Ele ter feito esta distinção. A verdade é que cada ser humano enxerga Deus de uma maneira. Porém, quando recebemos a fé de Jesus no Pai (Gl 2.20), passamos a enxergá-Lo segundo o Espírito Santo, e não mais segundo a carne (2Co 5.16). Esta fé não é com base nas coisas da carne, mas nas riquezas espirituais (Verdade, caráter de Cristo, o privilégio de vê-Lo testemunhar através de nós e as pessoas que são Dele).

Note como a ordem não é para orarmos fora do Espírito Santo (como quem busca apenas favores, lutando até hoje para entrar). Antes, é para permanecermos “dentro” Dele, deixando que Ele nos use para interceder segundo Deus (Rm 8.26).

Tanto é assim que Judas continua exortando-nos a guardarmos uns aos outros no amor de Deus (Jo 15.9), a permanecermos na Sua bondade (Rm 11.22). E como fazer isto? Esperando na misericórdia de nosso Dono Jesus Cristo para que a vida eterna seja uma realidade contínua na nossa vida (como sugere Jo 4.13,14; 17.3; 1Jo 5.20). Ou seja, apenas quando a vida de Jesus se manifesta na nossa carne mortal (2Co 4.10,11) a fim de que possamos usar de misericórdia para com todos é que nossa vida nunca esmorece.

Para ser mais exato, pensemos primeiro fisicamente: quando adormecendo, quem dorme é nosso corpo e alma. Nosso espírito, contudo, permanece acordado, instruindo nossos órgãos vitais, de modo que os mesmos continuem em funcionamento.

Quando acordados, é do nosso espírito que vêm o ânimo. Da carne vem a força e a energia e da alma, as emoções e os desejos. Sem Cristo, nosso espírito não é dotado de ânimo para o bem. Antes, sua compreensão no bem e mal vem daquilo que sua alma é capaz de absorver deste mundo. E como nosso espírito, sem Cristo, nunca consegue encontrar satisfação, a pessoa fica sempre correndo atrás de algo deste mundo que faça seu interior (seu verdadeiro ego) ter sentido. Esta vida que míngua, se esgota até se acabar (tanto no corpo, como na alma e espírito) é que se chama morte.

Por outro lado, quem tem Cristo, ainda que venha a ter seu corpo e alma mortos (de modo semelhante ao que se dá quando adormecemos), nosso espírito viverá eternamente, não apenas por não dormir, mas por jamais ter sua vitalidade minguada pela presença de Jesus.

Vem uma pergunta: para quê esperar pela misericórdia de Deus?

 

·         “Tende misericórdia de alguns que estão na dúvida, e salvai-os, arrebatando-os do fogo; de outros tende misericórdia com temor, aborrecendo até a túnica manchada pela carne.” (Jd 22,23 – TB 1917).

 

Seu Favor e perdão seriam necessários para salvar dois tipos de pessoas:

 

·         Os que estão na dúvida. Os tais encontram-se tão abrasados por dentro que faz-se necessário uma atitude violência (arrebatar) para removê-los de lá. Inclusive, a figura do arrebatamento por ocasião da volta de Cristo tem por finalidade mostrar que, para alguém ser tirado do mundo, tem que ser de repente. Não é algo que depende do pensamento do homem. Se assim fosse, ninguém seria salvo.

Mas como que tais pessoas foram parar neste fogaréu? Simples: edificaram suas vidas com material perecível, a saber, pessoas e atividades que não saciam o interior de ninguém (ver Mt 3.11,12; 1Co 3.12-15).

O céu até está aberto para muitos. Mas, para aqueles que estão presos deste mundo e que, portanto, dependem da chuva para viver, há uma imensa nuvem que os impede de ver o céu aberto em Cristo Jesus, pronto para recebê-los.

·         Aqueles que pecam tão intensamente que chegam a manchar a túnica com seus pecados. Por exemplo, na época do Antigo Testamento, quando alguém tinha relação com uma mulher, o sêmen era considerado como imundície (Lv 15.16-18,32). E assim como a prostituição física suja a carne, a alma e a roupa, a espiritual suja as vestes de justiça da Noiva (Ap 19.8), a qual fica como a do sumo-sacerdote Josué (Zc 3.3) e dá lugar para Ha-Satan acusá-lo (Zc 3.1,2).

 

Quem tenta achar a instituição religiosa perfeita e andar após líderes religiosos, com certeza ficará vestido com trapos de imundície (Is 64.6), já que Deus sempre projetou que cada pessoa amasse o próximo dentro de si (como a si mesmo – Mt 22.39).

Mesmo porque, é Jesus:

 

·         “... que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória (Jd 24)

 

 Jesus é o único Deus sábio, Salvador nosso, que é digno de toda glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém. (Jd 24,25).

Para ser mais exato, Jesus é o único:

 

·         que é poderoso para vos guardar de tropeçar. Nenhuma instituição religiosa, por mais bem intencionada, tem poder para nos apresentar irrepreensíveis perante a Sua presença viva, a tudo que Ele é (Cl 2.18-23). Isto porque a salvação não consiste em atos físicos que possamos fazer para Deus. Nem mesmo em nosso esforço de sermos melhor do que as outras pessoas a fim de nos encaixarmos nos moldes estabelecidos por Deus. Antes, salvação é Jesus reinando pessoalmente sobre tudo que pensamos, sentimos, desejamos, sonhamos ou fazemos com “vara de ferro” (ver Gl 2.17; Ap 2.27), ou seja, conservando tudo isto parado debaixo do Seu amor;

·         Deus sábio -> a sabedoria humana, além de animal, terrena e demoníaca (Tg 3.15), é loucura diante de Deus (1Co 3.18-20). E mesmo que encontre um ser humano sábio e honesto, ele jamais poderá nos revelar a vontade de Deus para nós, pois só o Espírito Santo tem conhecimento disto (1Co 2.9-12), sem contar que é algo que pertencente à intimidade da Noiva com Seu Noivo Jesus;

·         Salvador nosso -> ninguém há que possa nos salvar, pois apenas a ação direta Dele é capaz de manter nossa alma quieta em meio às circunstâncias que surgem;

·         que é digno de toda glória e majestade, domínio e poder. Não tem sentido buscarmos glória (exercer influência pelo caráter que tem ou aparenta ter – Jo 5.44), domínio (autoridade, direito de exercer influência), majestade (capacidade de exercer influência pela sublimidade (por algum talento, dom ou sabedoria que aparenta ter)) e poder (força seja física, militar, tecnológica para exercer influência). Ora, para que queremos influenciar as pessoas? Não estamos aqui para servi-las, nem mesmo para convencer os lobos a mudarem. Antes, nosso papel é dar lugar para que a voz de Deus se faça ouvir através de nós. As ovelhas com certeza ouvirão (Jo 10.2-5). Basta que ministremos a Palavra de Deus na íntegra (Jo 15.20; Pv 30.6; 1Co 4.6).

 

 

Existe alguma referência a anjo como sendo “filho de Deus”?.

Com certeza não! Vejamos, no Antigo Testamento, onde esta expressão aparece:

 

·         “Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.” (Gn 6.2);

·         “Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.” (Gn 6.4).

 

Conforme já mostrado, trata-se de pessoas que criam no Criador e viviam conforme a vontade Dele. Note como os filhos de Deus acharam as filhas dos homens formosas. Ora, anjo não tem tal desejo. Mesmo que eles pudessem fazer sexo com algum ser humano, com certeza não poderia ser por desejo sexual. Além disto, note Deus dizendo que iria contender com o homem para sempre por causa desta união mista (crente com não crente - Gn 6.3). Logo, com certeza eram homens.

 

·         “E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles.” (Jó 1.6).

·         “E, vindo outro dia, em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles, apresentar-se perante o SENHOR.” (Jó 2.6).

 

Os filhos de Deus, aqui, são pessoas que temiam o Criador e, como Jó, estavam indo até Ele para oferecer-lhe sacrifícios (Jó 1.5) ou alguma outra forma de adoração. Afinal, não é segredo que Ha-Satan se mantém na presença do Criador acusando os Seus dia e noite (como se vê em Zc 3.1-3; Ap 12.10).

 

·         “Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam” (Jó 38.7)

 

Quando Deus criou o universo, nem anjos, nem pessoas existiam. Logo, isto aqui não é literal. Antes, significa que Deus, ao fazer o universo, conheceu intimamente aqueles que haveriam de ser Seus (estrelas da alva (anjos) e filhos de Deus (os homens que haveriam de crer no Criador)), como se eles estivessem ali. Por isto é que Deus viu que tudo era bom (Gn 1.10,12,18,21,25,31), pois Ele vivenciara Seus eleitos ali e sentindo dentro de Si como os mesmos respondiam a cada coisa que Ele criava.

Isto lembra quando alguém sonha acordado e tudo parece tão real como se aquilo tivesse acontecido. A diferença é que, com Deus, realmente aconteceu. Ele viveu tudo isto, ainda que, na criação, só Ele estava presente.

 

·         “Então, o rei Nabucodonosor se espantou e se levantou depressa; falou e disse aos seus capitães: Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo? Responderam e disseram ao rei: é verdade, ó rei. Respondeu e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e nada há de lesão neles; e o aspecto do quarto é semelhante ao filho dos deuses.(Dn 3.24,25 – ARC 1995).

 

Note que foi Nabucodonosor, um rei pagão, que disse se tratar do “filho dos deuses”. É claro que ele não podia falar “Filho de Deus”, pois nem sequer imaginava existir isto. Além do mais, quem foi que disse que foi um anjo que se manifestou aí? Eu creio que foi o próprio Jesus.

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