ESTUDO DO LIVRO DE JUDAS
Introdução
Tema Principal: comum salvação.
Tema Secundário: Batalhar
diligentemente pela fé a fim de que os falsos mestres sejam desmascarados.
Palavras
Chave:
·
Impiedade
·
Comum salvação (Jd 3).
·
ido após outra carne (Jd 7).
Versículo Chave:
·
“Amados, quando empregava toda a
diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti
obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes,
diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.” (Jd 4).
Objetivo:
Muitas
pessoas estavam se infiltrando dentro da Igreja, alegando que tinham se
convertido quando, na verdade, ainda estavam presos aos prazeres da carne (Jd
16,18,19). Com isto,
estavam pervertendo a verdadeira fé em Jesus e introduzindo uma série de
práticas não bíblicas que, aos poucos, estavam convertendo em dissolução o
Favor de Deus e negando Jesus (Jd 4).
E o pior
é que muitos, que estavam escapando das contaminações do mundo (2Pe
2.18), estavam voltando ao
pecado (2Pe 2.21,22) e ainda achando que estavam servindo a Deus.
Para
combater estas heresias, Judas escreve esta carta a fim de levar as pessoas a
não se deixarem levar pelos falsos mestres, mas permanecerem firmes na
verdadeira fé como soldados, batalhando veementemente pela verdade (como
sugere 1Tm 3.15). A ideia
é que as pessoas percebessem que, ao invés de esperar que alguém buscasse a
Deus por eles, cada um deve ter intimidade com a Verdade (Jo
8.32,36), conhecê-La
dentro de si (Gl 4.9) e lutar diligentemente para que a fé de
Jesus (e não a fé despertada pelo sistema religioso) seja vivida dentro de cada um.
O livro
de Judas mostra que não há uma salvação individual, como se o importante fosse
tão somente buscar verdade para nós e nela permaneceremos. Antes, a verdadeira
salvação é comum, ou seja, só se torna real na nossa vida quando todos á nossa
volta passam a crer nela, ainda que a maioria não a queira para si (At
16.20,21) pelo prazer que
tem nas más obras.
A
verdade, todavia, é que a verdadeira Igreja é construída dentro de nós na
medida em que deixamos a bondade de Deus nos conduzir à tristeza (Rm
2.4) em vermos tantas
pessoas sendo consumidas no pecado (2Co 7.9,10; Tg 4.8). Por isto é que Tiago ora a Deus para que
Sua misericórdia (Favor), paz (harmonia com as
pessoas com base na Palavra de Deus) e amor (dedicarmos a Jesus nossa vida a fim
de que Ele possa ligar pessoas a Si e na Sua Palavra dentro de nós – 2Co 3.1-3) do Criador nos sejam multiplicados (Jd
2). Em outras palavras, ao
invés de buscarmos Jesus por motivos egoístas, devemos dedicar nossa vida para
servirmos a Jesus (Jd 1) na vida daqueles que foram chamados pelo
Espírito Santo a fim de serem santificados no Pai e, em seguida, conservados
por Jesus, o Messias (Jd 1).
Pior do
que não crer em Jesus é dizer que crer Nele, mas sem confiar no poder da
piedade (2Tm 3.5). Isto é uma incoerência, já que Jesus é a manifestação de mistério da
piedade (1Tm 3.16). Eles acabam indo após outra carne (2Tm 3.5) e o pior: querendo ocupar o lugar de
Cristo na vida dos outros (1Jo 2.18,19).
Isto,
todavia, acontece porque, antes de tudo, os que os seguem não querem ser
piedosos, mas querem terceirizar o amor, como se fosse possível existir
salvação separado do amor ao próximo. É para combater este tipo de ideia (que
caracterizou a base da Antiga Aliança – Êx 20.18-20) que Judas escreve: para mostrar que, sem
comum união (comunhão) a salvação não faz sentido.
Quem são os anjos que pecaram?
Entendendo
que o foco é a “comum salvação”, analisemos os versículos:
·
“Mas
quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor
salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram;
e aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria
habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele
grande dia; assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que,
havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram
postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” (Jd
5-7).
·
“Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas,
havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando
reservados para o juízo; e não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé,
pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo
dos ímpios;” (2Pe 2.4,5).
Vejamos o
que Jesus diz acerca das pessoas que foram punidas:
1º: Os hebreus que saíram do Egito:
·
“havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito,
destruiu depois os que não creram” (Jd 5).
Ao invés
de permanecerem junto ao povo de Deus partilhando da “comum salvação” que Deus
providenciou para toda a nação israelita, eles preferiram voltar ao Egito para
viver segundo os seus interesses, ainda que vivendo sob o jugo da escravidão
egípcia.
Eles
preferiam ficar escravos, mas ter seus desejos mesquinhos atendidos a serem
livres para amar o próximo como a si mesmo e viver como família. Em outras
palavras, a escravidão egípcia era uma desculpa para eles não precisarem se
dedicar o próximo (afinal, que tempo sobrava para
abençoar o próximo quando tinha que cumprir as exigências de faraó?).
O
problema não era só o prazer na comida egípcia (Nm 11.4-6), nem a falta de confiança no poder de Deus
(Nm 13.27-33). A verdade é que eles não queriam em suas vidas o compromisso de Deus (ver
Êx 20.18-20). Por isto
infamaram a terra (Nm 13.32; 14.3), ou seja, levaram o povo a desacreditar da
promessa de Deus.
2º: O povo de Sodoma e Gomorra
·
“Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se
entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas
por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno” (Jd 7);
·
“E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra,
reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; e
livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis (
Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma
justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas ) (2Pe 2.6-8);
Note que eles fornicaram, ou seja, foram após outra carne. Mas o que significa isto?
Quando a pessoa tem relação sexual com alguém, ela está se tornando um só corpo com a pessoa (1Co 6.15,16). Assim, quando alguém casa (tem relação sexual com uma pessoa) e depois tem relação com outra pessoa, ela está indo após outra carne (afinal, deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne (Gn 2.24)). Tal pessoa está prostituindo, ou seja, corrompendo a semente de Deus em sua vida. A cada relação, tudo aquilo que o cônjuge é vai sendo adulterado na vida dela, de modo que a descendência de piedosos projetada por Deus não tem lugar (Ml 2.15,16).
A prova disto é que eles foram postos como exemplo ao que vivem impiamente (sem piedade – 2Pe 2.6). Quando não há esforço para manter o casamento, todo sentimento se perde, a falta de misericórdia aumenta, a injustiça se torna algo natural (bem como a iniquidade, já que cada um vê apenas o seu lado – negligenciando Mt 7.12) e o pior: a pessoa se entrega à dissolução e ao vício (Ef 4.17-19). O pecado tornou tão natural que passou até a ser cultuado e ostentado (Is 3.9).
Tanto é assim que os servos de Deus ali (lembre-se que Ló entrou com uma multidão ali – ver Gn 13.6) começaram a cometer adultérios, andar com falsidade e fortalecer a mão dos pecadores para que não se convertessem:
·
“Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem
adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, para
que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma,
e os seus moradores como Gomorra.” (Jr 23.14).
E Judá, mais adiante, começou a cultuar a Deus do mesmo jeito que o pessoal de Sodoma e Gomorra (Is 1.10-17). Já não há mais a “comum salvação” que é concedida no casamento (ver 1Pe 3.7), mas cada um, como o povo que saiu do Egito, quer salvar a si mesmo, vivendo no conforto, segurança e prazeres da carne.
3º: O povo que vivia na época de Noé
·
“não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da
justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios” (2Pe
2.5);
Não é
segredo que a terra se enchera de violência na época de Noé (Gn
6.11,13). Mas a questão é:
que espécie de violência estava acontecendo? Toda carne havia corrompido o seu
caminho sobre a terra (Gn 6.12). Tal como os habitantes de Sodoma e
Gomorra, eles foram após outra carne. Tanto que, quando Jesus cita os dias de
Noé, declara que a violência destes dias tinha haver com comer e beber (prosperidade
carnal – tal como Sodoma, Gomorra (Ez 16.49) e Jerusalém (Am 6.1,3-6) que chega a ser chamada de
Sodoma e Egito (Ap 11.8)), bem como casar e dar em casamento (Lc
17.26,27). Considerando
que Gn 6 diz que toda “carne” (e não apenas pessoas) haviam corrompido o seu caminho, é bem
provável que este povo estivesse fazendo sexo até com os animais.
Pelo fato
de ter relação com uma mulher (casar ou, se preferir, acasalar) e depois ficar se dando em casamento, a
impiedade cresceu tanto que aquele tempo ficou conhecido como mundo dos ímpios (2Pe
2.5). Afinal, se até os
filhos de Deus (aqueles que tinham intimidade com o
Criador, tal como Enoque, mas que deixaram morrer este primeiro amor em
decorrência das paixões da mocidade (ver 2Tm 2.22)) ficaram encantados com as filhas dos
homens a ponto de tomarem várias para si (Gn 6.2), quão dirá os demais mundanos.
Resultado:
até o clamor dos crentes a Deus (incluindo destes filhos de Deus) ficou corrompido, a ponto de começarem a
pedir a Deus pela destruição do mundo (Gn 6.13). Eles já não viam mais lugar para o
arrependimento (como se deu com Esaú – Hb 12.16,17) e piedade (tal como se deu
também com Sodoma e Gomorra, já que Deus desceu para ver o clamor deles – Gn
18.20,21).
Ou seja,
ao invés de se apegarem à “comum salvação”, eles queriam a comum destruição.
Eles não conseguiam mais enxergar bondade em ninguém. Não conseguiam aceitar o
poder enorme que há na piedade (2Tm 3.1-5), nem na verdade (tal
como se dá nos dias de hoje – 2Tm 4.1-4).
·
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo
pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas
vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em
prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de
Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto
é, oito)
almas se salvaram pela água;” (1Pe 3.18-20).
Inclusive,
aqui cabe uma pergunta a ser feita: por que o Eterno fez questão de destacar
estes espíritos na prisão? O que fazia destes uma classe especial de crentes?
Afinal, assim como o Espírito de Cristo esteve em Noé anunciando o evangelho
aos anti-diluvianos, o Espírito de Cristo também estava também nos demais
profetas pregando o evangelho aos da sua época (1Pe 2.11). Aliás, a palavra “pregou” normalmente
está relacionada com proclamar a mensagem de Cristo. Isto vem a mostrar que, já
na época da Aliança da Lei, o Favor do Eterno já estava disponível.
Infelizmente a maioria dos indivíduos só conseguiam enxergar a lei.
Enfim,
com tanta gente sendo evangelizada ao longo da história, e com tantos espíritos
na prisão do inferno por terem negado a Cristo, por que estes que viveram na
época de Noé receberam um destaque especial? Com certeza esta geração foi a
única que pediu o fim do mundo.
Inclusive,
cabe aqui a pergunta: o que levou todos estes crentes a pedirem o fim do mundo (o
fim de toda carne)? É
possível encontrar indivíduos que queiram:
·
se
suicidar;
·
matar
ou desejam a morte daqueles que procedem injustamente;
·
que
Jesus venha para inaugurar o milênio;
·
nunca
terem existido.
Eventualmente
pode até ser que haja alguém que queira o fim do mundo, mas isto é coisa rara.
Afinal, para desejar tal coisa, o indivíduo tem que ser revoltado com tudo e
com todos (incluindo bebezinhos e aqueles que são sinceros em
Cristo), não ter amor no
coração por ninguém.
Por mais pervertidos que possam ser os crentes
de hoje, dificilmente vê-se alguém orando pelo fim do mundo. Vê-se orando por
conquistas materiais egoístas, mas não pela destruição de toda a humanidade.
Enfim, a
única explicação razoável para isto é o extremo grau de maldade que havia
tomado o coração de todos estes crentes. Inclusive, por aqui podemos ver como a
Escritura Sagrada pode cegar os indivíduos mais do que qualquer coisa na vida
daqueles que não entregam verdadeiramente ao Eterno (ver 2Pe 2.20-22). Tal coração fica tão endurecido que não
existe mais possiblidade de arrependimento para tal indivíduo (Hb
6.4-6).
E o
motivo é simples: a revolta de tal indivíduo é contra aquilo que constitui a
verdadeira essência do Eterno, a saber, contra Sua bondade (como
se deu com os fariseus – Mt 12.25-32). Eles estavam tão revoltados com a humanidade toda (provavelmente
até contra seus progenitores, cônjuges, filhos) que para eles era inaceitável qualquer demonstração
de compaixão da parte do Eterno por eles (tal como se deu
com Jonas – Jn 4.1-3).
Que fique
claro: não é uma “simples” revolta contra o Eterno, visto que, no fundo, todos
estão revoltados com Ele porque acham que Ele vê o mal triunfar e,
aparentemente, não faz nada (tal como se deu com Habacuque (Hc
1.2-4, 12-17) e Asafe (Sl 73.1-15)).
Todavia,
ao contrário da maioria que deseja ver o Eterno se manifestando (tal como toda
a criação do Eterno – Rm 8.19-22), estes queriam que o Eterno não agisse. Por
isto eles receberam um destaque especial.
4º: Os anjos que não guardaram o principado e fornicaram, indo após outra carne
·
“aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a
sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas
até ao juízo daquele grande dia. Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades
circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após
outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” (Jd
6).
·
“Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas,
havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão,
ficando reservados para o juízo;” (2Pe 2.4);
Estes anjos são aqueles que seguiram
Ha-Satan quando este se rebelou contra o Criador (Is 14.12-14; Ez
28.15-18). Você pode questionar: mas eles estão presos?
Com certeza.
Entenda: prisão nada mais é do que
qualquer coisa que impede alguém de fazer o bem, estando nas mãos dele a
capacidade para efetuá-lo (ver Pv 3.27).
O medo, por exemplo, é uma prisão, já que deixa o indivíduo imobilizado para
tudo que diz respeito à vida e piedade (daí 1Jo 4.18).
Os tais ficaram acorrentados na
escuridão (ou seja, impossibilitados de enxergarem a Verdade,
bondade, misericórdia, etc.), numa prisão
eterna, ou seja, sem qualquer possibilidade de arrependimento ou conversão.
Estes anjos estão condenados ao ódio eterno contra tudo e todos (1Jo
2.9-11).
Daí o termo inferno em Pedro, que
indica, antes de tudo, um estado de espírito onde não há possibilidade de
mudança, no qual a pessoa está presa no seu próprio tormento que, como verme (que
devora o que ainda resta de bom) e fogo (que
evapora a menor gota da Água da Vida em nós), a atormenta
até o dia do juízo (ver Ez 28.18; Is 66.24; Mc 9.43-48).
Mas o que eles fizeram para merecer
tal repreensão?
Primeiro,
eles abandonaram o seu principado, ou seja, ao invés de se contentarem em
servir aqueles que Deus lhes deu, passaram a querer dominar. E o pior: não
apenas sobre os que Deus lhes deu, mas até sobre o que Ele não lhes deu. Ao
invés de se comportarem como príncipes de Deus (servindo para que
todos à sua volta pudessem aferir sua medida, ou seja, verificar se estavam
retos aos olhos de Deus – Ez 28.12), eles passaram a
olhar para si mesmos, se achando tão bons quantos o Eterno, a ponto de se
acharem no direito de estarem acima de todos aqueles que brilham com a
sabedoria do Eterno (Is 14.12-14; ver Dn 12.3).
Segundo,
eles fornicaram indo após outra carne.
Como assim? Acaso anjo faz sexo?
Muitos, por causa de uma citação de
Enoque (Jd 14), acham que devem
considerar um suposto livro escrito por ele como inspirado por Deus. Será que
isto é verdade?
Neste livro é dito que duzentos anjos
(que alguns teólogos interpretam como sendo os filhos de
Deus de Gn 6.2) se relacionaram com as filhas dos
homens e geraram gigantes (Gn 6.4).
Trata-se de uma corrupção diabólica da Escritura Sagrada:
·
“Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando
os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes
eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.” (Gn
6.4).
Note que, antes do sexo entre os
filhos de Deus e as filhas dos homens, já havia gigantes. E estes eram assim
chamados, não necessariamente por causa da sua estatura, mas por serem valentes
e homens de fama. Ou seja, é uma metáfora para indicar pessoas que eram
abomináveis aos olhos de Deus por serem elevadas diante dos homens (Lc
16.15), ou seja, por serem valentes e resolverem
tudo por sua capacidade e força (obviamente, não pelo poder do
Espírito Santo – Zc 4.6). Ou seja, eram seres humanos e não
anjos. Mesmo porque nunca foi usada a expressão “filhos de Deus” para se
referir a anjos (Hb 1.5 – mais adiante destrincho
isto num tópico).
Tudo isto foi instigado por causa do
livro APÓCRIFO de Enoque.
Vem a questão: “o que significa a
citação de Enoque?”. Embora algo parecido apareça no livro apócrifo de Enoque,
não é nisto que Judas se baseou ao fazer tal afirmação. É bom lembrar que
Enoque foi transladado (Gn 5.22-24)
por ter alcançado testemunho de que havia agradado a Deus (Hb
11.5). Note como ele não apenas agradou a Deus,
mas alcançou testemunho que confirmava isto, ou seja, por andar 300 anos com
Deus, fora usado por Ele para mostrar à sua geração, através de sua vida, o
quanto eles estavam desagradando a Deus.
E a transladação, por si só, já
falava forte ao coração das pessoas.
·
“E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão,
dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos;” (Jd
14).
Em outras palavras, sua transladação
apontava para o arrebatamento que acontecerá por ocasião da 2ª volta de Cristo
e proclamava, na sua época, que Deus viria para julgar aquele mundo iníquo das
sua época através do dilúvio.
Você pode me questionar: “mas o dilúvio
só ocorreu depois de 569 anos que Enoque morrera”.
Contudo, analise as genealogias:
Quando
Enoque nasceu: ·
Jarede tinha 162 anos (Gn
5.18). |
Quando
Matusalém nasceu: ·
Enoque tinha 65 anos (Gn
5.21); ·
Jarede tinha 227 anos. |
Quando
Lamaque nasceu: ·
Matusalém tinha 187 anos (Gn
5.25); ·
Enoque tinha 252 anos. ·
Jarede tinha 414 anos. |
Quando Noé
nasceu: ·
Lameque tinha 182 anos; ·
Matusalém tinha 369 anos; ·
Enoque tinha morrido há 69 anos. ·
Jarede tinha 596 anos. |
Quando veio
o dilúvio a Noé: ·
Noé tinha 600 anos (Gn
7.11); ·
Lameque tinha morrido apenas há 5
anos (Gn 5.31); ·
Matusalém tinha 969 anos (Gn
5.27), ou seja, morreu um pouquinho antes; ·
Enoque havia morrido há 669 anos. ·
Jarede havia morrido há 234 anos (Gn
5.20). |
Ou seja, embora não tenha conhecido
Enoque pessoalmente, ele conviveu diretamente por muito tempo com parentes de
Enoque que vivenciaram sua transladação, a saber, com:
·
Seu pai Lameque, por 595 anos;
·
Seu avô Matusalém por 600 anos;
·
Seu bisavô Jarede por 366 anos.
Em outras palavras, havia várias
testemunhas vivas, por ocasião do dilúvio, do que aconteceu com Enoque, que
retratava, não só o imenso amor de Deus por Enoque, mas o quanto Ele estava
descontente com aquela geração e que, logo, viria enviar o dilúvio para levar a
todos os ímpios para o juízo e deixar somente o piedoso Noé.
E que isto tem conexão com o
arrebatamento, basta lembrar a citação de Jesus (Lc 17.26-30),
onde podemos ver o Eterno salvando Sua Igreja na arca do arrebatamento, levando
os ímpios para o juízo e, em seguida, deixando aqui Sua Igreja para reinar com
Ele durante todo o milênio.
Enfim, a pregação de Enoque foi sua
transladação.
Mas afinal, como foi que os anjos fornicaram e foram após outra carne?
Note como tudo está associado com a
“comum salvação”. E qual é a “comum salvação” apresentada por Deus a todos. Não
é Jesus (Jo 3.16)? Lembre-se que a
nossa comunhão é com o corpo e sangue de Cristo (1Co 10.16,17).
Não temos que comer a carne Dele e beber Seu sangue (Jo 6.51-57)?
Logo, a partir do momento que
abandonamos a Cristo e passamos a nos alimentar de outra doutrina, por meio de
outro grupo de pessoas que compromisso algum tem com Jesus (1Co
10.17), estamos indo após outra carne. Este é o
erro que cometeu Eva: buscou conhecimento de fonte alheia a Deus. Daí Deus
perguntar a Adão: “quem te mostrou que estavas nu?” (Gn 3.11).
Repare se não é disto que a carta de
Judas trata. Introduziram-se ímpios dentro da Igreja e muitos, ao invés de
permanecerem na carne de Cristo, estavam indo após estes supostos líderes
espirituais (outra carne, outro alimento).
O mesmo se deu em Sodoma e Gomorra.
De toda a multidão que entrou com Ló nestas cidades, apenas Ló e suas duas
filhas se salvaram. Os demais abandonaram o Eterno e passaram a clamá-Lo de um
modo totalmente corrupto, fazendo Dele um deus completamente diferente (ver
Gn 18.20,21).
Analise:
Quais as características dos falsos líderes?
Por estarem
adormecidos, contaminam a própria carne (Jd 8)
Como? Indo após outra carne. Ajunte Jd 4 com Jd 7 e veja que não foram só os
anjos desobedientes que foram após outra carne, mas também os homens ímpios de
Jd 4 (daí a expressão aqueles de Jd 7 que aponta para alguém
que foi citado distante):
·
“Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos
para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de
Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” (Jd
4).
Note que estes
falsos mestres tinham duas marcas:
·
Convertiam o Favor de Deus em
dissolução, ou seja, mudava a carne (ou alimento sólido, se preferir –
1Co 3.1-3; Hb 5.12-14);
·
Rejeitavam a autoridade e a ideia de
que Jesus era dono de tudo (como diz Jo 17.2; 2Pe 2.9-10).
É os primeiros
sintomas deste mal se vê na continuação do vs 8:
·
“E, contudo, também estes, semelhantemente adormecidos,
contaminam a sua carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as dignidades. Mas
o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo
de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O
Senhor te repreenda.” (Jd 8,9).
Se até o arcanjo
Miguel que, além de ser maior em força e poder (o que,
implicitamente tem haver com pureza e santidade)
(2Pe 2.11) não teve a
audácia de proferir juízo nem mesmo contra Ha-Satan, que além de não ter
conserto (2Pe 2.4), merecia todos os
insultos, maldições, etc., quem somos nós para nos acharmos no direito de
proferir juízo contra um ser humano tão falho como nós e que tem conserto e por
quem Cristo morreu?
·
“Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que
naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem.” (Jd
10).
O arcanjo Miguel
não pronunciou juízo de maldição contra Ha-Satan porque, mesmo sendo muito
maior em conhecimento e sabedoria como nós, não ousou achar que tinha uma
compreensão completa do plano de Deus. E, assim, preferiu deixar que o Senhor
repreendesse quando Seu plano tivesse sido cumprido.
Como, então,
podemos falar mal dos líderes perversos, se não sabemos o motivo (Jd
10) pelo qual o Criador lhes outorgou este
posto (ver Jo 19.10,11; Rm 13.1,2)?
E o pior de tudo é que quem se intromete nestes protestos (Pv
24.21), acaba se corrompendo até mesmo naquilo que
entendem, vindo a se tornarem como animais irracionais.
A maldição toma
conta deles de tal modo que acabam (Jd 11):
·
entrando pelo caminho de Caim (matam
o que é bom) -> perseguindo e matando os verdadeiros
servos de Deus, tal como fez o sistema religioso com Jesus, os apóstolos e
todos aqueles cuja oferta realmente fala aos corações das pessoas (Hb
11.4);
·
sendo levados pelo engano do prêmio
de Balaão (negam a verdade) -> em troca de
recompensas materiais, ensinam os líderes religiosos a armarem ciladas a fim de
que os verdadeiros servos do Criador caiam e possam ser acusados (Jr
20.10; Mt 12.10; Mc 3.2; Lc 6.7; 11.54; Jo 8.6 Ap 2.14);
·
perecendo na contradição de Coré (nega
autoridade) -> que acham que não são obrigados a se
sujeitarem a ninguém, visto que ninguém é melhor que ninguém (Nm
16.1,2).
Veja a influência
que tais líderes têm na Igreja se nada for feito (Jd 12,13):
·
Estes são manchas em vossas festas de
amor, banqueteando-se convosco -> Eles mancham até aquilo que deveria ser um
motivo de alegria e bênção (ver 1Co 10.29-30; 11.18-22).
·
Apascentam-se a si mesmos sem temor
-> não apascentam a Igreja de Cristo. Antes, induzem a proverem o alimento
para o seu apetite insaciável;
·
São nuvens sem água, levadas pelos
ventos de uma para outra parte -> vão após todo vento de doutrina (Ef
4.14), sem jamais saciar a alma de alguém. Embora
façam muito barulho e alimentem muitas expectativas, no final acabam trazendo
mais frustrações;
·
São como árvores murchas,
infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas;
o Murchas
-> sem vitalidade, beleza. Suas folhas não servem para cura, nem para
sombra;
o Infrutíferas
-> não alimentam ninguém;
o Duas
vezes mortas;
o Desarraigadas
-> sem raiz em si mesmo (Mt 13.21).
São crentes superficiais que não sabem o que dizem (tal como se deu
com Jó antes do encontro vivo com Deus – Jó 42.3).
·
Ondas impetuosas do mar, que escumam
as suas mesmas abominações -> pelos ventos de doutrina vão levados pelos
desejos do povo, ou seja, espumam suas abominações conforme aquilo que é do
interesse do povo (Jd 16);
·
Estrelas errantes, para os quais está
eternamente reservada a negrura das trevas -> note aqui o mesmo castigo
destinado aos anjos (Jd 6).
Tais pessoas fazem os outros errarem (como se deu em Is
19.14). Deste modo passarão o restante de seus
dias sem luz, só vendo angústia e escuridão, sem jamais ver o bem (Jr
17.5,6); antes, sendo empurrados para as trevas (Is
8.20-22), ao invés de serem estrelas brilhantes (Dn
12.3).
Enfim, tais
líderes, pensando apenas no próprio ventre (Rm 16.17,18; Fp
3.17-19; 1Tm 6.3-5), fazem as pessoas andarem errantes (Os
9.17), sempre insatisfeitas (contrariando
Jo 4.13,14).
E o pior é que as pessoas
gostam de ser governadas por este tipo de pessoa.
·
“Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo
as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admirando as
pessoas por causa do interesse.” (Jd 16).
Note como estão
sempre reclamando insatisfeitos. Queixam-se com sua sorte, por não poderem
sempre andar segundo seus desejos.
E isto não é tudo!
Note como possuem a mesma característica do anticristo:
·
“Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu
outro chifre pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram
arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca
que falava grandes coisas.” (Dn 7.8);
·
“Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras
que o chifre proferia; estive olhando até que o animal foi morto, e o seu
corpo desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo;” (Dn
7.11);
·
“Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto
animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram
de ferro e as suas unhas de bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos
pés o que sobrava; e também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça, e
do outro que subiu, e diante do qual caíram três, isto é, daquele que tinha
olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e cujo parecer era mais
robusto do que o dos seus companheiros.” (Dn 7.19,20).
·
“E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e
blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E abriu
a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu
tabernáculo, e dos que habitam no céu.” (Ap 13.5,6).
Como o Reino de
Deus é para os pequeninos (Mt 11.25,26; Mc 10.14,15)
e não para os intelectuais, então temos que satisfazer a eles, e não aos
intelectuais deste mundo (1Co 1.18-25; 2.1-5).
Quem deseja este
tipo de pessoa, se cerca de mestres conforme o seu desejo. Por terem prazer nas
suas más obras (Jo 3.19-21),
não suportam mais a verdade (2Tm 4.3-4),
tal como na época de Isaías (Is 30.9-11),
Amós (Am 2.11,12), Jeremias (Jr
2.25,30; 5.3; 6.10,16; 7.28; 8.4,5; 9.5,6) e Oséias (Os
11.5).
Note como isto se
encaixa no perfil de hoje: como as pessoas são admiradas por causa do
interesse.
Foi justamente
contra este tipo de pessoa que profetizou Enoque, dizendo, através da sua
transladação que Jesus viria para estabelecer Sua justiça e condenar todos os
que não têm piedade em virtude de usarem seus talentos para fazer obras que
incentivam a desculpa para não serem piedosos. E não pense que fizeram isto por
acaso ou necessidade. Antes, foi porque não tinham prazer na piedade (ver
2Tm 3.5), a menos que pudessem lucrar com isto (1Tm
6.5 – tal como se dá com políticos por ocasião da campanha que ajudam alguns
pobres para se auto-promoverem).
Isto, sem contar as
duras coisas que estas pessoas falam contra Deus, como se eles fossem melhores
do que Ele. Tentam mostrar que são piedosos, como que dizendo que Deus é injusto
e não faz nada por ninguém, mas deixa todos à mercê da “boa vontade” dos seres
humanos.
É nisto que
consiste o aviso de Judas:
·
“Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram
preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais vos diziam que
nos últimos tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias
concupiscências. Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o
Espírito.” (Jd 17-19 – AR 1967).
Estas pessoas, com o pretexto que
estão fazendo a obra de Deus, estão, na verdade, escarnecendo do Seu nome,
usando Seu nome apenas para se promoverem e poderem se alimentar do que é seu e
se vestirem com o tipo de justiça que lhes é conveniente (Is
4.1).
Na verdade, todo que se levanta como
líder religioso não tem o Espírito Santo, mas querem ocupar o lugar que deveria
ser de Cristo na vida de cada um (sendo um anticristo - 1Tm 2.5; 1Jo
2.18). Causam divisões e promovem a sensualidade
para que o zelo de cada um seja a favor deles (Gl 4.17).
Dizendo que querem glorificar a Deus, induz as pessoas a lançarem suas coisas
santas e pérolas para eles (Mt 7.6),
sem de darem conta que eles estão andando em seu próprio nome (e
não no nome de Jesus – Jo 5.43).
Por isto é Judas expressamente diz:
·
“Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, e
orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia
de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.” (Jd 20,21– TB
1917).
Note que, ao invés de ficarem indo
atrás de líderes religiosos, eles deveriam edificarem pessoalmente uns aos
outros.
Mas por que edificando? Deus nos
considera como um edifício a ser habitado pelas pessoas que Ele preparou para
nós a fim de poder nos usar para oferecer-lhes Seus sacrifícios espirituais
agradáveis (1Co 3.9; Ef 3.15-19; 1Pe 2.5).
Sendo nós a casa do Pai que possui muitas moradas (Jo 14.1,2; 1Co
3.16; 6.19; 2Co 6.16), precisamos dar espaço para que
Jesus nos construa sua Nova Jerusalém dentro de nós.
Entenda: sempre foi desejo de Deus
habitar com a humanidade (Ap 21.3).
E para que Seu reino pudesse estar entre os homens, Ele o “escondeu” dentro de
nós (Lc 17.20,21). Tudo que precisa
agora é edificarmo-nos sobre a fé santíssima que Deus nos concedeu.
Mas, o que seria esta fé santíssima?
Uma coisa é a fé humana no Criador; outra é a fé de Jesus:
·
“Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para
meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e
vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.” (Jo 20.17).
Se o nosso modo de enxergar o Criador
fosse o mesmo de Jesus, não precisava de Ele ter feito esta distinção. A
verdade é que cada ser humano enxerga Deus de uma maneira. Porém, quando
recebemos a fé de Jesus no Pai (Gl 2.20),
passamos a enxergá-Lo segundo o Espírito Santo, e não mais segundo a carne (2Co
5.16). Esta fé não é com base nas coisas da carne,
mas nas riquezas espirituais (Verdade, caráter de Cristo, o
privilégio de vê-Lo testemunhar através de nós e as pessoas que são Dele).
Note como a ordem não é para orarmos
fora do Espírito Santo (como quem busca apenas favores,
lutando até hoje para entrar). Antes, é para
permanecermos “dentro” Dele, deixando que Ele nos use para interceder segundo
Deus (Rm 8.26).
Tanto é assim que Judas continua
exortando-nos a guardarmos uns aos outros no amor de Deus (Jo
15.9), a permanecermos na Sua bondade (Rm
11.22). E como fazer isto? Esperando na
misericórdia de nosso Dono Jesus Cristo para que a vida eterna seja uma realidade
contínua na nossa vida (como sugere Jo 4.13,14; 17.3; 1Jo
5.20). Ou seja, apenas quando a vida de Jesus se
manifesta na nossa carne mortal (2Co 4.10,11)
a fim de que possamos usar de misericórdia para com todos é que nossa vida
nunca esmorece.
Para ser mais exato, pensemos
primeiro fisicamente: quando adormecendo, quem dorme é nosso corpo e alma.
Nosso espírito, contudo, permanece acordado, instruindo nossos órgãos vitais,
de modo que os mesmos continuem em funcionamento.
Quando acordados, é do nosso espírito
que vêm o ânimo. Da carne vem a força e a energia e da alma, as emoções e os
desejos. Sem Cristo, nosso espírito não é dotado de ânimo para o bem. Antes,
sua compreensão no bem e mal vem daquilo que sua alma é capaz de absorver deste
mundo. E como nosso espírito, sem Cristo, nunca consegue encontrar satisfação,
a pessoa fica sempre correndo atrás de algo deste mundo que faça seu interior (seu
verdadeiro ego) ter sentido. Esta vida que míngua,
se esgota até se acabar (tanto no corpo, como na alma e espírito)
é que se chama morte.
Por outro lado, quem tem Cristo,
ainda que venha a ter seu corpo e alma mortos (de modo
semelhante ao que se dá quando adormecemos), nosso
espírito viverá eternamente, não apenas por não dormir, mas por jamais ter sua
vitalidade minguada pela presença de Jesus.
Vem uma pergunta: para quê esperar
pela misericórdia de Deus?
·
“Tende misericórdia de alguns que estão na dúvida, e salvai-os,
arrebatando-os do fogo; de outros tende misericórdia com temor, aborrecendo até
a túnica manchada pela carne.” (Jd 22,23 – TB 1917).
Seu Favor e perdão seriam necessários
para salvar dois tipos de pessoas:
·
Os que estão na dúvida. Os tais
encontram-se tão abrasados por dentro que faz-se necessário uma atitude
violência (arrebatar) para removê-los
de lá. Inclusive, a figura do arrebatamento por ocasião da volta de Cristo tem
por finalidade mostrar que, para alguém ser tirado do mundo, tem que ser de
repente. Não é algo que depende do pensamento do homem. Se assim fosse, ninguém
seria salvo.
Mas como que tais pessoas foram parar neste
fogaréu? Simples: edificaram suas vidas com material perecível, a saber,
pessoas e atividades que não saciam o interior de ninguém (ver
Mt 3.11,12; 1Co 3.12-15).
O céu até está aberto para muitos. Mas, para
aqueles que estão presos deste mundo e que, portanto, dependem da chuva para
viver, há uma imensa nuvem que os impede de ver o céu aberto em Cristo Jesus,
pronto para recebê-los.
·
Aqueles que pecam tão intensamente
que chegam a manchar a túnica com seus pecados. Por exemplo, na época do Antigo
Testamento, quando alguém tinha relação com uma mulher, o sêmen era considerado
como imundície (Lv 15.16-18,32).
E assim como a prostituição física suja a carne, a alma e a roupa, a espiritual
suja as vestes de justiça da Noiva (Ap 19.8),
a qual fica como a do sumo-sacerdote Josué (Zc 3.3)
e dá lugar para Ha-Satan acusá-lo (Zc 3.1,2).
Quem tenta achar a instituição
religiosa perfeita e andar após líderes religiosos, com certeza ficará vestido
com trapos de imundície (Is 64.6),
já que Deus sempre projetou que cada pessoa amasse o próximo dentro de si (como
a si mesmo – Mt 22.39).
Mesmo porque, é Jesus:
·
“... que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e
apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória (Jd
24)
Jesus
é o único Deus sábio, Salvador nosso, que é digno de toda glória e majestade,
domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém. (Jd 24,25).
Para ser mais exato, Jesus é o único:
·
que é poderoso para vos guardar de
tropeçar. Nenhuma instituição religiosa, por mais bem intencionada, tem poder
para nos apresentar irrepreensíveis perante a Sua presença viva, a tudo que Ele
é (Cl 2.18-23). Isto porque a
salvação não consiste em atos físicos que possamos fazer para Deus. Nem mesmo
em nosso esforço de sermos melhor do que as outras pessoas a fim de nos
encaixarmos nos moldes estabelecidos por Deus. Antes, salvação é Jesus reinando
pessoalmente sobre tudo que pensamos, sentimos, desejamos, sonhamos ou fazemos
com “vara de ferro” (ver Gl 2.17; Ap 2.27),
ou seja, conservando tudo isto parado debaixo do Seu amor;
·
Deus sábio -> a sabedoria humana,
além de animal, terrena e demoníaca (Tg 3.15),
é loucura diante de Deus (1Co 3.18-20).
E mesmo que encontre um ser humano sábio e honesto, ele jamais poderá nos
revelar a vontade de Deus para nós, pois só o Espírito Santo tem conhecimento
disto (1Co 2.9-12), sem contar que é
algo que pertencente à intimidade da Noiva com Seu Noivo Jesus;
·
Salvador nosso -> ninguém há que
possa nos salvar, pois apenas a ação direta Dele é capaz de manter nossa alma
quieta em meio às circunstâncias que surgem;
·
que é digno de toda glória e
majestade, domínio e poder. Não tem sentido buscarmos glória (exercer
influência pelo caráter que tem ou aparenta ter – Jo 5.44),
domínio (autoridade, direito de exercer influência),
majestade (capacidade de exercer influência pela sublimidade (por
algum talento, dom ou sabedoria que aparenta ter))
e poder (força seja física, militar, tecnológica para exercer
influência). Ora, para que queremos influenciar as
pessoas? Não estamos aqui para servi-las, nem mesmo para convencer os lobos a
mudarem. Antes, nosso papel é dar lugar para que a voz de Deus se faça ouvir
através de nós. As ovelhas com certeza ouvirão (Jo 10.2-5).
Basta que ministremos a Palavra de Deus na íntegra (Jo 15.20; Pv
30.6; 1Co 4.6).
Existe alguma referência a anjo como sendo “filho de Deus”?.
Com certeza não! Vejamos, no Antigo
Testamento, onde esta expressão aparece:
·
“Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram
formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.” (Gn
6.2);
·
“Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando
os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos;
estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.” (Gn
6.4).
Conforme já mostrado, trata-se de
pessoas que criam no Criador e viviam conforme a vontade Dele. Note como os
filhos de Deus acharam as filhas dos homens formosas. Ora, anjo não tem tal
desejo. Mesmo que eles pudessem fazer sexo com algum ser humano, com certeza
não poderia ser por desejo sexual. Além disto, note Deus dizendo que iria
contender com o homem para sempre por causa desta união mista (crente
com não crente - Gn 6.3). Logo, com certeza eram homens.
·
“E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se
perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles.” (Jó 1.6).
·
“E, vindo outro dia, em que os filhos de Deus vieram
apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles, apresentar-se
perante o SENHOR.” (Jó 2.6).
Os filhos de Deus, aqui, são pessoas
que temiam o Criador e, como Jó, estavam indo até Ele para oferecer-lhe
sacrifícios (Jó 1.5)
ou alguma outra forma de adoração. Afinal, não é segredo que Ha-Satan se mantém
na presença do Criador acusando os Seus dia e noite (como se vê em Zc
3.1-3; Ap 12.10).
·
“Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos
os filhos de Deus jubilavam” (Jó 38.7)
Quando Deus criou o universo, nem
anjos, nem pessoas existiam. Logo, isto aqui não é literal. Antes, significa
que Deus, ao fazer o universo, conheceu intimamente aqueles que haveriam de ser
Seus (estrelas da alva (anjos) e filhos de Deus (os homens que
haveriam de crer no Criador)), como se eles
estivessem ali. Por isto é que Deus viu que tudo era bom (Gn
1.10,12,18,21,25,31), pois Ele vivenciara Seus eleitos ali
e sentindo dentro de Si como os mesmos respondiam a cada coisa que Ele criava.
Isto lembra quando alguém sonha
acordado e tudo parece tão real como se aquilo tivesse acontecido. A diferença
é que, com Deus, realmente aconteceu. Ele viveu tudo isto, ainda que, na criação,
só Ele estava presente.
·
“Então, o rei Nabucodonosor se espantou e se levantou depressa;
falou e disse aos seus capitães: Não lançamos nós três homens atados dentro do
fogo? Responderam e disseram ao rei: é verdade, ó rei. Respondeu e disse: Eu,
porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e nada há
de lesão neles; e o aspecto do quarto é semelhante ao filho dos deuses.(Dn
3.24,25 – ARC 1995).
Note que foi Nabucodonosor, um rei
pagão, que disse se tratar do “filho dos deuses”. É claro que ele não podia
falar “Filho de Deus”, pois nem sequer imaginava existir isto. Além do mais,
quem foi que disse que foi um anjo que se manifestou aí? Eu creio que foi o
próprio Jesus.
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